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Introdução ➤ Síndrome clínica complexa que resulta do comprometimento estrutural ou funcional do enchimento ventricular ou da ejeção sanguínea que, por sua vez, causa os sintomas clínicos cardinais de dispneia e cansaço e os sinais de IC, especificamente, edema e estertores; ➤ Afeta mais homens e idosos; ➤ Causas: Patogênese ➤ É um distúrbio progressivo iniciado quando um evento-índice lesa o músculo cardíaco, resultando em perda dos miócitos cardíacos funcionantes ou, alternativamente, em diminuição da capacidade do miocárdio de gerar força, impedindo, assim, que o coração se contraia normalmente; ➤ Mecanismos compensatórios: → 1. Ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona (SRAA) e ativação do sistema adrenérgico; → 2. Aumento da contratilidade miocárdica + ativação de uma família de moléculas vasodilatadoras compensatórias (peptídeos natriuréticos atrial e cerebral, bradicinina, prostaglandinas e óxido nítrico); Mecanismos da IC ➤ Insuf. Cardíaca com FE reduzida: (1) hipertrofia dos miócitos; (2) alterações das propriedades contráteis dos miócitos; (3) perda progressiva de miócitos em razão de necrose; (4) dessensibilização beta-adrenérgica; (5) alterações energéticas do miocárdio e no metabolismo; e (6) reorganização da matriz extracelular com dissolução da estrutura organizada da trama do colágeno ao redor dos miócitos e substituição subsequente por matriz de colágeno intersticial incapaz de prover suporte estrutural aos miócitos. → A elevação das pressões de enchimento do VE ao final da diástole resulta em aumento da pressão capilar pulmonar, contribuindo para a dispneia experimentada por pacientes com função diastólica. ➤ Remodelamento ventricular esquerdo: pode contribuir de forma independente para a evolução da IC em razão das cargas mecânicas produzidas pelas alterações na geometria do VE remodelado. UMA DAS METAS DO TTO DA IC É PREVENIR E/OU REVERTER O REMODELAMENTO DO VE; Manifestações Clínicas ➤ Os principais sintomas da IC são fadiga e dispneia; ➤ Nos primeiros estágios: dispneia aos esforços, com a evolução haverá dispneia a partir de atividades cada vez menores; → Ortopneia: causada pela redistribuição de volume da circulação esplâncnica e dos MMII para a circulação central quando o paciente permanece deitado, com o consequente aumento da pressão capilar pulmonar; → Dispneia paroxística noturna: episódios agudos de dispneia e tosse que costumam ocorrer à noite e despertam o paciente, em geral, 1 a 3 horas Insuficiência Cardíaca Cardiologia após deitar. Possivelmente ocorre por aumento da pressão nas artérias brônquicas, levando à compressão das vias aéreas junto com edema intersticial pulmonar, o que produz aumento da resistência nas vias aéreas. → Respiração de Cheyne-Stokes: respiração periódica ou cíclica mais associada ao baixo débito cardíaco; Exame Físico ➤ Dificuldade respiratória; ➤ Pressão arterial sistólica pode estar normal ou elevada na IC inicial, mas reduzida nos casos avançados de disfunção do VE; ➤ Taquicardia sinusal; ➤ Esfriamento das extremidades e cianose dos lábios e leitos ungueais; ➤ Exame pulmonar: ruídos respiratórios adventícios (estertores ou crepitação); ➤ Cardiológico: essencial, mas sem muitas informações úteis sobre a gravidade da IC; B3 costuma estar presente nos pacientes com sobrecarga volumétrica que tenham taquicardia e taquipneia e em geral implica comprometimento hemodinâmico grave; ➤ Abdome e membros: hepatomegalia, ascite (aumento da pressão das veias hepáticas e veias que drenam o peritônio), icterícia (disfunção hepática sec. A congestão do fígado), edema periférico (em pacientes restritos ao leito, pode ser observado na região sacral); Diagnóstico ➤ Relativamente evidente quando o paciente apresenta sinais clássicos, mas a chave está na manutenção do alto grau de suspeição. ➤ Exames laboratoriais de rotina: em casos de início recente ou com descompensação aguda, solicita-se hemograma, perfil dos eletrólitos, dosagem de ureia sanguínea, creatinina sérica e enzimas hepáticas, além de análise de urina. ➤ Eletrocardiograma: de 12 derivações. Avalia ritmo cardíaco, determina a presença de hipertrofia de VE ou de IAM prévio. ➤ Radiografia de tórax: fornece informações úteis sobre as dimensões e forma do coração, assim como o estado da vasculatura pulmonar, podendo também identificar causas não cardíacas para os sintomas do paciente. ➤ Avaliação da função do VE: o exame mais útil é o ecocardiograma bidimensional (2D) com Doppler. A ressonância magnética (RM) fornece análise mais abrangente da anatomia e função cardíacas, considerado o padrão ouro para avaliação da massa e do volume do VE. ➤ Biomarcadores: tanto o BNP como o NT-pro-BNP liberados do coração insuficiente são marcadores relativamente sensíveis para a presença de IC com FE reduzida. (OS NÍVEIS PODEM ESTAR FALSAMENTE BAIXOS EM PACIENTES OBESOS); Diagnóstico diferencial ➤ A IC deve ser distinguida de condições nas quais se observa congestão circulatória secundária à retenção anormal de água e sais, mas sem distúrbios na estrutura ou função cardíacas (ex insuficiência renal) e causas não cardíacas de edema pulmonar (SARA); Manejo Insuficiência cardíaca FE preservada ➤ Os alvos terapêuticos são o controle da congestão, a estabilização da frequência cardíaca e da pressão arterial e a tentativa de aumentar a tolerância aos exercícios; ➤ A redução excessiva na pré-carga com vasodilatadores pode causar queda no enchimento ventricular e subsequente hipotensão e síncope; Insuficiência cardíaca descompensada aguda ➤ Tratamento difícil que gira em torno, principalmente, de controle do volume e redução da impedância vascular ao mesmo tempo em que se dá atenção à perfusão dos órgãos-alvo (coronária e rins); ➤ Piores desfechos: nível de nitrogênio ureico sanguíneo > 43mg/dL (para converter a mmol/L, multiplicar por 0,357), pressão arterial sistólica < 115mmHg, creatinina sérica > 2,75mg/dL e elevação do nível de troponina I; ➤ Controle do volume: → Diuréticos intravenosos: acréscimo de um diurético tiazídico, como a metolazona em associação, produz um efeito sinérgico e costuma ser necessário nos pacientes tratados em longo prazo com diuréticos de alça; precozina-se manter a diurese até que se obtenha o estado de euvolemia; → Síndrome cardiorrenal: reflexo da interação entre anormalidades cardíacas e a função renal, com deterioração da função de um órgão enquanto se administra tratamento para preservar o outro. O uso contínuo de terapia com diuréticos pode estar associado à redução na taxa de filtração glomerular e à piora na síndrome cardiorrenal, quando a pressão de enchimento das câmaras direitas se mantiver elevada; ➤ Terapia vascular: administração de vasodilatadores, incluindo nitratos, nitroprusseto e nesiritida. ➤ Terapia inotrópica: indicados como terapia de ponte (para dispositivo de suporte ventricular ou para transplante) ou para paliação seletivamente aplicada em caso de insuficiência cardíaca terminal. A redução na contratilidade do miocárdio com frequência acompanha a ICDA, e os fármacos que aumentam a concentração intracelular do monofosfato de adenosina cíclico, por via direta ou indireta, como as aminas simpatomiméticas (dobutamina) e os inibidores da fosfodiesterase-3 (milrinona), respectivamente, atuam como inotrópicos positivos. Insuficiência cardíaca FE reduzida ➤ Beta-bloqueadores: carvedilol, bisoprolol e succinato de metoprolol. Também pode-se iniciar o tratamento com IECA’s, sem superioridade entre um e outro. ➤ Antagonistas de mineralocorticoides: Indicados para classes II a IV de ICFER. Escolha: espironolactona. Indicado monitoramento cuidadoso da função renal e dos níveis séricos do potássio; ➤ Vasodilatação arteriovenosa: Hidralazina+nitratos(nos indivíduos capazes de tolerar o tratamento com base no SRAA por razões como insuficiência renal ou hiperpotassemia, essa combinação deve ser preferida como abordagem para modificar o curso da doença); ➤ Modificação da FC: Ivabradina, um inibidor da corrente I, no nó sinoatrial, reduz a FC sem produzir efeito inotrópico negativo (deve ser considerada em pacientes que permanecem sintomáticos após a administração de IECA, Beta-bloq e antagonistas dos receptores de mineralocorticoides e com FC residual > 70bpm). ➤ Diuréticos por via oral: costumam ser necessários em razão de sua maior potência e podem ser necessários ajustes frequentes da dose em razão da variação da absorção oral e de flutuações na função renal; ➤ Estatinas: UMA VEZ ESTABELECIDA A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, ESSA TERAPIA NÃO É BENÉFICA E PODE, INCLUSIVE, SER DELETÉRIA AO CAUSAR DEPLEÇÃO DA UBIQUINONA NA CADEIA DE TRANSPORTE DE ELÉTRONS. Se forem necessárias estatinas para tratar doença arterial coronariana progressiva em pacientes com antecedentes de Insuficiência Cardíaca, então elas devem ser usadas. REFERÊNCIAS: JAMESON, J. L.; et al. Medicina Interna de Harrison. 20ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2020
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