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FICHAMENTO FOUCAULT - História da sexualidade 1

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FICHAMENTO DE LEITURA
	Seminários Temáticos
	Referência: FOUCAULT, Michael. História da sexualidade I: a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque; J. A. Guillhon Albuquerque. 13. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988. p. 9-71.
	Acadêmico(a): Gisele de Fátima do Prado - 4º NB
	Assunto principal
	Temas 
	O/a autor/a do texto Michael Foucault dialoga sobre o tema da sexualidade no Ocidente, e na presente obra o autor discorre sobre a hipótese repressiva (ideia de que o sexo foi reprimido na Era Vitoriana) e sua possível ilusão, e também que, próximo ao século xx, a sexualidade passou a ser estudada cientificamente.
	Repressão; Sexualidade; Confissão; Discurso;
	Resumo de ideias/conceitos
	PARTE I: NÓS, VITORIANOS
O autor inicia essa parte do livro mencionado que, desde o século XVIII lê-se sobre sexualidade a partir do que ele chama de “hipótese repressiva”, a qual sugere que tudo o que fosse feito pelo simples prazer era desaprovado pela burguesia. O discurso do século XIX entendia a sexualidade como reprimida e que muito pouco se falava sobre ela. Sendo assim, o sexo fora tratado como um assunto ou algo que só poderia acontecer entre um casal heterossexual, e de maneira privada apenas com a função de reprodução. Práticas sexuais fora do ambiente privado era reprimido, pois havia um esforço para evitar discursos e pensamentos sexuais, deixando assim, a sexualidade limitada ao casamento.
Sabemos que a sexualidade é tratada de uma forma diferente de acordo com a época, portanto de acordo com o autor, houve formas de repressão, esse discurso sobre repressão fazia crescer a vontade de se falar sobre sexualidade, fazendo com que, ao se falar sobre sexo, possibilitaria trata-lo como forma de libertação ou contestação.
A repressão, de acordo com Foucault, parece uma tentativa de dar importância aos discursos da sexualidade, fazendo com que pareça de extrema importância que se fale abertamente sobre sexo, e esse discurso sobre sexualidade é uma forma de uma vida livre. 
Ao falar sobre sociedade, é a sociedade cristã, branca, burguesa aqui do Ocidente. O discurso sobre a liberação do sexo são relacionados por Foucault aos moldes discursivos da pregação de um mundo onde o sexo era livre, pensamento que persiste até os dias atuais.
As relações de poder e sexo, de acordo com a repressão, possui um ar de transgressão, desordenando a lei, pelo simples fato de falar sobre sexo e sua repressão. Todo discurso que vai contra o poder ou poderes, vontade de mudar a lei baseia a obstinação de se falar sobre sexo em termos de repressão. O autor menciona que nunca houve tanto rigor em se tratar de sexualidade como na época da burguesia e dizer que não há repressão nos discursos sobre o sexo pode ser um paradoxo.
Foucault segue perrguntando o porquê de se falar sobre repressão, e por que se diz que não pode falar sobre sexo? Questionamentos que podem ser respondidos por quem defende a hipótese repressiva, o qual diria que, mesmo cientes dessa repressão, as pessoas poderiam ser libertas através de discussões abertas e francas, mesmo que seja um processo longo.
Alguns questionamentos foram discorridos no texto pelo autor, sobre o assunto da hipótese repressiva, sendo eles: 1. Historicamente pensando, pode-se saber o que se pensa hoje como repressão sexual à ascensão burguesa no século XVII? 2. O poder na sociedade é verdadeiramente expresso através de termos da repressão? 3. Os discursos sobre sexualidade na modernidade são um rompimento dessa antiga história de repressão ou também fazem parte dela?
No final dessa parte, Foucault não está interessado em contradizer a hipótese repressiva, mas sim, ao discurso sobre sexualidade, pretendendo saber por que ela se torna um objeto de discussão, e para mostrar que os discursos libertários também precisam estar contextualizados.
PARTE II: A HIPÓTESE REPRESSIVA
1. A incitação aos discursos
No século XVII com a ascensão burguesa, a confissão foi vista como um elemento chave na produção dos discursos sobre sexo, principalmente após a contrarreforma, a qual deu propulsão ao ritmo das confissões. A má conduta sexual sempre foi uma parte essencial nos rituais de religiosos de confissão. Mesmo sendo menos explícitas na época, as confissões tornaram-se muito mais amplas, ou seja, não se confessavam apenas os atos, mas também desejos, vontades, sonhos e pensamentos, qualquer fato, por menos importante que fosse, relacionado ao sexo, deveria ser confessado. Isso transformou o desejo sexual em discurso, o que Foucault faz uma comparação com a literatura dos séculos posteriores as quais descrevem a sexualidade com detalhes. 
À época também, os discursos sobre sexo foram além da confissão religiosa. Tornou-se um assunto público que passou a ser estudado, analisado e classificado com racionalidade. No século XVIII passou-se a estudar demografia para regular a população que passaram a ter suas vidas sexuais muito mais examinadas, a partir do momento que dados sobre natalidade, fertilidade, e outros se tornaram dados importantes para o domínio público. O sexo era descrito na detalhadamente para um exame de si, na tentativa de purificação da alma.
Sobre a sexualidade infantil, percebe-se um outro discurso sobre sexo, e o autor tem como exemplo as escolas secundárias do século XVIII, as quais possuíam regulamentos que separavam meninos e meninas evitando assim o contato sexual. O texto menciona que as próprias crianças deveriam saber discorrer sobre sexualidade de maneira adequada. A sexualidade infantil havia se tornado outro assunto de interesse público.
Michael Foucault identificou outros discursos na medicina, na psiquiatria e na justiça. Tornaram-se mais rigorosas algumas leis sobre o sexo, como também os estudos e a consciência sexuais tornaram-se mais frequentes e intensos. O autor cita o exemplo de um trabalhador agrícola que havia sido preso por solicitar favores sexuais à menores de idade, foi julgado e submetido a estudos psicológicos. Percebe-se pelo texto que, se na Idade Média o sexo estava restrito às confissões e à moralidade, no século XVIII há a expansão de vários outros discursos sobre a sexualidade. 
Há uma objeção proposta por Foucault sobre sua análise: pode- se dizer que essa proliferação de discursos sobre sexo é justamente por que se trata do assunto como algo secreto? Ele responde que esse segredo é também uma parte do discurso sobre sexo. 
2 A implantação perversa
Nesta parte do livro, há uma possível objeção levantada pelo autor, mencionando que, embora tenha aumentado os discursos sobre sexo, este tem sido para tornar o sexo economicamente útil e conservador. O que o autor responde que nesta era, houve a multiplicação de diferentes tipos de “perversão sexual”. Antes o sexo era tratado em seus discursos apenas no casamento, esse discurso passou a englobar aqueles que não pertenciam à categoria do matrimônio: homossexuais, filhos, entre outros. Surge então a distinção entre as violações do matrimônio (vistas como violações da lei), e violações do que era considerado natural.
A partir do século XVIII, há um esforço para saber as várias práticas sexuais não conjugais e assim, classificá-las, e o poder para se fazer essas distinções, não é para reprimir tais práticas. Menciona-se quatro operações nesse exercício do poder, voltadas para a proliferação da chamada “perversão” sexual, que são: 1. é identificado um motivo além da simples repressão sobre o estudo da sexualidade infantil. A análise serve como uma base para um estudo mais geral da sexualidade. Também alerta sobre os perigos da sexualidade infantil e percorre as origens da sexualidade das crianças na família, deixando claro que o que parece tirar as crianças do assunto sexualidade, por fim expande o estudo desta para outros aspectos. 2. O autor fala do conceito de homossexualidade como forma de interpretar a existência, sendo um aspecto de quem somos. Em épocas anteriores, a sodomia era considerada um crime e, a partir do século XIX passou a ser considerada como manifestação da homossexualidade,a qual passou a ser associada à identidade da pessoa. Assim, a sexualidade tornou-se peça fundamental para a identificação e interpretação da personalidade e do comportamento. 3. Foucault percebe a investigação sobre os diferentes tipos de comportamentos sexuais como parte do que chama de “espirais de poder e prazer”. O exame que acompanha a “medicalização da sexualidade”, traz ao contato íntimo o observador e o observado. De um lado, quem observa tem o poder de extrair e examinar os desejos do seu observado, dando-lhe um tipo de prazer. De outro lado, a pesquisa do observador encoraja os prazeres do observado ao destacá-lo.. 4. Foi observado que toda essa pesquisa levou a cumular a sociedade, pois todos os aspectos da vida familiar passaram a ser vistos pelo viés da sexualidade, fazendo que ao invés de serem estabelecidos limites para a sexualidade, tudo passou a ser visto em função dela. 
Concluiu-se então, que diferente da hipótese repressiva, houve maior expansão dos discursos sobre sexualidade do que em qualquer outra época, o que levou também à especificação das perversidades que seriam condenadas. 
PARTE III: SCIENTIA SEXUALIS
No século XIX, o crescente discurso sobre sexo acabou o tornando um problema, visto como um perigo, pois os prazeres poderiam ser uma ameaça tanto para o sujeito, como para toda sociedade. Então, saber sobre sexo era muito importante, desde que esse conhecimento permanecesse dentro da moralidade comum. O douto discurso sobre sexo era falso e distorcido, e era contra toda prática sexual não ortodoxa. Não focando nos preconceitos desses discursos eruditos, o autor aponta que o sexo havia deixado de ser tratado como questão moral, passando a ser também uma questão de conhecimento, verdade e mentira. 
Foucault mostra dois procedimentos que produzem a verdade sobre o sexo, um deles é a ciência e a arte erótica. A ciência do sexo se iniciou como detalhamento do outro, a arte erótica é uma experiência pessoal, com o objetivo de fazer acontecer a transfiguração de si mesmo, proporcionando experiências subjetivas. A ciência do sexo vai construir um poder-saber que fala pelo outro, com processos de normalização da vida recorrendo à prática da confissão. Então, o que é considerado anormal, vai ser patologisado, tornando-se objeto de estudo e intervenções médicas, jurídicas, psiquiátricas.
Passando a confissão a fazer parte da vida diária, pensa-se nela como uma maneira de encontrar a verdade, uma forma de liberação da repressão e, de acordo com Foucault, a pessoa está sujeita a poderes que obrigam a confessar, e por meio da confissão, a pessoa se percebe pensante. 
Falar de sexo na confissão é recorrente porque é um assunto oculto, um segredo. O ato de confessar é visto como terapêutico, e no século XIX, psiquiatras, médicos, etc tentaram compilar a confissão e a ciência para criar “confissões sexuais científicas”. Diante disso, cinco formas de associar confissão e ciência: 1. alguns métodos, hipnose, por exemplo foram desenvolvidos para extrair uma confissão, “fazer falar”; 2. a necessidade de uma confissão exata se deu pelo fato de acreditar que o sexo era a causa e explicação para todos os tipos de comportamentos, como tendo o poder de causar perigo; 3. pelo fato da sexualidade estar encoberta dentro do sujeito, percebe-se a necessidade de expurgá-la; 4. a psiquiatria desenvolveu um método de interpretação das confissões, sendo a resposta do ouvinte fundamental para a compreensão; 5. por ser terapêutica, passou a ser vista como procedimento médico.
O conceito moderno de sexualidade se deu a partir da fusão entre a confissão e o discurso científico, passando a fazer sentido de acordo com os discursos em torno do sexo do que sobre ele próprio, pois de um lado se relaciona com a confissão, que cuida dos segredos escondidos, e de outro, com a ciência, conhecimento e verdade. 
Por fim, descobre-se que o prazer esta em analisar e aprender sobre os prazeres, e o autor sugere que, ao invés de ver a repressão do poder, olhar para ele como base para a criação do auto conhecimento e da verdade. 
	Trechos selecionados 
	Páginas correspondentes
	“[…] a repressão funciona, decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também como injunção ao silêncio, afirmação de inexistência e, consequentemente, constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem para saber.” 
	Pg. 10
	“[…]se o sexo é reprimido com tanto rigor, é por ser incompatível com uma colocação no trabalho, geral e intensa; na época em que se explora sistematicamente a força de trabalho, poder-se-ia tolerar que ela fosse dissipar-ser nos prazeres, salvo naqueles, reduzidos ao mínimo, que lhe permitem reproduzir-se?”
	Pg. 11
	“Falar contra os poderes, dizer a verdade e prometer o gozo; empregar um discurso onde confluem o ardor do saber, a vontade de mudar a lei e o esperado jardim das delícias – eis o quer, sem dúvida, sustenta em nós a obstinação em falar do sexo em termos de repressão;”
	Pg. 12 e 13
	“E que se falam com uma tal profusão há tanto tempo, é porque essa repressão está profundamente firmada, possui raízes e razões sólidas, pesa sobre o sexo de maneira tão rigorosa, que uma única denúncia não seria capaz de liberar-nos;"
	Pg. 15
	“Em compensação, no nível do discurso e de seus domínios, o fenômeno é quase inverso. Sobre o sexo, os discursos […] não cessaram de proliferar: uma fermentação discursiva que se acelerou a partir do século XVIII.”
	Pg. 22
	“Uma das grandes novidades nas técnicas de poder, no século XVIII, foi o surgimento da “população”,como problema econômico e político: […] Os governos percebem que não têm que lidar simplesmente com sujeitos,nem com um povo, porém com uma “população”,com seus fenômenos específicos e suas variáveis próprias: natalidade,morbidade, esperança de vida, fecundidade, estado de saúde, incidência das doenças, forma de alimentação e habitat.” 
	Pg. 28
	“Passa-se das lamentações rituais sobre a libertinagem estéril dos ricos, dos celibatários e dos libertinos, para um discurso onde a conduta sexual da população é tomada, ao mesmo tempo, como objeto de análise e alvo de intervenção;”
	Pg.29
	“a partir do século XVIII, o sexo das crianças e dos adolescentes passou a ser um importante foco em torno do qual se dispuseram inúmeros dispositivos institucionais e estratégias discursivas.”
	Pg. 32
	“Em vez da preocupação uniforme em esconder o sexo, em lugar do recato geral da linguagem, a característica de nossos três últimos séculos é a variedade, a larga dispersão dos aparelhos inventados para dele falar, para fazê-lo falar, para obter que fale de si mesmo, para escutar, registrar, transcrever e redistribuir o que dele se diz”. 
	Pg.35
	“O crescimento das perversões não é um tema moralizador que acaso tenha obcecado os espíritos escrupulosos dos vitorianos. É o produto real da interferência de um tipo de poder sobre os corpos e seus prazeres.” 
	Pg. 47 e 48
	“É preciso, portanto, abandonar a hipótese de que as sociedades industriais modernas inauguraram um dia período de repressão mais intensa do sexo”.
	Pg. 48
	“O indivíduo, durante muito tempo, foi autenticado pela referência dos outros e pelo manifestação de seu vínculo com outrem […]; posteriormente passou a ser autenticado pelo discurso de verdade que era capaz de (ou obrigado a) ter sobre si mesmo. A confissão da verdade se inscreveu no cerne dos procedimentos de individualização pelo poder”. 
	Pg. 58
	“Ora, a confissão é um ritual de discurso onde o sujeito que fala coincide com o sujeito do enunciado; é, também, um ritual que se desenrola numa relação de poder, pois não se confessa sem a presença ao menos virtual de um parceiro, que não é simplesmente o interlocutor, mas a instância que requer a confissão […]”
	Pg. 61
	“Nesse momento os prazeres mais singulares eram solicitados a sustentar um discurso de verdade sobre si mesmos, discurso que deveria articular-se não mais àquele que fala do pecado e da salvação, da morte e da eternidade, mas ao que fala do corpo e da vida – o discursoda ciência.” 
	Pg. 63
	OBSERVAÇÕES
	
	Texto lido em 29/05/2022

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