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WEB AULA 2 -DIREITO EMPRESARIAL

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WEB AULA 2
 
Unidade 2 – DIREITO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
 
Neste primeiro momento, vamos nos concentrar em temáticas relativas ao Direito do Trabalho, tais como o FGTS, RAIS, PIS/PASEP e Medicina do Trabalho.
Provavelmente você já ouviu falar destas temáticas e não será difícil para você estudá-las.
Claro que é sempre importante o seu estímulo e entusiasmo pelo assunto. Sendo assim, não se esqueça de estar disposto para o estudo que se segue, ok?
 1. FGTS – FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO
 Acredito que você deve saber que o FGTS surgiu em substituição ao regime celetista de indenização por tempo de serviço e da estabilidade decenal. Antes do surgimento do FGTS, as pessoas que laboravam durante dez anos tinham estabilidade no trabalho e recebiam indenização se fossem dispensadas. O FGTS veio substituir esta indenização. De 1966 a 1988, o FGTS era facultativo e, a partir da Constituição Federal de 1988, tornou-se obrigatório para todos os empregados, substituindo definitivamente o regime anterior celetista.
Para você entender melhor, segue a Súmula 98 do Tribunal Superior do Trabalho que melhor traduz esta questão (RESENDE, 2013, p. 788):
TST Súmula nº 98 Equivalência - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - Estabilidade
I - A equivalência entre os regimes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da estabilidade prevista na CLT é meramente jurídica e não econômica, sendo indevidos valores a título de reposição de diferenças.
II - A estabilidade contratual ou a derivada de regulamento de empresa são compatíveis com o regime do FGTS. Diversamente ocorre com a estabilidade legal (decenal, art. 492 da CLT), que é renunciada com a opção pelo FGTS.
Vamos facilitar o entendimento dos incisos da Súmula: o item I quer dizer que, embora o FGTS apresente, na prática, certa equivalência com o antigo sistema de indenização, o empregado não poderá reclamar eventuais diferenças, pois a equivalência é jurídica, levada a efeito através da revogação de um sistema (da indenização) por outro (do FGTS).
O item II da citada Súmula esclarece que o regime do FGTS passou a ser obrigatório, pelo que substituiu o regime da estabilidade decenal.
Atualmente, a lei do FGTS é a Lei n. 8.036/1990, regulamentada pelo Decreto nº. 99.684/1990.
É importante discutir alguns termos da legislação, mas antes disso vamos nos encontrar acerca do conceito de FGTS. Para Ricardo Resende (2013, p. 788):
O FGTS é um fundo formado por recolhimentos mensais incidentes sobre a remuneração do empregado, efetuados em conta vinculada aberta à subsistência do trabalhador durante o período de desemprego, em substituição à antiga indenização celetista prevista no art. 478 da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho].
Vamos a mais uma definição?
Para Zainaghi (2012), o FGTS é um conjunto de contas e valores destinados à realização da política nacional de desenvolvimento urbano e das políticas setoriais de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana. Tem, portanto, a função de garantir o tempo de serviço de trabalhadores.
Perceba, então, que as definições acima se complementam, eis que o FGTS, além de ser um respaldo ao trabalhador desempregado, serve, também, subsidiariamente, para ser usado como investimento em programas sociais de habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana.
Sobre a natureza jurídica do FGTS, isto é, qual a natureza que o direito lhe atribui, há muita discordância entre os doutrinadores. Os estudiosos se dividem quanto a esta questão e apontam que o FGTS pode ser/é:
Contribuição parafiscal;
Indenização do tempo de serviço;
Salário diferido;
Entre outros...
Você deve estar se perguntando: mas, e agora, qual a importância disso? Como poderei classificar o FGTS?
Veja que o STF (Supremo Tribunal Federal), por diversas vezes, afastou a possível natureza tributária do FGTS. Logo, o nosso maior tribunal afirma que o FGTS não é tributo. Em que pese tal fato, não há pacificação acerca de sua natureza jurídica. Sendo assim, o importante é que você saiba que se trata de direito trabalhista, com inquestionável repercussão neste campo do direito.
Para finalizarmos este assunto, vamos nos concentrar em responder quatro perguntas a respeito do FGTS:
Quem administra o FGTS?
Quem deve recolher?
Qual o valor a ser recolhido?
Qual o prazo para o recolhimento?
Em relação ao primeiro questionamento, informo a você que o FGTS é administrado por um Conselho Curador, presidido pelo Ministro do Trabalho, e composto por membros do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento e Ministério da Ação Social (por seus ministros), pelo presidente da Caixa Econômica Federal e três representantes de empregados, estes indicados pelas Centrais Sindicais e Confederações e nomeados pelo Ministério do Trabalho.
Em relação ao segundo questionamento, vamos recorrer aos ensinamentos de Ricardo Resende (2013). O autor informa que, como regra geral, o recolhimento do FGTS é obrigatório a todo empregador. A Constituição Federal tornou obrigatório o FGTS em relação a todo empregado, urbano e rural. Antes da aprovação da PEC (Projeto de Emenda à Constituição) das domésticas, ocorrida no ano de 2013, ao empregado doméstico era facultativo o recolhimento do FGTS. A partir de abril de 2013 passou também a ser obrigatório.
Você deve saber que os servidores públicos não fazem jus ao recebimento do FGTS. Os servidores, conhecidos como estatutários, não têm direito ao fundo de garantia, simplesmente porque tais trabalhadores são protegidos pela estabilidade, não se sujeitando à despedida imotivada. Não obstante, é preciso esclarecer que o servidor público celetista (que trabalha em empresa pública, como a Caixa Econômica Federal; em sociedade de economia mista, como o Banco do Brasil) faz jus ao FGTS, embora só possam ser dispensados mediante procedimento administrativo.
Em relação ao valor a ser recolhido, o FGTS é mensal e devido, em regra, à razão de 8% da remuneração mensal do empregado, nos termos do art. 15 da Lei 8.036/1990 (BRASIL, 1990):
Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.
§ 1º Entende-se por empregador a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito privado ou de direito público, da administração pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que admitir trabalhadores a seu serviço, bem assim aquele que, regido por legislação especial, encontrar-se nessa condição ou figurar como fornecedor ou tomador de mão de obra, independente da responsabilidade solidária e/ou subsidiária a que eventualmente venha obrigar-se.
§ 2º Considera-se trabalhador toda pessoa física que prestar serviços a empregador, a locador ou tomador de mão de obra, excluídos os eventuais, os autônomos e os servidores públicos civis e militares sujeitos a regime jurídico próprio.
§ 3º Os trabalhadores domésticos poderão ter acesso ao regime do FGTS, na forma que vier a ser prevista em lei.
§ 4º Considera-se remuneração as retiradas de diretores não empregados, quando haja deliberação da empresa, garantindo-lhes os direitos decorrentes do contrato de trabalho de que trata o art. 16.
§ 5º O depósito de que trata o caput deste artigo é obrigatório nos casos de afastamento para prestação do serviço militar obrigatório e licença por acidente do trabalho.
§ 6º Não se incluem na remuneração, para os fins desta Lei, as parcelas elencadas no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
§ 7o Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se refere o caput deste artigo reduzida para dois por cento.Ao ler o artigo transcrito acima, você deve ter percebido que para os aprendizes a alíquota é de 2% da remuneração mensal, salvo previsão mais benéfica em cláusula contratual, regulamentar ou norma coletiva.
Não se pode esquecer que, no momento da dispensa sem justa causa, o empregador deve recolher a multa compensatória cuja alíquota aplicável é de 40% sobre o montante dos depósitos mensais devidos. Entretanto, se a rescisão ocorrer por culpa recíproca ou força maior, a alíquota da multa compensatória é de apenas 20%, conforme prevê o art. 18, §2º da Lei de FGTS (BRASIL, 1990).
O último questionamento se refere ao prazo para o recolhimento. O dispositivo supracitado literalmente nos informa que o FGTS deve ser recolhido até o dia sete de cada mês, referente à remuneração do mês anterior. Importante observar que até o dia sete quer dizer que, se o dia sete não for dia útil, o pagamento deve ser antecipado para o dia útil anterior.
A título de curiosidade, irei transcrever, parcialmente, o art. 20 da Lei 8.036/1990 (Lei do FGTS), para que você conheça os casos em que é possível sacar os depósitos de FGTS (BRASIL, 1990):
Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes situações:
I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior;
II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de seus estabelecimentos, filiais ou agências, supressão de parte de suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho nas condições do art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador individual sempre que qualquer dessas ocorrências implique rescisão de contrato de trabalho, comprovada por declaração escrita da empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial transitada em julgado;
III - aposentadoria concedida pela Previdência Social;
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou arrolamento;
V - pagamento de parte das prestações decorrentes de financiamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que [...]
VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de financiamento imobiliário, observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o financiamento seja concedido no âmbito do SFH e haja interstício mínimo de 2 (dois) anos para cada movimentação;
VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote urbanizado de interesse social não construído, observadas as seguintes condições:
[...]
VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos, a partir de 1º de junho de 1990, fora do regime do FGTS, podendo o saque, neste caso, ser efetuado a partir do mês de aniversário do titular da conta.
IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores temporários regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974;
X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato representativo da categoria profissional.
XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna.
XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, regidos pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, permitida a utilização máxima de 50 % (cinquenta por cento) do saldo existente e disponível em sua conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na data em que exercer a opção.
XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for portador do vírus HIV;
XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes estiver em estágio terminal, em razão de doença grave, nos termos do regulamento;
XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a setenta anos.
XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural, conforme disposto em regulamento, observadas as seguintes condições:
[...]
XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o disposto na alínea i do inciso XIII do art. 5odesta Lei, permitida a utilização máxima de 30% (trinta por cento) do saldo existente e disponível na data em que exercer a opção.
Mais uma curiosidade que gostaria de compartilhar com vocês: há em trâmite na Câmara dos Deputados um projeto de lei que visa a aumentar as possibilidades de saque do FGTS. O Projeto de Lei n. 3334/2012 (BRASIL, 2012) propõe alterar a Lei nº 8.036/1990 com o fim de permitir o saque dos valores de FGTS após 01 (um) ano da data de rescisão do contrato de trabalho, ocorrida por qualquer motivo, mesmo que o trabalhador venha a firmar um novo contrato de 
2. PIS, PASEP, RAIS
Com certeza você já deve ter ouvido falar ou até mesmo teve direito ao recebimento de PIS ou do PASEP.
O PIS (Programa de Integração Social) foi criado pela Lei Complementar nº 7, de 07/09/1970, o PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) foi instituído pela Lei Complementar nº 8, de 03/12/1970.
E qual seria o objetivo da criação destes dois institutos?
O objetivo da criação do PIS-PASEP era promover a integração do trabalhador na vida e no desenvolvimento da empresa, na tentativa de materializar a participação do trabalhador nos lucros das empresas.
A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, o PIS e o Pasep passariam a custear o programa de seguro-desemprego e o abono do PIS. Esse último passou a ser devido apenas aos empregados que percebessem até dois salários-mínimos de remuneração mensal, sendo assegurado o pagamento de um salário mínimo, conforme propôs o art. 239, § 3º da Constituição (BRASIL, 1988).
Você deve ter compreendido, então, que o PIS e o Pasep, atualmente, estão previstos apenas para o custeio do seguro-desemprego e do abono anual e possuem natureza de contribuição social destinada ao custeio da seguridade social.
Tomando por base estas premissas, agora é o momento de saber:
o fato gerador do PIS/Pasep, ou seja, sobre o que ele incide;
a base de cálculo e a alíquota;
quem deve contribuir.
O PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. A partir disso se conclui que a base de cálculo do PIS é o valor do faturamento, e a alíquota é de 0,75%. No entanto, as entidades sem fins lucrativos, fundações e condomínios pagam o percentual de 1% sobre a folha de salários; e as pessoas jurídicas de direito público interno (administração pública) recolhem 1% sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas.
O contribuinte do PIS/Pasep é a pessoa jurídica que auferir as receitas. Logo, a pessoa física não é contribuinte do tributo, tal como o profissional liberal.
Antes de finalizar este tópico, queria apenas falar de mais um assunto com você: a RAIS. Já ouviu esta palavrinha?
A RAIS – Relação Anual de Informações Sociais é um instrumento de coleta de dados instituída pelo Decreto nº 76.900, de 23/12/75, cujo objetivo é:
[...] o suprimento às necessidades de controle da atividade trabalhista no país; o provimento de dados para a elaboração de estatísticas do trabalho; a disponibilização de informações do mercado de trabalho às entidades governamentais (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2014).
A RAIS nada mais é que um relatório de informações socioeconômicas exigidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Todo empregador deve entregá-lo anualmente.
Os dados coletados pela RAIS constituem expressivos insumos para atender às necessidades da legislação da nacionalização do trabalho; de controle dos registros do FGTS; dos Sistemas de Arrecadação e de Concessãoe Benefícios Previdenciários; de estudos técnicos de natureza estatística e atuarial; de identificação do trabalhador com direito ao abono salarial PIS/Pasep (EMPRESAS..., 2014).
3. MEDICINA DO TRABALHO
 O tema “medicina do trabalho” nos induz a pensar sobre diversas questões, tais como doença do trabalho, acidente de trabalho, agentes insalubres, agentes perigosos, saúde e higiene do empregado.
Em que pese tal fato, deixaremos para o próximo tópico a discussão acerca de doença e acidente de trabalho, quando formos estudar a questão previdenciária, já que estes temas envolvem questões atinentes ao trabalho e à previdência.
A CLT, em seus artigos 154 a 201 (BRASIL, 1943), cuida do tema “Segurança e Medicina do Trabalho”, ao informar sobre a incumbência dos órgãos fiscalizadores, sobre as atribuições das Delegacias Regionais do Trabalho e as obrigações do empregador e do empregado no que tange à matéria. Por isso, é imprescindível que você faça a leitura destes artigos.
Um dos deveres do empregador é realizar, continuamente, exames médicos no empregado (na admissão, demissão e periodicamente), a fim de atender ao programa conhecido como PCMSO(Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). Outro dever é mapear os riscos de acidente no local de trabalho por meio do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais).
Sem dúvida que o assunto medicina do trabalho nos remete à discussão acerca da saúde do trabalhador. E não há como falar de “saúde do trabalhador” sem discutir as atividades insalubres e perigosas.
Você sabe o que são atividades insalubres? Segundo o art. 189 da CLT (BRASIL, 1943), as atividades insalubres são aquelas atividades que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Trabalha em exposição a agente insalubre aquele que fica exposto à umidade, luz excessiva, calor, fungos, bactérias, poeira, barulho, ruídos etc. O contato com qualquer agente deve ultrapassar os limites de tolerância.
O trabalhador que labore em condições insalubres terá direito à percepção de um adicional de insalubridade, conforme prevê o art. 192 da CLT (BRASIL, 1943). O adicional é proporcional ao nível de contato com o agente:
	Grau mínimo
	Adicional de 10%
	Grau médio
	Adicional de 20%
	Grau máximo
	Adicional de 40%
 
Este percentual será calculado, em regra, sobre o salário mínimo, se não houver acordo ou convenção que prevê base de cálculo mais benéfica.
Agora, você precisa imaginar a seguinte situação: se o empregado usar um equipamento de segurança que neutralize ou que elimine a insalubridade, mesmo assim o empregado fará jus ao adicional? Claro que não. Imagine que ele trabalhe em local com ruído excessivo, acima do limite de tolerância, mas com o uso de protetor auricular, o ruído diminua em um nível suportável. Neste caso, não faria jus ao recebimento de adicional.
A periculosidade é outro importante instituto que se relaciona com a saúde e integridade física do trabalhador. Ela está prevista no art. 193 da CLT (BRASIL, 1943). Labora em atividade perigosa ou periculosa aquele que tem contato com substâncias inflamáveis, explosivos, energia elétrica, e aquele que está exposto a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.  O trabalhador que labora em atividade perigosa tem direito a receber o adicional de periculosidade, no percentual de 30% sobre o seu salário básico.
Você precisa saber que se, porventura, algum empregado trabalhar, ao mesmo tempo, exposto a agente insalubre e a agente perigoso, terá de optar por receber apenas um adicional.
Para finalizarmos a nossa discussão sobre a medicina do trabalho, vamos nos concentrar, ainda que brevemente, na CIPA – Comissão de Prevenção de Acidentes. Você já participou de alguma CIPA?
A CIPA, em regra, é obrigatória em todas as empresas que possuam mais de 20 empregados e será composta por representantes do empregador e dos empregados. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá duração de 01 (um) ano.  A presidência dessa Comissão caberá a um empregado designado pelo empregador, ficando a vice-presidência aos empregados.
Será que todos os membros da CIPA têm estabilidade no trabalho, não podendo sofrer despedida arbitrária? Veja que apenas os titulares darepresentação dos empregados nas CIPAs não poderão sofrer despedida arbitrária, salvo se o motivo do despedimento for disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.
Não se esqueça, então, de que apenas os representantes dos empregados e seus suplentes, escolhidos/eleitos pelos empregados, é que farão jus à estabilidade no emprego desde a candidatura até um ano após o final de seu mandato.
A CIPA, como o próprio nome diz, tem o objetivo de prevenir acidentes e doenças no trabalho, criando programas/normas/procedimentos na empresa com o fim de evitá-los.
4. DIREITO PREVIDENCIÁRIO – DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL
 
Agora o nosso assunto é o Direito Previdenciário. E, para iniciá-lo, vamos entender o conceito e a natureza jurídica deste campo do Direito. Anime-se!
O Direito Previdenciário pode ser conhecido também como Direito da Seguridade Social. Este último termo, na verdade, é mais usado atualmente. Segundo o autor Sérgio Pinto Martins (2012, p. 21), o Direito da Seguridade Social:
É o conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
E qual a finalidade da Seguridade Social? Amparar os segurados nas hipóteses em que não possam prover suas necessidades e as de seus familiares, por seus próprios meios. Isso mesmo. A seguridade social entra em cena quando o indivíduo não tem condições de prover seu sustento ou de sua família, em razão de desemprego, doença, invalidez, morte, aposentadoria, proteção à maternidade ou outra causa.
 
Assim, a Seguridade Social engloba um conceito amplo, abrangente, universal, destinado a todos que dela necessitem, desde que haja previsão na lei sobre determinada contingência a ser coberta. É, na verdade, o gênero do qual são espécies a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde.
Seguridade Social        {Previdência Social
                                   {Assistência Social
                                   {Saúde
Em que pese a Seguridade Social abranger todos os itens relacionados acima, o nosso estudo se concentrará no campo da Previdência Social, com ênfase em alguns benefícios previdenciários que se relacionam diretamente com o direito do trabalho, tais como o auxílio-acidente; auxílio-doença. Vamos conhecer também o conceito de doença e acidente do trabalho.
A respeito da natureza jurídica do Direito da Seguridade Social, o entendimento é o de que não seja de natureza contratual, pois as obrigações pertencentes a este campo do direito decorrem de lei. Deste modo, a natureza jurídica da Seguridade Social é publicista, decorrente de lei e não da vontade das partes, e abrange o contribuinte, o beneficiário e o Estado, que arrecada as contribuições, paga os benefícios e presta os serviços, administrando o sistema. Martins (2012) explica que a Seguridade Social compreende um sistema de direito social.
É um direito fundamental da pessoa humana e tem característica de distribuição de renda.
Princípios do Direito Previdenciário
Antes de iniciarmos qualquer discussão sobre os princípios do Direito Previdenciário ou da Seguridade Social, faz-se necessário relembrarmos o conceito de princípio.
Nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2012), os princípios são proposições básicas que fundamentam, inspiram e orientam as ciências. Para o direito, o princípioseria o fundamento, a base que irá informar e inspirar as normas jurídicas.
Logo, você pode concluir que o princípio servirá de motivação no momento de elaborar e de aplicar o direito.
Há alguns princípios que são específicos da Seguridade Social, e outros que são aplicados em todos os ramos de direito (princípios gerais), tais como o princípio da igualdade, da legalidade e do direito adquirido. 
Agora, vamos discutir os princípios específicos do Direito Previdenciário:
Começaremos com o princípio do solidarismo ou da solidariedade. A solidariedade pode ser considerada um postulado fundamental do Direito de Seguridade Social, previsto inclusive na Constituição Federal. Ocorre a solidariedade na Seguridade Social quando várias pessoas economizam em conjunto para assegurar benefícios quando as pessoas do grupo necessitarem. As contingências são distribuídas igualmente a todas as pessoas do grupo. Quando uma pessoa é atingida pela contingência, todas as outras continuam contribuindo para a cobertura do benefício do necessitado (MARTINS, 2012).
A Seguridade Social no país tem também como postulado básico a universalidade. Este princípio pressupõe a ideia de que todos os residentes no país farão jus a seus benefícios, não devendo existir distinções, principalmente entre segurados urbanos e rurais. Os segurados facultativos (aqueles que não são obrigados por lei a contribuir), se recolherem a contribuição, também terão direito aos benefícios da Previdência Social.
Deve haver universalidade de cobertura e universalidade do atendimento.
A Constituição Federal disciplina sobre a uniformidade e equivalência de benefícios e serviços às populações urbanas e rurais. Isso significa que não pode haver distinção. Logo, a uniformidade é um princípio da Seguridade. Pela uniformidade, trabalhadores urbanos e rurais têm direito ao mesmo plano de proteção social. A equivalência determina que o valor das prestações deve ser proporcionalmente igual, isto é, os benefícios devem ser os mesmos, porém o valor da renda mensal é equivalente, mas não é igual, já que urbanos e rurais têm formas diferenciadas de contribuição para o custeio da seguridade.
A seletividade é princípio voltado para o legislador, que deverá selecionar as contingências geradoras das necessidades que a seguridade deve cobrir. Trata-se de opção política que deve levar em conta a prestação que propicie maior proteção social e maior bem-estar. A seletividade, enquanto princípio da Seguridade Social, está relacionada com a distributividade. A distributividade impõe que a escolha recaia sobre as prestações que tenham maior potencial distributivo. A distribuição nada mais é do que uma justiça social, redutora das desigualdades. Deve-se distribuir para os que mais necessitam de proteção, com a finalidade de reduzir desigualdades (MARTINS, 2012).
Seletividade e distributividade possibilitam que a lei seja interpretada de modo a conceder ou estender prestações de forma diversa da prevista expressamente pela legislação, buscando sempre reduzir as desigualdades.
Outro princípio importante da Seguridade Social é a irredutibilidade do valor dos benefícios. A prestação do benefício deve suprir com dignidade o segurado (cidadão) e não poderá ser reduzida. Trata-se de uma segurança jurídica em benefício do segurado e busca evitar que a inflação acabe por aviltar salários e benefícios previdenciários.
A equidade na forma de participação do custeio é importante fator na Seguridade Social, pois aqueles que estiverem em iguais condições contributivas é que terão de contribuir da mesma forma. O autor Sérgio Pinto Martins (2012) esclarece que se trata de justiça fiscal, pois o trabalhador, por exemplo, não pode contribuir da mesma forma que a empresa, já que não tem as mesmas condições financeiras. Esta equidade deve ser respeitada pelo legislador ordinário que, ao elaborar a lei, deve observar o tratamento de custeio.
O art. 195 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) também prevê que a seguridade seja financiada por toda a sociedade, por meio da empresa, dos trabalhadores, dos entes públicos etc. Este é o princípio da diversidade da base de financiamento ou formas de custeio da seguridade.
Toda a sociedade deve financiar a seguridade social.
A gestão, ou seja, a administração da Seguridade Social deve ser democrática, por meio da formulação de políticas públicas de seguridade e no controle das ações de execução. Por isso, a gestão é quadripartite e conta com a participação de representantes dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do poder público. Assim, apresenta-se como princípio o caráter democrático e descentralizado na administração da seguridade social. É descentralizado porque quem se encarrega da execução da legislação previdenciária é o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, que é uma autarquia federal.
O último princípio a ser destacado da Seguridade Social é conhecido por alguns doutrinadores comoprincípio da preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço e, para outros, comoprincípio da contrapartida. Leia abaixo o artigo da Constituição Federal que expressa este princípio (BRASIL, 1988):
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
Isso significa que não é possível criar, instituir, majorar ou estender benefícios se não houver, primeiramente, uma fonte para custear o aumento deste benefício ou para custear um novo benefício criado.
	Não poderá ser criado ou majorado um benefício sem lei que estabeleça a fonte para custear esta nova despesa.
Benefícios Previdenciários
 Agora vamos nos ater a um assunto muito importante: os benefícios devidos aos segurados e aos seus dependentes pela Previdência Social. A minha pretensão é apresentar a você os principais benefícios e suas respectivas contingências (requisito/situação/condição que permitirá o gozo do benefício). Após esta etapa inicial, faça a leitura dos textos indicados e assista aos vídeos sugeridos para aprofundar o seu conhecimento, ok?!
Benefícios concedidos aos segurados (segurado não é apenas quem recebe benefício, mas quem também paga a contribuição):
Aposentadoria por invalidez – art. 42 a 47 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – incapacidade total e permanente, isto é, que impossibilite o segurado de exercer a mesma ou qualquer outra atividade que lhe garanta a subsistência, devidamente comprovada mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência;
Aposentadoria por idade – arts. 48 a 51 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – trabalhador urbano: 65 anos homem/ 60 anos mulher; trabalhador rural: 60 anos homem/ 55 anos mulher;
Aposentadoria por tempo de contribuição – arts. 52 a 56 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – é garantido, regra geral, àqueles que completarem 35 anos de contribuição, se homem, e 30, se mulher;
Aposentadoria especial – arts. 57 e 58 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – exercer atividade sujeita a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, de forma permanente, e não ocasional nem intermitente, com a efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos;
Auxílio-doença – arts. 59 e 63 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – estar incapacitado para a atividade habitual por mais de 15 dias. Trata-se de incapacidade temporária;
Salário-família – arts. 65 a 70 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – ser segurado empregado ou avulso com renda bruta não superior a R$ 1.025,81, para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos ou inválidos de qualquer idade;
Salário-maternidade – arts. 71 a 73 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – ser mãe, adotarou obter guarda judicial para fins de adoção de criança de até 08 anos de idade;
Auxílio-acidente – art. 86 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido, resultante da consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, inclusive acidente de trabalho;
O auxílio-acidente, comentado acima, tem o objetivo de indenizar o segurado prejudicado em razão da redução de sua capacidade laborativa. O valor do auxílio corresponde a 50% do salário do benefício.
E já que estamos falando em auxílio-acidente, é o momento de discorrermos sobre o acidente de trabalho. Você já sofreu algum acidente de trabalho? Espero que não!
Mas, afinal, o que é acidente de trabalho? Para se caracterizar um acidente de trabalho, devem estar presentes três requisitos: 01) o evento danoso (acidente/infortúnio); 02) as sequelas incapacitantes ou a morte (consequencial) e 03) o evento lesivo tenha sido ocasionado durante a prestação do labor (nexo causal).
Nos termos do art. 19 da Lei 8.213/91 (BRASIL, 1991), acidente do trabalho é o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade de trabalho.
Também é considerado acidente de trabalho a doença profissional, ou seja, aquela doença produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade (art. 20 da Lei 8.213/91) (BRASIL, 1991).
Também é considerado acidente de trabalho a doença do trabalho, ou seja, aquela doença adquirida ou desencadeada em função das condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente (art. 20 da Lei 8.213/91) (BRASIL, 1991).
	doença profissional
	~
=
	doença do trabalho
Iremos voltar agora à nossa discussão sobre os benefícios. Estudamos os benefícios concedidos aos segurados. Neste momento, vamos conhecer os benefícios concedidos aos dependentes dos segurados. Vamos lá!
Pensão por morte – arts. 74 a 78 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – ser dependente de segurado falecido;
Auxílio-reclusão – art. 80 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – ser dependente de segurado recolhido à prisão, que não receba remuneração da empresa, nem esteja em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria, e desde que seu último salário de contribuição seja inferior ou igual a R$ 1.025,81;
Abono Anual – art. 40 da Lei n. 8.213/91 (BRASIL, 1991) – gratificação natalina paga a segurados e dependentes que, durante o ano, receberam auxílio-doença, auxílio-acidente; aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-reclusão. Há a exigência de estar em gozo durante o ano de um dos benefícios citados.
Está acabando o nosso estudo... Ufaaaa!!! Sei que você deve estar cansado. Mas, ao mesmo tempo o estudo é prazeroso, eis que nos enriquece de conhecimento, não é mesmo?
Por isso, irei indicar, ainda, artigos para que você possa ler com cuidado pesquisas sobre os benefícios previdenciários. Basta acessar os sítios eletrônicos: 
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Você concorda com a existência de estabilidade provisória no caso de doença e acidente de trabalho? Acredita ser importante a existência deste instituto para proteger o empregado?

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