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APOSTILA PROCESSO DE EXECUÇÃO 2021-1 (1)

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Atenção!!! 
 
✓ O presente material não esgota a totalidade do conteúdo programático, 
servindo apenas como orientação para que o estudante possa seguir um 
caminho especificado em seu estudo. 
 
✓ A bibliografia indicada pela Universidade e pela professora da disciplina 
traz de forma clara todos os pontos do programa, sendo necessário o seu 
completo estudo para realização com êxito das avaliações e a consequente 
aprovação. 
 
✓ O presente material deverá ainda ser complementado pelo estudante com: 
 
o as aulas ministradas, 
o os exemplos práticos citados em sala de aula, 
o os exercícios elaborados e corrigidos pela professora, 
o os preceitos legais correspondentes a cada assunto e 
o por todo material divulgado e/ou constante da pasta da disciplina. 
 
E lembre-se: o que definirá o seu sucesso acadêmico é o grau de 
comprometimento com a sua formação. Desta forma, seja na preparação para 
a atividade avaliativa, seja para concorrer a um concurso público ou exame da 
OAB, habitue-se a tirar suas dúvidas, busque realizar com excelência suas 
atividades às quais se propuser e vá além do conhecimento oferecido pelos 
materiais que tiver em mãos, aprofundando sempre mais os seus estudos em 
prol do seu objetivo. Afinal, seu conhecimento é a sua maior riqueza e isso 
ninguém conseguirá tirar de você. 
 
 
 
Tenha um ótimo semestre!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 1 – TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO, TÍTULOS EXECUTIVOS (ESPÉCIES E PRESSUPOSTOS) 
E RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL 
 
 
CONTEÚDOS: 
 
1.1 Conceito de Execução (espécies, exigibilidade, liquidez e certeza) e Processo sincrético. 
1.2 Princípios Fundamentais da Execução (Princípio do Título Executivo, Princípio da Tipicidade, 
Princípio do Resultado, Princípio da Responsabilidade patrimonial e pessoal, Princípio da 
menor onerosidade da execução, princípio da transparência patrimonial e princípio do 
contraditório). 
1.3 Responsabilidade Patrimonial (Conceito, Fraude contra credores e Fraude à execução). 
1.4 Classificação dos títulos executivos (judiciais e extrajudiciais). 
 
 
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO 
 
1.1 Conceito de Execução (Espécies, Exigibilidade, Liquidez e Certeza) e Processo sincrético 
 
 A Execução é um conjunto de meios materiais previstos em lei visando a satisfação do 
direito do exequente. Certo é, que o que se espera de quem deve é que cumpra espontaneamente 
sua obrigação, contudo, quando assim não age, abre-se a possibilidade do credor exigir a execução 
forçada (arts. 778 e 788, por exemplo). 
 
 Os atos materiais executivos previstos em lei visando a satisfação do direito do exequente 
podem ser praticados de várias maneiras, a depender do critério adotado, assim como diferentes 
são as modalidades de execução. Assim, pode-se afirmar que: 
 
a. Quanto aos meios executórios, a atividade executiva se desenvolve através de medidas 
classificadas como de (i) meios de coerção (ou execução indireta) e (ii) meios de sub-
rogação (ou execução direta). Assim, na execução indireta, o Estado não substituiu a 
vontade do executado, mas, por meio de pressão psicológica, tenta convencê-lo ao 
cumprimento voluntário da obrigação, que pode se dar de duas formas: (a) ameaça de 
piora (astreintes e prisão civil, por exemplo) e (b) “ameaça” de melhora (art. 827, § 1º, por 
exemplo). Já na execução direta, o Estado substitui a vontade do executado e satisfaz o 
direito do exequente. Independe da vontade do executado, pois o juiz, através de medidas 
executivas, substitui a vontade do executado, gerando a satisfação do direito do exequente 
(penhora e expropriação, por exemplo). Frise-se, que é possível observar num mesmo 
procedimento as duas medidas de execução (direta e indireta). 
 
b. Quanto a autonomia, tem-se (i) processo autônomo de execução, que tem por 
fundamento título executivo extrajudicial (art. 784) e (ii) fase procedimental executiva 
(cumprimento de sentença como fase do processo sincrético), que tem por fundamento 
título executivo judicial (art. 515). Logo, duas são as formas de regular a execução. 
 
 
 
 
 
 
Quadro Comparativo 
 
Processo Autônomo de Execução Processo Sincrético1 
(cumprimento de sentença) 
Processo autônomo (arts. 771 a 924 do CPC). Fase complementar do mesmo processo 
(sincrético) em que o título judicial se tenha 
formado2. 
Inicia-se através de uma petição inicial. Não há necessidade de petição inicial; requer 
através de petição de meio (ou intercorrente)3 
Haverá citação. Haverá intimação4 
Títulos executivos extrajudiciais (art. 784 do 
CPC)5. 
Títulos executivos judiciais (art. 515 do CPC). 
Defesa através dos Embargos à Execução (art 
914 do CPC). 
Defesa através da Impugnação (art. 525 do 
CPC). 
 
 
Atenção!!!! 
 
Quando o título executivo é judicial (art. 515 do CPC), mas a execução não pode ser mero 
prolongamento da atividade cognitiva, como se dá, por exemplo, no caso de execução de sentença 
penal condenatória transitada em julgado, de sentença arbitral, de sentença estrangeira 
homologada pelo STJ e da decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à 
carta rogatória pelo STJ (art. 515, incisos VI a IX), será necessário instaurar um “processo 
autônomo”, ou seja, iniciar com petição inicial, pois nesses casos não há processo anterior no 
órgão competente para o cumprimento de sentença (Juízo Cível) do qual possa desdobrar o 
prolongamento da fase de conhecimento, razão pela qual, inclusive, o parágrafo 1º do art. 515 do 
CPC prevê a citação e não a intimação e, apesar de se ter, aparentemente, um processo 
autônomo, com estrutura de “petição inicial” + citação, o conteúdo/procedimento será de 
cumprimento de sentença. 
 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
1 - Felisberto promoveu Ação de Cobrança em face de Sandro objetivando a condenação ao 
pagamento da quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). O feito tramitou regularmente e o pedido 
foi julgado procedente em parte, para condenar o Réu a pagar ao Autor o valor de R$ 3.500,00 
(três mil e quinhentos reais). Não houve interposição de recurso e o feito transitou em julgado. 
Considerando o caso hipotético apresentado, responda: para que Felisberto obtenha a satisfação 
de seu direito, qual o procedimento que deverá utilizar? 
 
 
1 Une a função cognitiva (conhecimento) com a função executiva (cumprimento de sentença), no mesmo processo. 
2 Ressalvados os títulos executivos judiciais previstos no § 1º do art. 515 do CPC. 
3 Nos títulos executivos judiciais previstos no § 1º do art. 515 do CPC, haverá necessidade de petição inicial, mas 
adotando o procedimento de cumprimento de sentença. A petição inicial é necessária, pois nos casos previstos no 
mencionado artigo, o cumprimento de sentença será exigido perante o Juízo Cível (que originariamente não formou o 
título executivo judicial). 
4 Idem notas 1 e 2. 
5 O art. 785 do CPC prevê a possibilidade de opção de procedimento ao credor portador de título executivo 
extrajudicial, ou seja, pode adotar o processo de conhecimento, para obter título executivo judicial, ou processo de 
execução. 
 
 
2 - A empresa “Flora Apis” firmou contrato de segurança privada com a empresa “Cão de 
Guarda”. Passados alguns meses, surgiu desavença quanto ao cumprimento da prestação 
acordada. Diante da discórdia, as partes optaram por resolver o litígio através da arbitragem, em 
razão de expressa previsão do meio de solução de conflitos trazida no contrato. Na arbitragem, 
restou decidido que assistia razão a “Flora Apis”, sendo a sociedade empresária “Cão de Guarda” 
condenada ao pagamento de indenização, além de multa de 30%. Considerando o caso hipotético 
apresentado, responda: não havendo o cumprimento espontâneo da sentença arbitral, qual a 
providência que deverá ser adotada pela “Flora Apis” para obter a satisfação de seu direito 
reconhecido através da sentença arbitral? 
 
 
1.2 Princípios Fundamentais da Execução 
 
 Os princípios processuais gerais previstos na Constituição da República e na parte 
principiológicado Código de Processo Civil aplicam-se a todos os processos e procedimentos, tais 
como o devido processo legal, a isonomia, dentre outros. Mas alguns princípios são típicos da 
execução (tanto processo autônomo, como processo sincrético), seja por serem visualizados 
apenas nesse momento, seja por adquirirem uma nova feição, como acontece com o princípio do 
contraditório. Passa-se, então, a compreensão dos princípios. 
 
I. Princípio da Nulla executio sine titulo: por tal princípio, afirma-se que não há execução sem 
título que a embase. Um dos requisitos da execução é a apresentação do título (judicial ou 
extrajudicial). Quando se tem uma execução (processo sincrético ou processo autônomo), o 
executado se encontra em situação material (restrição de bens) e processual (está no processo 
para evitar abusos, excessos, para não sofrer mais do que o estritamente necessário) de 
desvantagem, a qual deve ser justificada. Essa justificativa é feita pela grande probabilidade do 
direito existir e essa probabilidade está no título; é uma legitimação da situação de 
desvantagem. 
 
II. Princípio da Tipicidade dos títulos executivos ou Nulla titulo sine lege: significa que o elenco 
previsto em lei (art. 515 e art. 784 CPC e leis esparsas) constitui numerus clausus, sendo, 
portanto, restritivo – impossibilita o operador do direito a criar títulos executivos. 
 
III. Princípio da Patrimonialidade: na execução (processo autônomo ou sincrético), são os bens 
que compõem o patrimônio do devedor que respondem pela dívida, nunca a pessoa do 
devedor, inclusive quando se tem a prisão civil. Isso porque a prisão civil, que não é forma de 
satisfação de direito e sim meio de coerção, diferente da prisão penal, não paga coisa alguma. 
Quando o devedor é preso, não paga a dívida e sai da prisão civil, ele continua devendo, pois é 
uma execução indireta, uma prisão coercitiva (art. 528, parágrafo 5º, art. 789 e art. 921, III 
CPC). 
 
IV. Princípio do Resultado único ou desfecho único: assim como no processo de conhecimento a 
finalidade é o julgamento do mérito, beneficiando o autor ou o réu, no processo de execução 
(ou fase de execução), a finalidade é a satisfação do direito do exequente, nunca do 
executado, razão pela qual se diz resultado ou desfecho único. Entretanto, a doutrina aponta 
que é possível questionar o princípio do desfecho único, pois se o mérito da execução pode ser 
decidido incidentalmente, através dos embargos à execução, por exemplo, caso em que, se o 
Embargante-Executado obtém êxito em sua demanda, obterá a extinção da execução, não 
sendo, portanto anômala, neste caso. 
 
 
 
V. Princípio da disponibilidade da execução: em razão do desfecho único do processo de 
execução que não tem como tutelar o direito material do executado, é permitido ao 
exequente a qualquer momento desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas 
executivas. A desistência não depende de anuência do executado (art. 775), ainda que 
pendentes de julgamento embargos à execução ou impugnação, se a matéria neles versadas 
tratar apenas de questões processuais (inciso I). Se, entretanto, versar sobre outras questões 
(por exemplo, novação ou compensação), a extinção dependerá de concordância do 
impugnante ou embargante (inciso II). Isso porque o executado poderá ter interesse em 
continuar com sua defesa para ter uma sentença de mérito que vai lhe dar algo que ele não 
conseguiria com a desistência. A coisa julgada material impede a propositura de nova 
demanda executiva. 
 
VI. Princípio da menor onerosidade: nos termos do art. 805, CPC, quando por vários meios o 
exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso 
para o executado. A ideia é que o sacrifício do executado seja nos estritos limites da satisfação 
do exequente. Não há motivo para prejudicar mais o executado, por isso deve ser no limite. 
Para Dinamarco e STJ, se houver conflito entre o princípio da menor onerosidade e o da 
efetividade da tutela executiva, aplica-se a razoabilidade/proporcionalidade (ver art. 847). 
 
VII. Princípio da Lealdade e da Boa-fé processual: como ocorre em todos os processos e 
procedimentos, o dever de lealdade processual também surge como exigência na execução. 
Todas as sanções processuais previstas no CPC são aplicáveis à execução (arts. 5º, 77, 79, 80 e 
81). Contudo, tem uma que é específica à execução, quanto a atos praticados pelo executado. 
Está previsto no art. 774, CPC, que é o ato atentatório à dignidade da justiça. No parágrafo 
único do art. 774, há previsão de sanção, qual seja, multa de até 20% do valor atualizado do 
débito em execução. Esse ato é aquele praticado tanto no processo autônomo, quanto na fase 
executiva e até mesmo nos embargos do executado (art. 918, III). 
 
VIII. Princípio da efetividade da execução ou do exequente: pelo processo de execução ou fase de 
cumprimento da sentença, deve-se assegurar precisamente aquilo a que ele tem direito, ou 
seja, aquilo que receberia se houvesse um adimplemento voluntário da obrigação (exemplo 
art. 831 do CPC). 
 
IX. Princípio do Contraditório: alguns doutrinadores defendem não haver contraditório na 
execução, o que não corresponde a realidade, pois admitir tal alegação, seria o mesmo que 
afrontar o princípio previsto no art. 5º, LV, da CRFB. Mas na execução, o princípio do 
contraditório é visto sob uma ótica diferente. Aqui, o contraditório deve ser entendido como a 
garantia que têm as partes de que tomarão conhecimento de todos os atos e termos do 
processo, com a consequente possibilidade de manifestação sobre os mesmos. Em outros 
termos, o contraditório é a garantia de informação necessária e reação possível. De fato, na 
execução forçada não há julgamento do mérito, que somente poderá ser examinado em 
embargos à execução (processo cognitivo autônomo e incidente ao processo executivo). 
Apenas nos embargos poderá ser discutido o mérito da execução. 
 
X. Princípio da Atipicidade dos Meios Executivos: o art. 536, § 1º c/c art. 139, IV do CPC, indica 
medidas atípicas que poderão ser utilizadas para fazer com que o executado cumpra com sua 
obrigação e satisfaça o direito do exequente. Vale mencionar, que para a doutrina, as medidas 
atípicas devem ser aplicadas apenas quando as medidas típicas tiverem se mostrado incapazes 
 
 
de satisfazer o direito do exequente. Ex.: suspensão do direito do devedor de conduzir veículo 
automotor, no caso de não pagamento de dívida oriunda de multas de trânsito. 
 
 
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 
 
Analise a seguinte ementa de acórdão proferido pela Décima Quinta Câmara Cível do Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio de Janeiro, in verbis: 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE 
SENTENÇA. TÍTULO JUDICIAL LIMITADO AO FORNECIMENTO DOS MEDICAMENTOS INDICADOS NA 
EXORDIAL. EXTENSÃO PARA A PRESTAÇÃO DE HOME CARE. 
IMPOSSIBILIDADE. _____________________________. ANULAÇÃO DA R. DECISÃO. 1. A decisão 
agravada determinou a prestação do serviço de home care pelo réu, pedido que foge 
inteiramente aos termos do título judicial exequendo, limitado à condenação dos réus ao 
fornecimento dos medicamentos indicados na petição inicial. 2. Impossibilidade de inovação da 
lide no momento do cumprimento de sentença já transitada em julgado, em observância ao 
instituto da coisa julgada e do princípio ______________________. 3. Anulação da R. Decisão. 4. 
Provimento ao recurso.” 
Considerando que ao cumprimento de sentença e a execução aplicam-se princípios típicos, 
tratados em Teoria Geral da Execução, indique qual o princípio aplicado no julgamento? 
 
 
1.3 Responsabilidade Patrimonial 
 
 Antes de entender a responsabilidade patrimonial, necessário verificar quem são os 
legitimados na execução. 
 
 A execução (processo autônomo ou processo sincrético), tem suas “condições da 
execução”, sendo a legitimidade das partes uma delas, e, portanto, requisito essencial para que a 
execução tenha seu término esperado, qualseja, a satisfação do direito do exequente (princípio 
do desfecho/resultado único). A ausência de legitimidade, seja no polo ativo, seja no polo passivo, 
acarretará a extinção da execução e, consequentemente, um desfecho anômalo, já que o que se 
espera ao final, repete-se, é a satisfação do direito do exequente. O tema sobre legitimidade está 
regulado nos artigos 778 e 779 do CPC. 
 
 O art. 778 cuida da legitimidade ativa, prevendo no caput a legitimação ordinária originária 
(ou primária) no polo ativo da demanda. A legitimação é ordinária porque é o exequente 
propondo demanda em nome próprio, defendendo interesse próprio, e é originária ou primária 
porque a legitimação nasce com o título (e não com a demanda). 
 
 O caput do art. 778 dispõe que é legitimado o credor a quem a lei confere o título 
executivo. A doutrina afirma que pode haver legitimação ativa ordinária originária de alguém que 
não conste no título, até porque, segundo Alexandre Freitas Câmara, o título executivo não tem 
por função conferir legitimidade às partes da demanda executiva, mas – e isto é inegável – tal 
título simplifica a pesquisa da legitimidade ad causam. 
 
 O § 1º do art. 778 prevê a legitimidade ordinária superveniente (ou secundária) que ocorre 
quando é criada depois da formação do título e pode se dar antes ou durante a execução 
 
 
(processo ou fase); quando após a formação do título ocorre um ato ou fato que cria a 
legitimidade que antes não existia. Ex.: se o credor falecer, os sucessores, herdeiros, espólio, 
passam a ser os legitimados para dar continuidade e essa legitimação dura até a partilha. Se 
ocorrer durante a execução, acontecerá o fenômeno da sucessão processual (e não substituição 
processual). Pode ocorrer também por ato inter vivos – hipótese prevista no art. 778, § 1º, III e IV, 
do CPC. 
 
 Quanto ao inciso I do § 1º do art. 778 do CPC, tal dispositivo trata da legitimidade ativa do 
Ministério Público para a execução, nos casos previstos em lei. Vale ressaltar que o MP, 
raramente, terá legitimidade ordinária, sendo a mais comum a legitimidade extraordinária (art. 18 
do CPC – o MP executa em nome próprio direito alheio), sendo certo que, conforme disposto no 
inciso I, sua legitimação não decorre do título e sim da lei. Nas tutelas coletivas, por exemplo, vige 
o princípio da obrigatoriedade, o qual dispõe que é dever funcional do MP executar a decisão que 
não foi executada pelos legitimados ordinários. São exemplos de legitimação do MP: (i) art. 3º, da 
Lei no. 7.347/85; (ii) art. 17, da Lei no. 8.429/92); (iii) art. 68 do CPP (divergente – o STF, num 
julgado (RE 135.328/SP), entendeu ser parcialmente aplicável, pois existem lugares onde não há 
defensoria pública organizada, podendo o MP suprir essa deficiência – art. 129, IX, CRFB); (iv) art. 
71, § 3º, da CRFB/1988; (v) art. 16 da Lei no. 4.717/65 (o MP não consta do título, mas tem 
legitimidade extraordinária para a execução, condicionada a inércia do autor originário da 
demanda); art. 100 da Lei no. 8.078/90. Na tutela coletiva o MP tem o dever funcional na 
execução do título (título executivo judicial). Quanto aos direitos/interesses difusos/coletivos: art. 
16 LAP (60 dias contados da decisão de 2º grau – dever de execução provisória) e art. 15 LACP (60 
dias contados do trânsito em julgado). Quanto aos direitos/interesses individuais homogêneos: 
art. 100, CDC – o MP tem o dever funcional de promover a execução por “fluid recovery”. No título 
executivo extrajudicial da tutela coletiva o título é formado pelo próprio MP (TAC) – Informativo 
404 STJ – 1ª Seção REsp 1.119.377/SP – o título formado pelo Tribunal de Contas do Estado = 
erário público – o Estado não executou (art. 566, I do CPC de 1973). O MP entende que ao 
recompor o erário público está tutelando o patrimônio público, logo, legitimado para execução 
coletiva. 
 
 No inciso II do art. 778, CPC, dentre outras, tem-se a legitimidade (i) do espolio (massa 
patrimonial deixada pelo autor da herança – universalidade de bens sem personalidade jurídica), 
que será representado pelo inventariante e excepcionalmente pelos herdeiros (art. 75, VII, CPC). A 
legitimidade dura até o momento da partilha dos bens. Após o encerramento da partilha a 
legitimidade será daquele que recebe o seu quinhão hereditário, herdeiros e sucessores. Antes de 
iniciada e execução, basta a demonstração de provas suficientes para comprovar a legitimação. 
Após iniciada a execução, será necessário fazer a habilitação, nos termos do art. 687 e seguintes 
do CPC. 
 
 Os incisos III e IV do art. 778, CPC, preveem a legitimidade do (i) cessionário e do (ii) sub-
rogado. Todo o direito pode ser objeto de cessão, salvo as vedações legais (como por exemplo os 
direitos personalíssimos e relativos a benefícios da Previdência Social). Com a cessão o cessionário 
passa a ser legitimado ordinário superveniente para executar o título. Também haverá 
legitimidade superveniente quando houver sub-rogação legal (art. 346 do CC) ou convencional 
(art. 347 do CC). 
 
 Vale salientar, que em qualquer das hipóteses do art. 778 do CPC, a sucessão independe de 
consentimento do executado (§ 2º). 
 
 
 
 Na legitimação passiva originária, prevista no art. 779, I do CPC, o sujeito já é o legitimado 
quando do surgimento do título - legitimação daquele que figura no título. Na legitimidade 
superveniente os sujeitos aparecem depois da formação do título. Segundo CÂMARA (2015) estão 
previstas nos incisos II, III, IV, V e VI. 
 
 Por fim, vale registrar que na execução (processo autônomo ou processo sincrético), é 
possível observar o instituto do litisconsórcio, seja no polo ativo, seja no polo passivo. Quanto a 
intervenção de terceiros, há possibilidade, a depender da doutrina, de se ter a Assistência, na 
forma do art. 834 do Código Civil, assim como as intervenções previstas nos arts. 134 
(Desconsideração da Personalidade Jurídica) e 138 (Amicus Curiae) do CPC. 
 
 Verificado o tema “Legitimidade” na execução, passa-se a compreensão do tema 
“Responsabilidade Patrimonial”. 
 
 Responsabilidade Patrimonial é a “situação meramente potencial, caracterizada pela 
sujeitabilidade do patrimônio de alguém às medidas executivas destinadas à atuação da 
vontade concreta do direito material”. 
 
 A formação e extinção da obrigação estão prevista no Código Civil. Sabe-se que a obrigação 
descumprida gera o inadimplemento, que também é instituto de direito material. O 
inadimplemento, por sua vez, gera a dívida e, consequentemente, a figura do devedor. No plano 
do direito material, o devedor é o responsável pela crise de inadimplemento e, para que tal dívida 
seja cobrada pelo credor, necessitará da atuação jurisdicional, a fim de possibilitar a sujeição do 
patrimônio do devedor para assegurar a satisfação do seu direito (do credor), adentrando, 
portanto, no campo do direito processual e, consequentemente, da Responsabilidade Patrimonial. 
 
 Quando se trata de Responsabilidade Patrimonial, dois questionamentos devem ser 
respondidos: (i) quem é o responsável patrimonial? (aspecto subjetivo) e (ii) quais os bens que 
respondem? (aspecto objetivo). 
 
 Em regra, a obrigação e a responsabilidade recairão sobre a mesma pessoa – mesmo 
sujeito – devedor/responsável patrimonial = responsabilidade patrimonial primária (é o sujeito 
obrigado pelo direito material e responsável pelo direito processual). Todavia, é importante 
lembrar que há exceções: (i) pode-se ter a existência de dívida sem responsabilidade, como 
acontece no caso da obrigação de pagar dívida de jogo, onde há a dívida, mas não se pode cobrar 
por expressa vedação legal; e, (ii) pode-se visualizar, ainda, a responsabilidade sem dívida, como 
no caso do fiador, que é responsável patrimonial, embora não seja ele o devedor da obrigação 
(responsabilidade patrimonial secundária). 
 
 Há que se ressaltar que, sempre que tiver a responsabilidade patrimonial secundária, terá a 
primária, recaindo a preferência no responsávelpatrimonial primário. E mais, o direito material 
cria a figura do coobrigado, que pode significar: (i) codevedores ou (ii) sujeitos que não são 
devedores porque não são responsáveis pela crise, todavia, são obrigados perante o credor da 
mesma forma que os devedores. Nesse caso, a responsabilidade patrimonial é primária do 
coobrigado e, embora seja primária, ela é subsidiária – primeiro devedor, depois responsável. 
 
 Ademais, o benefício de ordem poderá ser usado (arts. 794 e 795, CPC), ressaltando que: (i) 
para que seja admissível o benefício de ordem, necessário que o devedor principal faça parte do 
título executivo, logo, no caso de fiança, o fiador é obrigado a chamar o devedor principal ao 
 
 
processo (art. 130, CPC); e, (ii) o benefício de ordem é direito disponível, podendo o fiador abrir 
mão do benefício de ordem. 
 
 Os arts. 789 e 790 do CPC enumeram o rol de bens sujeitos a responsabilidade patrimonial, 
sendo possível observar a responsabilidade patrimonial primária e secundária, valendo lembrar 
que a responsabilidade patrimonial primária é a regra, ou seja, é o devedor que responde, para o 
cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições 
estabelecidas em lei (bens impenhoráveis). 
 
 Já a responsabilidade patrimonial secundária incide sobre bens de terceiro não obrigado, 
ou seja, a responsabilidade se desprende da obrigação e recai sobre terceiro (ex.: sucessor a título 
singular) – direito processual. 
 
 No que diz respeito aos bens sujeitos a responsabilidade patrimonial (aspecto objetivo), 
dispõe o art. 789 do CPC que todos os bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas 
em lei (impenhorabilidade), responderão para o cumprimento das obrigações do responsável 
patrimonial. Inicialmente, cabe esclarecer que nem todos os bens respondem pela obrigação, a 
exemplo dos impenhoráveis – arts. 833 e 834 do CPC – (“salvo restrições”) e que não só os bens 
do devedor respondem pela obrigação, mas também os do responsável secundário. 
 
 Quanto aos bens presentes e futuros a doutrina diverge quanto a interpretação do artigo 
789 do CPC, sendo majoritária a corrente defendida por Daniel Amorim Assumpção Neves. Para 
este doutrinador, a responsabilidade deve incidir sobre os bens “presentes”, ou seja, aqueles 
existentes no momento da instauração do processo executivo, e futuros, compreendidos como 
aqueles que o executado venha a adquirir no curso do processo, incidindo também sobre os “bens 
passados”, desde que alienados ou onerados em fraude. 
 
Quadro comparativo de fraudes 
 
 
 FRAUDE CONTRA CREDORES 
Arts. 158 a 165 do CC 
 
FRAUDE À EXECUÇÃO 
Art. 792 do CPC 
Requisitos Eventus damni (= dano) - 
redução do devedor à 
insolvência econômica ou 
agravamento de tal situação (o 
ato de alienação foi capaz de 
torná-lo insolvente) e 
Consilium fraudis (= fraude) – 
potencial consciência (do 
alienante e do adquirente - 
oneroso) de que com a prática 
do ato tornar-se-ia insolvente. 
Eventus damni para a hipótese 
do art. 792, IV do CPC. Nas 
demais hipóteses (I, II e III), 
deverá ser observado o que 
preceitua o CPC, não havendo 
necessidade de comprovar 
eventus damni. 
Consequência do Ato Engana o credor Engana o credor e o Juiz. Ato 
atentatório à dignidade da 
Justiça – art. 774, I do CPC. 
Características Instituto de direito material. 
Inexistência de ação. Exige 
Instituto de direito processual. 
Existência de ação. A alienação 
 
 
ação própria – Ação Pauliana 
(revocatória) – art. 790, VI do 
CPC. 
é promovida durante o 
processo. Consiste na 
alienação de bens pelo 
devedor na pendência de um 
processo capaz de reduzi-lo à 
insolvência. Não exige ação 
própria – declara 
incidentalmente. 
Natureza do vício do ato 
praticado 
Ato é anulável, nos termos do 
Código Civil e art. 790, VI do 
CPC – divergente!!!! 
Ineficácia do negócio 
exclusivamente perante o 
credor prejudicado que 
demanda; sujeito à multa 
prevista no art. 774 do CPC, 
sendo válido e eficaz para as 
demais pessoas. 
Observações Ocorre frequentemente a 
fraude quando, achando-se 
um devedor assoberbado de 
compromissos, com o ativo 
reduzido e o passivo elevado, 
procura subtrair aos credores 
uma parte daquele ativo, e 
neste propósito faz uma 
liberalidade a um amigo ou 
parente, ou vende a preço vil 
um bem qualquer. 
Antes mesmo da citação, a 
partir da distribuição 
processual, é possível extrair 
certidão de ajuizamento para 
averbações nos órgãos onde se 
pretende penhorar bens do 
devedor para barrar qualquer 
tentativa de disposição 
maliciosa enquanto o processo 
se finda. As hipóteses dos 
incisos I, II e III tratam sobre 
necessidade de averbação 
para caracterizar a fraude, 
entretanto, ainda que não 
tenham sido realizadas, não 
impede de ser configurada a 
fraude, sendo necessário 
comprovar, contudo, os 
requisitos do inciso IV, quais 
sejam: processo pendente 
contra aquele que aliena ou 
institui o gravame sobre o bem 
e redução a insolvência. 
 
 
 
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 
 
Jacques Sinclair propôs ação de cobrança em face de Ricardo Sing, tendo sido distribuída para a 
12ª Vara Cível da Comarca da Capital. No procedimento, houve necessidade de citação de Ricardo 
por edital, já que encontrava-se em local incerto e não sabido, e, consequentemente, lhe fora 
nomeado curador especial, que apresentou contestação por negativa geral. Ultrapassadas as 
fases processuais, proferiu o juízo sentença de procedência do pedido, condenando o Réu a pagar 
o valor de R$ 105.262,62 (cento e cinco mil e duzentos e sessenta e dois reais e sessenta e dois 
 
 
centavos). Transitada em julgado a sentença e não tendo sido satisfeita espontaneamente a 
obrigação, o Autor deu início a execução. Determinada a penhora online para satisfação do 
crédito do Autor, tal medida restou infrutífera. Entretanto, o Autor tomou conhecimento de que 
o Réu havia doado imóvel de sua propriedade para seus três filhos após a distribuição da 
demanda e após ter sido exaustivamente tentada a sua citação pessoal, obtendo sucesso na 
citação ficta antes mesmo da doação. De acordo com as informações constantes no caso 
hipotético, responda: qual foi a espécie de fraude cometida por Ricardo? 
 
 
1.4 Classificação dos títulos executivos (judiciais e extrajudiciais) 
 
 O título executivo é o ato jurídico que legitima as medidas executivas para a satisfação do 
crédito do credor. A ausência do título executivo gera “carência de ação” (interesse de agir), mas 
ATENÇÃO!!!! O art. 785 do CPC prevê a possibilidade de, mesmo havendo título executivo 
extrajudicial, o credor poder optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo 
judicial. 
 
 Existem duas espécies de títulos executivos: judiciais e extrajudiciais. O título judicial é o 
formado pelo juiz, por meio de atuação judicial, em regra, ressalva a sentença arbitral (art. 515, 
CPC). O título extrajudicial é o formado por ato da vontade das partes envolvidas na relação de 
direito material (ou somente por uma das partes, como acontece com a CDA – art. 784, IX, no caso 
do crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício – art. 
784, X, ou, ainda, no caso da certidão expedida pela serventia notarial ou de registro – art. 784, XI, 
ambos do CPC), sem nenhuma intervenção jurisdicional (art. 784, CPC), mas em decorrência da lei. 
 
 O direito exequendo tem como requisitos a certeza, a exigibilidade e a liquidez (art. 783 do 
CPC), sem os quais a execução será declarada nula (art. 803, I do CPC). 
 
 Certa (certeza) é a obrigação induvidosa, resultante do título executivo. É a definição dos 
elementos subjetivos (sujeitos) e objetivos (natureza e individualização do objeto) do direito 
exequendo representado no título. Tem que saber quem é o credor e devedor da obrigação 
(elemento subjetivo) e deve indicar qual a espécie de obrigação e sobre quais bens recairão os 
atos executivos (elemento objetivo). Apenas coma indicação precisa de todos os elementos 
constitutivos (credor, devedor e objeto) será possível promover a execução. 
 
 Quanto a exigibilidade, diz respeito a inexistência de impedimentos a sua atual eficácia. A 
inexigibilidade, em regra, pode ser demonstrada com o inadimplemento da obrigação, contudo, 
não basta a prova do inadimplemento, porque terá que provar o advento do termo, o implemento 
da condição ou o cumprimento da contraprestação (art. 476 do CC e art. 803, III do CPC). 
 
 A liquidez na concepção moderna não é a determinação, mas a mera determinabilidade do 
valor, ou seja, “o que se deve”. Não é necessário que o título indique o quantum debeatur, mas 
que contenha elementos que possibilitem tal fixação. Se chegar ao valor com meros cálculos 
aritméticos (parágrafo único do art. 786, CPC), a obrigação é líquida. Ex. sentença do JEC fixada em 
10 salários mínimos é liquida, pois, através de mero cálculo chega-se ao valor da obrigação. 
 
 Ainda sobre os títulos executivos, importante mencionar que é possível ter cumulação de 
execuções, desde que cumpridos os requisitos previstos no art. 780 do CPC (é lícito ao credor, 
sendo o mesmo o devedor, cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, 
 
 
desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntica a forma do processo). O 
Enunciado da Súmula 27 do STJ também determina que pode a execução fundar-se em mais de 
um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio. Pela leitura do referido artigo, verifica-se que a 
cumulação de demandas executivas é possível quando são as mesmas as partes em todas as 
demandas, não significando isto dizer que fica proibida a cumulação nos processos em que haja 
litisconsórcio. O segundo requisito da cumulação de demandas executivas é a competência do 
juízo. Isto porque, obviamente, só se pode admitir a cumulação quando o mesmo juízo for 
competente para todas as execuções. Logo, pode-se concluir que a cumulação de demandas 
executivas fundadas ambas em títulos judiciais fica inviabilizada, pois a competência é do juízo 
onde se desenvolveu o módulo processual cognitivo. Todavia, é perfeitamente possível a 
cumulação de demandas executivas fundadas em títulos extrajudiciais. O terceiro requisito de 
admissibilidade da cumulação de demandas executivas é, nos expressos termos do art. 780 do 
Código de Processo Civil, que seja idêntica a forma do processo. Significa isto dizer que só é 
possível a cumulação de demandas executivas quando todas as demandas cumuladas derem 
origem a uma mesma espécie de execução (obrigação de fazer, não fazer, entregar e pagar). 
 
 Por fim, são títulos executivos judiciais (art. 515, CPC): 
 
I. decisões condenatórias. Sentença ou decisão interlocutória: art. 356 do CPC; 
II. decisão homologatória de autocomposição judicial (processo em andamento). Sentença ou 
decisão interlocutória: art. 354 Ampliação objetiva ou subjetiva: § 2º do art. 516. Nessa 
situação não se aplica o art. 492 do CPC (princípio da correlação), pois é possível transacionar 
ou conciliar matéria mais ampla do que o que fora objeto do processo, visando, dessa forma, a 
solução integral da lide; 
III. decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza (jurisdição 
voluntária) Art. 719 c/c art. 725, VIII do CPC; 
IV. decisão que adjudica quinhão sucessório Procedimento do inventário e partilha (art. 610 a 
673, CPC). Eficácia exclusiva em relação ao inventariante, aos herdeiros, aos sucessores a título 
universal ou singular; 
V. decisão judicial que aprova crédito de auxiliar da Justiça (perito, tradutor); 
VI. sentença penal condenatória transitada em julgado. Após a reforma do CPP (Lei no. 
11.719/2008), não há mais necessidade de liquidação da sentença penal condenatória na 
esfera civil, ao menos no que tange ao um valor mínimo, conforme art. 387, IV, CPP c/c art. 63 
e parágrafo único do CPP. A necessidade de liquidação vai depender da concordância com o 
valor mínimo fixado. Se concordar, pode executar desde logo. Se não concordar, pode 
executar o mínimo e liquidar o dano efetivamente sofrido, simultaneamente, mas o tema é 
extremamente divergente. O título é formado exclusivamente contra o condenado. 
VII. sentença arbitral Lei nº 9.307/96 O art. 31 da Lei no. 9.307/2006, equipara a sentença arbitral 
a sentença judicial, constituindo título executivo judicial sempre que tiver força condenatória, 
não necessitando, contudo, de ser homologada pelo judiciário. Matérias alegáveis em 
impugnação: art. 525, § 1º c/c art. 32 da Lei nº 9.307/96; 
VIII. decisão homologatória de sentença estrangeira. A sentença estrangeira = judicial ou arbitral 
(art. 35 da Lei nº 9.307/96) está sujeita a homologação pelo STJ (art. 961 e seguintes do CPC), 
mas a execução de título executivo extrajudicial estrangeiro não depende de homologação 
pelo STJ, podendo ser executada diretamente no judiciário brasileiro, de acordo com o art. 
784, parágrafo 2º, CPC; 
IX. Decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo STJ. 
Nos termos do § 1º do art. 960 do CPC, a decisão interlocutória estrangeira poderá ser 
executada no Brasil por meio de carta rogatória (regra destinada à decisão interlocutória de 
 
 
questões incidentais e à decisão interlocutória de mérito, fundada em tutela de urgência (art. 
962 do CPC). 
 
 Quanto aos títulos executivos extrajudiciais (art. 784 do CPC), de regra são líquidos, neles 
constando o objeto da obrigação. Admite-se que possam reclamar uma diminuta operação 
aritmética que ajuste o valor histórico neles consagrado (cômputo de juros, correção monetária). 
São títulos executivos extrajudiciais previstos no art. 784 do CPC: 
 
I. a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque. Tais títulos devem 
ser apresentados no original para darem ensejo a execução em razão do princípio da 
circulabilidade. Esses títulos independem de protesto para que sejam considerados executivos; 
II. a escritura pública ou outro documento público, assinado pelo devedor; a escritura pública é 
ato privativo do Tabelião de notas, bastando a sua participação no ato, não necessitando da 
assinatura do devedor; mas no caso dos demais documentos públicos, somente serão 
considerados títulos executivos extrajudiciais se contiverem a declaração escrita e assinada do 
devedor reconhecendo a dívida. 
III. o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; 
IV. o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela 
Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador 
credenciado por tribunal. O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) é um exemplo; 
V. o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele 
garantido por caução. Os contratos podem ser garantidos por caução real (apresentação de 
bem em juízo para garantia) ou fidejussória (nomeação de um fiador que garantirá a realização 
futura do direito). No caso de fiança, a execução pode ser dirigida diretamente contra o fiador, 
o devedor principal ou contra ambos. Lembrar do benefício de ordem; 
VI. o contrato de seguro de vida em caso de morte; 
VII. foro e laudêmio; o foro é a pensão anual certa e invariável que o enfiteuta paga ao senhorio 
direto pelo direito de usar, gozar e dispor do imóvel objeto do direito real de enfiteuse. O 
laudêmio é a compensação que é devida ao senhorio direto pelo não uso do direito de 
preferência, quando o enfiteuta aliena onerosamente o imóvel foreiro; é gerado pela enfiteuse 
e o art. 2.038 do CC proibiu a constituição de novas enfiteuses, mantendo as anteriores até a 
sua extinção; 
VIII. o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de 
encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio. Tanto a prestação principal 
(aluguel) como as acessórias podem ser exigidas pela via da execução na relação entre olocador (ou seu sucessor) ou locatário (ou sublocatário), independentemente de contrato de 
locação, sendo suficiente uma prova documental que ateste a existência da locação e dos 
encargos, ou seja, criado de forma unilateral; 
IX. a certidão da dívida ativa. É um dos únicos títulos criado apenas pelo credor, com base na 
presunção de legalidade do ato administrativo. Ver Lei nº 6.830/80; 
X. o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, 
previstas na Convenção ou aprovadas em Assembleia-Geral. Não depende nem da participação 
do devedor, nem de sua assinatura na elaboração do título; 
XI. a certidão expedida por serventia notarial ou de registro, relativa a valores de emolumentos e 
demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em 
lei. Também criado de forma unilateral, em razão da presunção de legalidade do ato praticado 
pela serventia notarial ou de registro; 
XII. todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
1 - Enrico Enes, advogado, atuando em causa própria, moveu ação de execução em face do 
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas de Água e Energia do Estado do Acre. Na 
execução, Enrico narra que pretende receber do Sindicato o valor de R$ 42.000,00 (quarenta e 
dois mil reais), referente a serviços desempenhados em oito reclamações trabalhistas que 
tramitam em três das Varas do Trabalho de Rio Branco. Para tanto, juntou à petição inicial o 
contrato de honorários advocatícios assinado, apenas, pelas partes contratantes. A demanda foi 
distribuída para a 1ª Vara Cível de Rio Branco. Ao receber a petição inicial, o magistrado a 
indeferiu de plano, julgando extinta a ação de execução, sob o fundamento de que o contrato de 
honorários advocatícios não tem força executiva, já que ausente as assinaturas de duas 
testemunhas. Responda: agiu corretamente o magistrado ao extinguir a ação de execução com 
tal fundamento? 
 
2 - Multitek Ltda. e Automk Ltda., pactuaram, através de contrato de prestação de serviços 
a realização de obras na 1° contratante, mediante o pagamento de R$ 15.000,00 (quinze 
mil reais). Automak Ltda. realizou as obras contratadas, entretanto, não recebeu pelo 
serviço, motivo pelo qual te procura para obter orientação jurídica, alegando ter agido de 
boa-fé, adimplindo a sua parte no contrato, motivo pelo qual pretende executar a Multitek. 
Você, ao analisar o contrato, observou que não há assinatura da Multitek, nem, tampouco 
de duas testemunhas, mas a Automak afirma que se trata de erro sanável, já que possui 
outras provas que justificariam o ajuizamento da Ação de Execução. Considerando o caso 
hipotético apresentado, responda: você, na condição de advogado da Automak Ltda., como 
orientaria seu cliente: ajuizaria ou não a Ação de Execução? Justifique e fundamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 2 – EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER 
 
 
2.1 Execução das obrigações de fazer e de não fazer e a decisão que impõe pelo reconhecimento a 
obrigação de fazer e não fazer (tutela mandamental e inibitória). 
2.2 Cabimento, Meios de Coerção (da multa e do crime de desobediência, tutela jurisdicional 
específica das obrigações de emitir declaração de vontade). 
2.3 Execução das obrigações de entregar (cabimento, meios de coerção, mecanismos de 
efetivação da tutela específica ou da obtenção do resultado prático equivalente). 
2.4 Tutela da Remoção do Ilícito. 
2.5 Tutela ressarcitória na forma específica. 
2.6 Conversão da Tutela Mandamental em Perdas e Danos. 
 
 
EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER 
 
2.1 - Execução das obrigações de fazer e de não fazer e a decisão que impõe pelo 
reconhecimento a obrigação de fazer e não fazer (tutela mandamental e inibitória). 
 
 As obrigações de fazer e não fazer exigem do devedor uma atitude/comportamento que 
pode ser positivo ou negativo. A atitude/comportamento será positivo em se tratando de 
obrigação de fazer; a atitude/comportamento será negativo em se tratando de obrigação de não 
fazer. 
 
 Nas obrigações de fazer6, estas podem ser fungíveis ou infungíveis. As prestações fungíveis 
são aquelas cujas obrigações podem ser satisfeitas por terceiro; já as prestações infungíveis são 
aquelas cujas obrigações só podem ser satisfeitas pelo obrigado. Ocorre que, em se tratando de 
prestações fungíveis e não cumpridas pelo obrigado, o credor poderá executá-las especificamente, 
através de terceiro, à custa do devedor, ainda que contra a sua vontade (art. 497 – tutela 
ressarcitória específica) ou perdas e danos (art. 816 do CPC). Mas o mesmo não ocorre com as 
prestações infungíveis, que deverão ser satisfeitas, necessariamente, pelo obrigado. Neste caso, 
em não sendo satisfeita a obrigação, converte-se em perdas e danos (art. 821 do CPC). 
 
 Nas obrigações de não fazer7, que são obrigações negativas, não há que se falar em atraso 
no cumprimento da obrigação, mas o inadimplemento em razão do devedor ter praticado ato do 
qual deveria se abster (tutela de remoção de ilícito). Nesse caso, através do ajuizamento da ação 
de execução, o credor requererá que o devedor desfaça o que não poderia ter feito - art. 822 do 
CPC. 
 
 Importante mencionar, que o art. 497 do CPC, dispõe que: “Na ação que tenha por objeto a 
prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica 
ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático 
equivalente”, sendo possível observar a previsão de uma tutela mandamental, que tem por 
 
6 Carlos Roberto Gonçalves conceitua obrigação de fazer como sendo “a prestação consistente em atos ou serviços a 
serem executados pelo devedor”. 
7 Carlos Roberto Gonçalves conceitua obrigação de não fazer como sendo aquela que “impõe ao devedor um dever de 
abstenção: o de não praticar o ato que poderia livremente fazer, se não houvesse obrigado”. 
 
 
objetivo ordenar o sujeito passivo que cumpra a obrigação de fazer ou de não fazer, seja ela 
repressiva ou preventiva, através de uma ação de conhecimento. 
 
 Já o parágrafo único do art. 497 do CPC, prevê uma tutela que visa inibir o ilícito, ou a sua 
reiteração, continuação, ou a sua remoção, ao dispor que: “Para a concessão da tutela específica 
destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é 
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo”. Assim, a 
tutela inibitória, obtida através de um processo de conhecimento, objetivando proteção ao direito 
ameaçado do sujeito ativo contra atos ainda não praticados, independentemente de 
demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo. 
 
 Mas, como visto em Teoria Geral da Execução, as formas de satisfação do direito do credor 
podem se dar de duas formas distintas, a depender da natureza jurídica do título executivo. Se o 
credor for portador de título executivo extrajudicial, ter-se-á, em regra (lembrar do art. 785 do 
CPC), processo autônomo de execução (ação de execução); se o credor for portador de título 
executivo judicial, ter-se-á cumprimento de sentença. Assim, passa-se a compreensão de ambas as 
formas de satisfação do direito exequendo. 
 
DA AÇÃO DE EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO FAZER 
 
 O início do procedimento executivo que tenha por fundamento título executivo 
extrajudicial será sempre por meio de petição inicial. A petição inicial (ato inicial de provocação) 
atenderá aos elementos do art. 319 do CPC, no que couber, c/c art. 798 do CPC (além dos arts. 77, 
V e 320 do CPC) sendo eles: 
 
(I) endereçamento (art. 781, CPC); 
(II) qualificação; 
(III) causa de pedir (título executivo extrajudicial); 
(IV) pedido (satisfação do direito); e, 
(V) valor da causa. 
 
 Observe que não se aplica o inciso VI do art. 319 do CPC, porque não cabe produção de 
provasno processo de execução, assim como não se aplica o inciso VII, pois é requisito típico da 
fase de conhecimento. 
 
 Na petição inicial deverá o exequente, ainda, juntar o título executivo extrajudicial original 
(art. 798, I, a). Se for o caso, deverá o exequente, ainda, instruir a petição inicial com a prova de 
que se verificou a condição ou termo (art. 798, I, c) ou a prova de que adimpliu a contraprestação 
que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a 
satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente (art. 798, I, d). 
 
 Na peça inaugural, deverá o exequente ainda indicar a espécie de execução de sua 
preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada (art. 798, II, a), bem como 
requererá a citação do devedor para que cumpra a obrigação (de fazer ou de desfazer) em prazo a 
ser determinado pelo Juízo, se outro não estiver determinado no título executivo (art. 815 e art. 
822, CPC). 
 
 Vale ressaltar, que o art. 799, incisos I ao VII, prevê a intimação de outros sujeitos; o art. 
799, VIII prevê a possibilidade do exequente pleitear eventuais medidas de urgência e, por fim, 
 
 
proceder à averbação em registro público do ato da propositura da execução e dos atos de 
constrição realizados, para ciência erga omnes (art. 799, IX). 
 
 Elaborada a petição inicial e devidamente distribuída (ou registrada), os autos do processo 
chegarão ao Magistrado, que poderá adotar uma das seguintes posturas: 
 
✓ Verificando vício insanável, indeferirá a petição inicial, nos termos do art. 330, CPC, e 
julgará extinta a execução, na forma do art. 924, I do CPC; 
✓ Verificando vício sanável, determinará a emenda (art. 801, CPC) para posterior 
prosseguimento. 
✓ Proferirá o primeiro despacho positivo (inicial formalmente perfeita). 
o em se tratando de Ação de Execução de Obrigação de Fazer, ao despachar a petição 
inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação (art. 
537, CPC) e a data a partir da qual será devida, podendo, inclusive, reduzi-la, ainda 
que prevista no título, mas desde que excessiva (art. 814 e parágrafo único, CPC). 
o Em se tratando de Ação de Execução de Obrigação de Não Fazer, ao despachar a 
petição inicial, o juiz fixará prazo ao executado para desfazer o ato (art. 822 do 
CPC), bem como multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a 
data a partir da qual será devida, podendo, inclusive, reduzi-la, ainda que prevista 
no título, mas desde que excessiva (art. 814 e parágrafo único, CPC). 
 
 Prosseguindo o feito e não cumprindo o Executado voluntariamente a obrigação no prazo 
estipulado, seguir-se-ão os atos judiciais de execução (medidas executivas). Em se tratando de 
Ação de Execução da Obrigação de Fazer, segue o previsto no art. 816 (requerer a satisfação à 
custa do executado, se se tratar de obrigação de fazer fungível, ou perdas e danos); em se 
tratando de Ação de Execução da Obrigação de Não Fazer, segue o previsto no art. 823 (requerer a 
satisfação à custa do executado ou perdas e danos). 
 
 Frise-se que, se o executado não satisfizer a obrigação e se tratar de prestação infungível, a 
obrigação será convertida em perdas e danos (art. 821, parágrafo único). Todavia, se a obrigação 
for fungível, o exequente terá a opção de (i) pedir a realização da prestação por terceiro, à custa 
do executado (procedimento previsto no art. 817 a 819) ou (ii) reclamar perdas e danos (art. 816, 
parágrafo único). O exequente também pode executar ou mandar executar, sob sua direção e 
vigilância, as obras e os trabalhos necessários à realização da prestação. 
 
 Se o executado ao ser citado para cumprir a obrigação em prazo a ser estipulado pelo Juízo 
(art. 815), cumprir a determinação judicial tempestivamente, o juiz determinará a extinção da 
execução, na forma do art. 924, II c/c art. 925 do CPC. 
 
 
2.2 - Cabimento, Meios de Coerção (da multa e do crime de desobediência, tutela jurisdicional 
específica das obrigações de emitir declaração de vontade). 
 
 A Seção IV do Capítulo XIII do Livro I da Parte Especial do CPC, trata “Do Julgamento das 
Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa”, também chamadas de 
tutelas específicas. 
 
 Inicia a Seção com o art. 497 do CPC, dispondo que o juiz concederá a tutela específica da 
obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado 
 
 
prático equivalente, podendo se valer, além da multa prevista no art. 814 c/c art. 537 do CPC, de 
outros mecanismos previstos no art. 497, parágrafo único e art. 536 e parágrafos, do CPC, para a 
obtenção da tutela específica dos direitos materiais. 
 
MEDIDAS ATÍPICAS (art. 139, IV, c/c 536, parágrafo 1º, CPC) 
 
 O art. 536, parágrafo 1º, do CPC, apresenta, de forma exemplificativa, medidas executivas 
que poderão ser adotadas pelo magistrado para fazer o Executado cumprir a determinação 
judicial, podendo requisitar, se necessário for, o auxílio de força policial. Essas medidas executivas 
são atípicas, podendo ser utilizadas quando esgotadas as possibilidades de utilização das medidas 
típicas (divergente na doutrina). Eis alguns julgados do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de 
Janeiro que ilustram a possibilidade de adoção de medidas atípicas: 
 
0059370-41.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). MARIA LUIZA DE FREITAS 
CARVALHO - Julgamento: 12/02/2020 - VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Agravo de Instrumento. 
Ação de execução de título extrajudicial. Decisão que indefere o requerimento formulado pelo 
agravante de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação e de apreensão do passaporte do 
devedor. Medidas executivas atípicas. Entendimento firmado pelo STJ mediante julgamento do 
RHC n.º 99.606/SP, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi. Possibilidade. Análise das 
circunstâncias do caso concreto. RECURSO PROVIDO. 
 
0003496-37.2020.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). CARLOS EDUARDO DA ROSA DA 
FONSECA PASSOS - Julgamento: 12/02/2020 - DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. ART. 139, INCISO IV, DO CPC. Requerimento de 
suspensão da CNH, restrição do passaporte e cancelamento dos cartões de crédito dos 
executados. Mera alegação de não pagamento, desprovida de indícios de que os devedores 
possuam patrimônio expropriável. Jurisprudência do STJ. Recurso desprovido. 
 
0067273-30.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). ALEXANDRE ANTONIO FRANCO 
FREITAS CÂMARA - Julgamento: 10/02/2020 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Direito processual civil. 
Cumprimento de sentença. Requerimento de emprego de medidas executivas atípicas. Exequente 
que afirma jamais ter encontrado bens penhoráveis dos executados. Descabimento. Os meios 
executivos atípicos só podem ser empregados quando o executado tem patrimônio expropriável, 
revelando-se como medidas de apoio à efetividade da execução. Precedentes do STJ. Impor 
medidas executivas atípicas a quem não tem patrimônio expropriável seria como colocar o 
executado de castigo, o que não é adequado. Desprovimento do recurso. 
 
 O § 3º do art. 536 do CPC, prevê que caso o Executado descumpra injustificadamente a 
ordem de má-fé, incidirá nas penas de litigância de má-fé (sanção processual) sem prejuízo de sua 
responsabilização por crime de desobediência (sanção penal). 
 
MULTA COERCITIVA (astreintes) – art. 537 do CPC 
 
 A multa coercitiva (astreintes) prevista no art. 537 e em outros dispositivos do CPC (art. 
806, § 1º, e art. 814, do CPC), é medida de execução indireta, que tem por objetivo pressionar 
psicologicamente o Executado a cumprir espontaneamente com sua obrigação. Poderá ser 
aplicada de ofício ou a requerimento da parte, tanto na fase de conhecimento, em tutela 
provisória ou na sentença, quanto na fase de cumprimento de sentença (em qualquer espécie de 
 
 
processo e procedimento) e a qualquer momento, até mesmo após o trânsito em julgado (não 
afronta o art. 492do CPC). 
 
 Quando da fixação da periodicidade (dia, semana, mês, única), deve-se atentar para um 
prazo razoável para cumprimento da obrigação. 
 
 O valor da multa deve ser suficiente e compatível com a obrigação a ser cumprida (fixada 
de acordo com a capacidade patrimonial do executado). 
 
 A periodicidade e o valor da multa podem ser modificados a qualquer tempo pelo juiz, 
inclusive de ofício, pois não se trata de verba que integra originariamente o crédito da parte, 
servindo de medida coercitiva. O STJ, inclusive, já se posicionou no sentido de que a multa não faz 
coisa julgada material, podendo, portanto, ser revista a qualquer momento, no caso de se revelar 
insuficiente ou excessiva, conforme dispõe o § 1º do art. 537, CPC. Logo, é possível que a multa 
possa ser aumentada ou reduzida, o que se justifica por circunstâncias supervenientes quando, 
por exemplo, o juiz entende que o valor fixado não está cumprindo o seu papel, qual seja, o de 
pressionar o devedor ao cumprimento da obrigação. 
 
 Vale observar que, caso o juiz verifique a impossibilidade de cumprimento da tutela 
específica desde a prolação da sentença, não poderá manter na execução a exigência da multa, 
contudo, se a impossibilidade for superveniente a condenação a prestação, por culpa do devedor, 
a multa subsistirá até a data em que a prestação se tornou irrealizável, nos termos do art. 500 do 
CPC. 
 
 Em se tratando de modificação ou exclusão da multa, dispõe o § 1º do art. 537 do CPC que 
a multa vincenda pode ser alterada em seu valor ou periodicidade, quando o juiz observar que se 
tornou insuficiente ou excessiva (I) ou poderá excluir a multa, quando o executado demonstrar 
cumprimento parcial superveniente ou justa causa para o seu descumprimento. Mas atenção!!!! 
Há divergência doutrinária e jurisprudencial quanto a possibilidade de modificação da multa 
vencida. 
 
 O termo inicial de incidência da multa, nos termos do § 4º do art. 537, será desde o dia em 
que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão 
que a tiver cominado, e a configuração do descumprimento, dependerá, conforme entendimento 
sumulado do STJ (Enunciado nº 410), da prévia intimação do devedor a realizar a obrigação. 
 
 Pode ser que a obrigação seja convertida em perdas e danos, ocasião em que o credor fará 
jus à multa e à indenização (art. 500, CPC). Essa multa reverte para o credor, nos termos do 
parágrafo 2º do CPC. 
 
OBS: a multa é restrita às obrigações fungíveis, diante do previsto no art. 247 do CC. 
OBS: é possível executar astreinte fixada em decisão de tutela provisória, conforme se depreende 
do § 3º do art. 537 do CPC, mas o levantamento da quantia somente ocorrerá após o trânsito em 
julgado e desde que favorável ao credor. 
 
0060887-18.2018.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). ADOLPHO CORREA DE 
ANDRADE MELLO JUNIOR - Julgamento: 04/02/2020 - NONA CÂMARA CÍVEL DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL. Impugnação a cumprimento de sentença. Rejeição. Descumprimento de 
obrigação de fazer. Aplicação de astreintes. Multa diária. Execução. O Código de Processo Civil 
 
 
concede ao juiz poderes para impor medidas coercitivas ao devedor visando o cumprimento da 
ordem judicial, além das astreintes e aquelas especificamente mencionadas no código e 
legislação complementar, bem como medidas executivas atípicas. Quanto à multa cominatória 
fixada, esta é medida legal e legítima, meio idôneo para compelir o réu a cumprir a ordem 
judicial. Nesse sentido os artigos 536, caput, e §1.º, 537, caput, §1.º, I, do Código de Processo 
Civil. E conquanto haja outras medidas passíveis de serem adotadas com o intuito de dar 
efetividade às decisões judiciais, elas não excluem a aplicação da multa cominatória. Ao que 
consta, na hipótese dos autos, as astreintes foram fixadas para compelir ao cumprimento de 
obrigação de fazer, com a aplicação de multa diária, por inobservância de decisão judicial. 
Registre-se que a decisão que fixa a multa cominatória não preclui, não faz coisa julgada, 
podendo ser alterada, posteriormente, a requerimento ou de ofício, caso se torne irrisória ou 
exorbitante, nos termos do artigo 537, §1.º, do CPC. Nesse contexto, se o valor consolidado da 
multa se afigurar excessivo, pode o Juízo reduzir o montante, a fim de evitar o enriquecimento 
sem causa do credor. In casu, o montante alcançado e objeto da execução atingiu o valor de R$ 
231.700,00 (duzentos e trinta e um mil e setecentos reais), o que se mostra desarrazoado, diante 
da obrigação imposta, embora efetivamente descumprida, pois desatendido o disposto no artigo 
373, II do CPC/2015, e que se restringe a uma quitação de contrato de financiamento de veículo 
automotor, sendo o bem avaliado, à época, em aproximados R$30.000,00 (trinta mil reais). É 
firme o entendimento jurisprudencial de que o valor total das astreintes não deve se distanciar 
muito do valor da obrigação principal, sob pena de proporcionar enriquecimento sem causa do 
credor da multa. Precedente do STJ. Destarte, deve ser reformada a decisão alvejada, somente no 
sentido de que o valor condenatório a ser executado seja limitado em R$ 60.000,00 (sessenta mil 
reais), nos termos expostos. Recurso parcialmente provido. 
 
0031998-20.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). CARLOS JOSÉ MARTINS GOMES 
- Julgamento: 19/11/2019 - DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL Ementa: Agravo de instrumento. Ação 
de obrigação de fazer c/c reparação de danos. Demanda em que a parte autora impugnou a 
contratação de empréstimo bancário, cujo pedido foi julgado procedente para se declarar a 
nulidade do contrato, bem como para condenar a ré ao pagamento de indenização por danos 
morais e a devolver os valores indevidamente descontados a título do referido empréstimo. 
Cumprimento de Sentença. Acolhimento parcial da impugnação para estabelecer como devido, a 
título de multa diária de R$ 500,00, pelo descumprimento da tutela antecipada que determinou a 
suspensão dos descontos das parcelas do empréstimo, o período de 399 dias, que, atualizado 
pela agravante, importa em R$ 352.317,49, determinando ainda o Juízo a quo a incidência de 
juros de mora. Malgrado controvertido o tema, diante do disposto no § 1º, do artigo 537 do 
Código de Processo Civil, que menciona a possibilidade de modificação do valor ou da 
periodicidade da multa vincenda, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça vem admitindo a redução 
do valor das astreintes quando verificada a desproporcionalidade do valor cobrado e para se 
evitar o enriquecimento sem causa. No caso em tela tenho que, de fato, exacerbado o quantum 
em execução a título de multa diária, não condizente com a proporcionalidade e razoabilidade. 
Ainda, no que diz respeito à aplicação de juros sobre o quantum fixado a título de multa diária, o 
recurso também merece prosperar, tendo em vista que não incidem juros de mora sobre multa 
cominatória decorrente de sentença judicial impositiva de obrigação de fazer, por configurar bis 
in idem. Provimento do recurso para se reduzir o montante em execução a título de multa diária 
e para afastar a incidência de juros de mora sobre referido montante, sendo pertinente apenas a 
atualização monetária. 
 
 
0082355-04.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). JOSÉ CARLOS PAES - 
 
 
Julgamento: 12/02/2020 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ASTREINTE. IMPUGNAÇÃO REJEITADA. DECISÃO QUE SE 
MANTÉM. 1. Primeiramente, deve-se salientar que se trata de agravo de instrumento interposto 
contra decisão proferida em ação principal, em fase de cumprimento de sentença, que julgou a 
impugnação, e, por isso, vedada a rediscussão da lide ou a modificação da sentença, nos moldes 
do artigo 509, §4º, do Código de Processo Civil. 2. Nessa toada, nada mais resta a ser decidido 
acerca da obrigação do réu no que concerne ao cumprimento à obrigação de fazer imposta, 
consistente no cancelamento da conta corrente do autor e informação acerca do saldonela 
existente, com a transferência do valor para conta judicial. 3. O Superior Tribunal de Justiça, em 
sede de Recurso Especial Representativo da Controvérsia, quando ainda vigente o Código Civil de 
1973, firmou entendimento segundo o qual a decisão que fixa a multa prevista no artigo 461 do 
referido CPC, não preclui, não fazendo coisa julgada material. Precedente. 4. Com o advento do 
atual Código de Processo Civil, o artigo 537, §1º, que dispõe acerca da multa por descumprimento 
de obrigação de fazer ou não fazer, estabelece que a modificação do valor ou da periocidade 
poderá ser realizada pelo juiz em relação à multa vincenda, podendo até mesmo excluí-la, 
elencando nos incisos as hipóteses de cabimento de tal procedimento. 5. Deveras, o objetivo da 
multa coercitiva é impor ao devedor de uma obrigação de fazer ou não fazer o cumprimento da 
tutela específica ao qual foi condenado, substituindo a visão antiga do direito privado que tendia 
a converter qualquer obrigação em perdas e danos. Doutrina. 6. Ora, se o objetivo da astreinte é 
exatamente o adimplemento da obrigação, o descumprimento configurado demonstra que o 
quantum fixado não se mostrou, durante longo tempo, suficiente para coagir o réu ao 
cumprimento da decisão. 7. Outrossim, a multa executada é pretérita, ou seja, não é "vincenda", 
não cabendo, assim, alterar o valor da multa fixada, com efeito retroativo, pois eventual 
alteração, no que se refere ao valor, à periodicidade e até mesmo à exclusão, além de depender 
de fato novo, o que não é o caso dos autos, só poderá operar com efeitos ex nunc. Precedentes. 
8. Não se olvide que no caso dos autos, a execução alcançou o montante executado (R$ 
42.000,00) por desídia da instituição ré em cumprir a obrigação imposta, ensejando até mesmo a 
posterior majoração da astreinte, por decisão preclusa, não se havendo de falar em violação aos 
princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 9. Recurso não provido. 
 
0097984-64.2009.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). ALEXANDRE ANTONIO FRANCO FREITAS 
CÂMARA - Julgamento: 10/02/2020 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Direito Processual Civil e Direito 
do Consumidor. Fase de cumprimento de sentença. Impossibilidade de revisão da multa vencida, 
mas somente da vincenda (art. 537, § 1º, do CPC). Obrigação de fazer que se mostrava possível de 
ser cumprida. Valor da multa que se revelou sem coercitividade e, portanto, insuficiente. Recurso 
adesivo que pretende impugnar decisão interlocutória agravável (art. 1.015, parágrafo único, do 
CPC) já transitada em julgado, estando fora das hipóteses de cabimento da apelação (art. 1.009 
do CPC). Recurso da executada a que se nega provimento e recurso adesivo do exequente de que 
não se conhece. 
 
 Na mesma Seção, o art. 501 prevê que “Na ação que tenha por objeto a emissão de 
declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em 
julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida”. Significa dizer que, proferida 
sentença, o autor não dependerá da espontaneidade ou voluntariedade do réu para cumprimento 
da obrigação, pois a sentença transitada em julgado substituirá a declaração não emitida, 
produzindo todos os efeitos jurídicos a que se destinava (sentença autoexequível). 
 
 
0014767-46.2016.8.19.0206 - APELAÇÃO 
 
 
Des(a). CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 19/06/2018 - PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL 
Ação de Adjudicação Compulsória - Sentença de extinção do feito, fundada na ausência dos 
pressupostos processuais de validade do processo. Embora não sendo acostado aos autos o 
instrumento de transferência de propriedade celebrado entre a primeira ré, Seval Serviços de 
Construção Civil Ltda., e a segunda e o terceiro demandados, a ausência do documento não 
impede o conhecimento parcial da pretensão autoral, mormente quando a empresa é revel, não 
impugnando o negócio jurídico realizando entre os réus, fato que não foi negado pelos demais 
demandados. Portanto, não se trata de compromisso de compra e venda a non domino. Não é 
possível a adjudicação compulsória do imóvel para registro no Registro Imobiliário, consoante os 
artigos 15, 16 e 22 do Decreto-lei nº 58/1937, por ausência, nos autos, de instrumento contratual 
entre a Seval e os 2º e 3º réus. No entanto, com base nos artigos 497 e 501 do Código de 
Processo Civil, possível a prestação de fazer, consistente na concessão de providências que 
assegurem a obtenção de tutela específica, de emissão de declaração de vontade, competindo à 
empresa Seval a outorga de Escritura Pública de Compra e Venda do imóvel litigioso, conforme 
Certidão de Registro Imobiliário, em favor dos autores, no prazo de 60 dias corridos, contatos na 
forma do artigo 513, parágrafo 2º, inciso II do Código de Processo Civil (intimação por carta com 
aviso de recebimento). Decorrido o prazo de 60 dias, incide a regra do artigo 501 do Diploma 
processual, produzindo o presente Acórdão, depois de transitado em julgado, todos os efeitos da 
declaração não emitida. Reforma da Sentença - Parcial provimento da Apelação. 
 
 
 
 
2.3 - Execução das obrigações de entregar (cabimento, meios de coerção, mecanismos de 
efetivação da tutela específica ou da obtenção do resultado prático equivalente). 
 
 Quanto as obrigações de entregar, assim como nas obrigações de fazer, exige-se do 
devedor uma atitude/comportamento positivo, mas as obrigações de entregar diferenciam-se das 
obrigações de fazer por compreenderem prestações comumente classificadas como de dar, 
prestar ou restituir, como ocorre num contrato de compra e venda. 
 
 A obrigação pode ser de entregar coisa certa ou coisa incerta. Na obrigação de 
entregar/dar coisa certa, o devedor se compromete a entregar ao credor determinado bem móvel 
ou imóvel, devidamente individualizado (contrato de compra e venda de um telefone celular). Na 
obrigação de entregar/dar coisa incerta, o devedor compromete-se a prestar obrigação 
indeterminada, sendo indicada pelo gênero e quantidade (devedor obrigado a entregar um dos 
filhotes de cachorro de uma ninhada). 
 
 Conforme já mencionado, o início do procedimento executivo que tenha por fundamento 
título executivo extrajudicial será sempre por meio de petição inicial, conforme disposto no art. 
319 c/c arst. 798 e 799 do CPC. 
 
 Na Ação de Execução de Obrigação de Entregar, ao despachar a petição inicial, o juiz 
poderá fixar multa por período de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor 
sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo. o executado será citado para entregar 
a coisa certa no prazo de quinze dias (art. 806 do CPC). 
 
 
 
 
2.4 - Tutela da Remoção do Ilícito. 
 
 
 
 O parágrafo único do art. 497 do CPC, primeira parte, trata da tutela inibitória, que é 
modalidade de tutela que tem natureza preventiva e destina-se a impedir a prática, a repetição ou 
a continuação do ilícito, sendo irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência 
de culpa ou dolo. 
 
 A tutela inibitória se volta contra a possibilidade do ilícito (# dano), ainda que se trate de 
repetição ou continuação, ou seja, voltada para o futuro, não importando se agiu com culpa ou 
dolo. Quer dizer que a mera probabilidade do ilícito (ato contrário ao direito) permite ação 
objetivando a tutela inibitória, não havendo necessidade de alegar dano. 
 
 Quanto as modalidades de tutela inibitória, tem-se a primeira, que visa impedir a prática 
do ilícito, ainda que nenhum ilícito anterior tenha sido praticado pelo réu; no caso de ilícito já 
praticado, a depender da natureza da atividade ou do ilícito, pode-se identificar a probabilidade da 
sua continuação ou da sua repetição, cabendo pleitear a tutela inibitória. 
 
 Insta salientar, que a tutela inibitória não tem por objetivo apenas impor uma abstenção, 
mas sim evitar o ilícito, seja ele comissivo ou omissivo. 
 
0004957-84.2010.8.19.0003 - APELAÇÃO 
Des(a). CEZAR AUGUSTO RODRIGUES COSTA - Julgamento: 30/06/2020 - OITAVA CÂMARA CÍVEL 
APELAÇÃOCÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DIREITO DE VIZINHANÇA. RESPONSABILIDADE CIVIL. 
RUÍDOS EXCESSIVOS. TRANSTORNOS DIVERSOS. USO NOCIVO DA PROPRIEDADE. 
CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE DANO PATRIMONIAL. 
IRRESIGNAÇÃO DAS AUTORAS. Trata-se de ação inibitória e indenizatória por danos morais e 
materiais na qual as demandantes sustentam, em síntese, transtornos advindos de poluição 
sonora, despejo de resíduos no entorno e obstrução de acesso à residência ocasionados pelas 
empresas rés, vizinhas das autoras. Cinge-se a pretensão recursal na majoração da indenização 
por danos extrapatrimoniais, bem como à procedência do pedido indenizatório por danos 
patrimoniais. Os possuidores do imóvel vizinho das autoras exercem efeitos prejudiciais sobre as 
próprias, causando-lhes incômodos acima do tolerável. A sonoridade excessiva, o despejo lixo e 
a obstrução das calçadas operada pelo depósito das rés, resulta dano moral indenizável. O valor 
fixado na sentença encontra-se dentro dos parâmetros de razoabilidade e proporcionalidade, 
devendo ser mantida em R$10.000,00 (dez mil reais) para cada autora. Aplica-se à hipótese o 
verbete sumular 343 deste Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Reforma da 
sentença, de ofício, tão somente para fixar o termo inicial de incidência dos juros de mora sobre 
o dano imaterial fixado. Quanto aos danos materiais, não há comprovação do nexo de 
causalidade entre as despesas com aluguel de nova residência, plano de saúde das autoras, 
medicações, exames, combustível, reformas no imóvel, entre outras, e a conduta das rés. 
CONHECIMENTO e DESPROVIMENTO do recurso. 
 
 
 Diferentemente atua a tutela de remoção do ilícito, que dirige-se a remover os efeitos de 
uma ação ilícita que já ocorreu. 
 
 Para Marinoni8, “a ação de remoção do ilícito, como já adiantado, não se dirige contra um 
agir continuado, mas sim contra uma ação que se exauriu enquanto agir, mas cujos efeitos ainda 
 
8 http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/Luiz%20G%20Marinoni%282%29%20-%20formatado.pdf 
 
http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/Luiz%20G%20Marinoni%282%29%20-%20formatado.pdf
 
 
se propagam no tempo”. Nesse caso, a ação de remoção é voltada ao ilícito passado e ao dano 
futuro. 
 
 Marinoni traz os seguintes exemplos: 
 
“a produção de fumaça poluente constitui agir ilícito continuado. Isto é, a 
ilicitude pode ser medida pelo tempo em que a ação se desenvolve. Nessa 
hipótese, há como usar a ação inibitória, pois o juiz pode impedir a 
continuação do agir. Porém, no caso de despejo de lixo tóxico em local 
proibido, há ato ilícito - que depende apenas de uma ação – de eficácia 
continuada. Nesse caso, basta a remoção do ilícito, ou melhor, que a tutela 
jurisdicional remova o ato já praticado para que, por consequência, cessem 
os seus efeitos ilícitos”. 
 
 Em seguida, Marinoni conclui que “a ação inibitória deve atuar quando se teme a 
continuação de ação ilícita, enquanto a ação de remoção de ilícito deve se preocupar com o ilícito 
de eficácia continuada”. 
 
2.5 - Tutela ressarcitória na forma específica. 
 
 Prosseguindo no tema “Tutelas Específicas, tem-se, por fim, a tutela em tais casos pode ser 
prestada de forma específica, ou seja, “a satisfação gerada pela prestação jurisdicional é 
exatamente a mesma que seria gerada com o cumprimento voluntário da obrigação”, e a tutela 
ressarcitória pelo equivalente em dinheiro, quando a tutela jurisdicional prestada é diferente da 
natureza da obrigação e, por consequência, cria um resultado distinto daquele que seria criado 
com a sua satisfação voluntária” (NEVES, 2018:878). 
 
 Nas obrigações inadimplidas de fazer, não fazer e entrega de coisa, visualiza-se a 
possibilidade de obter tutela específica (cumprimento da obrigação) ou pelo equivalente em 
dinheiro, que dependerá da vontade do credor ou em razão da impossibilidade de obtenção da 
tutela específica. 
 
 Assim, não cumprida a obrigação de fazer, não fazer e entregar, pode optar o credor pela 
conversão da obrigação em perdas e danos (pelo equivalente em dinheiro), que adotará o 
procedimento previsto no art. 509 e seguintes do CPC (Liquidação de Sentença). 
 
2.6 - Conversão da Tutela Mandamental em Perdas e Danos. 
 
 Assim, em se tratando de vontade do exequente, basta que requeira em sua petição ou em 
momento posterior, a conversão da tutela específica (obrigação de fazer, de não fazer e de 
entregar) em perdas e danos (obrigação subsidiária), que será realizada através de liquidação de 
sentença incidental (arts. 509 a 512, CPC). 
 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
1 - Nas obrigações de fazer se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, o credor 
poderá: 
 
 
 
(a)Pleitear pela conversão da obrigação em perdas e danos. 
(b)Requerer, nos próprios autos do processo, que ela seja executada à custa do devedor. 
(c)Exercer o direito de preferência, executando a obrigação pessoalmente, em igualdade de 
condições de oferta ao terceiro. 
(d) Todas as respostas anteriores estão corretas. 
 
2 - No que se refere às astreintes, não havendo limite máximo de valor para a multa, tomando-se 
em conta sua natureza jurídica, reconhece o Superior Tribunal de Justiça ser lícito ao magistrado, 
de ofício ou a requerimento das partes, alterar o montante a qualquer tempo, inclusive na fase de 
execução, quando modificada a situação para a qual foi imposta Prova: MPE-SC - 2016 - MPE-SC - 
Promotor de Justiça – Matutina (Links para um site externo.)). 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/mpe-sc-2016-mpe-sc-promotor-de-justica-matutina
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/mpe-sc-2016-mpe-sc-promotor-de-justica-matutina
 
 
 
UNIDADE 3 – EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE 
 
 
3.1 Petição inicial (demonstração dos pressupostos na petição inicial e indicação do título como 
único meio de prova relevante). 
3.2 Citação em execução (arresto não cautelar, procedimento do oficial de justiça munido de dois 
mandados e valorização do princípio da cooperação). 
3.3 Penhora (conceito e natureza jurídica, efeitos da penhora, bens penhoráveis e bens 
impenhoráveis). 
3.4 Avaliação e expropriação dos bens penhorados (nova avaliação, adjudicação e alienação por 
iniciativa do particular, hasta pública, arrematação e pagamento ao exequente). 
3.5 Cumprimento de Sentença (definição, multa e liquidação). 
3.6 Defesa do Executado (Embargos do Executado, Impugnação ao Cumprimento da Sentença e 
Exceção de Pré-Executividade). 
 
 
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE 
 
 Nos termos do art. 824 do CPC, a execução por quantia certa realiza-se pela expropriação 
de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais (Fazenda Pública e Alimentos); já o art. 
797 do CPC dispõe que ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso 
universal9, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito 
de preferência sobre os bens penhorados. 
 
 O atual Código de Processo Civil regula três procedimentos para a execução de título 
executivo extrajudicial por quantia certa. O primeiro, tido como procedimento padrão, está 
previsto nos artigos 824 a 909, os outros dois procedimentos são especiais e destinam-se a 
execução de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública (art. 910) e à execução de prestação 
alimentícia (arts. 911 a 913), procedimentos que serão visualizados na Unidade 4. 
 
 
3.1 Petição inicial (demonstração dos pressupostos na petição inicial e indicação do título como 
único meio de prova relevante). 
 
 A petição inicial (ato inicial de provocação) atenderá aos elementos dos arts. 77, V, 319 e 
320 c/c arts. 798 e 799 do CPC, com as seguintes observações: 
 
I. Endereçamento (a competência deve ser verificada a partir do art. 781, CPC, que prevê as 
regras de competência territorial para a Ação de Execução); 
II. Qualificação;

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