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Estrutura e Replicação do DNA Antes da estrutura do DNA ter sido elucidada, estudos indicaram que o material hereditário tinha necessariamente três propriedades chave: 1. A sua estrutura deve assegurar a replicação �el, uma vez que essencialmente todas as células do corpo de um organismo apresentam a mesma constituição genética; 2. Precisa ter um conteúdo informativo que possibilite codi�car a constelação de proteínas expressas por um organismo; 3. E embora precise ter uma estrutura estável que possa cumprir essas duas propriedades mencionadas, o DNA também deve ser capaz de mudar em ocasiões raras, tendo em vista as alterações hereditárias cujas mudanças ou mutações possibilitam a evolução biológica. Elucidação A estrutura da molécula de DNA foi decifrada em 1953 por Watson e Crick. Esse grande feito contou com as descobertas e resultados que haviam sido obtidos desde Mendel. Para citar alguns atores importantes e mais recentes nessa história, começo por Avery, MacLeod e McCarty. O EXPERIMENTO DE AVERY-MACLEOD-MCCARTY Resumidamente, acreditava- se naquela época que a molécula responsável pela transmissão da informação genética devia ser composto por proteínas ou pelo ácido desoxirribonucleico, uma vez que ambos estavam entre os constituintes mais frequentes da célula. Parecia o mais lógico que fosse constituído por proteínas, já que há uma enorme variedade delas no organismo e o DNA, por sua vez, aparentava não ser tão interessante, pois era constituído apenas por açúcar, fosfato e bases nitrogenadas. Entretanto, estes três pesquisadores conseguiram provar em 1944 que o princípio da transformação bacteriana, identi�cado pela primeira vez por Gri�ith, em 1927, era decorrente da informação genética passada pelo DNA, uma vez que ao usar enzimas que degradavam proteínas, o princípio transformador continuava alterando, transformando as linhagens bacterianas não-virulentas em virulentas, porém, ao usarem enzimas que dragadavam o DNA,o princípio transformador deixava de operar. Outros pesquisadores envolvidos na elucidação da estrutura do DNA foram Maurice Wilkins físico e cristalógrafo, diretor do laboratório do Kings Co�ege em Londres, onde a cientista Rosalind Franklin, sua colaboradora, também trabalhava com difração dos raios-X e obteve a famosa foto 51 - primeira pista segura da estrutura do DNA, embora não seja assim tão evidentes a uma simples olhada, a não ser usando alguns cálculos. Nos Estados Unidos, dois pesquisadores �zeram também grandes contribuições a essa pesquisa, como Erwin Charga�, um austríaco que imigrou para os Estados Unidos no período do nazismo, usou o método da cromatogra�a para separar as quatro bases que integram a molécula de DNA em vários organismos. Em resumo, Charga� identi�cou que a proporção de resíduos de adenina ou de base de adenina equivale aos resíduos de timina, e a quantidade de resíduos de citosina equivalem aos de guanina. Seus achados refutaram a hipótese dos tetranucleotídeos que estabelecia, na época, que as quatro bases existiam em igual proporção no DNA. Também nos Estados Unidos, Linus Pauling, químico extremamente habilidoso em decifrar estruturas moleculares complexas, considerado o pai da ligação química, chegou bem perto de elucidar a questão; foi um alívio aliás para Watson e Crick quando leram o artigo de Pauling que propunha um modelo que já havia sido descartado pelos dois pesquisadores no ano anterior. Ele propôs que a molécula de DNA era tripla hélice e com as bases situadas externamente a molécula. James Watson e Francis Crick se conheceram em 1951 quando eram estudantes de pós-graduação na universidade Cambridge na Inglaterra. Watson, químico norte-americano, e Crick, físico inglês, elucidaram após dois anos a estrutura do DNA ao publicar um artigo na revista Nature, provocando uma revolução em diversos campos da Ciências Composição do DNA Como substância química, o DNA é consideravelmente simples e contém três tipos de componentes químicos: um grupamento fosfato ligado a um açúcar, por sua vez, ligado a uma base nitrogenada. O açúcar no DNA é do grupo das pentoses, composto por cinco átomos de carbono. Esses átomos são designados de 1’ a 5’ para diferenciar dos átomos de carbono presentes nas bases nitrogenadas. O açúcar do DNA é denominado desoxirribose, pois apresenta apenas um átomo de hidrogênio ligado ao carbono 2’; contrariamente à ribose, outra pentose que apresentam um grupo hidroxila na mesma posição, e é o açúcar do ácido ribonucleico, o RNA. Ambos são ácidos nucleicos, uma vez que foram isolados pela primeira vez no núcleo celular, no entanto, o RNA após ser gerado no núcleo da célula eucariota, se move para o citoplasma em um momento especí�co da expressão gênica, enquanto o DNA permanece no núcleo. - Por que ácido nucleico e desoxirribonucleico? Devido ao radical fosfato que é um derivado do ácido fosfórico que está ligado ao carbono 5’ da molécula de açúcar. Podem ser incorporados até três radicais fosfato ao carbono 5’ da molécula de açúcar. As quatro bases do DNA são adenina (A), timina (T), citosina (C) e guanina (G). Observe que temos bases com estrutura em forma de 2 anéis: adenina e guanina; e bases de um anel: timina e citosina. As bases de dois anéis são denominadas bases purinas e as de um anel, bases pirimidinas. Elas são as mesmas bases do RNA com exceção da timina que, neste caso, é substituída pela uracila. Quando temos uma base nitrogenada ligada à pentose ou ao açúcar, isso representa um nucleosídeo; ao ser incorporado um grupamento fosfato, forma-se o nucleotídeo que é a estrutura básica dos ácidos nucleicos. ● Base nitrogenada + Pentose = Nucleosídeo ● Nucleosídeo + Fosfato = Nucleotídeo Estrutura do DNA DNA podemos de�nir como uma molécula polimérica. - O que quer dizer uma molécula polimérica? ● Um polímero é uma molécula de cadeia longa que contém inúmeras unidades individuais, chamadas monômeros, unidas em séries. No caso do DNA, assim como no RNA, os monômeros são nucleotídeos. ● O DNA também pode ser de�nido como um polinucleotídeo de cadeia dupla e o RNA como um polinucleotídeo de cadeia única. Formação da Cadeia Polinucleotídica ● As ligações fosfodiéster conectam os nucleotídeos na mesma cadeia. ○ Uma ligação fosfodiéster conecta o átomo de carbono 5’ de uma desoxirribose ao átomo de carbono 3’ da desoxirribose adjacente. Exemplo: DESCRIÇÃO Essa cadeia polinucleotídica tem três nucleotídeos incorporados. Ela inicia com um nucleotídeo cujo carbono 5’ da desoxirribose está ligado ao grupamento fosfato; a cadeia cresce da esquerda para a direita (↘), incorporando o próximo nucleotídeo. ● A polaridade dessa cadeia é 5’ terminal para 3’ terminal ou 5’ para 3’. Podemos observar que há um monofosfato - a forma trifosfatase observada quando o nucleotídeo não está incorporado ao DNA - ao ser incorporado à cadeia polinucleotídica,ele sofre um ataque nucleofílico da hidroxila ligada ao carbono 3’ da pentose e, nesse exemplo, são perdidos dois grupamentos fosfatos, também chamados de pirofosfatos. Esse processo libera água (H 2 O) e prótons, formando a ligação fosfodiéster que une os nucleotídeos na mesma cadeia, conectando o carbono 5’ da desoxirribose do nucleotídeo que acaba de entrar e o carbono 3’ do nucleotídeo, no caso, o carbono 3’ no açúcar do nucleotídeo que já está presente ou incorporado a cadeia. Por �m, temos o fosfato e o açúcar em sequência e as bases em direção oposta, ligadas ao carbono 1’ do açúcar por ligações n-glicosídicas. Estrutura do DNA O DNA é um polinucleotídeo de �ta dupla. Como vimos anteriormente, o açúcar e o fosfato estão situados externamente à molécula e internamente temos as bases nitrogenadas. No esquema, a estrutura em azul representa o arcabouço de açúcar e fosfato e no interior temos as bases nitrogenadas pareadas. - Como as duas cadeias polinucleotídicas são ligadas? Por ligações de hidrogênio ou pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas. Elas são denominadas nitrogenadas, pois é pela presença desses nitrogênios eletronegativos que são atraídos os prótons de hidrogênio para que se formem as pontes entre as bases. O pareamento é feito entre bases purinas e pirimidinas, ou seja bases de dois anéis e bases de um anel. A adenina sempre pareia com a timina (vice-versa) e há entre elas duas pontes de hidrogênio; ao passo que citosina sempre pareia com guanina (vice-versa) e entre elas há três pontes de hidrogênio: A=T e C ☰ G. A ligação entre as bases é complementar, desse modo, conhecendo a sequência de uma das cadeias polinucleotídicas é possível inferir a sequência da outra. É mais fácil romper a ligação entre adenina e timina, uma vez que há duas pontes de hidrogênio, do que citosina e guanina, com três pontes. Isso foi comprovado experimentalmente, porque essas ligações de hidrogênio podem ser desfeitas pela temperatura e é necessário uma temperatura mais elevada para desnaturar ou desfazer as ligações de hidrogênio entre citosina e guanina. Outra característica da molécula de DNA importante é que as cadeias polinucleotídicas têm a polaridade oposta, ou seja, são antiparalelas. - De que modo? De um lado, por exemplo, temos o terminal 3’ livre e na outra extremidade o terminal 5’ , na cadeia complementar, temos justamente o carbono 5’ e na outra extremidade o terminal 3’, ou seja, 3’-5’ e 5’-3’. Essa foi uma importante descoberta de Watson e Crick sobre a estrutura do DNA, pois decifrou como as bases estão dispostas de modo a manter os átomos de nitrogênio voltados uns para os outros em ambas as cadeias, possibilitando a formação de pontes de hidrogênio entre elas. Por outro lado, os grupos fosfato, que tem carga negativa e que estão no arcabouço junto com a ribose, exatamente por terem essa carga negativa, tendem a se afastar e, desse modo, com essas duas forças de atração e repulsão a estrutura é mantida estável. Outra característica da carga negativa do fosfato é que torna a molécula de DNA extremamente hidrofílica, ou seja, ela é atraída pela água e tende a se dissolver nela. Estrutura da Dupla Hélice do DNA Quando os dois �lamentos polinucleotídeos complementares estão pareados com polaridade inversa, automaticamente assumem a conformação de dupla hélice, principalmente pela interação dos pares de bases adenina e timina; citosina e guanina, que são estruturas achatadas e que se empilham uma sobre as outras no centro da dupla-hélice. O empilhamento dá estabilidade à molécula, excluindo as moléculas de água dos espaços entre as bases hidrofóbicas, ou seja, tem aversão pela água/ são repelidas pela água. Como elas constituem a informação genética importante �cam resguardadas no interior da molécula da ação enzimática e de radicais livres. A forma estável da dupla-hélice é aquela com dois tamanhos distintos de sulcos na espiral: um sulco maior e um sulco menor. A maioria da associação do DNA com proteínas ocorre no sulco maior ou nos sulcos maiores, sendo importante tanto no processo de replicação, do qual participam de diversas enzimas, quanto para expressão gênica. Um único �lamento de polinucleotídeo não assume a estrutura helicoidal, como RNA por exemplo. A forma helicoidal depende TOTALMENTE do empilhamento das bases nos �lamentos de polaridade inversa. Hélice dextrogira - Forma B O modelo da dupla-hélice de DNA descrito por Watson e Crick é com giro para direita ou hélice dextrogira, que corresponde a forma B do DNA. Nesse modelo, a cada 10,5 pares de base há um giro completo para direita. É a forma predominantemente encontrada nas células, possuindo 2,37 nm de diâmetro. A forma A também tem um giro para direita, no entanto, é mais curta e mais larga (2,55 nm) do que a forma B, ocorrendo sob condições não �siológicas em amostras de DNA desidratadas, enquanto na célula pode ser produzida por pareamento híbrido de DNA e RNA ou pelo complexo enzima-DNA. A forma Z tem giro para esquerda, é mais estreita e alongada (1,84 nm) do que a formas B e pode ser reconhecida por proteínas especí�cas de ligação com um Z-DNA, podendo estar envolvida na regulação da transcrição gênica.
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