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DFD0114 - Introdução ao Estudo do Direito I - Mara Regina - Juliana Constancio(185-13)

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Introdução ao Estudo do Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Ø Zetético = investigar 
Ø Dogmático = doutrinar 
 
ZETÉTICO: 
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Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
Ø Enfoque ligado ao conhecimento. 
Ø Investiga um problema tendo em vista uma preocupação cognitiva e especulativa visando à 
ampliação dos conhecimentos humanos. 
Ø Acentua o aspecto PERGUNTA, problematizando, de uma forma aberta, todos os conceitos 
analisados, tendo em vista o problema da verdade ou daquilo que as coisas são (SER). 
 
EM QUE TIPO DE ANÁLISE TEÓRICA O ENFOQUE ZETÉTICO SERIA PREDOMINANTE? 
Ä Em todas as ciências em geral (humanas, exatas e biológicas) e no próprio raciocínio filosófico, que, 
desde a antiguidade greco-romana, vem constituindo um pensamento especulativo questionador. 
 
DOGMÁTICO: 
Ø Enfoque informativo. 
Ø Tem alcance mais preciso – equaciona um problema com uma preocupação imediata de criar 
condições assertivas para a solução do conflito em questão. 
Ø Acentua o aspecto RESPOSTA, estabelecendo de forma arbitrária (através de uma decisão 
humana) certas premissas (normas), mesmo que temporariamente, como sendo inatacáveis e 
indiscutíveis, a fim de que estas possam criar condições para a decisão dos conflitos e direcionar a 
ação (DEVER SER). 
Ø Estas premissas não são em si mesmas verdadeiras (a aceitação resulta de uma imposição). Elas 
não podem ser postas em dúvida, apenas podem ser interpretadas; têm caráter normativo e 
constituem os chamados DOGMAS NORMATIVOS, que impõem certeza sobre algo que continua 
duvidoso. 
Ø Não se admite a existência de questões sem resposta (jurídica). 
Ø A presença desse tipo de enfoque é mais restrita, pois pertence às teorias religioso-normativas, 
éticas e jurídicas. 
Ø O fenômeno jurídico tem forte ligação com o estudo dogmático, pois desde os primórdios esteve 
ligado a problemas práticos. 
 
TERCIO-> o raciocínio dogmático esconde certa complexidade, pois não apenas tem de aceitar a sua 
vinculação obrigatória aos dogmas, mas também interpretá-los. 
 
 
 
ZETÉTICA JURÍDICA 
Evidências Demonstráveis Especulação Fenômeno 
Jurídico 
 
 VERDADE INFINITA SER 
 
DOGMÁTICA JURÍDICA 
Dogmas não demonstráveis Decisão Controle 
 normativo 
 
 INTERPRETAÇÃO FINITA DEVER SER 
 
 
 
O QUE É DIREITO? 
Ä Teorias essencialistas e teorias convencionalistas da língua 
: 
TEORIAS ESSENCIALISTAS 
Ø Juristas buscam compreender a língua como um fenômeno universal. 
Ø Língua representa a realidade -> conceitos linguísticos refletem uma presumida essência das 
coisas. 
Ø Haveria uma só definição válida para cada palavra, um núcleo invariável, que tornaria possível 
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Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
conhecê-lo verdadeiramente. 
 
TEORIAS CONVENCIONALISTAS 
Ø Língua = sistemas de signos, cuja relação é estabelecida de forma arbitrária pelos homens. 
Ø Importam os usos sociais ou técnicos das palavras, que variam de comunidade para comunidade. 
Ø A descrição da realidade depende de como construímos o conceito e não ao contrário. A descrição 
da realidade varia de acordo com os usos conceituais. O problema da essência não faz sentido. 
 
QUAIS SÃO OS TIPOS DE USOS? 
Ø USO LEXICAL: diz respeito ao uso tradicional e implica na ideia de falso e verdadeiro. 
Ø USO ESTIPULATIVO: diz respeito à possibilidade de se propor um uso novo para o vocábulo 
Ø REDEFINIÇÃO: em vez de inovar, escolhe um dos usos possíveis e o aperfeiçoa. 
 
QUAIS SÃO OS DIFERENTES ÂNGULOS DE UMA ANÁLISE LINGUÍSTICA? 
Ø ÂNGULO SINTÁTICO: palavra/palavra 
Ø ÂNGULO SEMÂNTICO: palavra /objeto (problema: VAGUEZA-> é vago quando seu campo de 
referência é indefinido; ambiguidade) 
Ø ÂNGULO PRAGMÁTICO: palavra/usuário 
 
EM TERMOS PRAGMÁTICOS... 
Direito possui carga emotiva, no uso comunicacional as palavras manifestam emoções 
(justiça/injustiça). Aqui aparece o problema da persuasão e das relações de poder. 
Ø DIREITO-CIÊNCIA = doutrinas, teorias (o que já se conhece). 
Ø DIREITO-OBJETO = leis, normas (o que se procura entender). 
Origem do direito no Brasil: romano – germânico (pensamento jurídico continental europeu) 
 
EM QUE CONSISTIA O DIREITO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA? 
Ä Na PRUDÊNCIA (virtude moral do equilíbrio da ponderação nos atos de julgar) 
 
QUAL A NATUREZA DO PENSAMENTO PRUDENCIAL? POR QUÊ? 
Ä Natureza PRÁTICA, em razão do uso da técnica da dialética. 
OBS¹: Influência dos jurisconsultos manifestou-se sob a forma de ‘responsa’ (pareceres sob a forma 
escrita). 
OBS²: Partiu da prática e caminha para a teoria. 
 
POSITIVAÇÃO DO DIREITO 
Ä Mutabilidade = todo direito muda 
Posto por um ato de vontade 
Quais são seus dois sentidos? 
Ø Sentido filosófico: posto por um ato de vontade 
Ø Sentido sociológico: crescente importância da lei votada pelos parlamentos. Fonte do direito. 
 
PROBLEMA DO EXCESSO DE RACIONALIDADE E POSITIVAÇÃO: 
Afasta-se do caso prático e fica mais nas normas. 
 
 
O DIREITO ARCAICO É QUERIDO PELA AUTORIDADE 
Ä Há uma visão maniqueísta, o direito é um bem e o ato antijurídico é um mal, que está fora do direito 
e da comunidade. Ele é uma forma rígida de distribuição social. Por exemplo, o pai tem direito de 
vida e morte sobre o filho. Se há violação de uma regra, como resposta, há a reação de vingança. 
 
NA GRÉCIA, O JUS NÃO ERA REDUZIDO A LEX. 
Ä Na Grécia, o direito como jus (justiça) surgia da ação política democrática daqueles que detinham 
cidadania, cabendo ao legislador o fazer (trabalho) da redação da lex (lei). 
 
JURISPRUDÊNCIA ROMANA 
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Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
Ä A visão dogmática – jurídica, tal como conhecemos hoje, não existia.Ligava-se ao que a filosofia 
grega chamava de “fronesis”, capacidade de sopesar (ponderar) soluções. 
Ä O jurista coloca um problema e trata de encontrar argumentos, através da arte das contradições e 
do exercício do confronto de opiniões. 
Ä O direito é algo que o jurista não se limita a aceitar, pois o constrói de forma responsável, partindo 
do problema e organizando as possibilidades de solução alternativas. 
Ä Estabelece-se um nexo entre os casos, mas eles não são ordenados em um sistema pré-
estabelecido e logicamente organizado. Este pensamento também esteve ligado à confirmação da 
noção de autoridade e respeito pelos antepassados. O jurista era respeitado por estar mais perto de 
seus antepassados. 
Ä O poder, entendido como agir em conjunto, estava com o povo e a autoridade estava no Senado, 
dotado de sabedoria. 
Ä O pensamento prudencial dos romanos, embora se ligasse de alguma forma à prudência e à retórica 
gregas, tem um sentido próprio. Ele deixa de ser uma promessa de orientação para a ação, no 
sentido de descobrir o certo e o justo, para tornar-se uma confirmação do que era justo. 
 
IDADE MÉDIA 
Ä A religiosidade é retratada de forma bidimensional e simbólica. 
Ä A pintura representa um processo de purificação da alma. 
Ä A ciência europeia do direito nasce na Universidade de Bolonha. 
Ä Os juristas passaram a dar um tratamento metódico e explicativo aos textos pré-fabricados e aceitos 
pela sua autoridade. Aqui surge o caráter dogmático do direito. 
Ä Os casos problemáticosdo pensamento prudencial romano foram transformados em 
paradigmáticos, na medida em que deveriam traduzir uma harmonia. 
Ä Há uma combinação entre prudência e dogmática, em que a autoridade de cristo é transcendente, 
seu nascimento, morte e ressurreição. 
FILÓSOFOS: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino: iniciam o jusnaturalismo teológico, baseados 
em dogmas da fé. 
 
Ä A teoria do direito natural medieval tenta conciliar o espírito grego da fronesis, como orientação da 
ação, ao espírito grego da prudência no sentido de confirmar o certo e o justo. 
Ä É evidente a correlação entre dogmatização do direito e racionalização do poder. Na Idade Média, 
no continente europeu, a recuperação do direito romano organizou o poder real soberano, a partir 
de um princípio centralizador baseado na relação mando/obediência, soberano/súdito e no 
apossamento físico da terra. 
Ä O Renascimento conquista o espaço cênico-tridimensional e, também, a racionalidade técnico-
científica-matemática. 
Ä O pensamento sistemático, no século XVII foi transposto da teoria da música e da astronomia para a 
teologia, para a filosofia e para a jurisprudência. 
Ä Inicialmente, ele dizia respeito à correção e a perfeição formal da dedução. 
Ä A teoria jurídica europeia – vista como teoria de interpretação de textos singulares - passa a receber 
um caráter lógico-demonstrativo de um sistema fechado, cuja estrutura permanece até hoje nos 
códigos jurídicos. A redução das proposições a relações lógicas é pressuposto da formulação de leis 
naturais, universalmente válidas. 
Ä O humanismo renascentista modifica a legitimidade do direito, tornando a interpretação dos textos 
mais abstrata. As sociedades modernas são mais complexas e passam a exigir soluções técnicas. 
Ä A teoria jurídica deveria legitimar-se perante a razão, mediante exatidão matemática. 
 
SÉCULO XIX 
Ä Fenômeno da POSITIVAÇÃO DO DIREITO que, num sentido filosófico, significa estabelecer um 
direito não através da razão, mas da força de um complexo ato de vontade decisório – levando em 
conta as valorações e expectativas de comportamento da sociedade. 
Ä O sistema jurídico era tido como fechado, sem a presença de lacunas. 
Ä Aceitação do chamado dogma da subsunção. 
 
SÉCULO XX 
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Ä Mescla constitucional de 2 modelos de Estado: liberal clássico e social. 
Ä O papel do jurista não é mais o de apenas intérprete dos dogmas jurídicos, passando a atuar na 
área consultiva. 
 
SEMINÁRIO 3 – CONHECIMENTO JURIDICO: MERA TECNOLOGIA? 
Perguntas: 
 
 SOB QUAL FORMA O FENÔMENO JURÍDICO ERA DISCIPLINADO NO SEC XIX? O QUE ISSO 
REPRODUZIA? 
Ä Forma punitiva, repressiva. 
Ä Reproduz a distinção entre sociedade civil e Estado. 
Ä Direitos de Primeira Geração (cidadão queria se defender do Estado). 
 
COM O AUMENTO DA COMPLEXIDADE DA SOCIEDADE INDUSTRIAL, O QUE MUDOU? 
Ä Estado não tinha apenas a função garantidora e repressiva, mas também era produtor de serviços e 
regulador da economia. 
 
COMO O JURISTA ERA VISTO NO SÉC XIX? E COMO É VISTO HOJE? 
Ä Século XIX: sistematizador e intérprete 
Ä Hoje: teórico do aconselhamento. 
 
COMO PODEMOS IDENTIFICAR O SABER JURÍDICO ROMANO E O ATUAL? 
Ä De um saber ético (prudência), o saber jurídico se transformou em um saber tecnológico. 
 
QUAL A FUNÇÃO PRINCIPAL DO SABER JURÍDICO ATUAL? QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS 
DISSO? 
Ä A ciência dogmática cumpre as funções de uma tecnologia, instrumentaliza-se a serviço da ação 
sobre a sociedade. 
Ä Consequência: o jurista vira um operador do direito. 
 
É POSSÍVEL FALAR EM NEUTRALIDADE CIENTÍFICA DA CIÊNCIA JURÍDICA? 
Ä A ciência jurídica vista como tecnologia não é neutra, sendo a influência da visão econômica 
(capitalista) bastante visível. Ou seja, a tecnologia jurídica atual força a vida social, ocultando-a, ao 
manipulá-la, ao contrário da Antiguidade. 
 
COMO RELACIONAR A CIÊNCIA DOGMÁTICA NA ATUALIDADE E SUA EVENTUAL 
MANIPULAÇÃO OU NEUTRALIDADE COM O TEMA CENTRAL DE “O QUARTO PODER”? 
Ä O filme trata da manipulação na mídia, mostrando como se pode inverter a verdade dos fatos por 
razões pessoais. Do mesmo modo, a ciência dogmática pode também ser manipulada por 
interesses de grupos fortes, como por exemplo, a indústria alcooleira e a insuficiente legislação 
ambiental em relação às queimadas da cana-de-açúcar. 
 
 
O ENUNCIADO CIENTÍFICO POSSUI QUAL SENTIDO DE COMUNICAÇÃO? ESSE SENTIDO ESTÁ 
RELACIONADO COM QUAL PROBLEMA? 
Ä Sentido informativo (descreve a realidade) 
Ä Problema: o problema da verdade. 
 
COM O FENÔMENO DA POSITIVAÇÃO, O QUE MODIFICOU NO STATUS CIENTÍFICO DA CIÊNCIA 
DO DIREITO? 
Ä Antes a ciência do direito ocupava-se daquilo que PODIA SER (relação causal). 
Ä Kelsen: relação CAUSALIDADE X IMPUTAÇÃO. 
 
O QUE SIGNIFICA ESTUDAR A CIÊNCIA JURÍDICA? QUAL DEVE SER A ESTRATÉGIA DO 
JURISTA PARA SER BEM SUCEDIDO NA TAREFA DA DECIDIBILIDADE DOS CONFLITOS? 
Ä Aprender a elaborar esses sistemas, dominar seus princípios de construção, saber distinguir e 
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integrar. Operar os conceitos tendo em vista a decidibilidade dos conflitos. 
Ä As questões jurídicas não se reduzem às dogmáticas. O jurista revela-se assim não só como 
especialista em questões dogmáticas, mas também em questões zetéticas. 
 
TEORIA PURA DO DIREITO – Hans Kelsen 
POR QUE ESTUDAR KELSEN HOJE? 
(Resposta da Prof Mara Regina de Oliveira) 
Ä O detalhado modelo lógico – estrutural, em torno da tradicional ideia de Estado de Direito, por ele 
desenvolvido, sobrevive e tornou-se uma espécie de tipo lógico, ideal, presente mesmo no 
pensamento daqueles autores que se propõem a criticá-lo, no campo da significação semântica e da 
interação pragmática. 
Ä O intento de purificar a ciência jurídica e negar a sua interdisciplinaridade epistemológica tem uma 
data histórica precisa, não mais sobrevivendo no atual mundo pós moderno global, que necessita da 
interdisciplinaridade científico-jurídica de forma pertinente, dada a enorme complexidade as relações 
sociais e conflitos emergentes, gerados pela nova fase do capitalismo. 
 
POR QUE A REFLEXÃO DE KELSEN ESTÁ NO CAMPO DO SABER ZETÉTICO? 
Ä Definição de um método e de um objeto a serem trabalhados pelo cientista do direito, que garantam 
autonomia, objetividade e neutralidade para a ciência jurídica. 
Ä Situa-se no campo da zetética analítica pura. 
OBS: Na época, o pensamento de Kelsen era extremamente crítico. 
 
QUAL É O MÉTODO E O OBJETO DA CIÊNCIA PURA? 
Ä Objeto: as normas jurídicas positivadas pelo Estado 
Ä Método: É um conjunto de princípios de seleção de hipóteses que viabilizam o conhecimento 
científico, que visa fornecer informações verdadeiras e sistematizadas sobre a realidade. 
OBS: Kelsen critica o JUSNATURALISMO – para ele, os valores são relativos e não universais como diz o 
jusnaturalismo 
 
NO QUE CONSISTE O PRINCÍPIO DA PUREZA METÓDICA? 
Ä O cientista do direito deve limitar seu estudo à descrição da estrutura lógico-formal das normas 
jurídicas, sem relacioná-las com o problema dos valores, das ideologias e com a própria realidade 
social que permeia o fenômeno jurídico. 
 
QUAL SERIA A ESTRUTURA FORMAL DAS NORMAS? 
Ä Para Kelsen, as normas são comandos que têm estrutura lógica universal, na forma de um juízo 
hipotético (antecedente + consequente) do tipo: 
Se A é, deve ser B. 
 
KELSEN DEFENDE A EXISTÊNCIA DE UM DIREITO PURO? 
Ä Kelsen não nega a relação destes elementos com o universo jurídico, mas entende que caberia às 
demais ciências humanas, e não especificamente do cientista do direito, estudar essa correlação. 
O QUE ÉO SER E O DEVER SER? 
Ä Separação nítida entre ordem do SER e ordem do DEVER SER, como dados imediatos da nossa 
consciência. Vemos a realidade tal como ela é - a corrupção cresce na política brasileira - ou como 
ela deveria ser - por lei, a corrupção deve ser combatida. 
. 
COMO SE CONSTITUI A NORMA JURÍDICA? 
Ä Norma jurídica – ato de vontade (sentido subjetivo), dotado de significação jurídica, também 
chamada de validade jurídica(sentido objetivo). 
Ä A validade jurídica não é uma qualidade da norma jurídica em si mesma, pois é sempre conferida 
por uma norma considerada superior. 
OBS: Kelsen quer DESCREVER as normas postas. 
Ä A norma fundamental confere validade para a primeira Constituição histórica de um determinado 
Estado. Ela não é uma norma positivada, mas pressuposta (hipotética) pelo raciocínio lógico-
transcendental do jurista. Ela afirma que devemos reconhecer como válidos e obedecer aos 
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mandamentos constitucionais. 
Ä Ciência - sentido informativo - descreve o SER 
Ä Direito objeto - DEVE SER (normas) 
 
É CORRETO AFIRMAR QUE A CIÊNCIA JURÍDICA TEM COMO OBJETIVO DIZER COMO É (SER) 
O DEVER SER? 
Ä Sim, a ciência jurídica descreve o objeto (Direito) 
 
COMO DIFERENCIAR AS NORMAS JURÍDICAS EM RELAÇÃO À TEORIA ESTÁTICA E A 
DINÂMICA? 
DINÂMICA: preocupa-se com a forma da norma. 
ESTÁTICA: preocupa-se com o conteúdo da norma. 
 
Obs: Kelsen adota a teoria DINÂMICA 
 
A teoria estática se preocupa com as normas materiais, ou seja, o Direto como normas em vigor em 
relação ao seu conteúdo, já a teoria dinâmica se preocupa com normas formais, o Direito em 
movimento, já que trata do processo como este é produzido. 
 
Obs:para Kelsen, o DEVER SER não muda(não importa se o SER - realidade - mudar, pois a norma 
continuará lá). 
 
Segundo Tercio, o Direito tem inúmeros significados. Isso impulsiona Hart à investigação sobre o que é 
o Direito. Ele reconhece a existência de casos padrão e casos de desvios. 
 
CASO DA MEDULA ÓSSEA: caso de desvio - houve um choque entre as normas para a resolução do 
caso, o que dificultou a decisão do juiz. 
 
AS 3 REGRAS DE HART: 
1. Diferenciar a obrigação jurídica das ordens apoiadas por ameaça; 
2. Diferenciar obrigações jurídicas da moral; 
3. Definir o que são regras. 
 
A dogmática jurídica como saber tecnológico 
 
Da Roma Antiga aos dias atuais 
TERCIO 
Ambiguidade do fenômeno jurídico: liberdade e expressão; justiça e revolta. 
Ÿ questão do controle e dominação ganham destaque. 
Ÿ século XX: direito como elemento de controle. 
 
Ä No século XX, constituiu-se o fenômeno da positivação do Direito, que, num sentido filosófico, 
significa estabelecer um Direito não através da razão, mas força de um complexo ato de vontade 
decisório que deve levar em conta as valorações e expectativas de comportamento da sociedade. 
Ä Segundo Tercio, com a Revolução Industrial, a velocidade das transformações tecnológicas 
aumenta, reclamando respostas mais prontas do Direito 
Ä O Direito reduzido ao legal fazia crescer a disponibilidade temporal sobre o Direito, cuja validade foi 
sendo percebida como algo maleável e, ao fim, manipulável podendo ser tecnicamente limitada e 
controlada no tempo, adaptada a prováveis necessidades futuras de revisão. 
 
QUAL É O PAPEL DESEMPENHADO PELO JURISTA NO SÉCULO XX? 
Ä Chegamos ao século XX com a mescla constitucional de dois modelos de Estado, o liberal clássico 
e o social. 
Ä Nesse mesmo contexto de complexidade, o papel do jurista não é mais o de apenas intérprete dos 
dogmas jurídicos, passando a atuar na área consultiva, como uma espécie de teórico do 
aconselhamento. 
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O QUE SERIA ESTE SABER TECNOLÓGICO? 
Ä O profissional tem em suas mãos uma forma de pensamento esvaziado de seu sentido ético ao 
longo da história, que assume características de um saber tecnológico, ou seja, como um 
conhecimento teórico que não tem o mesmo aprofundamento crítico das ciências, pois visa orientar, 
diretamente, as intervenções práticas. (Marilena Chauí). 
 
DO QUE É COMPOSTO ESTE SABER TECNOLÓGICO? 
Ä Tercio destaca que este pensamento tecnológico jurídico é constituído por uma junção da junção de 
complexos argumentativos, onde a persuasão, que busca conquistar a adesão do interlocutor e 
influenciá-lo na decisão de conflitos, desempenha um papel fundamental. 
 
COMO ESTA TECNOLOGIA DOGMÁTICAS VÊ A REALIDADE? 
Ä Para ela, não importa a descrição dos fenômenos, mas sim fazer um corte na realidade, isolando os 
problemas e a atenção dos que são relevantes dos demais. 
Ä Este corte é estratégico e nunca pode ser real na mente do profissional que dele se utiliza, pois a 
realidade zetética jamais deixa de permear o Direito positivo, na realidade. 
Ä Desde a Antiguidade, o Direito era visto como um saber prático, mas não estava apartado da noção 
da verdade, no campo do justo. Já a partir da modernidade, a tecnologia não nasce para 
contemplar, mas para modificar a noção de verdade em termos racionais. 
 
COMO A TECNOLOGIA JURÍDICA LIGA-SE À IDEIA DE CONTROLE? 
Ä A ideia de controle permeia a caracterização da tecnologia jurídica, pois ela está ligada à ideia de 
cálculo da relação custo-benefício e eficiente dos resultados, que está permeada por um grande 
conteúdo político. 
 
COMO SE DÁ ESTE CÁLCULO? 
Ä Ele deve levar em conta aspectos mais técnicos limitados ao Direito vigente, ou seja, os limites 
dogmáticos em face das exigências sociais dinâmicas, e, também, aspectos de efeitos políticos e 
pragmáticos da decisão, ao nível social, onde se destaca o papel da mídia na atual sociedade do 
espetáculo. 
 
A QUESTÃO DA VERDADE AINDA É UM PROBLEMA CENTRAL? 
Ä A análise filosófica de Tercio oferece uma conclusão contundente geral, ao expor que a 
decidibilidade de conflitos e não a questão da verdade constitui o problema central do pensamento 
jurídico-dogmático, que possui em sua base enunciados de natureza CRIPTONOMATIVA (que tem 
um DEVER SER diretivo explícito) 
 
O QUE EXPLICA A MUDANÇA CONSTANTE NA POSITIVAÇÃO DO DIREITO? 
Ä Na positivação, a decisão do legislador escolhe uma possibilidade de regulação em detrimento de 
outras, que, apesar disso, não desaparecem do horizonte da experiência jurídica, mas ficam 
presente e à disposição, toda vez que uma mudança social se faça oportuna. O Direito pode se 
transformar em um objeto de consumo. 
 
Obs.: Tercio antecipou toda a recente discussão em torno da sobrevivência desta tecnologia jurídica no 
mundo globalizado. 
 
 
Seminário 4 
 
COMO A NORMA É VISTA PELOS JURISTAS? 
Ø NORMA PROPOSIÇÃO: não quer saber quem a fez ou para quem é; 
Ø NORMA PRESCRIÇÃO: ato de vontade impositiva que estabelece um comportamento; 
Ø NORMA COMUNICAÇÃO - visão do Tercio: fenômeno complexo que envolve as partes que se 
comunicam. 
 
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QUAL É O OBJETIVO DA PRAGMÁTICA JURÍDICA? 
Estudar a interação pragmática em toda relação autoridade/sujeito, imposta pelo Estado. 
 
Estado ------------------------------- Normas Jurídicas -------------------------- Sociedade 
AUTORIDADE SUJEITO 
 
Comportamento = estar em comunicação 
 
QUAIS SÃO OS 2 NÍVEIS EM QUE OCORRE A COMUNICAÇÃO? O QUE SIGNIFICAM? 
Ø RELATO: conteúdo 
Ø COMETIMENTO: autoridade 
 
A comunicação humana é complexa, seletiva, e contingente. 
Ÿ Complexidade: há mais possibilidades de ação do que se pode realizar.A troca de mensagens é 
orientada por expectativas dos comportamentos dos outros; 
Ÿ Seletividade: temos que selecionar um opção em detrimento das demais; 
Ÿ Contingência: a seletividade não impede que as expectativas selecionadas não sejam confirmadas 
pelo outro. Aí ocorre a desilusão de expectativas. 
 
QUAL A CONSEQUÊNCIA DE DESILUSÕES FÁTICAS PARA A LEI CIENTÍFICA E A LEI 
JURÍDICA? EXEMPLIFIQUE UTILIZANDO O FILME "A RAINHA". 
Ä A lei científica descreve o seu objeto de estudo, descreve a normalidade. Já a lei jurídica prescreve 
um comportamento, ou seja, enquanto a lei científica diz como é (SER), a lei jurídica diz como deve 
ser (DEVER SER). 
 
Ÿ Lei científica : causalidade - se não acontece o que estava previsto, a lei muda, adaptando-se aos 
novos fatos. 
Ÿ Lei jurídica : imputação, descreve um comportamento - se não houver esse comportamento 
esperado, não significa que vai mudar. 
Ÿ A Rainha não deixa de ser Rainha mesmo tendo frustrado seus súditos. 
 
 
 
 
COMO A NORMA COM COMUNICAÇÃO ADQUIRE O CARÁTER DE JURIDICIDADE SEGUNDO 
TERCIO? O FUNDAMENTO DO DIREITO ESTARIA NA FORÇA? 
Ä Com a institucionalização da relação entre o emissor e o receptor da mensagem normativa, isto é, 
pela garantia do consenso geral presumido de terceiros que a elas confere prevalência. 
Para Tercio, o fundamento do Direito está no grau de institucionalização em relação à autoridade - o 
que importa é o cometimento. 
 
NO ÂMBITO DO COMETIMENTO, A MENSAGEM EMITIDA PODE TER QUAIS POSSÍVEIS 
REAÇÕES PELOS SUJEITOS? 
Ø CONFIRMAR A MENSAGEM: obedecer o relato e o cometimento - conduta lícita. 
Ø REJEITAR A MENSAGEM: desobedecer o conteúdo mas reconhecer o cometimento - conduta 
ilícita. 
Ø DESCONFIRMAR A MENSAGEM: não reconhece o relato nem o cometimento - não é conduta lícita 
nem ilícita; foge desse binômio. 
 
QUAL DELAS COLOCA EM RISCO A RELAÇÃO AUTORIDADE-SUJEITO? 
Ä Na desconfirmação, pois a confirmação e a rejeição sempre reforçam a autoridade. 
 
COMO O FILME "A RAINHA" COLOCA O PROBLEMA DA LEGITIMIDADE JURÍDICO-POLÍTICA? 
Ä Desobediência civil, terrorismo, crime organizado, revolução. Exemplo de reação desconfimadora 
(que já são sintomas da existência de uma crise de legitimidade geral do sistema jurídico-político) 
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podem ser violentas ou não. 
 
COMO DEVE A AUTORIDADE CONTRARREAGIR PARA EVITAR A CRISE DE LEGITIMIDADE? 
Ä Tercio: "A desconfirmação da desconfirmação", transformando-a em rejeição - conduta ilícita. Ou 
pode confirmar a desconfirmação - a própria autoridade reconhece que o povo está certo, 
reconhece que tem que mudar, se adequar, para retomar sua autoridade (Mara Regina). 
 
TERCIO É JUSPOSITIVISTA OU JUSNATURALISTA? 
Juspositivista - estuda o direito posto. 
Norma como meio de comunicação (pragmática) - Tercio Sampaio Ferraz Jr. 
Ø Modelo analítico: norma; 
Ø Modelo hermenêutico: interpretação; 
Ø Modelo decisório: decisão. 
 
Kelsen - norma como proposição. 
 
SE A É, B DEVE SER | A = comportamento ilícito e B = sanção 
 
Ø SENTIDO SUBJETIVO: ato de vontade; 
Ø SENTIDO OBJETIVO: significação jurídica dada pela norma superior; 
Ÿ A validade traduz-se na existência jurídica da norma em termos sintáticos, primordialmente. 
 
 
Diferentes ângulos linguísticos 
 
Ø Sintático - estrutura (Kelsen): relação símbolo/símbolo; 
Ø Semântico - significado : relação símbolo/objeto; 
Ø Pragmático - interação (Tercio): relação símbolo / usuário (norma e comunicação). 
 
QUAIS SÃO AS PROPRIEDADES BÁSICAS DA COMUNICAÇÃO? 
Ÿ Não existe a possibilidade de não-comunicação; 
Ÿ A comunicação se desenvolve de forma verbal e não verbal; 
Ÿ toda mensagem implica na comunicação de um relato (conteúdo) e de um cometimento (relação 
complementar ou simétrica entre os comunicadores); 
Ÿ A comunicação é reflexiva - o receptor pode confirmar, rejeitar ou desconfirmar a mensagem 
normativa. 
 
A comunicação humana é Complexa, Seletiva, e Contingente. 
 
Ø Complexidade: existem mais possibilidades de ação do que se pode realizar. A troca de mensagem 
é orientada pelas expectativas que temos do comportamento dos outros. 
 
Ø Seletividade: como não podemos atualizar todas as possibilidades, sempre teremos que selecionar, 
que escolher algumas em detrimento das demais. 
 
Ø Contingência: a seletividade não impede que as expectativas selecionadas não sejam confirmadas 
pelo outros. Aqui aparece o problema da desilusão das expectativas. 
 
A DESILUSÃO LEVA O HOMEM A QUAIS ATITUDES BÁSICAS? 
Ÿ ATITUDES COGNITAS: as que se adaptam à realidade decepcionante - SER 
Ÿ ATITUDES NORMATIVAS: as que não se adaptam à realidade decepcionante - DEVER SER 
 
QUANDO SURGE A SITUAÇÃO COMUNICATIVA NORMATIVA? 
Ä Quando temos duas ou mais expectativas normativas em conflito, estamos diante de um conflito 
social que precisa ser controlado através da identificação de um terceiro comunicador, que 
identificará qual destas “normas” deve prevalecer e se institucionalizada juridicamente. 
11 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
 
QUEM É O TERCEIRO COMUNICADOR? 
Ä O terceiro comunicador que nas sociedades ocidentais pode ser representado pelo Estado, irá emitir 
mensagens normativas (normas jurídicas) que irão institucionalizar o conflito social existente entre 
os receptores sociais. 
 
COMO SE DÁ ESSA INSTITUCIONALIZAÇÃO? 
Ä A supremacia do editor normativo é garantida pela institucionalização do controle da seletividade 
dos endereçados sociais, que passam a identificar as normas estatais como sendo juridicamente 
válidas em detrimento das demais. Neste sentido, a relação torna-se “meta complementar”. 
Ÿ Cometimento : monológico; 
Ÿ Relato : dialógico. 
 
COMO SE SUSTENTA A META-COMPLEMENTARIDADE? 
Ä A autoridade precisa da colaboração do sujeito. Torna-se necessário controlar as possíveis reações 
dos sujeitos em face da comunicação de uma mensagem normativa. 
 
*****QUAIS AS POSSÍVEIS REAÇÕES DOS SUJEITOS?***** 
Ø CONFIRMAR A MENSAGEM: obedecer o relato e o cometimento da norma - conduta lícita 
Ø REJEITAR A MENSAGEM: desobedecer o conteúdo, mas reconhecer o cometimento da norma - 
conduta ilícita. 
Ø DESCONFIRMAR A MENSAGEM: não reconhecer o relato e nem o cometimento da norma - 
conduta lícita ou ilícita? 
 
QUAL DELAS COLOCA EM RISCO A RELAÇÃO AUTORIDADE-SUJEITO: 
Ä As reações de confirmação e rejeição reforçam a relação de autoridade, mas a reação de 
desconfirmação é altamente incômoda, pois a autoridade, mostrando que o consenso em torno de 
sua aceitação é altamente fictício. 
Ä Normalmente, a reação desconfimadora é um sintoma da existência de uma crise de legitimidade 
geral do sistema jurídico-político . Ela pode ser violenta ou não violenta, e se manifesta de forma 
variada ao longo da história. Temos a desobediência civil, terrorismo, crime organizado, revolução, 
etc. 
Ä Nesta perspectiva, elas comprometem a própria constituição do caráter jurídico das normas, pois 
este é identificado como sendo aquele em que se observa o maior grau de institucionalização, 
baseada no consenso presumido e global dos terceiros. 
Ä O fundamento do direito não está na força (violência), embora ela faça parte do direito, mas no grau 
de institucionalização que dá relação de sujeição que a ordem manifesta. Por exemplo, o grau de 
institucionalização da autoridade da norma que proíbe o roubo é maior do da norma do assaltante 
que exige a entrega do dinheiro 
 
O COMETIMENTO INSTITUCIONALIZADO SUPORTA QUALQUER CONTEÚDO? 
Ä Para os jusnaturalistas: O direito é dado pela natureza e reconhecido pela razão. Há conteúdos 
religiosos e éticos universais.Ä Para os positivistas: Os conteúdos em si não são nem jurídicos nem antijurídicos; são neutros. 
Tudo depende do exame lógico específico de cada ordem jurídica em particular. 
 
OS CONTEÚDOS (RELATOS) NORMATIVOS APRESENTAM VARIAÇÃO DE SENTIDO 
Núcleos significativos: os sistemas sociais desenvolvem mecanismos de estabilização de sentido, 
que oferecem à variedade certa unidade aceitável para as interações sociais. Temos a PESSOA (feixe 
de papéis sociais), os VALORES (símbolos de preferência ou conteúdo) e as IDEOLOGIAS (avaliam os 
valores). 
Ÿ não é qualquer conteúdo que pode ser conteúdo das normas jurídicas, mas apenas os que puderem 
ser generalizados socialmente, ou seja, que manifestarem núcleos significativos vigentes numa 
sociedade. 
 
DEFINIÇÃO PRAGMÁTICA DE NORMA JURÍDICA 
12 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
Ä São expectativas contra fáticas, que se expressam por meio de proposições de DEVER SER, 
estabelecendo entre os comunicadores sociais relações complementares de institucionalizadas em 
alto grau (relação meta-complementar ou autoridade/sujeito, cujo conteúdo tem sentido 
generalizável, conforme núcleos significativos positivos ou negativos abstratos). 
 
O PROBLEMA DAS INCONGRUÊNCIAS - PODEM GERAR REAÇÕES DESCONFIRMADORAS 
Ä Podem haver incongruências entre as expectativas contra fáticas, as institucionalizações e os 
núcleos significativos. Eles podem se contradizer mutuamente. As normas jurídicas são fenômenos 
complexos e a dogmática tenta reduzir esta complexidade. 
 
COMO DEVE A AUTORIDADE CONTRA-REAGIR DIANTE DA DESCONFIRMAÇÃO? 
Ä A autoridade, a fim de manter a sua meta-complementaridade, deve DESCONFIMAR A 
DESCONFIRMAÇÃO, transformando-a em rejeição ilícita punível nos termos da lei estatal. Trata-se 
da afirmação da prevalência das expectativas contra fáticas em detrimento do consenso suposto e 
das ideologias. 
Ä Entretanto, se a incongruência foi grande há risco de ruptura da relação autoridade/sujeito ou 
formação de uma cadeia normativa informal. 
 
Seminário 4 - parte II 
 
POR QUE PODEMOS VER O TRÁFICO DE DROGAS COMO ILÍCITO NA PERSPECTIVA DE HANS 
KELSEN? 
Ä A Constituição Federal de 1988 determinou em seu art.5º, inciso XLIII, que a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins. 
 
 
 
 
O FATO DE EXISTIR A VENDA DE DROGAS NO BRASIL TORNA A CONDUTA PERMITIDA? POR 
QUÊ? 
Ä Não, a venda de drogas é uma conduta proibida. Da circunstância de algo SER (existir a venda de 
drogas) não se segue que algo DEVIA SER (deva ser permitida a venda de drogas). 
 
 
PARA EXISTIR A NORMA, BASTA UM ATO DE VONTADE DE UM INDIVÍDUO QUE 
INTENCIONALMENTE VISA À CONDUTA DE OUTRO? 
Ä Não. O sentido subjetivo, ou seja, todo ato de vontade (SER) de um indivíduo que intencionalmente 
visa à conduta de outro, não basta. Para designarmos o dever ser como norma, o ato em seu 
sentido subjetivo precisa também ter objetivamente o sentido de DEVER SER. 
Ÿ Ato de vontade - SER 
Ä sentido subjetivo de norma (DEVER SER), mas para esse ato de vontade virar norma ele precisa de 
outra norma que lhe atribua sentido de OBJETIVO. 
 Ex: decreto < lei <constituição estadual<constituição federal<norma fundamental 
Ä A norma superior dá legitimidade à inferior. O ato de vontade cujo sentido subjetivo é um dever ser 
que precisa ter objetivamente o sentido de DEVER SER, o que é dado por outra norma superior que 
atribui competência para esse ato de vontade, ou seja, atribui validade à norma. A norma só se 
tornaria válida se reconhecida por uma outra norma; o conceito de norma é o sentido objetivo 
(DEVER SER) de um ato de vontade (SER). 
 
OS ATOS DE COSTUMES SÃO "SER" OU "DEVER SER"? AS NORMAS, ATRAVÉS DAS QUAIS 
UMA CONDUTA É DETERMINADA COMO OBRIGATÓRIA (COMO DEVENDO SER) PODEM SER 
ESTABELECIDAS POR ATOS QUE CONSTITUEM O FATO DO COSTUME? 
Ÿ Atos de costume = SER 
Ä As normas podem ser estabelecidas como um ato de costume, mas depois de certo tempo de 
repetição de atos, surge a ideia de que é um DEVER SER. Nesse caso, a vontade coletiva passa a 
13 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
ser o DEVER SER, não porque é, mas porque adquire um sentido de DEVER SER objetivo. 
 
UMA NORMA É VALIDA POR SER EFICAZ? 
Ä Não. A validade (vigência) é diferente da eficácia. Para a norma continuar a ser válida/vigente ela 
deve ter um mínimo de eficácia (condição), o que, no entanto, não significa que a norma existe 
porque é eficaz. Existe porque é validade por outra norma, ainda no campo do DEVER SER 
(validade) e não do SER (eficácia), porém, para ela continuar validada - continuar existindo - ela tem 
que ter um mínimo de eficácia. 
 
COMO A EFICÁCIA É VERIFICADA? 
Ÿ Norma aplicada pelos tribunais 
Ÿ Norma observada/respeitada pelos indivíduos subordinados à ordem jurídica - isto é, o fato de ser 
adotada a conduta pela qual se evita a sanção. 
 
DIFERENCIE PROPOSIÇÃO JURÍDICA DE NORMA JURÍDICA. QUAL SE RELACIONA COM A 
CATEGORIA VERDADEIRO/FALSO? 
Ø Proposição jurídica: descreve a norma - DEVER SER. É a doutrina. Direito ciência. SER. 
Enunciados sobre um objeto dado ao conhecimento 
Ø Norma jurídica: mandamentos, comandos, imperativos de DEVER SER. Direito objetivo. DEVER 
SER. 
obs.: proposição - ligado a verdadeiro e falso. 
 
SEGUNDO A IDEIA DE NORMA - COMUNICAÇÃO, COMO FICA A QUESTÃO DO TRÁFICO DE 
DROGAS NA FAVELA? É POSSÍVEL FALAR EM CRISE DE LEGITIMIDADE DO ESTADO? 
Ä Trata-se de uma desconfirmação da autoridade que proíbe o tráfico de drogas. Todavia, como o 
próprio Estado, por vezes, colabora com esta subversão da ordem, ele consegue desconfirmar a 
desconfirmação de forma eficiente. Ocorre a formação de redes normativas informais, que disputam 
poder de império com o próprio Estado. 
 
SANÇÃO, DELITO E DEVER JURÍDICO - MARA REGINA 
Ø Proposição Jurídica - possibilita a descrição lógico-formal das normas-positivas válidas de acordo 
com seguinte estrutura: 
 Se A, deve ser B. 
obs: A proposição jurídica, para Kelsen, é formada pela lógica. 
 
Ø Norma Jurídica - estando na ordem lógica do dever-ser PRESCRITIVO, apenas pode ser válida ou 
inválida. 
 Código Penal art. 121 - Matar alguém: 
 Pena: reclusão de 6 a 20 anos. 
 
Ø Proposição Jurídica - estando na ordem do DEVER SER DESCRITIVO, apenas pode ser verdadeira 
ou falsa. 
 Se um indivíduo matar alguém, DEVE SER punido com pena de reclusão de 6 a 
20 anos. 
 
REGULAÇÃO POSITIVA E NEGATIVA 
Ø Regulação positiva - feita diretamente pelas normas jurídicas, na medida em que proíbe uma 
conduta, prescreve a conduta oposta, ou permite uma situação de execução. 
Ø Regulação negativa - feita pela ORDEM JURÍDICA como um todo. Toda conduta não regulada 
positivamente, deve ser considerada como sendo "permitida em sentido negativo pela ordem 
jurídica". 
 
KELSEN ADMITE A EXISTÊNCIA DE DEVERES NATURAIS? 
Ä Não. Ele é um crítico do jusnaturalismo. A sua caracterização depende do exame de cada ordem 
jurídica positiva em particular (é variável de uma ordem para outra) e da incidência da sanção sobre 
certos comportamentos; ou seja, não existe conteúdos universais. 
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QUANDO UM COMPORTAMENTO É CONSIDERADO ILÍCITO PARA KELSEN? 
Ä Quando existir uma norma que impute uma sanção como consequência a determinados 
comportamentos. 
Se A, deve ser B | A = ato ilícito,B = sanção 
 
O ILÍCITO TAMBÉM SERIA UMA CONDUTA JURÍDICA? 
Ä Sim, para Kelsen o ilícito é um pressuposto lógico do direito. Só podemos saber quais seriam as 
condutas ilícitas. 
 
 
QUAL SERIA A CONDUTA DE VIDA? 
Ä Seria a conduta contrária, em termos lógicos, à conduta proibida. 
Se A, deve ser B. 
 
 
POR QUE NO BRASIL TERÍAMOS O DEVER JURÍDICO DE "NÃO MATAR ALGUÉM"? 
Código Penal art.121: Matar alguém: 
 Pena: reclusão de 6 a 20 anos. 
 
EXISTIRIA O DEVER JURÍDICO DE NÃO MATAR ALGUÉM, NA MEDIDA EM QUE SERIA UMA 
CONDUTA CONTRÁRIA À CONDUTA PROIBIDA? 
Ä A conduta devida é a conduta que evita a sanção. Todas as normas jurídicas seriam sanção para 
Kelsen. 
 
 
ESTA NORMA SERIA SANÇÃO? 
Código Penal art.123: Não há crime quando o agente pratica o fato (matar alguém). 
II - Legítima defesa 
Ä Para Kelsen, estaríamos diante de uma norma não autônoma (pedaço de outra norma), cuja 
validade depende de uma outra norma jurídica. 
 
COMO FICARIA A PROPOSIÇÃO NORMATIVA? 
Se A, salvo C, deve ser B 
Ä Se um indivíduo mata alguém, salvo se o fizer em legítima defesa, deve ser punido com pena de 
reclusão de 6 a 20 anos. 
C = conduta permitida (limite da validade da norma proibitiva - norma não autônoma). 
 
Seminário 5 - Sanção: dever jurídico e responsabilidade como imposição 
 
KELSEN ADMITE A EXISTÊNCIA DE DEVERES NATURAIS?NO FILME, COMO PODEMOS VER A 
QUESTÃO DA MORAL X DIREITO? 
Ä Kelsen não admite a existência de deveres naturais, é um crítico do jusnaturalismo. A sua 
caracterização depende do exame de cada ordem jurídica positiva em particular (é variável de uma 
ordem para outra) e da incidência da sanção sobre certos comportamentos. 
 
 
NA VISÃO DE KELSEN, QUAIS SÃO OS ATOS ILÍCITOS DEBATIDOS NO FILME "O SEGREDO DE 
VERA DRAKE"? 
Ä São os crimes de abortamento, pois Vera é presa. Desse modo, para Kelsen, se é a sanção ( no 
caso, pena privativa de liberdade), a consequência do ilícito, então o aborto é ilícito. 
 
QUANDO O COMPORTAMENTO É CONSIDERADO ILÍCITO, PARA KELSEN? 
Ä Quando houver uma norma que impute uma sanção como consequência a determinados 
comportamentos. 
Se A, deve ser B. 
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O ILÍCITO TAMBÉM SERIA UMA CONDUTA JURÍDICA? 
Ä Sim, o ilícito é um pressuposto lógico do direito. Só podemos saber quais seriam as condutas lícitas, 
a partir do momento que sabemos quais são as ilícitas. 
 
COMO TERCIO DISTINGUE COAÇÃO E COERÇÃO?(Para Kelsen são iguais) 
Ä Tercio afirma que coação equivale à sanção - mal imputado a um indivíduo como consequência a 
determinada conduta tida como indesejável, do ponto de vista social. Já a coerção equivale à 
relação de autoridade institucionalizada. Relação meta-complementar. 
 
 
POR QUE NO BRASIL TERÍAMOS O DEVER JURÍDICO DE "NÃO PROVOCAR O 
ABORTO"?Código Penal art.126: provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão de 1 a 4 anos. 
Ä Existiria o dever jurídico de não provocar o aborto. 
 
PARA KELSEN, TODAS AS NORMAS JURÍDICAS TÊM SANÇÃO? COMO FICA O ABORTO 
NECESSÁRIO? 
Ä Para Kelsen, estaríamos diante de uma norma não autônoma - dependente ou secundária -, cuja 
validade seria dependente de outra norma jurídica. 
 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE DEVER E RESPONSABILIDADE? 
Ä Responsável é aquele que é o objeto da sanção. Nem sempre o sujeito obrigado e o sujeito 
responsável coincidem. Um indivíduo pode ser responsável, sem ser obrigado juridicamente (ele 
não pode evitar sanção). 
 
 
RESPONSABILIDADE COLETIVA PELO RESULTADO 
Ä Tem o caráter de responsabilidade coletiva pelo RESULTADO e não pela CULPA. Com efeito, não 
existe qualquer relação interna entre o indivíduo que responde pelo ilícito e o evento. 
 
SANÇÃO E RESPONSABILIDADE 
Ä Sanção - ato coercitivo que uma norma liga a uma determinada conduta oposta é, desse modo, 
juridicamente prescrita, constituindo conteúdo de um dever jurídico. Também pode exprimir-se isto 
dizendo: a sanção é o ato coercitivo que constitui o dever jurídico. 
Ä Responsabilidade - não é um dever, mas a relação do indivíduo contra o qual o ato coercitivo é 
dirigido com o delito por ele ou por outrem cometido. O dever é a omissão do delito por parte do 
indivíduo cuja conduta forma o delito. 
 
 
DEVER SUBSIDIÁRIO DE INDENIZAÇÃO 
Ä O fato de que a ordem jurídica obriga à indenização de um prejuízo é corretamente descrito na 
seguinte proposição jurídica: se um indivíduo causa a outrem um prejuízo e este prejuízo não é 
indenizado, deve ser dirigido contra o seu patrimônio ou de outro indivíduo responsável. 
 
PARA HART, TODAS AS NORMAS JURÍDICAS TÊM SANÇÃO? 
Ä Não. As normas de competência não teriam o elemento sancionador, já que a nulidade não pode 
ser considerada como uma sanção, entendida como sendo a imputação de um mal ao indivíduo que 
pratica o ato. Haveria uma diferença entre "estar obrigado a" (vínculo psicológico) e "ter a obrigação 
de" (vínculo objetivo) praticar um determinado ato. 
 
Seminário 5 - Parte II 
 
QUAIS SÃO OS 3 PROBLEMAS RECORRENTES PARA A DEFINIÇÃO DO DIREITO DE ACORDO 
COM HART? 
Ä Busca definir o conteúdo da norma - seu conceito - e saber se a sanção é ou não é o seu elemento 
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essencial. 
 
PARA HART, TODAS AS NORMAS JURÍDICAS TÊM SANÇÃO? E PARA KELSEN? 
Ä Não. As normas de competência não teriam o elemento sancionador, já que a nulidade não pode 
ser considerada como uma sanção, entendida como sendo a imputação de um mal ao indivíduo que 
pratica o ato. Já para Kelsen, todas as normas têm sanção (nulidade, inclusive). 
Ä Hart - nulidade não é sanção; Kelsen - nulidade é sanção 
 
ESSA NORMA TEM SANÇÃO? EXPLIQUE SEGUNDO KELSEN E HART. 
 Art.102 da Constituição Federal: 
 Compete ao STF, principalmente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
 I - processar e julgar, originalmente 
 a) a ação direta da inconstitucionalidade de lei ou do ato normativo federal ou estadual e a ação 
declaratória de constitucionalidade de lei ou do ato normativo federal; 
 b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do 
Congresso Nacional, seus próprios ministros e Procurador-Geral da República; 
 
Ä Kelsen - sim, pois todas as normas (inclusive as de competência), têm sanção 
Ä Hart - não, pois é uma norma de competência (não tem elemento sancionador); nulidade. 
 
DE QUE MANEIRA ESSA NORMA SE RELACIONA COM A ANTERIOR? 
 Art.1887: não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados neste código 
(civil) 
Ä Ambas outorgam competência 
Ÿ Normas de Direito Público e Direito Privado 
Ÿ Normas primárias x Normas secundárias 
Ÿ Segundo a visão de Hart: 
Ÿ Primárias - contêm o DEVER SER 
Ÿ Secundárias - normas de competência 
 
DIFERENCIE "REFORMA" DE "ANULAÇÃO" DE UMA DECISÃO PELO TRIBUNAL. 
Ø Reforma = erro da decisão (CONTEÚDO) 
Ø Anulação = incompetência do órgão que emanou a decisão (FORMA) 
 
PARA HART, A "OBEDIÊNCIA" ESTÁ RELACIONADA A QUAIS TIPOS DE NORMAS? POR QUE 
AS NORMAS COM SANÇÃO SEMPRE ESTÃO RELACIONADAS COM AS NORMAS QUE 
OUTORGAM COMPETÊNCIA? 
Ä Normas que impõem deveres - ordens apoiadas em ameaça. Se relacionam porque os poderes por 
elas concedidos se destinam a criar normas que impõem deveres. 
 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE "SER OBRIGADO" E "ESTAR SOB A OBRIGAÇÃO DE"? 
EXEMPLIFIQUE COM O FILME. 
Ø SER OBRIGADO A: depende de fatores subjetivos. Crenças e motivos que levaram uma pessoa a 
cumprir a obrigação imposta. Ex: cuidar da amada - Benigno. 
Ø TER A OBRIGAÇÃO DE: aspecto objetivo. Dever jurídico. Ex: não constranger a pessoa vulnerável 
a praticar conjunçãocarnal ou qualquer ato libidinoso - Benigno. 
 
 
DIREITO SUBJETIVO - TERCIO, KELSEN E ROSS 
 
 
COMO APARECE ESSA DICOTOMIA? 
Ø DIREITO OBJETIVO: nesta perspectiva, o direito seria um fenômeno objetivo que não pertence a 
ninguém, comporto de normas e instituições (direitos das sucessões). 
Ø DIREITO SUBJETIVO: seria um fenômeno subjetivo ao fazer dos sujeitos titulares de poderes, 
obrigações e faculdades estabelecendo relações entre eles (direito à sucessão). 
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DO PONTO DE VISTA HISTÓRICO... 
Ä A origem da dicotomia é moderna, pois está ligada à ideia cristã de liberdade e vontade. Na 
Antiguidade havia o ius civile - ligado ao status de cidadão romano - e o ius gentium - próprio das 
situações em que envolviam litígios estrangeiros. 
Ä Na Era Moderna, surge uma nova concepção de liberdade cristão, que supera a liberdade ligada ao 
status da Antiguidade, entendida como uma qualidade da ação política conjunta. A liberdade vista 
como livre arbítrio passa a ser uma qualidade da vontade interna que afeta todos os homens 
universalmente, generalizando o conceito de pessoa como ser humano livre. Trata-se de uma 
liberdade interior, que mantém mesmo que seu exercício externo seja impossível. 
 
LIBERDADE E CAPITALISMO 
Ä É possível querer e não poder. A liberdade de um encontra limites na liberdade do outro; o lado 
público do livre arbítrio permite ver a liberdade como não impedimento, como ser livre de alguma 
coisa. è uma noção crucial para o capitalismo nascente, calcado na liberdade de mercado, que se 
opões, claramente, aos privilégios feudais e ao status libertatis dos antigos. 
 
CONCEITO NEGATIVO E POSITIVO DE LIBERDADE 
Ä Com base na liberdade negativa, constrói-se o conceito positivo de liberdade, vista como autonomia 
da vontade para se auto governar. Trata-se da liberdade do contrato social de Rousseau. 
Ä A confluência desses dois conceitos configura a liberdade moderna, intimista e pública ao mesmo 
tempo. Ele serve como defesa da propriedade privada, da economia de mercado libre e das 
liberdades fundamentais garantidas pela constituição. 
 
LIBERDADE E JUSNATURALISMO MODERNO 
Ä É com base na suposição dessa liberdade natural que funciona como limite à atividade legiferante 
do Estado é que irá se configurar a noção de direito subjetivo em oposição ao objetivo. 
Ä O direito subjetivo constitui um dado por si ou ele é dado pelo próprio direito objetivo? 
Ä A ideia de liberdade passa a ser importante para a concepção jusnaturalista de que o direito 
subjetivo constitui uma realidade por si, cabendo ao direito objetivo apensas reconhecê-lo. 
 
ALGUMAS CONCEPÇÕES DOGMÁTICAS 
Ø TEORIA DA VONTADE: O direito subjetivo é o poder ou domínio da vontade livre do homem cujo 
ordenamento protege. Criticável pelo fato de loucos terem direitos subjetivos. 
Ø TEORIA DO INTERESSE: O interesse juridicamente protegido constitui o direito subjetivo. Criticável 
por ser uma concepção demasiadamente privatista, falhando nas demais esferas. 
 
O CARÁTER TÓPICO DA DICOTOMIA - um lugar comum retórico 
Ä A expressão "direito subjetivo" cobriria diversas situações difíceis de serem trazidas a um dominador 
comum. A própria liberdade, vista como autonomia e não impedimento seria um lugar comum , que 
se organiza com o raciocínio, mas não lhe confere um caráter lógico rigoroso. Sua aceitação é uma 
herança de ideias aceitas, sem maiores reflexões críticas. 
 
 
POSIÇÃO DE ROSS - direito subjetivo como ferramenta técnica 
Ä O direito subjetivo não antecede o direito objetivo. Sua função primeira seria a de apresentar 
situações reguladas por normas de forma operacional. Não há uma relação concreta do indivíduo 
com a propriedade do imóvel. Ter a propriedade significa ver que há um fato condicionante de uma 
série de consequências reguladas por normas. Possuir uma casa significa que a situação está 
regulada por normas que protegem o uso e o gozo do imóvel. 
 
 
SITUAÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS 
Ø TÍPICAS: correspondem ao uso padrão da ideia de direito subjetivo, onde se encontra um sujeito de 
interesse favorecido que emerge de uma regulação que restringe a liberdade de outrem. Presença 
de autonomia da vontade. 
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Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
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Ø ATÍPICAS: a correlação com o dever não aparece, como no caso do direito de voto, que envolve 
uma competência (no Brasil é um dever). Ausência da autonomia da vontade. 
 
 
A POSIÇÃO DE KELSEN 
Ä O direito subjetivo como reflexo de um dever jurídico (p.88); união entre DEVER e DIREITO (p.100); 
dever de prestação (p.99); dever de tolerância (p.90); o indivíduo obrigado como sujeito da relação. 
O direito de propriedade (p.93) 
 
 
ANALISE O ART. 188 DO CC/02 À LUZ DO PENSAMENTO DE HANS KELSEN. ESSAS 
DISPOSIÇÕES NORMATIVAS FORMAM UMA NORMA AUTÔNOMA? 
"Art. 188 - não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido". 
Ä Não, porque nela não há a sanção. Segundo Kelsen, o direito subjetivo deve ser entendido como 
um direito reflexo a um dever. Assim, o art.188 do C.C./02 prevê uma norma não autônoma que 
excepciona a sanção. 
 
 
ANALISE O ART. 10 DA LEI 5197/67 E RESPONDA: SEGUNDO KELSEN, SEMPRE HAVERÁ UM 
DIREITO REFLEXO A UM DEVER (DIREITO SUBJETIVO)? 
"Art. 10 - a utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécies da fauna silvestre é 
proibida: 
a)com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, veneno, incêndio ou armadilhas que maltratem a caça." 
Ä Não, pode ocorrer que, reflexo ao dever jurídico exista um interesse coletivo na realização da 
conduta, sem que haja, contudo, um direito subjetivo correspondente. 
Ä "Tal acontece, por exemplo, no caso das normas jurídicas que prescrevem uma determinada 
conduta dos indivíduos em face de certos animais, plantas e objetos inanimados, solo com 
cominação de pena (...)". (p. 143 IED) 
 
 
COMO PERSPECTIVA KELSIANA DE DIREITO SUBJETIVO COMBATE A CONCEPÇÃO DO 
DIREITO NATURAL? 
Ä Segundo Kelsen, apenas os direitos são consequência de um dever. Assim, não há direitos inatos, 
mas decorrentes de uma disposição normativa. 
 
 
ANALISE O ART. 1228 DO CC/02 E RESPONDA: POR QUE, NA VISÃO DE KELSEN, SE PODE 
DIZER QUE O IUS IN REM (DIRETO REAL) É TAMBÉM UM IUS IN PERSONAM (DIREITO 
PESSOAL)? 
"Art.1228 - o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do 
poder de quem quer que injustamente a possua ou a detenha". 
Ä Não há um direito de dispor da coisa de que é proprietário, mas sim um dever de outros indivíduos 
de suportarem esse ato de disposição. 
 
 
COMO PODEMOS VER NO FILME “A CASA DE AREIA E NÉVOA” A RELAÇÃO ENTRE DIREITO 
OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO? 
Ä O direito subjetivo que cada personagem alega que a teria sobre a casa pressupõe o dever do 
outro. 
 
 
OBS: KELSEN TEM VISÃO DIFERENTE, POIS, PARA ELE, OS DIREITOS REAIS (QUE SÃO 
REFLEXOS), NA VERDADE, SÃO COMO UM SÉRIE INFINITA DE DIREITOS PESSOAIS, POIS OS 
DEVERES SÃO SEMPRE DE PESSOAS. 
 
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Professora Mara Regina de Oliveira 
 
 
COMO PODEMOS RELACIONAR OS CONCEITOS DESENVOLVIDOS POR KELSEN DE DIREITOS 
REAIS COMO UMA SÉRIE INFINITA DE DIREITOS PESSOAIS COM O FILME “A CASA DE AREIA 
E NÉVOA”? 
Ä A titularidade da casa (direito real de propriedade), que está sendo disputada pelas personagens 
principais. 
 
 
SEGUNDO TERCIO, QUAL A FUNÇÃO PRINCIPAL DO TERMO DIREITO SUBJETIVO NA VISÃO 
DE ALF ROSS? 
Ä A função do termo direito subjetivo e a de instrumento teórico,não designa algo existente na 
realidade em si, mas atua de modo operacional para identificar a vinculação jurídica de 
determinadas consequências a determinado fato. 
Ä "A função do concerto é permitir ao jurista operar relações ao apresentar sinteticamente imensos 
conjuntos normativos todas as normas incidentes sobre o fulano e sua propriedade pela compra e 
venda passam a incidir sobre sicrano e a propriedade agora dele". (p.121 IED) 
 
COMO O CONCEITO DE DIREITO SUBJETIVO É FORMULADO POR TERCIO SEGUNDO A 
PRAGMÁTICA COMUNICATIVA? 
Ä A expressão direito subjetivo identifica a ''posição de um sujeito numa situação comunicativa, que se 
vê dotado de faculdades jurídicas (modos de interagir) que o titular pode fazer valer mediante 
procedimentos garantidos por normas" (p.124 IED) 
 
 
SEGUNDO TERCIO E ROSS, O DETENTOR DO DIREITO SUBJETIVO SEMPRE SE IDENTIFICA 
COM AQUELE QUE DETÉM A FACULDADE DE EXERCÊ-LOS? 
Ä Deve-se diferenciar as situações típicas das situações atípicas. 
Ø TÍPICAS: O titular do direito é também aquele que dispõe da faculdade de fazer valer seu direito. 
Ø ATÍPICAS Não há coincidência entre o titular do direito e aquele que detém a faculdade de fazer 
valê-lo . Ex: ação penal pública em que o ministério é titular do direito de reivindicara a tutela 
jurisdicional, mas não é o detentor do direito subjetivo o qual é atribuído à vítima ou à coletividade 
como um todo. 
 
COMO ALF ROSS - realista - NO TEXTO PROPOSTO, FORMULA, EM TERMOS LÓGICOS, A 
NORMA JURÍDICA? 
Ä Para Ross, adepto do realismo jurídico, as normas jurídicas devem ser escritas como comandos 
(diretivas) a um juiz ou tribunal. Assim, devem ser descritas conforme a seguinte proposição lógica: 
D (se F, então C). Ou seja, percebe a norma jurídica “como uma diretiva para o juiz no sentido de 
que quando existe F, sua sentença deve ser C” (Alf Ross, Direito e Justiça, p.203). 
 
PODER JURÍDICO COMO TECNOLOGIA DA DOMINAÇÃO - TERCIO E HANS KELSEN 
 
A VIOLÊNCIA ESTÁ LIGADA À NATUREZA DO HOMEM E DO DIREITO, SEGUNDO TERCIO? 
Ä Sim, por isso é preciso impor limites ao seu uso. A violência não é só um instrumento de execução 
como também de manifestação simbólica da ordem. O poder, contudo, não se apoia apenas na 
violência, mas também no prestígio, no conhecimento e na lealdade. 
 
COMO A VIOLÊNCIA APARECE NUM ESTADO DE DIREITO? 
Ä Ela seria um privilégio da autoridade, devendo ser estritamente regulada, podendo ser discricionária, 
mas não indiscriminada. A relativa margem para o seu uso estaria limitada pelo desinteresse 
público. 
 
ONDE ESTARIA A AMBIGUIDADE DA RELAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA E DIREITO? 
Ä Ela pode sustentar ou romper a ordem social. Através dela, não podemos realmente saber se a 
sociedade está ou não juridicamente organizada. Como podemos discriminar a violência não 
razoável e jurídica da não razoável e antijurídica? 
20 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
 
A VIOLÊNCIA TORNA-SE JURÍDICA PELO SIMPLES FATO DE SER LEGAL? 
Ä Segundo Tercio, não. Além da autoridade legal, deve haver suposição de consenso e aceitação da 
valoração dominante. Deve haver correlação entre estes três fatores. Trata-se da legitimidade que 
legal, institucional e valorativa. 
 
Kelsen - o sentido objetivo da coação/violência. 
 
A EFICÁCIA COMO CONDIÇÃO DA VALIDADE 
Ä A validade não deve confundir-se com a eficácia da norma, isto é, com o fato de que as pessoas 
efetivamente assim se conduzem, mas também fizemos notar que pode existir uma relação 
essencial entre essas duas coisas que uma ordem coercitiva que se apresenta como direito só será 
considerada validade quando globalmente eficaz. 
 
O BANDO DE SALTEADORES 
Ä Seria uma ordem jurídica se fosse mais eficaz do que a ordem jurídica. 
 
 
PERCEPÇÃO DO PROBLEMA PRAGMÁTICO DA VALIDADE JURÍDICA 
Ä "Se esta ordem de coação é limitada no seu domínio território de validade a um determinado 
território e, dentro desse território, é por tal forma eficaz que excluiu toda e qualquer outra ordem de 
coação. Pode ela ser considerada como ordem jurídica e a comunidade através dela constituída 
como 'Estado' ". 
 
CAPACIDADE DE EXERCÍCIO - KELSEN 
Ä "A capacidade de exercício é definida como a capacidade de um indivíduo para produzir efeitos 
jurídicos através da sua conduta". 
 
O SENTIDO OBJETIVO DO CONTRATO 
Ä Uma norma geral autoriza os indivíduos a concluírem contratos, assim eleva o sentimento subjetivo 
do ato negocial da um sentido objetivo. A norma jurídica liga a conduta contra o contrato a uma 
sanção. 
 
CAPACIDADE / COMPETÊNCIA / PODER JURÍDICO 
Ä “A capacidade negocial e o direito subjetivo - privado ou político - de um indivíduo são a sua 
“competência” no mesmo sentido em que o é a capacidade de certos indivíduos de fazer leis, 
proferir decisões judiciais ou tomar resoluções administrativas. 
 
Seminário - PODER JURÍDICO COMO TECNOLOGIA DA DOMINAÇÃO - Kelsen e Tercio 
 
NORMA FUNDAMENTAL É SINÔNIMO DE CONSTITUIÇÃO FEDERAL? 
Ä Não. A norma fundamental é pressuposta e a constituição é posta. 
 
PARA EXISTIR NORMA BASTA UM ATO DE VONTADE DE UM INDIVÍDUO QUE 
INTENCIONALMENTE VISA À CONDUTA DE OUTRO? NESSE SENTIDO, A ORDEM DE COAÇÃO 
CONSTITUÍDA POR “UM BANDO DE SALTEADORES” É UMA ORDEM JURÍDICA? 
Ä Não. 
 N (outra norma que dê validade a criação desta norma abaixo) 
 | 
 N (coerção da norma) - DEVER SER 
 | 
 A (ato de vontade) - SER 
 
QUANDO A ORDEM JURÍDICA FOR MENOS EFICAZ DO QUE A ORDEM DE COAÇÃO 
CONSTITUÍDA POR “UM BANDO DE SALTEADORES” HAVERÁ O ENFRAQUECIMENTO DA 
NORMA FUNDAMENTAL? 
21 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
Ä A norma fundamental é pressuposta quando o ordenamento possui eficácia duradoura. A eficácia 
duradoura é de tal forma que exclui toda e qualquer ordem jurídica, passando a ser reconhecida 
pelos doutrinários mesmo quando desenvolviam uma atividade criminosa. Portanto, a ordem 
emanada pelo bando de salteadores, caso alcance uma eficácia durável, poderá suplantar a ordem 
jurídica anterior, por meio de um processo revolucionário. 
 
EM OUTROS TERMOS, QUAL A RELAÇÃO ENTRE EFICÁCIA E NORMA FUNDAMENTAL 
(VALIDADE)? 
Ä A validade nunca vem da eficácia somente; porém se não tiver o mínimo de eficácia, pode ser 
considerada inválida. 
Ä Existe porque é validade por outra, ainda no campo do DEVER SER (eficácia) e não de SER 
(validade) 
 
POR QUE KELSEN AFIRMA QUE NORMA PRODUZIDA POR UM NEGÓCIO JURÍDICO É UMA 
NORMA NÃO AUTÔNOMA? 
Ä A norma de um negócio jurídico não tem sanção nela mesma, a sanção está em outra norma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIFERENCIE CAPACIDADE JURÍDICA DE COMPETÊNCIA 
 
Pessoa física Pessoa jurídica 
Ä Capacidade jurídica: a capacidade para ser 
sujeito de direitos e obrigações é adquirida 
com o nascimento da pessoa. A capacidade 
jurídica de ação: aptidão para agir (exercer 
direitos e deveres). 
Ä Competência: poder jurídico atribuído pelo 
estatuto de pessoa jurídica (pública / privada) a 
seus órgão. Trata-se de um conceito típico de 
organizações burocráticas. 
 
 
 
 
POR QUE PODEMOS DIZER QUE KELSEN ACABA COM A DICOTOMIA ENTRE A CAPACIDADE E 
A COMPETÊNCIA? 
Ä Para Kelsen, a capacidade negocial e o direito subjetivo - privado ou político - de um indivíduo são a 
sua competência no mesmo sentido em que o é a capacidade de certos indivíduos de produzir / 
aplicar leis. O conteúdo da função é o mesmo em ambos os casos: produção de normas jurídicas. 
 
 
O SUJEITO DE DIREITO: O SER HUMANO? - Tercio 
 
 
PARA TERCIO, ESTUDAR O DIREITO RESUME-SE AO ESTUDO RACIONAL E SISTEMATIZADO? 
Ä Para ele, o direito localiza-se dentro de um cenário complexo de obediência e revolta. O direitogarante e oprime a liberdade, ao mesmo tempo. Compreender o direito não se resume a 
conceituações lógicas e racionalmente sistematizadas. Seu estudo exige não apenas inteligência, 
acuidade, mas também encantamento, intuição e espontaneidade. É preciso ter rigor técnico e 
abertura para o humano, ao mesmo tempo. 
 
QUAL SERIA O PAPEL DA EDUCAÇÃO, SEGUNDO EDGARD MORIN? 
Ä Não seria apenas o de transmitir informações e conhecimentos sempre mais numerosos aos alunos, 
22 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
mas se transformação existencial do conhecimento adquirido em sapiência, que deve ser 
incorporado por toda a vida. A importância da cultura de humanidades (literatura, poesia, cinema). 
 
ESCOLAS DA COMPREENSÃO HUMANA 
Ä Na romana ou no espetáculo, a magia do livro ou do filme faz com que compreendamos o que não 
compreendemos na vida comum, onde percebemos os outros de forma exterior, ao passo que na 
tela e nas páginas do livro eles surgem em todas as dimensões, subjetivas e objetivas. 
 
O CONCEITO DE IMAGEM 
Ä Para compreensão profunda de um problema filosófico, não basta o entendimento racionalmente do 
ponto de vista lógico, como conceito teórico / semântico. É preciso senti-lo, vivê-lo. 
 
EM QUE MEDIDA OS FILMES TRADUZEM ESTA AMBIGUIDADE BÁSICA? 
Ä Em um ambiente onde o direito positivo dominante eliminou as liberdades básicas, os filmes 
mostram exemplos de indignação diante desta mesma perda de liberdade. Cada personagem, em 
cada filme, luta a seu modo contra a dominação. 
 
COMO SURGE A NOÇÃO DO DIREITO COMO OBJETO DE CONSUMO? 
Ä Na Antiguidade, a defesa privada era própria do labore, que tinha a ver com o processo ininterrupto 
de bens de consumo, como por exemplo: alimentar-se, repousar e procriar. A casa era a sede da 
família e baseava-se nas relações desiguais - mando / obediência. Neste espaço, estava-se privado 
na liberdade pública da ação política também efêmera e fugaz. 
Ä O trabalho era considerado como uma atividade não fútil, dominada pela relação meio / fim. Gerava 
um produto permanente: o produto como um bem de uso. 
Ä O direito era fruto da ação - jus - e do trabalho - lex. 
 
DIREITO COMO TRABALHO PRODUTOR DE NORMAS 
Ä Na Era Moderna, a ação política é absorvida pelo fazer político - ocorre uma progressiva redução do 
jus ao lex; o direito passa a ser visto como um produto do Estado, como um conjunto abstrato de 
normas. O fazer é transposto para o mundo político, mas não como domínio sobre as coisas, mas 
sobre os seres humano. Era do homo faber, quando tudo está colocado numa relação instrumental 
do gênero meio / fim. 
 
DIREITO COMO OBJETO DE CONSUMO 
Ä Na Era Contemporânea há uma absorção da ideia de trabalho pela de labor; o Direito passa a ser 
produto do labor que se transpões da esfera privada para a pública. 
Ä Era do animal laborans, ligada à necessidade de sobrevivência. 
Ä O labor tem a sua própria produtividade na força humana que o produz e se desenvolve de forma 
isolada, em termos humanos e políticos. 
Ä O Direito se torna contingente e passa a ser posto por decisão com uma enorme disponibilidade de 
conteúdo. 
 
 
QUE RELAÇÃO EXISTE ENTRE OS FILMES E A IDEIA DE DIREITO NA SOCIEDADE DO HOMO 
LABORANS? 
Ä Neste contexto, o pensamento humano só tem valor se tiver atrelado à lógica de consumo. Os filmes 
retratam uma perversão do positivismo jurídico, relacionado à contingência e todo e qualquer direito. 
Ä Criou-se a manipulação de estruturas contraditórias sem que a contradição afetasse a produção 
normativa. 
 
 
QUESTÕES: 
 
01.QUAL A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE SABER JURÍDICO E SABER TECNOLÓGICO? 
 
 
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Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
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02.NO QUE O SABER JURÍDICO TECNOLÓGICO SE DISTINGUE DO SABER JURÍDICO 
ZETÉTICO? 
 
 
03.O SABER JURÍDICO TECNOLÓGICO EXCLUI A INTERPRETAÇÃO DO SEU 
DESENVOLVIMENTO? 
 
 
04.O QUE O AUTOR ENTENDE PELA EXPRESSÃO “O JURISTA DEVE ATUAR COMO UMA 
ESPÉCIE DE TEÓRICO DO ACONSELHAMENTO? 
 
 
Seminário 
 
SEGUNDO KELSEN, AS RELAÇÕES JURÍDICAS SÃO RELACÕES ENTRE SERES HUMANO? 
Ä Não. As relações jurídicas são relações entre normas. 
 
COMO O FILME “UMA MULHER CONTRA HITLER” APRESENTA CONCEITOS IMAGEM EM 
TORNO DA DISTINÇÃO PRAGMÁTICA ENTRE CONFIRMAÇÃO, REJEIÇÃO E DESCONFIRMAÇÃO 
DA MENSAGEM NORMATIVA? 
 
EXISTE O RISCO DA AUTORIDADE META-COMPLEMENTAR DO REGIME NAZISTA SER 
ENFRAQUECIDA? 
Ä Sim. Se não existisse risco eles não seriam presos nem executados em 4 dias. 
 
PODEMOS FALAR DA EXISTÊNCIA DE UMA VIOLÊNCIA RAZOÁVEL (TERCIO) OU DE UMA 
COAÇÃO JURÍDICA (KELSEN) NESTE REGIME? 
 
 
COMO O FILME COLOCA O RELATIVISMO AXIOLÓGICO EM FACE DA OBJETIVIDADE JURÍDICA 
CALCADA NA IDEIA DE DEVER JURÍDICO DE KELSEN? 
 
QUAL É A CONTRARRELAÇÃO EFETIVADA PELO REGIME NAZISTA? 
 
 
 
TEMAS IMPORTANTES PARA A PROVA: 
 
M DIREITO COMO TECNOLOGIA 
M RELATIVISMO MORAL 
M OBJETO DA TEORIA DE KELSEN 
M TERCIO: COMUNICAÇÃO 
 
 
Expressãos de impacto: 
 
M Questão de decidibilidade de conflitos com o mínimo de pertubação social possível; 
M Descolamento da realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
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Materiais Fílmicos - Sinopses e críticas: 
(Retirados do site “www.trabalhosfeitos.com“ e "pt.wikipedia.org" . Coloquei só pra dar uma noção 
àqueles que não viram os filmes, mas não sei se o material está bom) 
p.s.: vou ficar devendo quase metade dos filmes porque as provas estão chegando e preciso entregar o 
caderno logo - e pela Lei de Murphy, justo o filme que você não viu não vai estar aqui haha :x 
 
 
 
A História de Qiu Ju 
 
 A história de Qiu Ju começa a partir de um conflito que não presenciamos, mas que nos é 
relatado pelos próprios personagens. Qiu Ju vive no campo de plantação de pimenta, num remoto 
povoado, está grávida do primeiro filho e, conjuntamente, com seu marido, pede autorização para o 
chefe local para utilizar uma parte do terreno para a construção de uma casa para armazenar a 
pimenta. O chefe nega o pedido, alegando que a lei apenas autoriza o uso da terra para plantar e não 
para construir. 
 Irritado, Qinglai, marido de Qiu Ju, ofende verbalmente o chefe dizendo que ele só criará 
galinhas, uma referência ao fato dele só ter tido filhas mulheres, um grande desprestígio na cultura 
patriarcal. Como resposta, o Chefe chuta com força os testículos de Qinglai, que quase perde a sua 
fertilidade. 
 Depois de levar o marido ao médico, Qiu Ju, mesmo sendo quase analfabeta e mesmo 
enfrentando o penoso final de uma gravidez, percebe que houve um abuso na atitude do chefe, pois, 
não havia respaldo legal para uma atitude violenta como esta, mesmo diante da ofensa praticada pelo 
marido. Sentindo que seu marido sofreu uma injustiça, abuso de poder e uma ofensa moral por parte do 
chefe, ela sai em busca da justiça, esperando que o chefe peça desculpas e se arrependa por seus atos 
abusivos. 
 Em primeiro lugar, ela contata, no povoado, o Oficial Li. O chefe aceita entrar num acordo, 
propondo-se a pagar as despesas médicas do marido e o seu salário. Qiu Ju vai ao encontro do chefe, 
mas a mediação fracassa, na medida em que o chefe se recusa a pedir desculpas, joga o dinheiro no 
chão, exigindo que Qiu Ju se curve para alcançá-lo várias vezes. Ela não aceita o pagamento, dizendo 
que a luta continuará. 
 A partir deste momento, a saga de Qiu Ju tem início. Ela vende a pimenta, utiliza meios de 
transporte precários, vai até a comarca em Beijing, depois ao tribunal, enfrenta as dificuldades da falta 
de honestidadena cidade grande e a decisão é a mesma, pagamento das despesas médicas, mais o 
salário da vítima. Qiu Ju contrata até um advogado, mas não conseguem dar uma resposta à angústia 
humana e ética de Qiu Ju, que parece sentir-se cada vez mais frustrada com o universo jurídico, várias 
vezes ela repete a pergunta: Mas isto é a justiça? 
 Ela decide recorrer para o tribunal intermediário do povo, que solicita uma nova perícia médica 
em seu marido, um exame de raio-x. 
 Uma certa noite, enquanto todos os moradores assistem a uma ópera tradicional, Qiu Ju tem 
dificuldades graves no parto e precisa ir para um hospital. O chefe está em casa e é procurado, pela 
parteira, para salvar a sua vida e do bebê. A princípio, ele se recusa a ajudá-la, mas acaba cedendo e 
salvando a sua vida e a da criança. 
 Em casa, ela visita o chefe e expressa a sua enorme gratidão por ter salvado a vida deles, 
convidando-o para a festa de um mês da criança, um saudável menino. Na comemoração, a alegria 
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Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
Professora Mara Regina de Oliveira 
 
domina o coração de Qiu Ju, em nenhum momento, ela põe foco no exaustivo problema de seu marido, 
o filme sugere que houve uma espécie de compensação ética na atitude do chefe. Se ele causou um 
dano, colocando a fertilidade de seu marido em risco, quando o chutou, ilegalmente, o desequilíbrio foi 
sanado, com a realização de um bem maior, na sua atitude de salvá-la da morte, junto com o filho. Tudo 
parece caminhar para um final feliz até a chegada do Oficial Li. 
 O Oficial Li chega e avisa Qiu Ju que o chefe acabou de ser preso, e assim deverá permanecer 
por quinze dias, pois o raio-x detectou uma nova evidência, que a agressão praticada foi mais grave, 
pois causou a quebra de uma das costelas. Mais angustiada do que nunca, ela reafirma que nunca 
pleiteou a sua prisão, mas sim a sua retratação, ela ouve a sirene do carro da polícia e sai correndo 
atrás, mas já é tarde e não consegue alcançar. 
 
Mar Adentro 
 
 Baseado na história real de Ramón Sampedro, o filme retrata a luta de um homem, nascido em 
uma pequena vila de pescadores na Galícia, e que, aos 25 anos, sofreu um acidente que o deixou 
tetraplégico. Após o acidente Ramón viveu praticamente 29 anos “lutando” na justiça pelo direito de 
decidir sobre a sua vida. Lúcido e inteligente, suscitou questões morais, com a igreja e a sociedade. 
 Ramón conhecia o mar como ninguém, viajou por todo o mundo como marinheiro, mas um dia, 
num mergulho igual a tantos outros, bateu com a cabeça num fundo da areia; devido ao choque da 
cabeça contra a areia, comprometeu irreversivelmente sua coluna vertebral e ficou tetraplégico. Passou 
então a viver nesta situação de paralisia durante vinte e oito anos. Morava na casa de seu irmão e era 
cuidado por sua cunhada, sobrinho e seu pai. Inconformado com essa situação, porém sempre alegre e 
carismático, Ramón lutava contra o que acreditava ser o seu direito, ter uma morte digna. Nessa parte 
entra em questão a eutanásia. 
 Ramon teve como aliada uma advogada chamada Julia que tenta conseguir o direito de morrer 
para Ramón. Este encontra em Julia o último sentimento de amor, juntos partilham um cigarro, trocam 
um beijo, afeto, impossibilidades, desejos, frustrações e a morte como finalidade, pois Júlia é portadora 
de doença degenerativa hereditária, caracterizada por acidentes vasculares frequentes que conduzem à 
invalidez e demência. Ao mesmo tempo, Júlia é o canal entre o espectador e o lado poético do filme. 
Ela o ajudou a escrever um livro, publicado com o título “Cartas del inferno”, difícil encontrar realismo 
mais cruel para descrever sua própria interpretação de condição de vida. Esse livro deu origem ao filme. 
 Há também outra mulher que se aproxima dele após vê-lo na TV em uma entrevista em que ele 
expressa o desejo de morrer. O nome dela é Rosa e no filme ela tenta dar uma esperança a mais para 
que ele sinta vontade de viver. Ela acaba por se apaixonar por ele. 
 Essas duas mulheres representam no filme a dicotomia morte e vida no contexto da vida de 
Ramón. 
 Na carta que dirige aos juízes, em 13 de novembro de 1996, Sampedro apresenta um 
argumento muito trabalhado no filme: viver é um direito, não uma obrigação. Ao colocar em cheque a 
regulação da vida e da morte pelo Estado e pela Igreja, aponta a hipocrisia do Estado laico diante da 
moral religiosa. 
 O argumento legal utilizado pela advogada de Ramón, de que, num Estado dito laico, tal 
decisão, a liberdade de privar-se da própria vida, não deve pautar-se por princípios teológicos, é das 
mais coerentes. Por outro lado, eleva-se também o questionamento sobre o que pode ser caracterizado 
como vida: se é a capacidade para locomover-se, conhecer novas coisas, a racionalidade ou a 
capacidade de amar. Para Ramón, sua condição não é digna, mas isso é apenas um exemplo de como 
cada indivíduo lida e compreende sua situação sob diferentes perspectivas. Para alguém que pautou 
sua existência pela liberdade, a incapacidade de mover-se é talvez o maior obstáculo. Ramón tem a sua 
volta familiares e amigos que o amam, porém, para ele, ter isso sem a liberdade plena que caracteriza o 
individualismo contemporâneo, não é suficiente. 
 Outra parte do filme é quando um padre também tetraplégico visita Ramon a fim de mostrar a 
ele como a vida pode ser boa até para quem não pode se mover, e fala da dádiva que Deus nos dá e 
que só Ele pode retirar; no entanto, Ramon demonstra que a Igreja Católica não tem moral para falar de 
respeito à vida depois da Inquisição. Segundo ele a única coisa em que não podemos escolher é 
nascer, e que Deus nos dá o Livre Árbitro para que possamos escolher o que acharmos melhor para 
nós, mesmo sendo a morte. A advogada Júlia se opõe diretamente ao padre e procura levar a 
discussão e legitimação do caso para o plano racional e legal. O debate de Ramón com a Igreja sobre o 
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Introdução ao Estudo do Direito - Sala 13 - Turma 185 - Caderno de Juliana Constancio 
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direito à eutanásia é estabelecido com Padre Francisco. Nesse aspecto o filme é parcial e tendencioso, 
intervém a voz da fé cristã na figura um pouco ridicularizada do padre paraplégico. 
 Vale lembrar também dos personagens Gene e de seu marido, defensores do movimento Morrer 
com Dignidade e da Luta pela Legalização da Eutanásia. Em uma cena em que Gene, no final de sua 
gravidez, coloca sua barriga perto do ouvido de Ramón, pode demonstrar a tese de que não é porque 
se é a favor da eutanásia que se é contra a vida em geral, e, principalmente, contra novas vidas. 
 Ao final do filme Ramon acaba por conseguir o tão sonhado desejo de morrer dignamente, Em 
janeiro de 1998, em segredo, conseguiu realizar seu intento, assistido por pessoa amiga, Ramona 
Maneiro. Essa amiga, vivida nas telas como a personagem Rosa, confessou no início de 2005 ter 
ajudado Sampedro a tomar cianureto para morrer. A confissão foi feita sete anos após a morte de 
Ramón, quando o delito já estava prescrito e o julgamento inviabilizado. O momento da morte é filmado 
e Sampedro fala sobre a questão do direito a morrer. 
 Dirigir corpos é uma forma de controlar mentes. Fala-se em liberdade e direito, mesmo quando 
paradoxalmente nega-se a opção de escolher entre a vida e a morte. Esse direito é negado em nome 
da civilidade e da religião. É o que o filme mostra. 
O direito do ser humano deve ser respeitado. Sem a pretensão de exaltar, é válido citar que o 
ordenamento jurídico dá mais ênfase aos conceitos religiosos com relação à vida, do que propriamente 
ao direito do humano de deliberar sobre aquilo que se pretende. 
Os homens em geral nas mais diversas culturas e sociedades, até as modernas têm, por diversas 
razões, se distanciado da morte tentando exorcizá-la. Desde tempos imemoriais

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