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Introdução As cavidades de classe II são todas aquelas que envolvem as superfícies proximais de molares e pré- molares, ou seja, dos dentes posteriores. No caso dos dentes anteriores, as cavidades que envolvem as superfícies proximais são tidas como de classe III. As cavidades de classe II são divididas entre cavidades simples, compostas e complexas. As cavidades simples são aquelas em que somente a face proximal está envolvida (sem envolvimento da face oclusal). Quando se tem o envolvimento da face oclusal e uma face proximal, a cavidade de classe II é tida como composta. Por fim, quando a cavidade tem o envolvimento das duas faces proximais e a face oclusal, e em alguns casos até mesmo a face vestibular, a cavidade é tida como complexa (a partir do momento em que a cavidade passa a atingir mais de duas faces é tida como complexa). Para que se possa realizar um bom tratamento é necessário fazer primeiro o diagnóstico, visto que, tendo posse desse diagnóstico, é possível fazer um bom planejamento. Para se chegar ao diagnóstico é necessário fazer uso de diversos testes, após o exame clínico, para evitar a exposição do paciente a radiografias desnecessárias. Por exemplo, quando se observa um sombreamento na superfície proximal do dente, pode-se passar um fio dental na região, pois quando não tem lesão de cárie ele sai íntegro, mas quando há uma lesão cariosa o fio irá sair com fiapos, o que é um indício da presença da cárie na região, demandando a radiografia para confirmar. Outra forma de se confirmar uma lesão de cárie sem radiografia é com a utilização de separadores interdentais. Existem dois tipos de separação dental: mediata e imediata. Na separação dental mediata uma tira de borracha, o fio ortodôntico ou o elástico ortodôntico são utilizados pelo menos 24 horas antes da consulta efetiva. Esses dispositivos irão promover uma separação entre os dentes de tal forma que se possibilita visualizar diretamente a presença ou ausência de lesão de cárie. Portanto, essa separação é tida como mediata porque não é feita no momento em que o paciente chega para fazer o diagnóstico. A separação dental imediata, por outro lado, é feita na hora em que o paciente chega no consultório. Para isso é necessário fazer uso do dispositivo mostrado na imagem ao lado, que deve ser manuseado com muito cuidado, visto que pode provocar lesões periodontais e fratura da coroa. Ao utilizar esse dispositivo não se pode anestesiar o paciente, pois a dor/incomodo relatada pelo paciente é o que indica se o procedimento pode continuar sendo feito ou não. Preparo Cavitário Com relação ao preparo da cavidade para a confecção da restauração em resina composta em classes II, não existe um tipo de cavidade específico, como é o caso das restaurações de amálgama. Nesse caso, o tipo de cavidade é determinado pela: Localização; Extensão da cárie. Com isso, existem os seguintes tipos de cavidades de classe II: Preparos ocluso-proximais: MOD, MO e OD; Slot vertical; Slot horizontal; Preparo em túnel. Lesões Estritamente Proximais Quando se tem lesões estritamente proximais há duas opções de preparos cavitários. A primeira opção é o slot vertical, onde a broca adentra em sentido vertical, paralelo ao longo eixo do dente. A segunda opção é o slot horizontal, onde a broca adentra perpendicularmente ao longo eixo do dente, até atingir a lesão de cárie. A escolha pelo slot vertical ou horizontal depende muito da condição encontrada. Se existe uma visão direta à lesão de cárie, como nos casos em que o dente vizinho se encontra ausente, pode-se fazer um slot horizontal, mas nem todos os casos possuem essas circunstâncias. O slot vertical deve ser feito nas seguintes condições: Lesão de cárie em ponto de contato; Lesão de cárie em crista marginal; Quando a realização de slot horizontal enfraquece a crista marginal. Restauração de Classe II No processo de remoção do tecido cariado pode-se utilizar uma broca carbide esférica para remover a cárie e uma broca carbide cilíndrica para refinar as paredes do preparo (para obter uma melhor adaptação da resina composta). O slot horizontal, por outro lado, deve ser feito nas seguintes condições: Quando a lesão não evolve a superfície oclusal; Quando a lesão de cárie não envolve a crista marginal; Ausência de dente vizinho – A visão direta torna o preparo muito mais fácil de ser realizado. Entre as vantagens do slot horizontal temos: Menor tempo de confecção; Preparo mais conservador; Não sujeito a esforços mastigatórios; Ponto de contato não afetado. A desvantagem do slot horizontal é justamente a difícil visualização e acesso quando não se tem a visão direta. Quando o dente vizinho se encontra presente, existe uma grande dificuldade na adaptação da matriz e do material restaurador, demandando maiores cuidados (deve-se chegar a adaptação da restauração com a radiografia). Quando não for possível realizar o acesso direto e se faz a opção de fazer o slot horizontal, é necessário realizar a separação dos dentes, como feito para o diagnóstico (com borrachas, fio de latão ou elásticos ortodônticos). Além disso, sempre que possível o acesso deve ser feito pela face palatina, para evitar comprometimentos estéticos. Cavidades do Tipo Túnel As cavidades do tipo túnel são aquelas preparadas na superfície proximal, através da superfície oclusal, mas com a preservação da crista marginal. A finalidade dessas cavidades é preservar a crista marginal e, por conta disso, foi muito utilizada pelos dentistas quando surgiu. Basicamente, o acesso é feito pela superfície oclusal, em direção à superfície proximal, formando um túnel. Entre as indicações das cavidades tipo túnel temos: Cáries incipientes nas superfícies proximais de pré- molares e molares; Cáries relativamente amplas nas superfícies proximais de pré-molares e molares que apresentam superfície oclusal livre de cárie ou com cárie incipiente. Ou seja, tanto pode-se fazer o acesso em um dente com a superfície oclusal hígida como em um dente com superfície oclusal que já está cariada. Entre as contraindicações temos: Crista marginal rompida ou totalmente solapada por cárie; Quando se tem acesso direto à lesão proximal; Lesão proximal em área subgengival. Entre as vantagens temos: Preservação da crista marginal; Não é necessária a execução de retenções mecânicas adcionais. Entre as desvantagens temos: Dificuldade de remover totalmente a cárie através da cavidade oclusal; Necessidade de se manter pelo menos 2 mm de espessura da crista marginal. Restauração Com Resina Composta Sistema de Matrizes O diferencial da restauração com resina composta da classe II com relação à classe I é que não se tem uma ou as duas paredes proximais, o que torna necessário a utilização do sistema de matrizes, que são compostos pela tira de matriz, porta matriz e da cunha de madeira. A utilização do sistema de matrizes é necessária em virtude da necessidade dos seguintes fatores: Estabilidade durante a condensação; Contato proximal; Contorno do elemento dental; Prevenção de excessos grosseiros. Existem vários tipos de sistemas de matrizes, que são divididos em universais, individuais e parciais biconvexas. As matrizes universais são aquelas adaptadas em porta-matriz para poderem ser utilizadas. Por serem universais, o ajuste proporcionado pelas suas utilizações não é o mais próximo do perfeito. Como exemplos de matrizes universais temos a fita de matriz com porta-matriz, a automatrix e a matriz TDV. Buscando a melhoria do ajuste, surgiram então as matrizes individuais, que são personalizadas para cada tipo de preparo cavitário. Como exemplos de matrizes individuais temos a matriz soldada, a matriz em T, a matriz em S e o muro de godiva. As matrizes individuais, embora possuam uma boa adaptação,foram deixando de ser utilizadas em virtude do tempo necessário para as suas confecções. Solucionando esse problema do tempo de confecção, surgiram então as matrizes parciais biconvexas, que, atualmente, sãos consideradas o que se tem de melhor no mercado. Para a adaptação desse tipo de matriz é necessário fazer uso do anel, tendo quites que possuem um alicate próprio para a adaptação do anel à matriz, enquanto que nos quites que não possuem o alicate a adaptação é feita com o porta-grampo. Independente do tipo de matriz que for ser utilizada, ela deve ser selecionada de acordo com o dente, deve ser bem adaptada e deve ser estabilizada (quando for colocar o material a matriz não pode ficar dançando). Qualquer matriz selecionada deve promover: Correta relação de contato; Contorno proximal adequado; Fácil aplicação e remoção; Correta manutenção do espaço interproximal – Não deve permitir que a quantidade de resina administrada diminua o tamanho do espaço interproximal normal; Evitar excesso de material a nível gengival – Não deve permitir extravasamento; Ultrapassar as cristas marginais – Para evitar que o excesso de resina entre em contato com o dente vizinho. Cunhas de Madeira A cunha de madeira, embora seja desconfortável para o paciente, é um item essencial, pois é ela que irá impedir o excesso de material a nível gengival. Entre as suas funcionalidades temos: Impedir que o excesso de material restaurador seja forçado para dentro do sulco gengival; Auxiliar a estabilização da matriz na região proximal; Promover melhor adaptação marginal da restauração. Cunhas com superfícies irregulares podem soltar farpinhas e lesionar o periodonto do paciente. Por conta disso, caso as cunhas tenham esse defeito em suas superfícies, o ideal é regularizar a superfície com discos de lixa. As cunhas devem ser aplicadas sempre na maior ameia, para que não haja um prejuízo aos tecidos periodontais e para que se tenha uma melhor adaptação. Nos dentes anteriores as maiores ameias são as vestibulares, enquanto que nos dentes posteriores as maiores ameias são as linguais/palatinas, com exceção entre o primeiro e o segundo molar superior. Procedimento Restaurador Nos preparos de classe II é muito interessante que se transforme a cavidade em uma classe I, pois isso possibilita a remoção do sistema de matrizes, promovendo um maior alívio ao paciente. De acordo com a profundidade da cavidade, pode- se tornar necessária a utilização de materiais de proteção do complexo dentina-polpa. Superficial; Rasa; Média; Profunda – Demanda a utilização de CIV; Muito profunda – Demanda a utilização de hidróxido de cálcio e CIV. Ressalta-se que não se deve considerar a profundidade mecânica da cavidade, mas, principalmente, a profundidade biológica, que muda à medida que a polpa passa por processos de agressão. Por fim, a escultura é um processo muito importante da restauração, pois é necessário devolver os detalhes anatômicos aos remanescentes dentais para que se possa ter um bom deslizamento entre as cúspides. Para que se confeccione uma boa escultura é necessário ter os instrumentais adequados. Além disso, é preciso ter a percepção dos detalhes anatômicos, baseando-se na observação do elemento dental homólogo, a execução e a repetição, pois só assim se adquire a prática. Não necessitam de nenhum tipo de proteção
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