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ESTÁGIOS INICIAIS DO CONFLITO EDIPIANO - 1928 - CONFLITO EDIPIANO

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AMOR, CULPA E REPARAÇÃO – Capítulo 9 – 214 a 227.
ESTÁGIOS INICIAIS DO CONFLITO EDIPIANO (1928)
Nota Explicativa da Comissão Editorial Inglesa
Esse é um dos artigos mais importantes de Melanie Klein. Há alguns anos ela já defendia a opinião de que o complexo de Édipo tinha início antes do que Freud imaginava; em "A análise de crianças pequenas" (1923), sugere que ele começa quando a criança está entre dois e três anos de idade; numa nota de pé de página de "Princípios psicológicos da análise de crianças pequenas" (1926), dá a entender que na verdade ele começaria bem mais cedo — no primeiro ano de vida, durante o desmame, apresentando explicitamente esse conceito em "Sim​pósio sobre a análise de crianças" (1927). No entanto, as descobertas que fez a partir da análise de crianças vão além da simples datação desse complexo num período anterior; neste artigo relativamente curto, ela apresenta o equivalente de uma nova concepção do complexo de Édipo.
Em seu conceito, o complexo de Édipo tem início no período de desmame, numa situação confusa e instável de impulsos misturados. Apesar da emergência de sentimentos genitais, os impulsos sádico-orais e sádico-anais mantêm sua predominância no princípio; os impulsos genitais só passam a dominar a cena mais tarde, quando a criança atinge a situação edipiana clássica descrita por Freud. O complexo de Édipo positivo interage intimamente com o invertido, e tanto o mundo interior da criança quanto o exterior estão envolvidos nestç processo. Além disso, o fato de o complexo de Édipo começar tão cedo significa que isso ocorre quando o ego ainda não está muito desenvolvido e, de acordo com as novas pesquisas de Melanie Klein sobre o superego, na presença de um superego arcaico extremamente severo. Esses dois fatos trazem consequências importantes. O bebé é exposto a uma avalanche de impulsos sádicos e sexuais contraditórios, aliados a uma forte curiosidade sexual, quando ainda não consegue compreender as coisas nem se expressar; Melanie Klein chama atenção para a dor, o ódio e a ansiedade relacionados a essa situação, assim como para suas consequências no desenvolvimento sexual e epistemofílico. Além disso, á presença do superego significa que a culpa a respeito dos impulsos pré-genitais não é deslocada para trás a partir de um ego formado no nível genital, mas vem diretamente do severo superego arcaico.
Melanie Klein também acredita que a consciência arcaica do bebé a respeito do corpo da mãe e de seu conteúdo é de particular importância. O mesmo se aplica, em seu conceito, à fase de feminilidade. Apesar de não ligá-la às suas ideias posteriores, a fase de feminilidade não perdeu sua importância a seus olhos; os aspectos de inveja e apropriação desta relação com a mãe também foram estudados em inveja e gratidão (1957), e o conceito posterior de identifi​cação projetiva parece ser o mecanismo por trás da fase de feminilidade.
Nesse artigo, Melanie Klein acompanha identificações sucessivas no início das relações edipianas, num relato que apresenta elos de ligação com as discussões de Freud em O ego e o id, mas num nível mais inicial. Ela descreve o desenvolvimento sexual do menino e da menina, e apesar de não concordar com Freud a respeito da principal ansiedade nos dois sexos, vê seu trabalho como uma expansão das novas ideias de Freud sobre a ansiedade em Inibições, sintomas e ansiedade, E.S.B. 20. No ano seguinte, em "Situações de ansiedade infantil, etc." (1929), ela dá exemplos das situações de ansiedade básicas descritas neste artigo. Em seu conceito, a ansiedade mais profunda de ambos os sexos vem de uma imago formada a partir de ataques contra o corpo da mãe: a imagem de uma mãe ameaçadora que possui um pênis hostil, a figura dos pais combinados, como ela viria a chamá-la mais tarde. Melanie Klein argumenta que a ansiedade de castração no menino deriva dessa ansiedade mais primária e que, no caso da menina, o medo da perda de amor é secundária ao medo de ter seu interior atacado por uma mãe hostil; também faz uma descrição da ansiedade de castração e da inveja do pênis na menina diferente daquela oferecida por Freud, e apesar de falar da fase fálica num desejo manifesto de não criar divergências com Freud, não deixa de destacar a presença de uma consciência inicial da vagina.
Estas são as novas descobertas de Melanie Klein a respeito do complexo de Édipo. Não se pode esquecer que neste estágio de seu pensamento a ansiedade é um conceito genérico, não havendo ainda a distinção entre ansiedade persecutória e depressiva; mais importante do que isso, ela continua a se ater principalmente ao estudo do ódio. Melanie Klein muda de conceito a respeito de vários pontos em "O complexo de Édipo à luz das ansiedades arcaicas", escrito em 1945, quando já tinha estabelecido a distinção entre os dois tipos de ansiedade e atribuído ao impulso amoroso o seu devido lugar ao lado do ódio. Essa e outras questões são examinadas na Nota Explicativa do artigo de 1945.
ESTÁGIOS INICIAIS DO CONFLITO EDIPIANO (1928)
Durante minha experiência com a análise de crianças, principalmente aquelas entre os três e os seis anos de idade, cheguei a diversas conclusões que apresentarei aqui de forma resumida.
Já me referi várias vezes à constatação de que o complexo de Édipo entra em ação mais cedo do que se costuma imaginar. No artigo "Os princípios psicoló​gicos da análise de crianças pequenas", examinei este assunto em maiores detalhes. A conclusão a que cheguei lá é que as tendências edipianas sãq liberadas como consequência da frustração sentida pela criança com o desmame, e que se manifestam no final do primeiro e início do segundo ano de vida; elas são reforçadas pelas frustrações anais sofridas durante o treinamento dos hábitos de higiene. O próximo elemento que influencia de forma determinante os processos mentais é a diferença anatómica entre os sexos.
O menino, quando se vê impelido a trocar a posição oral e anal pela genital, passa a ter o objetivo da penetração associado à posse do pênis. Assim, ele muda não só sua posição libidinal, mas também seu objetivo, o que permite que mantenha o objeto amoroso original. No caso da menina, por outro lado, o objetivo receptivo passa da posição oral para a genital: ela muda sua posição libidinal, mas mantém o mesmo objetivo, que já levou à frustração em relação à mãe. Desse modo, a menina desenvolve a receptividade para o pênis e se volta para o pai como objeto amoroso.
Desde o início, porém, os desejos edipianos ficam associados ao medo da castração e a sentimentos de culpa incipientes.
A análise de adultos, assim como a de crianças, já nos mostrou que os impulsos pulsionais pré-genitais carregam consigo um sentimento de culpa. Pensava-se de início que os sentimentos de culpa se desenvolviam mais tarde e eram deslocados para essas tendências, apesar de originalmente não estarem associados a elas. Ferenczi supõe que há uma "espécie de precursor fisiológico do superego" associado aos impulsos uretrais e anais, a que dá o nome de "moralidade esfincteriana". Segundo Abraham, a ansiedade aparece pela primei​ra vez no nível canibalesco, enquanto o sentimento de culpa surge na fase sádico-anal arcaica posterior.
Minhas descobertas vão ainda mais longe. Elas mostram que o sentimento de culpa associado à fixação pré-genital já é efeito direto do conflito edipiano. Isso parece explicar de forma satisfatória a origem desse sentimento, pois sabemos que o sentimento de culpa na verdade é o resultado da introjeçào (completa, ou -eu acrescentaria - ainda em andamento) dos objetos amorosos edipianos: isto é, o sentimento de culpa é produto da formação do superego.
A análise de crianças pequenas revela que a estrutura do superego é montada a partir de identificações que datam de períodos e estratos muito diferentes da vida mental. Essas identificações têm caráter surpreendentemente contraditório: uma bondade excessiva pode conviver lado a lado com uma severidade desme​dida. Podemos ver nelas, também, uma explicaçãopara o rigor do superego, que se manifesta de forma muito clara na análise dessas crianças. Não parece claro que uma criança de quatro anos, por exemplo, deveria criar em sua mente uma imagem irreal e fantástica de pais que devoram, cortam e mordem. No entanto, é fácil explicar por que numa criança com cerca de um ano a ansiedade criada pelo início do conflito edipiano toma a forma do medo de ser devorada e destruída. A própria criança deseja destruir o objeto libidinal, mordendo-o, devorando-o e cortando-o em pedaços. Isso dá origem à ansiedade, pois o despertar das tendências edipianas é seguido pela introjeçào do objeto, do qual agora se espera punição. A criança passa a temer um castigo que corresponda à ofensa: o superego se torna algo que morde, devora e corta.
A conexão entre a formação do superego e as fases pré-genitais do desenvol​vimento é muito importante a partir de dois pontos de vista. Por um lado, o sentimento de culpa se prende às fases sádico-oral e sádico-anal, que ainda são as predominantes; por outro, o superego se forma quando essas fases ainda estão em ascendência, o que explica seu rigor sádico.
Essas conclusões abrem uma nova perspectiva. Um ego ainda muito fraco só é capaz de se defender de um superego tão ameaçador através de forte repressão. Uma vez que as tendências edipianas de início se expressam sob a forma de impulsos orais e anais, a questão de quais fixações serão predominantes no desenvolvimento edipiano será resolvida, principalmente, pelo grau de repressão que ocorre nesse estágio inicial.
A conexão direta entre a fase pré-genital do desenvolvimento e o sentimento de culpa também é importante porque as frustrações orais e anais, que formam o protótipo de todas as frustrações posteriores para o resto da vida, ao mesmo tempo também significam punição e dão origem à ansiedade. Essa circunstância faz com que a frustração seja sentida de forma mais pungente e essa amargura colabora para a dificuldade de todas as frustrações posteriores.
Descobrimos que consequências importantes decorrem do fato de o ego ainda estar pouco desenvolvido quando é atacado pelo início das tendências edipianas e a incipiente curiosidade sexual relacionada a elas. O bebé, cujo intelecto ainda não está bem desenvolvido, é exposto a uma avalanche de problemas e indagações. Um dos maiores sofrimentos que encontramos no inconsciente é que essas perguntas esmagadoras — que parecem ser apenas parcialmente conscientes e, mesmo quando são conscientes, ainda não podem ser expressas em palavras — permanecem sem resposta. Outro problema vem colado a esse, e é o fato de a criança não entender as palavras. Assim, suas primeiras perguntas remontam a uma época em que ela não consegue compreen​der a fala.
Na análise, essas duas fontes de sofrimento dão origem a uma quantidade extraordinária de ódio. Sozinhas ou em conjunto, são a causa de diversas inibições do impulso epistemofílico: a incapacidade de aprender línguas estrangeiras e o ódio àqueles que falam outra língua, por exemplo. Também são responsáveis por distúrbios diretos da fala, etc. A curiosidade que se manifesta com clareza mais tarde, geralmente no quarto ou quinto ano de vida, não é o início, mas sim o clímax e o encerramento dessa fase do desenvolvimento. Minhas descobertas indicam que o mesmo se aplica ao conflito edipiano em geral.
A sensação inicial de não saber está ligada a vários elementos. Ela se une à sensação de ser incapaz, impotente, que logo resulta da situação edipiana. A criança também sente essa frustração de forma mais aguda porque não possui um conhecimento claro sobre os processos sexuais. Em ambos os sexos, o complexo de castração é acentuado por essa sensação de ignorância.
A conexão inicial entre o impulso epistemofílico e o sadismo é muito importante para todo o desenvolvimento mental. Essa pulsão, ativada pelo surgimento das tendências edipianas, volta-se de início principalmente para o corpo da mãe, visto como o palco de todos os processos e desenvolvimentos sexuais. Nesse ponto, a criança ainda está dominada pela posição libidinal sádico-anal, que a impele ao desejo de se apropriar do conteúdo do corpo. Ela então passa a sentir forte curiosidade sobre o conteúdo desse corpo, sua aparência, etc. Assim, a pulsão epistemofílica e o desejo de se apossar do objeto estão intimamente ligados desde muito cedo e, ao mesmo tempo, associam-se ao sentimento de culpa criado pelo conflito edipiano incipiente. Essa conexão importantíssima dá início a uma fase de desenvolvimento que é essencial em ambos os sexos, mas que até agora não foi muito reconhecida. Trata-se de uma identificação muito inicial com a mãe.
O caminho percorrido por essa fase de "feminilidade" deve ser examinado separadamente nos meninos e nas meninas, mas antes de fazer isso, gostaria de mostrar sua ligação com a fase anterior, que é comum a ambos os sexos.
No estágio sádico-anal arcaico, a criança sofre seu segundo trauma severo, que reforça a tendência de se afastar da mãe. Essa já havia frustrado seus desejos orais e agora interfere nos seus prazeres anais. É como se nesse ponto as privações anais fizessem com que as tendências anais se fundam às tendências sádicas. A criança deseja tomar posse das fezes da mãe, penetrando no seu corpo, cortando-o em pedaços, devorando-o e destruindo-o. Sob a influência de seus impulsos genitais, o menino está começando a se voltar para a mãe como objeto amoroso. Contudo, seus impulsos sádicos estão em pleno funcionamento e o ódio resultante das frustrações anteriores se opõe ferrenhamente a esse objeto amoroso no nível genital. Um obstáculo ainda maior para seu amor é o medo de ser castrado pelo pai, que surge juntamente com os impulsos edipianos. O grau em que consegue atingir a posição genital depende em parte da sua capacidade de tolerar essa ansiedade. Aqui a intensidade das fixações sádico-orais e sádico-anais é fator muito importante. Ela afeta a quantidade de ódio que o menino sente pela mãe; isso, por sua vez, dificulta em maior ou menor grau que este assuma uma posição positiva em relação a ela. As fixações sádicas também exercem forte influência sobre a estruturação do superego, que está em processo de formação quando essas fases ainda estão em ascendência. Quanto mais cruel for o superego, mais aterrorizante será a figura do pai castrador e maior será a força com que a criança, tentando fugir de seus impulsos genitais, irá se prender aos níveis sádicos, a partir dos quais as tendências edipianas inicialmente tomam seu aspecto.
Nesses estágios iniciais, todas as posições do desenvolvimento edipiano são investidas numa rápida sucessão. Isso, porém, passa despercebido, pois o quadro ainda é dominado pelos impulsos pré-genitais. Além disso, não é possível estabelecer uma distinção clara entre a atitude heterossexual ativa que se expressa no nível anal e o estágio posterior de identificação com a mãe.
Agora chegamos àquela fase do desenvolvimento a que me referi antes com o nome de "fase de feminilidade". Ela está calcada no nível sádico-anal, ao qual empresta um novo conteúdo, pois as fezes passam a ser igualadas ao bebé que a criança espera ter. O desejo de roubar a mãe agora se aplica ao bebé, assim como às fezes. Aqui podemos perceber dois objetivos que se fundem um ao outro. Um é governado pelo desejo de ter filhos, e a intenção da criança é apropriá-los; o outro objetivo é motivado pelo ciúme de futuros irmãos, cujo surgimento é esperado, e pelo desejo de destruí-los dentro da mãe. (Um terceiro objeto das tendências sádico-orais do menino dentro da mãe é o pênis do pai.)
Assim como no complexo de castração das meninas, no complexo de feminilidade dos meninos há no fundo o desejo frustrado de possuir um órgão especial. As tendências de roubar e destruir estão ligadas aos órgãos de fecun​dação, gravidez e parto que o menino presume existirem na mãe, assim como à vagina e os seios, a fonte do leite, cobiçados como órgãos de receptividade e fartura desde o tempo em que a posiçãolibidinal é puramente oral.
O menino teme ser punido pela destruição do corpo da mãe, mas além disso seu medo também tem um caráter mais geral —nesse ponto é possível estabelecer uma analogia com a ansiedade ligada aos desejos de castração da menina. Ele tem medo de que seu corpo seja mutilado e desmembrado, e esse pavor também significa a castração. Aqui temos uma contribuição direta para o complexo de castração. Nesse período inicial de desenvolvimento, a mãe que toma as fezes do menino também representa uma mãe que o desmembra e castra. Não é apenas através das frustrações anais impostas à criança que a mãe abre caminho para o complexo de castração: em termos de realidade psíquica, ela já é o castrador.
Esse medo da mãe é esmagador, pois combinado a ele vem o pavor de ser castrado pelo pai. As tendências destrutivas cujo objeto é o útero também são dirigidas com toda a sua intensidade sádico-oral e sádico-anal contra o pênis do pai, que estaria localizado lá. É nesse pênis que o medo de ser castrado pelo pai se concentra durante essa fase. Assim, a fase de feminilidade se caracteriza pela ansiedade relacionada ao útero e ao pênis do pai, e essa ansiedade submete o menino à tirania de um superego que devora, mutila e castra, formado a partir das imagens da mãe e do pai ao mesmo tempo.
Desse modo, as posições genitais incipientes misturam-se desde o início às diversas tendências pré-genitais. Quanto maior for a preponderância das fixações sádicas, mais a identificação do menino com a mãe corresponderá a uma atitude de rivalidade em relação à mulher, com sua mescla de inveja e ódio; pois devido à vontade de ter um filho, ele se sente em desvantagem e numa posição inferior à mãe.
Vejamos agora por que o complexo de feminilidade dos homens parece bem mais obscuro do que o complexo de castração das mulheres, apesar de ambos terem a mesma importância.
A fusão do desejo de ter um filho com o impulso epistemofílico permite ao menino executar um deslocamento para o plano intelectual; a sensação de estar em desvantagem então é ocultada e supercompensada pela superioridade que deduz do fato de possuir um pênis, superioridade que também é reconhecida pelas meninas. Esse exagero da posição masculina provoca afirmações exagera​das de masculinidade. No artigo "Die Wurzel des Wissbegierde", Mary Chadwick (1925) também atribui o valor excessivo que o homem confere narcisicamente ao pênis, assim como sua atitude de rivalidade intelectual em relação às mulhe​res, à frustração do desejo de ter filho e ao deslocamento desse desejo para o plano intelectual.
A tendência dos meninos de exibir uma agressividade excessiva, coisa que ocorre com muita frequência, tem sua origem no complexo de feminilidade. Ela é acompanhada por uma atitude de desprezo e de "saber melhor", além de ser extremamente anti-social e sádica, sendo determinada em parte pela tentativa de ocultar a ansiedade e a ignorância que se encontram por trás dela. Também coincide em parte com o protesto do menino (resultante do medo da castração) contra o papel feminino, mas não deixa de estar calcada no medo da mãe, da qual o menino pretendia roubar o pênis do pai, os filhos e os órgãos sexuais femininos. Essa agressividade excessiva se une ao prazer em atacar decorrente da situação edipiana direta, genital, mas representa a parte dessa situação que é de longe o fator mais anti-social da formação do caráter. É por isso que a rivalidade do homem com as mulheres pode ser bem mais anti-social do que sua rivalidade com outros homens, que é provocada em grande parte pela posição genital. A quantidade de fixações sádicas, é claro, também vai determinar a relação do homem com outros homens quando eles são rivais. Se, ao contrário, a identificação com a mãe está calcada numa posição genital melhor estabele​cida, a relação com as mulheres terá um caráter positivo e o desejo de ter filho, assim como o componente feminino, que desempenham um papel tão importante no trabalho do homem, encontrarão condições mais favoráveis para a sublimação.
Em ambos os sexos, uma das principais fontes das inibições no trabalho é a ansiedade e o sentimento de culpa associado à fase de feminilidade. A experiência me ensinou, porém, que a análise cuidadosa dessa fase, também por outros motivos, é importante do ponto de vista terapêutico e pode ser de grande ajuda em casos de obsessão que parecem ter atingido um ponto onde não é possível fazer mais nada.
No desenvolvimento do menino, a fase de feminilidade é seguida de uma luta prolongada entre as posições pré-genital e genital da libido. Quando atinge seu auge, no período que vai do terceiro ao quarto ano de vida, essa luta pode ser facilmente reconhecida como o conflito edipiano. A ansiedade associada à fase de feminilidade empurra o menino de volta à identificação com o pai; mas esse estímulo por si só não fornece alicerce seguro o bastante para a posição genital, pois ele leva principalmente à repressão e à supercompensação das pulsões sádico-anais, ao invés de superá-las. O medo de ser castrado pelo pai reforça a fixação nos níveis sádico-anais. O grau de genitalidade constitucional também desempenha um papel importante na solução favorável dessa situação, i.e., a conquista do nível genital. Muitas vezes, o resultado da luta permanece indefinido, o que dá origem a problemas neuróticos e distúrbios de potência.� Assim, a aquisição da potência total e a tomada da posição genital dependem em parte da solução favorável da fase de feminilidade.
Passarei agora para o desenvolvimento das meninas. Como consequência do processo do desmame, a menina se afasta da mãe, sendo impelida nesse sentido também pelas privações anais que sofreu. Tendências genitais começam agora a influenciar seu desenvolvimento mental.
Concordo plenamente com Helene Deutsch (1925) quando afirma que o desenvolvimento genital da mulher se completa com o deslocamento da libido oral para a zona genital. Os resultados das minhas observações mostram, porém, que esse deslocamento se inicia com as primeiras manifestações dos impulsos genitais, e que o objetivo oral e receptivo dos órgãos genitais exerce uma influência determinante sobre a escolha do pai como objeto amoroso pela menina. Também fui levada a concluir que uma noção inconsciente da vagina, assim como sensações nesse órgão e no resto do aparelho genital, são despertadas logo que surgem os impulsos edipianos. No caso das meninas, porém, o onanismo não oferece uma saída tão adequada para essas quantidades de excitação como acontece com os meninos. Assim, a falta de gratificação acumulada fornece mais um motivo para novas complicações e distúrbios no desenvolvimento sexual feminino. A dificuldade de obter a gratificação total através da masturbação pode ser mais uma causa, além daquelas apontadas por Freud, para que a menina repudie o onanismo. Talvez também possa explicar, em parte, por que durante a tentativa de abandoná-lo, a masturbação manual geralmente seja substituída pelo movimento de juntar com força as pernas.
Além do caráter receptivo do órgão genital — posto em ação pelo desejo intenso de encontrar uma nova fonte de gratificação — a inveja e o ódio da mãe, que possui o pênis do pai, também parecem ser mais um motivo para que a menina se volte para o pai no período em que seus primeiros impulsos edipianos estão se manifestando. As caricias do pai agora têm o efeito de uma sedução e são sentidas como "a atração do sexo oposto".�
No caso da menina, a identificação com a mãe é resultado direto dos impulsos edipianos: todo o conflito provocado no menino pela ansiedade de castração está ausente nela. Nas meninas, assim como nos meninos, essa identificação coincide com as tendências sádico-anais de roubar e destruir a mãe. Se a identificação com a mãe ocorre principalmente num estágio em que as tendências sádico-orais e sádico-anais estão muito acentuadas, o medo do superego materno primitivo leva à repressão e à fixação dessa fase, interferindo no desenvolvimento genital posterior.O medo da mãe também impele a menina a desistir de se identificar com ela. Tem início, então, a identificação com o pai.
A menina tem o seu impulso epistemofílico despertado pelo complexo de Édipo; o resultado é a descoberta de que não possui um pênis. Ela sente essa falta como mais um motivo para odiar a mãe, mas ao mesmo tempo seu sentimento de culpa faz com que a encare como uma punição. Isso torna mais amarga sua frustração nesse sentido e, por sua vez, exerce uma influência profunda no complexo de castração como um todo.
O sofrimento inicial pela falta do pênis aumenta mais tarde, quando a fase fálica e o complexo de castração entram em plena atividade. Freud afirma que a descoberta da ausência do pênis provoca a troca da mãe pelo pai como objeto amoroso. Minhas investigações mostram, porém, que essa descoberta age apenas como reforço nesse sentido: tudo isso ocorre num estágio muito inicial do conflito edipiano e a inveja do pênis toma o lugar do desejo de ter um filho, que por sua vez volta a substituir a inveja do pênis no desenvolvimento posterior. Acredito que a privação do seio seja a causa mais importante da opção pelo pai.
A identificação com o pai é menos carregada de ansiedade do que aquela com a mâe; além disso, o sentimento de culpa em relação à mãe provoca a supercompensação, através de uma nova relação de amor com ela. Em oposição a essa nova relação de amor, há ainda o complexo de castração, que torna difícil uma atitude masculina, e o ódio contra a mãe resultante das posições anteriores. O ódio e a rivalidade com mãe, contudo, fazem mais uma vez com que a identificação com o pai seja abandonada e ele volte a ser o objeto para amar e pelo qual ela deseja ser amada.
A relação da menina com a mãe faz com que a sua relação com o pai tome uma direção positiva e outra negativa. A frustração que sofre nas mãos deste tem suas raízes mais profundas na decepção já sofrida em relação à mãe; um forte motivo para o desejo de possuí-lo é o ódio e a inveja da mãe. Se as fixações sádicas permanecem preponderantes, esse ódio e sua supercompensação tam​bém irão afetar profundamente a relação da mulher com os homens. Por outro lado, se há uma relação mais positiva com a mãe, calcada na posição genital, a mulher não só estará menos presa a um sentimento de culpa na sua relação com os filhos, mas seu amor pelo marido será altamente reforçado, pois este sempre representa o filho adorado e, ao mesmo tempo, a mãe que dá tudo aquilo que é desejado. A parte da relação que diz respeito exclusivamente ao pai está montada sobre esse alicerce tão importante. De início, ela se concentra na ação do pênis durante o coito. Essa ação, que também promete a gratificação dos desejos agora deslocados para os órgãos genitais, parece à menina uma proeza insuperável.
Sua admiração é abalada pela frustração do complexo de Édipo, mas caso não acabe se convertendo em ódio, torna-se uma das características fundamen​tais da relação da mulher com o homem. Mais tarde, quando a satisfação total dos impulsos amorosos é obtida, a essa admiração se soma a enorme gratidão pelo fim da privação acumulada. Essa gratidão se expressa através da grande capacidade feminina de se entregar de forma total e duradoura ao mesmo objeto amoroso, principalmente no caso do "primeiro amor".
Um elemento que prejudica bastante o desenvolvimento da menina é o seguinte: enquanto o menino de fato possui o pênis, a partir do qual entra numa rivalidade com o pai, a menina tem apenas o desejo insaciado de ser mãe — a respeito do qual, aliás, tem apenas uma noção vaga e incerta, ainda que muito intensa.
Não é apenas essa incerteza que perturba sua esperança de um dia ser mãe. Ela é muito mais enfraquecida pela ansiedade e o sentimento de culpa, que podem danificar séria e permanentemente a capacidade materna da mulher. Por causa das tendências destrutivas que dirigiu contra o corpo da mãe (ou alguns de seus órgãos) e as crianças dentro do útero, a menina espera ser castigada com a destruição de sua própria capacidade de ter filhos, dos órgãos ligados a essa função ou de seus próprios bebés. Aqui também podemos encontrar uma explicação para a constante preocupação das mulheres (muitas vezes excessiva) com sua própria beleza, pois temem que esta também seja destruída pela mãe. Por trás do impulso de se embelezar, sempre há a tentativa de restaurar a graça destruída, noção originária da ansiedade e do sentimento de culpa.�
É provável que esse medo profundo da destruição dos órgãos internos seja a causa psíquica da maior suscetibilidade das mulheres, em comparação com os homens, à histeria de conversão e às doenças orgânicas.
Essa ansiedade e o sentimento de culpa são a principal causa da repressão do orgulho e da alegria no papel feminino, que originalmente são muito fortes. Essa repressão resulta na depreciação da capacidade de ser mãe, de início tão valorizada. Assim, a menina não possui o mesmo apoio que o menino encontra na posse do pênis e que ela também poderia descobrir na expectativa da maternidade.
Pode-se demonstrar que a grande ansiedade da menina a respeito de sua feminilidade é análoga ao medo da castração no menino, pois ela certamente colabora para refrear os impulsos edipianos. No entanto, a ansiedade de castração em torno do pênis que existe de forma visível no menino segue um curso diferente; ela pode ser considerada mais aguda do que a ansiedade mais crónica da menina a respeito de seus órgãos internos, com os quais necessariamente tem menos familia​ridade. Além disso, o fato de a ansiedade do menino ser determinada pelo superego paterno e a da menina pelo materno não pode deixar de trazer certas diferenças.
Freud afirmava que o superego da menina se desenvolve por uma trilha diferente do menino. Constantemente nos deparamos com indícios que confir​mam o fato de que o ciúme desempenha um papel mais influente na vida das mulheres do que na dos homens, pois é reforçado por uma inveja desviada do homem por causa do pênis. Por outro lado, as mulheres possuem uma grande capacidade —que não se baseia apenas na supercompensação —de deixar de lado seus próprios desejos e se dedicarem com grandes sacrifícios a tarefas éticas e sociais. Não podemos atribuir essa capacidade à mistura de traços masculinos e femininos que, devido à estrutura bissexual do ser humano, influencia a formação do caráter em certos casos, pois essa capacidade tem obviamente caráter maternal. Creio que para explicar como a mulher vai desde o ciúme mais mesquinho até a bondade amorosa mais abnegada, temos que levar em conside​ração as condições peculiares em que se forma o superego feminino. A partir da identificação inicial com a mãe, que ocorre sob a forte preponderância do nível sádico-anal, a menina desenvolve o ódio e o ciúme, criando um superego cruel calcado na imago da mãe. O superego que se forma no mesmo estágio a partir da identificação com o pai também pode ser ameaçador e causar ansiedade, mas nunca parece atingir as mesmas proporções daquele criado a partir da identifi​cação com a mãe. No entanto, quanto mais a identificação com a mãe vai se estabilizando na base genital, mais ela se caracteriza pela bondade dedicada de um generoso ideal de mãe. Assim, essa atitude afetiva positiva depende do grau em que o ideal de mãe maternal carrega as características do estágio genital ou pré-genital. Entretanto, quando se trata da conversão ativa da atitude emocional em ações sociais ou outras atividades, aparentemente é o ideal de ego paterno que está em funcionamento. A profunda admiração que a menina sente pela atividade genital do pai leva à formação de um ideal de ego paterno que propõe metas ativas jamais atingidas por completo. Se, devido a certos fatores de desenvolvimento, o incentivo para atingir essas metas for forte o bastante, sua própria impossibilidade pode dar ímpeto extraordinário aos esforços da menina que, somado à capacidade de auto-sacrifício derivado do superego materno, dá à mulher, em casos individuais, a capacidade derealizações excepcionais no plano intuitivo e em certos campos específicos.
O menino também deriva da fase feminina um superego materno que o impele, assim como a menina, a criar identificações cruéis primitivas e, ao mesmo tempo, bondosas. Contudo, depois de passar por essa fase, ele retoma (em diferentes graus, é verdade) a identificação com o pai. Por mais que o lado materno se faça sentir na formação do superego, ainda é o superego paterno que desde o início exerce a influência decisiva sobre o homem. Este também coloca diante de si a figura de um personagem sublime que possa lhe servir de modelo, mas como o menino é de fato "feito à imagem" de seu ideal, este não é inatingível. Essa circunstância contribui para o trabalho criativo mais constante e objetivo do homem.
O medo de ter sua feminilidade danificada exerce uma profunda influência sobre o complexo de castração da menina, pois faz com que dê um valor excessivo ao pênis que ela própria não possui; esse exagero se torna, então, mais óbvio do que a ansiedade subjacente a respeito de sua própria feminilidade.
Gostaria de mencionar aqui o trabalho de Karen Horney, que foi a primeira a examinar as fontes do complexo de castração das mulheres na situação edipiana.g
Quanto a isso, é preciso mencionar a importância de certas experiências iniciais da infância para o desenvolvimento sexual. No trabalho que apresentei, no Congresso de Salzburg em 1924, afirmei que quando a observação do coito se dá num estágio posterior do desenvolvimento, ela pode assumir o caráter de trauma. No entanto, quando essa experiência ocorre numa idade precoce, ela pode ficar fixada e se tornar parte do desenvolvimento sexual. Devo acrescentar que uma fixação desse tipo pode dominar não só um estágio específico do desenvolvimento, mas também o superego que está em processo de formação, prejudicando o resto de seu desenvolvimento. Se o superego atinge seu zénite no estágio genital, as identificações sádicas que participam de sua estrutura se tornam menos proeminentes, o que ajuda a assegurar a saúde mental e o desenvolvimento de uma personalidade de alto nível ético.
Há outro tipo de experiência no início da infância que me parece característico e extremamente importante. Essas experiências muitas vezes se seguem à obser​vação do coito e são provocadas ou alimentadas pela excitação que esta desperta. Refiro-me às relações sexuais de crianças pequenas entre si, entre irmãos e irmãs ou amiguinhos, que consistem nos atos mais diversos: olhar, tocar, defecar juntos, felação, cunilíngua e muitas vezes tentativas diretas de realizar o coito. Elas são profundamente reprimidas e possuem o investimento de um enorme sentimento de culpa. Esse sentimento é provocado principalmente pelo fato de que o objeto amoroso, escolhido sob a pressão da excitação trazida pelo conflito edipiano, é visto pela criança como substituto do pai, da mãe, ou de ambos. Assim, essas relações, que parecem tão insignificantes e aparentemente são vividas por todas as crianças sob o estímulo do desenvolvimento edipiano, tomam o caráter dè relação edipiana realizada e exercem influência decisiva sobre a formação do complexo de Édipo, o desligamento do sujeito desse complexo e suas relações sexuais posteriores. Além disso, uma experiência desse tipo forma um importante ponto de fixação no desenvolvimento do superego. Como consequência da necessidade de punição e da compulsão à repetição, essas experiências muitas vezes fazem com que a criança se submeta a traumas sexuais. A esse respeito, gostaria de remeter ao trabalho de Abraham (1927), onde se demonstra que passar por traumas sexuais faz parte do desenvolvimento sexual das crianças. A investi​gação analítica dessas experiências durante a análise de adultos e crianças ajuda muito a esclarecer a situação edipiana em relação às fixações iniciais e, portanto, é muito importante do ponto de vista terapêutico.
Resumindo minhas conclusões: antes de mais nada, gostaria de observar que, na minha opinião, elas não contradizem as afirmações do professor Freud. Creio que o ponto mais importante das considerações adicionais que apresentei é que atribuo esses processos a uma época anterior e que as diversas fases do desenvolvimento (principalmente nos estágios iniciais) se fundem com mais liberdade do que se acreditava antes.
Os estágios iniciais do conflito edipiano são tão dominados pelas fases pré-genitais do desenvolvimento, que quando a fase genital começa a entrar em atividade, ela permanece oculta e só mais tarde, entre o terceiro e o quinto ano de vida, pode ser detectada com clareza. Nessa idade, o complexo de Édipo e a formação do superego atingem seu clímax. No entanto, o fato de as tendências edipianas se iniciarem bem mais cedo do que pensávamos, a pressão do sentimento de culpa que, portanto, recai sobre os níveis pré-genitais, a influência determinante exercida tão cedo sobre o desenvolvimento do complexo de Édipo, por um lado, e, por outro, sobre o superego, assim como sobre a formação do caráter, a sexualidade e todo o resto do desenvolvimento do indivíduo — tudo isso me parece ter uma grande importância, ainda não reconhecida. Descobri o valor terapêutico desse conhecimento na análise de crianças, mas ele não se limita a essa ãrea. Tive a oportunidade de testar as conclusões retiradas dessa prática na análise de adultos e constatei não só que sua validade teórica estava confirmada, mas também que sua importância terapêutica era inegável.
� Cf. W. Reich: "Die Funktion des Orgasmus" (1927).
� Muitas vezes nos deparamos com a queixa inconsciente de que a mãe seduziu a criança enquanto cuidava dela. Essa queixa remonta ao período em que os desejos genitais passam a ocupar o primeiro plano e as tendências edipianas estão despertando.
� Cf. o artigo de Hárnik (1928), apresentado no Congresso Psicanalítico de lnnsbruck: "Die õkonomischen Beziehungen zwischen dem Schuldgefuhl und dem weiblichen Narzissmus".

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