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trabalho de cidadania

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Introdução 
 
Este presente trabalho tem por objetivo explicar os aspectos da internacionalização do 
direito e da crise da soberania e a relação entre os dois, levando em consideração o 
âmbito do assunto e exemplificando de forma simples e clara os acontecimentos 
ocorridos em seus devidos tempos, objetivando analisar os elementos que 
caracterizam tais fenômenos. Promovendo uma breve reflexão sobre o direito 
exclusivo de uma autoridade suprema sobre um grupo de pessoas, denominando-se 
poder soberano, desde o seu apogeu á sua atualidade. 
E discorrer, também, sobre os limites de cooperação possível entre instâncias judiciais 
no processo de internacionalização do Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No transcurso de sua história, o Estado Moderno, erigido como tal a partir do 
século XVI, viu-se envolto em um largo processo de consolidação e transformação, 
caracterizado pelo motivo de passar por várias crises interconectadas. 
A primeira delas diria respeito à crise que atinge as suas características 
conceituais básicas, em particular a ideia de soberania, que poderia ser discutida sob a 
ideia de surgimento de pretensões universais da humanidade, referidas pela 
emergência dos direitos humanos. 
Foi a partir do Estado Moderno, com o esplendor da Revolução Francesa, que o 
conceito de soberania começou a ser concebido. Relaciona-se à autoridade suprema, 
geralmente no âmbito do país. É o direito exclusivo de uma autoridade suprema sobre 
um grupo de pessoas — geralmente uma nação. Há casos em que esta soberania é 
atribuída a um indivíduo, como na monarquia, na qual o líder é chamado 
genericamente de soberano. No período conhecido pelas gerações contemporâneas 
como período do Absolutismo, conceituava-se soberania, como um poder supremo, 
mas um poder exclusivo, inabalável, inquestionável e ilimitado do Monarca. Este poder 
era confirmado pela promiscuidade com que a igreja afirmava ser a soberania do 
monarca uma representação do poder divino, chamado poder temporal. 
Gradativamente, entretanto, o monarca foi se tornando independente do poder papal 
e se tornando realmente absoluto. É um poder, ou seja, uma faculdade de impor aos 
outros um comando a que lhes fiquem a dever obediência. É um comando perpétuo, 
pois não pode ser limitado no tempo, absoluto porque não está sujeito à condições ou 
encargos postos por outrem, também não recebe ordens ou instruções de ninguém e 
não é responsável perante nenhum outro poder. Caracterizasse também por ser uno e 
indivisível, de modo que não pode haver dois Estados no mesmo território; é próprio e 
não delegado, fazendo com que pertença por direito próprio ao Rei; é irrevogável, de 
acordo com o princípio de estabilidade política - o povo não possui direito de retirar do 
seu soberano o poder político que este possui por direito próprio; é supremo na 
ordem interna, pois não admite outro poder com quem tenha de partilhar a 
autoridade do Estado; é independente na ordem internacional, pois o Estado não 
depende de nenhum poder supranacional e só se considera vinculado pelas normas de 
direito internacional resultantes de tratados livremente celebrados ou de costumes 
voluntariamente aceitos. 
Tendo emergido como uma característica fundamental do Estado Moderno, a 
soberania é tratada teoricamente pela primeira vez por Jean Bodin, no ano de 1576. 
Antes disso, a construção deste conceito vem-se formando permeada pela ideia que 
lhe será fundante, como poder supremo, o que irá acontecer já no final da Idade 
Média, quando a supremacia da monarquia já não encontra poder paralelo que lhe 
faça sombra. O rei torna-se, então, detentor de uma vontade incontestável em face de 
outros poderes, ou melhor, de outros poderosos, os barões ou os senhores feudais nos 
limite de sua propriedade. Ou seja, deixa de existir uma concorrência entre poderes 
distintos, e ocorre uma conjugação dos mesmos em mãos da monarquia, do rei, do 
soberano. 
De acordo com Jean Bodin, considerado por muitos o pai da Ciência Política devido a 
sua teoria de soberania, na qual acredita que esta se refere à entidade que não 
conhece superior na ordem externa nem igual na ordem interna. Baseou-se na mesma 
teoria para afirmar que a legitimação do poder do homem sobre a mulher e da 
monarquia sobre a gerontocracia. Jean Bodin nasceu em Angers na França, no ano de 
1530, e faleceu em Laon, também na França em 1596, foi um jurista francês, membro 
do Parlamento de Paris e professor de Direito em Toulouse. 
Em seu livro intitulado Os Seis Livros da República, o francês teorizou o conceito de 
"soberania", neste sustentava a seguinte tese: a Monarquia francesa é de origem 
hereditária; o Rei não está sujeito a condições postas pelo povo; todo o poder do 
Estado pertence ao Rei e não pode ser partilhado com mais ninguém, seja clero, 
nobreza ou povo. 
A teoria de Bodin foi de extrema importância na afirmação dos princípios da 
territorialidade da obrigação política, da impessoalidade do comando público e da 
centralização do poder. O Autor utilizou o conceito de soberania tanto para definir o 
Estado quanto para justificar a legitimidade do poder sobre os indivíduos. Desta 
forma, definiu soberania como o “poder perpétuo e absoluto de uma República”. 
É importante destacar que o contexto histórico da vida de Jean Bodin, foi marcado por 
guerras religiosas na França entre católicos e protestantes, também por conflitos 
sociais e políticos. Escreveu obras consideradas relevantes para compreensão das leis e 
das instituições jurídicas, bem como os fundamentos sociais e políticos que regulavam 
a vida dos diversos povos da época. 
Neste sentido, é importante lembrar que Bodin definiu a República, como “o justo 
governo de várias famílias e do que lhes é comum, com poder soberano”. Para ele, 
esse governo deve usar um bem comum, ou seja, uma finalidade moral, reproduzindo 
assim, o pensamento de Aristóteles. Ainda de acordo com o Autor, as leis comuns às 
mesmas famílias são regidas pela República, pelo poder da República. 
Retomando o conceito de soberania, como o “poder perpétuo e absoluto de uma 
República”, podem-se destacar dois atributos da soberania: o caráter perpétuo e o 
caráter absoluto. 
Tal que a perpetuidade, se refere á um Estado ou uma república que não poderá ser 
soberana, se esta for limitada pelo tempo, sendo assim mais um atributo do Estado 
que do rei, mas ainda defende uma monarquia hereditária. 
Quanto ao absolutismo, são quatro as principais características: Superior, onde o 
detentor do poder soberano não pode estar submetido ou numa condição de 
igualdade em relação a outros poderes; Independente, onde o detentor do poder 
soberano tem plena liberdade de ação; Incondicionado, na qual o detentor do poder 
soberano está desvinculado de qualquer obrigação; e Ilimitado, onde é lícito afirmar 
que a própria ideia de limitação é incompatível com o poder soberano. O poder 
soberano é ilimitado em relação às leis civis. Para Bodin o poder é ilimitado para o 
direito positivo, mas limitado ao direito natural. 
Bodin enumera os direitos da soberania para o pleno entendimento dos limites de um 
soberano. Estes são: poder de legislar sem os consentimentos dos súditos e sem 
reconhecer poder superior; Declarar a guerra e fazer a paz; Instituir os funcionários 
públicos; Estabelecer a unidade de medida e o valor da moeda; Impor taxas e impostos 
ou isenções; Ser a ultima palavra em qualquer assunto; e Outorgar vantagens ou 
imunidades. 
Vale ressaltar que o Primeiro direito, o de legislar sem os consentimentos dos súditos e 
sem reconhecer poder superior é considerado o de maior importância, pois a partirdele, todos os demais são definidos, apresentados como uma decorrência desse poder 
de dar a lei. 
Ainda que a Soberania tenha caráter perpétuo e absoluto, é cabível destacar que o seu 
detentor não possui um poder arbitrário, que não conhece limites. Assim, o soberano 
está submetido às leis divinas, naturais e certas leis humanas comuns a todos os 
povos. 
Para Bodin, o detentor da soberania deve se inspirar na lei divina para criar a lei civil. A 
lei divina apresenta-se como uma lei eterna e imutável, expressa na vontade e na 
sabedoria de Deus, o qual é responsável pela criação e conservação de todas as coisas. 
Antes de tudo, o soberano é considerado um súdito de Deus, e por isso, não pode 
transgredir a lei divina, e sim, observá-la continuamente no exercício do seu poder. 
Como exemplo, podemos citar o respeito à propriedade privada (que é um direito 
natural do homem) e o respeito aos contratos (principio inerente ao direito natural), 
no qual os contratos devem ser cumpridos. Em suma, tanto a lei divina, quanto a 
natural expressam a vontade de Deus, diante das quais o poder soberano deve estar 
submetido. 
Assim, o detentor do poder soberano, deve ter respeito à Lei Sálica (lei de sucessão ao 
trono) a qual é considerada irrevogável, porque assegura a estabilidade necessária 
mantendo a legítima continuidade do poder, diferenciando o soberano autêntico do 
usurpador. 
Ainda, o detentor do poder soberano, deve ter respeito ao tesouro público, onde o 
mesmo não deve se servir deste dinheiro, englobando as propriedades públicas as 
rendas recebidas sob as formas de tributos ou confiscos. 
Desta forma, o poder soberano é exercido dentro do direito positivo, onde o soberano 
é de fato, considerado absoluto, já que é responsável por criar, corrigir, alterar e 
anular as leis civis de acordo unicamente com a sua vontade. Porém, fora da esfera do 
direito positivo, o seu poder torna-se arbitrário, sem justificativas para atuar. 
Portanto, a partir da obra de Bodin, a soberania tornou-se uma referencia obrigatória 
nas teorias políticas, uma noção ordenadora, a partir da qual foram discutidas as 
principais questões jurídicas e políticas, na modernidade. 
A partir de uma evolução histórica, o conceito de soberano foi lapidado, chegando ao 
que se tem hoje. Com o do tempo, soberania passa a ser entendida pela qualidade 
máxima de poder social por meio da qual as normas e decisões elaboradas pelo Estado 
prevalecem sobre as normas e decisões emanadas de grupos sociais intermediários, 
tais como a família, a escola, a empresa, a igreja, entre outros. Neste sentido, no 
âmbito interno, a soberania estatal traduz a superioridade de suas diretrizes na 
organização da vida comunitária. A soberania se manifesta, predominantemente, pela 
constituição de um sistema de normas jurídicas capaz de estabelecer as pautas 
fundamentais do comportamento humano. 
No âmbito externo, a soberania traduz, por sua vez, a ideia de igualdade de todos os 
Estados na comunidade internacional. 
 Com Rousseau, a soberania sai das mãos do monarca, e sua titularidade é 
consubstanciada no povo, tendo como limitações, apesar de seu caráter absoluto, o 
conteúdo do contrato originário do Estado. É esta convenção que estabelece o aspecto 
racional do poder soberano. A vontade geral incorpora um conteúdo de moralidade ao 
mesmo. 
Jean-Jacques Rousseau transfere o conceito de soberania da pessoa do governante 
para todo o povo, entendido como corpo político ou sociedade de cidadãos. Soberania 
segundo ele é inalienável e indivisível e deve ser exercida pela vontade geral, que é 
denominada por soberania popular. 
O que é, segundo Rousseau, a soberania? Não é outra coisa senão o exercício da 
vontade geral, sendo esta a vontade do povo e tende sempre ao bem comum. Do 
contrário, escreve ele, “não passa de uma vontade particular ou de um ato de 
magistratura, quando muito de um decreto”. 
Desse modo, a soberania não pode ser alienada e, assim como não pode ser dividida. A 
sociedade, como a concebe Rousseau, é mantida por laços formados pelo que há de 
comum entre os vários interesses. Do contrário, nenhuma sociedade poderia existir. 
Por isso, “a soberania, não sendo senão o exercício da vontade geral, jamais pode 
alienar-se e, [...], o soberano, que nada é senão um ser coletivo, só pode ser 
representado por si mesmo”. 
Renega-se a soberania, atribuindo-a a outrem, atribuindo-se desse modo senhores, 
desintegra-se enquanto tal e deixa de existir. “Se, pois, o povo promete simplesmente 
obedecer, dissolve-se por esse ato, perde sua qualidade de povo – desde que há um 
senhor, não há mais soberano, e, a partir de então, destrói-se o corpo político”. Pelas 
mesmas razões, a soberania não deve ser dividida. 
Ao dividir-se a soberania, divide-se a vontade geral, o que, consequentemente, causa a 
sua destruição, degenerando-a em vontade particular. A soberania é exercida pela 
vontade geral, que é a vontade do corpo político que, por sua vez, é o soberano. O 
conceito de vontade geral, por ser fundamental na construção da teória de Rousseau, 
é discutido incansavelmente e ponto de muita polêmica, apontado como contraditório 
ou, no mínimo, paradoxal. 
As objeções mais comuns ao modelo de soberania sistematizado por Rousseau giram 
em torno da sua legitimidade. O Estado, aquele ao qual se deu origem a partir do 
pacto social legítimo que nada mais é, para ele, que o homem é naturalmente bom, 
sendo a sociedade, instituição regida pela política, a culpada pela "degeneração" dele. 
O contrato social para Rousseau é um acordo entre indivíduos para se criar 
uma sociedade, e só então um Estado, isto é, o contrato é um pacto de associação, não 
de submissão; uma pessoa moral. Para manter-se, necessita da força de todos os 
membros, pois, diz Rousseau “assim como a natureza dá a cada homem poder 
absoluto sobre todos os seus membros, o pacto social dá ao corpo político um poder 
absoluto sobre todos os seus [...]”. Uma leitura rápida e desatenta ou até mesmo 
parcial desta passagem leva a concluir-se que Rousseau está firmando os primeiros 
alicerces do totalitarismo, atribuindo um poder absoluto ao Estado em detrimento da 
liberdade dos indivíduos. Observando por esse aspecto, a vontade geral não é a 
vontade dos indivíduos. 
Votando de acordo com a vontade geral, estes não escolhem o que desejam. A 
vontade geral, desse modo, é coisa totalmente estranha ao ser humano e se impõe 
sobre qualquer outra vontade, exercendo assim um papel tirânico. 
 Mas, tal como a concebe Rousseau, a vontade geral não é algo diverso da vontade dos 
indivíduos. Ela se refere à maneira pela qual o Estado deve estar organizado, sendo o 
povo soberano aquele que estabelece as leis de acordo com o bem comum. Assim, 
abre-se espaço para a justiça e o crescimento qualitativo da liberdade. 
 A vontade geral expressa o que há de comum nos interesses de todos os indivíduos 
que formam o Estado. Dessa forma, ela não pode ser algo estranho à vontade de cada 
um. Para que as sociedades sejam possíveis, segundo Rousseau, é necessário 
realmente que haja um acordo entre os vários interesses particulares. “O que existe de 
comum nesses vários interesses forma o liame social e, se não houvesse um ponto em 
que todos os interesses concordassem, nenhuma sociedade poderia existir”. Não se 
trata, então, da anulação do indivíduo pela coletividade. 
 O indivíduo permanece enquanto tal e, após o pacto social, além de ter a sua 
dignidade e seus direitos preservados e assegurados, torna-se um ser mais evoluído 
em relação ao seu estado natural, conhecedor da justiça e da moralidade. É a 
obediência à vontade geral “[...] a condição que, entregando cada cidadão à pátria,o 
garante contra qualquer dependência pessoal. Essa condição [...], é a única a legitimar 
os compromissos civis, os quais, sem isso, se tornariam absurdos, tirânicos e sujeitos 
aos maiores abusos”. 
 A vontade geral, portanto, em momento algum nega o indivíduo e sua liberdade. 
Agindo de acordo com a vontade geral, cada indivíduo se reconhece como membro da 
coletividade e, enquanto cidadão, visa sempre ao interesse comum. Assim sendo, não 
há que se temer o abuso do poder soberano e a privação da individualidade. 
 Todos aqueles que formam o corpo político participam da autoridade soberana, 
sendo desse modo cidadãos. Por outro lado, todos estão também submetidos às leis 
do Estado, ou seja, às convenções entre os que participam do pacto. Há, portanto, uma 
igualdade de condições gerada a partir do contrato social. “A igualdade torna-se [...] a 
base do sistema e a verdadeira garantia dos direitos de cada um” (Derathé, 1979, p. 
353). Assim todos devem estar comprometidos com a totalidade do corpo político, ao 
passo que, ao assumir tal comprometimento, cada um está comprometido consigo 
mesmo. 
 De acordo com Machado, no consenso da vontade geral, o egoísmo natural é 
transformado, no ser humano socializado, em senso de justiça. Na doutrina 
rousseauniana, não está prevista a anulação dos direitos individuais. Pelo contrário, 
Rousseau visa garanti-los, inclusive por um caminho que exige uma evolução e 
desenvolvimento das melhores qualidades humanas e o abandono do individualismo 
egoísta. 
A partir do século XIX foi elaborado um conceito jurídico de soberania, segundo 
o qual esta não pertence a nenhuma autoridade particular, mas ao Estado 
enquanto pessoa jurídica. A noção jurídica de soberania orienta as relações entre 
Estados e enfatiza a necessidade de legitimação do poder político pela lei. Falar em 
soberania, nos dias que correm, como um poder irrestrito, muito embora seus limites 
jurídicos, parece mais um saudosismo do que uma avaliação lúcida dos vínculos que a 
circunscrevem. Destes, muito já se falou de seus parâmetros democráticos que 
implicam um efetivo controle conteudístico de sua atuação. Ora, se o Estado 
caracteriza-se por uma instituição democrática, é evidente que a sua atuação fica 
vinculada inexoravelmente ao conteúdo mesmo da democracia e a tudo o mais que 
isto implica relativamente a controles públicos, limites procedimentais, garantias 
cidadãs etc. 
Mas, ao lado de tais circunscrições, outras assumem relevância. Neste viés, 
pode-se apontar, além dos vínculos criados pelo Estado constitucional, a crise do 
Estado Moderno em apresentar-se como centro único e autônomo de poder, sujeito 
exclusivo da politica, único protagonista na arena internacional. 
Categorias básicas da Modernidade são abaladas. O Estado Moderno, juntamente com 
seu principal corolário, a Soberania, entra em crise e não é mais capaz de lidar com a 
dinâmica de um mundo cada vez mais globalizado e interconectado. 
Isso quer dizer que a validade dos atos estatais não depende mais apenas de suas 
formas de produção, mas deve coerência com uma série de princípios básicos do 
sistema jurídico estatal. 
 
Dentre as opiniões de diversos autores, a de Ferrajoli chama a atenção dizendo que a 
Soberania é uma categoria antijurídica, vez que ela “[...] é a ausência de limites e de 
regras, ou seja, é o contrário daquilo em que o direito consiste”. 
 
A combinação entre princípio da legalidade e constitucionalismo, pluralismo político e 
necessidade de respeito à dignidade, liberdade, igualdade e fraternidade entre os 
seres humanos tem por resultado inevitável a revisão dos limites do poder estatal, que 
não mais pode se considerar absolutamente soberano. Ainda assim, o Estado 
Constitucional Moderno permanece bastante apegado ao conceito de Soberania. Tal 
fato deve-se, em grande parte, à contundente afirmação de sua Soberania Externa 
face aos demais Estados, a fim de assegurar sua independência e rechaçar qualquer 
intervenção de um poder exterior. 
 
Os espaços transnacionais vão além da concepção de Soberania e são marcados 
pela desterritorialização dos relacionamentos político-sociais e pela ultravalorização do 
sistema econômico capitalista, que articula ordenamento jurídico mundial à margem 
das Soberanias dos Estados. 
 
No plano internacional, em especial, observa-se fenômeno semelhante 
relacionado ao caráter de independência dos Estados soberanos, como capacidade de 
autodeterminação. A interdependência que se estabelece 
contemporaneamente entre os Estados aponta para uma cada vez maior atrelamento 
entre as ideias de soberania e de cooperação jurídica, econômica e social, oque afeta 
drasticamente a pretensão à autonomia. Por mais que se argumente no sentido de que 
esta colaboração só é possível em razão da própria soberania, a qual permitiria a um 
Estado vincular-se a outro(s) em questões que lhe interessem ou para fazer frente a 
situações paradigmáticas, oque se observa na pratica é a revisão radical dos 
postulados centrais da mesma. 
A consequência de diversos processos históricos, tais como a revolução tecnológica da 
informação, a crise econômica do capitalismo e do estatismo, o afloramento dos 
movimentos sociais, o liberalismo, a luta pelos direitos humanos, o ambientalismo e 
tantos outros pontos são caracterizados como o efeito da globalização. As interações 
entre esse processos desencadearam a remodelagem da base material da sociedade, a 
qual passou a ser uma sociedade em rede. A internacionalização do direito é um 
processo de operação comum do âmbito jurídico por diferentes atores, em diferentes 
territórios. É uma mesma maneira de atuar judicialmente, por diferentes pessoas, em 
diferentes lugares, trazendo consigo uma ideia de rompimento da territorialidade. 
As chamadas comunidades supranacionais – Comunidade Econômica Europeia / CEE / 
UNIÃO EUROPEIA, NAFTA, MERCOSUL etc. – particularmente a primeira, impuseram 
uma nova logica ás relações internacionais e, consequentemente atingiram 
profundamente as pretensões de uma soberania descolada de qualquer vinculo ou 
limitação. O que se percebe, aqui, é uma radical transformação nos poderes dos 
Estados-Membros, especialmente no que se refere a tarifas alfandegárias, aplicação de 
normas jurídicas de direito internacionais sujeitas a apreciação de Cortes de justiça 
supranacionais, emissão de moeda, alianças militares, acordos comerciais etc. 
Voltando ao âmbito do próprio Estado, deve-se referir que a sociedade se 
consolidou através de novos tipos de relações sociais, tendo como protagonistas 
sujeitos que não os indivíduos isolados. Dessa forma, os sindicatos e as organizações 
empresariais, e movimentos sociais, passaram a influenciar de forma mais constante 
em certas atividades, produzindo certas decisões que caracteristicamente se incluiriam 
no rol do poder soberano do Estado. 
A passagem do modelo de estado mínimo ao feitio liberal clássico para o tipo 
de Estado de Bem-Estar social impõe a reconsideração do fenômeno da soberania. 
Conceitos de Estado ao longo dos anos: Estado mínimo: pressupõe um deslocamento 
das atribuições do Estado perante a economia e a sociedade; Estado liberal: ordem 
política sob a qual todos os indivíduos são livres e independentes, não submetidos ao 
poder de nenhuma outra pessoa, mas todos igualmente submetidos à lei; Estado de 
bem estar social: modo de organização no qual o Estado se encarrega da promoção 
social e da economia. 
Enquanto o modelo liberal incorporava uma ideia de soberania como poder 
incontrastável, próprio a uma sociedade de “indivíduos livres e iguais” para os quais 
importava apenas o papel de garantidor da paz social atribuído ao Estado, o modelo de 
welfare state (bem estar social) adjudica a ideia de uma comunidadesolidaria onde ao 
poder público cabe a tarefa de produzir a incorporação dos grupos sociais aos 
benefícios da sociedade contemporânea. Nesta função de patrocínio da igualdade 
transfere-se ao Estado um novo atributo que contrasta com este poder ordenador, 
qual seja a solidariedade. O caráter solidário do poder estatal, para muitos, substitui a 
sua característica soberana para incorporá-lo na batalha cotidiana de superação das 
desigualdades e de promoção do bem-estar social, percebido como um benefício 
compartilhado pela humanidade toda. 
Por fim, o papel marcantemente interventivo assumido por alguns organismos 
internacionais que acabam por respaldar, sob as alegações as mais variadas ações 
contraditórias às possibilidades de atuação desvinculada dos Estados, o que tanto 
pode gerar situações de interferência direta, como também tomada de atitudes por 
organismos públicos dos Estados centrais que afetam direta ou indiretamente 
interesses de alguns países. 
O quadro esboçado impõe que repensemos o caráter soberano atribuído ao 
Estado contemporâneo. Percebe-se, já, que não se trata mais da constituição de uma 
ordem todo-poderosa, absoluta. Parece que se caminha para a sua transformação 
como elemento caracterizador do poderio estatal. Em nível de relações externas, mais 
visivelmente, percebe-se a construção de uma ordem de compromissos, e não de 
soberanias. 
 
Gustavo Zagrebelsky e a Soberania Estatal 
Ensinou direito constitucional e teoria de estado, é considerada uma das mentes mais 
brilhantes do judiciário, um apoiador do potencial de desenvolvimento da democracia, 
um forte defensor da constituição e do estado laico. 
Segundo ele, pode-se resumir esta corrosão da noção de soberania estatal a partir de 
quatro vertentes distintas, porem não excludentes: 
1. O pluralismo político-social interno, que se opõe à própria ideia de 
soberania e de sujeição; 
2. Formação de centros de poder alternativos e concorrentes com o Estado 
que operam no campo politico, econômico, cultural e religioso, 
frequentemente em dimensões totalmente independentes do território 
estatal; 
3. A progressiva institucionalização de “contextos” que integram seus poderes 
em dimensões supra estatais, subtraindo-os à disponibilidade dos Estados 
particulares e; 
4. A atribuição de direitos aos indivíduos, os quais podem fazê-los valer 
perante jurisdições internacionais em face dos Estados a que pertencem. 
 
O mundo é uma sociedade de Estados, na qual a integração jurídica dos fatores 
políticos ainda se faz imperfeitamente. Quando é parte da sociedade mundial, o 
Estado é uma pessoa jurídica de direito público internacional. 
 Para Jorge Americano, “o objeto do DI é o estabelecimento de segurança entre as 
nações, sobre princípios de justiça para que dentro delas cada homem possa ter paz, 
trabalho, liberdade de pensamento e de crença”. Ainda, para Antônio de Vasconcellos 
Menezes de Drummond (1867). “o DI é o complexo dos direitos individuais e 
recíprocos entre as mesmas nações”, e acrescenta Nicolas Politis, DI é o “conjunto de 
regras que governam as relações dos homens, pertencentes aos vários grupos 
nacionais”. 
 No entanto, apesar de todas as restrições de teóricos, o reconhecimento de um 
Estado como pessoa jurídica de direito público internacional, necessita da 
comprovação de possuir soberania. Independente de atos formais de reconhecimento, 
oque se exige é que a sociedade política tenha condições de assegurar o máximo de 
eficácia no ordenamento do território e que isso ocorre permanentemente. 
 Oque distingue o Estado das demais pessoas jurídicas de direito internacional 
público é a circunstância de que somente ele tem soberania. Está que do ponto 
interno do Estado é uma afirmação de poder superior a todos os demais e do ponto 
externo é uma afirmação de independência. 
 Observa-se que há falhas na regulação jurídica, mas houve um progresso 
considerável, desde que, há aproximadamente quatrocentos anos foi iniciado 
sistematicamente a vigor para submeter às relações entre os estados às regras 
jurídicas. 
 De fato, a experiência tem demostrado à relatividade do conceito de soberania 
no plano internacional, havendo quem afirme que se deve reconhecer que só tem 
soberania os Estados que dispõem de suficiente força para impor uma vontade. Como 
observam Kaplan e Katzenbach, o simples fato de um Estado procurar dar aparência 
jurídica a suas decisões já representa um avanço que não deve ser visto como 
hipocrisia, pois é esse tipo de comportamento que torna possível a existência de um 
direito internacional. Se todos usassem a força de que dispõem, como dizia Hobbes, 
seria a “guerra de todos contra todos” e só haveria perdas com isso. 
 Outro aspecto importante a observar, é que os Estados vivem em situação de 
anarquia, pois embora haja uma ordem jurídica em que todos se integram, não existe 
um órgão superior a que todos se submetem. Mas nos últimos tempos têm sido 
criadas organizações internacionais dotadas de um órgão de poder que modificou a 
relação entre ambos os Estados. 
O exame das organizações dos Estados existentes no mundo em grande número 
depois da Segunda Guerra Mundial permite a identificação de três espécies: 
Organizações para fins específicos: se constituíram em função de um único 
objetivo; podem agrupar Estados de uma só região ou de todas as partes do mundo. 
Exemplos dessas organizações: Comunidade Europeia do carvão e do aço e a 
Organização mundial do comércio. 
Organizações regionais de fins amplos: tem circunstancia de só agruparem 
Estados de determinada região do mundo. Seus objetivos não são limitados a questões 
econômicas, militares, jurídicas ou de qualquer natureza especifica. Em lugar 
disso, tem competência para conhecer de todos os assuntos que possam interessar 
aos Estados. Um exemplo é a Organização dos Estados americanos (OEA) 
Organizações de vocação universal: estas, sem duvida alguma, são as de maior 
importância, porque pretendem reunir todos os Estados do mundo e tratar de 
assuntos que possam interessa-los. Exemplos são a Sociedade das Nações e a 
Organização das Nações Unidas (ONU). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
 
Diante do que foi exposto, conclui-se que o instituto da soberania sofreu uma 
constante evolução do Estado moderno até o atual. Partimos de um modelo soberano 
como a representação da vontade do monarca, o poder absoluto e inquestionável 
exercido unicamente por esta figura. Hoje, entende-se por soberania a vontade do 
povo, representada pela supremacia do poder estatal, garantido pela Carta 
Constitucional. 
Com a crescente aproximação dos Estados e consequentemente com a 
fragilização da soberania, organizações passam a ser estabelecidas fazendo com que os 
Estados participantes não tenham total autonomia; estes obviamente têm a opção de 
não assinar tratados, no entanto com a globalização torna-se difícil um Estado isolar-
se. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI 
 Faculdade de Direito 
 Ciência Política e Teoria Geral do Estado - TGE 
 
 
 
 
 
 A Internacionalização do Direito e 
 A Crise da Soberania 
 
 
 
 
Bianca A. de Souza 
Brenda Kazmirowski 
Júlia dos Santos 
Leticia Miranda 
Maiara Sandri 
Roberta De Conto 
Professora Sandra ResminiErechim/RS 
 2015 
Referências Bibliográficas 
 
 
1. http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8786 
 
2. http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1658/1
581 
 
3. http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/view/11487/1127
6 
 
4. file:///C:/Users/User/Downloads/7091-21538-1-PB.pdf 
 
5. http://filosofia.fflch.usp.br/sites/filosofia.fflch.usp.br/files/publicacoes/Discurs
o/Artigos/D27/D27_O_Conceito_de_Soberania.pdf 
 
6. http://palcodavida09.blogspot.com.br/2010/08/jean-bodin-conceito-de-
soberania.html 
 
7. Livro: “Ciência Política e Teoria do Estado”, de Lenio Luiz Streck e José Luiz Bolzan de 
Moraes

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