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Megaesôfago e Acalásia Introdução - Doença de Chagas - Moradia - Barbeiro —> fezes —> coçadura —> Trypanossoma cruzi - T. Cruzi acomete os plexos mioentérico e submucoso - A neurotoxina destrói os neurônios II da cadeia parassimpática • Neurônio I: está no vago ou plexo sacral • Neurônio II: é intramural (em todos os tecidos motores – ureter, via biliar, esôfago, estômago). São importantes para transmissão da contratibilidade da fibra muscular lisa. Portanto há paralisia de contração. - É uma doença motora. Afeta somente esse tipo de neurônio - O número de plexos é diretamente proporcional a contratibilidade. Ou seja, o estômago tem mais plexos do que o esôfago, o cólon e o coração. O esôfago, portanto, é mais afetado, não havendo transmissão da onda de contratibilidade. Fisiopatologia - Se não há contratibilidade, não há abertura do EEI, mesmo com deglutição - Isso faz com que sejam necessárias mais de 40 deglutições para se conseguir abrir o esfíncter - A pressão da coluna de alimentos no esôfago deve ser igual ou maior do que a pressão do EEI para que haja abertura - Isso causa dilatação do órgão, estase e disfagia constante. - Regurgitação quando o paciente abaixa a cabeça (inclina o tronco para frente); sem náuseas / vômito - A hipotonia e a hipertonia do EEI estão relacionadas com a tireóide - Alguns alimentos como chocolate, podem fazer hipotonia do EEI - Ondas peristálticas do esôfago: • Onda 1ª: é parassimpática. É fisiológica • Onda 2ª: também é fisiológica • Onda 3ª: é patológica, não tem funcionalidade. Não desencadeia a deglutição. Sinaliza problema na inervação simpática —> A 3ª onda pode ser causada por Chagas, mas também por Agenesia Acalásia - É a falta de abertura do esfíncter esofágico inferior (EEI). - Está sempre presente no Chagas - Pode estar presente sem que exista o megaesôfago - O principal sintoma da acalasia é a disfagia de condução, que ocorre tanto para sólidos como para líquidos - Associado às queixas de disfagia, o paciente pode ter sintomas de regurgitação e broncoaspiração (pneumonia, abcesso pulmonar, bronquiectasias). A maioria dos pacientes com acalásia em estágios avançados desenvolve halitose. - A perda de peso é uma constante, mas é insidiosa. Quando a perda for muito grande deve-se suspeitar de CA esofágico. - Odinofagia não é um sintoma característico, mas pode ocorrer no início da doença. - A dor torácica (cólica esofagiana) resulta de contrações vigorosas que tentam vencer o EEI. É observado também no começo do quadro, quando a contratilidade do esôfago ainda não foi completamente perdida. - Suspeita de acalasia: disfagia + perda de peso ao longo de meses ou anos + regurgitação + tosse crônica (principalmente a noite) - Nas imagens com contraste, observa-se um estômago sem ar devido a falha de - esvaziamento esofágico - Acalasia é uma lesão pré maligna, sendo o carcinoma escamoso o tipo histológico mais comum, complicando tardiamente de 1 a 10% dos pacientes em 15 a 25 anos. O mecanismo etiopatogênico é a irritação da mucosa promovida pelo - aterial estagnado no esôfago, o que induz a formação de áreas de metaplasia e - posterior neoplasia. - Todo paciente com suspeita de acalasia deve fazer biópsia de esôfago distal e da cárdia para excluir condições malignas Diagnóstico - Rx de tórax: ausência de bolha gástrica, massa mediastínica ao lado da aorta, nível hidroaéreo no mediastino na posição ereta (material estagnado no esôfago) - Esofagografia: mesaesôfago, estreitamento em bico de pássaro no nível do EEI, presença de contrações esofagianas não peristálticas - Esofagomanometria: principal exame diagnóstico quando os anteriores são inalterados ou inconclusivos - Endoscopia alta: confirma a dilatação esofágica e exclui possível obstrução mecânica como causa de disfagia Classificação - É classificada em quatro estágios pela esofagografia (classificação de Rezende/ Mascarenhas): • Grau I: • Forma anectásica: esôfago com calibre normal (até 4cm) com pequena retenção de contraste após a deglutição • Presença de onda 3ª (tentativa do esôfago de empurrar tudo para frente; não tem coordenação de uma onda peristática, fazendo contração independente e que não é propulsiva e é dolorosa (espasmo esofágico) • A doença é pequena ou de curta duração, que poderá aumentar depois; não tem clinica muito avançada • Sem ar na bolha gasosa, porque o ar está lá em cima e para ir ao estomago precisa de movimento • Característica só de acalasia • Grau II: • Esôfago discinético: calibre entre 4 a 7cm com franca retenção de contraste ➡ megaesôfago leve • Também tem onda 3ª • Sempre temos a acalasia • Diâmetro do esôfago cresce • Grau III: • Esôfago francamente dilatado (megaesôfago clássico): dilatação entre 7 a 10 cm, atividade motora reduzida e grande retenção de contraste • Grau IV: • Dolicomegaesôfago: alongado (>10cm) ou tortuoso • Perda do eixo longitudinal do esôfago (sigmoidizado) • Completamente paralisado • Tem acalasia, mas o grande problema é a paralisia do esôfago. • Tratamento: dilatar a zonada acalasia —> tira a capacidade de contração do EII —> esfíncter fica frouxo —> 1 ano é o tempo máximo que dura esse procedimento. Mas não é um tratamento definitivo Tratamento - O tratamento da acalasia é considerado paliativo pois não há como normalizar a contratilidade esofágica. - Para sintomas leves e moderados pode-se usar nitratos sublinguais antes das refeições e antagonistas de cálcio (nifedipina 10mg), que reduzem a pressão do EEI. - Em pacientes com alto risco cirúrgico, opta-se pela injeção intramural de toxina botulínica, mas tem duração de 3 a 6 meses apenas. - Pacientes com sintomas proeminentes devem ser abordados por métodos intervencionistas: • Dilatação pneumática: • Balão no esfíncter que faz distensão das fibras e alivia os sintomas em 60 a 85% dos casos. • Ocorre recidiva em 50% dos casos e novos procedimentos podem ser realizados • As complicações são perfuração esofágica (2 a 6%) durante o procedimento e após, desenvolvimento de refluxo gastroesofágico (2%) • Miotomia de Heller: • Secção das camadas longitudinal e circular da musculatura lisa do esôfago • Indicada nos casos refratários e recidivantes • Devido a maior chance de desenvolver refluxo, pode ser associada a uma fundoplicatura. • Esofagectomia: • Indicado para pacientes com megaesôfago mais avançado, especialmente grau IV. • Miotomia endoscópica peroral (POEM): • É uma técnica recente, onde se realiza a dissecção da submucosa e posterior secção das fibras musculares • Tem 80 a 90% de taxa de sucesso
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