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Direito Civil O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1 www.cursoenfase.com.br Sumário 1. Hipóteses de nulidade relativa do Negócio Jurídico .............................................. 2 1.1 Vícios de consentimento ....................................................................................... 2 1.1.1 Estado de perigo ............................................................................................. 2 1.1.2 Lesão ............................................................................................................... 3 1.1.3 Erro ................................................................................................................. 3 1.1.4 Dolo ................................................................................................................ 4 1.1.5 Coação ............................................................................................................ 5 1.2 Vício social ............................................................................................................. 6 1.2.1 Fraude contra credores .................................................................................. 6 Direito Civil O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 2 www.cursoenfase.com.br 1. Hipóteses de nulidade relativa do Negócio Jurídico CC, Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Incapacidade relativa remissão para o art. 4 CC. CC, art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Já o inciso II do art. 171 traz vícios no elemento essencial consentimento que torna o negócio anulável e um vício social. Os vícios no elemento consentimento são: estado de perigo, lesão, erro, dolo e a coação. Já o vício social é a fraude contra credores. 1.1 Vícios de consentimento 1.1.1 Estado de perigo Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. São requisitos do estado de perigo: a) Perigo de vida (real e imediato) do próprio contratante, de familiar ou amigo íntimo; b) Dolo de aproveitamento (a outra parte deve conhecer o perigo de vida e se aproveite dele). Exemplo: Pai de “A” está enfartando, ele pede o carro do vizinho emprestado para levá-lo ao hospital. O vizinho diz que só empresta se “A” pagar R$ 5.000. “A” acaba concordando em efetuar o pagamento. O consentimento de “A” está viciado e é possível anular o negócio pelo estado de perigo. Direito Civil O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 3 www.cursoenfase.com.br 1.1.2 Lesão Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. São requisitos da lesão: a) Extrema necessidade de celebrar um contrato ou celebrá-lo por inexperiência; b) Aproveitamento (basta que a outra parte se aproveite da extrema necessidade não sendo necessário que a outra parte o conheça); Porém, é possível existir lesão com dolo de aproveitamento. Apenas não é um requisito. c) Desproporção entre as prestações. Exemplo: “A” está em uma estrada deserta e o pneu fura. Alguém oferece ajuda para trocar o pneu por R$ 600. “A” efetua o pagamento em cheque. Posteriormente, “A” poderá sustar o cheque, pois houve lesão. O seguinte caso caiu em prova: A pessoa descobre uma doença grave no coração, tem que fazer um tratamento nos Estados Unidos que custa 400 mil reais por 6 meses. Se não for fazer o tratamento o risco de morte é muito grande. A pessoa está desesperada e mora em um apartamento que vale 2 milhões de reais. O vizinho sempre quis comprar o apartamento e a pessoa oferece o apartamento para o vizinho por 2 milhões. O vizinho diz que só paga 400 mil. A pessoa acaba vendendo o apartamento de 2 milhões por 400 mil. O consentimento está viciado e a pessoa poderá anular essa venda por lesão, pois para ser estado de perigo o perigo deve ser real e imediato. 1.1.3 Erro Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. Erro é um falso conhecimento da realidade e pode ser de dois tipos: essencial ou acidental. O erro essencial é aquele que a causa do negócio jurídico, ou seja, a pessoa só celebrou o negócio porque estava em erro. Já o erro acidental não é a causa do negócio jurídico, ou seja, a pessoa celebraria o negócio jurídico de qualquer maneira. Direito Civil O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 4 www.cursoenfase.com.br Apenas o erro essencial torna o negócio anulável e o negócio celebrado com erro acidental é válido. Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Exemplo: Pessoa deseja comprar um carro zero. Na concessionária escolhe o carro pensando ser zero e compra. Em casa, descobre que o carro é seminovo. Se ela soubesse que era usado não teria comprado. É erro essencial e, portanto, anulável. Diferente seria caso a pessoa desejasse comprar um carro x que foi fabricado durante toda a década de 90. Para o comprador não interessa o ano, mas tão somente o modelo. Na concessionária ele olha o carro e compra pensando ser um carro fabricado em 98. Ao chegar em casa descobre que o carro era ano 94. Estava em erro ao comprar o carro, porém, se trata de erro acidental já que teria comprado o carro de qualquer forma. O negócio é válido. O art. 139 traz rol exemplificativo de hipóteses de erro essencial: Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio (in negocio), ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; (in corpore); II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade,desde que tenha influído nesta de modo relevante; (in persona); III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. (juris). Não se confundir com o art. 3º da LINDB. O erro de direito é um falso conhecimento que a pessoa possui na aplicação da norma. Exemplo: pessoa compra terreno em determinado lugar para lotear o terreno e vender os lotes. O único interesse da pessoa é esse. Ao ir à prefeitura para lotear descobre que existe uma lei que proíbe a venda de loteamentos naquela região. LINDB, art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Observação: No erro o beneficiário não concorre para a formação da vontade da vítima. A pessoa se engana sozinha. Observação2: Erro de cálculo. CC, art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. 1.1.4 Dolo CC, art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. Dolo é um ardil, artifício praticado por uma das partes para obter proveito em face de outra. Direito Civil O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 5 www.cursoenfase.com.br A diferença básica entre dolo e erro é a postura do beneficiário. No erro o beneficiário tem uma postura omissa, não participando da participação da vontade da vítima. No dolo o beneficiário participa da formação da vontade da vítima. Exemplo: Pessoa vai à concessionária e é convencida a levar um carro usado como se fosse novo. O dolo pode ser essencial (negócio jurídico anulável) ou acidental (negócio jurídico válido). CC, art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. No dolo acidental também são devidas perdas e danos. Nesse caso há ardil, má fé, a pessoa induzindo a celebrar o negócio de forma equivocada e por isso as perdas e danos são devidas. Observação: Dolo por omissão. Quando o silêncio do beneficiário for intencional deixa de ser erro e passa a ser dolo. CC, art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. Observação2: Dolo recíproco. Ocorre quando ambas as partes praticam o dolo. O negócio será válido tendo em vista que os dolos se compensam. CC, art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. 1.1.5 Coação Há dois tipos de coação: a) Física ou via absoluta: Há um perigo imediato. Exemplo: “B” diz para “A” assinar o contrato naquele momento caso contrário irá espancá-lo. Nesse caso o negócio é inexistente, pois é como se elemento essencial consentimento não estivesse presente. b) Moral ou via relativa: Tem como requisitos = perigo iminente + mal certo e determinado + mal injusto (art. 153 CC) + proporcionalidade entre o mal praticado e o prejuízo sofrido. CC, art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Direito Civil O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 6 www.cursoenfase.com.br CC, art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. Observação: Para existir coação tem que levar em conta as circunstâncias concretas daquele fato. CC, art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. 1.2 Vício social 1.2.1 Fraude contra credores Atinge um terceiro estranho à relação. No CC/16 a simulação era considerada como vício social, porém hoje a simulação não é mais vício social, mas sim vício que torna o negócio nulo.
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