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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 1 MÚSICA Princípios Básicos de Arranjo SEMESTRE 6 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 2 MÚSICA Créditos e Copyright Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. Copyright (c) Unimes Virtual É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato. ABDALLA, Thiago Princípios Básicos de Arranjo. Unimes Virtual. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2015. 55p. (Material didático. Curso de musica). Modo de acesso: www.unimes.br 1. Ensino a distância. 2. Música. 3. Princípios Básicos de Arranjo. I. Título CDD 780 http://www.unimes.br/ UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 3 MÚSICA Sumário Aula 01_Reflexão Comparativa ......................................................................................................... 5 Aula 02_Áudio...................................................................................................................................... 8 Aula 02_Forma Musical ...................................................................................................................... 9 Aula 02_Áudio.................................................................................................................................... 13 Aula 03_Escrita de percussão corporal .......................................................................................... 14 Aula 04_Estilo- parte 1 ..................................................................................................................... 17 Aula 4_Áudio ........................................................................................................................................ 21 Aula 05_Estilo- parte 2 ..................................................................................................................... 22 Aula 06_Estilo - parte 3 .................................................................................................................... 25 Aula 6_Áudio ........................................................................................................................................ 28 Aula 07_Análise de Summertime .................................................................................................... 29 Aula7_Áudio ....................................................................................................................................... 34 Aula 8_Exercícios de composição .................................................................................................. 35 Aula 8_Áudios (Todos ...................................................................................................................... 38 Aula 9_Arranjo duas vozes Villa Lobos .......................................................................................... 39 Aula 9_Áudios ...................................................................................................................................... 41 Aula 10_Exercícios de composição (encandeamento) ................................................................ 42 Aula10_Áudio(O mesmo encontram-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem) ..................... 45 Aula 11_Arranjo a três vozes - Villa Lobos .................................................................................... 46 Aula 12_Arranjo pop ......................................................................................................................... 49 Aula 13_Guia prático Heitor Villa Lobos......................................................................................... 51 Aula 14_Harmonia - parte 1 ............................................................................................................. 56 Aula 15_Harmonia - parte 2 ............................................................................................................. 59 Aula 16_Gyemerkeknek BBartok .................................................................................................... 62 Aula 17_Exercício de composição- parte 3 ................................................................................... 70 Aula 18_Exercício de composição- parte 4 ................................................................................... 74 Aula 19_Guia de estilo 1 .................................................................................................................. 78 Aula 20_Guia de estilo 2 .................................................................................................................. 84 Aula 21_Guia de estilo 3 .................................................................................................................. 91 Aula 22_Experimentos com textura ................................................................................................ 96 Aula 23_Preparação para exercício em diferentes texturas........................................................ 99 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 4 MÚSICA Aula 24_(Re)arranjar uma melodia ............................................................................................... 101 Aula 25_(Re)arranjar uma melodia - parte 2 ............................................................................... 105 Aula 26_(Re)arranjar uma melodia- final ..................................................................................... 109 Aula 27_ContrapontoInteração entre sons e constituição de uma textura sonora ................. 114 Aula 28_Movimentação Parte II e Introdução às características intervalares ........................ 119 Aula 29_Cantus Firmus .................................................................................................................. 121 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 5 MÚSICA Aula 01_Reflexão Comparativa A enciclopédia Grove Music Online aponta que: A palavra "arranjo" pode ser aplicada a qualquer peça de música com base em ou incorporando um material pré- existente, como o tema com variação [...] No sentido em que é vulgarmente utilizado entre os músicos, no entanto, pode significar tanto a transferência de uma composição de um meio para outro quanto a elaboração (ou simplificação) de uma peça, com ou sem mudança de meio. Em qualquer caso demanda algum grau de recomposição, e o resultado pode variar de uma simples, quase literal, transcrição até uma paráfrase que é mais trabalho do arranjador do que do próprio compositor. (BOYD, 2015). Essa breve explicação já nos faz refletir sobre o grau de liberdade artística daquele que arranja. Esse, por sua vez, busca viabilizar a execução de uma música em um contexto distinto ao original. A seguir, vamos conversar brevemente sobre diferentes arranjos feitos sobre uma melodia folclórica portuguesa, Machadinha, e utilizar essas ideias para nos contextualizar enquanto arranjadores em um ambiente escolar: 1) Nosso primeiro exemplo trata-se de uma gravação, ao vivo, de uma professora portuguesa com uma turma de 9 crianças em que ela canta e ensina a canção e sua brincadeiraàs crianças. Algumas vezes a professora para de cantar para mostrar os movimentos às crianças. Essas, por sua vez, cantam e dançam conforme aquilo que puderam aprender. É também possível escutar os sons dos passos das crianças. A professora tem o domínio total da canção que depende exclusivamente da sua voz. A continuidade da música acontece conforme ela avalia a aprendizagem de seus alunos. Exemplo 1 em mp3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 6 MÚSICA 2) Nossa segunda versão é extraída de um CD cujos instrumentos são exclusivamente sintéticos, ou seja, não existem músicos tocando qualquer um dos instrumentos. O arranjador programou os sons em um computador e gravou somente as vozes das crianças e dos cantores, copiando e colando a instrumentação a cada estrofe. Esta gravação não acrescenta informações musicalmente interessantes àquele que escuta. E a viabilidade de utilizar em sala aula é duvidosa por conta da falta de sincronia possível entre um grupo de dançantes e o aparelho que toca o CD. Exemplo 2 3) Esta terceira versão de Machadinha mescla a letra da cantiga com o famoso single We Will Rock You, da banda Queen. O arranjador utilizou a técnica de looping1 com a percussão que se repete até o fim da gravação. Então ele gravou vozes de crianças cantando a letra de Machadinha com a melodia do Fred Mercury. No aspecto criativo o arranjador obedeceu a estrutura criada pela banda sem acrescentar nenhuma sonoridade nova. Contudo, há um lado cômico da paródia que é o principal atrativo da gravação. Exemplo 3 4) Nesta penúltima versão a melodia é realizada por um cantor com a ornamentação típica do fado português. Além do vocal, a banda é composta por acordeom, baixo, bateria e violino. Há aqui também o princípio do looping e todos os instrumentistas estão tocando constantemente, mantendo uma textura constante em que nenhum indivíduo se destaca da massa geral. Inclusive, um ritmo marcante do baixo, arpejando as notas da harmonia, impossibilita a criação de um contraponto mais sofisticado. Exemplo 4 5) Nossa última versão é um arranjo de H. Villa-Lobos. A versão tem início com uma introdução que utiliza uma nota repetida e um baixo diatônico descendente. Sendo assim, antecipa mas não revela qual é a música de imediato – a introdução acaba com um acorde dominante em suspensão. Assim que a melodia começa podemos perceber uma estrutura a três partes (melodia, baixo e acordes). A cada repetição há uma variação na textura dos elementos. Esta versão faz parte do Guia Prático, tema de uma de nossas aulas futuras. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 7 MÚSICA Exemplo 5 Após tais apreciações procure escutar como as músicas estão organizadas em suas gravações originais e/ou seus arranjos. Qual é a instrumentação? Qual é a forma? É mais harmônico ou mais contrapontístico? Como se comporta a parte vocal? Os instrumentos enfatizam aspectos da letra? Mais uma curiosidade antes de encerrar: Antes do século XX, antes da indústria fonográfica – discos, CDs, DVDs, youtube – as músicas eram difundidas ou por partituras ou por tradição oral. As pessoas se juntavam em festas ou liturgias e não havia amplificação elétrica ou playback possível. Todos cantavam e tocavam o mínimo necessário para que a música acontecesse dentro de sua comunidade. Em contexto profissional o nível musical era tão bom quanto em nosso tempo, mas havia um enorme potencial para arranjo no passado em que todos eram responsáveis pela criação musical. Se alguém quisesse escutar determinada música no Século XIX ou antes, seria obrigado a tocá-la ou estar presente enquanto alguém estivesse tocando. Contudo, cada execução poderia ser diferente, cantores diferentes, acústica diferente, instrumentos diversos, velocidade e forma, enfim... um enorme potencial criativo e de arranjo. Nós professores, podemos usar sim os recursos digitais (são uma ferramenta preciosa para a difusão cultural na contemporaneidade!). Contudo, não devemos perder a habilidade de criar junto aos nossos alunos novas formas de se fazer musica. _____________ ¹Looping consiste em utilizar o mesmo elemento musical repetidas vezes. Pode-se também sobrepor outros instrumentos, ritmos e ostinatos dentro de um mesmo looping. BOYD, Malcolm. "Arrangement." Grove Music Online. Oxford Music Online.Oxford University Press.Web. 9 Feb. 2015. <http://www.oxfordmusiconline.com/subscriber/article/grove/music /01332>. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 8 MÚSICA Aula 02_Áudio 1.1-Machadinha-sala de aula.mp31.1-Machadinha-sala de aula.mp3 1.2-Machadinha-playback e voz.mp31.2-Machadinha-playback e voz.mp3 1.3-MACHADINHA (WE WILL ROCK YOU - QUEEN).mp31.3-MACHADINHA (WE WILL ROCK YOU - QUEEN).mp3 1.4-Machadinha-Rodape(2008).mp31.4-Machadinha-Rodape(2008).mp3 1.5-Villa-Lobos_Guia_Pratico_Machadinha_Sonia_Rubinsky.mp31.5-Villa- Lobos_Guia_Pratico_Machadinha_Sonia_Rubinsky.mp3 Obs: Todos os áudios acima encontram-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 9 MÚSICA Aula 02_Forma Musical Assim como o ritmo, a forma musical é um modo de organizar os sons no tempo, contudo em uma dimensão grande. Por exemplo, no decorrer de alguns segundos de uma música percebemos como os sons se organizam em ritmos e compassos. Percebemos quais são as figuras rítmicas predominantes e as características dos compassos. Essa é uma percepção musical em uma dimensão pequena. Ao longo de toda a música há momentos de maior e de menor atividade, contrastes, diferentes harmonias, melodias, dinâmicas... Nenhum desses eventos é aleatório – todos são planejados com a finalidade de dar coerência e coesão aos elementos apresentados. E isso é a forma musical. Claude Abromont aponta em sua Teoría de la Música – una guia (2005, p.545) que: ...desde a época barroca, cada forma musical é um encontro único entre os temas/motivos, um plano tonal, os tipos de escrita (harmônico, contrapontístico, melodia acompanhada etc.) e de momentos com diferentes funções (exposição, desenvolvimento, contraste, variação etc). Um determinado número de esquemas se repete frequentemente, o que permite agrupar a música sob alguns tipos básicos (unitária, binária, ternária, rapsódica etc.), alguns princípios fundamentais (forma desenvolvida, forma contrastante etc.) e algumas estruturas características (forma sonata, forma estrófica, lied, suíte, fuga, rondó, tema com variações etc.). Um compositor elege uma forma, provavelmente tanto pela sua capacidade expressiva quanto pela sua estrutura; um rondó permite um final alegre e vivo cheio de contrastes explícitos, enquanto que a forma sonata convida a um denso trabalho temático mais apropriado ao começo de uma obra. Cabe lembrar que a forma não é uma estrutura rígida, com quantidade de compassos pré-definida ou movimentos previsíveis. É sim algo em constante mutação no decorrer da história da música, em que cada compositor interagiu de forma criativa, inclusive transgredindo características da forma. Por exemplo, L.Beethoven em suas Variações sobre um tema de Diabelli Op.120 realiza um UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 10 MÚSICA procedimento não convencional em relação à forma TEMA COM VARIAÇÕES. Tradicionalmente, esperamos que a primeira variação estabeleça uma forte memória com o tema. Contudo, segundo Willy Correia de Oliveira, Beethoven utilizou o momento reservado à primeira variação para compor um novo tema, a partir do qual seguem as variações. Possivelmente, seria uma sutil afronta ao editor e compositor Anton Diabelli que havia composto o tema para ser variado por outros compositores. Escute a gravaçãodesta obra em: http://youtu.be/pAI4-9yc6kA Voltando ao contexto geral, podemos visualizar de maneiras distintas cada possibilidade artística que as formas nos trazem. A seguir, utilizaremos diferentes exemplos para demonstrar algumas possibilidades de se relacionar com a forma. FORMA BINÁRIA e TERNÁRIA Estas duas formas de organização musical estabelecem uma relação entre dois elementos distintos. De uma maneira mais estrita é importante ressaltar que a partir do período Barroco, as formas binárias necessitam de um caminho harmônico que leva à região tonal A para uma outra região B. Escute o exemplo da Allemanda da Suíte N.1, de J.S.Bach na interpretação do violoncelista Rostropovich. A forma AABB é perfeitamente identificável pelos acordes com começo e fim de casa seção. Os dois exemplos a seguir não há uma mudança de região tonal entre o A e o B. O primeiro é um organum do ano de 1100, retirado do Ad organumfaciendum (https://sites.google.com/site/scholagama/historia-da-musica) 1.O organum Alleluiajustus ut palma, possui uma forma |:AB:|(3x) em que: A. possui tamanho variável de acordo com a repetição e é cantado a duas vozes B. é uma seção homofônica (uma voz) e melismático (diversas notas para mesma sílaba) O esquema visual poderia corresponder a: http://campus20162.unimesvirtual.com.br/mod/quiz/view.php?id=53845 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 11 MÚSICA É interessante notar o equilíbrio nesta forma musical. A parte A tem uma duração menor do que a parte B, contudo a parte A é mais densa pois é uma polifonia a duas vozes. 2. A canção Don’tWorrybeHappy, de Bobby McFerrin possui uma forma binária assim como o organum do primeiro exemplo |:AB:| e também cantado a cappella. O interessante é notar como o resultado sonoro é completamente diferente, pois o material harmônico, rítmico, melódico e textural é completamente distinto. De fato, grande parte do repertório é composto sobre a forma binária (AB) ou alguma variação (ABAB, AABB, ABBA...). O conceito principal é a coexistência de duas situações sonoras distintas. Por exemplo, com uma turma de crianças podemos ensinar uma canção tradicional que, futuramente, pode ser a parte A de uma forma |:AB:|; e o B pode ser um momento instrumental em que cada criança pode realizar uma frase em um instrumento rítmico, melódico ou cantando. FORMA SONATA No decorrer da história da música, os compositores desenvolveram formas de organizar elementos com uma maior duração do discurso. A forma sonata é um bom exemplo desse desenvolvimento. Sua estrutura é similar a forma ternária. Porém, sua organização interna é distinta. Vejamos um esquema básico: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 12 MÚSICA Percebemos, portanto, que a forma sonata é uma ampliação da forma ternária em que a Exposição contempla a apresentação dos dois temas de carácter distintos A e B. Uma cadência finaliza a seção e indica a repetição. Com a repetição da Exposição temos a oportunidade de escutar novamente todos os elementos apresentados e fixar na memória suas características. No desenvolvimento o compositor realiza uma interação entre os dois temas A e B. A recapitulação apresenta uma variação da Exposição em que o tema B sofre uma mudança de tonalidade para a mesma do tema A. Escute o primeiro movimento da Sonata No.1, de J.Haydn e perceba sua forma. Perceba também o enorme contraste que há entre o tema A – melódico e afirmativo e o tema B – rítmico e delicado. Toda sonata é baseada no contraste dessas características. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 13 MÚSICA Aula 02_Áudio 2.1-Rostropovich_-_Bach_Cello_Suite_No1_- _Allemande[www.MP3Fiber.com].mp32.1-Rostropovich_-_Bach_Cello_Suite_No1_- _Allemande[www.MP3Fiber.com].mp3 2.2-Alleluia justusut palma.mp32.2-Alleluia justusut palma.mp3 2.3-Bobby_McFerrin_-_Dont_Worry_Be_Happy[www.MP3Fiber.com].mp32.3- Bobby_McFerrin_-_Dont_Worry_Be_Happy[www.MP3Fiber.com].mp3 2.4-Haydn-Sonata1-1omov.mp32.4-Haydn-Sonata1-1omov.mp3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 14 MÚSICA Aula 03_Escrita de percussão corporal Em uma turma de alunos do ensino fundamental, uma das primeiras possibilidades de composição e escrita de arranjo é através da percussão corporal. Através desta prática podemos introduzir diferentes elementos importantes ao arranjo como acompanhamento, complementariedade, textura e padrões. Na escrita base, podemos usar um pentagrama convencional e dedicar cada linha para um timbre (Estalo, Palmas, Peito, Perna, Pé) ou cada som pode ser representado por apenas uma linha, por exemplo: Neste caso, podemos resumir ao máximo a quantidade de pausas para não poluir demais a leitura. Contudo, escrever sempre as pausas necessárias para indicar contratempos e distanciar com precisão os encaixes entre diferentes partes do corpo. Outro fator importante é mudar a direção das hastes (cima/baixo) para indicar troca de mãos/pés, no caso dos sons feitos com estalos, no peito ou com os pés. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 15 MÚSICA Repare que a escrita de percussão corporal obedece uma ordem da disposição vertical dos sons. Convencionou-se que o estalo ocupa o espaço superior pois normalmente é tocado em um espaço acima da palma e os pés são escritos abaixo de todos, pois tocam ao chão. Esta regra obedece mais a uma ordem de disposição espacial do que sonoridades graves -> agudas. Como é o caso do som do peito que normalmente é mais grave do que o som da perna. Logicamente, o corpo é capaz de produzir uma gama muito maior de sonoridades. Inclusive, existem muitos tipos diferentes de palmas e outros sons produzidos com a boca e outras partes do corpo que não estão descritas no esquema base, apresentado anteriormente. Assista ao vídeo do grupo Barbatuques, ao vivo no Teatro TUCA, São Paulo, Julho/2013. (O mesmo encontra-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem) E, também, caso você e sua turma produza algo com apenas dois sons, não há necessidade de utilizar as demais linhas no arranjo. Por exemplo: Como forma de exercício, escute diferentes estilos musicais e procure emular a rítmica da música com sons do percussão corporal. Por exemplo, a interpretação de Tom Jobim da canção de Noel Rosa, João Ninguém (Tom_Jobim_- UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 16 MÚSICA _João_Ninguém_Noel_Rosa.mp3). Trata-se de um samba lento que possui uma rítmica de fácil transposição à percussão corporal. Primeiramente, escute com tranquilidade e tente organizar a rítmica em dois sons. Em nosso caso, transcrevemos para estalos e peito. Na escrita a seguir, sugerimos que as hastes para cima sejam tocadas pela mão direita e as hastes para baixo pela mão esquerda: Esse padrão tem início com a 3a nota da melodia, junto com a entrada da banda – após o anacruse da flauta. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 17 MÚSICA Aula 04_Estilo- parte 1 Arranjar uma obra depende de uma tomada de posição; escolher diversos elementos musicais que combinem com uma série de fatores, como: - Características de estilo da música original; - Características musicais do estilo musical que pretendemos “vestir” a música original; - Possibilidades de instrumentação e habilidades dos músicos para quem se escreve Portanto, precisamos de ferramentas concretas para encontrar o estilo de determinada obra. O musicólogo e professor da Universidade de Nova Iorque, Jan LaRue, aponta em seu Guidelines for StyleAnalysis (1992) que é possível entender o estilo de um obraprimeiramente peloconhecimento de seu contexto: 1) o cenário musical da época; 2) a identificação da data, gênero, tonalidade e o texto de modo geral e 3) o design geral disposto na linha do tempo. Em um segundo momento pelo conteúdo musical da obra analisada 1) O QUÊ (características musicais): a. Três dimensões básicas: macro, médio e micro b. Quatro elementos contribuintes: som, harmonia, melodia e ritmo c. Espectro dessas características 2) COMO (articulação e estruturação das características no decorrer da obra): a. Identificar as fontes de movimento; b. Identificar as fontes de forma. Por exemplo, vamos arranjar uma parlenda tradicional de nossa cultura infantil, como: Olha o sapo dentro do saco O saco com o sapo dentro UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 18 MÚSICA O sapo batendo papo O papo soltando vento Em um primeiro momento, reconhecemos o contexto dessa parlenda: compositor anônimo, origem brasileira e parlenda do tipo trava-línguas. Ao recitar algumas vezes a parlenda é possível identificar algumas características rítmicas peculiares do próprio texto. Em nosso ponto de vista, encontramos uma solução de fácil execução, em compasso ternário: Cada uma das versões possui uma característica musical singular e, enquanto arranjamos, temos que optar por uma das duas. Como vimos anteriormente, algumas questões facilitam nossas escolhas, como: - Para quem eu estou arranjando? - É uma turma de crianças? Qual idade? - Fazem parte da grade de uma escola fundamental ou são alunos de música particular, conservatório ou em um projeto de ensino? - Quantas aulas (ensaios) eu terei para preparar esse arranjo com meus alunos? - Quais características musicais eu quero ensinar/praticar com esse arranjo? (intervalos, acordes, escala, fraseado, ritmos, forma, prática de conjunto etc.) UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 19 MÚSICA RITMO Digamos que gostaríamos de abordar o assunto de ostinato (padrões rítmicos) com crianças entre 8 e 10 anos. Planejamos praticar um pouco e que a música não apresente grandes dificuldades. Podemos experimentar com os alunos alguns padrões distintos e consolidar algo, como: Quanto mais bem preparadas e experientes são as crianças mais será possível que todos consigam realizar as três partes simultaneamente. Contudo, pode-se organizar a turma em 2 naipes (voz e percussão corporal) ou ainda em 3 naipes (voz, palmas e pernas). MELODIA Arranjar uma música pode constar de diversas etapas. Em um outro momento podemos acrescentar uma melodia à parlenda. Nesse caso tomamos a decisão da quantidade de notas, os intervalos melódicos predominantes, tessitura vocal (ou instrumental), o grau de dificuldade, as notas de repouso e de tensão etc. Em nosso UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 20 MÚSICA exemplo realizamos uma melodia com 3 notas (Lá, Dó e Ré) na forma AABA: HARMONIA Concomitantemente à melodia, surgem as possibilidades harmônicas. A princípio mantemos uma harmonia simples, para que não haja dificuldade de aprendizagem. Repare que todo o desenvolvimento deste início de arranjo se manteve na mesma dimensão de tempo. Ou seja, não desenvolvemos uma forma que ampliasse a duração original da parlenda. Na próxima aula ampliaremos as possibilidades desse arranjo no decorrer do tempo. Exercício. Escolha um conjunto de parlendas para explorar as possibilidades musicais que cada uma oferece. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 21 MÚSICA Aula 4_Áudio Aula 4.1 - Sapo dentro do saco.mp3Aula 4.1 - Sapo dentro do saco.mp3 (O mesmo encontram-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem) UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 22 MÚSICA Aula 05_Estilo- parte 2 Conteúdos da aula • Dimensões • Elemento contribuinte - Som • Textura e interações Dimensões Neste segundo momento de trabalho relacionado ao estilo, nos aprofundaremos nas características musicais (O QUÊ). Lembremos que as características passam primeiramente por 3 dimensões: 1. Macro: Movimento, Obra, Grupo de Obras; 2. Médio: Sentença, Cláusula, Parágrafo, Seção, Segmento, Parte; 3. Micro: Motivo, Semi–Frase, Frase, Grupo de Frases. Estas dimensões não devem enrijecer a visão da estrutura da obra – em alguns casos, podem depender da interpretação de quem analisa ou compõe. O objetivo principal é estabelecer uma organização que dê suporte aos elementos contribuintes (Som, Harmonia, Melodia, Ritmo e Desenvolvimento). Por exemplo: uma obra pode, predominantemente, ter um padrão de timbre, mas um grupo de frases pode criar um contraste significativo que contribui para a compreensão do estilo da obra. Elemento contribuinte - Som Distribuídos entre as dimensões encontram-se os elementos contribuintes (som, harmonia, melodia e ritmo). Nesta aula nossa atenção estará voltada ao primeiro elemento: 1.SOM - A qualidade do som - a característica da onda é produzida por diversas frequências numa única ou diversas fontes sonoras (LARUE, 1992, p.23–25). Fatores que interferem na qualidade do som: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 23 MÚSICA a. Timbre: I. Âmbito: Todo o espectro de frequências empregadas na composição. Por exemplo: identificar preferências do compositor por tessituras particulares e/ou combinações; ou interesse em explorar ou forçar âmbitos extremos, enfatizando uma separação ao invés do equilíbrio de um âmbito contínuo; II. Grau e frequência de contraste: a quantidade e a frequência de contraste timbrístico utilizada pelo compositor; trocas de regiões (agudo x grave). E, ainda, mudanças sutis que geram contraste gradualmente. Se for o caso, medir o tempo destas mudanças; III. Idioma: compreensão das capacidades de cada instrumento. Dedilhados, cordas soltas, ações específicas das mãos que realizam um som ou efeitos particulares. Ainda mais importante é reconhecer a inovação técnica de algum compositor e ter consciência de quais recursos técnicos podem ser anatômicos, contribuindo para a manutenção do tônus muscular do intérprete. b. Intensidade: I. Tipos de intensidade: do mais forte ao mais fraco e, ao mesmo tempo, notar os níveis dinâmicos mais frequentes e característicos. E também detalhes individuais como sforzando ou excentricidades como pf. II. Grau de contraste: levar em consideração o intervalo de tempo transcorrido entre diferentes níveis de intensidade, dispondo–se entre sucessões imediatas de intensos contrastes dinâmicos até mudanças graduais como crescendo, ou mudanças mais graduais de acréscimo ou decréscimo de intensidade. Nesta perspectiva, destacam–se: 1. Intensidades estratificadas (ou bloco): com frases ou sentenças de uma peça que estabelecem contrastes dinâmicos imediatos; 2. Intensidades graduais: no qual mudanças graduais na intensidade e indicações fazem uma suave transição a patamares mais ou menos elevados que seguem por um bom tempo até que o contraste seja estabelecido. Texturas e Interações Textura e Interação entre aspectos verticais e horizontais: a escolha dos timbres tanto em momentos particulares quanto no contínuo desenrolar da peça. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 24 MÚSICA Partindo do princípio que a textura muda com o tempo na música, e, neste sentido, o problema principal de nosso trabalho está em descobrir generalizações úteis sobre as quais agrupamos um esquema das observações texturais. Para detalhar os “verticalismos”, utilizamos termos como espesso ou fino, simples ou composto, contínuo ou interrompido,equilibrado ou concentrado (na região aguda ou na grave). Com relação à tessitura, detalhamos o âmbito de alturas predominantes em uma seção, partes ou movimentos da obra. A interação refere–se à contínua malha de combinações de texturas e níveis de intensidade. Dentre as possibilidades de organização textural, contidas em nosso objeto de análise, destacamos: 1. De acordo com Kostka (2006, p. 236), a textura Homofônica pode ser: a. Homorítmica e acordal: estilos cujos eventos texturais acontecem mais ou menos simultaneamente; b. Melodia acompanhada: a orientação harmônica (acordes), textura temática familiar na maior parte da música clássica e romântica; 2. A textura Polifônica faz uso da técnica contrapontística, que pode ser: a. Imitativa (fugal ou canônica) em estilos que há uma vitalidade textural que resultam numa maior independência rítmica e melódica entre varias linhas numa malha; b. Polarização entre as linhas melódicas nas vozes superior e inferior. Textura característica do Barroco, elaborada na estrutura trio–sonata, tipicamente: dois violinos e um contínuo; 3. A textura monofônica – típica do cantochão – referente às músicas compostas por uma única linha melódica sem acompanhamento. Referênciasbibliográficas KOSTKA, S. M. Materials and techniques of twentieth-century music. 3a. ed. Upper Saddle River: Pearson Education, 2006. LARUE, J. Guidelines for style analysis. Michigan: 2a Ed. Harmony Park Press, 1992. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 25 MÚSICA Aula 06_Estilo - parte 3 Conteúdo • Contribuições possíveis do Som para uma música • Estudo de caso: exemplo de análise do elemento SOM - "Constante" (H. Villa-Lobos) Contribuições possíveis do Som para uma música Através dos parâmetros timbrísticos acima relacionados, resta–nos ressaltar as possibilidades que estes elementos oferecem como contribuição para: 1. Movimento da obra: vestimenta acústica de melodias, harmonias e ritmos; mudanças de cor e intensidade, que podem produzir ondas de atividade variada, afetando profundamente a infraestrutura rítmica; pulsações de larga escala no som podem ativar uma consciência profunda do movimento (LARUE, 1992, p.28); 2. A Forma da obra: criação e/ou determinação de articulações primárias e secundárias. Cada um dos elementos contribuintes, acima descritos, gera um tipo de aplicação ao relacionar com as dimensões, como verificamos a seguir: Som em macroestrutura: generalizações; selecionar material de distintos movimentos e partes, conforme LaRue (1992). Nesta dimensão, devemos descrever “o espectro total das opções acústicas e as preferências características deste espectro” (p. 30, tradução nossa). Som em mediaestrutura: a dimensão mais importante para o estudo do manejo do som do estilo de um determinado compositor (LARUE, 1992, p.32). Agrupar as observações nas famílias de categorias, relacionadas a seguir: 1. Tipologia: (a) TIMBRE; (b) INTENSIDADE; e (c) TEXTURA; 2. Movimento: quanto menor a dimensão, maior a importância desta qualidade. O movimento produz a alternância entre diferentes timbres, intensidades ou texturas, assim como o contraste entre áreas estáveis ou ativas da textura. Nas UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 26 MÚSICA conexões inter–elementos, podemos estabelecer conceitos de ritmos textural, timbrístico e até de intensidades; 3. Forma: som contribui diretamente para definir pontuações de timbre, textura e intensidade. Som em microestrutura: concentramo–nos em sutilezas nesta dimensão, como: escolhas de registro dos instrumentos; padrões favoritos para o relevo das articulações; marcações individuais de idiossincrasias do compositor e não platôs de intensidade; possivelmente, uma única nota que se destaque das texturas. Nesta dimensão, podemos encontrar associações como: melodias ou ritmos com cores ou texturas. Estudo de caso: exemplo de análise do Som da música Constante (arranjo de H. Villa-Lobos orquestrado por Guerra-Peixe) Macroestrutura A gravação foi realizada ao vivo pelo Coro Infantil do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1987, com aproximadamente 30 crianças. O Quinteto Villa-Lobos, de sopros (flauta, clarinete, oboé, fagote e trompa) e um pianista completam a formação. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 27 MÚSICA Mediaestrutura O contraste existente entre as partes cantadas e a instrumental se torna relevante ao ponto em que a tessitura se mantém muito mais grave nos momentos em que há somente instrumentos. Microestrutura Ao fim do arranjo destaca-se 5 segundos de um arpejo pianístico que contrasta com a homofonia presente em todo o arranjo Conclusão Destacamos possibilidades de pensar a questão do elemento SOM frente a qualquer situação. Seja em análise ou em nossas próprias composições e arranjos. Essa ferramenta nos ajuda a organizar os aspectos do Som frente às três dimensões (macro, médio e micro). Quando temos muito a escrever sobre uma das dimensões é preferível organizar em forma de tabela. Contudo, quando apenas queremos destacar um ponto de maior relevância, basta escrever um pequeno parágrafo sobre o evento. Referências Bibliográficas KOSTKA, S. M. Materials and techniques of twentieth-century music. 3a. ed. Upper Saddle River: Pearson Education, 2006. LARUE, J. Guidelines for style analysis. Michigan: 2a Ed. Harmony Park Press, 1992. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 28 MÚSICA Aula 6_Áudio Villa-Lobos-Constante.mp3Aula 6.1-Villa-Lobos-Constante.mp3 (O mesmo encontra-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem) UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 29 MÚSICA Aula 07_Análise de Summertime Nessa aula, analisaremos alguns procedimentos composicionais envolvidos nas diferentes versões dessa canção. Procuramos a menor descrição possível para cada versão. Poderíamos analisar com muito mais profundidade cada performance. Contudo, nossa ideia foi a de induzir uma apreciação comparada em que cada leitor possa interferir nesse conhecimento de acordo com a própria experiência e escuta. A primeira versão é tocada pela Orquestra Filarmônica de Londres, conduzida por Sir Simon Rattle e cantada por HarolynBlackwell. Essa versão é a que mais se aproxima da ideia original do compositor. Ela foi gravada como uma aria no meio da ópera e não como uma canção isolada. Sua instrumentação está para orquestra completa e coro. Escute: 6.1-Porgy &BessSummertime.mp3 (letra da canção em anexo ao fim do texto) Billie Holiday faz a primeira gravação fora da esfera do canto operístico em 1936. Percebem-se solos de clarinete e saxofone. A harmonia é próxima à de Gershwin contudo, a condução do baixo e o ritmo ditaram o futuro das versões com uma mudança radical de textura. A voz e o estilo de canto da Billie Holiday também imprimem uma nova vida à canção que, definitivamente, se emancipou do mundo da ópera. Escute: 6.2-Billie Holiday – Summertime.mp3 Ella Fitzgerald e Louis Armstrong.A introdução conta com um longo solo de trompete de Louis. A orquestração similar à de Gershwin (nessa gravação há um vibrafone mais evidente, ainda que delicadamente). A textura orquestral se diferencia pela inventividade dos contracantos. Assim que Ella entra, seu estilo imprime uma enorme expressividade e liberdade em segurar e liberar o fluxo rítmico. Toda a orquestração muda com a UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 30 MÚSICA entrada do Louis Armstrong. O baixo é mais marcado e os acordes estão em contratempo. Há também um piano que improvisa solos nas pausas do cantor. Há uma ampliaçãona forma da canção para propiciar diversos chorus com sonoridades diferentes de cada solista. Um chorus é apenas da introdução do trompete, outro para Fitzgerald cantar, outro para Armstrong e o último em dueto. Escute: 6.3-Ella Fitzgerald and Louis Armstrong – Summertime.mp3 Sam Cooke realiza uma versão em 1957 em que modifica drasticamente a sonoridade original da orquestra. O clima desta gravação é ritmicamente monótono, o baixo marcando o compasso e a guitarra pontua as notas da harmonia. É ainda possível perceber um contracanto feminino ao fundo. O cantor respeita a melodia original de Gershwin mas a ornamenta com grande eloquência. Escute: 6.4-Sam Cooke - Summertime.mp3 Em 1960, Al Martino arranja uma reorquestração bastante inventiva. Está escrito para banda sinfônica e consegue evocar um clima grandioso (quase mafioso ou da Pantera Cor de Rosa). Logicamente, essa é uma visão condicionada pelo cinema hollywoodiano. Mas bons arranjadores utilizam esses sentimentos coletivos a seu próprio favor. Há um ostinato implacável da orquestra, composto de ao menos três linhas interdependentes: 1- linha do baixo e da região grave do piano com uma frase que dura dois compassos quaternários 2- vibrafone toca uma nota longa logo no primeiro contratempo 3- ataques em sfz dos naipes de sopros em momentos pontuais quase imprevisíveis. Há seções completas em outra zona harmônica, como no minuto 2’01” por exemplo. Essa mudança harmônica está combinada com uma tessitura aguda das cordas e nos leva a sentir uma enorme tensão próxima no final da versão. Escute: 6.5-Al Martino-Summertime.mp3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 31 MÚSICA Em 1961, a banda The Marcels readapta por completo o clima da canção, traz uma paisagem litorânea à música (mais uma intervenção cinematográfica na análise). Um conjunto vocal adapta as funções da música: 1- a própria melodia; 2- harmonia; 3- baixo independente. A bateria, baixo e guitarra dão suporte às vozes. Escute: 6.6-The Marcels_Summertime.mp3 (Procurem também pela gravação de Rick Nelson, de certa forma é uma versão das anteriores com um ostinato, banda, solo de guitarra, enfim... rock.) Em 1963, The Chris Quintet recupera o caráter blues da canção. Há um enorme solo de órgão após a primeira exposição do tema. De uma maneira muito simplificada, poderia dizer que a forma dessa gravação é A (tema) e B (Solo) – com o B ocupando a maior parte da gravação. Bateria, baixo e guitarra acompanham o solista que convenciona cadências em conjunto, como em 1’33”. O solo é de extrema virtuosidade e explora uma larga tessitura do instrumento, inclusive com efeitos propícios somente pelo órgão. Escute: 6.7-CHRIS COLUMBO QUINTET - Summertime (1963).mp3 Billy Steward, em 1966, realiza uma versão que conquistou grande sucesso. Ele desempenha a melodia e ornamentação vocal com grande virtuosidade. Sua banda traz uma rítmica inovadora favorecendo uma visão bastante dançante da canção. A parte central atinge um crescendo que induz um ciclo repetitivo da mesma harmonia desde 1’23” que é interrompido em 1’38” para um solo vocal. O final é surpreendente, a retomada do ritmo em 2’10” é um jogo perfeito entre o cantor e o baterista levando a um final impactante nada previsível. Escute: 6.8-Billy Stewart - Summertime.mp3 Miles Davis, em 1958, lança uma versão em que o baixo em walkingbass se destaca ao lado de um melodismo típico do trompetista. Essa versão foi regravada, UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 32 MÚSICA em 1991, em tributo a Gil Evans e conta com a regência de Quincy Jones. Nela, percebemos a liberdade melódica nos solistas, em um primeiro momento Davis improvisa um chorus ao trompete e depois o saxofonista assume o solo. 6.9-Miles Davis - Summertime (with Quincy Jones & Orchestra Live At Montreux 1991) ~ 1080p HD.mp3 Janis Joplin, no final da década de 1960, funde uma tradição vocal oriunda do blues com uma banda com influências de rock progressivo. Enquanto bateria baixo e voz conduzem e harmonizam em conjunto as duas guitarras improvisam utilizando melodias que fazem lembrar o barroco, mas há exceções do solos com fortes traços de rock em 2’15”-2’38”, por exemplo. A cadência final também induz à um procedimento do passado – a picardia – que consta em terminar uma música de tonalidade Menor em um acorde Maior. Escute: 6.10-Janis Joplin - Summertime.mp3 Para representar a década de 1980, destacamos a versão de Fun Boy Three. Nela, há uma bateria quase dance music, muito popular na época. O estilo de ornamentação vocal também traça influências da cultura Pop mas com um certo grau de experimentalismo com solo de violino e trombone entre 1’32” e 2’06”. Aliás, a ornamentação vocal do trecho seguinte a esse faz-nos lembrar do desenho melódico de Ella Fitzgerald. 6.11-Fun Boy Three - Summertime.mp3 Há milhares de versões lançadas dessa música... Para finalizar, escute a versão de Lynda Carter, em 6.12-Lynda Carter - Summertime.mp3, que é muito mais próxima do original de Gershwin do que muitas das versões destacadas nessa aula, apesar de ser gravada em 2009. Decerto isso é um reflexo de nossa sociedade... Letra: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 33 MÚSICA Summertime and the livin' is easy Fish are jumpin' and the cotton is high Your daddy's rich and your ma is good lookin' So hush, little baby, don't you cry One of these mornin's, you're gonna rise up singin' you'regonna spread your wings and you'll take to the sky But 'til that mornin', there is nothin' can harm you With Daddy and Mummy, Mummy standing by Don'tyou, don'tyoucry UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 34 MÚSICA Aula7_Áudio(O mesmo encontram-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem) Aula 7.1-Porgy Bess Summertime.mp3Aula 7.1-Porgy Bess Summertime.mp3 Aula 7.2-Billie Holiday - Summertime.mp3Aula 7.2-Billie Holiday - Summertime.mp3 Aula 7.3-Ella Fitzgerald and Louis Armstrong - Summertime.mp3Aula 7.3-Ella Fitzgerald and Louis Armstrong - Summertime.mp3 Aula 7.4-Sam Cooke - Summertime.mp3Aula 7.4-Sam Cooke - Summertime.mp3 Aula 7.5-Al Martino-Summertime.mp3Aula 7.5-Al Martino-Summertime.mp3 Aula 7.6-The Marcels_Summertime.mp3Aula 7.6-The Marcels_Summertime.mp3 Aula 7.7-CHRIS COLUMBO QUINTET - Summertime (1963).mp3Aula 7.7- CHRIS COLUMBO QUINTET - Summertime (1963).mp3 Aula 7.8-Billy Stewart - Summertime.mp3Aula 7.8-Billy Stewart - Summertime.mp3 Aula 7.9-Miles Davis - Summertime (with Quincy Jones Orchestra Live At Montreux 1991) ~ 1080p HD.mp3Aula 7.9-Miles Davis - Summertime (with Quincy Jones Orchestra Live At Montreux 1991) ~ 1080p HD.mp3 Aula 7.10-Janis Joplin - Summertime.mp3Aula 7.10-Janis Joplin - Summertime.mp3 Aula 7.11-Fun Boy Three - Summertime.mp3Aula 7.11-Fun Boy Three - Summertime.mp3 Aula 7.12-Lynda Carter - Summertime.mp3Aula 7.12-Lynda Carter - Summertime.mp3 Obs: Todos os áudio acima encontram-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 35 MÚSICA Aula 8_Exercícios de composição Caros alunos, nessa aula o foco está na exercitação da escrita. Portanto, prepare lápis, borracha e suas folhas pautadas. Todas as propostas serão variações sobre uma mesma melodia. Não pretendemos esgotar com as possibilidades de composição/arranjo com os exemplos, a seguir. Somente demonstrar possibilidades criativas para uma cantiga tradicional. Escolhemos a canção O Cravo brigou com a Rosa: Áudio: Aula 8.1 (com metrônomo) Percebemos uma melodia em compasso ternário simples,compostas de 4 frases em anacruse, de acordo com a imagem, a seguir: Repare como a duração das quatro frases é idêntica. Assim como a rítmica de cada frase – apesar que o final da frase está escrita com uma mínima por razão da prosódia. A seguir, realizaremos uma série de procedimentos composicionais a essa melodia. Desenvolvimento rítmico UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 36 MÚSICA Percussão corporal O primeiro exemplo é apropriado aos primeiros anos do Ensino Fundamental I. Reparem que há dois timbres de percussão corporal que estabelecem um ciclo simples de apenas um compasso. Desta forma, temos o reforço do compasso. Áudio: Aula 8.2 Uma estratégia muito comum musicalmente é complementar o ritmo da melodia. Ou seja, encontrar um padrão rítmico na percussão que equilibre a rítmica da melodia. No momento em que a melodia estiver com semínimas, o acompanhamento está com colcheias, ou vice-e-versa: Áudio: Aula 8.3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 37 MÚSICA Este caso é bastante funcional para os últimos anos do Fundamental I. Apesar de termos escrito somente a voz e as palmas, esse procedimento é bom para acompanhar outras vozes, criando uma textura mais densa. Nos dois últimos casos, trabalhamos com ostinatos de um compasso de duração. No exemplo seguinte, vamos mesclar os dois últimos ostinatos em um padrão de dois compassos: Áudio: Aula 8.4 Compare esse ostinato com os dois anteriores. O importante é manter um padrão durante toda a seção que seja fácil de ensinar, memorizar e executar. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 38 MÚSICA Aula 8_Áudios (Todosos áudios encontram-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem) Aula 8.1.mp3Aula 8.1.mp3 Aula 8.2.mp3Aula 8.2.mp3 Aula 8.3.mp3Aula 8.3.mp3 Aula 8.4.mp3Aula 8.4.mp3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 39 MÚSICA Aula 9_Arranjo duas vozes Villa Lobos Encadeamento de vozes Como preparação para criar um arranjo próprio, sobre um tema tradicional da cultura infantil, vamos analisar a canção Terezinha de Jesus, em arranjo de H. Villa- Lobos (Guia Prático, v.1, caderno 1, p.19, 2009) A melodia tradicional encontra-se na primeira voz. As características da melodia são: - Tonalidade: Mi Menor - Compasso: ternário simples - Frases: duas pequenas, de 2 compassos cada, e uma grande, de 4 compassos - Tessitura: uma 7ª Menor (Mi-Ré) - Escala: Menor. A nota Sol# trata-se de uma nota que induz à Dominante da Subdominante. - Harmonia: acordes dos graus i, iv e v. - A primeira frase há dois arpejos de Mi Menor; na segunda frase há um movimento em direção à subdominante; e a terceira frase cadencia para retornar à tônica. H. Villa-Lobos, ao se deparar com essa melodia, percebeu suas características melódicas, rítmicas, harmônicas e formais. A partir daí utilizou-se criativamente das possibilidades de contraponto para realçar, principalmente, a harmonia da canção. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 40 MÚSICA 1. Exercício 1 – Analise cada um dos intervalos existentes entre a primeira e a segunda voz 2. Exercício 2 – Identifique quais acordes estão presentes em cada compasso. 3. Repare que: 4. Nos dois primeiros compassos, enquanto uma voz realiza um grau conjunto a outra faz um salto 5. Existem intervalos melódicos em ambas vozes que criam uma dissonância em relação à progressão harmônica. Esses intervalos são sempre notas de passagem ou bordaduras. 6. Nos compassos 1 e 2 há um baixo Si que é uma forma de gerar polifonia em relação ao 1º tempo, que ocorre um uníssono entre as vozes 7. Em diversos momentos há intervalos de 6ª ou 3ª paralela. 8. Exercício 3 – toque e cante diversas vezes cada uma das melodias e, se possível, as duas juntas para perceber esses e outros detalhes. 9. Exercício 4 – analise outro arranjo de Villa-Lobos, a seguir, e realize o mesmo procedimento de análise procurando identificar o processo criativo do compositor. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 41 MÚSICA Aula 9_Áudios (Obs: Todos os áudios acima encontram-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem) Aula 9.1 Terezinha.mp3Aula 9.1 Terezinha.mp3 Aula 9.2 - audio2.mp3Aula 9.2 - áudio 2.mp3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 42 MÚSICA Aula 10_Exercícios de composição (encandeamento) Desenvolvimento Melódico/Harmônico No exemplo a seguir iniciaremos um trabalho com contracanto ou segunda voz. É muito importante conhecer harmonia e saber aplicar os acordes básicos na melodia proposta. Vejamos: na tonalidade em que estamos trabalhando (Dó Maior) temos três acordes que nos trazem funções diferentes: Tônica ou I grau, Subdominante ou IV grau e Dominante ou V grau. Contudo, quando queremos usar um instrumento melódico ou a voz para resultar na sensação do acorde usamos uma distribuição diferente das vozes. Principalmente para dar a impressão de melodia no decorrer da música: Desta forma, escolhemos uma nota do primeiro acorde e seguimos um dos caminhos mais próximos para a nota do acorde seguinte. Repare que há momentos em que: 1) só é possível ascender, 2) somente descender, 3) somente permanecer na mesma nota 4) duas ou até três opções simultâneas Para finalizar essa breve explicação resta-nos dizer que na própria melodia há uma das notas do acorde. Portanto, a segunda voz a ser composta necessita complementar a harmonia da primeira voz. Apesar de ser possível e muito eficaz, UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 43 MÚSICA não há necessidade das duas vozes terem o mesmo ritmo sempre. Vide o exemplo, a seguir: Áudio: Aula 10.1 Repare como as notas da segunda voz complementam a harmonia implícita na primeira voz. O quarto compasso é um momento em que a melodia principal deixa um espaço que pode ser preenchido pela segunda voz. O conceito é o mesmo da complementariedade, que conversamos anteriormente sobre o ritmo. Para finalizar gostaria de expor um contracanto que tomei por base o último padrão rítmico em que conversávamos durante o capítulo de percussão corporal. Nele, está representado tudo o que conversamos durante esta aula: complementariedade rítmica, notas dos acordes e frases simples de memorizar e que se repetem. Áudio: Aula 10.2 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 44 MÚSICA Agora selecione qualquer melodia para realizar os experimentos de arranjo. Quem quiser compartilhar a composição do próprio exercício envie o pdf para a tarefa não avaliativa disponível na primeira semana de aula. Observação para os professores...: muitas vezes nos deparamos com um arranjo pronto. Como ensinar para os alunos? Ora, uma das estratégias mais eficazes é realizar o mesmo caminho que fizemos durante esta aula. Ao nos prepararmos para a aula podemos encontrar os padrões colocados pelo compositor na música, os elementos principais que estruturam o arranjo. Então, apresentamos esses padrões e realizamos jogos rítmicos e melódicos com eles. Quando todos estão confortáveis será mais fácil de realizar o arranjo completo. Caso tenha dúvidas da harmonia dessa canção, eis as cifras: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 45 MÚSICA Aula10_Áudio (O mesmo encontram-se no Ambiente Virtual de Aprendizagem) Aula 10.1.mp3Aula 10.1.mp3 Aula 10.2.mp3Aula 10.2.mp3UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 46 MÚSICA Aula 11_Arranjo a três vozes - Villa Lobos Encadeamento de vozes parte Na aula passada identificamos alguns elementos presentes em dois arranjos a duas vozes realizados por Heitor Villa-Lobos para duas canções tradicionais: Terezinha de Jesus e Cai, Cai balão. Como continuidade a este trabalho, investigaremos outras peças de maior complexidade do próprio Villa-Lobos, também incluído no Guia Prático, e na aula seguinte uma canção dos Beatles, Here Comes the Sun. Nesta aula, averiguaremos como Villa-Lobos arranjou a canção Uma, Duas angolinhas. Primeiramente, leia a partitura a seguir. A melodia principal está na primeira voz. Procure identificar elementos importantes contidos somente na primeira voz, como: tonalidade, quantidade e tamanho das frases, tessitura vocal requerida e quais acordes poderiam acompanhar essa canção. Para procurar entender o arranjador, concentre primeiramente sua atenção somente na primeira voz! UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 47 MÚSICA Repare como a melodia principal sempre começa e/ou termina em uma das notas do acorde de Fá Maior (com a exceção do início da frase do compasso 12, que começa na nota Ré). Se você fosse arranjar essa melodia com acordes, qual seria a harmonia mais simples possível? Poderíamos imaginar um caminho mais harmônico para nosso arranjo. Imaginemos somente um ritmo sobre o acorde de Fá Maior, como se este único acorde acompanhasse initerruptamente a melodia. Harmonicamente é possível mas pode soar um pouco monótono. Contudo, a melodia não oferece possibilidades harmônicas mais rebuscadas, afinal nossos principais pontos de apoio estão com a tríade Fá, Lá e Dó. Villa-Lobos assumiu um ponto mais contrapontístico (homofonia) do que harmônico (melodia acompanhada). Em um primeiro momento ele nos apresenta uma segunda voz que, predominantemente, estabelece um intervalo de 3ª abaixo paralelo ao da melodia principal. Existem sim 3 momentos únicos em que há movimento contrário ao invés de paralelo nos compassos 8, 10 e 16. Percebam como o acréscimo desta voz enriquece a sonoridade geral da peça mas não há grande diferença harmônica. Já com o acréscimo da 3ª voz obtemos uma maior diferenciação em relação à 1) polifonia, tendo em vista que há uma grande quantidade de movimentos contrários e oblíquos; 2) harmonia, já que: - A nota Dó# funciona como a sensível ou 3ª da Dominante Individual de Ré Menor - Quando o Si Bemol está no baixo há uma maior movimentação para a região da Subdominante; - No penúltimo compasso a nota Dó sustenta os intervalos de 6ª-5ª e 4ª-3ª do acorde de Dominante que estão nas primeiras vozes. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 48 MÚSICA Aula 11_Áudio Aula 11.1 - Uma_duas_angolinhas-VOZ.mp3Aula 11.1 - Uma_duas_angolinhas-VOZ.mp3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 49 MÚSICA Aula 12_Arranjo pop Caros alunos, como dissemos nas primeiras aulas arranjo é uma espécie nova vestimenta de uma mesma composição. Uma mesma canção pode ter diferentes arranjos. Algumas vezes nos deparamos com versões bastante diferentes de uma mesma música como é o caso das duas versões incríveis da canção “With a little help frommyfriands”, dos Beatles. A versão original foi composta por J. Lennon e P. McCartney e arranjada por George Martin para o albumSgt. Pepper’s (1967): Em 1968, Joe Cocker fez um arranjo revolucionário à canção que foi apresentado no festival de Woodstock, em 1969. Nesta versão percebemos que a preservação da melodia das estrofes e do refrão. Contudo, todos os demais elementos estão completamente (re)arranjados, como: andamento, formula de compasso, harmonia, instrumentação, forma, aspectos interpretativos do vocal, etc. Aprecie aqui: Nestes dois casos pudemos perceber arranjos muito bem sucedidos sobre uma mesma canção. Nesta aula, investigaremos alguns ferramentas composicionais presentes no arranjo de Here Comes the Sun, também dos Beatles, que podem servir de ideias para que façamos nossos próprios arranjos com diferentes canções junto a nossos alunos. Primeiramente, escutemos atentamente a versão gravada no álbum Abbey Road. Há diferentes links disponíveis, como: Mas prefira escutar o arquivo WAV ou diretamente do próprio disco (CD) se houver disponibilidade. Escute no melhor equipamento que tiver disponível em seu ambiente de estudo. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 50 MÚSICA Neste tipo de comparação é muito útil avançar e retroceder a gravação para comparar como o arranjo modifica a sensação de cada parte de se repete. Escutar atentamente diferentes arranjos, percebendo essas sutilezas de forma, harmonia, instrumentação... pode acrescentar muito nossa própria capacidade criativa e, consequentemente, a de nossos alunos. Exercício: Escolha uma música que goste muito e tente perceber as sutilezas que existem no decorrer de seu arran. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 51 MÚSICA Aula 13_Guia prático Heitor Villa Lobos Em 1930, o compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) estava participando de uma série de reuniões na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo para desenvolver um plano de melhoria do ensino de música. Então, subiu Getúlio Vargas à presidência e seu Secretário da Educação – Anísio Teixeira – convidou Villa-Lobos a organizar e dirigir o SEMA - Superintendência de Educação Musical e Artística. (Fonseca, 2007) Desta forma, o já experiente compositor empreende dois importantes projetos: a composição das nove Bachianas Brasileiras e as 137 peças do Guia Prático, tema desta aula. Em 1936, Villa-Lobos participaria do primeiro Congresso de Educação Musical de Praga, sob a direção de Leo Kestenberg (Grove Music Online, 2007- 2015). E de fato chegou a apresentar alguns de seus arranjos sobre nosso folclore. A década de 1930, havia uma onda de reformulação no ensino da música e diversos compositores pensavam escreviam e compunham sobre esse tema, entre eles: Emile Jaques-Dalcroze (1865-1950), Paul Hindemith (1895-1963), ZoltánKodály (1882-1967), BélaBartók (1881-1945) e Carl Orff (1895-1982). Nesse sentido, houve o reconhecimento da importância das raízes culturais na educação musical de um povo e, em um segundo momento, do conhecimento das raízes culturais de outros povos, etnias e nações. Manoel Aranha (2009) comenta o intuito dos arranjos e trabalhos didáticos desses compositores: [essas obras] apresentam numerosos pontos de contato [...], a coincidência cronológica, a intenção pedagógica, o embasamento folclórico, a coexistência de peças para iniciantes com peças de concerto, e, sobretudo, uma qualidade musical que – com frequência – transcende à funcionalidade original de sua destinação didática. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 52 MÚSICA Estrutura do livro e elementos de estilo dos arranjos Vejamos a estrutura que forma o Volume I do Guia Prático: Neste momento, analisaremos alguns exemplos de arranjo dentre as canções do Guia Prático. Das quatro canções a uma voz, selecionamos Senhora Dona SanchaII Observando essa partitura uma canção da tonalidade de Ré Menor em compasso binário. A melodia ressalta a nota Si bemol (intervalo de UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 53 MÚSICA Sexta Menor em relação a fundamental Ré). E a finalizações de frase acontecem com uma escala descendente de Ré Menor o que nos induz ao modo Eólio ou a escala Menor Natural. E é composta de 16 compassosorganizados em 8 frases de dois compassos cada na forma (ABBC-ABBC’). A frase A tem a função de elevar a tessitura até a 5a justa (Lá), a frase B mantém a tessitura ao redor desse som e a frase C é deceptiva com a escala menor descendente supracitada mas com a finalização em Lá e C’ é a conclusiva, que termina em Ré. Não pretendemos debater a origem da melodia, partiremos do pressuposto que o compositor a utilizou do modo em que foi recolhida – seja das pesquisas folclóricas de campo realizadas pela equipe de SEMA ou por ele mesmo. Vejamos somente seu lado arranjador. Ele tinha uma melodia com essas características em suas mãos, seu lado criativo resolveu criar uma introdução em 6x2 compassos ternários. Esses 6 compassos são organizados em duas frases de dois compassos cada, seguidas de 2 compassos de uma frase apenas (AABB), de acordo com a imagem a seguir: Reparem: o Contraste entre o compasso binário da melodia e o ternário da introdução; ▪ Polarização da nota Sol nas frases A – tal nota aparece discretamente na melodia. ▪ A frase B da introdução realiza saltos na região mais grave em que, durante a melodia, só haverá escalas sem salto. • Heitor Villa-Lobos tem uma habilidade especial em justapor elementos que aparentemente são muito diferentes. Mas ele sempre os faz combinar com maestria. • Vejamos o segundo exemplo, em que o compositor compôs uma segunda voz à melodia original: Vamos, Maninha: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 54 MÚSICA A melodia folclórica foi escrita no primeiro sistema. Encontra-se na tonalidade de Ré Maior e é composta na forma ABCC sendo que as frases A e B têm a duração de dois compassos e a frase C tem quatro compassos, de acordo com o esquema a seguir: Toda melodia tonal sugere acordes para serem acompanhadas. Nesse caso, a música começa em Ré Maior e a frase A caminha para o acorde de Sol Maior – que exerce a função de subdominante. E a frase B faz o caminho contrário, de volta para a tônica, Ré Maior. Essa cadência plagal não tem força conclusiva e nos faz ter vontade de continuar escutando uma cadência mais forte. Isso acontecerá na frase C em que a tônica converte-se em um acorde de Dominante Individual da UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 55 MÚSICA Subdominante (D7-G) e que, finalmente, escutamos a cadência forte IV-V-I ou Subdominante, Dominante, Tônica (G-A-D). O compositor resolveu enriquecer a harmonia por meio do acréscimo pontual de três notas pivô da segunda voz: Com isso ele realizou a seguinte substituição harmônica: De resto, a segunda voz realiza arpejos sobre os acordes base, intervalos consonantes imperfeitos (3as e 6as paralelas) com a primeira voz. Exercício 1: Analise minuciosamente as duas partituras dessa aula. Quais são os desenhos melódicos? Quais intervalos cada nota estabelece com suas vizinhas ou com a segunda voz? Você descobrirá ainda mais elementos interessantes! Toque e cante esses exemplos, aprecie o resultado sonoro deles... Exercício 2: Escolha uma melodia tradicional e realize uma voz em contraponto/acompanhamento a ela. Experimente diferentes lógicas nesse acompanhamento ou contracanto, compare os resultados de distintos procedimentos. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 56 MÚSICA Aula 14_Harmonia - parte 1 Na Aula 5, “Estilo – Som”, verificamos como elementos presentes na sonoridade de uma música podem nos ajudar a compreender uma composição. Nesta aula, iremos averiguar quais parâmetros relacionados à harmonia podem enriquecer nossa compreensão da Música. É comum confiarmos à organização das alturas uma importância ímpar para análise do estilo. No decorrer da história da música, identificamos procedimentos característicos de cada período. E, ainda, desenvolveram–se técnicas complexas de organização harmônica, tanto no âmbito da composição, quanto da teoria. Com relação à associação entre história e estilo LaRue (1992, p.39–40, tradução nossa) descreve que: Devido à rígida organização deste sistema [harmônico], em diversos períodos da história da música, podemos discernir claramente convenções de comportamentos harmônicos. Este discernimento é de fundamental importância para análise do estilo, desde que possamos aprofundar nosso conhecimento nas avaliações de tendências mais progressivas, convencionais ou retrógradas do estilo harmônico de um compositor – reconhecendo aquilo que é comum e raro no manejo de acordes, progressões e modulações. Nenhum efeito harmônico pode ser identificado por um valor estilístico intrínseco. Harmonia só causa impacto através das relações que podem variar radicalmente entre compositores, escolas e períodos. A seguir, discorreremos sobre os elementos harmônicos mais adequados para nosso objeto de análise. De acordo com LaRue (1992, p.41), as duas funções mais básicas da harmonia são: Cor: Coloração harmônica é o recurso mais instantâneo de afeto na música. Somos imediatamente conscientes das mudanças entre acordes maiores e menores; intervalos de 4as ou 5as em contraste com tríades; sétimas ou estruturas verticais mais complexas; posições abertas VS. fechadas (parcialmente função do “Som”); vários dobramentos; e relações tonais “escuras” (bemóis) ou “claras” (sustenidos). Funções para cor também podem ser identificadas em áreas contrastantes de mais ou menos dissonâncias; UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 57 MÚSICA Tensão: varias relações harmônicas têm efeitos de tensão e relaxamento intrínsecos, como nós falamos (e sentimos) – a “resolução” de um acorde ou dissonância; e, na macroestrutura, estamos conscientes de áreas de estabilidade e instabilidade com relação a um ponto de partida. Algumas funções de cor na harmonia podem ser estendidas para o parâmetro tensão. Para os momentos de grande tensão harmônica, podemos recorrer aos três passos a seguir, de acordo com LaRue (1992, p.44): (1) encontrar as estruturas harmônicas estáveis; (2) encontrar a fonte de maior tensão; e (3) fazer a gradação entre estabilidade e máxima tensão. Como entendemos as extremidades de um único contínuo entre harmonia e contraponto? Ou acordal e contrapontístico? Verificamos as qualidades e quantidades dos seguintes parâmetros: 1. Aproximadamente igual atividade em linhas concomitantes não se qualifica como um verdadeiro contraponto (LARUE, 1992, p.46); 2. Articulações em tempos distintos. Como enfatiza LaRue (1992, p. 46): “Estilos genuinamente contrapontísticos dão a impressão de continuidade suave porque uma parte tem as articulações em tempos diferentes das outras”. Articulações não coordenadas resultam, assim, numa independência linear; 3. Estabelecer níveis crescentes de rigidez no controle: polifônico, contrapontístico, imitativo, canônico, fuga. Sendo o termo polifônico como a categoria mais geral para toda a música com mais de uma parte (oposto ao monofônico). Uma estrutura com mais de duas linhas que dê alguma evidência à interdependência, mesmo sem mostrar relações melódicas, pode ser descrita como contrapontístico. Um grau de unidade tida pelo intercâmbio de materiais similares entre as vozes eleva o processo para o nível de imitativo. Imitação estrita e sistemática produz uma estrutura canônica. E, se uma ou mais partes de um cânone contém elementos especializados como stretto, inversão, aumentação, diminuição ou retrogrado, o termo fuga é apropriado. Tensão e relaxamento produzem contribuições diretas ao movimento da obra. Há um ritmo harmônico decorrente da mudança harmônica. Na microestrutura, mudanças de acordes podem gerar ritmo de acorde. Na macroestrutura, o movimento entre as tonalidades geram um ritmo tonal. E, no meio destas duas,UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 58 MÚSICA temos uma enorme variedade de difícil descrição. E, também, pequenos padrões de progressões harmônicas consistentes, como sequências de diversos tipos, criam algo que pode ser denominado progressão rítmico-harmônico (LARUE, 1992, p.49). Finalmente, áreas de frequentes trocas de ritmos tonal, de constante modulação, podem gerar o ritmo modulatório. Resta–nos, ainda, dizer que a harmonia clarifica as articulações, que dão tipos de continuidade com um alto grau de sutilezas para forma musical. Pelo menos cinco fenômenos harmônicos podem causar ou fortalecer uma articulação: mudança de modo, mudança de tonalidade, (des)aceleração do ritmo do acorde, (des)intensificação das complexidades verticais ou aumento ou diminuição da frequência das dissonâncias (LARUE, 1992, p.49). Exercício 1: Selecione uma música para apreciá-la com enfoque nessas questões harmônicas. Caso tenha familiaridade com análise de harmonia funcional, graduada ou até cifras, utilize esse conhecimento para encontrar padrões de estilo sobre esse parâmetro. Exercício 2: Assista a esse vídeo e procure o padrão harmônico da peça: https://www.youtube.com/watch?v=Rk5DWqls0gg. Logo depois identifique nas notas melódicas intervalos que gerem cores e tensões resultantes com outras notas do contexto geral. Lembre-se de que essa análise é um procedimento criativo. Não existe uma resposta correta e sim uma interpretação do fenômeno musical que é apresentado aos nossos ouvidos. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 59 MÚSICA Aula 15_Harmonia - parte 2 Nesta sequencia, trabalharemos os conceitos e vacabulários pertinentes à compreensão do estilo musical no decorrer de uma obra (micro, médio e macroestrutura). Para compreender uma obra musical, ou para criar variação em uma composição autoral ou arranjo, de uma maneira geral (macroestrutura), podemos tomar como base o contraste entre os seguintes parâmetros: 1. Colorístico – Tensional; 2. Acordal – Contrapontístico; 3. Dissonante – Consonante; 4. Ativo – Estável; 5. Uniforme – Variável; 6. Maior – Menor 7. Diatônico – Cromático (quartal, modal, exótico etc.). E, ainda, trabalhamos com as seguintes diretrizes para se analise harmônica (LARUE, 1992, p.42–54): Tonalidade linear: a sintaxe harmônica desde o início da polifonia até meados do Renascimento. Considerações sobre a linha melódica têm papel determinante para as opções verticais; [https://www.youtube.com/watch?v=qToBYimC8AE] Tonalidade migrante: início do Renascimento até final do Barroco. Passa, constantemente, de um centro tonal temporário para outro, sem estabelecer consistente direcionalidade ou centro gravitacional. O recurso do ciclo das quintas, paulatinamente, traz uma ordem na via modulatória e o fortalecimento do eixo dominante–tônica; [ https://www.youtube.com/watch?v=6eA7aDYflc4] compare a seção inicial com o momento a partir de 1:45 até 3:25 3. Tonalidade bi–focal: um estágio intermediário de desenvolvimento para uma tonalidade unificada. Nos séculos XVII e XVIII, a tonalidade bi– focal é https://www.youtube.com/watch?v=qToBYimC8AE https://www.youtube.com/watch?v=6eA7aDYflc4 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 60 MÚSICA caracterizada pela oscilação entre maior e relativo menor. Estes dois centros são aparentemente de igual importância, conforme LaRue (1992, p.53); [ https://www.youtube.com/watch?v=Zbt4FhzhEh4] 4. Tonalidade: hierarquia de acordes centrada numa tônica (1680–1860). Este sistema parte de um lento acúmulo de experiência harmônica, estabelecendo– se, gradualmente, por tentativa e erro de infindáveis convenções para progressões de acordes, resolução de dissonância, modulação e relações entre tonalidades. As ideias predominantes são: (a) direcionalidade – resultado da tensão e relaxamento, tônica dominante; (b) unificação – produzida pela relação de todas as estruturas harmônicas e procedimentos num centro único; [https://www.youtube.com/watch?v=TrCvvvHvZqA] 5. Harmonia expandida: característica do século XIX. Busca dos compositores por recursos afetivos ou descritivos. Estas expansões foram tão rápidas que não se desenvolveu gramática ou sintaxe para envolver o quadro estrutural. Tendência a descentralizar ou romper o caráter centrípeto da tonalidade. Temos algumas inovações típicas: a. alargamento do diatonicismo – acordes com mais sobreposições de terças, dissonâncias de quartas e câmbio livre entre maior e menor no mesmo tom; [https://www.youtube.com/watch?v=B2xH3LZkCDc] b. cromatismo – alterações em acordes convencionais e modulações entre tons relacionados cromaticamente; [https://www.youtube.com/watch?v=BdfdvvtrUA4] c. neo–modalismo – exploração de um sabor antigo de progressões modais, particularmente de caráter anti–tonal, como: I–bVII ou Vb3–I ou IV–Im; modalidade exótica, como tons inteiros, escalas folclóricas e novas possibilidades acordais; [https://www.youtube.com/watch?v=A_g433nawnk] d. dissonância estrutural – iniciado com a adição de sexta e continuado com dissonâncias nas estruturas dos acordes (Ex.: I7), aceitas em fins de cadências ou outras funções estáveis. Expansão para combinações de acordes (Ex.: I–V) como continuidade de uma estrutura vertical mais do que uma resolução polidissonante (p.54); [https://youtu.be/I4Rhe1XViYg] https://www.youtube.com/watch?v=Zbt4FhzhEh4 https://www.youtube.com/watch?v=TrCvvvHvZqA https://www.youtube.com/watch?v=B2xH3LZkCDc https://www.youtube.com/watch?v=BdfdvvtrUA4 https://www.youtube.com/watch?v=A_g433nawnk https://youtu.be/I4Rhe1XViYg UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 61 MÚSICA e. bi–tonalidade ou poli–tonalidade – originado pela extensão do princípio da dissonância estrutural para macro e mediaestrutura, para que duas tonalidades possam proceder como estruturas paralelas, assim como, na microestrutura, para que dois acordes possam ser conduzidos sem resolução. [https://www.youtube.com/watch?v=WJKziU8yEt4] 6. Atonalidade: uso de processos alternativos a tonalidade. [https://www.youtube.com/watch?v=0IhLL36Rnwo] Há uma tipologia específica para análise da médiaestrutura incluindo: objetivosmodulatórios, funções de desenvolvimento e caminhos harmônicos. As modulações podem ser tanto estruturais como ornamentais, determinadas pela duração e pela direção. Tamanho e conteúdo das áreas tonais contrastantes indicam sua importância estrutural. Um efeito harmônico pontual (microestrutura) pode ser fortalecido ou enfraquecido por intensidades, posição do acorde, arranjo textural, acentuação rítmica, duração tonal, função temática e localização funcional (frase ou seção) – para mencionar algumas possibilidades (LARUE, 1992, p.59). https://www.youtube.com/watch?v=WJKziU8yEt4 http://www.youtube.com/watch?v=0IhLL36Rnwo UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 62 MÚSICA Aula 16_Gyemerkeknek BBartok Nessa aula, estudaremos os princípios de composição envolvidos nos arranjos em Gyemerkeknek (“Para crianças”), uma obra para piano solo de BélaBartók. Nesta obra, o compositor conflui a raiz musical do leste europeu com um cuidadoso trabalho de composição. Em outras palavras, estudaremos alguns procedimentos composicionais de Bartok para ampliar nossa base técnica e criativa para produção de nossos próprios arranjos. Em Março de 1906, BélaBartók e seu colega da Academia de Música de Budapeste, o professor ZoltanKodaly, empenharam um projeto etnomusicológico na Hungria que visava “a coleção completa de canções folclóricas, recolhidas com precisão acadêmica” (Gillies, Bartók, Béla, 2007-2015). Primeiramente com foco na cultura húngara, logo, essa
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