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Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé Inibidores da síntese de proteínas e agentes antibacterianos diversos Tetraciclinas As tetraciclinas inibem a síntese de proteínas bacterianas pela sua ligação ao ribossomo bacteriano 30S, impedindo o acesso do aminoacil-tRNA ao local aceptor (A) no complexo mRNA-ribossomo. Esses medicamentos penetram em bactérias Gram-negativas por difusão passiva através de canais formados por porinas na membrana celular externa e pelo transporte ativo que bombeia tetraciclinas através da membrana citoplasmática. Exemplos de tetraciclinas: oxitetraciclina e tetraciclina (ação curta); demeclociclina e metaciclina (ação intermediária); e doxiciclina e minociclina (ação longa). Atividade antimicrobiana São antibióticos bacteriostáticos que apresentam atividade contra uma ampla gama de bactérias. São intrinsicamente mais ativas contra microrganismos Gram-positivos do que contra Gram- negativos. Resistência A resistência é mediada principalmente por plasmídeos e frequentemente induzível. Os três mecanismos de resistência primária são os seguintes: Diminuição do acúmulo de tetraciclina como resultado de diminuição do influxo de antibióticos ou aquisição de uma via de efluxo dependente de energia; Produção de uma proteína de proteção ribossômica que desloca a tetraciclina do seu alvo; Inativação enzimática de tetraciclinas. Absorção, distribuição, metabolismo e excreção A absorção oral da maioria das tetraciclinas é incompleta. A porcentagem não absorvida do fármaco aumenta à medida que aumenta a dose administrada. A ingestão concomitante de cátions divalentes e trivalentes prejudica a absorção. Após uma única dose oral, a concentração plasmática máxima é atingida em 2 a 4 horas. Esses fármacos possuem t1/2 na faixa de 6 a 12 horas e frequentemente são administrados 2 a 4 vezes/dia. As tetraciclinas distribuem-se amplamente em todo o corpo, incluindo urina e próstata. Acumulam-se nas células reticuloendoteliais do fígado, do baço e da medula óssea, bem como no osso, na dentina e no esmalte dos dentes que ainda não irromperam. A inflamação das meninges não é necessária para que ocorra a passagem das tetraciclinas para o líquido cérebrospinal. As tetraciclinas atravessam a placenta e penetram na circulação fetal e no líquido amniótico. Concentrações relativamente altas são observadas no leite materno. A maioria das tetraciclinas é eliminada principalmente pelo rim, embora também estejam concentradas no fígado, excretadas na bile e parcialmente reabsorvidas através da recirculação êntero-hepática. Efeitos adversos Todas as tetraciclinas podem produzir irritação gastrintestinal, embora seja mais comum após administração oral. A tolerabilidade pode ser melhorada mediante a administração de tais fármacos com alimento, mas as tetraciclinas não devem ser tomadas juntamente com laticínios ou antiácidos. Muitas das tetraciclinas não são completamente absorvidas pelo trato gastrintestinal, e concentrações elevadas no intestino podem alterar substancialmente a flora entérica. As tetraciclinas podem agravar a azotemia em pacientes com doença renal devido aos efeitos catabólicos dos fármacos. Crianças tratadas com tetraciclina ou glicilciclina poderão apresentar coloração marrom permanente nos dentes. A duração da terapia parece Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé ser menos importante do que a quantidade total de antibiótico administrada. O risco é maior quando uma tetraciclina é administrada a lactentes antes da primeira dentição, mas poderá desenvolver-se caso o medicamento seja administrado entre as idades de 2 meses e 5 anos, quando esses dentes estão sendo calcificados. O tratamento de gestantes com tetraciclinas poderá produzir a coloração dos dentes da criança. Cloranfenicol O cloranfenicol pode causar discrasias sanguíneas graves e fatais; consequentemente, o fármaco é atualmente reservado para o tratamento de infecções potencialmente fatajs (p. ex., meningite, infecções por riquétsias) em pacientes que não podem receber alternativas mais seguras devido a resistência ou alergias. O cloranfenicol inibe a síntese de proteínas nas bactérias e, em menor grau, nas células eucarióticas. O fármaco penetra rapidamente nas células bacterianas, provavelmente por djfusão facilitada. O cloranfenicol age principalmente ligando-se reversivelmente à subunidade ribossômica 5OS. O fármaco impede a ligação da extremidade do aminoacil tRNA que contém o aminoácido ao sítio aceptor na subunidade ribossômica SOS. A interação entre a peptidiltransferase e seu substrato aminoácido não pode ocorrer, com consequente inibição da formação da ligação peptídica. Atividade antimicrobiana O cloranfenicol possuj um amplo espectro de atividade antimicrobiana. Ele é bacteriostático contra a maioria das espécies, embora possa ser bactericida contra H. influenzae, Neisseria meningitidis e S. pneumoniae. Resistência A resistência ao cloranfenicol é geralmente causada por uma acetiltransferase codificada por plasmídeos, que inativa o fármaco. A resistência também pode resultar de uma diminuição da permeabilidade de mutação dos ribossomos. Os derivados acetilados do cloranfenicol não conseguem ligar-se aos ribossomos bacterianos. Absorção, distribuição, metabolismo e excreção O cloranfenicol encontra-se disponível em preparações orais, IV e tópicas. A formulação oral não está mais disponível nos Estados Unidos, embora possa ser encontrada em outras partes do mundo. O cloranfenicol administrado em forma de cápsula oral é absorvido rapidamente pelo trato GI. É amplamente distribuído nos fluidos corporais e alcança rapidamente concentrações terapêuticas no líquido cerebrospinal. O cloranfenicol é encontrado na bile, no leite e no líquido placentário. Pacientes com comprometimento da função hepática apresentam depuração metabólica reduzida, e a dosagem deverá ser ajustada. Aproximadamente 50% do cloranfenicol ligam-se às proteínas plasmáticas, porém essa ligação encontra-se diminuída nos pacientes cirróticos e nos recém-nascidos. A variabilidade no metabolismo e na farmacocinética do cloranfenicol em recém-nascidos, lactentes e crianças exige o monitoramento das concentrações plasmáticas. Usos terapêuticos e posologia A terapia com cloranfenicol deve limitar-se às infecções para as quais o benefício do fármaco supera os riscos de toxicidade potencial. Quando outros medicamentos antimicrobianos que são igualmente eficazes e menos tóxicos estiverem disponíveis, deverão ser utilizados em vez do cloranfenicol. Assim, o cloranfenicol é utilizado no tratamento da febre tifoide (dose: 1g a cada 6 horas por 4 semanas), meningite bacteriana (dose: 50mg/kg em 4 doses iguais IV a cada 6 horas) e doenças causadas por riquétsias (dose: 50mg/kg/dia a cada 6 horas). Efeitos adversos Erupções cutâneas podem resultar da hipersensibilidade ao cloranfenicol. A febre poderá aparecer simultaneamente ou poderá ser a única manifestação. Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé O cloranfenicol afeta o sistema hematopoiético de duas maneiras: pelo efeito tóxico relacionado com a dose, que se manifesta na forma de anemia, leucopenia ou trombocitopenia, e por meio de uma resposta idiossincrásica manifestada por anemia aplásica, levando, em muitos casos, à pancitopenia fatal. Um análogo do cloranfenicol, o tianfenicol, apresentou similar espectro bacteriano, porém não havendo casos de anemia aplásica. Verifica-se a ocorrência regular de supressão da medula óssea quando as concentrações plasmáticas atingem ≥ 25 µg/mL com o uso de grandes doses de cloranfenicol, durante o tratamentoprolongado ou em ambas as situações. A supressão da medula óssea relacionada com a dose poderá progredir para a aplasia fatal se o tratamento for mantido. A administração oral de cloranfenicol pode ser seguida de náuseas, vômitos, gosto desagradável, diarreia e irritação perineal. Os recém-nascidos podem desenvolver uma doença grave chamada síndrome do bebê cinza. Nas primeiras 24 horas, ocorrem vômitos, recusa em mamar, respiração irregular e rápida, distensão abdominal, períodos de cianose e evacuação de fezes moles e de coloração esverdeada. Durante as próximas 24 horas, os recém-nascidos adquirem uma coloração cinzenta e tornam-se flácidos e hipotérmicos. Foi relatada uma "síndrome cinzenta" semelhante em adultos que receberam acidentalmente uma superdosagem do fármaco. Dois mecanismos são aparentemente responsáveis pela toxicidade do cloranfenicol nos recém-nascidos: Uma deficiência de desenvolvimento da glicuroniltransferase, a enzima hepática que metaboliza o cloranfenicol; Eliminação renal inadequada de fármaco não conjugado. Interações medicamentosas O cloranfenicol inibe as CYP hepáticas e, dessa forma, prolonga as t1/2 de fármacos que são metabolizados por esse sistema, como a tolbutamida, fenitoína e ciclofosfamida. A administração concomitante de fenobarbital ou rifampicina, que induzem poderosamente as CYP, encurta a t112 do antibiótico, podendo resultar em concentrações subterapêuticas do fármaco. Além disso, também pode antagonizar a ação bactericida de aminoglicosídeos, penicilinas e cefalosporinas. Macrolídeos Os macrolídeos são agentes amplamente utilizados para o tratamento de infecções do trato respiratório causadas pelos patógenos comuns da pneumonia adquirida na comunidade. Exemplos de macrolídeos: eritromicina, claritromicina, azitromicina e fidaxomicina. A azitromicina conta com 1 carbono a mais em sua estrutura, o que a confere uma t1/2 maior, enquanto a claritomicina tem uma maior biodisponibilidade VO em razão da sua polaridade. São agentes bacteriostáticos que inibem a síntese proteica por ligação reversível às subunidades ribossômicas 50S de microrganismos suscetíveis, inibindo a translocação. Atividade antimicrobiana Geralmente são bacteriostáticos, porém em alta concentrações podem ser bactericidas contra organismos suscetíveis. Resistência Geralmente advém de um desses quatro mecanismos: Efluxo do fármaco por um mecanismo ativo de bomba; Proteção ribossômica por produção indutora ou constitutiva de enzimas metilase, que modificam o alvo ribossômico e diminuem a ligação ao fármaco; Hidrólise dos macrolídeos por esterases produzidas por Enterobacteriaceae; Mutações cromossômicas que alteram uma proteína ribossômica 50S. Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé Administração, distribuição, metabolismo e excreção A eritromicina base é incompletamente absorvida pelo intestino delgado superior. Uma vez que é inativada pelo ácido gástrico, ela é administrada na forma de comprimidos com revestimento entérico ou como cápsulas contendo pastilhas com revestimento entérico que se dissolvem no duodeno; a presença do alimento poderá retardar a absorção. Se difunde rapidamente para os fluidos intracelulares, atingindo atividade antibacteriana em essencialmente todos os sítios, exceto cérebro e LCS. Atravessa a placenta, e as concentrações de fármaco no plasma fetal são cerca de 5 a 20% daquelas observadas na circulação materna. As concentrações no leite materno são de 50% em relação aos níveis séricos. A eritromicina é concentrada no fígado e excretada na bile. A claritromicina é absorvida rapidamente a partir do trato GI após administração oral, mas o metabolismo hepático de primeira passagem reduz sua biodisponibilidade para 50 a 55%. Pode ser administrada com ou sem alimentos, mas a forma de liberação prolongada deve ser administrada na sua presença para melhorar a biodisponibilidade. A quantidade de claritromicina excretada de modo inalterado na urina varia de 20 a 40%, dependendo da dose administrada e da formulação. A azitromicina administrada por VO é absorvida rapidamente (embora incompletamente: a biodisponibilidade para a formulação de liberação imediata é da ordem de 30-40%) e distribui-se amplamente em todo o corpo, exceto para cérebro e LCS. As propriedades farmacocinéticas únicas da azitromicina incluem distribuição extensa nos tecidos e altas concentrações de fármaco no interior das células, levando a concentrações muito maiores dos fármacos em tecidos ou secreções. A azitromicina sofre algum metabolismo hepático em metabólitos inativos, porém sua eliminação biliar constitui a principal via de eliminação. Apenas 12% do fármaco são excretados em sua forma inalterada na urina. A t1/2 de eliminação, que é de 40 a 68 horas, é prolongada devido ao extenso sequestro e ligação aos tecidos. Usos terapêuticos e posologia A dose oral habitual de eritromicina para adultos varia de 1 a 2g/dia, em doses divididas, geralmente, a cada 6 horas. A administração IV é geralmente reservada para a terapia de infecções graves e é raramente utilizada hoje; a dose habitual é de 0,5 a 1g a cada 6 horas. A claritromicina geralmente é administrada 2 vezes/dia, em uma dose de 250 mg para adultos com infecções leves a moderadas, e 500 mg, 2 vezes/dia, para infecções mais graves. A azitromicina deve ser administrada 1 hora antes ou 2 horas após as refeições quando administrada por VO. Para terapia ambulatorial de pneumonia, faringite ou sinusite adquirida na comunidade, uma dose de 500 mg é administrada no primeiro dia, e 250 mg por dia são administrados nos dias 2 a 5. Esses fármacos utilizados para o tratamento de infecções do trato respiratório, infecções cutâneas e de tecidos moles, infecções por clamídias, difteria, pertússis, infecção por H. pylori e infecções por micobactérias. Efeitos adversos A administração de eritromicina com frequência é acompanhada de distúrbios epigástricos moderados a graves, visto que esse fármaco estimula a motilidade GI agindo nos receptores de motilina. Além disso, os macrolídeos podem gerar toxicidade cardíaca e hepatotoxicidade. A eritromicina e a claritromicina potencializam os efeitos de carbamazepina, corticosteroides, ciclosporina, digoxina, alcaloides do ergot, teofilina, triazolam, valproato e varfarina, provavelmente interferindo no metabolismo mediado por CYP. Além disso, o uso de antiácidos pode reduzir a absorção da azitromicina e esse fármaco não deve ser utilizado por menores de 16 anos, gestantes e mulheres lactantes. Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé Lincosamidas A lincomicina e a clindamicina são os fármacos dessa classe. A clindamicina substituiu em grande parte a lincomicina na prática clínica e é usada principalmente para tratar infecções aeróbicas e anaeróbicas Gram- positivas, bem como algumas infecções parasitárias. A clindamicina liga-se exclusivamente à subunidade 50S dos ribossomos bacterianos e suprime a síntese de proteínas. Embora a clindamicina, a eritromicina e o cloranfenicol não sejam estruturalmente relacionados, todos os três atuam em locais de estreita proximidade e a ligação de um desses antibióticos ao ribossomo pode inibir a interação dos outros. Resistência A resistência ao macrolídeo devida à metilação ribossômica também poderá levar à resistência à clindamicina. Como a clindamicina não induz a metilase, só ocorrerá resistência cruzada se a enzima for produzida constitutivamente. A clindamicina não é um substrato para as bombas de efluxo de macrolídeos; por conseguinte, as cepas que são resistentes aos macrolídeos por esse mecanismo são suscetíveis à clindamicina.Absorção, distribuição, metabolismo e excreção A clindamicina sofre absorção quase completa após administração oral. A presença de alimentos no estômago não reduz significativamente a absorção. A t1/2 do antibiótico é de aproximadamente 3 horas. É amplamente distribuída em muitas fluidos e tecidos, incluindo concentrações significativas no osso. As concentrações no líquido cerebrospinal são limitadas, mesmo quando as meninges estão inflamadas, porem são atingidas concentrações suficientes para tratar a toxoplasmose cerebral. O fármaco atravessa rapidamente a barreira placentária. Poderá ser necessário o ajuste da dosagem em pacientes com insuficiência hepática grave. Apenas cerca de 10% da clindamicina administrada são excretados de modo inalterado na urina, e são encontradas pequenas quantidades nas fezes. Usos terapêuticos e posologia A dose oral de clindamicina para adultos é de 150 a 300 mg, a cada 6 horas; para infecções graves, ela será de 300 a 600 mg, a cada 6 horas. Esse fármaco é utilizado para o tratamento de infecções cutâneas e de tecidos moles, infecções do trato respiratório e outras infecções diversas. Efeitos adversos A incidência relatada de diarreia associada ao uso da clindamicina varia de 2 a 20%. Na maioria dos casos, esse efeito é leve a moderado e se resolve com a descontinuação do fármaco. No entanto, a clindamicina carrega um risco relativamente alto de superinfecção com C. difficile. Em aproximadamente 10% dos indivíduos tratados com clindamicina, ocorrem exantemas cutâneos que podem ser mais comuns em pacientes com infecção pelo HIV. Linezolida A linezolida é uma oxazolidinona, uma nova classe de inibidores de síntese de proteínas sintéticas com atividade principalmente contra organismos Gram-positivos, incluindo agentes patogênicos multirresistentes. Inibe a síntese de proteínas por meio de sua ligação ao sítio P da subunidade 50S do ribossomo, impedindo a formação do complexo que dá início à síntese de proteínas. Devido ao seu mecanismo singular de ação, a linezolida é ativa contra cepas que são resistentes a vários outros agentes. Atividade antimicrobiana É ativa contra a grande maioria dos organismos Gram-positivos, entretanto exerce baixa atividade contra a maioria das bactérias Gram- negativas aeróbicas ou anaeróbicas. É bacteriostática contra enterococos e estafilococos, porem poderá exercer efeito bactericida contra estreptococos. Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé Resistência A resistência dos enterococos e estafilococos é mais comumente devido às mutações pontuais do rRNA 23S. Como as bactérias possuem múltiplas cópias de genes de rRNA de 23S, uma resistência significativa geralmente requer mutações em duas ou mais cópias. Absorção, distribuição, metabolismo e excreção A linezolida é bem absorvida após a administração oral, com uma biodisponibilidade de 100% e pode ser administrada independentemente da ingestão de alimentos. Existe uma eliminação mínima do fármaco inalterado na urina; o fármaco sofre sulfatação no fígado e é excretado principalmente nas fezes. Usos terapêuticos e posologia A linezolida é mais comumente administrada em uma dose de 600mg, 2 vezes/dia, VO ou IV. Um protocolo com uma dose de 400 mg, 2 vezes/dia, é recomendado apenas para tratamentos de infecções da pele e de estruturas cutâneas não complicadas em adultos. Assim, a linezolida é utilizada para o tratamento de infecções cutâneas e de tecidos moles, infecções do trato respiratório e outras infecções. Efeitos adversos Em pacientes tratados com linezolida, foi relatada a ocorrência de mielossupressão, incluindo anemia, leucopenia, pancitopenia e trombocitopenia. Polimixinas As polimixinas representam um grupo de antibióticos elaborados por cepas de Bacillus polymyxa. A polimixina B consiste em uma mistura das polimixinas B1 e B2. A colistina, também conhecida como polimixina E, é produzida pelo Bacillus colistinus e é comercializada como colistimetato para administração IV ou colistina base para uso tópico. Esses agentes foram inicialmente desenvolvidos há mais de 50 anos, mas rapidamente foram banidos do uso sistêmico devido às suas toxicidades. Com o surgimento de organismos Gram-negativos resistentes na última década, seu uso aumentou substancialmente. As polimixinas são agentes anfipáticos ativos na superfície celular que atuam como detergentes catiônicos. Elas interagem fortemente com os fosfolipídeos e desorganizam a estrutura das membranas celulares. Atividade antimicrobiana As atividades antimicrobianas de polimixina B e colistina são semelhantes e restritas às bactérias Gram-negativas, principalmente aeróbicas. A maioria das Pseudomonas, Acinetobacter e Enterobacteriaceae são suscetíveis, com exceção de Proteus e Serratia spp. Absorção, distribuição, metabolismo e excreção Nem a polimixin1a B nem a colistina são absorvidas quando administradas por VO, sendo pouco absorvidas pelas mucosas e pela superfície de grandes queimaduras. A administração intraventricular e intratecal tem sido utilizada para o tratamento de infecções do SNC. O colistimetato (mas não a colistina) é eliminado por via renal; assim, a modificação da dose geralmente se faz necessária em pacientes com insuficiência renal. A polimixina B sofre depuração principalmente não renal. Usos terapêuticos e posologia A dosagem desses agentes varia de acordo com o fármaco. As polimixinas são usadas sistematicamente apenas para infecções graves por patógenos resistentes a outras terapias efetivas. Efeitos adversos A toxicidade primária das polimixinas é a nefrotoxicidade relacionada com a dose. As reações neurológicas incluem fraqueza muscular, apneia, parestesias, vertigem e fala arrastada. Vancomicina A vancomicina é o criador da classe dos glicopeptídeos, produzido pelo Streptococcus orientalis. Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé Os glicopeptídeos inibem a síntese da parede celular em bactérias suscetíveis por se ligarem com alta afinidade ao terminal D-alanin-D-alanina das unidades precursoras da parede celular. Em virtude de seu grande tamanho molecular, são incapazes de penetrar na membrana externa de bactérias Gram- negativas. Atividade antimicrobiana Apresenta atividade contra a grande maioria das bactérias Gram-positivas. Praticamente todas as espécies de bacilos Gram-negativos e micobactérias são resistentes à vancomicina. Resistência Os determinantes da resistência à vancomicina estão localizados em um transpóson que é facilmente transferível entre os enterococos e, potencialmente, outras bactérias Gram-positivas. A resistência enterocócica aos glicopeptídeos é o resultado da alteração do alvo de D-alanil-D-alanina para D-alanil-D-lactato ou D-alanil-D-serina, que se liga fracamente aos glicopeptídeos. Absorção, distribuição, metabolismo e excreção Todos os glicopeptídeos são fracamente absorvidos após a administração oral; a formulação oral de vancomicina é exclusivamente utilizada em pacientes com colite por C. difficile. A vancomicina deve ser administrada por via IV, não intramuscular, devido à dor. Aparece em vários líquidos corporais, incluindo o líquido cerebrospinal, quando as meninges estão inflamadas, a bile e os líquidos pleural, pericárdico, sinovial e ascítico. Aproximadamente 90% de uma dose injetada de vancomicina são excretados por filtração glomerular. O medicamento se acumulará se a função renal for prejudicada, e os ajustes da dose deverão ser feitos. Usos terapêuticos e posologia O cloridrato de vancomicina está disponível para uso IV como um pó esterilizado para solução. Deverá ser diluído e infundido durante pelo menos um períodode 60 minutos para se evitar reações adversas relacionadas à infusão; a dose inicial recomendada para adultos é de 30 a 45mg/kg/dia, divididos em 2 ou 3 doses. A vancomicina é utilizada no tratamento das infecções cutâneas/tecidos moles e ósseas/articulares, infecções do trato respiratório, infecções do SNC, endocardite e infecções por cateter vascular. Efeitos adversos A infusão IV rápida de vancomicina pode causar reações eritematosas ou urticárias, rubor, taquicardia e hipotensão (síndrome do "homem vermelho" ou "pescoço vermelho"). O rubor extremo que pode ocorrer não é uma reação alérgica, mas um efeito direto da vancomicina nos mastócitos, fazendo- os liberar histamina.
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