Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Referência: MedcursoAlex Lima 2 DIP – P2 PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE Fisiopatologia · Principal mecanismo/fisiopatologia: microaspiração de patógenos que colonizam a nasofaringe; · Outros mecanismos: · Inalação; · Hematogênica: clássico nas pneumonias por staphylo. · Extensão direta (mais raro); Etiologia Geral elencada por frequência: varia de acordo com a bibliografia 1. Pneumococo; típico (aquele que tem parede celular de peptídeo glicano susceptível a betalactâmicos. Além disso, cora bem pelo gram -), maior responsável por pneumonia de apresentação típica. 2. Micoplasma; atípico (principal classe de ATB: macrolídeo. Não responde bem a betalactâmico, além de não corar bem pelo gram), maior responsável por pneumonia de apresentação atípica. C. pneumoniae; segundo atípico mais comum. 3. Vírus; atípico. 4. Haemophilus; típico, principal agente da descompensação da DPOC. 5. Legionella; atípico, mas causa pneumonia de apresentação típica. · Pneumococo (principal das pneumonias típicas): · Típico (diplococo gram +); · Mais comum, geralmente causa quadro de pneumonia típica; · Diagnóstico – antígeno urinário; · Pode causar qualquer alteração radiológica – derrame pleural, pneumonia redonda (ou pseudotumoral); · Risco de resistência ao beta-lactâmico (no Brasil a resistência ainda não é tão importante) · Quando pensar no risco de resistência? · ATB <3 meses, comorbidades e imunossupressão; · Micoplasma (principal agente atípico que geralmente causa pneumonias atípicas): · Atípico (não tem parede celular, não cora pelo gram); · Síndrome gripal (gripão, pneumonia atípica) + otalgia (clássico, mas não comum) e miringite bolhosa, anemia hemolítica (clássico, mas não é comum), aumento de IgM, Stevens-Johnson, Raynaud, SGB; · Tratamento – macrolídeos, já que não responde bem a betalactãmicos; · C. pneumoniae (atípico): · Atípico (intracelular e gram -); · Quadro atípico, leve · Tosse, febre e classicamente apresenta sintomas de VAS (faringite, laringite, sinusite); · Tratamento – macrolídeo C. trachomatis (IST, tracoma) C. psitacci (pode provocar pneumonia em pacientes que trabalham com pássaros, notadamente pombos/galinhas); · Vírus influenza: · Clínica – febre, tosse normalmente seca, fadiga e “algias”; · Pode evoluir com S. respiratória aguda grave (SRAG) – · Síndrome gripal + dispneia ou desconforto, SatO2 < 95%, piora na doença de base, diminuição da PA; · Diagnóstico – Swab de nasofaringe + PCR; · Tratamento (para SRAG ou alto risco) – oseltamivir – pra prática, eficácia pífia: · Idade <5 ou <2 anos, ≥60 anos, imunodeprimido e comorbidades, indígena, IMC ≥40, gestante e puérpera; · Haemophilus influenza · Típico (cocobacilo gram -); · Bacteriano mais comum da descompensação de DPOC; · Legionella (relação com inalação, ar-condicionado): · Atípico (bacilo gram -, mas pode ser encontrada na forma filamentada e multinucleada); · Provoca quadro típico, mesmo sendo um agente atípico; · Quadro típico grave + sinal de Faget (febre com bradicardia ou sem taquicardia), poucos provocam alterações TGI como a legionella: diarreia, dor abdominal, hiponatremia, elevação de transaminases; · Diagnóstico – antígeno urinário, assim como o pneumococo; · Tratamento – macrolídeo; · Moraxella catarrhalis: · Típico (diplococo gram -); · Relação com DPOC; · Quanto mais tempo de corticoide, maior a chance de ser por M. catarrhalis; · Klebsiella: · Típico (bastonete gram -); · Quadro grave em etilistas e diabéticos (a presença da Klebisiella é clássica, mas lembrando de que pneumococo é o principal); · Pode causar – PNM do lobo pesado: abaulamento da cisura; · S. aureus: · Típico (coco gram + em cachos); · Quadro grave em: · Neonatos, lactentes, pós-influenza, usuários de drogas IV, fibrose cística, bronquiectasias (doenças pulmonares estruturais graves); · Pode causar qualquer alteração radiográfica – pneumatoceles: para tratar, trata-se a pneumonia (se romper pode provocar piopneumotórax, já que é infeccioso), derrame pleural, PNM necrosante (<2cm, é uma bolotinha), abscesso (≥2cm, é uma bolotona); · Pseudomonas: · Típico (bacilo gram -); · Quadro típico e grave em paciente com doença estrutural pulmonar – fibrose, cística, bronquiectasia, neutropênicos, uso de corticoide e paciente DPOC que usou ATB há pouco tempo. Quando procurar o agente específico? Geralmente o tratamento é empírico (geralmente inicia tratamento pneumococo, dada a frequência), mas busca quando: · Refratários; · Todo pacientes internados, graves e em UTI; · Procurar com · Escarro (exame direto e cultura) · Hemocultura, antígeno urinário (pneumococo, legionella), testes moleculares (Filme Array Respiratory Panel – 17 vírus + M. pneumoniae e C. pneumoniae e Bordetella pertussis; Nxtag Respiratory Pathogen Panel – 18 vírus + M. pneumoniae e C. pneumoniae); Quadro Clínico O quadro clínico não é suficiente para determinar o agente, os achado ao exame físico não são muito S e E para pneumonia, por isso a terminologia de pneumonia típica/atípica tem sido deixada de lado, tem-se usado apresentação. · Apresentação típica: · Febre, tosse produtiva, dispneia, dor torácica; · Crepitações, aumento do frêmito TV, broncofonia; · RX – broncopneumonia ou pneumonia lobar; · Agente mais comum – pneumococo; · Apresentação atípica: quadro de “gripão” · Febre baixa, tosse; · Exame respiratório geralmente pobre; · RX – padrão intersticial; · Agente mais comum – micoplasma; Diagnóstico · Padrão ouro é biópsia pulmonar, mas geralmente não faz; · Mas quadro clínico + imagem me permite chegar ao diagnóstico na maioria das vezes · Radiografia de tórax PA e perfil · USG de tórax – S e E > RX · TC de tórax S > USG); · Para começar o tratamento não precisa de exame imagem, mas ajuda no diagnóstico e identifica complicações; Prognóstico · Procalcitonina: quanto maior o nível maior a gravidade e a chance do quadro clínico ser provocado por pneumonia bacteriana, e consequentemente de ser atípica e de maior mortalidade. · Proteína C reativa: basicamente é um marcador de inflamação, quanto maior, mais inflamado e esse paciente tanto se beneficia da adição de corticoide ao tratamento quanto maior a inflamação; Local de tratamento · CURB 65: fala sobre a necessidade ou não de internação Variável Pontos C Confusão mental 1 U Ureia: ≥43 (50, no Br) 1 R FR: ≥30 irpm 1 B Baixa PA: PAS <90 ou PAD ≤60 1 65 ≥ 65 1 · 0-1: em princípio pode ser liberado para tratamento ambulatorial: mortalidade baixa de 1,5% · 2: considerar internação: mortalidade intermediária de 9,2% · ≥ 3: internação: mortalidade alta 22% · 4-5: avaliar UTI CRB 65: Variável Pontos C Confusão mental 1 R FR: ≥30 irpm 1 B Baixa PA: PAS <90 ou PAD ≤60 1 65 ≥ 65 1 · 0: candidato a tratamento ambulatorial: mortalidade baixa de 1,2% · 1-2: considerar internação: mortalidade intermediária de 8,15% · ≥ 3: internação: mortalidade alta 22% IDAS/ATS (fala sobre necessidade de internamento em UTI) 1 critério maior ou 3 menores: · Critérios maiores: · Necessidade de ventilação mecânica; · Choque séptico; · Critérios menores: · CURB, sem o 65; · Temperatura <36 ºC; · Relação P/F (prejuízo de oxigenação) ≤250; · Acometimento multilobar; · Leucócitos <4 mil; · Plaquetas <100 mil; Importante solicitar radiografia, gasometria – relação P/F – e hemograma; e ureia, obviamente. Tratamento · Hígido (ambulatorial): beta-lactâmico ou macrolídeo ou doxiciclina (consenso brasileiro não cita); · Beta-lactâmico – Amoxicilina com ou sem Clavulanato (inibidor da lactamase) por 7 dias; · Macrolídeo – Claritromicina por 7 dias ou Azitromicina por 3-5 dias; O beta-lactâmico não serve para agentes atípicos, mas o macrolídeo serve para típicos e atípicos; · Comorbidades / ATB prévio 30-90dias/ quadro + grave, mas ainda ambulatorial: · “Não pode errar, para não dar erro... Então associa” · Beta-lactâmico + Macrolídeo por 5-7 dias; · Alergia a beta-lactâmico e macrolídeo: · Quinolona respiratória (moxi/levofloxacino 5-7 dias), apesar de ser um ótimo medicamentopossui algumas complicações (tendinite, neuropatia, alterações psíquicas, aneurisma de aorta), antes era medicamento de escolha; · Internação em enfermaria: · Beta-lactâmico (cefalosporina de 3ª geração ou ampi + sulbactram) + macrolídeo (associa se pensar em risco de legionella) por 7-10 dias. · Monoterapia – cefalosporina de 3ª geração (cefitriaxona ou cefotaxima) ou amoxicilina + clavulanato ou quinolona respiratória por 7-10 dias. · Internação em UTI: · Tratar por 7-14 dias; · Associação – beta-lactâmico + macrolídeo ou quinolona respiratória; · Corticoide: · Quadros mais grave, com maior grau de inflamação. Principalmente em paciente internados. · Questiona-se se PCR pode ajudar nessa escolha; Cipro é uma quinolona, mas não é respiratória, não pega bem streptococo, nunca é feito de modo isolado. Controle do quadro: · Clínico em 48-72h (se não melhorar ou piorar deve procurar atendimento médico); · Questiona-se eficácia do controle radiológico dado que a imagem se comporta de modo controverso e conta com muitas variações de literatura. PAC por anaeróbios · Fatores de risco: · Dentes em mau estado + macroaspiração · (alcoólatra, diminuição da consciência, distúrbios da deglutição); · A aspiração geralmente leva o organismo para o pulmão direito, dado a angulação do bronco fonte, geralmente em parte posterior do lobo superior ou parte superior do lobo inferior; · Tende a evoluir de forma lenta; · Infecção polimicrobiana; por isso o escarro é muito pouco útil, dado que mistura anaeróbios com aeróbios da cavidade oral. Tratamento: · ATB precisa penetrar bem no pulmão e precisa agir contra anaeróbio e aeróbio. · Clindamicina ou Amoxicilina/Clavulanato por 3 semanas; · Cirurgia do abscesso: · Bem indicada quando paciente não responde bem ao ATB, por exemplo, se sem melhora em 7-10 dias ou se abcesso > 6-8 cm; Complicações da pneumonia Derrame pleural · Todo paciente que tem PNM com DP tem que ter DP puncionado: toracocentese; mas nem todo paciente pode ser submetido a uma toracocentese segura... · A toracocentese só é segura se: · RX em perfil com DP com altura >5m; e/ou · Decúbito lateral (laurell) com DP com altura >1cm; Análise do líquido · Derrame simples: · Presença de exsudato estéril; não há contaminação, só inflamação. · Coloração amarela claro. Critérios para que seja considerado exsudato Apenas um desses é necessário para categorizar como exsudato. Relação proteína pleural e sérica >0,5 Relação entre DHL do líquido pleural e sérica >0,6 DHL pleural >2/3 do limite superior no soro Sim · Derrame complicado/”contaminado”: · Presença de exsudato com bacteriologia positiva; mas, pode ser negativa, além do fator “tempo”, para que o exame fique pronto. · pH <7,2; consumo de energia, metabolismo aeróbio · Glicose <40-60 mg/dL; aumento do consumo de energia · LDH >1000; marcador de alteração inflamatória. · Coloração amarela claro. · Se não tratar, vira empiema. “é um epiema que foi diagnosticado no inicio” · Empiema: · Exsudato purulento; Conduta: · Trata a inflamação ao tratar a infecção! · DP simples – manter ATB; · DP complicado/empiema – manter ATB + drenagem (para evitar a fibrose e encarceramento pulmonar) · Se não melhorar: reavaliar ATB drenagem · Tudo certo (ATB adequado e dreno adequado/funcionamento correto)? Sim, então o que provavelmente está acontecendo é que há traves nessa pleura que não permite que o empiema seja drenado, por isso, pensa-se em “quebrar essas trabéculas” · Pode ser abordado de modo cirúrgico: Pleuroscopia (VATS) + lise de aderências ou · Quimicamente: Fibrinolítico: tPA (pra quebrar) + mucolítico Dnase intrapleural (pra fluidificar) + novo dreno ;
Compartilhar