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IED - Aula - Professor Tercio

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Ciência Dogmática do Direito - transformação de situações em problemas.
É preciso que algo de sirva em comum para ambas as partes do problema para que a situação possa ser 
resolvida - Dogmática.
Para tanto há um sistema: o sistema pode ser alterado de hora em hora.
Ciência Dogmática do Direito
problema
Dogmática - principios inevitáveis que não podem deixar de serem levados em conta
sistema
História 
Para achar de um problema deve haver um ponto de partida - dogma: isso obriga a uma sistematização 
e para tanto a história deve ser observada.
Ao pensar dogmaticamente deve se pensar a partir do dogma para interpretar: descobrir o sentido. 
Exemplos utilizados: avião que tem overbook e espaçamento 
entre os carros de 25m.
Analisar o direito é colocar um sentido para as normas. Qual 
é o sentido?
O direito às vezes vem pronto: na legislação. Mas, as vezes, ele está somente na cabeça das pessoas (exemplo do motoqueiro que muda de faixa 
acreditando que os carros não mudaram de faixa). 
Identificar o direito é a primeira tarefa dogmaticamente. Como que se faz essa identificação?
Padrões de comportamento - paradigma que todos seguem? Por que todos seguem esse paradigma?
(Professor Tercio)
Onde observar a norma: a ciência dogmática do direito desde meados do século XIX começou o olhar 
para o direito da seguinte forma: o que no obriga a agir? Num primeiro momento acreditaram que eram 
as normas. Norma aponta para aquilo que é normal. Norma é aquilo que todos respeitam ou aquilo que 
todos são obrigados a respeitar? O direito é o conjunto de normas?
Onde está escrito? ( No caso do avião: onde está escrito o 
que deve ser feito quando há overbooking?) A norma é o 
que está escrito. O que se procura é mais do que 
simplesmente está escrito. A norma precisa ser 
identificada.
A norma é um comando, é algo que obriga. Se todas as normas pudessem ser encontradas em 
dispositivos com sansões, os computadores fariam o trabalho dos juristas. O que comanda afinal? 
Norma é algo que comanda. Kelsen: norma é ato de vontade. Não é um texto que prescreve algo sob 
pena de sanção. Existem atos de vontade que não são normas: os motoqueiros que buzinam para que 
um carro não mude de faixa exerce um ato de vontade, mas não é uma norma, ainda que tenha 
características de atos de vontade. Logo, não se pode identificar atos de vontade como normas. Para 
determinar o que é norma deve-se analisar todo o conjunto. O motoqueiro possui uma expectativa 
contra-fática quando anda nas ruas.
Como se identifica a norma? Norma é algo que aponta para normal. Existem certas situações em que o 
comportamento humano é realizado sob circunstâncias de normalidade. Há um expectativa para a 
normalidade. Todos tem, por exemplo, uma expectativa de que o ônibus não atropelará ninguém que o 
aguarda no ponto. Caso o ônibus atropele as pessoas, a sua expectativa mudará.
O que muda para a norma o fato de, por exemplo: um 
dono de banca de jornal falar que não se pode 
estacionar e um membro do CET. Ou seja, a 
circunstância deve ser analisada. 
Exemplo: pergunta-se a hora na rua. Em resposta: "D'us é o 
senhor do tempo". Comportamentos possíveis em resposta após 
a frustração da sua expectativa: 1) Dizer "ok" e ir embora 
(expectativa foi quebrada e você se adaptou, ganhou 
experiência. Aprender com os erros. É o que fazem os cientistas 
nas universidades. Eles tem uma expectativa que é quebrada e 
então é readaptada. O cientista aprende com a experiência. 2) 
Ficar nervoso e brigar com o sujeito. É o "esquentado". É aquele 
que não muda sua expectativa. Para esse que não muda existe 
um fenômeno no direito que aponta para uma noção de norma 
que não leva a uma normalidade, mas a uma normatividade. 
Nós lidamos com padrões com que são assim. No direito nós não 
lidamos com probabilidade, mas lidamos com aquilo que foge à 
normalidade. O que nós estamos procurando diz respeito àquilo 
que viola a normalidade dos fatos. Porque se não a convivência 
seria impossível. Nós precisamos portanto de regras, de normas, 
de normalidade. Precisamos de uma ciência que nos possibilite a 
normalidade. E quando um expectativa é quebrada? Existem 
regras de normalidade. Ao lidar com as expectativas as angústias 
naturais de ocorrerem fatalidades diminuem. 
Quando um ônibus atropela todos em um ponto é um acidente, uma quebra da 
regularidade. Alguém deve ser responsabilizado. O evidente, a ciência toma conta. O não 
evidente, o direito toma conta. A expectativa que nós buscamos, nas palavras do Tercio 
é contra-fática. O nosso terreno não é o da estatística, não é o da probabilidade, mas é 
o do "apesar de", é o de "não estou nem aí". O direito é composto de normas que 
devem ser identificadas. Normas são expectativas contra-fáticas garantidas. Expectativas 
que garantem frustrações contra os fatos. Na ciência dogmática do direito: "Quem 
paga?"; "Quem indeniza?". Apenas o indício da expectativa frustrada é que se vê o início. 
Normas lidam com garantias de expectativas que lidam contra os fatos. 
Norma I
quarta-feira, 27 de abril de 2011
06:50
 Tercio Page 1 
O conceito de norma é um conceito central na dogmática jurídica e da teoria do direito. A norma está 
ligada com outras duas idéias que também são muito freqüentes: segurança e certeza. Norma jurídica, 
como já foi apresentado, está ligado a um tipo de expectativa, as expectativas contra -fáticas. Quem vai a 
um banco pedir um empréstimo tem uma expectativa de saber quanto será a taxa de juros no mês 
seguintes.
Quando há uma desilusão de uma expectativa, há uma expectativa cognitiva (não se adapta à 
desilusão). Pois, na próxima vez pensar-se-á melhor antes de tomar a mesma atitude. O banco não é 
obrigado a renegociar a dívida. O tempo passa e vem a questão de como lidar com o tempo. O direito 
cria, em certa medida, segurança e certeza. Um elemento do conceito de direito é a expectativa. 
Confiança (Samuel): Há uma passagem do profeta Jeremias que diz o seguinte "maldito o homem que 
confia no homem". O direito tem relação com confiança, cria, de alguma maneira, a confiança. E isto 
tem relação com as norma. 
Imagine a seguinte situação: um homem sem guarda-chuva expressa uma hipótese muito especial pois 
ele negligencia a possibilidade de desilusão. Ele não considera alternativas. Ele está confiado. Ele não 
está preocupado com a desilusão da expectativa. Um homem sem guarda -chuva, não se preocupa se o 
ônibus que ele espera no ponto não o atropelará, também não se preocupa que sua biblioteca pegará 
fogo após um curto circuito. 
Aceitar o papel moeda sem se preocupar se ele é ou não falsificado é confidence. Aceitar o papel sem se 
preocupar se os outros depois a aceitarão é confidence. Não se preocupar como o valor que está escrito 
no papel vale mais do que o próprio papel é confidence. No direito, o direito é chamado de moeda 
fiduciária (confiança).
O seguro garante que expectativas contra-fáticas não ocorram. Olhando que a parte elétrica da casa 
está em casa ele decide não fazer o seguro. Está confiança é chamada de trust. É um risco assumido pelo 
homem do guarda chuva. Ele está confiante de que não haverá um incêndio. Mas ele não está confiado. 
Estes são os dois sentidos da palavra confiança - confiado e confiante. Decidir entre fazer ou não algo 
após sua análise é trust. Nem olhar os riscos é confidence. 
Passagem do Leviatã (Hobbes). Contrato = transferência mútua de direitos. Na troca de bens ou compra 
e venda, a transferência de direitos e a entrega da coisa acontecem ao mesmo tempo. (No caso de uma 
compra a ser entregue) Do ponto de vista daquele que espera receber a coisa, ele fez um pacto. Na 
figura contrato, aquele que espera fez um pacto no qual, nesse meio tempo ele está trust (confiante). E 
mais: aquele que espera tem fé no cumprimento da prestação. Diz ainda, é possível prestar um contrato 
que as duas prestaçõesse darão no futuro. Nesse caso também há pactos.
A relação assimétrica é garantida pelo Estado. O Direito está nos indivíduos que contratam e está 
também na relação do Estado e dos contratantes.
Conclusão: quando pensamos em contratos, pensamos numa esfera em que as partes tem uma esfera 
de escolhas. Os indivíduos possuem uma certa liberdade. O Direito cria esferas de liberdade, 
estabilizando expectativas. Existe também a dimensão entre a relação entre os Estados e os indivíduos. 
Lembra um pouco a confidence. Em situações de crise há tanto uma situação de crise de confidence, 
como problemas de liquidez relacionados ao trust. Confiar no respaldo do Estado é estar próximas do 
confidence. Estabelecer contratos está no campo do trust. A crise de 2008 era uma crise tanto de 
confidence, como de trust. É importante que o direito crie regulação trazendo trust.
*Fé: ter fé (fides). Quando usamos a palavra 
"ter fé em". È utilizada em sentido diferente do 
originário. Alter possui fé em Ego. Dizer que 
alguém tem fé em mim, significa dizer que 
alguém confia em mim. Se Ego tem fé significa 
que Alter depositou a confiança.
Fides existe numa relação assimétrica entre 
quem detém a fides e quem está protegido, 
guardado, salvo, garantido. Na relação 
suserano-vassalo, o suserano tem fides e o 
vassalo está protegido. Quem deposita a 
confiança recebe garantias de apoio. 
Submissão do vassalo que gera sua proteção. 
Se você confiar em outro homem, você estará 
subordinado a ele.
Há relação de fé, numa relação de trust ou 
confidence?
(Tercio) A uma semana atrás um professor chegou ao aeroporto de Congonhas, falando com Tercio ao 
telefone e disse que foi pagar o estacionamento mas esqueceu que estava sem carro. Foi então pegar um 
táxi, ainda ao telefone. O rapaz disse o endereço ao taxista mas este começou a gritar para expulsá -lo do 
taxi. O motorista do taxi disse que o rapaz havia furado a fila, mas não havia fila e deu uma confusão. O 
rapaz pegou outro taxi. 
Este é um fato bastante corriqueiro da vida do brasileiro. Apesar do brasileiro ser relativamente 
desordenado, há um certo entendimento quanto a filas. A grande maioria segue filas. O que faz que você se 
ordene. Por que é que furar fila causa um desconforto. A expectativa do rapaz foi quebrada, porque ele foi 
chamado de fura-fila sem tê-lo feito. Algumas das nossas expectativas, nós mantemos a todo custo. O rapaz 
reagiu. A reação mostra a continuidade da expectativa - expectativa de não ser chamado de malandro fura-
fila. Para o taxista a expectativa é inversa. Cedendo, fica uma raiva por dentro. Quando observamos as 
relações humanas há sempre mais expectativas que se mantém, do que expectativas que de fato podem ser 
mantidas. Pode-se também ceder, mas pode-se manter. Na sociedade sempre estamos rodeados por várias 
expectativas normativas. O respeito a fila traz diversas expectativas. "Com quem você pensa que está 
falando?" é uma frase que existe para a manutenção de uma expectativa. A nossa realidade possui mais 
expectativas contra-fáticas do que uma sociedade suporta. Muitas delas são sublimadas. No nossos 
relacionamentos existem expectativas para as quais não damos muitas coisas, pois estamos acostumados 
com certas coisas; regras de regularidade tiradas da experiência. Por que surgem os conflitos? Porque as 
expectativas normativas de lado a lado entram em choque. Deve existir um mecanismo que garantam que 
as expectativas normativas entrem em acordo. O que é que faz com que certas expectativas normativas 
prevaleçam quando há confronto?
Expectativas normativas precisam se acomodar a outras expectativas. Por que a expectativa de furar fila 
seja superior a de furar a fila? O que é que faz com que possamos invocar o Direito? 
Quando nós começamos entender o Direito: o Direito pode se entender por normas.
Há uma confiança de que todos que estiverem na fila gritaram juntos: "Fura-fila!". Há um respaldo coletivo 
dos que estão na fila. Os outros podem ser também uma simples câmera. Os outros podem ainda nem ser 
identificados. A minha expectativa é que a minha expectativa concorde com a do outro. Tem o apoio e o 
O que é que faz com que a 
expectativa do professor de que os 
alunos assistam aula de roupa se 
sobreponha sobre a expectativa do 
aluno que quer ver aula pelado.
O professor tem a expectativa que 
os outros presente na sala fariam o 
mesmo.
Supondo que alguém faça um cálculo e 
descubra que 10% das pessoas que nascem 
tem problemas mentais e o Estado diga 
que não tem condições para sustentá-los. 
Aí o Estado decreta que todos os 
mentalmente debilitados que nasçam 
sejam eliminados. Isso configuraria norma 
jurídica (expectativa normativo que 
prevalece sobre os fatos e tem respaldo da 
expectativa dos outros)?
Norma II - Segurança e Certeza
quarta-feira, 4 de maio de 2011
09:05
 Tercio Page 2 
respaldo da expectativa dos outros. Os outros são todos aqueles que não participam da relação. Mas como 
confiar na expectativa dos outros? Quem, afinal, são esses outros. "O que é que os outros vão pensar?". Os 
outros são uma entidade um tanto quanto abstrata. A expectativa de terceiros é presumida. A confiança de 
terceiro é chamada expectativa institucionalizada. Em geral, confia -se nisso. É a confiança de que haverá 
respaldo dos outros. Disso vive o Direito. 
Se for estabelecido um contrato com regras. O que é que faz com que eu possa dizer que se estas regras 
forem furadas, eu poderei exigir, mantendo minhas expectativas? O que dá força a minha expectativa 
normativa de que o pagamento será feito ao fim do mês. O que quer dizer contrato? Contrato é exatamente 
a expectativa dos terceiros? Existe uma expectativa bem sucedida de terceiros de que quando você assina e 
aquilo toma forma do que, juridicamente, é chamado de contrato, aquilo deve ser respeitado.
Portanto, o Direito é fenômeno comprovado, que funciona na base do que os outros pensam. Mas não se 
precisa dos outros individualmente. Os outros são instituições, figuras abstratas. As expectativas são 
presumidas. Existem as expectativas ditam comportamentos que são jurídicos. As expectativas normativas 
são curiosas e quando aparecem nas normas confirmam as expectativas de terceiros. 
Como é que eu sei que os outros apóiam minhas expectativas se eu não converso com os outros? Existem 
pessoas que são, por função, o outro. O policial nada tem que ver com o que você está falando, mas 
tecnicamente um "outro".
Se os senadores e deputados forem eleitos, ou seja, tem qualidades para estabelecerem normas que criem 
condições que as expectativas nossas sejam realizadas.
A expectativa normativa é respaldada da expectativa dos outros. As eleições nos dão uma ilusão de que há 
apoio geral. O Direito dá a impressão de que há respaldo geral para a tomada de atitudes. A eleição dá 
impressão que o presidente fala em nome do país inteiro. 
Quem estuda direito tem que saber como analisar essas situações. 
O que é que delimita?
O direito tem a ver com expectativas normativas contra -fáticas (que não se baseiam em regularidades). Essa 
expectativa tem o respaldo de todos (institucionalização), para isso há procedimentos pelos quais eu vou 
atrás da expectativa dos outros.
O que nós chamamos direito é que podemos generalizar certos conteúdos em detrimento de outros.
Identificar normas jurídicas: será que os outros apóiam? Mas é impossível perguntar para todos. Logo 
presume-se o apoio dos outros. Logo, existe a instituição: senado, câmara, judiciário etc. O dado 
fundamental para o Direito, não saber se o senado está bom ou ruim, mas se foi a provado ou não, 
tornando-se assim institucionalizado. 
Mas algumas coisas não aceitamos mesmo que institucionalizada. Eu sei que nem todos são favoráveis ao 
Ficha-Limpa. Eu suponho que todo mundo apóie. O importante não é dizer que todo mundo aceita, mas 
dizer que esta coisa está ou não institucionalizado.Núcleos duros significativos. Numa sociedade pequenas existem núcleos duros que seguimos muito bem. 
Por exemplo a figura dos pais. Existem certos conteúdos que se sabe o que se pode e o que não se pode em 
sociedades pequenas (família, por exemplo). Os grupos sociais são organizados de certas maneiras para 
espalhar os conteúdos. Mas para levar isso ao Brasil inteiro é bastante mais complexo. "Valor" é um dos 
núcleos duros que a sociedade respeita.
Supondo que nasce a criança uma criança no 
hospital. Então o filho pergunta para a mãe se 
ela quer o bebê para cuidar dele.
Para defender um cliente não é aceitável 
que se suborne o juiz ou que minta para 
defender seu cliente. Mesmo que 
isso,muitas vezes, ocorra. 
Em suma, o fenômeno que começamos a estudar, o direito. (a dogmática jurídica começa com a tarefa de identificar o direito). O direito é formado por 
expectativas contra-fáticas que são institucionalizadas. Nós dizemos que o povo votou e que isto é lei. Mas sabemos que não são todos que apóiam. Vivemos de 
ilusões institucionais e o direito que estudamos vai identificar esses ilusões.
Para se lidar com os valores criam-se as 
ideologias. 
O eleito vai dizer quais expectativas contra-
fáticas que prevalecem. Isto ainda está dentro 
de núcleos duros. A norma tem a ver com isso. 
 Tercio Page 3 
Zetética
Teoria da Sociedade 
(Luhmann)
Teoria da Comunicação 
Direito é a congruência de três mecanismos. Qualquer norma é uma expectativa 
contrafáctica. O que distingue o direito é a institucionalização. Normas jurídicas são as 
mais institucionalizadas. No conflito de expectativas, quais prevalecem? As jurídicas, 
como são as mais institucionalizadas são as que prevalecem. Não é a força que caracteriza 
a norma jurídica, pois o pai que faz as regras em sua casa, batendo no filho, não faz com 
que suas normas sejam jurídicas. O que permite classificar uma norma como jurídica é o 
fato dela estar incluída dentro de grandes instituições, como, por exemplo, o Estado. A 
palavra Estado resume um conjunto de processos decisórios (parlamentar, administrativo, 
jurisdicional). A pressuposição é que esse processos filtram quais expectativas sociais 
significarão o direito. Institucionalização é preciso incluir terceiros. Fórmula sintética: o 
Estado cria direito. 
Dogmática
Direito Expectativa normativa•
Institucionalização•
Núcleos significativos•
Um norma, para ser jurídica, deve passar pelo filtro da institucionalização e deve também 
passar pelo filtro dos núcleos significativos. O que é núcleo significativo?
A dogmática jurídica não explicita qual teoria é utilizada para a sociedade. Isso é tarefa da 
zetética. Esta também possui o conceito de comunicação. 
Sintático *•
Semântico•
Pragmático •
*Qual a diferença entre essas três correntes de Teoria da comunicação. "O 
triângulo é admiravelmente". Nesta frase há um erro sintático com o uso 
indevido do advérbio. Se se viola essas regras sintáticas há um defeito. A relação 
sintática é de signo para signo. "O triângulo tem 4 lados". Nessa frase há um 
problema semântico. Aqui há um problema do signo com a realidade. Podemos 
olhar a língua como se refere com a realidade (semântico) ou com ela mesma 
(sintática). "O menino chega em casa com os pés sujos de lama e suja a sala. Sua 
mãe manda o menino limpar os pés. O menino limpa os pés no tapete da sala". 
Neste problema não há um problema sintático e tampouco semântico. Outro 
exemplo "num almoço, um menino diz ao outro: você consegue alcançar o 
saleiro? O outro responde que consegue e nada faz". O que pediu queria que ele 
pegasse o saleiro. Nestes casos há um problema pragmático. O conceito de 
pragmático hoje em dia está relacionado com "saber se virar". O conceito que 
estudamos não está muito relacionado com isso. "Pragmático" aqui está 
relacionado com o comportamento. Estuda os efeitos comportamentais da 
linguagem. O que a comunicação provoca no comportamento social. Como é que 
a linguagem é usada e como é que possui efeitos comportamentais.
A comunicação não é usada somente para coisas do mundo, mas há usos pragmáticos da 
linguagem. Exixte uma teoria sintática da norma jurídica, por exemplo, representada por Kelsen. 
Existe uma teoria semântica de Ross da norma. E existe um teoria pragmática da norma do 
Tercio. Com base no conceito zetético de norma. Com base nisto pode-se olhar para norma, do 
ponto de vista do dogmática.
Qual o conceito de norma apresentado na dogmática? É um imperativo despsicologizado que tem como 
características coercitividade e não coatividade. Alteridade e não bilateralidade. 
Kelsen. Norma é esquema de interpretação da conduta humana. Para isto precisamos estudar a 
estrutura da norma > hipótese e sanção. Se A é, então B deve-ser. Do ponto de vista evolucionário, o 
uso da coação física torna-se institucionalizado. B é toda a discussão sobre sansão. A conduta que tem 
como conseqüência a sanção é um delito. Uma conduta é sancionável porque é um delito ou é um delito 
porque é sancionável. A conduta é um delito porque é sancionável. E a conseqüência é que o não A se 
torna um dever. A ação matar será interpretada pela norma jurídica. Há um sistema dentro da norma. O 
dever não se define sem o delito. E ambos dependem da sansão. Esta relação observe que ela é 
sintática. Isto porque o delito se define pela sansão. Por que esse conjunto é uma expectativa 
contrafática? Há uma expectativa com o dever dos outros. Se as pessoas não cumprem esse dever e 
expectativa não muda e assim se aplica a sansão.
Norma também é considerado esquema de interpretação. Alguém pode exprimir um ato de vontade 
acerca do comportamento do outro. Se esse sentido subjetivo for interpretado como sentido objetivo 
dir-se-á que isso é uma norma. "Escrever numa folha de papel várias medidas provisórias e dizer que 
isto vale é uma vontade subjetiva, mas não foi transferido para sentido objetivo. Por que esse esforça 
para falar em sentido objetivo?
Se H é, então S deve-ser.
Se torna delito
Não H = dever
Norma
Ato de vontade > Sentido subjetivo > Sentido objetivo (norma)
Ato de vontade > Sentido subjetivo> Sentido objetivo (norma)
Por exemplo, muitos dos constituintes de 1988 já morreram, mas o sentido 
objetivo continua existindo.
O ato de vontade é uma condição necessária, mas não suficiente para que se faça uma norma. Depois 
que existe o ato de vontade, ele poderá deixar de existir.
A norma positiva é criada, portanto com base em uma outra norma positiva (relação sintática na 
formulação da norma). Toda norma é sentido objetivo do sentido subjetivo de uma to de vontde.
Teorias do século XIX - dão importância a quem elabora a norma. O Direito será definido como uma 
prescrição ligada a uma autoridade (soberano). O soberano cria o costume, pois ele não o modifica. 
Norma relacionada com manter a realidade (semântico)
No caso do conceito pragmático, a norma jurídica, como qualquer outra comunicação sempre ocorre em 
dois níveis. A fala ocorre no nível do relato, que é o nível da mensagem, que é emitida sobre a norma e 
seus conceitos. Existe também o nível cometimento. Ele diz que tipo de relação existe entre receptor e o 
emissor. Toda comunicação ocorre nesses dois níveis e a norma jurídica também. Fechar a porta. Esta 
ação é o relato. O cometimento pode ocorrer de diferentes maneiras nessa situação: súplica, pedido, 
ameaça, ordem etc. O cometimento pode estar lingüisticamente expresso (por favor, fecha a porta; eu 
já pedi, feche a porta; etc.). Esta expressão dos cometimentos são mecanismos deônticos. O 
cometimento pode se expressar também pelo tom de voz, roupa, gesticulação, etc. Lembarndo que a 
sanção está dentro do relato.
O cometimento define as posições dos comunicadores. Hierarquia, subordinação, 
concorrência etc. O cometimento é todo um conjunto de mecanismos simbólicos. 
Cometimento estárelacionado com a institucionalização. Estudar esses detalhes 
não pertencia ao campo da sintática, nem da semântica, nem da sintática. O 
receptor pode reagir ao relato de duas maneiras: confirmar o relato ou rejeitar o 
relato. Existe um tipo de relação que é a desconfirmação. No relato da norma está 
incluída a sanção. Num assalto a banco os ladrões reivindicam o roubo. Não há 
negação da autoria. Por que se reivindica o atentado? O nível da comuinicação que 
está sendo atacado não é o relato, mas sim o cometimento. A rejeição não contesta 
a autoridade. Olhando somente para o lado do relato, o terrorista pratica H, mas 
com o objetivo de criticar a autoridade. Quem, por exemplo, fuma escondido, está 
confirmando a norma, mas rejeitando-a. Isto é diferente do que, por exemplo fumar 
Norma III
quarta-feira, 11 de maio de 2011
09:28
 Tercio Page 4 
confirmando a norma, mas rejeitando-a. Isto é diferente do que, por exemplo fumar 
no porão. Neste caso há desafio com a autoridade, uma desconfirmação. A 
autoridade reage à desconfirmação. O emissor reage a desconfirmação tratando-a 
como se fosse um simples rejeição. Não abre uma discussão da desconfirmação. É 
importante para a autoridade manter o controle da norma
Emissor > Norma > Receptor
Juiz
Constituinte
Legislador
Cidadão
Mulher
Credor
A coetividade é, para Kelsen, um importante elemento 
da norma.
Normas são de vários tipos
Sansão Obrigações•
Deveres •
Sem sanção Obrigações•
Deveres •
Poderes* Competências •
Capacidades •
*O Presidente da República tem o poder de fazer medidas provisórias, mas não tem nem 
dever nem obrigação de fazê-lo. 
 Tercio Page 5 
No campo da dogmática - estudo sobre ela. 
No livro há uma parte que trata do conceito zetético e uma outra parte que trata zeteticamente da 
dogmática.
Hoje faremos uma análise do ponto de vista zetética, a concepção dogmática de norma jurídica. A 
dogmática formou um conceito de norma - elementos da norma, tipos de norma.
Normas dogmáticas.
É proibido matar sob pena de X anos.
(Constituinte) O Brasil é uma república democrática representativa 
federativa.
1
(legislador) É proibido matar (a).
(constituinte) O ser humano não será tratado de forma desumana.
(legislador) É proibido atravessar no sinal vermelho (a).
(legislador) Observe se o elevador...
(legislador) É proibido fumar em local fechado (a).
2
(constituinte) Brasil é República .
(constituinte) Cláusulas pétreas são imutáveis.
(legislador) Todo menor de 16 anos é absolutamente incapaz.
(constitucional) A lei retroativa não deve ferir o ato jurídico.
Qual a diferença entre as normas 1 e 2?
Nas primeiras há uma descrição de modo de comportamento? Nas segundas há uma descrição de?
A tese: as normas do tipo1 são normas de conduta, primárias (Hart). As normas do tipo 2 são normas de 
organização, secundárias (Hart). 
A norma jurídica é um imperativo coativo geral abstrato , criada por um sujeito específico que é o 
Estado. Este é o conceito dogmático da norma. (O conceito zetético é o de expectativa normativa 
contra-fática...). A norma que autoriza é tolerada pelo Estado.
As normas permissivas são um problema dessa visão. Elas são explicadas como subsidiárias desse 
modelo geral. Não há obrigatoriedade da forma lingüística ser no imperativo. Ou o comportamento é 
proibido ou é obrigatório. Restrição de um espaço de liberdade. A norma não vem para aconselhar, 
nessa visão. 
O Estado é soberano e estabelece obrigações ou proibições no seu território (a). O direito regula 
comportamentos. Coatividade é "respaldado pelo uso da força física". A violação desta norma acarreta 
em sansão, cujo núcleo é o uso da força física. Não pagar este valor, no final deste processo, você, 
independente de sua vontade, será privado de um bem. (Há também a sanção premial). As normas do 
código penal são o exemplo deste modelo.
A palavra geral pode dizer respeito ao destinatário e geral que diz respeito à hipótese do 
comportamento. Dizer que algo é um tipo, é dizer que algumas características gerais foram escolhidas. 
O "geral" em relação ao destinatário é geral em si e "abstrata" em relação à hipótese. 
Refere-se a um acontecimento que ocorre em algum lugar em algum tempo.
O Estado cria obrigações respaldadas pela força, com base em normas gerais.
Continua sendo regra geral quando se refere a uma classe (estatuto dos funcionários públicos). Em 
Rousseau há uma teoria da legislação. A manifestação do povo, que é soberana > a classe não ataca a 
idéia de generalidade.
Matar alguém (esse alguém seria o sujeito passivo) - regra geral
Matar o próprio filho em estado puerperal. É menos geral, pois não é alguém, é o próprio filho. Mas 
também é geral, e ainda que seja menos geral , continua sendo uma regra geral. 
Esta regra se opõe a uma tradição muito mais alargada de regra. Da mesma forma, muitas regras criam 
privilégios. O privilégio, etimologicamente é a lei privada. Um indivíduo pode ter uma privilégio ou seu 
estamento. 
Ser cartorário é algo público. Alguém poderia ganhar individualmente um ofício.
Em todas essas normas o autor é o Estado. Alguém poderia ter 
citado uma sentença. Fulano de tal cometeu homicídio e foi 
condenado a 20 anos de cadeia.
A todas estas normas é comum a estatalidade/ legislação/ 
generalidade.
Também não houve exemplo de uma outra norma: o contrato.
O modelo imperativo coativo geral é resultado das revoluções. 
Régulae é uma frase que sintetiza uma experiência jurídica. 
Estas regulae não eram no sentido que conhecemos hoje: 
"aquilo que é nosso não pode ser transmito a outro sem nosso 
consentimento". Esta frase sintetiza uma série de decisões. 
"Constitui culpa imiscuir-se a alguém em coisa que não lhe 
pertence". Estas regulaes não foram criadas por legisladores e 
foram criadas pelos juristas para ajudá-los na hora de resolver 
conflitos. Sempre que a causa envolve liberdade e houver 
dúvidas resolve-se em favor da liberdade. Isto é Justiniano. 
Mas o Brasil no século XIX utilizava esse princípio. Estas regras 
não imperativos, mas são princípios. Muitas vezes o direito 
não era visto como algo imperativo. " As regras são ordens 
segundo as quais os homens devem viver em harmonia com 
D'us".
No período imperial havia regras que estabeleciam benefícios 
aos peões e aos fidalgos. Mas isso não é classe? Como, por 
exemplo ser idoso? 
A ordenação filipina é exemplo de um estilo decretório. Há 
também o estilo narrativo. "o meu pai, rei fulano de tal julgou 
um caso de maneira X. Eu quero que os juízes julguem sempre 
esse caso dessa maneira".
As regras do século XIX são regras do tipo 1, continuam 
existindo. Por outro lado, a regra número artigo 62 da CF 
regula o câmbio do direito (regra secundária) elaboram a 
mudança do direito. Como elaborar o contrato? Como fazer as 
leis? Como organizar o Estado? Esses tipos de regra diferentes 
do imperativo coativo geral.
São difíceis as regras imperativas nesse campo.
Há uma visão sobre regra mais abrangente hoje em dia.
Direito organiza. De que modo? Criando pessoas (jurídica e física). Criando procedimentos, definindo 
esferas de liberdade. Há também imperatividade e coação. 
Destacar visão dominante que é a regra como imperativo coativo geral. Antes o direito possuía função 
de punir e passou a ter a função de organização. O último comentário é o seguinte, como a do artigo 4º. 
O direito é um conjunto de argumentos práticos. Qual é o comportamento mais justo.
3
Buscar soluções razoáveis é uma busca por argumentos. Luta para justificar escolhas razoáveis, escolhas 
corretas etc. Nessa atividade de busca por justificar escolhas são invocados padrões normativos são 
invocados o tipo 3. A dogmática está escrevendo nos últimos 20 anos dizendo que, por exemplo, a 
dignidade da pessoa humana, é uma norma seríssima. Isto é, a dogmática contemporânea trabalha com 
um padrão normativo quese chama princípios que faz uso o artigo 4º. Essas não são nem normas de 
comportamento humano, nem regras de organização. São padrões de justificação.
A moral da aula é a seguinte: há uma dogmática 
que se constrói no século XIX que tem como 
centro o imperativo coativo geral. Isto não 
desapareceu. Surgiu depois um novo tipo de 
dogmática que trabalha com normas 
secundárias, de organização. É no século XX que 
a consciência dos juízes ganha uma nova 
aparência. Então há uma busca de justificação 
as ações do direito. Defender as escolhas mais 
justas.
Norma IV
quarta-feira, 25 de maio de 2011
09:24
 Tercio Page 6 
Prova: livro do Tercio
Conceito central tanto para zetética, como para dogmática, da norma. Conteúdos consistentes com 
núcleos significativos. Norma e norma jurídica em especial.
Expectativas normativas e grau de institucionalização.
Pragmática norma é comunicação nível relato e nível cometimento.
Conceito zetético e dogmático de norma jurídica.
Norma primária, norma secundária e princípios.
Aqui há um ponto de contato com os seminários. Para Kelsen a estrutura dogmática é do tipo SE A É, 
ENTÃO B DEVE-SER. 
Hoje, começamos a estudar o capítulo das grandes dicotomias.
A prova é feita a partir de um texto (lei, sentença, artigo de jornal). A prova é uma aplicação do estudo. 
É uma contextualização do estudo. 
A dicotomia público/ privado, aparece não somente no direito, mas utilizamos muito no cotidiano (praça 
pública, universidade privada, privatização). 
O direito, desde os romanos, trabalha com distinções, usa dicotomias para argumentar, qualificar as 
situações. Direitos absolutos/ relativos, pessoa física/ jurídica, por exemplo. Transformavam o problema 
numa dicotomia. Existem distinções. O público e o provado tendem a ser uma grande dicotomia -
Norberto Bobbio. 
Uma grande dicotomia reparte um conjunto em dois polos e reparte o conjunto de modo total. Em 
outras palavras, o elemento desse conjunto ou estará em um pólo ou estará em outro pólo. O 
condomínio, representado pelo síndico não nem pessoa física nem jurídica, mas é sujeito de direito. 
Logo, pessoa física/jurídica não é uma grande dicotomia.
Primeiramente (sobre público/ privado) ou as normas são de um tipo ou de outro. 
Segundo, princípios, podem reger o campo do privado e outros que regem o campo do direito público. 
Uma das funções da dicotomia é agrupar princípios que são utilizados nestes campos.
Terceiro, há uma disciplina que estuda as regras. Repartir a totalidade em dois universos, com princípios 
diferentes.
Fornecer sistematização estática. Não é sistematizar a dinâmica do direito. Para este último deveríamos 
saber como as regras entram e saem do sistema. Os juristas gostam de classificar, mas não são biólogos. 
Nosso interesse não é classificar para descrever estruturas, descrever características. Quando a 
dogmática classifica, há uma questão voltada para decidibilidade. Não é para descrever nada. Quando 
uma regra é de direito público é falar que para tanto devem ser aplicados um sistema de princípios. 
Regras de direito público. Estes Princípios apontam para outras regras. Não é descritivo, mas algo que 
visa defender a aplicação de um conjunto de princípios e não de outros. Quando um elemento vai ser 
analisado precisa-se saber em que campo estamos.
Função operativa que tem a ver com critérios para decidibilidade dos conflitos e não classificatória.
Uma característica do direito e de outras ciências sociais - os participantes tanto da dogmática, quanto 
da zetética é que não existe estabilidade dos conceitos. Afinal, qual o conceito de norma jurídica? Este 
conceito é flutuante, tanto na zetética, quanto na dogmática. A semântica desse conceito inclusive 
muda com a história.
Estipular não é uma prática da formação de conceitos no campo da dogmática.
Dizer o que é público e privado não pode ser feito de modo estipulativo do tipo: " para mim, o que é 
privado é isso e público é aquilo". Isto não será aceito pelos juristas.
Existem critérios diferentes que existem para definir um ou outro lado da distinção. Estudar dicotomia 
não é procurar o lado verdadeiro. 
Os critérios e a distinção tem uma função persuasiva > qual o critério capaz de influenciar a decisão.
Estes critérios se sentimentam historicamente, com base em argumentações passadas. Com base nessa 
argumentação se sedimentam critérios para diferenciar público e privado.
Não há uma rigorosa distinção entre público e privado > precisa -se aprender a estudar o direito para 
fazê-lo. Direito é uma instituição social de muitos séculos.
Tem uma consistência de estudo.
A tese da aula é a seguinte: há uma dicotomia importante e aparece de modo mais nítido no final do 
século XVIII e início do XIX. A dicotomia se torna uma grande dicotomia nessa passagem. 
Foi uma dicotomia importante durante o século XIX e no século XX esta dicotomia foi perdendo sua 
validez, mas cada vez mais os critérios enfrentam objeções. 
No século XIX há uma cisão que se construiu lentamente e que aparece de modo claro e que é a cisão 
entre Estado e sociedade civil.
Os teóricos do Estado vão procurar o que é o Estado. O Estado expressa um ponto de vista parcial em 
relação aos interesses particulares.
Soberano tem a vontade geral. 
Em Rousseau o soberano é o povo e sua vontade se expressa na forma da lei.
Interesse de paz, pacificação social.
Algumas faculdades até separam suas áreas
Direito público Direito privado
Estado
Interesse geral*
paz
Sociedade civil
Interesses particulares
(indivíduos livres para 
perseguirem seus fins e 
escolher seus meios
Mercado é onde se busca 
interesses e o contrato 
legitima tudo isso e também 
a propriedade.
Hierarquia/ diferença 
e superioridade em 
relação aos 
indivíduos
Heteronomia - não 
sou eu quem cria a 
regra para mim (o 
oposto é a 
autonomia). O 
Estado cria lei, define 
os delitos, o espaço 
de liberdade.
Relação de império
O lugar do interesse geral, do interesse comum é o Estado. Em 
contrapartida, indivíduos buscam interesses pessoais. Um 
pressuposto para estes indivíduos é que sejam iguais. O funcionalismo 
público é o meio pelo qual o Estado agirá. O funcionário público é 
uma figura criada no século XIX. As distinções para seleção serão 
meritocráticas. No direito privado a relação de funcionários e patrões 
é de locações de serviços. O funcionário não. O regime é estatutário. 
Autonomia
Essas são as três distinções para separar direito público de direito privado.
Sujeito - as regras de direito público tratam o Estado como um sujeito da relação jurídica. A regra que 
prevê a participação do Estado é de direito público. Já no direito privado, a relação existente é entre 
particulares. Construção do Estado > organizar o parlamento, os poderes , a administração. Boa parte do 
direito administrativo, do direito constitucional, do processo se insere no direito público. No direito 
processual havia divergências, pois o processo é um meio para resolver conflitos entre particulares.
•
Interesse•
Posição jurídica•
Relação de Estado X indivíduo. Dizer que o Estado, numa relação com 
o indivíduo deve prevalecer é mostrar sua relação de império. Com 
base nessa posição superior pode ser reciclado algumas figuras 
jurídicas pré-modernas. O Estado pode tirar a propriedade? Isto é 
algo muito sério num século liberalista. O Estado, antes (antigo 
regime), era proprietário e todas as coisas e o particular era 
proprietário dentro de outro. Com base no interesse público, 
supremacia do interesse público, o interesse do Estado acaba sendo 
superior. Se há uma relação jurídica com presença do Estado, há aí 
direito público. O Estado ao longo do século XX criou empresas 
públicas, com regime de direito privado - logo ocorreu a falta de 
nitidez desta dicotomia.
A dicotomia não desapareceu ainda, pois ainda aponta para princípios fortes. Invocar o direitopúblico 
significa que uma parte do conflito pode tomar uma decisão unilateral > colocar limites entre o princípio 
de autonomia. Ao publicizar consegue-se limitar a autonomia privada.
Direito público X privado
quarta-feira, 1 de junho de 2011
09:27
 Tercio Page 7 
Camila Lisboa
Realce
Camila Lisboa
Realce
Camila Lisboa
Realce
O Estado passa a ser um agente no mercado, com empresas, investimento na Bolsa. Nem sempre as 
partes são iguais. Diferenças de natureza econômica, por exemplo.
Dogmática do direito do trabalho ou dogmática social.
No contrato de trabalho, o Estado se insere de modo decisivo nas relações interpessoais. O Estado vai 
dizer: continua havendo liberdade, mas com algumas exceções, para o interesse público. É interesse do 
Estado cuidar da organização entre os trabalhadores.
Desde 2002 a dogmática vem falando de publicização do direito privado.
Ex. no passado um advogado se deu com o seguinte problema. Uma 
empresa com a faturamento anual de R$: 4 milhões, cujo serviço era 
de representar uma multinacional, oferecendo o produto etc. No ano 
passado, a multinacional declarou fim do contrato. A relação se 
deteriorou e a empresa menor procurou um advogado. No judiciário 
construiu a seguinte argumentação que deu a empresa menor o 
ganho do caso.
Hiposuficiência - foi invocado no direito de trabalho e ela foi trazida 
para uma relação de direito comercial. Princípios do direito público 
passam a nortear regras do direito privado. Como manter a distinção 
então?
Meio ambiente é público ou particular. Como que na Idade média se 
fala no social? A Idade Média não conhece o 
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