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DPM0111 - Teoria do Crime 1

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Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
 
 
Faculdade de Direito 
do Largo São Francisco 
 
 
 
DIREITO 
PENAL 
Primeiro Semestre, Parte II 
 
 
Caderno de Letícia Machado Haertel (186-13) 
2013 
 
 
 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
O Código Penal - Parte Geral 
Comentado por Letícia Haertel 
Baseado na aula do Prof. Shecaira 
TÍTULO II - DO CRIME 
 
Crime é um fato típico (1) e antijurídico (2). 
1) Tipo = Conduta. Envolve ação e resultado. Entretanto, alguns como porte de armas não 
tem resultado. São os chamados "crimes de risco". 
2) Antijuridicidade = pressuposto da tipicidade, se verificando com exclusões (Art. 23), as 
quais não possuem tipos e devem ser julgadas caso a caso. 
Relação de causalidade 
 Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa 
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
• Adotamos uma teoria da equivalência das condições / dos antecedentes no código penal 
brasileiro. Tudo aquilo que contribui para a realização de um ato, ou seja, toda “conditio 
si ne qua non” é a causa deste. 
• Entretanto, essa teoria poderia ser levada “ad infinitum” se não existisse uma segunda, a 
Teoria da Imputação Objetiva, segundo a qual, para saber se determinado aspecto é 
causa do resultado, utiliza-de o processo de eliminação hipotética de Thyrén: 
o Para chegas às causas, o aplicador deve eliminar as condutas dos sujeitos ativos. Se 
o resultado desaparece, houve causa. 
Cabe aqui analisar os Elementos da Conduta 
Obs.: Os 3 primeiros são tradicionais, e o ultimo recente. 
 
- Conduta: Pode ser tanto uma ação (movimento corpóreo) como uma omissão (inatividade). A 
conduta pode ser omissiva ou comissiva e exige uma repercussão externa na vontade do agente, 
ou seja, precisa de um ato de vontade dirigido a um fim. Ato teleológico. 
Cogitação interior (que sozinha não é crime) + Atuação exterior. 
 
- Resultado 
o Modificação do mundo exterior provocado por comportamento humano voluntário. 
o Classificação dos crimes quanto ao resultado: 
� Crimes materiais - são os crimes que tem resultado 
material/naturalístico. Exemplo: Crime de dano - Art. 163 - Destruir, 
inutilizar ou deteriorar coisa alheia. 
� Crimes de mera conduta - são os que não têm tal resultado. Exemplo 1: 
Crime de desobediência. Exemplo 2: Injúria simples. 
� Crimes formais - consumam-se antes do resultado e independem dele. 
 
 
 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
- Nexo de causalidade (entre conduta e resultado) 
 
� Baseado na já mencionada Teoria da equivalência dos antecedentes: Tudo o que 
contribuiu para a morte (por exemplo) é causa dela, mas se há uma morte por uma arma, 
não se pune o fabricante nem o extrator de minério de terra (muito menos quem colocou o 
ferro lá). Então como proceder? 
� Bauman (não é Zygmunt, rs) diz que não pode ter nexo de causalidade ad infinitum e ele 
deve ser limitado ao verbo que descreve a conduta legal incriminada. Por exemplo, no 
“Matar”, o responsável é quem aperta o gatilho (salvo exceções tipo mandante). 
• A hemorragia que sobrevém a um disparo de arma de fogo é evidentemente um 
desdobramento causal do tipo. E se essa hemorragia produzir morte, quem disparou 
é responsável legal pelo fato. 
• Pode haver concorrências de atos, mas pode ser que apenas um deles é causa 
mortis. 
4 - Presença de um risco não permitido socialmente (Teoria mais recente) 
• Tolera-se socialmente a existência de um certo risco para os bens jurídicos 
• Ulrich Beck: incrementação dos riscos na sociedade hodierna 
Superveniência de causa independente 
 § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os 
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
• Colocando de um jeito mais fácil, é que cada pessoa responde especificamente ao que 
cometeu. 
• Se um crime superveniente (que veio depois) produziu o resultado por si, os fatos 
anteriores são inimputáveis a ele. 
• Se você atropela alguém, quebra a perna da pessoa e liga pra ambulância, sendo que 
depois a ambulância sofre um acidente e ela morre, você só tem culpa pela lesão corporal. 
Relevância da omissão 
 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir 
incumbe a quem: 
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
• Dever e Poder, seja por lei, outra forma ou por ter criado o risco. 
• Omissão é uma forma de expressar conduta contrária a ação comissiva. 
• Não há relação de causalidade, uma vez que não há ação geradora de resultado. 
• Tem que ter sido possível evitar o resultado. 
• Existem dois tipos: 
o Crimes omissivos impróprios, impuros ou comissivos por omissão: é a não 
execução de uma atividade predeterminada juridicamente exigida do agente. O que 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
o torna comissivo por omissão é a posição de garantia do agente. Ou seja, o salva-
vidas que assiste ao afogamento de um banhista incorre na prática do delito de 
homicídio (comissão) por omissão. Outro exemplo é quando médicos deixam de 
denunciar doenças contagiosas. Ou seja, são crimes que normalmente seriam 
ações, mas podem ser feitos por omissões. 
o Crimes omissivos puros: Simples infração da ordem ou do comando de agir, 
independentemente do resultado. 
Simplificando, nos crimes omissivos puros viola-se dever legal de agir, enquanto nos impuros o 
dever de operar decorre de uma norma proibitiva e advém de uma posição garantista. 
Obs.: Omissao de socorro: art 135. 
A) “Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância”. Como policial, bombeiro. 
Mas salvo se não há possibilidade. Outro exemplo é a mãe, responsável legal por 
alimentar o filho. Se a mãe não dá mais leite, é responsável pela morte, não é um simples 
caso de omissão. 
B) “De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado”: Caso de uma 
criança que morre na tutela da babá, ela tem a responsabilidade, no lugar da mãe. 
C) “Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”: nadador 
exímio que chama nadador medíocre pra uma travessia longa, mas o medíocre não 
consegue e o exímio não o ajuda. 
 
 Art. 14 - Diz-se o crime: 
Crime consumado 
 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
O crime é consumado quando preenche completamente o conteúdo do tipo. 
 
Itinerário Hipotético do crime: 
(1) Foro Interno ---> (2) Atos preparatórios ---> (3) Atos de execução ---> (4) Consumação 
 
A partir de que ponto é crime? A partir do 3 dos atos de execução. 
Tentativa 
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Não preenche completamente o conteúdo do tipo. Não há resultado no crime tentado, se 
adotarmos a teoria causal. Então por que o punimos? Porque consideramos a existência da 
vontade de matar (ato teleológico ou finalístico). 
É claro que, em crime culposo, não há tentativa. Também não há em contravenções penais (art. 
4 da lei das contravenções penais), em crimes de omissão, etc 
Obs.: Contravenções são como “crimes menores”. Ver Artigo 1º da lei de introdução ao CP. 
 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
Pena de tentativa 
 Parágrafoúnico - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, 
diminuída de um a dois terços. 
A quantidade reduzida é inversamente proporcional ao iter. Quanto mais próximo eu me 
aproximar do crime, menor é a diminuição. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só 
responde pelos atos já praticados. 
Arrependimento posterior 
 Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o 
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Crime impossível 
 Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é 
impossível consumar-se o crime. 
 Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 
Elementos do crime doloso: 
• Elemento cognitivo - conhecimento do contexto social em que se vive 
• Elemento volitivo - vontade na realização da conduta típica 
Tipos: 
• Dolo direto: O sujeito tem intenção de provocar o resultado. 
• Dolo eventual: O agente assume o risco do resultado da conduta. É bom usar as três 
teorias para identificá-lo. 
o Sauer: Teoria da verossimilhança – Não é suficiente que o resultado seja possível, 
ele tem que ser provável, mesmo que o autor da conduta não admita. 
o Meyer: Teoria do sentimento - deve agir com indiferença em relação ao resultado 
para o dolo eventual. Ela é útil quando associada à próxima teoria. 
o Frank: Teoria do consentimento ou da vontade – Não basta a representação do 
evento e a consideração da vontade de sua causação, sendo necessário 
consentimento na produção do resultado. Ou seja, o resultado é possível e ele o 
aceita. Dois requisitos: intelectivo – previsão de possiblidade por parte do agente, 
sem necessidade de consciência da probabilidade; e volitivo – consinta na 
concretização, reconhecendo e conformando-se com essa possibilidade. 
• Dolo de consequências necessárias (não consta no nosso ordenamento). 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
Exemplo clássico: Roleta Russa é dolo eventual, com exceção da ultima bala (quando se tem 
conhecimento de que se vai matar), que é dolo direto. 
 
Crime culposo 
 II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Crime excepcional dentro da estrutura do delito. 
Não tem elemento volitivo. 
 
Elementos: 
 
A) Inobservância do cuidado objetivamente devido *** 
B) Produção de um resultado e nexo causal 
C) Previsibilidade objetiva do resultado 
D) Conexão interna entre desvalor da ação e desvalor do resultado (o resultado 
decorre justamente da inobservância do cuidado devio e que seja daqueles que a 
norma tratava de evitar). 
Obs.: O cuidado devido está fixado em normas administrativas ou disciplinares. 
 
Tipos: 
 
• Imprudência - Ato comissivo. É agir sem cautela, sem atenção necessária, com 
precipitação ou inconsideração. É uma ação perigosa, arriscada. Ex.: Manejar arma 
carregada, caçar em lugares com pessoas, dirigir em alta velocidade. 
• Negligência - Ato omissivo, é não fazer o que deveria ser feito. Poderia evitar ou não 
causar o resultado lesivo e não fez por preguiça, desleixo ou desatenção. Ex.: Andar com 
o pneu careca, deixar remédio ao alcance de crianças. 
• Imperícia - falta de aptidão técnica, ou seja, não ter habilitação para determinada prática 
(o que não significa não estar habilitado). Ex.: Médico não sabendo prescrever ou fazer 
cirurgia corretamente. 
Obs.: A prova da perícia é a carteira, mas a ausência dela não atesta imperícia. A perícia 
também pode ser provada de outras formas. 
Obs. geral: Países europeus com códigos penais mais novos tem apenas negligencia. 
 
 
Espécies de Culpa: 
• Inconsciente: Quando o agente não preveu o resultado que poderia prever. Como não 
prevê o resultado, transgride sem querer o cuidado objetivo exigível. O agente também 
não conhece concretamente seu dever objetivo de cuidado, apesar dele ser conhecível. É a 
maioria dos casos. 
• Consciente: O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra. O risco não é 
aceito, e ele confia que não vai acontecer. Consciente violação do cuidado objetivo. Ex.: 
Atirador de facas ao acertar a mulher. Avizinha-se do dolo eventual 
 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
Exemplo: Mulher feita refém, está com revolver na cabeça e a policia começa a negociação. O 
sequestrador esta na janela, e o policial esta com um revolver de alto calibre em uma altura 
abaixo da janela a noite. Muitos erros: não se atira de baixo pra cima, não se atira de alto calibre 
e não se atira a noite. A polícia resolve disparar o tiro, matando o criminoso. Devido ao calibre, 
passa pelo criminoso e atinge Adriana. O policial não é incriminado por matar o criminoso 
porque era estrito cumprimento do dever legal, mas no caso da vítima não há exclusão de 
ilicitude e houve culpa consciente. Ele sabia que podia causar a morte, mas atirou para preservar 
a vida. Ele não respeitou cuidados objetivos, mas dizer que "Ele assumiu o risco" é equivoco, 
porque o assumir o risco pressupõe elementos cognitivos e volitivos. 
 
 
Dolo Eventual X Culpa Consciente: 
 
A semelhança entre eles é a previsão do resultado ilícito, mas a diferença é que no dolo eventual 
o agente concorda com o resultado, preferindo arriscar-se a produzi-lo a renunciar à ação. Na 
culpa consciente, o agente empreende a ação com esperança de que o resultado não ocorra, 
confiando em sua destreza. O atirador de facas, ao acertar a mulher, não tem o elemento 
volitivo. Toda vez que tenho dolo eventual tenho que ter necessariamente uma vontade e um 
conhecimento. 
 
A principal diferença é o "fodeu" e o "foda-se". 
 
Obs.: Existe crime sem motivo? Não, todo crime tem motivo. 
 
Houve um caso paradigmático no ordenamento no qual um cara a 120 km/h numa avenida de 
70km/h mata uma mulher e é acusado de dolo eventual. "Se crime de transito não é culpa, o que 
é culpa? Se fosse assim, pegar o carro ja seria 'assumir o risco'. Existe fúria punitiva no Brasil, 
portanto, cuidado com dolo eventual" - Sheks 
 Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o 
pratica dolosamente. 
Todos os crimes são dolosos, salvo alguns expressos em lei que podem também ser culposos. 
Nenhuma teoria ainda conseguiu justificar a ideia de crime culposo. 
Obs.: Expansão do direito penal. 
 
Agravação pelo resultado 
 Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos 
culposamente. 
 Se alguém quebrar a perna de um atleta, fica claro que a intenção é impedir de competir e 
não matar. Entretanto, caso a pessoa for hemofílica e morre, e se quem quebrou não sabia, é 
caso de lesão corporal seguida de morte (que tem pena bem menor que homicídio). Embora 
exista relação causal, ela não é tão direta. Chama-se crime agravado pelo resultado. É um 
caso de crime híbrido, doloso e culposo ao mesmo tempo, e precisa de pelo menos um resultado 
culposo. 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
Outro exemplo: Em caso de infarto fulminante não há nexo de causalidade com um roubo. Mas 
se o fato é anunciado, ou seja, se falarem que se o assalto continuar ele pode morrer, dai sim. 
 
Erro sobre elementos do tipo 
Obs.: Aula perdida, conclusões baseadas em infos retiradas de http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=4188Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, 
se previsto em lei. 
Me parece que vale quando a pessoa acha que o que está fazendo não é crime, mas na 
realidade é, pois no erro de tipo, estará o dolo excluído se o autor desconhece ou se engana a 
respeito de um dos componentes da descrição legal do crime. Para melhor entender, 
observemos que o erro advém sobre elementos do tipo, ou seja, sobre um fato que compõe 
um dos elementos do tipo, como por exemplo, uma gestante ingere substância abortiva na 
presunção de que está tomando calmante. Ela, então, não sabe que está ingerindo substância 
que irá provocar o aborto, portanto a gestante se engana a respeito do remédio que tomou. 
Assim, o erro de ter trocado as substâncias recai sobre o elemento do tipo, mas ela não tinha 
a pretensão de fazer o aborto. Também, temos como exemplo de erro de tipo, quando uma 
pessoa contrai casamento com outra pessoa casada, insciente do matrimônio anterior válido; 
quando o agente pratica conjunção carnal com sua namorada, supondo que tenha mais de 
dezoito anos, em face da certidão de nascimento falsa, ou quando pratica tal ato com algum 
descendente, não sabendo o agente da situação de parentesco. 
Contudo, no erro de tipo, não há vontade de realizar o tipo objetivo, ou seja, o homem/a 
mulher não sabe o que faz. Como o dolo é um crime realizado com a vontade do agente, 
quando o agente não sabe que está realizando um crime prejudicial, porque se enganou a 
respeito de um de seus elementos, não age dolosamente, pois há erro de tipo; erro do 
elemento que causou o crime. Na apuração do crime, como o dolo é presumido, o acusado 
deve comprovar ter agido com erro sobre elemento do tipo. 
Tipos: 
• Essencial: Recai sobre elemento do crime sem o qual o crime não existiria. Sempre 
exclui o dolo, permitindo a punição pelo crime culposo. Assim, uma pessoa não 
casaria com outra se soubesse que essa já possuía outro matrimônio, ou a gestante não 
tomaria uma substância para aborto se o que ela realmente queria era um calmante. 
Deste modo, o erro de tipo essencial exclui a tipicidade da conduta. 
• Erro de tipo acidental: Recai sobre circunstancias assessorias da pessoa ou coisas que 
não constituem elementos do crime. Suponha-se que o agente pretenda subtrair farinha 
de um armazém e, por engano, acaba levando sacos de farelo, foi um erro por 
acidente, que pode versar sobre o objeto ou sobre a pessoa da vítima. O erro acidental 
não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de seu comportamento e, assim, 
não excluí o dolo. 
o Erro sobre objeto: Ocorre o erro sobre o objeto quando o agente supõe que sua 
conduta incide sobre determinada coisa, sendo que, na realidade, ela recai sobre 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
outra, como por exemplo, o sujeito subtrai açúcar supondo estar subtraindo 
farinha. O erro é irrelevante, pois a tutela legal abrange a posse e a propriedade 
de qualquer coisa, e não de objetos determinados, pelo que o agente responde 
pelo crime de furto. 
o Erro sobre pessoa (erro in persona): quando há erro de representação, ou seja, o 
sujeito atinge uma pessoa supondo tratar-se da que pretendia ofender, ou seja, 
ele pretende atingir certa pessoa, vindo a ofender outra inocente pensando 
tratar-se da primeira. Só é admissível nos crimes dolosos. 
Ocorrências: 
• No crime de calunia: o agente atribui falsamente a alguém a autoria de um fato 
definido como crime que acredita tenha sido praticado. Se o agente não sabia que a 
imputação era falsa, não há dolo, excluindo-se a tipicidade, caracterizando o erro de 
tipo. 
• Erro de tipo no crime desacato: O agente desconhece que a pessoa contra a qual age 
desrespeitosamente é funcionário público, não haverá dolo de desacatar e, portanto, 
estará excluída a tipicidade para o delito de desacato, podendo, de outro modo, 
permanecer caracterizada a injúria. 
• Erro de tipo nos crimes omissivos: se o agente desconhece, por erro, que está na 
condição de garantidor da não ocorrência do resultado ou tem dela errada 
compreensão, também incidirá em ausência de dolo. Por exemplo, se o agente não 
presta socorro, podendo fazê-lo, ignorando que se trata de seu filho, que morre 
afogado. 
• Erro sobre a relação causal: O autor não enxerga a possibilidade do ocorrer causal da 
conduta realizada. O desvio do curso imaginado pelo agente não excluí o dolo, como 
por exemplo, joga a vítima de uma ponte, pretendendo matá-la afogada, mas ela vem a 
morrer de fratura no crânio. 
- Elementos da culpabilidade: 
Para existir culpabilidade, é necessário que haja no sujeito ao menos a possibilidade de 
conhecimento da antijuridicidade do fato, ou seja, é necessário que o autor da ação tivesse 
podido agir de acordo com a norma, de acordo com o direito. Quando o agente não tem ou 
não lhe é possível esse conhecimento, ocorre o erro de proibição, assim, há o erro, quando o 
autor supõe que seu comportamento é lícito, fazendo um juízo equivocado sobre aquilo que 
lhe é permitido fazer na vida em sociedade. 
Os elementos da culpabilidade são, portanto, a imputabilidade, a possibilidade de 
conhecimento da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. 
- Imputabilidade: é quando o sujeito, de acordo com suas condições psíquicas, podia 
estruturar sua consciência e vontade de acordo com o direito. 
- Possibilidade de conhecimento da ilicitude: é quando o sujeito estava em condições de 
poder compreender a ilicitude de sua conduta. 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
- Exigibilidade de conduta diversa: é quando era possível o sujeito agir, nas circunstâncias, 
conduta diferente daquela do agente. 
Descriminantes putativas 
 § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, 
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
Isenção de pena: Falta de censura. Descriminar: falta de dolo. Localizamos aqui um erro do 
código penal. Algo não pode ser descriminado por isenção de pena. O correto seria “Não há 
de se punir quem...”. 
As descriminantes putativas são quando o agente supõe que está agindo licitamente ao 
imaginar que se encontram presentes os requisitos de uma das causas justificativas previstas 
em lei. 
Putativo = Imaginário, pensado mas inexistente. 
Erro determinado por terceiro 
 § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
Como designa o § 2º do art. 20, se o erro insuperável for causado por terceiro, somente este 
responde pelo delito. Para melhor exemplificar, vejamos o exemplo: o comerciante quer 
matar seu vizinho e não quer aparecer, no momento em que a empregada do vizinho vem 
comprar açúcar, maliciosamente lhe dá veneno e desse modo atinge seu objetivo, valendo-se 
do engano da empregada. 
No entanto, é também possível que o provocador do erro tenha agido por erro culposo, o 
mesmo ocorrendo com o executor do fato. Quem induz outra pessoa em erro, responde pelo 
crime por força da autoria mediata. Havendo provocação culposa deve o terceiro responder 
por crime culposo. Mas se o terceiro atuou dolosamente, responde pelo crime na forma 
dolosa. 
No caso do agente provocado (enganado), não responderá por nada se não tomou consciência 
do que fazia (erro plenamente justificado); responderá por culpa se agiu culposamente, ou 
seja, se podia evitar o resultado se tivesse atuado com cautela; responde por doloso se tomou 
consciência de tudo e deliberadamente executou o crime. 
Em suma, responde pelo crime de dolo ou culpa, de acordo com o elemento subjetivo do 
induzimento. 
“Erro culposo” não se confunde com “crime culposo”: O erro de tipo culposo, ou seja, erro 
evitável, sobreas hipóteses verdadeiras das descriminantes, não produz crime culposo. Pois, 
admitir a existência de culpa no erro de tipo permissivo (vencível), onde o agente prevê e 
quer o resultado produzido, forma uma violência traumática à estrutura e aos conceitos 
dogmáticos da teoria do crime. Assim, no erro culposo, a vontade se conduz à realização de 
algo proibido, cuja antijuricidade poderia ser capturada com maior atenção. No crime 
culposo, a vontade orienta-se para um fim lícito, sendo defeituosa apenas a respectiva 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
execução.A diferença de situações diz respeito à intencionalidade do resultado, já que na 
hipótese de descriminante putativa com erro de tipo permissivo o resultado é querido, 
enquanto no crime culposo o resultado nunca é querido, decorrendo de mera imprevisão de 
sua superveniência. O erro culposo pode ser evitado, no caso de erro sobre a ilicitude, mas o 
crime culposo permanece íntegro na sua natureza dolosa, somente diminuindo a pena. Pois 
quem mata uma pessoa, crendo erroneamente que seria agredido injustamente por ela, sabe 
que mata, mas acredita que na situação representada isso fosse lícito. 
 Erro sobre a pessoa 
 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as 
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
A primeira parte do § 3º do art. 20, diz que o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é 
praticado não isenta de pena, ou seja, não há exclusão da tipicidade do fato. O erro sobre a 
pessoa não excluí o crime, pois a norma penal não protege apenas a pessoa “A” ou “B”, mas 
sim todas as pessoas, sem distinção. Como por exemplo, suponha que “A” queira matar “B”, 
confundindo este na escuridão com “C”, que tem o mesmo porte físico, e mira este, matando-
o. Trata-se de erro acidental e o agente responde pelo homicídio porque pretendia praticar a 
conduta típica de matar alguém. 
Já a segunda parte, reza o seguinte: não se consideram, neste caso (erro sobre a pessoa), as 
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o 
crime. Significa que no que diz respeito ao crime cometido pelo sujeito não devem ser 
considerados os dados subjetivos da vítima efetiva, mas sim esses dados em relação à vítima 
virtual, que é quem o agente pretendia ofender. 
O error in persona é erro do tipo acidental e, ocorre quando o agente, querendo cometer o 
delito, erra subjetivamente sobre a pessoa da vítima, respondendo pelo crime como se fosse 
praticado contra o sujeito querido. 
Erro sobre a ilicitude do fato 
 Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, 
poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
 Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe 
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. 
 
Exemplo: Um argentino vem para o Brasil e, embora saiba que não se pode usar drogas, ele vê 
todo mundo usando lança perfume e não entende que isso é droga, usando também. Foi 
considerado erro sobre ilicitude do fato inevitável. 
Enquanto no erro de tipo o agente não sabe o que faz, no erro de proibição é o inverso, o 
agente sabe o que está fazendo, mas acredita que não é contrário à ordem jurídica, 
eliminando a culpabilidade, gerando a ausência de conhecimento ou a falsa interpretação da 
lei. Desde que infalível o erro, o agente não pode merecer censura pelo fato que praticou 
ignorando sua ilicitude. O erro de proibição não elimina o dolo; o agente pratica um fato 
típico, mas fica excluída a reprovabilidade da conduta. 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
Elementos a serem considerados: lei, fato e ilicitude (contradição entre lei e fato). 
- Ignorância da lei e desconhecimento do ilícito: Não é obrigado todas as pessoas saberem 
todas as normas existentes, mas o erro de proibição só é justificável se o sujeito não tem 
condições de conhecer a ilicitude de seu comportamento, infringindo desta forma, o 
dispositivo legal vigente. Portanto, a ignorância da lei não se confunde com a ausência de 
conhecimento da ilicitude. A ignorância da lei é o desconhecimento dos dispositivos 
legislados, já a ausência de conhecimento da ilicitude é o desconhecimento de que a 
ação é contrária ao Direito. 
Há várias espécies de erro de proibição, ainda não especificadas na doutrina, que podem ser 
a ignorância ou errada compreensão da lei penal; erro sobre os pressupostos verdadeiros das 
causas de isenção da antijuridicidade; erro sobre os limites de uma causa de justificação; etc. 
 
Coação irresistível e obediência hierárquica 
 Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de 
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. 
Coação: Pode ser tanto física quanto moral. Pune-se o autor da coação ou da ordem. 
Ordem: Tem relação com a ordem hierárquica, e o comando deve emanar de uma pessoa 
competente e ser executado estritamente (não pode exceder a ordem) e sem ser 
manifestadamente ilegal. 
Exclusão de ilicitude 
 Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 
 Não existe fato típico quando... 
 I - em estado de necessidade; 
 II - em legítima defesa; 
 III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Exercício regular do direito: Carrasco, cerca elétrica, esportes. 
Excesso punível 
 
 Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. 
Excesso: Age além do que deveria nos casos acima. Pode ser: 
• Doloso: Dou tiro na perna, pessoa fica inapta a atacar e eu ainda dou tiro na cabeça - 
Respondo por homicídio doloso. 
• Culposo: Mulher dá sonífero todo dia pro marido pra que ele não consiga bater nela, até 
que um dia dá demais e ele morre. 
Estado de necessidade 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
 Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua 
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
 § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
 § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
• Perigo atual e eminente, sendo que o perigo não pode ter sido provocado pela própria pessoa. 
• O terceiro não pode ter tido a intenção (caso furtuito de força maior), caso contrario é legitima 
defesa. 
• O dano deve ser inevitável, caso contrario é crime. 
• Não se pode ferir direitos mais importantes do que o ameaçado. 
• Subdivide-se em de terceiro (algumas doutrinas dizem que precisa ter consentimento do terceiro) e 
próprio. 
• Não cai nessa situação quem tinha dever legal de enfrentar o perigo. 
• Caso Interessante: Você esta com a boia e chega alguém e tenta roubar de você. Os dois 
estão em estado de necessidade, ou seja, ninguém comete crime - quem ficar com a boia 
vive. 
Legítima defesa 
 Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual 
ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
• Moderada, mas suficiente para extinguir a agressão. Tem que ser necessária. 
• Excesso de legitima defesa é crime. 
• Não tem princípio da razoabilidade desde que não passe damoderação. Exemplo interessante: Um 
ótimo atirador é atacado por um cara com uma faca. Se ele atira na cabeça (mesmo podendo atirar na 
perna, por exemplo), é legitima defesa? Sim. O cara pode ser um ótimo atirador de facas e matar 
você mesmo assim, ou seja, o perigo não teria sido extinto. 
• Embora ultrapassada, existe legitima defesa da honra. 
• Fugir de agressão não é obrigatório, o direito garante o revide. 
• Legitima Defesa Putativa (Art. 20 Parag. 1o): Dentro das circunstancias, o erro é plenamente 
justificável. 
 
Esquematização: 
 
1- Análise da Tipicidade: 
• Dolo 
• Culpa 
2- Ilícito? 
 
• Sim 
• Não - Exclusão de Ilicitude: 
o Legítima defesa 
o Estrito Cumprimento do Dever Legal 
o Exercício regular do direito 
o Estado de necessidade 
o Consentimento do ofendido [ex.: doação de órgão] 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
 
3- Culpável? Depende do potencial de consciência da ilicitude. 
• Imputabilidade 
o Inimputável - Figuras Problemáticas: 
� Silvícola (aquele que vive na floresta): Não integrado com a sociedade 
"branca" 
� Surdo-Mudo: possui déficit comunicacional 
� Louco: Sujeito a medida de segurança (aplicável aquele que possui mais de 
18 e não possui consciência do ato praticado. 
� Piromaníaco: Inimputável para crimes relacionados a fogo. 
� Cleptomaníaco: Inimputável para crimes relacionados a furto. 
o Semi-Imputável 
o Imputável 
� Emoção - aguda 
� Paixão - crônica 
• Potencial Consciência de Ilicitude 
• Exigibilidade do Comportamento Conforme do Direito - Artigo 22. 
 
Observações finais: 
• Pindura consta no artigo 176 do CP. 
• Maltrato ao animal: Quando alguém bate no cachorro, é. Mas e ao espetar minhoca na 
agulha e dar pro peixe, não se configura? Não. Existem animais superiores (com córtex) e 
inferiores (sem córtex). O córtex faz sentir dor. 
• Tipicidade do Crime: 
o Ação típica: "O tipo é uma espécie de portador do sentido da ilicitude". Nem todo 
o tipo de ação típica gera um ilícito. 
o Funções do Tipo 
� 1- Identificar as condutas criminosas 
� 2- Descriminar fatos atípicos 
• H. Velzel: Quando você pratica um crime você ja o faz com dolo e/ou culpa. 
• Mae fura orelha da filha. Por que não punimos com base no artigo 129? Qual a exclusão 
de ilicitude? Por que circuncisão masculina de judeus não é crime e circuncisão feminina 
é? Por que os que não são proibidos não produzem qualquer possibilidade de lesão da 
integridade física. 
• Juristas alemães importantes: K. Engisch, E. Beling 
• Não há diferença ontológica entre crime e contravenção (em teoria são a mesma coisa, 
mas possuem diferenças). 
 
 
 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
O Código Penal - Parte Geral 
Comentado por Letícia Machado Haertel 
Baseado na Aula do Prof. Sérgio Shecaira 
 TÍTULO III - DA IMPUTABILIDADE 
PENAL 
Inimputáveis 
 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao 
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
Inimputabilidade por doença mental: resulta de qualquer alteração mórbida das faculdades 
mentais, quaisquer sejam os sintomas. Pessoas que têm determinada doença mental quando 
agem de forma que corrobore com o seu problema são consideradas inimputáveis. Exemplo: um 
piromaníaco que bota fogo numa casa e mata alguém nesse incêndio, se comprovada a doença 
mental, é inimputável; já um downiano é inimputável em qualquer caso. Obs.: Piromaníacos e 
cleptomaníacos, por exemplo, só são inimputáveis no delito ao qual a doença se relaciona. 
Obs. geral: Silvícola (indígena) - é inimputável em qualquer circunstância quando não tem 
contato (não integrado) em absoluto com o “branco” (tribos isoladas). Quando o silvícola é 
parcialmente integrado com o homem branco, a sua imputabilidade depende de parecer da 
FUNAI que dirá quanto contato as duas sociedades têm, se o silvícola é considerado integrado 
ao branco, ele é imputável.O louco não pode ser penalizado em regime fechado, ele é submetido 
a uma medida de segurança, ou seja, a retirada do convívio social mediante a sua internação em 
um hospital psiquiátrico até que ele seja considerado curado. Essa medida tem fundamento 
curativo e não punitivo. 
Tipos de sanção (de acordo com a condição ou situação particular): 
• Pena 
• Medida de segurança 
• Medida socioeconômica 
Redução de pena 
 Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou 
por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Semi imputabilidade (o conceito e a definição de doença mental não dependem apenas de um 
ponto de vista médico). 
Menores de dezoito anos 
 Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na 
legislação especial. 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
No Brasil, menor de 12 anos é inimputável e não pode ser considerado responsável por seus atos 
nem de acordo com o E.C.A. A partir de 12 anos o adolescente pode ser responsabilizado por 
seus atos, embora não possa ser penalmente punido até completar 18 anos. Assim, quem pratica 
um ato delituoso e tem menos de 18 anos é inimputável do ponto de vista penal, porém ele é 
responsável do ponto de vista do E.C.A (no estatuto, tal ato é chamado infracionário). 
O E.C.A tem a maioria dos atos e das penas transcritas de uma forma diferente. Os atos penais 
têm correspondência no E.C.A, com exceção da progressão temporal de pena (e lá a pena 
máxima é de 3 anos) 
Emoção e paixão 
 Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
 I - a emoção ou a paixão; 
Obs.: Art. 65 do código penal fala que algumas circunstancias atenuam a pena, como: 
 "III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; c) 
cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade 
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; e) 
cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou." 
Embriaguez 
 II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
Portanto cabem coisas análogas que tiram a consciência. 
 
Tipos: 
• Voluntária - Não exclui responsabilidade Penal. 
• Culposa - Não exclui responsabilidade penal, mas pode atenuar a pena. 
• Preordenada - Você se embebeda para ter coragem para cometer um crime. Agrava a 
pena. (Artigo 61 inciso l: São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem 
ou qualificam o crime: l) em estado de embriaguez preordenada). 
• Patológica - Decorre do alcoolismo crônico. Se comprovado, inimputável. 
• Por força maior: 
 § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
 § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, 
não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. 
Artificio utilizado para diferenciação: 
"Actio libere in causa" - Ação livre na origem, na causa do delito. 
Criado para não avaliar qualquer responsabilidade no ato delituoso, mas sim no ato anterior.Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
Só não é aplicada no alcoolismo, porque a origem esta num momento extremamente longínquo. 
Dizem que é inconstitucional, por que você só pode punir por culpa, a qual é avaliada no 
momento do delito. Fazem vista grossa porque senão seriam inconstitucionais todos os artigos 
sobre embriaguez, o que geraria problemas para sociedade. 
 
Obs.: Não é exigida consciência real da ilicitude, mas sim potencial da mesma. Relacionado 
com o fato de que ninguém é escusável por não conhecimento da lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Letícia Machado Haertel (186-13) 2013 
 
O Código Penal - Parte Geral 
Comentado por Letícia Haertel 
Baseado na aula do Prof. Shecaira 
TÍTULO IV – DO CONCURSO DE PESSOAS 
Regras comuns às penas privativas de liberdade 
 Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. 
Concorrentes podem ser: 
• Coautores: quando varias pessoas participam da execução do crime. Todos os co-
autores possuem co-dominio do delito. Existem 3 requisitos para tal: Pluralidade de 
condutas, relevância causal e jurídica delas e vinculo subjetivo entre co-autores. 
o Composição: parte objetiva (concretização do fato) e subjetiva (acordo entre 
agentes). Às vezes o coautor não está presente no ato mas é coautor do crime. 
o Regras: Só existe coautoria em crimes dolosos. A todos os coautores são 
imputadas as contribuições individuais. Há tentativa desde que um começa e, 
começando pra um, começa pra todos. (Para mais, acesse 
http://jus.com.br/revista/texto/8120/conceito-de-co-autoria-em-direito-penal.) 
• Partícipes: Contribui de alguma outra forma para a concretização do delito. 
o Modalidade Moral: Instigador. 
o Modalidade Material: Cúmplice. Fornece o que alguém precisa pra cometer o 
crime. 
 § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
Fala-se do partícipe. 
 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será 
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
É irrelevante num crime de latrocínio quem deu o tiro. O relevante é que algum tiro produziu 
resultado morte. Quem deu tiro tem culpabilidade maior? Sim. Então entra no caput. 
Então o que entra no parágrafo segundo? Exemplo: dois assaltantes combinam de furtar uma 
casa, e um deles estupra uma mulher enquanto o faz. Então o que não fez isso não é 
imputado. 
 Circunstâncias incomunicáveis 
 Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
 Casos de impunibilidade 
 Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o 
crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

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