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Vasopressina - Farmacologia

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Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
 
 
Vasopressina 
Fisiologia da vasopressina 
 A argina-vasopressina (ADH) é o principal 
hormônio que regula a osmolalidade do líquido corporal. 
O hormônio é produzido pelo hipotálamo e liberado pela 
neuro-hipófise sempre que a falta de água provocar 
aumento na osmolalidade plasmática ou o sistema 
cardiovascular for desafiado por hipovolemia ou 
hipotensão. 
 A vasopressina atua principalmente no ducto 
coletor renal de modo a aumentar a permeabilidade da 
membrana celular à água, possibilitando, assim, o 
movimento passivo da água ao longo de um gradiente 
osmótico por meio do ducto coletor para dentro do 
compartimento extracelular. 
 É um potente vasoconstritor, assim como, 
também, um neurotransmissor. Entre suas ações no 
SNC, destacam-se as funções na secreção de 
corticotrofina (ACTH) e na regulação do sistema 
cardiovascular, da temperatura e de outras funções 
viscerais. Ela também promove a liberação dos 
fatores de coagulação pelo endotélio vascular e 
aumenta a agregação plaquetária. 
 A vasopressina também é sintetizada pelo 
coração e pela glândula suprarrenal. No coração, o 
estresse elevado da parede aumenta em várias vezes 
a síntese da vasopressina e pode contribuir para o 
comprometimento do relaxamento ventricular e para 
a vasoconstrição coronariana. A síntese da 
vasopressina na medula suprarrenal estimula a 
secreção de catecolaminas das células cromafins e 
pode promover o crescimento cortical da suprarrenal 
e estimular a síntese de aldosterona. 
Regulação da secreção de vasopressina 
Hiperosmolalidade 
 A elevação da osmolalidade plasmática é o 
principal estímulo fisiológico para a secreção de 
vasopressina pela neuro-hipófise. Assim, uma elevação 
de 2% na osmolalidade do plasma provoca um aumento 
de 2 a 3 vezes nos níveis plasmáticos de vasopressina 
que, por sua vez, provoca um aumento na reabsorção 
de água sem soluto, com aumento na osmolalidade. 
Aumentos na osmolalidade plasmática levam a uma 
intensa sede. Assim, o sistema da vasopressina 
permite que o organismo tenha períodos mais longos 
sem sede e, quando não houver disponibilidade de água, 
que o organismo sobreviva períodos maiores sem 
água. 
Osmorreceptores do sistema portal hepático 
 Uma carga de sal oral ativa os 
osmorreceptores do sistema porta hepático, 
causando um aumento na liberação de vasopressina. 
Esse mecanismo aumenta os níveis plasmáticos de 
vasopressina antes mesmo da carga de sal oral 
aumentar a osmolalidade plasmática. 
Hipovolemia e hipotensão 
 A secreção de vasopressina é regulada 
hemodinamicamente por alterações no volume 
sanguíneo efetivo ou na pressão arterial. Assim, 
reduções no volume sanguíneo efetivo ou na pressão 
arterial podem estar associadas a altas 
concentrações de vasopressina circulante. 
A vasopressina é um dos mais potentes 
vasoconstritores conhecidos e a sua resposta à 
hipovolemia e à hipotensão serve como um mecanismo 
para protelar o colapso cardiovascular durante 
períodos de grande perda de sangue ou de hipotensão. 
Receptores da vasopressina 
 Os efeitos celulares da vasopressina são 
mediados principalmente por interações do hormônio 
com três tipos de receptores: V1a, V1b e V2. O receptor 
V1a é o subtipo mais disseminado de receptor da 
vasopressina, já os receptores V1b possuem uma 
distribuição mais limitada. Enquanto os receptores V2 
estão localizados predominantemente nas células 
principais do sistema de ductos coletores renais. 
 A ligação da vasopressina a receptores V1 ativa 
a via Gq-PLC-IP3, mobilizando 𝐶𝑎2+ intracelular e 
ativando PKC, para provocar efeitos biológicos que 
Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
 
 
incluem respostas imediatas (como vasoconstrição, 
glicogenólise, agregação plaquetária e liberação de 
ACTH) e respostas de crescimento nas células do 
músculo liso. 
 Em resposta à estimulação dos receptores V2, 
ocorre um deslocamento efetivo das vesículas 
contendo canais de água (WCV) para as membranas 
apicais, aumentando acentuadamente a 
permeabilidade a água da membrana apical. 
A ativação do receptor V2 também aumenta 
em 400% a permeabilidade a ureia nas porções 
terminais do ducto coletor medular interno (DCMI). 
Além disso, a ativação desse receptor também 
aumenta o transporte de 𝑁𝑎+ no RAE e no ducto 
coletor. 
Agonistas do receptor da vasopressina 
 Muitos análogos da vasopressina foram 
sintetizados com o objetivo de aumentar a duração da 
ação e a seletividade dos subtipos do receptor da 
vasopressina. (receptores V1 e V2, que medeiam, 
respectivamente, as respostas pressores e as 
antidiuréticas). 
 A razão antidiurético-vasopressor para a 
DDAVP (desmopressina), um agonista seletivo de V2, é 
cerca de 3 mil vezes maior do que para a vasopressina. 
Por essa razão, a DDAVP é o fármaco preferido para 
o tratamento do diabetes insípido (DI) central. 
 O aumento da seletividade de V1 demonstrou 
ser mais difícil do que o aumento da seletividade para 
V2. Assim, os receptores V1 foram classificados em 
receptores V1a (vascular/hepático) e V1b (hipofisário). 
Existem agonistas seletivos para os receptores V1a e 
V1b. 
 A maioria dos agonistas e dos antagonistas 
disponíveis da vasopressina possuem alguma afinidade 
pelos receptores da ocitocina e, em altas doses, podem 
bloquear ou mimetizar os efeitos da ocitocina. 
Usos terapêuticos 
 As aplicações terapêuticas mediadas pelo 
receptor V1 se baseiam no fundamento lógico de que 
os receptores V1 causam contração do músculo liso GI 
e vascular. A vasopressina é o principal agente utilizado. 
A contração do músculo liso GI mediada pelo receptor 
V1 vem sendo usada para tratar íleo pós-operatório e 
distensão abdominal. A vasoconstrição dos vasos 
arteriais esplâncnicos mediada pelos receptores V1 
reduz o fluxo sanguíneo para o sistema porta e, assim, 
atenua a pressão e o sangramento nas varizes 
esofágicas. 
 Os agonistas do receptor V1 também são 
usados durante a cirurgia abdominal em pacientes com 
hipertensão portal para diminuir o risco de hemorragia 
durante o procedimento. Além disso, a vasoconstrição 
mediada pelo receptor tem sido usada para redução 
de sangramento durante a gastrite hemorrágica 
aguda, excisão de férias de queimadura, transplante de 
fígado, cesariana e ressecção de mioma uterino. 
 Esses agonistas estão indicados para o 
tratamento da hipotensão em pacientes com choque 
vasodilatador que não respondem suficientemente à 
terapia com líquidos e catecolaminas. 
 As aplicações terapêuticas mediadas pelos 
receptores V2 se baseiam no fundamento lógico de 
que esses receptores ocasionam a conservação de 
água e a liberação de fatores da coagulação sanguínea. 
A desmopressina é o fármaco de escolha padrão. O DI 
central pode ser tratado com agonistas do receptor 
V2. 
 Outra aplicação terapêutica mediada pelos 
receptores V2 é o uso da desmopressina para a 
enurese noturna primária. 
Antagonistas do receptor da vasopressina 
 Apenas a tolvaptana e a conivaptana estão 
atualmente disponíveis nos Estados Unidos. 
Usos terapêuticos 
 Quando o rim percebe uma redução no volume 
de sangue arterial (em doenças como ICC, cirrose e 
nefrose), a vasopressina perpetua um estado de 
excesso total de água e sal no corpo. Assim, os 
antagonistas do receptor V2 podem ter um papel 
terapêutico nessas condições, especialmente em 
pacientes com hiponatremia concomitante. Eles 
Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé 
 
 
também são eficientes na hiponatremia associada à 
síndrome de excreção inapropriada de ADH (SIADH). 
 Esses antagonistas aumentam a excreção 
renal de água sem alteração eletrolítica.

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