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MICROBIOLOGIA CLÍNICA 2022.1 RELAÇÃO PARASITA HOSPEDEIRO Patógeno é um parasita capaz de causar doença em um hospedeiro. Um hospedeiro é qualquer organismo capaz de abrigar outro organismo. A simbiose é uma associação entre duas (ou mais) espécies. “viver junto” Mutualismo em que ambos os membros da associação que vivem juntos beneficiam-se do relacionamento. Parasitismo, em que um organismo, o parasita, se beneficia do relacionamento, enquanto o outro organismo, o hospedeiro, é prejudicado. Comensalismo, em que duas espécies vivem juntas em uma relação, de modo que uma delas é beneficiada, enquanto a outra não é beneficiada e tampouco prejudicada. CONTAMINAÇÃO, INFECÇÃO E DOENÇA A contaminação refere-se à presença de microrganismos. A infecção refere-se à multiplicação de qualquer organismo parasita dentro do corpo do hospedeiro ou na sua superfície. Infestação é utilizado para referir-se à presença de parasitas maiores, como os helmintos ou os artrópodes, dentro do corpo ou em sua superfície. A doença é um distúrbio no estado de saúde, em que o corpo se torna incapaz de executar todas as suas funções normais. PATÓGENOS, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA A patogenicidade refere-se à capacidade de produzir doença - depende de sua capacidade de invadir um hospedeiro, multiplicar-se no seu interior e evitar ser atingido pelas suas defesas. A virulência refere-se à intensidade da doença produzida por patógenos e varia entre diferentes espécies de microrganismos. MICROBIOTA NORMAL (NATIVA) Os organismos que vivem na superfície do corpo ou no seu interior, mas que não causam doença - em sua maioria, comensais. A microbiota residente compreende microrganismos que estão sempre presentes na superfície do corpo humano ou no seu interior. - pele e na conjuntiva, na boca, no nariz e na garganta, no intestino grosso e nas vias dos sistemas urinário e reprodutor, particularmente próximo às suas aberturas. A microbiota transitória é constituída por microrganismos que podem estar presentes em determinadas condições, em qualquer um dos locais onde se encontra a microbiota residente. Principais componentes da microbiota normal. Pele: Staphylococcus epidermidis* Staphylococcus aureus Espécies de Lactobacillus Propionibacterium acnes* Pityrosporon ovale (fungo)* Boca: Streptococcus salivarius* Streptococcus pneumoniae Streptococcus mitis* Streptococcus sanguis Streptococcus mutans Staphylococcus epidermidis* Staphylococcus aureus Moraxella catarrhalis Veillonella alcalescens* Espécies de Lactobacillus* Espécies de Klebsiella Haemophilus influenzae* Fusobacterium nucleatum* Treponema denticola* Candida albicans (fungo)* Entamoeba gingivalis (protozoário)* Intestino: Staphylococcus epidermidis* Staphylococcus aureus Streptococcus mitis* Espécies de Enterococcus* Espécies de Lactobacillus* Espécies de Clostridium* Eubacterium limosum* Bifidobacterium bifidum* Actinomyces bifidus Escherichia coli* Espécies de Enterobacter* Espécies de Klebsiella Espécies de Proteus Pseudomonas aeruginosa Espécies de Bacteroides* Espécies de Fusobacterium Treponema denticola Endolimax nana (protozoário) Giardia intestinalis (protozoário) Sistema urogenital Streptococcus mitis* Espécies de Streptococcus* Staphylococcus epidermidis* Trichomonas tenax (protozoário)* Trato respiratório superior: Espécies de Clostridium Actinomyces bifidus Candida albicans (fungo)* Trichomonas vaginalis (protozoário) Staphylococcus epidermidis* Staphylococcus aureus Streptococcus mitis* Streptococcus pneumoniae Moraxella catarrhalis Espécies de Lactobacillus Haemophilus influenzae. Tecidos, órgãos e líquidos corporais que normalmente são desprovidos de microrganismos. Tecidos e órgãos internos: orelha média e orelha interna, seios nasais, interior do olho, medula óssea, músculos, glândulas, órgãos, Sistema circulatório Encéfalo e medula espinal, ovários e testículos. Líquidos corporais: sangue, líquido cerebrospinal, saliva antes de sua secreção, urina nos rins e na bexiga, sêmen antes da entrada na uretra. Oportunistas: espécies de organismos que habitualmente não causam doenças, mas que podem fazê-lo em determinadas condições. Imunocomprometidos: Os indivíduos com defesas imunológicas enfraquecidas; POSTULADOS DE KOCH Um organismo específico é o agente etiológico de determinada doença; 1. O agente específico causador da doença precisa ser observado em todos os casos da doença 2. O agente precisa ser isolado de um hospedeiro doente e precisa crescer em cultura pura 3. Quando o agente da cultura pura for inoculado em hospedeiros experimentais sadios, porém suscetíveis, o agente deve causar a mesma doença 4. O agente precisa ser novamente isolado do hospedeiro inoculado e experimentalmente doente e identificado como idêntico ao agente etiológico específico original. TIPOS DE DOENÇAS As doenças infecciosas são doenças causadas por agentes infecciosos como bactérias, vírus, fungos, protozoários e helmintos. As doenças não infecciosas são causadas por qualquer fator que não sejam organismos infecciosos. Classificação das doenças: As doenças hereditárias são causadas por erros na informação genética - podem ser causados por anormalidades no número e na distribuição dos cromossomos ou pela interação de fatores genéticos e ambientais. As doenças congênitas são defeitos estruturais e funcionais presentes por ocasião do nascimento, que são provocados por substâncias, exposição excessiva aos raios X ou determinadas infecções. As doenças degenerativas são distúrbios que se desenvolvem em um ou mais sistemas orgânicos com o processo de envelhecimento. As doenças por deficiência nutricional diminuem a resistência do hospedeiro às doenças infecciosas e contribuem para a gravidade dessas infecções. As doenças endócrinas são causadas por excessos ou deficiências de hormônios. Doença mental pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo os de natureza emocional ou psicogênica, bem como determinadas infecções. As doenças imunológicas, como alergias, doenças autoimunes e imunodeficiências, são causadas pelo funcionamento inadequado do sistema imune; As doenças neoplásicas envolvem o crescimento anormal de células, levando à formação de vários tipos de crescimentos geralmente benignos ou tumores cancerosos. As doenças iatrogênicas (iatros, do grego, “médico”) são causadas por procedimentos e/ou tratamentos médicos. As doenças idiopáticas são doenças cuja causa não é conhecida. Doenças infecciosas transmissíveis ou contagiosas; Doenças infecciosas não transmissíveis não são disseminadas de um hospedeiro para outro. Essas doenças podem resultar de: (1) infecções causadas pela microbiota normal do indivíduo, como inflamação do revestimento da cavidade abdominal após ruptura de apêndice; (2) intoxicação após a ingestão de toxinas pré- formadas, como a enterotoxina estafilocócica, uma causa comum de intoxicação alimentar; e (3) infecções causadas por determinados organismos encontrados no ambiente, como o tétano, uma infecção bacteriana resultante de esporos existentes no solo que penetram por uma ferida. SINAIS, SINTOMAS E SÍNDROMES Sinal é uma característica da doença que pode ser observada mediante exame do paciente. Síndrome é uma combinação de sinais e sintomas que ocorrem juntos e indicam uma determinada doença ou condição anormal. TIPOS DE DOENÇAS INFECCIOSAS Doença aguda: doença cujos sintomas se desenvolvem rapidamente e cujo curso também ocorre rapidamenteDoença crônica: doença cujos sintomas se desenvolvem lentamente, e a doença desaparece lentamente Doença subaguda: doença com sintomas intermediários entre a doença aguda e a doença crônica Doença latente: doença cujos sintomas aparecem e/ou reaparecem muito tempo após a infecção Infecção local: infecção confinada a uma pequena região do corpo, como um furúnculo ou infecção de bexiga Infecção focal: infecção em uma região confinada a partir da qual os patógenos se deslocam para outras regiões do corpo, como abscesso dentário ou sinusite Infecção sistêmica: infecção em que o patógeno se dissemina por todo o corpo, frequentemente através do sangue ou da linfa Septicemia: presença e multiplicação de patógenos no sangue Bacteriemia: presença de bactérias no sangue, porém sem multiplicação Viremia: presença de vírus no sangue, porém sem replicação Toxemia: presença de toxinas no sangue Sapremia: presença de produtos metabólicos de saprófitas no sangue Infecção primária: infecção de uma pessoa previamente sadia Infecção secundária: infecção que ocorre imediatamente após uma infecção primária Superinfecção: Infecção secundária geralmente causada por um agente resistente ao tratamento da infecção primária Infecção mista: infecção causada por dois ou mais patógenos Infecção inaparente: infecção que não produz todos os sinais e sintomas - Estágios de uma doença infecciosa; Período de incubação - tempo entre a infecção e o sugimento de sinais e sintomas da doença. Fase pondrômica - estágio durante qual os patógenos começam invadir tecidos com início de sintomas inespecíficos. Fase invasiva- período que hospedeiro mostra os sinais e sintomas típicos da doença. Ocorre maior intensidade do acme. Fase de declínio – estágios onde o hospedeiro sobrepõe ao patógeno. Sinais e sintomas diminuem nesta fase. COMO AS BACTÉRIAS CAUSAM DOENÇA? Os fatores de virulência são características estruturais ou fisiológicas que ajudam os organismos a causar infecção e doença. - como os pili para a adesão às células e aos tecidos, as enzimas que ajudam o organismo a escapar ou a se proteger das defesas do hospedeiro e as toxinas que podem causar doença diretamente. Ações diretas das bactérias: - aderência do organismo ou sua fixação à superfície de uma célula hospedeira:as adesinas são proteínas ou glicoproteínas encontradas nos pili de fixação (fímbrias) e cápsulas - A colonização refere-se ao crescimento dos microrganismos nas superfícies epiteliais, como a pele, as membranas mucosas ou outros tecidos do hospedeiro. Hemolisinas (alfa e beta) - lise de eritrócitos. Produzidas por estafilococos, Clostridium perfringens, estreptococos. α-hemolisinas: ruptura parcial da hemoglobina e produzindo um anel esverdeado ao redor das colônias. β-hemolisinas: hemolisam os eritrócitos ruptura completa da hemoglobina e deixam um anel claro ao redor das colônias Coagulases - converte fibrinogênio em fibrina. Produzida por estafilococos. Quinases - degradam a fibrina. Ex.:S. aureus, S.pyogenes (estreptoquinases). Hialuronidase - hidrolisa o ácido hialurônico e invade tecidos profundos Ex.:Estreptococos e Clostrídios. Colagenases - rompe o colágeno. Ex.:Estreptococos e Clostrídios Lesão às células do hospedeiro: - Lesão direta: multiplicação; - Produção de toxinas; Exotoxinas – substâncias secretadas nos tecidos do hospedeiro. Genes transportados por plasmídios ou fagos. Citotoxinas – matam as células do hospedeiro. Ex.: B anthracis Neurotoxinas – interferem transmissão de impulsos nervosos Enterotoxinas – células do trato gastrointestinal Toxina botulínica e tetânica – ambas neurotoxinas respectivamente C. botulinum (impede contração) e C. tetani (impede distensão) Toxina diftérica - transportada por fago lisogênico. - Citotoxina produzida pelo C. diphtheriae. Enterotoxina colérica: Vibrio cholerae. AMP cíclico – secreção de líquidos e eletrólitos Leucocidinas: são exotoxinas produzidas por muitas bactérias, incluindo os estreptococos e os estafilococos - danificam ou destroem certos tipos de leucócitos, denominados neutrófilos e macrófagos. Leucostatina, interfere na capacidade dos leucócitos de englobar microrganismos que secretam a exotoxina. Toxemia: disseminação das exotoxinas pelo sangue a partir do local de infecção. As doenças que resultam da ingestão de uma toxina são denominadas intoxicações Bacillus anthracis: Antraz (citotoxina) - aumenta a permeabilidade vascular -hemorragia e edema pulmonar; Bacillus cereus: enterotoxina - provoca perda excessiva de água e de eletrólitos – diarreia; Clostridium botulinum: botulismo (oito tipos sorológicos; neurotoxinas) - bloqueia a liberação de acetilcolina nas terminações nervosas - paralisia respiratória, visão dupla. Clostridium perfringens: gangrena gasosa (αtoxina, uma hemolisina) - degrada a lecitina nas membranas celulares - destruição celular e tecidual. Intoxicação alimentar (enterotoxina) - provoca perda excessiva de água e eletrólitos – diarreia. Clostridium tetani: tétano (trismo) (neurotoxina) - inibe antagonistas dos neurônios motores do cérebro; 1 nanograma pode matar 2 toneladas de células - Espasmos violentos dos músculos esqueléticos, insuficiência respiratória Corynebacterium diphtheriae: difteria; produzida por bactérias infectadas por vírus (citotoxina) - inibe a síntese de proteínas - lesão cardíaca pode causar morte em algumas semanas após uma aparente recuperação. Escherichia coli - diarreia do viajante (enterotoxina) - provoca perda excessiva de água e de eletrólitos – diarreia O157: H7 (enterotoxina) - síndrome hemolíticourêmica - destrói o revestimento intestinal e provoca hemorragias nos rins Sangramento e hemorragia e falência renal. Pseudomonas aeruginosa - várias infecções (exotoxina A) - inibe a síntese de proteínas - letal, lesões necrosantes. Shigella dysenteriae: disenteria bacilar (enterotoxina)- efeitos citotóxicos; tão potente quanto a toxina botulínica - diarreia, provoca paralisia em coelhos devido à hemorragia e edema da medula espinal Staphylococcus aureus: intoxicação alimentar (enterotoxina) - estimula o centro cerebral e causa vômitos Síndrome da pele escaldada (esfoliatina) - provoca separação das células intradérmicas -vermelhidão e descamação da pele; Streptococcus pyogenes: escarlatina (toxina eritrogênica ou produtora de eritema) - causa vasodilatação - lesões maculopapulares (ligeiramente elevadas, descoloridas) Vibrio cholerae: cólera (enterotoxina) - provoca perda excessiva de água (até 30 l/dia) e de eletrólitos - diarreia; pode levar à morte em poucas horas Como os vírus causam doenças? As infecções por vírus podem ser: Produtivas: quando os vírus entram em uma célula e produzem uma progênie infecciosa Abortivas: quando os vírus entram em uma célula, porém não são capazes de expressar todos os seus genes para produzir uma progênie infecciosa. Latentes: o vírus pode refugiar-se no sistema nervoso e permanecer inativo ou latente Posteriormente, durante a vida, determinados fatores, como o estresse, outras infecções ou febre podem reativar o vírus. Persistentes: envolvem a produção contínua de vírus ao longo de muitos meses ou anos Efeito citopático (ECP): alterações observáveis Corpos de inclusão: que consistem em ácidos nucleicos e proteínas que ainda não foram montados em vírus, massas de vírus ou remanescentes de vírus. Adenoviridae: intumescimento das células Herpesviridae: Intumescimento das células Picornaviridae: Intumescimento e lise das células Paramyxoviridae: Fusão das membranas celulares e acúmulo de até 100 núcleos em umacélula gigante recémformada Rhabdoviridae (raiva): Formação de corpos de inclusão, denominados corpúsculos de Negri (local de replicação viral ou acúmulo de antígenos virais) Orthomyxoviridae: Produção de hemaglutininas que provocam aglutinação ou agregação dos eritrócitos
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