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Lesões bucais da infância

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Lesões bucais da infância 
Periodontia – UFPE 
 
 
Larissa Albuquerque 
Infecções pelos vírus herpes simples 
*HSV-1: está presente principalmente nas infecções 
orais, periorais e, ocasionalmente, 
genitais. Frequentemente atinge a faringe, regiões 
intraorais, lábios, olhos e pele acima da cintura. 
*HSV-2: está presente principalmente nas infecções 
genitais e, ocasionalmente, lesões orais e periorais. 
*A patogênese é caracterizada por uma infecção 
primária quando o indivíduo sem anticorpos contra o 
vírus se torna soro positivo para o mesmo, podendo 
ser sintomática ou assintomática. O vírus fica latente 
no tecido ganglionar e pode ser reativado quando 
houver queda de imunidade, gerando a infecção 
secundária. 
*A contaminação ocorre pelo contato físico 
(compartilhamento de talheres e copos e contato com 
adultos infectados), em que o indivíduo soro negativo 
entra em contato com o soro positivo, ocorrendo a 
circulação de anticorpos contra o HSV, podendo ter 
durante a vida diversas infecções secundárias. 
*Características clínicas: 
• Gengivoestomatite herpética primária: 
acomete mais as crianças e é caracterizada 
por lesões vesiculobolhosas na pele e na 
mucosa oral, acompanhadas de febre, 
artralgia, mal estar, cefaleia e linfadenopatia 
cervical. O curso da infecção é em torno de 10 
dias. Após esse período, a lesão tende a 
regredir espontaneamente. As vesículas 
possuem superfície fina e frágil, podendo ser 
rompida por movimentos leves, facilitando a 
disseminação. Após o rompimento, as lesões 
ulceram e cicatrizam formando crostas que 
são eliminadas sem deixar cicatrizes. 
 
(1) ulcerações amareladas, irregulares, coalescentes na 
superfície dorsal da língua; (2) gengiva palatina eritematosa, 
dolorida e aumentada. 
• Infecções pelo HSV secundárias ou 
recorrentes: é decorrente do colapso da 
imunovigilancia focal ou da alteração nos 
mediadores inflamatórios locais pela 
replicação do vírus. Apresenta sintomas 
prodrômicos, com ardência, prurido e até 
sensação de dormência no local de 
surgimento das vesículas, que se rompem e 
coalescem. Tem duração de duas semanas e 
cicatrizam sem deixar marcas. 
 
(1) vesículas preenchidas por líquido no vermelhão do lábio; (2) 
ulcerações coalescentes no palato duro. 
*O primeiro sinal da doença é uma inflamação que 
tem início na garganta e que se espalha pela cavidade 
oral. Por isso, faz diagnóstico diferencial com 
faringite estreptocócica. Ainda faz diagnóstico 
diferencial com infecção de Vicent (causa gengivite, 
inversão de papila e produção de pseudomembrana), 
eritema multiforme (é imunologicamente mediada, 
porém pode ser desencadeado por processos de 
hipersensibilidade, inclusive ao vírus da herpes), 
impetigo, traumatismos, queimaduras químicas e 
alergia de contato. 
*O tratamento consiste em pomada de aciclovir 5%, 
5 vezes ao dia para as lesões mucocutâneas e 
comprimidos de aciclovir 400mg, 5 vezes ao dia para 
HSL e herpes genital. Ainda pode ser feita medicação 
complementar para febre. 
Varicela 
*Ocorre pelo vírus da varicela-zoster (VZV ou HHV-3) 
que causa a varicela ou catapora na infecção primária 
e herpes zoster na sua forma recorrente. 
*A sua transmissão ocorre por gotículas no ar ou 
pelo contato direto com as lesões. A sua incubação é 
de 10 a 21 dias. 
*Características clínicas: ocorre com febre, mal 
estar, faringite e rinite. As lesões versículo-bolhosas 
se rompem e formam crostas. As lesões orais podem 
preceder as cutâneas e os sítios mais envolvidos são 
o palato e mucosa jugam, podendo surgir na 
gengiva. São vesículas branco-opacas e formam 
ulceração de 1 a 3mm. Quando o indivíduo apresenta 
o sistema imune debilitado, pode ocorrer uma 
infecção recorrente, chamada de zoster, que 
compromete um ramo neural, já que as lesões 
acompanham o nervo, causando neuralgia. 
*O seu diagnóstico é clínico e o seu tratamento é 
sintomático. O prognóstico depende se o indivíduo irá 
desenvolver o herpes zoster. 
 
Periodontia Larissa Albuquerque 
(1) vesículas com eritema circunjacente e início de formação de 
crosta; (2) vesículas branco-opacas no palato duro. 
Mononucleose infecciosa 
*Conhecida popularmente como doença do beijo, é 
causada pelo vírus epstein-barr (EBV ou HHV-4), 
também responsável pela leucoplasia pilosa, e ocorre 
em situações de redução da imunidade. 
*A transmissão se dá por contato íntimo com a 
pessoa com a mononucleose ativa. Após adquirir o 
vírus, ele permanece no organismo por toda a vida de 
forma latente e, quando o indivíduo está 
imunossuprimido, pode se expressar como a 
leucoplasia pilosa. 
*Características clínicas: nas crianças normalmente 
é assintomática, mas pode causar febre, 
linfadenopatia, faringite, hepatoesplenomegalia (pois 
causa transinfecção atingindo o fígado e causando 
hepatite viral), rinite ou tosse. As lesões orais 
consistem em petéquias no palato duro ou mole, 
gengivite ulcerativa necrosante (GUN) e 
pericoronarite. 
 
Petéquias no palato mole. 
*O diagnóstico pode ser obtido pelo leucograma 
aumentado, presença de anticorpos heterófilo de 
Paul-Bunnell, imunofluorescência indireta ou, 
preferencialmente, sorologia para o HHV-4. 
*O tratamento é sintomático, com atenção para os 
níveis das transaminases hepáticas. A condição dura 
de 4 a 6 semanas, que é quando a lesão regride. 
*O prognóstico é reservado, pois o paciente tem risco 
de desenvolver hepatite transinfecciosa, se torna 
portador do vírus e tem risco de desenvolver a 
leucoplasia pilosa. 
Caxumba (parotidite epidêmica) 
*É causada pelo paramixovírus, que é prevenida pela 
vacina de sarampo-rubéola-caxumba. 
*A transmissão ocorre pela urina, saliva ou gotículas 
respiratórias. Os pacientes permanecem contagiosos 
até 14 dias após a resolução clínica da doença. 
*A incubação pode ser de 12 a 25 dias. 
*Ocorre o aumento das glândulas salivares maiores 
uni ou bilateral. 
*30% das infecções são subclínicas, ou seja, adquire 
o vírus e transmite, mas não tem sinais clínicos. 
*As características clínicas consistem em febre, 
cefaleia, mal estar, anorexia e mialgia. Geralmente 
ocorre o aumento de volume da parótida em 
envolvimento unilateral em 24% dos casos. Ainda 
pode ocorrer dor e alteração salivar, aumento de 
volume e rubor dos dúcteis salivares de Wharton e 
Stensen, epididimorquite (14 a 35% dos homens) e 
ooforite rara em mulheres. 
*O diagnóstico é clínico e o tratamento é sintomático. 
O prognóstico depende se houver afretamentos das 
gônadas. 
Sarampo 
*É causado pelo paramixovírus e possui vacinação 
95% eficaz. 
*A literatura descreve a doença como sazonal, 
ocorrendo na primavera, mas isso não é observado 
no Brasil. 
*A contaminação ocorre por meio de gotículas 
respiratórias e a incubação é de 10 a 20 dias. 
*Características clínicas: inicia com febre, mal estar, 
coriza, conjuntivite e tosse. Após isso, ocorre a 
erupção eritematoso e segue após poucos dias e dura 
de 4 a 7 dias. O contágio segue até 4 dias após o 
surgimento clínico. Pode ser grave em pacientes 
imunocomprometidos, sendo a pneumonia e 
encefalite as complicações mais graves. Pode levar à 
surdez decorrente de otite média. Ainda pode ocorrer 
manchas de Koplik (eritema mucosa nas mucosas 
labial e jugal) como máculas branco-azuladas (são 
mais evidentes se o paciente tiver pele clara). 
*O diagnóstico é clínico e o tratamento é sintomático. 
O prognóstico depende se haverá meningite e 
surdez. 
 
Manchas de Koplik branco-azuladas na mucosa jugal. 
Rubéola 
*É causada pelo togavírus e a transmissão ocorre 
por meio de gotículas respiratórias, com incubação de 
14 a 21 dias, tornando-se infectantes a partir de uma 
semana antes do exantema até 5 dias após as 
erupções. O vírus atravessa a barreira 
hematoencefálica e pode causar rubéola congênita 
no feto, tendo o risco de surdez de 80%, doençacardíaca, microcefalia e catarata ao nascimento. 
*Também pode ser transmitida de forma 
assintomática, o que é grave em casos de gravidez. 
*Características clínicas: os sintomas prodrômicos 
são febre, cefaleia, anorexia, mal estar, coriza, 
conjuntivite leve, faringite, tosse e linfadenopatia. 
Ainda ocorre erupção exantematosa e lesões orais 
raras, que é o sinal de Forchheimer em 20% dos 
casos e consiste em pequenas papilas vermelho 
escuras no palato mole ou duro. 
Periodontia Larissa Albuquerque 
*O diagnóstico é feito por análise sorológica. 
*O tratamento é feito com antipruriginosos, 
antipiréticos (exceto AAS) e a prevenção é feita com 
a vacinação. 
*O prognóstico é reservado devido aos riscos para 
grávidas. 
Herpangina 
*É causada pelo coxsackievírus A e B ou ecovírus. 
*As características clínicas consistem em dor de 
garganta, febre, vômitos, mialgia e cefaleia. As lesões 
orais são máculas vermelhas que evoluem para 
vesículas e formam ulcerações com crostas para 
cicatrização. Isso ocorre no palato mole ou nos pilares 
amigdalianos. 
*O diagnóstico é clínico, o tratamento é sintomático e 
o prognóstico é bom devido ao curso clínico limitado. 
 
Ulcerações semelhantes a aftas no palato mole. 
Doenças das mãos, pés e boca 
*É causada pelo vírus coxsackie A16, com incubação 
de 4 a 7 dias e a doença surge no verão ou no início 
do outono (não aplicado no Brasil). É comum em 
crianças em idade pré escolar. 
*Clinicamente, são lesões orais que precedem as 
lesões cutâneas e se assemelham à herpangina, 
porém não se limitam à região posterior da cavidade 
oral. Regride após 1 semana. 
*O tratamento é sintomático (febre, gaze com 
clorexidina, creme dermatológico de antimicrobianos 
e corticoide tópico para mãos e pés). 
 
Ulcerações semelhantes à afta no fundo do vestíbulo. 
Molusco contagioso 
*O vírus do molusco contagioso (poxvírus do DNA) 
causa hiperplasia epitelial por contato íntimo, com 
incubação de 14 a 50 dias. As lesões têm predileção 
por locais de ferimentos recentes e locais quentes da 
pele. É comum o acontecimento em crianças e 
jovens. 
*As características clínicas são pápulas múltiplas 
no pescoço, rosto (pálpebras), tronco e genitália. As 
lesões orais são raras e tendem a preceder as lesões 
de pele, podendo ocorrer nos lábios, na mucosa jugal 
e palato. As papilas são rosadas, de superfície mole, 
séssil, firmes e não-hemorrágicas. 
 
*Não é necessário fazer tratamentos, pois ocorre 
remissão espontânea de 6 a 9 meses, apesar de a 
contaminação continuar. 
Impetigo 
*É uma infecção superficial da pele causada pelo 
Streptococcus pyogenes e Staphylococcus áureos 
que ocorre com frequência em crianças escolares, 
tendo comportamento de infecção endêmica, 
podendo ocorrer de forma epidêmica. 
*Características clínicas: tem origem em áreas de 
trauma prévio e as lesões são vesículas frágeis que 
se rompem e formam crostas, assemelhando-se ao 
herpes recorrente. 
 
Crostas de coloração âmbar na pele e no vermelhão dos lábios. 
*O diagnóstico é clínico ou feito por cultura da lesão 
e o tratamento é feito por antibioticoterapia tópica ou 
oral. 
Candidíase 
*É uma infecção fúngica muito comum na infância e a 
etiologia é a cândida spp. 
*Características clínicas: lesão branca 
pseudomembranosa que se destaca, deixando a 
superfície eritematosa. Quando atinge o ângulo dos 
lábios é chamada de queilite angular. Pode ocorrer 
também de forma hiperplásica ou mucocutânea. Nos 
bebês, é mais comum a forma pseudomembranosa. 
*Características clínicas da candidíase 
pseudomembranosa (sapinho): placa branca 
aderente, removível pela raspagem, mucosa 
subjacente normal ou eritematosa e ocorre em 
crianças afetadas pelo hipodesenvolvimento do 
sistema imune. 
Periodontia Larissa Albuquerque 
 
*O tratamento é feito com a higiene da boca, sem 
necessidade de antifúngico. Caso as lesões não 
regridam, pode ser feito nistatina em solução oral ou 
miconazol em gel. Caso a criança esteja 
imunossuprimida, é necessário fazer antifúngico 
sistêmico. 
Doença de Crohn 
*É uma condição inflamatória mediada 
imunologicamente e comum em adolescentes. Pode 
ocorrer em qualquer sítio do trato gastrointestinal (da 
boca ao anus) e extra-intestinais (pele, olhos e 
articulações). 
*Características clínicas: ocorre granulomatose 
orofacial com tumefação nodular ou difusa nos 
tecidos orais e periorais, com aparência de pedra de 
calçamento na mucosa e úlceras profundas de 
aparência granulomatosa. Essas úlceras são lineares 
e aparecem no vestíbulo bucal. 
 
Ulceração linear do vestíbulo inferior. 
*O tratamento pode ser feito com sulfa, prednisona e 
azatioprina. Em caso de complicações intestinais e 
pólipos, é preciso fazer intervenção cirúrgica. Ainda é 
preciso fazer dosagem de vitamina B12, magnésio, 
ferro e folato, devido à má absorção intestinal. Em 
caso de úlceras bucais refratárias, pode-se utilizar a 
talidomida em casos de extrema necessidade, pois é 
teratogênica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
• Patologia oral & maxilofacial / Brad Neville... 
[et al.] - [tradução Danielle Resende 
Camisasca Barroso... et al.]. — Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2009.

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