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Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 1 PARMÊNIDES DE ELÉIA FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 2 Filho de Piros. Nasceu em Eléia, hoje é a cidade de Vélia , na Itália meridional, ao sul de Salermo. Sua akmé situa-se na 69a Olimpíada, portanto entre 504 e 500 A.C. Platão afirma que Parmênides esteve em Atenas, onde se encontrou com o jovem Sócrates e que na ocasião tinha 65 anos. Parmênides foi iniciado na vida filosófica por um pitagórico, Ameinias, mas possivelmente o elemento ocidental de Xenófanes (a crítica da religião) sobre o oriental de Pitágoras tenha influenciado as ideias parmedianas. Parmênides participou ativamente da política, tendo sido o primeiro legislador de uma cidade recém fundada, e, segundo os doxógrafos, anualmente os magistrados de Eléia faziam os cidadãos jurarem guardar as leis que Parmênides lhes dera. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 3 Expôs suas ideias em prosas e versos. O filósofo-poeta se apresenta como o escolhido, conduzido pela mão da Filha do Sol a sua musa, que, com permissão da Justiça lhe revela a Verdade. O poema é conhecido como Sobre a Natureza. A obra se divide em duas partes: 1a a via da verdade – A-létheia. 2a a via da opinião – doxa. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 4 Para muitos a obra ergue-se contra o pitagorismo e contra Heráclito. Embora o poema pareça pertencer ao universo da antiga A-létheia dos magos, poetas e adivinhos, a fala da Deusa já nada tem a ver com a linguagem sagrada dos mistérios. Pelo contrário, é a razão quem fala, oferecendo argumentos compreensíveis e simples. O poema é filosofia. É necessário pensar e dizer isso: que o ENTE É, pois é ser; e que o nada não é, pois “É” NÃO SER. O PENSAR e o SER são a mesma coisa. O SER é o que pode ser pensado e dito. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 5 Que está dizendo Parmênides? que o ser é e o nada não é. que o ser pode ser pensado e dito. que o nada não pode ser pensado e nem dito. que pensar e ser é o mesmo que, portanto, o nada é o não - ser e impensável. que dizer e ser são o mesmo. que, portanto o nada é não - ser e indizível. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 6 A inovação de Parmênides encontra-se na lógica e na ontologia. Parmênides teria pela primeira vez formulado os dois princípios lógicos fundamentais de todo o pensamento: O princípio de identidade – o ser é o ser. O princípio de não-contradição – o ser é e o seu contrário, não-ser, não é. O ser é e pode ser pensado e dito, então o ser é ele mesmo, idêntico a si mesmo e será impossível que seu negativo, o nada ou não ser, também seja e também possa ser pensado e dito. O mais importante na formulação parmediana é o seu aspecto ontológico. A ontologia é, portanto, o estudo de ser ou o pensamento do ser. A ontologia nasce quando Parmênides afirma que a arkhé é o ser ou o que é o ente e que o não ser não é. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 7 Então conclui-se que o que é pensável e dizível existe, e que o que não é pensável e nem dizível não existe. Pela primeira vez é afirmada a identidade entre ser, pensar e dizer, ou entre o mundo, pensamento e linguagem. A diferença entre a verdade e a opinião. A doxa são opiniões instáveis, mutáveis e efêmeras e por isso um fragmento do poema de Parmênides diz: as opiniões dos mortais, em que não há verdadeira felicidade, isto é, em que não podemos confiar e nem nos fiar, pois mudam sempre. Se o ser é o que permanece sempre idêntico a si mesmo, onde melhor se mostra aparente enquanto aparência? Na mudança contínua? FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 8 No devir, no incessante vir-a-ser em que todas as coisas se tornam outras, tornando-se o que não são? O devir é movimento – a kinesis, mudança qualitativa, quantitativa e local. Por isso o movimento é o campo principal da aparência e da opinião. As coisas parecem mudar e as opiniões mudam com elas. O devir é a aparência mutável, é o não ser. A Deusa exorta Parmênides a abandonar o olho que não vê, o ouvido que ensurdece, a língua sonora. Doravante passar a julgar apenas com o pensamento as provas oferecida e suas refutações. Isto é, usar apenas a razão, as demonstrações racionais e as contraprovas racionais. A experiência sensorial nos faz perceber que tudo está em movimento, isto é, em mudanças: nós mudamos, as coisa surgem e desaparecem, mudam de forma e de qualidade, passam a qualidade oposta. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 9 O pensamento puro se afasta da percepção sensorial e opera com argumentos lógicos, isto é, obtém-se as consequências racionais da premissa o ser é e o não ser não é. Vemos tudo mudar, mas sabemos que o ser é imutável; vemos tudo nascer e perecer, mas sabemos que o ser é eterno. O ser é imóvel, isto é, pois se se movesse mudaria e tornar-se-ia aquilo que ele não é. O ser é eterno e indestrutível, pois se tivesse começado, o que havia antes dele? O ser é uno, pois se houvesse um outro ser o que seria ele? O ser é indivisível ou contínuo, pois se dividisse o que seria as outras partes? Outros seres? Não porque o ser é uno. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 10 O ser é pleno, pois se houvesse intervalos em seu interior, o que haveria neles? O vazio? Mas o vazio é o não ser, e este não existe. Os mortais tomam o não ser pelo ser. A via da opinião prende-se a aparência e à mutabilidade das coisas, sem perceber que o pensamento só pode pensar e a linguagem só pode dizer o que é e permanece idêntico a si mesmo. Pluralidade, mudança ou movimento, oposições e contrariedades são irreais, impensáveis e indizíveis. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 11 A opinião é a via da experiência sensorial. A via da verdade, a do puro pensamento, do intelecto que se separa das sensações. Por isso, onde nossos sentimentos veem, tocam, sentem coisas mutáveis e opostas entre si, o pensamento diz que é ilusão. Só há o ser, uno, único, eterno, contínuo, indivisível, imóvel e pleno. O ser exclui mudança e multiplicidade, pois o devir e o múltiplo são o não ser. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com Filosofia - J. Honorato - jhonoratopereira@gmail.com 12 BIBLIOGRAFIA ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999. ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia – Vol. 1. Lisboa: Presença, 1985. LARA, Tiago Adão. A filosofia nas suas origens gregas. Petrópolis: Vozes, 1989. MANNION, James. Livro completo da filosofia. São Paulo: Madras, 2004. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. MONDIN, Battista. Curso de Filosofia – Vol. 1. São Paulo: Paulinas, 1981. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dário. História da filosofia – Vol. 1. São Paulo: Paulinas, 1990. REZENDE, Antônio. Curso de filosofia para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. FILOSOFIA - J. Honorato jhonoratopereira@gmail.com
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