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RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
1 
CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
2 
CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
DIREITO CIVIL 
 
Faaaaaaaala, galera. Depois da imersão em Direito Processual Civil, começaremos nossa imersão total em 
Direito Civil, uma matéria de absoluta importância para nossa prova. Serão, ao total, 12 apostilas, sendo as últimas 
três referentes ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Em nosso cronograma a expectativa era de que fossem 
apenas 10 apostilas quanto a Civil. Porém, considerando a disciplina de ECA dentro de Civil, tivemos que dar uma 
esticada, mas faz parte. Estamos buscando fazer um curso super completo para vocês! 
 
Ainda, quero que vocês saibam que os pontos de Direito Empresarial serão vistos em resumos próprios, já 
que essa disciplina veio em nosso edital da DPE/CE como matéria autônoma, não fazendo nenhum sentido 
estudarmos em Direito Civil também. 
 
Por fim, em Direito Civil também há um ponto sobre o Estatuto da Pessoa com Deficiência, razão pela qual 
veremos, com muita atenção, tudo que você precisa saber acerca dessa temática na apostila 09. 
 
 Espero que todos vocês sigam firmes nessa caminhada e #PARTIUCEARÁ 
 
 Um grande abraço e bons estudos! 
 
 Coordenação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
3 
CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
8. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. 
 
Fala, pessoal. Começamos Direito Civil para DPE/CE com a LINDB, pois acreditamos ser um ponto relevante 
para a prova. Em nosso edital também há pontos teóricos sobre cláusulas gerais, boa-fé e função social, temas que 
serão abordados ao decorrer das demais apostilas. 
 
 Então, vamos juntos? 
 
1. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA LEI COMO FONTE PRIMÁRIA DO DIREITO 
 
Inicialmente, saiba que a LINDB (antiga LICC – Lei de Introdução ao Código Civil) nada mais é que uma 
norma de sobredireito, isto é, uma norma jurídica que visa a regulamentar outras normas (leis sobre leis ou lex 
legum). 
 
Para a doutrina, a lei, como fonte primária do Direito brasileiro, tem as seguintes características básicas: 
(Tartuce, 2020, p. 38). 
 
1.1 GENERALIDADE 
A norma jurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção, tendo 
eficácia erga omnes 
1.2 IMPERATIVIDADE 
A norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e condutas para os membros 
da coletividade 
1.3 PERMANÊNCIA A lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a eficácia. 
1.4 COMPETÊNCIA 
A norma, para valer contra todos, deve emanar de autoridade competente, com 
o respeito ao processo de elaboração. 
1.5 AUTORIZANTE 
O conceito contemporâneo de norma jurídica traz a ideia de uma autorização (a 
norma autoriza ou não autoriza determinada conduta), estando superada a tese 
de que não há norma sem sanção (Hans Kelsen). 
 
Em um primeiro momento, é importante distinguir que o CC/2002 tem um viés social completamente 
diferente do CC/1916. A prova disso é que os princípios informadores do CC/02 são a eticidade, socialidade e 
operabilidade. É importante ter isso em mente porque o código revogado era muito patrimonialista. Vamos falar 
um pouco sobre cada um desses princípios norteadores do Código Civil atual. 
 
2. O PRINCÍPIO DA ETICIDADE 
 
Segundo Flávio Tartuce1, trata-se da valorização da ética e da boa-fé, principalmente daquela que existe no 
plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo Código Civil de 2002, a boa-fé objetiva tem função 
de interpretação dos negócios jurídicos em geral (art. 113 do CC). Serve ainda como controle das condutas 
humanas, eis que a sua violação pode gerar o abuso de direito, nova modalidade de ilícito (art. 187). Por fim, a boa-
fé objetiva tem a função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422 do CC). Acrescente-se que 
a eticidade também parece ser regramento adotado pelo Novo Código de Processo Civil, pela constante valorização 
da boa-fé processual, notadamente pelos seus arts. 5º e 6º. 
 
3. O PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE 
 
Segundo apontava o próprio Miguel Reale, citado por Tartuce, “um dos escopos da nova codificação foi o 
de superar o caráter individualista e egoísta da codificação anterior. Assim, a palavra “eu” é substituída por “nós”. 
Todas as categorias civis têm função social: o contrato, a empresa, a propriedade, a posse, a família, a 
responsabilidade civil”. 2 
 
1 Manual de Direito civil, p. 41. 
2 Idem, p. 41. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
4. O PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE 
 
Tartuce lembra que “esse princípio tem dois sentidos. Primeiro, o de simplicidade ou facilitação das 
categorias privadas, o que pode ser percebido, por exemplo, pelo tratamento diferenciado da prescrição e da 
decadência. Segundo, há o sentido de efetividade ou concretude, o que foi buscado pelo sistema aberto de 
cláusulas gerais adotado pela atual codificação material. Na opinião deste autor, o sistema de cláusulas gerais 
também foi adotado pelo Novo CPC, pela adoção de um modelo aberto, baseado em princípios como a dignidade 
da pessoa humana e a boa-fé objetiva”.3 
 
Em resumo: 
 
ETICIDADE SOCIALIDADE OPERABILIDADE 
Traz consigo a ideia de boa-fé 
objetiva das relações, em todas as 
fases contratuais (antes, durante e 
depois). 
Traz o aspecto social para o Direito, 
rompendo com a patrimonialização 
e sobrelevando a função social da 
posse, da família, da propriedade, 
da empresa, etc. 
 
Favorece a visão coletiva, em 
observância à constitucionalização 
do direito civil. 
Utilização de cláusulas gerais e os 
conceitos jurídicos indeterminados. 
 
5. CONCEITOS VAGOS 
 
Aproveitando o gancho, você saberia distinguir conceito jurídico indeterminado de cláusula geral? #JÁCAIU 
#EMPROVAORAL 
 
CONCEITOS VAGOS 
5.1 CONCEITO JURÍDICO INDETERMINADO 5.2 CLÁUSULA GERAL 
Segundo Carlos Robertos Gonçalves4, consta da lei, 
sem definição, como, v. g., “bons costumes” (CC, arts. 
122 e 1.336, IV) e “mulher honesta” – expressão que 
constava do art. 1.548, II, do Código Civil de 1916 –, 
bem como dos princípios, que são fontes do direito e 
constituem regras que se encontram na consciência 
dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não 
escritas. 
Para Flávio Tartuce5, as cláusulas gerais podem ser 
conceituadas como janelas abertas deixadas pelo 
legislador para preenchimento pelo aplicador do Direito, 
caso a caso. 
 
São exemplos de cláusulas gerais constantes do Código 
Civil de 2002: 
 
Função social do contrato – art. 421 do CC. Função social 
da propriedade – art. 1.228, § 1.º, do CC. Boa-fé – arts. 
113, 187 e 422 do CC. Bons costumes – arts. 13 e 187 do 
CC. Atividade de risco – art. 927, parágrafo único, do CC. 
Ex.: função social do contrato, boa fé objetiva, função 
social da posse. 
 
3 Idem, p. 41. 
4 Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral/Carlos Roberto Gonçalves. – 15. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017, p. 42. 
5 Idem, 67. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
5 
CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
Vale lembrar que o art. 5º anuncia que na aplicação da 
lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às 
exigências do bem comum. 
 
CAIU NA DPE-PR-2014-BANCA PRÓPRIA: “Os conceitos jurídicos indeterminados não estão indicados na lei, 
decorrendo, apenas, de valores éticos, morais, sociais, econômicos e jurídicos”.6 
 
CAIU NA DPE-PR-2014-BANCA PRÓPRIA: “O Código Civil de 2002 contém várias cláusulas gerais, das quais são 
exemplos a função social do contrato, a boa-fé objetiva e a probidade que devem reger os contratantes, a função 
social da propriedade e a ordem pública”. 7 
 
6. VACATIO LEGIS 
 
VACATIO LEGIS 
NO BRASIL NO ESTRANGEIRO 
Regra: quarenta e cinco dias depoisde oficialmente 
publicada. (Art. 1º, caput, LINDB) 
Se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 
(Art. 1º, §1º, LINDB 
PS1: Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo 
começará a correr da nova publicação8. (Art. 1º, § 3º, LINDB) 
PS2: As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. (Art. 1º, § 4º, LINDB) 
PS3: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (Art. 2º, 
LINDB) 
 
7. DIREITO INTERTEMPORAL E SEGURANÇA JURÍDICA 
 
7.1 ATO JURÍDICO PERFEITO 7.2 COISA JULGADA 7.3 DIREITO ADQUIRIDO 
Reputa-se ato jurídico perfeito o já 
consumado segundo a lei vigente 
ao tempo em que se efetuou. (Art. 
6, § 1º, LINDB) 
Chama-se coisa julgada ou caso 
julgado a decisão judicial de que já 
não caiba recurso. (Art. 6, § 3º, 
LINDB) 
Consideram-se adquiridos assim os 
direitos que o seu titular, ou alguém 
por ele, possa exercer, como aqueles 
cujo começo do exercício tenha 
termo pré-fixo, ou condição pré-
estabelecida inalterável, a arbítrio de 
outrem. (Art. 6, § 2º, LINDB) 
 
8. REGRAS DE DOMICÍLIO NA LINDB 
 
Trataremos agora sobre as regras do domicílio previstas na LINDB: 
 
DOMICÍLIO 
 
A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o 
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de 
família. (Art. 7º, LINDB) 
 
 
6 ERRADO. 
7 CORRETO. 
8 Caso haja a nova publicação de apenas parte do texto, o prazo começará a correr novamente em relação apenas a essa parte; os outros 
dispositivos da lei que não sofreram alteração continuarão a contar o prazo original. Assim, na prática, pode ocorrer o curioso caso de uma 
parte da lei entrar em vigor e o restante começar a vigorar apenas em data posterior. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
6 
CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de 
sua residência ou naquele em que se encontre. (Art. 7º, § 8º LINDB) 
CASAMENTO E OS 
IMPEDIMENTOS 
Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos 
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração (Art. 7º, § 1º, 
LINDB). 
 
O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades 
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Art. 7º, § 2º, 
LINDB). 
NUBENTES COM DOMICÍLIOS 
DIVERSOS 
Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do 
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. (Art. 7º, § 3º, LINDB). 
REGIME DE BENS 
O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que 
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio 
conjugal. (Art. 7º, § 4º, LINDB) 
 
O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa 
anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de 
naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão 
parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao 
competente registro. (Art. 7º, § 5º, LINDB) 
DIVÓRCIO 
O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem 
brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da 
sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual 
prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as 
condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O 
Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá 
reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em 
pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de 
brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Art. 7, § 
6º, LINDB) 
 
Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: 
(art. 15, LINDB). 
a) haver sido proferida por juiz competente; 
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; 
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi 
proferida; 
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
e) ter sido homologada pelo STF (porém, leia-se STJ, considerando o art. 101, l, i da CF/88, redação dada pela EC 
45/04) 
 
 
 
9. REVOGAÇÃO, AB-ROGAÇÃO, DERROGAÇÃO E REPRISTINAÇÃO 
 
REVOGAÇÃO 
AB-ROGAÇÃO Revogação total de determinada lei. 
DERROGAÇÃO Revogação parcial de determinada lei. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
Muito importante lembrar que o art. 2º, § 3º, da Lei de Introdução, afasta a possibilidade da lei revogada 
anteriormente repristinar, salvo disposição expressa em lei em sentido contrário. 
 
O efeito repristinatório é aquele pelo qual uma norma revogada volta a valer no caso de revogação da sua 
revogadora. 
 
Contudo, como salienta Tartuce9, excepcionalmente, a lei revogada volta a viger quando a lei revogadora for 
declarada inconstitucional ou quando for concedida a suspensão cautelar da eficácia da norma impugnada – art. 
11, § 2º, da Lei nº 9.868/1999. Também voltará a viger quando, não sendo situação de inconstitucionalidade, o 
legislador assim o determinar expressamente. Em suma, são possíveis duas situações. A primeira delas é aquela 
em que o efeito repristinatório decorre da declaração de inconstitucionalidade da lei. A segunda é o efeito 
repristinatório previsto pela própria norma jurídica. 
 
CAIU NA DPE-ES-2009-CESPE: “O direito brasileiro não aceita o efeito repristinatório da lei revogada”.10 
 
De acordo com Maria Helena Diniz, as lacunas não são do direito, mas da lei, omissa em alguns casos. É 
preciso lembrar, assim, que “sob o ponto de vista dinâmico, o da aplicação da lei, pode ela ser lacunosa, mas o 
sistema não. Isso porque o juiz, utilizando-se dos aludidos mecanismos, promove a integração das normas jurídicas, 
não deixando nenhum caso sem solução (plenitude lógica do sistema)”. É o que estabelece Carlos Robertos 
Gonçalves (2017, p. 71): 
 
(...) Efetivamente, sob o ponto de vista dinâmico, o da aplicação da lei, pode ela ser 
lacunosa, mas o sistema não. Isso porque o juiz, utilizando-se dos aludidos mecanismos, 
promove a integração das normas jurídicas, não deixando nenhum caso sem solução 
(plenitude lógica do sistema). O direito estaticamente considerado pode conter lacunas. 
Sob o aspecto dinâmico, entretanto, não, pois ele próprio prevê os meios para suprir-se 
os espaços vazios e promover a integração do sistema. (GRIFOS NOSSOS). 
 
10. ESPÉCIES DE LACUNA PARA MARIA HELENA DINIZ 
 
 Ainda, para a doutrina de Maria Helena Diniz (citado por Tartuce, 2020, p. 41), há as seguintes classificações 
de lacuna: 
 
10.1 LACUNA NORMATIVA Ausência total de norma prevista para um determinado caso concreto. 
10.2 LACUNA ONTOLÓGICA 
Presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia 
social. 
10.3 LACUNA AXIOLÓGICA 
Presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja 
insatisfatória ou injusta 
10.4 LACUNA DE CONFLITO OU 
ANTINOMIA 
Choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso 
concreto. 
 
CUIDADO: a integração não se confunde com a subsunção, sendo a última a aplicação direta da norma jurídica a 
um determinado tipo ou fattispecie. O art. 4.º da Lei de Introdução enuncia que quando a lei for omissa, o juiz 
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito (Tartuce, 2020, p. 41). 
 
 
 
 
 
9 Idem, p. 28. 
10 ERRADO. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
8 
CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
11. FORMAS DE INTEGRAÇÃO 
 
FORMAS DE INTEGRAÇÃO 
Técnicas de preenchimento de lacunas da norma jurídica 
ANALOGIA11 COSTUMES 
PRINCÍPIOS GERAIS DO 
DIREITO 
Conceito: Aplicar a 
um fato disposição 
prevista pra 
situação 
semelhante. 
- Analogia Legis: aplica-se 
a norma positivada a um 
caso que nãose encontra 
em lei. 
 
- Analogia Juris: aplicam - 
se, além da lei, 
jurisprudência, doutrina, 
e os princípios gerais do 
direito. 
- Secundum legem: é o costume 
segundo a lei. Foi acolhido pelo 
legislador e transformado em lei. 
 
- Praeter legem: a sociedade 
utiliza o costume, mas este não 
encontra amparo legal. 
 
- Contra legem: é o costume 
contrário à lei. 
Enunciações genéricas, 
admitidas pelo direito, 
que servem para orientar 
a produção da norma. 
 
CAIU NA DPE-ES-2009-CESPE: “A analogia jurídica fundamenta-se em um conjunto de normas para extrair 
elementos que possibilitem sua aplicabilidade ao caso concreto não previsto, mas similar.” 12 
 
Na visão clássica do Direito Civil, os costumes teriam requisitos para aplicação como fonte do direito. Rubens 
Limongi França apresenta cinco, a saber: a) continuidade; b) uniformidade; c) diuturnidade; d) moralidade; e) 
obrigatoriedade. (Tartuce, 2020, p. 47). 
 
Em regra, segundo Carlos Roberto Gonçalves (2017, p. 75), “o costume não pode contrariar a lei, pois esta 
só se revoga, ou se modifica, por outra lei. Essa é a doutrina dominante: o costume contrário à aplicação da lei não 
tem o poder de revogá-la, não existindo mais a chamada desuetudo (não aplicação da lei em virtude do desuso). 
Os autores em geral rejeitam o costume contra legem por entendê-lo incompatível com a tarefa do Estado e com 
o princípio de que as leis só se revogam por outras”. 
 
Importante sabermos, ainda os princípios estabelecidos no o art. 2º da nova Lei da Liberdade Econômica 
(Lei nº 13.874/2019). 
 
Art. 2º São princípios que norteiam o disposto nesta Lei: 
 
I. a liberdade como uma garantia no exercício de atividades econômicas; 
 
II. a boa-fé do particular perante o poder público; 
 
11 CUIDADO com o fato de que interpretação analógica é diferente de analogia; naquela, o legislador traz um rol de exemplos e ao final uma 
fórmula genérica que faz com que o dispositivo legal possa ser aplicado a casos similares. A interpretação analógica, portanto, NÃO É forma 
de integração, mas sim forma de INTERPRETAÇÃO (como, aliás, o próprio nome sugere). Ex.: art. 121, §2º, inciso III, CP: 
Art. 121. Matar alguém:§ 2º Se o homicídio é cometido: III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura OU OUTRO MEIO 
INSIDIOSO OU CRUEL, ou de que possa resultar perigo comum; 
12 CORRETO. 
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DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
III. a intervenção subsidiária e excepcional do Estado sobre o exercício de atividades 
econômicas; e 
 
IV. o reconhecimento da vulnerabilidade do particular perante o Estado. 
 
O parágrafo único estabelece que “Regulamento disporá sobre os critérios de aferição para afastamento 
do inciso IV do caput deste artigo, limitados a questões de má-fé, hipersuficiência ou reincidência”. 
 
O art. 3º consagra o princípio da obrigatoriedade: 
 
Art.3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
 
Para a doutrina (Tartuce, 2020, p. 38), três são as correntes doutrinárias que procuram justificar o conteúdo 
da norma: 
 
TEORIA DA FICÇÃO LEGAL A obrigatoriedade foi instituída pelo ordenamento para a segurança jurídica. 
TEORIA DA PRESUNÇÃO 
ABSOLUTA 
Pela qual haveria uma dedução iure et de iure de que todos conhecem as 
leis. 
TEORIA DA NECESSIDADE SOCIAL 
Amparada, segundo Maria Helena Diniz, na premissa “de que as normas 
devem ser conhecidas para que melhor sejam observadas”, a gerar o 
princípio da vigência sincrônica da lei. A mais correta, segundo Flávio 
Tartuce. 
 
Por fim, cuidado com algumas “NOVIDADES” NA LINDB (de 2018) abaixo: 
 
VEDAÇÃO À 
FUNDAMENTAÇÃO 
ABSTRATA 
Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em 
valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências 
práticas da decisão. 
 
A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou 
da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, 
inclusive em face das possíveis alternativas. 
DEVER DE INDICAR AS 
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS 
A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a 
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá 
indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas. 
 
A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar 
as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime 
e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos 
atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam 
anormais ou excessivos. 
 
Na interpretação de normas sobre gestão pública, SERÃO CONSIDERADOS OS 
OBSTÁCULOS E AS DIFICULDADES REAIS do gestor e as exigências das políticas 
públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados. 
 
Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, 
processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias 
práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. 
 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO CIVIL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da 
infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, 
as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. 
 
As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das 
demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. 
DECISÃO QUE FIXA 
ORIENTAÇÃO NOVA SOBRE 
CONTEÚDO 
INDETERMINADO 
A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação 
ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo 
dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição 
quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito 
seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos 
interesses gerais. 
CONCEITO DE ORIENTAÇÕES 
GERAIS 
Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas 
em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa 
majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo 
conhecimento público. 
CELEBRAÇÃO DE TERMO DE 
COMPROMISSO 
Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na 
aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a 
autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o 
caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante 
interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a 
legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. 
CARÁTER VINCULANTE DOS 
INSTRUMENTOS DO ART. 30 
DA LINDB 
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica 
na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas 
administrativas e respostas a consultas. 
 
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão 
CARÁTER VINCULANTE EM RELAÇÃO AO ÓRGÃO OU ENTIDADE A QUE SE 
DESTINAM, até ulterior revisão. 
 
 Em 2019 fora publicado o Decreto nº 9.830/2019, que regulamenta o disposto nos art. 20 ao art. 30 do 
Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, que institui a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Pessoa natural. Aquisição e extinção da personalidade. Direitos da personalidade. Nascituro. Embrião 
excedentário. Nome. Estado. Registro das pessoas naturais. Domicílio e residência. 3. Pessoa natural: capacidade e 
emancipação. Incapacidade. Suprimento da incapacidade. Tutela. Curatela. Tomada de decisão apoiada. Estatuto 
da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). Internaçãopsiquiátrica involuntária. Ausência. Administração de 
bens e direitos de incapazes. 
 
 Esse ponto de pessoas naturais começamos com a distinção entre capacidade de direito e capacidade de 
fato. E apenas para avisar, reservaremos uma apostila completa para tratarmos sobre o Estatuto da Pessoa com 
Deficiência. 
 
1. CAPACIDADE DE DIREITO VS CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO 
 
CAPACIDADE DE DIREITO CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO 
Qualquer ser humano, independentemente de qualquer 
outro atributo, tem total possibilidade de adquirir direito e 
contrair obrigações. 
É a capacidade de exercer, por si só, os atos da vida 
civil. Em regra, a capacidade civil inicia-se aos 18 anos 
(maioridade civil). 
 
A questão é: a partir de qual momento passa-se a ter personalidade? 
 
2. TEORIAS DA PERSONALIDADE 
 
No tocante ao início da personalidade, surgiram algumas teorias para explicar o momento exato desse 
início. A maioria da doutrina aponta existir três teorias sobre o início da personalidade: a) concepcionista; b) 
natalista; e c) personalidade condicional. Segundo os autores Cristiano Chaves de Farias, obra escrita com Felipe 
Braga Netto e Nelson Rosenvald, “a diferenciação entre as teorias concepcionistas e natalistas não traduz – em 
linha de princípio – maior relevância pragmática, sendo, no entanto rica em perspectiva acadêmica (e sobretudo 
espiritual e filosófica)”. 
 
 
2.1 TEORIA NATALISTA 
A pessoa natural adquire direitos a partir do momento em que nasce. 
 
Para Tartuce (2018, p. 87/88), “a teoria natalista prevalecia entre os autores 
modernos ou clássicos do Direito Civil Brasileiro, para quem o nascituro não poderia 
ser considerado pessoa, pois o Código Civil exigia e ainda exige, para a personalidade 
civil, o nascimento com vida. Assim sendo, o nascituro não teria direitos, mas mera 
expectativa de direitos. Como adeptos dessa corrente, da doutrina tradicional, 
podem ser citados Sílvio Rodrigues, Caio Mário da Silva Pereira e San Tiago Dantas. 
Na doutrina contemporânea, filia-se a essa corrente Sílvio de Salvo Venosa. Partem 
esses autores de uma interpretação literal e simplificada da lei, que dispõe que a 
personalidade jurídica começa com o nascimento com vida, o que traz a conclusão 
de que o nascituro não é pessoa.”13 
2.2 TEORIA 
CONCEPCIONISTA 
A personalidade Civil inicia-se desde a concepção. 
 
Adotada pelo STJ, pelos tratados internacionais e grande parte da doutrina (Pontes 
de Miranda e Teixeira de Freitas). 
 
Para Flávio Tartuce (2018, p.88), a teoria concepcionista é aquela que sustenta que 
o nascituro é pessoa humana, tendo direitos resguardados pela lei. Esse é o 
entendimento defendido por Silmara Juny Chinellato (a principal precursora da tese 
no Brasil), Pontes de Miranda, Rubens Limongi França, Giselda Maria Fernandes 
Novaes Hironaka, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Roberto Senise 
 
13 Manual de direito civil: volume único/Flávio Tartuce. – 8. ed. ver., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018. 
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Lisboa, José Fernando Simão, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, 
Francisco Amaral, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Antonio Junqueira de 
Azevedo, Gustavo Rene Nicolau, Renan Lotufo e Maria Helena Diniz. 
 
Enunciado nº 1, do Conselho da Justiça Federal (CJF), aprovado na I Jornada de Direito 
Civil: “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que 
concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”. 
2.3 TEORIA DA 
PERSONALIDADE 
CONDICIONAL 
Embora para esta teoria a personalidade comece desde a concepção, esta fica sujeita 
a condição suspensiva, qual seja, o nascimento com vida. 
 
Minoritária no Brasil. 
 
JURISPRUDÊNCIA: No REsp 1.693.718-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 
26/03/2019, o STJ entendeu que NÃO há exigência de formalidade específica acerca da manifestação de última 
vontade do indivíduo sobre a destinação de seu corpo após a morte, sendo possível a submissão do cadáver ao 
procedimento de criogenia em atenção à vontade manifestada em vida.14 
 
Relembro a vocês que para os autores que perfilham da teoria concepcionista, o marco inicial da 
personificação do ser humano é a concepção, como o próprio nome aponta, antes mesmo do nascimento com 
vida. Essa posição tem ganhado muita força na doutrina, inclusive sendo adotada em tratados internacionais. 
Pontes de Miranda e Teixeira de Freitas, por exemplo, defendem que a partir da concepção já temos uma pessoa. 
 
Por outro lado, para os que defendem a teoria natalista, o marco inicial da personificação não seria a 
concepção, mas apenas o nascimento com vida. Segundo Cristiano Chaves de Farias, Felipe Braga Netto e Nelson 
Rosenvald (2019), o Código Civil, se interpretado literalmente, parece preferir esta teoria. No entanto, chamo à 
atenção de vocês em um detalhe: apesar de, para alguns autores, o Código Civil ter adotado literalmente a teoria 
natalista, a teoria mais atual e mais segura é a concepcionista. 
 
 Maria Helena Diniz (citado por Flávio Tartuce, 2018, p. 89) classifica a personalidade jurídica em formal e 
material: 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA FORMAL PERSONALIDADE JURÍDICA MATERIAL 
É aquela relacionada com os direitos da 
personalidade, o que o nascituro já tem desde a 
concepção. 
Mantém relação com os direitos patrimoniais, e o 
nascituro só a adquire com o nascimento com vida, 
segundo a doutrinadora. 
 
 
14 “Preliminarmente, é conveniente frisar que os direitos de personalidade, e entre eles o direito ao cadáver, se orientam pela lógica do 
Direito Privado, primando pela autonomia dos indivíduos, sempre que esta não violar o ordenamento jurídico. Nesse contexto, a escolha 
feita pelo particular de submeter seu cadáver ao procedimento da criogenia encontra proteção jurídica, na medida em que sua autonomia 
é protegida pela lei e não há vedação à escolha por esse procedimento. Ademais, verifica-se que as razões de decidir do tribunal de origem 
estão embasadas na ausência de manifestação expressa de vontade do genitor das litigantes acerca da submissão de seu corpo ao 
procedimento de criogenia após a morte. Ocorre que, analisando as regras correlatas dispostas no ordenamento jurídico - que disciplinam 
diferentes formas de disposição do corpo humano após a morte -, em razão da necessidade de extração da norma jurídica a ser aplicada ao 
caso concreto, considerando a existência de lacuna normativa, verifica-se que não há exigência de formalidade específica acerca da 
manifestação de última vontade do indivíduo. Da análise do § 2º do art. 77 da Lei nº 6.015/1973 (Lei de Registros Públicos), extrai-se que, 
com exceção da hipótese de "morte violenta" - que necessita também de autorização judicial -, os requisitos para a realização da cremação 
do cadáver são: i) a existência de atestado de óbito assinado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista; e ii) a anterior manifestação 
de vontade do indivíduo de ser incinerado após a morte. Dessa maneira, não exigindo a Lei de Registros Públicos forma especial para a 
manifestação em vida em relação à cremação, será possível aferir a vontade do indivíduo, após o seu falecimento, por outros meios de prova 
legalmente admitidos. É de se ressaltar que, em casos envolvendo a tutela de direitos da personalidade do indivíduo post mortem (direito 
ao cadáver), o ordenamento jurídico legitima os familiares mais próximos a atuarem em favor dos interesses deixados pelo de cujus. Logo, 
na falta de manifestação expressa deixada pelo indivíduo em vida acerca da destinação de seu corpo após a morte, presume-se que sua 
vontade seja aquela apresentada por seus familiares mais próximos. REsp 1.693.718-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, 
julgado em 26/03/2019, DJe 04/04/2019”. 
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É importante lembrar que para os autores Cristiano Chaves de Farias, Felipe Braga Netto e Nelson 
Rosenvald (2019), 
 
“o Código Civil não diz que estão resguardados os direitos do embrião, mas do nascituro. 
No Brasil, o descarte do embrião pré-implatado não perfaz crime. É crime, contudo, a 
clonagem humana. O STF (....), ao julgar a ADI nº 3.510, entendeu válida a norma que 
permite, para fins de terapia e pesquisa, a utilização de células-tronco embrionárias 
produzidas por fertilização in vitro.” (GRIFOS NOSSOS) 
 
Por fim, reforçam os autores: 
 
“Seja como for, verdade é que a natureza jurídica do embrião antes da implantação no útero materno ainda está 
para ser definida pelos juristas (e não só por eles).” 
 
Além disso, o conceito atual de personalidade não é puramente formal. Nesse sentido, salientam os 
professores acima: 
 
“O conceito atual de personalidade não é puramente formal. Não basta dizer que pessoa é aquele que pode ser 
sujeito de direito. Continua sendo isso, mas não é só isso. Essencial às notas contemporâneas do conceito é a noção 
de dignidade humana. A exigência da racionalidade não faz parte do conceito atual de personalidade. Bem longe 
disso. Mesmo crianças que ainda não falam, por exemplo, são pessoas, ninguém ousaria negar.” 
 
Em uma obra excelente (Algumas notas sobre a dimensão ecológica da dignidade da pessoa humana e 
sobre a dignidade da vida em geral – 2014), que inclusive recomendo MUITO para vocês em fases mais avançadas, 
escrita por Ingo Wolfgang Sarlet e Tiago Feinsterseifer, os autores reforçam que o conceito de dignidade da pessoa 
humana está cada vez mais em evolução, já que é possível o reconhecimento do valor dignidade como inerente a 
outras formas de vida não humanas, como é o caso dos animais. 
 
“Se a dignidade consiste em um valor próprio e distintivo que nós atribuímos a determinada manifestação 
existencial – no caso da dignidade da pessoa humana, a nós mesmos -, é possível o reconhecimento do valor 
dignidade como inerente a outras formas de vida não humanas.” 
 
O que eu preciso que vocês saibam é que o conceito de dignidade tal como estudamos na faculdade está 
em evolução. Hoje a dignidade não é apenas humana, mas também sob uma perspectiva ecológica15. Guardem 
isso, pois é de fundamental importância para nossa prova. 
 
 Nesse mesmo ponto, precisamos saber alguns conceitos básicos. 
 
3. CONCEITOS BÁSICOS 
 
15 Além da questão de a dignidade também dizer respeito às outras formas de vida, a própria dignidade da pessoa humana perpassa por 
uma análise ecológica do ambiente em que ele vive. Dessa forma, o direito a um meio ambiente equilibrado também está inserido na análise 
da referida dignidade (sobre se ela está presente ou não). 
16 Inclusive a figura do concepturo possui previsão na sucessão testamentária, conforme se depreende do art. 1.799 do CC: Art. 1.799. Na 
sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde 
que vivas estas ao abrir-se a sucessão; 
3.1 NASCITURO 
O ser humano que já foi concebido e encontra-se no ventre materno, ainda em 
gestação. Ou seja, o nascituro é o ser que já foi concebido e ainda não nasceu. 
3.2 CONCEPTURO 
 
CUIDADO! 
Esse conceito não é muito familiar, mas caiu na prova oral da DPE-BA! 
 
O concepturo é aquele que ainda não foi concebido, embora haja a esperança 
de que venha a ser.16 
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Em resumo, a inseminação artificial é uma técnica em que médicos capacitam o material genético 
masculino e colocam dentro do útero materno, aumentando as chances de êxito da concepção. 
 
É diferente da reprodução in vitro. 
 
Como o próprio nome diz, a reprodução in vitro é realizada FORA do útero materno. 
 
“A fertilização in vitro (FIV) é um dos tratamentos que compõem o grupo de tecnologias de reprodução assistida. 
Ela consiste em fecundar o óvulo fora do corpo, para somente depois que o embrião começar a se formar inseri-lo 
no útero, a fim de implantar-se e acontecer a gravidez. Trata-se do tratamento mais completo em reprodução 
assistida, e que oferece boas chances de sucesso, sendo em média de 45%. Porém, esse número varia de acordo 
com a idade da mulher.” 
 
3.6 FECUNDAÇÃO HOMÓLOGA E HETERÓLOGA 
 
Reforço, ainda, que a reprodução assistida pode se HOMÓLOGA, quando só há material genético dos pais 
biológicos, ou HETERÓLOGA, quando há doação de material genético por um terceiro anônimo. 
 
FECUNDAÇÃO HOMÓLOGA FECUNDAÇÃO HETERÓLOGA 
“A fecundação artificial homóloga é aquela em que é 
usado somente o material biológico dos pais - 
pacientes das técnicas de reprodução assistida. Não há 
a doação por terceiro anônimo de material biológico 
(espermatozoide, óvulo ou embrião).” 
A reprodução assistida heteróloga se dá quando há a 
doação por terceiro anônimo de material biológico ou 
há a doação de embrião por casal anônimo (Resolução 
CFM, art. IV e art. V, inciso 3). Perceba que a 
reprodução humana heteróloga pode ser unilateral 
(material genético de um doador) ou bilateral (material 
genético de dois doadores ou doação de embrião). A 
reprodução assistida heteróloga é espécie de filiação 
socioafetiva (art. 1593 do CC).”17 
 
SE LIGA NA JURIS: no REsp 1823077, por unanimidade, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu 
que não é abusiva a negativa de cobertura, pelo plano de saúde, de tratamento de fertilização in vitro. Para o 
colegiado, determinar cobertura obrigatória da fertilização in vitro pode trazer indesejável repercussão no 
equilíbrio econômico-financeiro dos planos, o que prejudicaria os segurados e a própria higidez do sistema de 
suplementação privada de assistência à saúde. "A fertilização in vitro não possui cobertura obrigatória, de modo 
 
17 Disponível em: https://professorclebercouto.jusbrasil.com.br/artigos/211560163/reproducao-humana-assistida-homologa-e-heterologa-
monoparentalidade-programada-e-coparentalidade. Acesso em: 03/05/2021. 
3.3 EMBRIÃO 
Surge da junção dos gametas masculino e feminino. Para o STF, o embrião in 
vitro não é pessoa (ADI 3510-DF), mas um bem a ser protegido. 
3.4 EMBRIÃO 
EXCENDENTÁRIO 
 
JÁ CAIU! 
Esse conceito também foi cobrado na prova oral da DPE-BA. 
Embrião excedentário é aquele que não foi implantado no útero materno, razão 
pela qual constitui o embrião que sobrou no processo de fertilização artificial 
(excedentário). 
3.5 REPRODUÇÃO 
MEDICAMENTE ASSISTIDA 
 
IMPORTANTÍSSIMO! 
A reprodução medicamente assistida, também chamada procriação 
medicamente assistida, contempla o uso de diferentes técnicas médicas para 
auxiliar a reprodução humana. 
 
As duas principais formas de reprodução assistida são: (1) inseminação artificial 
e (2) fertilização in vitro. 
 
Vou comentar sobre essas duas, pois precisamos de um aprofundamento. 
https://professorclebercouto.jusbrasil.com.br/artigos/211560163/reproducao-humana-assistida-homologa-e-heterologa-monoparentalidade-programada-e-coparentalidade
https://professorclebercouto.jusbrasil.com.br/artigos/211560163/reproducao-humana-assistida-homologa-e-heterologa-monoparentalidade-programada-e-coparentalidade
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que, na hipótese de ausência de previsão contratual expressa, é impositivo o afastamento do dever de custeio do 
mencionado tratamento pela operadora do plano de saúde", afirmou o relator, ministro Marco Buzzi.18 
 
É importante saber que com relação à reprodução assistida heteróloga, em que há a doação de material 
genético de um terceiro, o art.17, § 3º do Provimento 63 do CNJ deixa claro que o conhecimento da ascendência 
biológica não importará no reconhecimento do vínculo de parentesco e dos respectivos efeitos jurídicos entre o 
doador ou a doadora e o filho gerado por meio da reprodução assistida. 
 
Esse mesmo ato normativo (Provimento 63 do CNJ)também afirma, em seu art. 16, § 2º, que no caso de 
filhos de casais homoafetivos, o assento de nascimento deverá ser adequado para que constem os nomes dos 
ascendentes, sem referência a distinção quanto à ascendência paterna ou materna. 
 
4. CASO ARTAVIA MURILLO E OUTROS VS COSTA RICA 
 
No caso Artavia Murillo e outros VS Costa Rica, a Corte IDH entendeu que a fertilização in vitro não viola o 
direito à vida, previsto no artigo 4.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos. 
 
Segundo relatório elaborado pelo STF19, para entender o caso, é preciso recordar que em 15 de março de 
2000, a Suprema Corte da Costa Rica declarou que a prática de fertilização in vitro (FIV) violava o direito à vida, 
considerando o embrião humano como pessoa desde o momento da concepção e que a técnica implicava uma 
elevada perda de embriões. Assim, declarou a inconstitucionalidade do Decreto Executivo que regulamentava o 
procedimento, proibindo-o no país. Em oposição a esse ato, em julho de 2011, a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos solicitou a responsabilização internacional do Estado da Costa Rica pela violação dos artigos 
11.24, 17.25 e 246 da Convenção Americana de Direitos Humanos. Entre outros aspectos, alegou que essa 
proibição absoluta constituía interferência arbitrária nos direitos à vida privada e na formação da família. A vedação 
violava ainda o direito à igualdade, porquanto o Estado havia negado o acesso ao tratamento que permitiria que 
famílias gerassem seus filhos biológicos. Além disso, esse impedimento teve grave impacto psicológico nas vítimas, 
sobretudo nas mulheres. II. Em 2012, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) deferiu o pedido e 
condenou o Estado da Costa Rica por proibir a fertilização in vitro no seu território. Inicialmente, a Corte discorreu 
sobre o alcance dos direitos à integridade pessoal, à liberdade, à vida privada. O artigo 11 da Convenção protege 
os indivíduos contra as ações arbitrárias das instituições do Estado que lhes afetem a vida privada e familiar. 
 
A decisão de ser ou não mãe ou pai é parte do direito à vida privada e inclui, nesse caso, a decisão de ser 
progenitor no sentido genético ou biológico. Ao mesmo tempo, o artigo 17 da Convenção reconhece o papel central 
da família e da vida familiar na existência de uma pessoa e a possibilidade de procriar é parte do direito de formar 
uma família. Ademais, o respeito à vida privada relaciona-se com a autonomia reprodutiva e o acesso aos serviços 
de saúde reprodutiva, que inclui o direito de acesso à tecnologia médica necessária para exercer esse direito. 
 
A decisão de ter filhos biológicos por meio do acesso a técnicas de reprodução assistida e de planejamento 
familiar integra os direitos à integridade, à liberdade, à privacidade e à vida familiar. Além disso, a maneira pela 
qual essa decisão é construída faz parte da autonomia e da identidade da pessoa tanto em sua dimensão individual 
quanto em casal. Vedar o acesso a esse procedimento, usualmente praticado como último recurso para que casais 
superem graves dificuldades de procriação, afeta diretamente os planos de vida e a integridade psicológica dos 
indivíduos, por negar-lhes a utilização de um procedimento que possibilitaria o exercício da liberdade reprodutiva 
desejada. 
 
Com base nesses fundamentos, o Estado da Costa Rica foi sentenciado a adotar, o mais rapidamente 
possível, as medidas adequadas para tornar ineficaz a proibição da FIV e para que as pessoas que pretendessem 
utilizar a técnica pudessem fazer sem obstáculos ao exercício de seus direitos. No que se refere às violações e aos 
 
18 Disponível em: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Quarta-Turma-afasta-cobertura-de-fertilizacao-in-
vitro-com-exclusao-expressa-no-plano-de-saude.aspx. Acesso em: 03/05/2021. 
19 Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaBoletim/anexo/BJI3_ABORTO.pdf. Acesso em: 03/05/2021. 
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Quarta-Turma-afasta-cobertura-de-fertilizacao-in-vitro-com-exclusao-expressa-no-plano-de-saude.aspx
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Quarta-Turma-afasta-cobertura-de-fertilizacao-in-vitro-com-exclusao-expressa-no-plano-de-saude.aspx
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaBoletim/anexo/BJI3_ABORTO.pdf
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danos sofridos pelas vítimas diretas, a Corte estabeleceu a obrigação de o Estado proporcionar-lhes gratuitamente, 
de imediato, por até quatro anos, o tratamento psicológico de que necessitam, além de indenizá-las pelas despesas 
comprovadamente efetuadas, sobretudo aos casais que foram para o exterior para realizar o tratamento. 
 
5. TEORIA DA INCAPACIDADE 
 
 Entraremos agora nas teorias da incapacidade, assunto extremamente cobrado em nossas provas. 
 
 De 2015 para cá, muitas coisas aconteceram; portanto, devemos ter essa cautelar de estudar direitinho! 
 
 Quem são considerados incapazes? 
 
 Temos duas listas: uma com os absolutamente incapazes e outra com os relativamente incapazes. Com o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência essa lista sofreu uma mudança significativa. 
 
ABSOLUTAMENTE INCAPAZES RELATIVAMENTE INCAPAZES 
São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 
(dezesseis) anos. Apenas eles. 
1. Os maiores de dezesseis e menores de dezoito 
anos; 
 
2. Os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
 
3. Aqueles que, por causa transitória ou 
permanente, não puderem exprimir sua vontade; e 
 
4. Os pródigos. 
 
OBS.: A capacidade dos indígenas20 será regulada por 
legislação especial. 
 
Precisamos falar sobre emancipação. 
 
6. EMANCIPAÇÃO 
 
 O que é emancipação? 
 
 É a aquisição da capacidade civil antes da maioridade, embora o adolescente ainda continue, do ponto de 
vista biológico, menor de idade. 
 
 Há três espécies de emancipação: a) voluntária; b) judicial; e c) legal. 
 
ESPÉCIES DE 
EMANCIPAÇÃO 
VOLUNTÁRIA 
Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial. 
JUDICIAL 
Requerida judicialmente quando o adolescente está sujeito à tutela, por 
exemplo, desde que tenha 16 anos pelo menos. 
LEGAL 
II - pelo casamento; 
 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
 
 
20 Lembrando sempre que as expressões “índio” ou “silvícola” possuem cunho pejorativo e devem ter seu uso evitado nas provas. 
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V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação 
de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos 
completos tenha economia própria. 
 
Nessa oportunidade gostaria de abrir um parêntese para comentar uma “novidade legislativa” muito 
importante. A Lei nº 13.811/2019, publicada dia 13 de março de 2019, trouxe uma impactante alteração sobre 
idade núbil e casamento, por isso já quero adiantar aqui para vocês. 
 
Vamos lá. 
 
Para começar, o que é idade núbil? 
 
Amig@s, a idade núbil é a idade em que se é permitido se casar. Simples! 
 
Qual é, portanto, a idade núbil no Brasil? 16 (dezesseis) anos. 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou 
de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
 
Coloquei a expressão “homem e mulher” destacada porque sabemos que esse artigo deve ser interpretado 
à luz da Constituição, cuja interpretação dada pelo STF e STJ é no sentido de não haver diferenciação entre união 
entre pessoas do mesmo sexo e pessoas de sexos diferentes, inclusive tendo sido editada a Resolução 175 no CNJ, 
que trouxe a seguinte previsão em seu art.1º. 
 
Art. 1º. É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação,celebração de casamento civil ou de 
conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. 
 
Até aqui tudo bem? 
 
Vamos prosseguir. 
 
Agora suponha que haja divergência entre os pais dos adolescentes. Um ascendente não concorda, mas o 
outro concorda. E agora, como resolver? 
 
O art. 1.517, parágrafo único, reforça que em caso de divergência, aplica-se o disposto no parágrafo único 
do art. 1.631. 
 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. 
 
Mas e o que traz o parágrafo único do art. 1.631, gente? 
 
Simples, o suprimento judicial, que é um pedido que o (s) pai(s) faz(em) ao Juiz a fim de que este solucione 
a divergência. 
 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer 
ao juiz para solução do desacordo. 
 
Tudo bem, vamos avançar. 
 
Professor, você falou que apenas pessoas com pelo menos 16 anos poderiam casar-se, não foi isso? 
 
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Foi, falei. Mas eu esqueci (de propósito) de te falar que há(via) exceções. Isto é, mesmo com menos de 16 
anos (portanto, sem a idade núbil), seria possível o casamento em determinadas situações. 
 
É que o art. 1.520 do Código Civil indicava (até dia 13 de março de 2019) duas possíveis exceções ao 
requisito mínimo de 16 anos. 
 
IDADE NÚBIL ANTES DA LEI 
Nº 13.811/2019 
EXCEÇÕES À IDADE NÚBIL ANTES DA LEI 
Nº 13.811/2019 
16 anos. 
Estavam no art. 1.5.20 do Código Civil: 
a) para evitar imposição ou cumprimento de 
pena criminal ou 
 
b) em caso de gravidez. 
 
Portanto, antes havia, pelo menos formalmente, duas exceções: 1) para evitar imposição ou cumprimento 
de pena criminal ou 2) em caso de gravidez. 
 
A primeira era a extinção da punibilidade pelo casamento com a vítima (Art. 107, VII, CP), que já havia sido 
revogada pela Lei nº 11.106/2005. 
 
A segunda permitia o casamento entre pessoas que não havia atingido a idade núbil em casos de gravidez. 
 
No entanto, com a nova redação dada ao art. 1.520, você precisa atualizar o seu Vade Mecum, pois não 
existe mais NENHUMA exceção à idade núbil. 
 
IDADE NÚBIL 
APÓS A LEI Nº 13.811/2019 
EXCECÕES À IDADE NÚBIL APÓS A LEI Nº 13.811/2019 
16 ANOS. Não há exceções. 
 
Vejam como ficou a nova redação dada ao art.1.520: 
 
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o 
disposto no art. 1.517 deste Código. 
 
Em resumo: não há mais qualquer situação, nos termos do art. 1.520 do Código Civil, que permita o 
casamento entre pessoas que não atingiram a idade núbil. 
 
Por fim, ressalte-se que essa alteração está de acordo com o Direito Internacional dos Direitos Humanos, 
e segundo o Professor Caio Paiva21, “cumpre com recomendação dos Comitês sobre os Direitos da Criança e sobre 
Eliminação de Discriminação contra a Mulher, além de constar na RPU-BR (Revisão Periódica Universal sobre o 
Brasil)”. 
 
CAIU NA DPE/BA – 2021 -FCC: Fábio, 16 anos, órfão de pai e mãe, vive com sua irmã em uma pequena casa 
construída por seu pai. A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas – Seinfra, de Salvador, acionou a 
Defensoria Pública do Estado da Bahia a fim de que o adolescente pudesse se tornar beneficiário de uma das 
unidades habitacionais das obras de urbanização integrada. Todavia, em razão de sua incapacidade civil relativa e 
da ausência de representante legal para prestar assistência, não preenchia os requisitos para se habilitar no 
programa residencial. Diante dessa situação, mostra-se adequado que a Defensoria Pública: 
 
A) represente Fábio em procedimento denominado de tomada de decisão apoiada. 
 
21 Publicação em suas Redes Sociais (Twitter). 
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B) nomeie tutor ou curador especial para representá-lo perante a Secretaria Municipal, suprindo a sua incapacidade 
relativa. 
C) oriente Fábio para que obtenha a sua emancipação por meio de instrumento público, independentemente de 
homologação judicial. 
D) oriente Fábio que aguarde atingir a maioridade a fim de que possa exercer por si só os atos da vida civil, uma 
vez que a emancipação não se mostra possível nas circunstâncias descritas. 
E) proponha judicialmente ação para o fim de obter a emancipação de Fábio e, consequentemente, ele passará a 
ser absolutamente capaz.22 
 
Uma provocação interessante foi feita por Raphael Carneiro Arnaud Neto, ao indagar se a Lei que proíbe 
casamento de menores de 16 anos vale para união estável. 
 
Para o autor23, “se as uniões precoces têm majoritariamente natureza informal, não é de casamento que 
estamos tratando, mas, sim, de união estável. Ato-fato jurídico que não se submete ao plano da validade da escada 
ponteana nem necessita de ato solene para operar seus efeitos. A pergunta que se faz, portanto, é: a alteração do 
artigo 1.520 é hábil a impedir também as uniões estáveis para quem não atingiu a idade núbil? Se a resposta for 
“não”, ao que parece, a lei combateu o “inimigo” errado e muito pouco ou nada mudará na realidade das pessoas 
que visava proteger”. 
 
Raphael lembra que, “se, de outro lado, a resposta for “sim”, a consequência pode ser ainda mais danosa, 
uma vez que extirpará justamente da pessoa hipossuficiente por excelência, nestes casos, direitos e garantias que 
o reconhecimento de uma união possui, como, por exemplo, o direito a receber assistência financeira do outro 
companheiro, direitos previdenciários e até mesmo sucessórios”. Por fim, anota que “essa e outras dúvidas, como, 
por exemplo, se o impedimento trazido pela nova redação da Lei nº 13.811/2019 gera nulidade ou anulabilidade 
do ato perfectibilizado à sua revelia, movimentarão os tribunais nos próximos tempos. É aguardar e torcer por dias 
de mais segurança jurídica no Direito das Famílias”. Para aprofundamentos, interessante ler o texto do autor. 
 
Uma última observação sobre o tema: caso seja questionado em sua prova sobre o que vem a ser o 
chamado casamento infantil, basta lembrar que se trata do casamento por quem ainda não atingiu a idade núbil e 
que, com a alteração legislativa tratada, é proibido no Brasil. 
 
 Agora veremos detalhes sobre o fim da personalidade. 
 
7. O FIM DA PERSONALIDADE 
 
Segundo o Código Civil, a existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
 Vamos fazer uma tabela sobre as espécies de morte presentes em nosso ordenamento jurídico. 
 
7.1 MORTE REAL Se configura com a morte encefálica (Lei de Transplante de Órgãos). 
7.2 MORTE 
PRESUMIDA 
Há casos em que não se permitirá aferir se a morte foi real, razão pela qual a lei traz 
hipóteses de presunção da morte COM ou SEM declaração de ausência. 
 
É possível decretar a ausência, a fim de que o tempo passe e o sujeito reapareça. Ou 
pode decretar a morte presumida sem a declaração de ausência, em situações mais 
extremas. 
 
Presume-se a morte, nos casos de ausência, após aberta a sucessão definitiva. 
 
22 GAB: E. Questão extraída de um caso real na DPE/BA: https://www.defensoria.ba.def.br/noticias/orfas-de-pai-e-mae-irmas-tem-acesso-a-
moradia-apos-atuacao-da-defensoria/. Acesso em 17/01/22 
23 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-abr-05/raphael-arnaud-lei-veda-casamento-menor-16-anos. Acesso em: 17/01/2022. 
https://www.defensoria.ba.def.br/noticias/orfas-de-pai-e-mae-irmas-tem-acesso-a-moradia-apos-atuacao-da-defensoria/
https://www.defensoria.ba.def.br/noticias/orfas-de-pai-e-mae-irmas-tem-acesso-a-moradia-apos-atuacao-da-defensoria/
https://www.conjur.com.br/2019-abr-05/raphael-arnaud-lei-veda-casamento-menor-16-anos
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7.3 PRESUNÇÃO DE 
MORTE SEM 
DECRETAÇÃO DE 
AUSÊNCIAI- se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 
dois anos após o término da guerra. 
 
OBS.: A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável 
do falecimento. 
7.4 COMORIÊNCIA 
É a morte simultânea entre duas ou mais pessoas que, quando não é possível saber 
quem morreu primeiro. Isso é importante porque, a depender de quem tenha morrido 
primeiro, a sucessão poderá ser distinta. 
 
Para esses casos em que não se sabe quem morreu primeiro, o Código Civil aduz que 
“se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se 
algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 
8. DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
Carlos Roberto Gonçalves (2017, p. 200), ensina que: 
 
“certas prerrogativas individuais, inerentes à pessoa humana, aos poucos foram 
reconhecidas pela doutrina e pelo ordenamento jurídico, bem como protegidas pela 
jurisprudência. São direitos inalienáveis, que se encontram fora do comércio, e que 
merecem a proteção legal. A concepção dos direitos da personalidade apoia-se na ideia 
de que, a par dos direitos economicamente apreciáveis, destacáveis da pessoa de seu 
titular, como a propriedade ou o crédito contra um devedor, outros há, não menos 
valiosos e merecedores da proteção da ordem jurídica, inerentes à pessoa humana e a 
ela ligados de maneira perpétua e permanente. São os direitos da personalidade, cuja 
existência tem sido proclamada pelo direito natural, destacando-se, dentre outros, o 
direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra.” 
 
8.1 CONCEITO DE DIREITO DA PERSONALIDADE 
 
O professor Flávio Tartuce24, em sua obra “Manual de Civil Volume Único”, 2018, p. 106/107, traz o 
conceito de “direitos da personalidade” na visão de diversos doutrinadores, vejamos: 
 
Rubens Limongi França – “Direitos da personalidade dizem-se as faculdades jurídicas cujo objeto são os 
diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem assim da sua projeção essencial no mundo exterior”. 
 
Maria Helena Diniz – “São direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua 
integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio, vivo ou morto, partes separadas do 
corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e literária) 
e sua integridade moral (honra, recato, segredo pessoal, profissional e doméstico, imagem, identidade pessoal, 
familiar e social)”. 
 
Francisco Amaral – “Direitos da personalidade são direitos subjetivos que têm por objeto os bens e valores 
essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual”. 
 
 
24 Tartuce, Flávio Manual de direito civil: volume único/Flávio Tartuce. – 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
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Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald – “Consideram-se, assim, direitos da personalidade aqueles 
direitos subjetivos reconhecidos à pessoa, tomada em si mesma e em suas necessárias projeções sociais. Enfim, 
são direitos essenciais ao desenvolvimento da pessoa humana, em que se convertem as projeções físicas, psíquicas 
e intelectuais do seu titular, individualizando-o de modo a lhe emprestar segura e avançada tutela jurídica”. 
 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho – “aqueles que têm por objeto os atributos físicos, 
psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais.” 
 
8.2 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
Veremos, em síntese, as principais características dos direitos da personalidade segundo Carlos Roberto 
Gonçalves (2017, p. 203). 
 
8.2.1 INTRANSMISSIBILIDADE E 
IRRENUNCIABILIDADE 
Essas características, mencionadas expressamente no dispositivo legal 
supratranscrito, acarretam a indisponibilidade dos direitos da personalidade. 
Não podem os seus titulares deles dispor, transmitindo-os a terceiros, 
renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com 
eles, dos quais são inseparáveis. Evidentemente, ninguém pode desfrutar em 
nome de outrem bens como a vida, a honra, a liberdade, etc. 
8.2.2 ABSOLUTISMO 
O caráter absoluto dos direitos da personalidade é consequência de sua 
oponibilidade erga omnes. São tão relevantes e necessários que impõem a 
todos um dever de abstenção, de respeito. Sob outro ângulo, têm caráter 
geral, porque inerentes a toda pessoa humana. 
8.2.3 NÃO LIMITAÇÃO 
É ilimitado o número de direitos da personalidade, malgrado o Código Civil, 
nos arts. 11 a 21, tenha se referido expressamente apenas a alguns. Reputa-
se tal rol meramente exemplificativo, pois não esgota o seu elenco, visto ser 
impossível imaginar-se um numerus clausus nesse campo. 
8.2.4 IMPRESCRITIBILIDADE 
Essa característica é mencionada pela doutrina em geral pelo fato de os 
direitos da personalidade não se extinguirem pelo uso e pelo decurso do 
tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-los. Embora o dano moral 
consista na lesão a um interesse que visa a satisfação de um bem jurídico 
extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade, como a vida, a honra, 
o decoro, a intimidade, a imagem, etc., a pretensão à sua reparação está 
sujeita aos prazos prescricionais estabelecidos em lei, por ter caráter 
patrimonial. 
8.2.5 NÃO SUJEIÇÃO A 
DESAPROPRIAÇÃO 
Os direitos da personalidade inatos não são suscetíveis de desapropriação, por 
se ligarem à pessoa humana de modo indestacável. Não podem dela ser 
retirados contra a sua vontade, nem o seu exercício sofrer limitação voluntária 
(CC, art. 11). 
8.2.6 VITALICIEDADE 
Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da concepção 
e acompanham a pessoa até sua morte. Por isso, são vitalícios. Mesmo após a 
morte, todavia, alguns desses direitos são resguardados, como o respeito ao 
morto, à sua honra ou memória e ao seu direito moral de autor, por exemplo. 
 
 Gente, os direitos da personalidade podem sofrer limitação voluntária? 
 
Vejam que o art. 11 do Código Civil prevê o seguinte: 
 
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, 
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
 
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Nesse sentido, é importante ressaltar que foi aprovado o Enunciado número 139, na III Jornada de Direito 
Civil, pelo qual “os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em 
lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons 
costumes”. 
 
Além disso, prevê o Enunciado nº 4 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, que “o exercício dos 
direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. 
 
CAIU NA DPE/RJ – 2021 – FGV: O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, ainda 
que permanente e geral.25 
 
Para Flávio Tartuce26, 
 
“Pelo teor desses dois enunciados doutrinários, a limitação voluntária constante do art. 
11 do CC seria somente aquela não permanente e que não constituísse abuso de direito, 
nos termos da redação do art. 187 da mesma codificação material, que ainda utiliza as 
expressões boa-fé e bons costumes. A título de exemplo, podem ser citados os casos 
relativos à cessão onerosa dos direitos patrimoniais decorrentes da imagem, que não 
pode ser permanente. Assim, pode-se dizer que um atleta profissional tem a liberdade 
de celebrar um contrato com uma empresa de material esportivo, visando à exploração 
patrimonial de sua imagem, como é comum. Entretanto,esse contrato não pode ser 
vitalício, como ocorre algumas vezes na prática, principalmente em casos de contratos 
celebrados entre jogadores de futebol brasileiros e empresas multinacionais. Esses 
contratos, geralmente, são celebrados no estrangeiro, mas se fossem celebrados no 
Brasil seriam nulos, por ilicitude de seu objeto, pois a cessão de uso dos direitos da 
personalidade é permanente (art. 166, II, do CC e Enunciado nº 4 do CJF/STJ).” 
 
Ainda sobre o tema, estabelece Tartuce (2018, p. 116) que a mesma tese vale para os contratos assinados 
pelos participantes de programas de realidade (reality shows), caso do programa Big Brother Brasil, veiculado pela 
TV Globo. Em programas dessa natureza, é comum a celebração de um contrato em que o participante renuncia ao 
direito a qualquer indenização a título de dano moral, em decorrência da edição de imagens. Neste caso específico, 
por exemplo, é inverossímil crer que bastaria a assinatura de um contrato para que a outra parte da avença pudesse 
ter verdadeira “carta branca” na edição de imagens dos participantes; se houver abuso de direito (lembrem do 
Enunciado número 139, na III Jornada de Direito Civil27) é cabível, sim, indenização. 
 
O art. 12 do Código Civil informa que se pode exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da 
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. O parágrafo único traz 
relevante informação: Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o 
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
 
Sobre esse tema, importante lembrar da V Jornada de Direito Civil - Enunciado 398: As medidas previstas 
no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser invocadas por qualquer uma das pessoas ali mencionadas de 
forma concorrente e autônoma. 
 
ATENÇÃO: Apenas a título de conhecimento, saiba que recentemente o STJ decidiu que na exposição pornográfica 
não consentida, o fato de o rosto da vítima não estar evidenciado de maneira flagrante é irrelevante para a 
configuração dos danos morais. REsp 1.735.712-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, 
julgado em 19/05/2020, DJe 27/05/2020. (Inf.672) 
 
25 GAB: E. 
26 Idem, p. 115. 
27 Enunciado 139: Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser 
exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes. 
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APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
9. DIREITO AO NOME E FORMAS DE ALTERAÇÃO 
 
O nome é um elemento identificador dos indivíduos no seio social, gozando de proteção jurídica e 
integrando o rol dos direitos da personalidade. Em regra, o nome não poderá ser alterado, tendo em vista o 
princípio da imutabilidade do nome, previsto no art. 58 da Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73). No entanto, 
há situações em que o nome poderá ser alterado, seja através de substituição, ou de retificação. 
 
O art. 56 da Lei de Registros Públicos permite a alteração do nome após o primeiro ano da maioridade civil, 
por exemplo. Outra hipótese legal de alteração do nome é através da adoção, forma de colocação em família 
substituta. Essa forma de alteração do nome está prevista no art. 47, § 5º, do ECA. É que, com a adoção, é 
concedido ao adotado o sobrenome do adotante, sendo facultativa, a rogo do adotante ou do adotado, a 
modificação do seu prenome, se criança ou adolescente. 
 
A Lei de Registros Públicos também traz, em seu art. 110, uma permissão legal de retificação do nome no 
próprio cartório, em casos de erro gráfico, inclusive sem autorização judicial, desde que os erros não exijam 
qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção. 
 
Nessa mesma linha, o parágrafo único do art. 58 da Lei dos Registros Públicos permite que vítimas e 
testemunhas possam alterar o nome, estabelecendo que é possível a substituição do prenome em razão de 
fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em 
sentença, de juiz competente, ouvindo o Ministério Público. 
 
Para além dos meios legais, o STF julgou procedente a ADI 4.275, para dar interpretação conforme a 
Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica ao art. 58 da Lei nº 6.015/73, de modo a reconhecer aos 
transgêneros que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de 
tratamentos hormonais ou patologizantes, o direito à substituição de prenome e sexo diretamente no registro civil 
(portanto sem processo judicial), entendimento reafirmando no RE 670422, e REsp 1.626.739-RS, em consonância 
com a Opinião Consultiva nº 24 e os Princípios de Yogyakarta, resultando na edição, inclusive, do Provimento 
73/2018 do CNJ. 
 
CAIU NA DPE/SC – 2021 – FCC: Em 2018, o Pleno do Supremo Tribunal julgou duas importantes ações, a ADI 4.275 
e o RE 670.422, com repercussão geral (tema 761), ambas envolvendo direitos da personalidade das pessoas 
transgênero. Na oportunidade, ficou definido que as pessoas transgênero têm direito à alteração do prenome e do 
gênero: 
A) mediante procedimento administrativo, de modo que fica vedada a discussão judicial. 
B) mediante procedimento administrativo ou judicial, desde que comprovem a realização de cirurgia de 
transgenitalização. 
C) desde que o façam por meio de procedimento judicial, que exige comprovação da situação de transgênero por 
todos os meios de prova admitidos em direito. 
D) mediante procedimento administrativo, mas o procedimento extrajudicial deve indicar no registro que se trata 
de pessoa transgênero, salvo decisão judicial em sentido diverso. 
E) mediante procedimento administrativo ou judicial, não se exigindo para tanto nada além da sua manifestação 
de vontade. 
 
Crianças que nascem sem o sexo definido como masculino ou feminino, em condição conhecida como 
Anomalia de Diferenciação de Sexo (ADS), – também chamadas de intersexos – também poderão ser registradas 
com o sexo “ignorado” na certidão de nascimento. E ainda realizar, a qualquer tempo, a opção de designação de 
sexo em qualquer Cartório de Registro Civil, sem a necessidade de autorização judicial, de comprovação de cirurgia 
sexual e tratamento hormonal ou apresentação de laudo médico ou psicológico. É o que prevê o Provimento nº 
122 de 13/08/2021 do CNJ, que dispõe sobre o assento de nascimento no Registro Civil das Pessoas Naturais nos 
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casos em que o campo sexo da Declaração de Nascido Vivo (DNV) ou na Declaração de Óbito (DO) fetal tenha sido 
preenchido “ignorado”28. 
 
Apenas a título de informação, pois o tema já foi cobrado na DPE/BA, em 2021, a revelia em ação de 
divórcio na qual se pretende, também, a exclusão do patronímico adotado por ocasião do casamento não 
significa concordância tácita com a modificação do nome civil. STJ. 3ª Turma. REsp 1.732.807-RJ, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 14/08/2018 (Info 631). 
 
CAIU NA DPE/BA – 2021 – FCC: Em relação ao direito ao nome e à possibilidade de alteração: 
A) de acordo com orientação do Supremo Tribunal Federal, a alteração de prenome da pessoa transgênero não 
depende de cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes; contudo, 
pressupõe parecer de equipe multidisciplinar. 
B) a negativa de registro de nome vexatório pelo Cartório de Registro Civil será necessariamente encaminhada para 
apreciação judicial, sem a cobrança de emolumentos. 
C) a inclusão de nome étnico de indígena pode ser postulada diretamente no Cartório de Registro Civil, não 
podendo, contudo, excluir os nomes e prenomes originais, com o objetivo de não prejudicar terceiros. 
D) os agentes públicos deverão respeitar a identidade de gênero e tratar a pessoa pelo nome socialpor ela indicado; 
porém, nos atos escritos em documentos públicos deve ser registrado somente o nome constante do registro civil. 
E) a revelia da mulher na ação de divórcio não implica necessariamente na procedência do pedido de alteração do 
nome promovido pelo marido para o uso do nome de solteira, por se tratar de direito da personalidade. 
 
Existe uma Resolução Conjunta, elaborada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com o CNMP (Conselho 
Nacional do MP) que dispõe sobre o assento de nascimento de indígena no Registro Civil das Pessoas Naturais. 
Trata-se da Resolução Conjunta Nº 3 de 19/04/2012. 
 
Antes, contudo, saiba que no Estatuto do Índio trabalha-se com três situações de índios, segundo Vitorelli 
(2016, p. 26), sendo elas: 1) índios não integrados (isolados); b) índios em via de integração; c) índios integrados, 
vejamos: 
 
• ÍNDIOS NÃO INTEGRADOS (ISOLADOS): correspondem à imagem idealizada e pré-
colombiana de índio, isto é: nus, inocentes, sem falar a língua portuguesa, sem utilizar 
produtos industrializados, sem acesso a quaisquer meios de comunicação modernos. 
 
• ÍNDIOS EM VIA DE INTEGRAÇÃO: Esses índios ainda mantêm algumas das características 
tribais intocadas, mas já se contaminou com costumes dos brancos29, portanto já fala 
português, por exemplo. 
 
• ÍNDIOS INTEGRADOS: Não há uma definição clara do momento em que o processo de 
integração se conclui, mas o índio que fala português, vota, pilota motocicleta e comete 
crimes é, nesse primeiro mundo, um índio integrado. 
 
É importante lembrar o que estabelece o art. 4º do Estatuto do Índio: 
 
Art. 4º Os índios são considerados: 
 
I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e 
vagos informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional; 
 
 
28 Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/4066. Acesso em 17/01/2022. 
29 Na obra, o professor menciona “brancos” para referir-se aos não-índios. 
https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/4066
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APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos 
estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas 
aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais setores da 
comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o próprio sustento; 
 
III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno 
exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições 
característicos da sua cultura. 
 
O conceito de índio, segundo o art. 3º do Estatuto do Índio, não se confunde com o conceito de 
“comunidade indígena ou grupo tribal”: 
 
CONCEITO DE ÍNDIO 
CONCEITO DE COMUNIDADE INDÍGENA OU GRUPO 
TRIBAL 
É todo indivíduo de origem e ascendência pré-
colombiana que se identifica e é identificado como 
pertencente a um grupo étnico cujas características 
culturais o distinguem da sociedade nacional. 
É um conjunto de famílias ou comunidades índias, quer 
vivendo em estado de completo isolamento em 
relação aos outros setores da comunhão nacional, 
quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem, 
contudo, estarem neles integrados. 
 
No que tange à OIT 169 e a Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, as palavras 
que vocês precisam “guardar” é autodeterminação e autorreconhecimento. Sobre tais documentos, estabelece a 
doutrina: 
 
(...) Documentos inovadores que têm como palavra de ordem a autodeterminação. Ser 
índio não é uma condição transitória, a ser eliminada. Ser índio é uma identidade cultural 
a ser mantida. Isso não significa que o índio, para merecer essa designação, deva 
permanecer vivendo como vivia há cinco séculos atrás. Se os brancos não vivem como 
viviam há cinco séculos, não faz sentido exigir isso dos índios. A cultura indígena é, como 
toda cultura, mutável e dinâmica.” 
 
(...) A condição indígena é definida pelo autorreconhecimento. É índio quem se 
reconhece como tal e é indígena a sociedade que se reconhece como tal. Não cabe a 
quem não pertence a uma comunidade rotulá-la como indígena ou não-indígena, muito 
menos com base em elementos externos.” (GRIFOS NOSSOS)30 
 
Em resumo: 
 
 
 
30 Estatuto do Índio. Edilson Vitorelli. 3 Ed, rev, amp e atual. Editora JusPodivm. Salvador. 2016, p. 25/26. 
DIREITO 
INDIGENISTA
ESTATUTO DO 
ÍNDIO
ÍNDIOS NÃO INTEGRADOS
ÍNDIOS EM VIAS DE 
INTEGRAÇÃO
ÍNDIOS INTEGRADOS
CONVENÇÃO OIT 
169 E DECLARAÇÃO 
DA ONU
AUTORRECONHECIMENTO
AUTODETERMINAÇÃO
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E segundo a Resolução Conjunta nº 03/2012, o assento de nascimento de indígena não integrado no 
Registro Civil das Pessoas Naturais é facultativo 
 
Art. 1º O assento de nascimento de indígena não integrado no Registro Civil das 
Pessoas Naturais é facultativo. 
 
Porém, no assento de nascimento do indígena, integrado ou não, deve ser lançado, a pedido do 
apresentante, o nome indígena do registrando, de sua livre escolha, não sendo caso de aplicação do art. 55, 
parágrafo único da Lei n.º 6.015/73. 31 
 
Art. 2º. No assento de nascimento do indígena, integrado ou não, deve ser lançado, 
a pedido do apresentante, o nome indígena do registrando, de sua livre escolha, 
não sendo caso de aplicação do art. 55, parágrafo único da Lei n.º 6.015/73. 
 
No caso de registro de indígena, a etnia do registrando pode ser lançada como sobrenome, a pedido do 
interessado. A pedido do interessado, a aldeia de origem do indígena e a de seus pais poderão constar como 
informação a respeito das respectivas naturalidades, juntamente com o município de nascimento. 
 
Segundo o art. 4º da Resolução Conjunta, o registro tardio do indígena poderá ser realizado: 
 
I. mediante a apresentação do RANI; 
II. mediante apresentação dos dados, em requerimento, por representante da 
Fundação Nacional do Índio – FUNAI a ser identificado no assento; ou 
III. na forma do art. 46 da Lei n.º 6.015/73 
 
(...) 
 
§ 1º Em caso de dúvida fundada acerca da autenticidade das declarações ou de 
suspeita de duplicidade de registro, o registrador poderá exigir a presença de 
representante da FUNAI e apresentação de certidão negativa de registro de 
nascimento das serventias de registro que tenham atribuição para os territórios 
em que nasceu o interessado, onde é situada sua aldeia de origem e onde esteja 
atendido pelo serviço de saúde. 
 
§ 2º Persistindo a dúvida ou a suspeita, o registrador submeterá o caso ao Juízo 
competente para fiscalização dos atos notariais e registrais, assim definido na 
órbita estadual e do Distrito Federal, comunicando-lhe os motivos. § 
 
3º. O Oficial deverá comunicar o registro tardio de nascimento do indígena 
imediatamente à FUNAI, a qual informará o juízo competente quando constatada 
duplicidade, para que sejam tomadas as providências cabíveis. 
 
O Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI) é um documento administrativo fornecido 
pela FUNAI, instituído pelo Estatuto do Índio, Lei nº 6.001 de 19 de dezembro de 1973: 
 
 "O registro administrativo constituirá, quando couber, documento hábil para 
proceder ao registro civil do ato correspondente, admitido, na falta deste, como 
meio subsidiário de prova. 
 
 
31 Art. 55, Parágrafo único da Lei de Registros Públicos: Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo 
os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da 
cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do Juiz competente. 
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O RANI pode servir como documento para solicitar o registro civil. O registro do RANI é realizado em livros 
próprios por funcionários

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