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Nutrição-UFGD Estado resultante da deficiência de nutrientes que pode causar alterações na composição corporal, funcionalidade e estado mental, com prejuízo no desfecho clínico. Pode ser causada por fatores de privação alimentar, doenças, idade avançada, de forma isolada ou combinada. Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (BRANUTRI) – 1996: estudo sobre a prevalência de desnutrição em pacientes hospitalizados no Brasil, com 4 000 pacientes. • 48% dos pacientes hospitalizados com desnutrição; • 13% com desnutrição grave; • < 18% dos prontuários continham informações sobre Nutrição; • Terapia Nutricional: 7,3% dos pacientes. ESTUDOS REALIZADOS NA AMÉRICA LATINA ENTRE 1995 E 2014 66 estudos, 12 países, 29.474 pacientes avaliados (57,7% do Brasil); Prevalência de desnutrição na admissão: 40 -60%; Grande variabilidade de métodos: AG, IMC, circunferência do braço, MAN, NRS-2002, MUST; Desnutrição associada à doença: • Aumento do tempo de hospitalização (3,5 a 7 dias); • Aumento da taxa de complicações; • Aumento de custos (61 a 309%). Avaliação do estado nutricional: • ASG-PPP; • Admissão, dias 5, 10 e ≥ 15. Principais resultados: • Prevalência de desnutrição: o Admissão: 31%; o Alta: 36%. Pacientes nutridos na admissão: • 30% desnutridos na alta. Pacientes desnutridos na admissão: • 82% desnutridos na alta. MARASMO Nutrição-UFGD KWASHIORKOR KWASHIORKOR MARASMÁTICO Junção de ambas as condições, sendo classificada como uma desnutrição proteico-calórica. ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS ↓ função imunológica. ↓ imunidade mediada por células. ↓ fagocitose. ↓ número de linfócitos. ↓ componentes do complemento. ↓ imunidade humoral – anticorpos. ALTERAÇÕES DIGESTÓRIAS Boca: • Lesões em mucosas e dentes: mastigação prejudicada; • Alteração na concentração e volume da saliva: ↑ susceptibilidade a infecções. Fígado: • ↓ síntese de ácidos biliares; • ↓ capacidade em metabolizar lipídeos; • ↓ albumina sérica. Pâncreas, intestino e cólon: • ↓ atividade enzimática (tripsina, quimiotripsina, carxipeptidases, dissacaridases). Estômago: • Atrofia da mucosa; • ↓ da secreção de HCl e pepsina; • Enfraquecimento da barreira gástrica a microrganismos patogênicos. ALTERAÇÕES FÍSICO-FUNCIONAIS ↓ força muscular. ↓ músculos respiratórios. ↓ cicatrização de feridas. Hipotermia. ↓ crescimento e desenvolvimento: crianças e adolescentes. ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS Depressão. Ansiedade. Autonegligência. ↓ desejo de recuperação. ↓ libido. Vínculo precário entre mãe e filho. Objetivos do cuidado de nutrição: • Reduzir/eliminar os fatores etiológicos; • Recuperar o estado nutricional; • Normalizar as alterações orgânicas ocasionadas pela desnutrição. Nutrição-UFGD LETRA D Passo 1: Determine o Risco Nutricional e Realize a Avaliação do Estado Nutricional. Consenso global sobre critério diagnóstico para desnutrição (Global Leadership Initiative on Malnutrition – GLIM): • Etapa 1: Rastreamento para identificação de Risco Nutricional. o Ferramenta validada (NRS-2002, ASG, MUST, MNA, NUTRIC, outras). • Etapa 2: Diagnóstico e classificação da gravidade da desnutrição: o Critérios fenotípicos: perda de peso não involuntária, IMC baixo, redução de massa muscular; o Critérios etiológicos: redução da ingestão alimentar ou absorção, inflamação e gravidade da doença. Global Leadership Initiative on Malnutrition – GLIM: Nutrição-UFGD LETRA E Passo 2: Estabeleça as necessidades calóricas e proteicas. Energia: • Calorimetria indireta; • Fórmulas preditoras; • Regras de bolso. Na ausência da calorimetria indireta, preferir a regra de bolso. Relação kcal/g N2: • 150:1 (catabolismo); • 100-120:1 (catabolsimo intenso); • 80:1 (catabolismo muito intenso). LETRA S Passo 3: Saiba a perda de peso e acompanhe o peso pelo menos a cada 7 dias. Percentual de perda de peso: • Importante preditor de risco nutricional. Peso corporal: Nutrição-UFGD • Deve ser instituído como rotina, no mínimo semanalmente, em pacientes hospitalizados; • Determinante para prescrição dietética e cálculos de estimativa de gasto energético; • Aferido, estimado ou IMC médio: o 22 kg/m² para adultos; o 24,5 kg/m² para idoso. Abordagem prática: LETRA N Passo 4: Não negligencie o jejum. Tempo excessivo de jejum durante a internação hospitalar fator de risco para desnutrição hospitalar. Principais causas do jejum excessivo: • Pausas para exames e procedimentos diagnósticos; • Interrupções antes ou após procedimentos cirúrgicos; • Parte do controle de sintomas gastrointestinais (vômitos, náuseas e diarreia); • Espera de avaliação funcional da deglutição. “Todos os pacientes em jejum por mais de 48h devem ser acompanhados com mais cuidado e a possibilidade de indicação de vias alternativas de alimentação deve ser considerada, respeitando as particularidades de cada caso” (TOLEDO et al., 2018). LETRA U Passo 5: Utilize métodos para avaliar e acompanhar a adequação calórica (adequação nutricional ingerida vs estimada). “Todos os pacientes em jejum por mais de 48h devem ser acompanhados com mais cuidado e a possibilidade de indicação de vias alternativas de alimentação deve ser considerada, respeitando as particularidades de cada caso” (TOLEDO et al., 2018). • 240 pacientes adultos internados em clínicas médicas ou cirúrgicas; • Desnutrição: 78,8%; • 38% dos pacientes não atingiram as metas nutricionais durante a hospitalização; • Dietas hipocalóricas e hipoproteicas aumentaram a mortalidade hospitalar; • Dieta hipoprotéica: efeito maior. Nutrição-UFGD LETRA T Tente avaliar a massa e a função muscular. “As complicações associadas à desnutrição parecem estar mais relacionadas às alterações funcionais que às da composição corporal. Neste sentido, a avaliação nutricional ideal deve ter sensibilidade para detectar as alterações da composição corporal e mudanças funcionais orgânicas decorrentes da desnutrição.” Massa muscular: • Espessura do músculo adutor do polegar; • Circunferência da panturrilha (CP); • Bioimpedância elétrica (BIA). Força muscular: • Força de preensão muscular; • Teste de caminhada. LETRA R Passo 7: Reabilite e mobilize precocemente. • Treinamento muscular respiratório; • Cicloergômetro; • Eletroestimulação; • Exercícios no leito; • Sentar se à beira do leito; • Treino de transferências; • Sedestação em poltrona; • Ficar em ortostatismo; • Treino de marcha e deambulação. LETRA I Passo 8: Implemente pelo menos dois Indicadores de Qualidade. • Importantes ferramentas de avaliação e monitoramento de qualidade da TN; • Identifica possíveis dificuldades e falhas relacionadas aos protocolos de cuidados nutricionais providos ao paciente. LETRA Ç Passo 9: Continuidade no cuidado intra-hospitalar e registro dos dados em prontuário. Nutrição-UFGD “Informações consolidadas, além do aspecto de registro pontual, têm grande importância, pois significam formas de mitigar o risco de descontinuidade de cuidados.” Abordagem prática: • Registrar as atualizações em prontuário; • Assegurar sequência de informações que resista a mudanças de turnos frequentes; • Atentar para o percentual “aceitação de dieta oral”, sobretudo para os pacientes de risco; • Garantir que triagem nutricional de todos os pacientes hospitalizados seja periodicamente realizada e registrada em prontuário; • Anotar como foram as últimas 24h, sinalizando as intercorrências relevantes; • Reavaliar periodicamente as necessidades calóricas, proteicas e de micronutrientes, adequando as necessidades de cada momento clínico; • Registrar a meta calórica e proteicafoi determinada e o quanto da meta proposta for recebido. LETRA A Passo 10: Acolha e engaje o paciente e/ou familiares no tratamento. “Abordagens que levam ao empoderamento dos pacientes e/ou responsáveis geram maior compreensão da importância do tratamento nutricional.” Abordagem prática: • Acolher e engajar os pacientes e familiares no autocuidado; • Promover atendimento humanizado, empático, entendendo as necessidades dos pacientes e seus acompanhamentos; • Utilizar técnicas de comunicação que aprimorem a capacidade de expressão e compreensão, evitando informações desencontradas e utilização de meios e linguagens não acessíveis; • Manter alto nível de engajamento dos pacientes por meio de estratégias de motivação e educação nutricional; • Promover a adequada aceitação alimentar utilizando técnicas como aconselhamento; • Gastronomia hospitalar, alimentos confort food (comida favorita), visitas de acolhimento e oficinas de nutrição. LETRA O Passo 11: Oriente a alta hospitalar. A preparação para a alta deve ser iniciada quando o paciente já está clinicamente apto a deixar o hospital. Objetivo: garantir que os pacientes e/ou familiares estejam empoderados para gerenciar em casa e garantir a continuidade do tratamento. Orientações: • Acompanhar aas previsões de alta hospitalar; • Reconhecer as barreias do aprendizado e da comunicação; • Identificar e engajar a pessoa envolvida no processo educacional (parente, cuidador); • Iniciar a orientação durante o período de hospitalização; • Determinar o melhor método de ensino de acordo com o nível de entendimento do paciente e dos envolvidos; • Avaliar a compreensão sobre as instruções de alta (solicitar que o envolvido explique o que foi orientado).
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