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1UNIDADE 1Psicologia da comunicação
Objetivos de aprendizagem
 � Estudar a psicologia envolvida no processo de 
comunicação visual.
 � Conhecer a teoria da Gestalt do objeto.
 � Ter conhecimento das implicações existentes no 
mecanismo de memorização.
 � Ter conhecimento das implicações geradas nas decisões 
de projeto e que são explicadas pela psicologia.
Seções de estudo
Seção 1 O que é Gestalt?
Seção 2 Um pouco da história
Seção 3 Percepção da forma
Seção 4 Os princípios da Gestalt
Seção 5 Os mecanismos de memorização
Seção 6 Restrições de tempo em relação à memorização
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Quando você olha para uma página Web, para uma figura ou 
mesmo um documento impresso, você organiza o que está vendo, 
tenta impor uma estrutura e fazer conexões. Seu cérebro tenta 
decompor as imagens ao mesmo tempo em que tenta organizar 
estas partes de acordo com suas similaridades de cor, tamanho, 
textura e forma. Posteriormente, as partes são reagrupadas em 
um conjunto que permite a compreensão do seu significado. 
Durante esta unidade, você terá um contato muito próximo com 
a teoria da Gestalt, muito conhecida como o estudo das formas 
e que procura estabelecer relações por meio das quais as partes da 
imagem são agrupadas na percepção visual.
No decorrer de seu estudo, você fará uma incursão sobre os 
princípios que dão forma à teoria e justificam sua utilização. Você 
vai perceber que o bom uso dos princípios da Gestalt explica, 
muitas vezes, o sucesso de técnicas de projeto visual.
Nesta unidade, você também explorará o universo da memória: 
por que lembramos de fatos ocorridos há 10 anos, mas não 
lembramos de fatos lidos em uma revista há uma semana?
O complexo mecanismo da memória e sua boa utilização na 
construção de um projeto de interface serão discutidos no 
decorrer da unidade.
Seção 1 - O que é Gestalt?
A palavra Gestalt tem origem germânica e significa forma, 
forma regular ou ainda configuração. A teoria da Gestalt surgiu 
nas primeiras décadas do século passado (1920), ao mesmo tempo 
em que a Europa saía de um de seus períodos mais conturbados 
da história - a Primeira Guerra Mundial.
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Unidade 1
Figura 1.2 - O castelo 
Fonte: Freeservers (2010).
Figura 1.1 - A Primeira Guerra Mundial 
Fonte: Guerras no mundo (2010).
A Gestalt é uma escola de psicologia experimental atuante 
principalmente na área da teoria da forma. Suas contribuições 
foram fundamentais ao estudo da percepção, sensação do 
movimento, linguagem, memória, inteligência, entre outros. 
Os gestaltistas queriam compreender quais os processos psicológicos 
que estavam envolvidos na ilusão de ótica. O que acontece ou como 
acontece quando um estímulo físico é percebido pelo ser humano 
com uma forma diferente do que ele é na realidade.
Na Figura 1.2 você não tem a “impressão” de que todas 
as pessoas estão o tempo todo subindo a escada? Por 
quê? É uma ilusão de ótica de movimento contínuo.
Quantas cores você acredita terem sido usadas na Figura 1.3? 
Na verdade, temos somente 2 tons de amarelo e 1 de azul, mas 
parecem ter sido usadas bem mais, não é mesmo?
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Figura 1.3 - A ilusão das cores
Fonte: Freeservers (2010).
Você costuma ir ao cinema? O movimento que vemos na tela 
é uma ilusão de ótica causada pelo fenômeno da pós-imagem 
retiniana. As imagens vão se sobrepondo em nossa retina e o que 
percebemos é um movimento. Mas o cinema que você vê é na 
verdade uma sequência de fotografias estáticas projetadas na tela.
Além de explicar por meio de suas premissas este tipo de “ilusão”, a 
Gestalt sugere uma resposta ao porquê de certas formas agradarem 
mais que outras; apoiando-se na fisiologia do sistema nervoso e na 
psicologia, comprovadas por meio de experimentos e pesquisas.
Seção 2 - Um pouco da história
Em seu início, havia duas correntes na Gestalt, a dos dualistas e 
a dos monistas. Os dualistas acreditavam que perceberíamos os 
elementos separadamente e só então eles formariam o todo, por 
meio de uma ação do espírito, de uma percepção mental. Um 
desenho seria visto como partes, mas a forma total que percebemos 
estaria interligada pelo espírito que uniria seus elementos.
Os monistas, por sua vez, sustentavam a ideia de que as partes 
dependem mais do todo e que o todo determina a ordem das partes. 
Para os monistas, forma e matéria não são separáveis, portanto, os 
elementos de uma forma não existem separadamente. As partes são 
vistas como elementos formadores do todo. Em outras palavras, se 
modificarmos algum elemento, o todo também será alterado.
Quando em uma página mudamos a cor do fundo (Figura 1.4) 
percebemos a mudança do todo (os elementos se modificam) e 
não apenas do fundo. 
As imagens não são apagadas 
imediatamente da retina.
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Unidade 1
 
Figura 1.4 - O conceito monista: o todo determina as partes 
Fonte: Meu Livro... (2010).
A concepção monista acabou sendo a teoria polarizadora. Seus 
principais defensores, Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang 
Köhler, acabaram por se tornar figuras de maior importância na 
escola da Gestalt. Os princípios da Gestalt estenderam-se além 
da psicologia, para áreas como a Física e a Filosofia.
Seção 3 - Percepção da forma
O dicionário define percepção como o ato de 
adquirir o conhecimento de um fato, ser ou objeto, 
através dos sentidos.
Segundo a Gestalt, a percepção da forma pelo cérebro é sempre 
uma percepção global dos estímulos, ou seja, o cérebro não enxerga 
elementos isolados. O olho humano tende a agrupar as várias 
unidades de um campo visual para formar um todo, portanto, 
enxergamos o todo e não partes dele. Na figura, a seguir, os dois 
círculos centrais são de igual tamanho, mas parecem diferentes. 
Essa ilusão é provocada pela percepção total do conjunto. A noção 
de tamanho do círculo se dá pela dependência dos demais círculos.
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Figura 1.5 - Ilusão de ótica 
Fonte: Filho (2003).
Nosso organismo percebe então um conjunto de elementos 
como uma forma completa, em que os componentes estão 
integrados entre si. Se decompormos algum elemento, estaremos 
automaticamente destruindo o conjunto.
Seção 4 - Os princípios da Gestalt 
Entre os princípios da Gestalt, destaca-se como fundamental 
referência para as composições gráficas o seguinte conceito: 
“o todo é mais do que a soma das partes”. Isso equivale a dizer 
que “A + B” não é simplesmente “(A+B)”, mas sim um terceiro 
elemento “C”, que possui características próprias. 
Com base em experimentos e resultados científicos, 
fundamentaram-se diretrizes que regem a percepção humana 
das formas. Essas leis apresentam conclusões sobre o 
comportamento natural do cérebro no processo de percepção. 
Em outras palavras, essas leis nos indicam o porquê de vermos 
as coisas de uma certa maneira e não de outra.
Unidade
A unidade pode ser vista como um único elemento, que existe por 
si só ou pode ser vista como parte de um todo. Segundo Filho 
(2003), quando a unidade é vista como um único elemento, não 
existem agrupamentos ou mesmo relações entre os elementos.
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Unidade 1
Figura 1.7 - Unidade 
Fonte: Elaboração da autora (2010).
Figura 1.6 - Unidade 
Fonte: Corporação Britânica de Radiodifusão (2010).
Na Figura 1.6 é possível ver o grupo de pessoas como uma 
unidade, mas pode-se também dizer que cada pessoa constitui 
uma unidade, ou ainda uma subunidade, dentro do todo.
Na Figura 1.7 tem-se o exemplo de uma unidade na qual não 
ocorre agrupamento. Neste caso, a unidade é formada por um 
único elemento: a letra S.
Segregação
A segregação é a capacidade perceptivade separar, 
identificar, evidenciar ou destacar unidades formais em 
um todo ou em parte dele (FILHO, 2003).
O uso de elementos como linhas, texturas, cores, sombras e outros 
nos permitem realizar a segregação. Na Figura 1.8, podemos 
segregar as principais unidades: o carro, a estrada e o fundo.
Mas é possível segregarmos a unidade automóvel em faróis, placa, 
vidros, rodas, calotas etc. Essa decomposição pode continuar até 
que todas as unidades visíveis tenham sido mapeadas.
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Figura 1.8 - Segregação 
Fonte: Motor Trend (2004).
Na Figura 1.9, a seguir, vemos objetos formando uma unidade. 
Mas é possível separá-los. Assim, é possível segregar as unidades:
Figura 1.9 - Objetos formando uma unidade
Fonte: Elaboração da autora (2010).
Proximidade 
O princípio da proximidade descreve a tendência 
dos elementos individuais de serem associados com 
os elementos mais próximos, formando unidades 
(FILHO, 2003).
Quando colocamos elementos próximos, em condições iguais, a 
percepção do ser humano será reconhecê-los, formando um só todo. 
Observe a Figura 1.10. Em um primeiro momento, o que 
exatamente você vê? Duas colunas ou quatro colunas?
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Unidade 1
Figura 1.10 - Proximidade
Fonte: Elaboração da autora (2010).
Nosso sistema nervoso organiza a figura como um todo e pelo 
efeito da proximidade nos leva a interpretar 2 colunas distintas, 
em 2 pares. As diferentes distâncias existentes nas 4 colunas nos 
levam ao agrupamento das mais próximas. 
Quanto menor a distância maior a unidade.
Figura 1.11 - Proximidade
Fonte: Ponto Frio (2007).
Na Figura 1.11, as informações relacionadas a cada tipo de 
relógio estão próximas, criando a intenção de agrupamento. Na 
leitura do usuário ocorre a interpretação de que preço e descrição 
pertencem à imagem mais próxima.
Similaridade
Elementos semelhantes tendem a se agrupar naturalmente. A 
semelhança pode ser estabelecida pelo compartilhamento de 
características visuais básicas como: cor, forma, tamanho, entre outras.
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Observe o seguinte exemplo: 
OX OX OX OX aa aa aa aa
OX OX OX OX ou aa aa aa aa
OX OX OX OX aa aa aa aa
Figura 1.12 - Similaridade 
Fonte: Elaboração da autora (2010).
Apesar de os espaços interelementos e intercolunas terem sido 
igualados, o agrupamento ocorre pela semelhança dos elementos. 
No primeiro caso, pela composição da semelhança da forma das 
letras OX e, no segundo, pelo uso da cor.
Quanto maior a semelhança entre os estímulos, maior 
a probabilidade de serem percebidos como um grupo 
comum (FILHO, 2003).
A proximidade e semelhança são diretrizes que se completam 
quando o assunto é agrupamento, mas a semelhança é o fator 
mais forte de organização.
Continuidade
Conforme Filho (2003), a continuidade descreve a preferência 
pelos contornos contínuos e sem quebra, em vez de combinações 
complexas de figuras irregulares. 
O cérebro tende sempre a enxergar a melhor continuação de retas 
e curvas, assim, pode-se direcionar o cérebro a enxergar imagens 
de determinadas formas, de acordo com a necessidade. 
Quando você observa a figura (a) abaixo, o que percebe são duas 
linhas que se cruzam e não quatro linhas que se tocam em um ponto.
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Unidade 1
x
y
z
Figura 1.13 - Continuidade 
Fonte: Filho (2003).
Quando você vê a figura b, percebe que ela é composta de 
3 elementos x, y e z. Quais dos elementos parecem uma 
continuação? Qual elemento parece ser um anexo? Se você 
respondeu que o elemento z parece um anexo, acertou! Ela fere 
o princípio da boa continuação. Curvas que não seguem a boa 
continuação natural perdem fluência e harmonia. 
Uma figura com linhas internas contínuas tende a ser vista como 
bidimensional, enquanto o desencontro de linhas internas nos 
direciona à tridimensionalidade. 
Fechamento
O princípio do fechamento descreve a tendência humana de unir 
intervalos e estabelecer ligações. O cérebro humano interpreta 
o estímulo visual de forma completa, como figuras fechadas, 
mesmo quando algumas informações de contorno estão ausentes. 
Essa diretriz é fácil de explicar. Você lembra de ter visto figuras 
que apesar de formadas por contornos não contínuos, enxergou 
como unidades completas?
Figura 1.14 - Fechamento 
Fonte: Elaboração da autora (2010).
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Existe a tendência psicológica de unir intervalos e estabelecer 
ligações. Na figura, o que você vê? São três círculos incompletos 
ou realmente existe o contorno do triângulo? 
Figura/Fundo
Quando as partes integrantes de um todo são ligeiramente 
diferentes, tendemos a assimilá-las ao todo, percebendo-as 
de maneira uniforme. Por outro lado, quando as partes não 
constituem um todo, a tendência perceptiva é no sentido de 
contrastá-las com o fundo.
Figura 1.15 - Figura/Fundo
Fonte: Elaboração do autora (2010). 
Quando colocamos uma cor cinzenta sobre um fundo branco, 
parecerá mais escura do que se inserida em um fundo negro.
Normalmente, distingue-se a figura de fundo pelo fato de a 
figura ter uma forma e aparecer como objeto na frente. O fundo 
deve ser, então, sem forma, parecendo se estender de maneira 
contínua por trás da figura. No quadro da Monalisa, fica claro 
para o usuário a interpretação da figura e do fundo.
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Unidade 1
Figura 1.16 - Figura/Fundo 
Fonte: Dantas (2010).
Figura 1.17 - Figura/Fundo 
Fonte: Página da Mónica ([200-]).
Na Figura 1.17, a consideração do que é figura ou do que é fundo 
faz com que o indivíduo interprete a figura como um homem 
tocando sax ou o rosto de uma jovem mulher.
Pregnância
A lei da pregnância diz que todas as formas tendem a ser 
percebidas em seu caráter mais simples e as forças de organização 
tendem a se dirigir sempre no sentido da clareza, unidade e 
equilíbrio (FILHO, 2003).
Uma casa pode ser vista por 2 formas geométricas: um retângulo 
e um triângulo. É uma forma forte e pregnante, pois consegue 
transmitir com muita simplicidade a informação.
Figura 1.18 - Pregnância da forma
Fonte: Elaboração da autora (2010).
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É o princípio da simplificação natural da percepção. Quanto 
mais simples, mais facilmente é assimilada, dessa forma, a parte 
mais facilmente compreendida em um desenho é a mais regular, 
que requer menos simplificação. Quando a figura é pregnante, ela 
exprime uma característica qualquer de forma forte, de maneira 
que se destaque e seja de fácil compreensão.
Formas fechadas, simétricas, regulares atraem o olhar e se 
destacam do fundo. Quando a forma é pregnante, facilmente 
conseguimos separá-la do fundo.
A imagem aérea da Cidade do México é de baixa 
pregnância, o grande número de unidades formais e 
a organização visual confusa dificultam a leitura e a 
compreensão.
Figura 1.19 - Baixa Pregnância da forma 
Fonte: Mexica Azteca (2010).
O Taj Mahal é um exemplo da boa pregnância da 
forma. Podemos observar o uso da continuidade, 
da ordem, da proximidade, da semelhança dos 
elementos e do equilíbrio.
Figura 1.20 - Boa pregnância da forma 
Fonte: Schaeffer (2007).
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Unidade 1
Seção 5 – Os mecanismos de memorização
A visão humana é o sentido que provê o maior volume de 
informações a serem processadas pelo cérebro. Estima-se que 
metade do potencial de processamento cerebral humano seja 
utilizado na organização de informações visuais. 
Nossos usuários de software percebem as informações por 
meio de um sistema sensorial. Os novos recursos da tecnologiapermitem que essa percepção ultrapasse o sentido da visão, 
fazendo uso da audição e do tato. 
No mecanismo de percepção, olhos e cérebro atuam 
em conjunto na interpretação das informações. 
Ao percebermos as informações, estas são codificadas, 
processadas, usando-se argumentos de raciocínio, além de serem 
armazenadas na memória para posterior recuperação.
A memória 
A memória é o mecanismo que nos permite recordar pessoas, 
acontecimentos, coisas que aconteceram anteriormente. Desde 
que o ser humano iniciou sua trajetória em áreas de pesquisa, o 
funcionamento e as circunstâncias em que ocorre a memorização 
são arduamente discutidas. Nas últimas décadas, muito se tem 
estudado a respeito das características e do funcionamento da 
memória humana. Estudos evoluíram, permitindo a compreensão 
dos meios fisiológicos de como o ser humano armazena as 
informações, assim como as razões pelas quais podemos perdê-las. Richard Järnefelt de Helsinki, Finland, 
conquistou um lugar no 
Guinessbook, em 1999, 
com um repertório de 
3.000 músicas tocadas 
no piano, sem partituras, 
apenas com o uso da 
memória. 
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Figura 1.21 - Recorde no Guinessbook
Fonte: Guinness World Records (2007).
O uso desse conhecimento para os projetistas de software na 
construção de projetos de Web permite uma melhor adaptação 
do projeto às características e delimitações da memória humana, 
considerando suas habilidades e capacidade em termos cognitivos.
A natureza da memória pressupõe dois fatores: 
a codificação (estratégias de memorização) e a 
recordação. 
A codificação vai permitir a maior ou menor facilidade de 
recordar determinada informação. A recordação pode ser 
livre ou por reconhecimento (somos expostos a pistas que nos 
reavivam a memória). Quando reproduzirmos o que entrou, 
recupera-se a memória.
Segundo Shneiderman (1992), a memória humana pode ser 
dividida em três partes, cada uma com diferentes características:
 � Memória rápida ou de curto termo;
 � Memória de trabalho ou sensorial;
 � Memória permanente ou de longo termo.
Memória de curto termo
A memória de curto termo armazena informações na memória 
em apenas um curto espaço de tempo de 10 a 25 segundos, no 
máximo. É uma memória rápida, recebendo as informações de 
entrada captadas pelos órgãos dos sentidos (olhos, ouvidos, olfato 
e tato) e os passa ao sistema cognitivo.
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Nesta memória, são armazenadas respostas aos estímulos 
como: informações expressas pela fala, movimentos e 
ações. As informações são armazenadas por um período de 
aproximadamente 10 segundos, armazenando poucas informações 
a cada vez. A memória de curto termo guarda, em média, um 
número de 7 informações captadas pelos órgãos dos sentidos 
(BORGES, 2005).
— Que tal repetirmos um experimento realizado em 1956 por 
Miller? Faça um ditado de 30 palavras com seu amigo mais 
próximo. Finalizado o ditado, peça para que ele escreva todas 
as palavras que ele consegue recordar. 
E então? Qual foi o resultado? 
Esse teste nos dá uma ideia da quantidade de informação 
armazenada na memória de curto termo!
Memória de trabalho ou sensorial 
A memória sensorial também é conhecida como memória de 
trabalho. Na memória sensorial são trabalhadas as informações 
captadas pela memória de curto termo e, posteriormente, 
enviadas à memória permanente. A memória de trabalho 
pode armazenar informações por um tempo, podendo variar 
de minutos a dias, mas, mesmo assim, a informação será 
posteriormente eliminada (BORGES, 2005). 
Você já estudou para fazer um concurso ou vestibular? 
Cursinhos são especialistas em criar mecanismos 
para conectar e organizar informações de forma 
que permaneçam na memória permanentemente, 
permitindo que você as recupere mais tarde (dias, 
meses, anos).
Você lembra de alguma situação quando estudou para uma 
avaliação escolar e uma semana depois não lembrava mais 
conteúdo? Tente descrever a fisiologia da célula ou os nomes dos 
rios que fazem parte da Região Norte!
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Quando o assunto não é considerado fundamental ou importante 
para o indivíduo, ele não estabelece mecanismo de codificação. 
Desse modo, esse conteúdo dificilmente irá atravessar as 
fronteiras da memória sensorial. Lembramo-nos do conteúdo até 
realizar a prova, uma semana depois, apesar de uma boa nota, 
não nos lembramos mais do assunto e dificilmente repetiríamos a 
boa nota sem estudar novamente.
A memória de curto termo recupera informação na memória 
permanente. Mas quais mecanismos podemos usar para registrar 
ou recuperar a informação na memória sensorial? Podemos usar 
metáforas, analogias, regras e tudo aquilo que, de alguma maneira, 
chame a atenção do indivíduo. Lembram das famosas musiquetas 
cantadas por professores de química e física? 
Memória de longo termo
Quando armazenamos uma informação na memória de longo 
termo, ela permanece para sempre. Além da possibilidade de 
recuperação, também temos a característica relacionada a sua 
capacidade. Até hoje não temos como quantificar as informações 
que podem ser armazenadas nela ou mesmo o seu espaço.
Algumas informações são recuperadas diretamente da 
memória permanente para a memória de curto prazo, 
sem passar pela memória sensorial. 
Isto acontece porque são informações utilizadas pelo indivíduo 
há muito tempo e de forma repetida. Se, neste momento, 
perguntarem para você qual o seu nome? Quando você nasceu? 
Qual o nome de sua esposa(o) ou namorada(o)? Essas seriam 
respostas imediatas, pois já estão a um longo tempo com você e 
não são necessários mecanismos de recuperação. 
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Figura 1.22 - Esquema de funcionamento da memória, segundo Shneiderman (1992)
Fonte: Shneiderman (1992).
Seção 6 – Restrições de tempo em relação à 
memorização
Ben Shneiderman (1992) realizou vários estudos relacionados ao 
mecanismo de memorização e percepção. Esses resultados nos 
fornecem dicas para a boa utilização da memória em projetos de 
interfaces. Nestes estudos, o pesquisador aponta a insatisfação 
de usuários com mecanismos de interface, em que o tempo de 
resposta é superior a 2 segundos.
A razão para isto é que o ser humano guarda informações na 
memória de curto termo por no máximo 15 segundos. Quando 
o usuário espera além desse tempo, ele precisa recordar o que 
estava fazendo, o que torna a interação mais difícil e lenta. O 
grande problema é que, de acordo com a tarefa, os tempos de 
resposta aceitáveis são diferentes. Veja os resultados coletados por 
Shneiderman (1992) e Galitz (1993): 
 � digitar, movimentar o cursor ou selecionar com o mouse: 
50-150 milissegundos;
 � tarefas simples como o iniciar um browser: menos de 1 
segundo;
 � introduzir dados para buscas de dados: 1-4 segundos;
 � tarefas complexas como cálculos, registros: 8-30 segundos.
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Dicas para a boa utilização da memória do usuário
 � Evite a carga de elementos de multimídia que levam um 
intervalo de tempo longo para serem carregados em 
conexões de baixa velocidade. O limite de tempo ideal para 
operações de carga é 15 segundos. 
 � Insira indicadores de feedback (barras de progressão, 
ampulhetas girando quando não for possível determinar o 
tempo necessário até o término da tarefa) quando o tempo de 
processamento for longo.
Figura 1.23 - Indicadores de feedback 
Fonte: Elaboração da autora (2010).
 � O sistema deve reagir após uma ação em um tempo máximo 
de 0,1 segundo.
 � 1,0 segundo é o tempo limite para que o fluxo de pensamento 
do usuário permaneça ininterrupto.
 � 10 segundosé o tempo limite para manter a atenção do 
usuário focada num diálogo.
 � 10 segundos é o tempo que a memória de curto tempo se 
mantém carregada com alguma informação captada pelo 
sistema cognitivo.
 � As informações devem estar visíveis ao usuário por um 
período que permita sua identificação e reconhecimento 
(páginas que somem rapidamente sem dar oportunidade de 
identificação são esquecidas com a mesma velocidade).
 � Projetistas devem criar mecanismos para associação de ações. 
Por exemplo, para voltar a um ponto anterior, deve haver uma 
indicação explícita, como uma tecla Voltar.
 � Operações frequentes acabam sendo memorizadas na 
memória de longo termo e a escolha de ícones para ações deve 
ser consistente.
O tempo de resposta é crucial para um bom projeto, assim como 
o uso, ao longo do projeto, de mecanismos de codificação que 
permitam tornar o site interessante e inesquecível. 
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Síntese
Durante a unidade foi possível perceber a importância da noção 
de unidade da Gestalt na psicologia da percepção e, também, a 
importante relação sujeito-objeto. Quando percebemos as imagens 
ocorre o resultado da interação da luz na retina com a tendência de 
organizar da melhor forma possível os estímulos externos.
Você pôde perceber, por meio das diferentes leis, que ilusões 
de ótica são criadas pelo uso da forma, que é possível brincar 
com ideias de agrupamento, utilizando a proximidade e/
ou similaridade, que não é necessário desenhar uma forma 
completamente para que esta se torne uma informação para o 
usuário (continuidade).
Observou que a lei fundamental da teoria da Gestalt é a pregnância 
da forma, em que o objeto apresenta o máximo de equilíbrio, clareza 
e unificação visual pelo uso da máxima: simplicidade.
Você também aprendeu que a memória é organizada em uma 
estrutura de três elementos, a memória de curto termo, longo 
termo e de trabalho. Agora já é possível entender a importância 
do tempo de resposta da interface no projeto e da necessidade 
de usarmos mecanismos de projeto que chamem a atenção do 
usuário, de forma que a informação seja inesquecível para ele.
Nos dois exemplos <http://www.americanas.com> e 
<http://www.pontofrio.com.br>, o uso do carrinho para 
indicar o ato de comprar em sites de e-commerce são 
facilmente interpretados, pois já foram memorizados pela 
repetição de uso em diferentes sites.
Figura 1.24 - Ícones 
Fonte: Elaboração da autora (2010).
 � Projetistas devem tomar cuidado redobrado com operações 
que, pela repetição, tornam-se óbvias para ele próprio e 
acabam não sendo explicadas para o usuário, mas que, na 
verdade, não são óbvias para ele.
Fonte: Shneiderman (1992).
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Atividades de autoavaliação
1) Qual o significado da Pregnância, para um indivíduo, no mecanismo de 
percepção?
2) Em que situação a lei da semelhança e a da proximidade são 
complementares em um projeto de página? Procure um exemplo desse 
aspecto na internet e cite o endereço.
3) Procure um exemplo do uso da lei do fechamento em logotipos ou 
páginas na internet. Cite o exemplo e o respectivo endereço.
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Unidade 1
4) Relacione as formas abaixo com as leis da Gestalt (pregnância, figura/
fundo, proximidade, semelhança, continuidade, fechamento):
a) b)
c) d)
e) f)
g)
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Universidade do Sul de Santa Catarina
5) Relacione os temas relacionados ao armazenamento da memória:
[A] Memória de curto termo;
[B] Memória de trabalho;
[C] Memória de longo termo;
a) ( ) armazena a informação por um espaço de 10 a 25 segundos.
b) ( ) permite o armazenamento de informações por um longo 
período.
c) ( ) armazena informações por horas e até dias.
d) ( ) é a mem ória responsável por enviar informações para a 
memória permanente.
e) ( ) armazena informações relacionadas aos sentidos, como fala, 
audição.
f) ( ) é a memória responsável por recuperar informações da 
memória permanente.
g) ( ) armazena, no máximo, sete informações e as apaga da 
memória rapidamente.
6) Em termos de projeto de interface Web, quais artifícios você pode 
utilizar para sensibilizar o usuário, fazendo com que ele se “recorde” do 
diálogo existente na sua página?
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41
Comunicação Visual para Web
Unidade 1
Saiba mais
Conheça mais sobre as leis da Gestalt em:
FILHO, Gomes J. Gestalt do objeto. São Paulo: Escrituras, 2003.
Pesquise publicações sobre Gestalt. Busque por “Sociedade para 
a teoria de Gestalt e suas aplicações” ou, ainda, “Gestaltismo e 
Percepção”.
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