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DFD0114 - Introdução ao Estudo do Direito I Professor Campilongo Direito: conjunto de normas emanadas pelo estado → definição do Kelsen• Norma jurídica: conecta um ilícito a uma sanção por uma relação de imputação• Para o professor Reale, o direito era o resultado da integração desta tríplice○ Preocupação com a eficácia do direito, com a justiça das normas e a validade destas → discussão da sociologia jurídica, da filosofia do direito e da teoria do direito (introdução ao do estudo do direito) respectivamente • Normas primárias: prescrição de conduta○ Normas secundárias: critérios de julgamento○ Para Hart (teórico do direito anglo-saxônico), o direito é o conjunto de normas primárias de conduta junto com normas secundárias• O que importa é o fato social○ Para Ehrlich o núcleo do direito está na sociedade. O direito brota das relações sociais• Boaventura: o direito é o resultado de 3 fatores: burocracia, violência e retórica → se alternam, uma hora um é mais importante que os outros e etc• Nicholas Luhnanm: o direito é o resultado da generalização congruente de expectativas normativas• Alguns dizem que a essência do direito está na dogmática jurídica• 20/03/2012 Disto deriva a separação entre estado e sociedade, entre estado e economia e determina a participação política restrita São conceitos forjados pelo liberalismo. Há duas ideias notáveis neste: o individualismo (direito subjetivo, proteção do indivíduo do estado) e o direito de propriedade (individualismo proprietário, possessivo) ○ Positivismo, formalismo e dogmática jurídicos → modelo jurídico liberal (século XIX)• Dogma da adesão incondicional ao direito positivo○ Dogma da completude do ordenamento jurídico○ Dogma da racionalidade do legislador○ Dogmas jurídicos iniciais • 27/03/2012 Dupla negação○ Princípio do 'non liquet': o juiz está proibido de se recusar a julgar• Adesão incondicional ao ordenamento positivado○ Completude do ordenamento○ Racionalidade do legislador○ Tripé da dogmática jurídica• Separação do direito e da política○ Racionalidade formal○ Tautologia da legitimidade○ A fonte da autoridade reside no direito positivo○ A dogmática liberal parte de um enfoque muito específico, centrado na norma jurídica• 10/04/2012 Versão metodológica, teórica○ Modelo jurídico liberal parte da ideia de que a lei é um mecanismo de defesa do indivíduo em relação ao estado, é uma maneira de garantir a liberdade○ A ordem jurídica é capaz de impor limites ao estado. Esses limites são fixados pelo direito○ A partir destas características todos são iguais perante a lei A lei é um produto do monopólio estatal → estatalidade da lei, ela é criada, assegurada e validada pelo estado. As leis são gerais (valem até para o rei), tratam hipoteticamente das situações e são universais ○ A lei é revestida de coatividade, da possibilidade de aplicação de uma sanção○ O direito é uma moeda de duas faces. Uma é a norma jurídica e a outra é o poder político○ O trabalho da ciência do direito é o estudo das normas○ Direito separado da política• A dogmática liberal valoriza os meios sem empatar os fins, tendo sempre um enfoque nas normas jurídicas Cálculo de meios e fins → sendo que cada vez um pode ser beneficiado, valorizado○ Racionalidade material: fins Racionalidade preocupada coma forma do direito○ Racionalidade formal• 08/05/2012 Do outro lado há a sociologia do direito, que está preocupada com a dimensão fatídica, com a eficácia do direito → a sociologia jurídica seria intrinsecamente anti-formalista e anti-positivista Bobbio: os críticos não sabem do que estão falando pois não valorizam as distinções e não tinha sentido□ Bobbio afirma que isto está errado. Nem sempre o direito é formalista e positivista; e nem toda sociologia jurídica é anti-jurídica e anti-positivista → não tem sentido pois Kelsen não era nem anti-jurídico nem anti-positivista Argumento teórico: há quem diga que o positivismo jurídico e o formalismo jurídico seriam ferramentas, pilares de sustentação para a teoria do direito (sendo esta portanto formalista e positivista) ○ Ex 1: neoliberalismo versão jurídica → desconstitucionalização da norma jurídica (fazer constituições enxutas, em que vários direitos não □ Bobbio pega em seu tempo grupos políticos que desmentem, contrariam esse argumento 2º argumento: há uma tendência a se associar o formalismo e o positivismo à posições políticas de direita, conservadoras. E o anti-formalismo e anti- positivismo seriam próximos à esquerda, às posições progressistas ○ Positivismo jurídico → exposição baseada na obra: 'O problema do positivismo jurídico' de Norberto Bobbio• Página 1 de IED I Ex 1: neoliberalismo versão jurídica → desconstitucionalização da norma jurídica (fazer constituições enxutas, em que vários direitos não estariam positivados), informalização (informalidade) do direito (nas práticas jurídicas) □ Ex 2: positivismo de combate → garantir, manter as conquistas de positivação dos direitos constitucionais e trabalhistas□ 3 dimensões: enfoque positivista (positivismo enquanto modo de se estudar o direito), o positivismo enquanto modo de se entender o direito (teoria positivista do direito) e enquanto ideologia, modo de se valorar o direito Não pode ser o positivismo enquanto ideologia pois Kelsen diz que o direito não pode se preocupar com a valoração, mas com o conteúdo das normas → Kelsen tem uma dimensão jurídica avalorativa Só um positivista nos moldes Keynesianos vê o direito como um conjunto de normas emanadas pelo estado, respaldadas por sanções, coercibilidade, estatalidade □ Não pode ser o enfoque positivista (aqui cabe também os jusnaturalistas) pois não é só porque estuda a lei que é positivista → Kelsen tem a ver com uma teoria de direito positivista (significa um modo de entender o direito) A diferença está que no legislado há uma produção centralizada do direito. Já o jurisprudencial é produção de maneira fragmentada, individual, é o direito do caso a caso □ Se direito legislado e jurisprudencial são valiosos, qual a diferença entre eles? 3º argumento: o problema do positivismo é que não é um conceito único pois tem 3 dimensões. As vezes uma pessoa é positivista por um motivo mas não por outro → desqualifica ainda mais as críticas ○ Explicar a teoria do direito positivo para alunos do direito americano, do common law○ Mais didático○ Teoria Geral do Direito do Estado - Kelsen• Kelsen não se preocupava com a valoração○ Para ele a validade do direito pressupõe um mínimo de validade○ Não é um teórico da eficácia○ Positivismo enquanto modo de valorar o direito• 15/05/2012 Tendemos a achar que o formalismo está de um lado e a justiça de outro□ O formalismo pode ser também um medidor do critério de justiça□ É justo aquilo que estiver em conformidade com a lei□ A Teoria Pura do Direito é formalista, mas não é um formalismo ético, de justiça□ Concepção formal da justiça, teoria formalista da justiça (I) Teoria formalista do direito (II) Bobbio diz que apesar deste último capítulo (a decisão judicial dá margem para muita coisa, que a passagem que vai da norma para a decisão envolve inevitavelmente liberdade do legislador), o juiz só pode decidir porque existe uma norma que confere a ele poderes de decidir. Tudo é feito por conta das normas, de definição, de poder e de procedência. Mesmo que o juiz tenha liberdade, ela decorre do formalismo existente O formalismo de Kelsen é teórico pois sua teoria do direito é formal em 2 dimensões: está preocupado em descrever as normas jurídicas isoladamente sob uma estrutura formal e devido a análise internormativa que se define pelo critério de validade, por uma relação formal → Kelsen está portanto preocupado com a estrutura e a relação/validação formal Na escolha, o objeto é a descrição de normas. Em relação ao objeto normas, a ciência do direito seria formalista◊ A ciência do direito busca levar adiante construções dogmáticas (a partir do direito positivo classificar as normas a construir unidade) que expliquem a completude do ordenamento jurídico → formalismo científico em relação à metodologia da construção dogmática do direito ◊ Kelsen também é formalista por conta da sua concepção de ciência. Formalismo científico devido à escolha do objeto e à metodologia própria da ciência do direito Kelsen seria formalista em II e III (teoria formalista do direito e formalismo em relação à ciência) → Bobbio diz que muitos não entendem dessa forma pois levam em conta o último capítulo de TPD □ Formalismo em relação à ciência (III) Métodos de interpretação e aplicação do direito Explica as teorias que estão por trás deste método A autêntica é a feita pelo juiz, ela cria o direito◊ A do professor é a científica, é apenas reprodução◊ Há uma interpretação científica, teórica e outra autêntica do direito Metodologia jurídica (do direito)□ Histórica Sociológica Sistemática Política Metodologia de interpretação do direito não é formalista□ De acordo com Bobbio, há uma metodologia de interpretação do direito que é quase inteiramente formal → interpretação literal□ Formalismo hermenêutica ou teoria da interpretação jurídica (IV) Formalismo significa 4 coisas:○ Para concluir, Bobbio diz que qualquer que seja a dimensão do formalismo, todas estão associadas a elementos muito importantes da dogmática (a justiça está associada à teoria de liberdade e igualdade do direito. A teoria à certeza, a ciência à coerência e a hermenêutica à previsibilidade) ○ Bobbio• Análise estrutural do direito - século XIX Análise funcional do direito - século XX Duas análises de teórica jurídica○ Chama o direito do estado absolutista de direito repressivo Século XIX há o modelo do direito autônomo (modelo jurídico liberal) Século XX: direito responsivo Nonet e Selznick ○ Da estrutura à função (Bobbio) e direito e sociedade (Nonet e Selznick)• Introdução: é uma resenha do livro da estrutura à função○ Bobbio: Teoria do Ordenamento Jurídico• 22/05/2012 Da Estrutura à Funcionalidade Página 2 de IED I Da Estrutura à Funcionalidade Ao longo do século XX a pergunta muda e consequentemente, a resposta obtida também○ Bobbio: análise jurídica do século XIX era estrutural por conta do tipo de pergunta que ela fazia e da resposta que obtinha• A pergunta relevante para a estrutural era o que é o direito. Já na funcional, é para que serve o direito• núcleo da estrutura do direito: norma jurídica. Portanto, a norma forma a estrutura do direito → norma que conecta o ilícito à sanção○ A análise estrutural quer identificar o que forma a estrutura do ordenamento jurídico. A estrutura é aquilo que é fixo• Kelsen: autor da passagem entre os séculos e portanto apresenta um pouco das duas análises• Século XX: qual a função do direito? Para que serve? Função de controle social que deve ser exercido por punições (penal) ou reparações (indenizações) de dano • Bobbio: direito é uma técnica de controle de condutas• Controle/ condutas Antecipado, ' a priori' Postergado, 'a posteriori' indesejadas preventivo repressivo desejadas promocional premial * Repressivo: o direito 'organizava a casa', penalidade. No século XIX era só isso * Preventivo: novidade do século XX. O direito atual trabalha com a previsão do ilícito * Promocional: estímulo de um comportamento desejado. Técnica de estímulo às condutas desejadas * Premial: artigo 35B O direito estava perdendo sua função para os meios de comunicação○ O direito estaria sendo disfuncional → não só perdeu sua função mas também passou a ter uma função negativa○ A função do direito seria sempre manifesta, assumida e declarada. Entretanto, estudos de antropologia indicam que no estudo dessas funções de direito e costumes de povos primitivos foi identificado também uma função 'escondida' mais importante para compreender aquele costume, aquele direito. O direito muitas vezes diz uma coisa mas quer dizer outra. Ex: legislação americana de racionamento de energia e combustível durante a guerra → mesmo quando encontram novos poços de petróleo, não revogaram essa lei ○ Bobbio: ao longo do século XX teve o crescimento de tecnologia e comunicação (rádio, imprensa escrita, cinema e televisão) que eram muito mais eficientes que o direito para exercer o papel de controle social • 05/06/2012 Direito e sociedade - A transição ao direito jurídico responsivo (Selznick e Nonet)• Legitimidade é, de um lado, a justificativa para a obediência, e de outro, um complemento (tem-se legitimidade quando se consegue produzir um consenso) Partem do pressuposto de que direito e política são instituições que estão sempre correndo atrás de legitimidade○ Modelo de direito responsivo• Traçam uma linha evolutiva tanto da política quanto do direito modernos e vão subdividir a evolução em 3 fases:• Política | estado absolutista/ absolutismo | estado liberal/liberalismo | estado social/intervencionismo | Direito | modelo jurídico repressivo |direito autônomo (modelo jurídico liberal| direito responsivo ou modelo dogmático do direito) Primórdios do capitalismo O direito ainda está enraizado na sociedade estratificada Hierarquia social rígida Direito trabalha com a ideia de privilégios O que importa é a vontade do rei e não da lei Momento histórico de afirmação do estado moderno e do direito positivo O direito é subserviente á vontade política Essa ordem jurídica repressiva, esse estado absolutista não é capaz de cumprir com as necessidades da classe emergente e de ser legítimo Absolutismo: modelo de ascensão da burguesia○ Para o estado absolutista, a relação entre política e direito é pouco demarcada, separada, de modo que há uma confusão, como se o direito fosse um apêndice da política • Direito autônomo e estado liberal○ Confere maior legitimidade ao direito○ A política passa a se sujeitar um pouco ao direito○ Contra a vontade do rei se impõe a vontade da lei○ Começa então a haver separação entre direito e política• Estado social e direito responsivo → estado de bem-estar social, interventor○ Coloca o direito à disposição da política○ Ao longo do século XX essa corrida em busca de maior legitimidade abre espaço para uma reaproximação entre direito e política• Direito autônomo: enfoque centrado na norma jurídica, resolver conflitos com base na lei → gradualmente a norma vai cedendo espaço com a obtenção de resultado → direito responsivo, resultado • Para o modelo jurídico liberal, legalidade e legitimidade são apresentados como sinônimos• Já no modelo social, nem sempre o apelo à legalidade leva a resultados jurídicos → falta de sintonia entre o que é legal e o que é legítimo• Para o liberal, a lei é a fonte da autoridade legítima. Já para o social, é a constituição• Página 3 de IED I
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