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Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios

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Reabilitação 
 
 
 Identificação e tratamento de patologias 
 em edifícios 
 
 
 
 
 
 
série REABILITAÇÃO 
carlos da cruz jâcome 
joão guerra martins 1ª edição / 2005 
 
Apresentação 
 
Este texto resulta, genericamente, o repositório da Monografia do Eng.º Carlos da Cruz Jâcome. 
Pretende, contudo, o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à 
especificidade dos cursos da UFP, como contrair-se ainda mais ao que se julga pertinente e alargar-
se ao que se pensa omitido. 
Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a 
existência de erros e imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os 
contributos técnicos que possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem. 
 
João Guerra Martins 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
I 
ÍNDÍCE GERAL 
Apresentação 
ÍNDÍCE GERAL .........................................................................................................................I 
ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................... VII 
ÍNDICE DE QUADROS........................................................................................................ XII 
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................1 
CAP I – GENERALIDADES.....................................................................................................4 
I.1 – Porque se repetem os insucessos....................................................................................4 
I.2 – Consequências técnicas da não qualidade – patologias .................................................5 
I.3 – Causas das patologias.....................................................................................................6 
CAPÍTULO II – CORROSÃO DE ARMADURAS EM BETÃO ARMADO..........................7 
II.1 – Introdução .....................................................................................................................7 
II.2 – Origem e formas de manifestação ................................................................................8 
II.3 – O papel do recobrimento no betão..............................................................................12 
II.3.1 – Protecção física ....................................................................................................12 
II.3.2 – Protecção química................................................................................................12 
II.4 – Causas da corrosão......................................................................................................13 
II.4.1 – Carbonatação do betão.........................................................................................13 
II.4.2 - Características do meio ambiente .........................................................................13 
II.4.3 – Agentes agressivos presentes na atmosfera .........................................................13 
II.4.4 – Agentes agressivos incorporados ao betão ..........................................................14 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
II 
II.4.5 – Qualidade do betão de recobrimento ...................................................................15 
II.5 – Medidas preventivas ...................................................................................................15 
II.5.1 – Na etapa de projecto.............................................................................................15 
II.5.2 – Na etapa de recepção dos materiais .....................................................................15 
II.5.3 – Na etapa de execução...........................................................................................16 
II.6 – Medidas correctivas ....................................................................................................17 
CAP III - ALVENARIAS ........................................................................................................19 
III.1 – Introdução..................................................................................................................19 
III.2 – Execução de alvenaria em zona corrente...................................................................19 
III.3 – Execução de paredes duplas ......................................................................................20 
III.4 - Isolamento térmico em paredes duplas ......................................................................21 
III.4.1 -Isolamento térmico pelo interior ..........................................................................21 
III.4.2 - Isolamento térmico pelo exterior.........................................................................22 
III.4.3 - Isolamento térmico na caixa de ar.......................................................................23 
III.4.3.1 - Materiais rígidos...........................................................................................23 
III.4.3.2 - Materiais flexíveis ........................................................................................24 
III.4.3.3 - Materiais projectados ...................................................................................24 
III.4.3.4 - Materiais a granel .........................................................................................25 
III.4.3.5 - Materiais injectados......................................................................................25 
III.5 – Correcção das pontes térmicas ..............................................................................26 
III.6 – Patologias das alvenarias ...........................................................................................27 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
III 
III.6.1 – Origem e formas de manifestação ......................................................................27 
III.6.2 - Fissuras provocadas por deformabilidade das estruturas de betão armado.........30 
III.6.3-Fissuras provocadas por recalques diferenciados das fundações ..........................34 
III.6.4 - Medidas correctivas ............................................................................................37 
CAPÍTULO IV – ARGAMASSA DE REVESTIMENTO ......................................................38 
IV.1 – Introdução..................................................................................................................38 
IV.2 - Origem e formas de manifestação..............................................................................39 
IV.2.1 - Causas decorrentes da qualidade dos materiais utilizados..................................39 
IV.2.1.1 - Agregados ....................................................................................................39 
IV.2.1.2 - Ligantes........................................................................................................39 
IV.2.1.3 - Adições ........................................................................................................40 
IV.2.1.4 - Adjuvantes ...................................................................................................40 
IV.2.2 - Causas decorrentes do traço da argamassa .....................................................40 
IV.2.3 - Causas decorrentes do modo de aplicação do revestimento ...............................41 
IV.2.4 - Medidas preventivas ...........................................................................................45 
IV.2.4 - Medidas Correctivas ...........................................................................................46CAPÌTULO V – FISSURAÇÃO EM EDIFICAÇÕES............................................................47 
V.1 - Introdução........................................................................................................................47 
V.2 - Fissuração provocada por variação de temperatura dos materiais ou elementos de 
construção.............................................................................................................................47 
V.3 – Fissuras Provocadas por Variações do Teor de Humidade dos Materiais de 
Construção............................................................................................................................52 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
IV 
V.4 – Fissuras provocadas pela actuação da sobrecarga ......................................................54 
CAP VI - HUMIDADES..........................................................................................................58 
VI.1 - Introdução ..................................................................................................................58 
VI.2 - Formas de manifestação da humidade .......................................................................58 
VI.2.1 - Humidade de construção.....................................................................................58 
VI.2.1.1 - Origem e formas de manifestação................................................................58 
VI.2.1.2 - Medidas preventivas ....................................................................................59 
VI.2.1.3 – Medidas correctivas.....................................................................................60 
VI.2.2 – Humidade do solo...............................................................................................62 
VI.2.2.2 - Medidas preventivas ....................................................................................65 
VI.2.2.3 – Medidas correctivas.....................................................................................66 
VI.2.3 - Humidade devida a fenómenos de higroscopicidade..........................................69 
VI.2.3.1 - Origem e formas de manifestação................................................................69 
VI.2.3.2 - Medidas preventivas ....................................................................................70 
VI.2.3.3 – Medidas correctivas.....................................................................................71 
VI.2.4 - Humidade de condensação..................................................................................72 
VI.2.4.1 - Origem e formas de manifestação................................................................72 
VI.4.2.2 - Medidas preventivas ....................................................................................74 
VI.2.4.3 – Medidas correctivas.....................................................................................76 
VI.2.5 – Humidade de precipitação ..................................................................................77 
VI.2.5.1 - Origem e formas de manifestação................................................................77 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
V 
VI.2.5.3 - Medidas preventivas ....................................................................................80 
VI.2.5.3 – Medidas correctivas.....................................................................................80 
VI.2.6 – Humidade devida a causas fortuitas ...................................................................81 
VI.2.6.1 - Origem e formas de manifestação................................................................81 
VI.2.6.2 – Medidas preventivas....................................................................................82 
VI.2.6.3 – Medidas correctivas.....................................................................................83 
CAP VII - EFLORESCÊNCIAS ..............................................................................................84 
VII.1 - Introdução.................................................................................................................84 
VII.2 - Factores que contribuem para a formação de eflorescências....................................86 
VII.3 - Tipos e características das eflorescências.................................................................87 
VII.3.1 - Tipo 1.................................................................................................................87 
VII.3.1.1 - Soluções de reparação.................................................................................88 
VII.3.2 - Tipo.2.................................................................................................................88 
VII.3.2.1 - Soluções de reparação.................................................................................90 
VII.3.3 - Tipo 3.................................................................................................................90 
VII.3.3.1 - Soluções de reparação.................................................................................90 
VII.4 - Medidas preventivas .................................................................................................91 
VII.5 - Medidas correctivas ..................................................................................................92 
CAPÍTULO VIII - PINTURAS................................................................................................93 
VIII.1 – Origem e Formas de manifestação .........................................................................93 
VIII.1.1 – Defeitos na película de pintura ........................................................................94 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
VI 
VIII.1.2 - Problemas com a natureza da tinta. ..................................................................94 
VIII.1.3 - Problema com a natureza do substrato .............................................................96 
VIII.1.4 - Aplicação em condições inadequadas ..............................................................96 
VIII.2 – Medidas preventivas ...............................................................................................97 
VIII.2.1 - Preparo inadequado do substrato ou ausência de preparação...........................97 
VIII.2.2 - Aplicação em substrato instável .......................................................................97 
VIII.2.3 - Aplicação em base húmida...............................................................................98 
VIII.5 – Medidas correctivas ................................................................................................99 
CAP IX – PRINCÍPIOS DE DIAGNÓSTICO.......................................................................100 
CONCLUSÃO........................................................................................................................102 
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................104 
 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
VII 
ÍNDICE DE FIGURAS 
Fig. 1 - Célula de corrosão em betão armado [10] ...................................................................10 
Fig. 2 - Fissuração do betão devido às forças de expansão dos produtos da corrosão [10] .....11 
Fig. 3 - Deterioração progressiva devida à corrosão das armaduras [10].................................11 
Fig. 4 - Recobrimento precário – pilar apresenta “ninhos” e armadura principal sem 
recobrimento.............................................................................................................................12Fig. 5 - Fraca qualidade do betão e respectiva vibração (ninhos e materiais estranhos 
incorporados) ............................................................................................................................16 
Fig. 6 – Aspectos de juntas de argamassa irregulares ou mal preenchidas [14].......................19 
Fig. 7 - Cunhal mal executado e esquema para correcta execução [14]...................................20 
Fig. 8 – Aspecto do tubo de drenagem da caixas de ar (solução correcta, esquerda, e 
incorrecta, direita) [14]. ............................................................................................................21 
Fig. 8 – Exemplos de colocação incorrecta de isolamento térmico na caixa de ar ..................23 
Fig. 9 – Exemplos de correcção de pontes térmicas [14]. ........................................................26 
Fig. 10 - Fissuração típica de alvenaria devida a excessiva sobrecarga [10] ...........................28 
Fig.11 - Padieira para porta maior que a necessária, resultando futuramente na fissuração ao 
longo da padieira inicial ...........................................................................................................29 
Fig. 12 - Fissuração de alvenaria no contorno de vão de janela devido à concentração de 
tensões [10]...............................................................................................................................29 
Fig. 13 - Solução para o caso da fig. 12 [10]............................................................................29 
Fig. 14 - Fissuração de paredes de alvenaria devida a apoio transversal de uma viga [10] .....30 
Fig, 15 - Fissuração de paredes de alvenaria devido a carga excêntrica [10]...........................30 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
VIII 
Fig.16 - Fissuração característica de divisórias de alvenaria devida a deformação excessiva do 
pavimento inferior [10].............................................................................................................32 
Fig. 17 - Fissuração característica devida a deformação do pavimento superior [10] .............32 
Fig.18 - Fissuração característica devido a deformação semelhante dos pavimentos superior e 
inferior [10] ..............................................................................................................................32 
Fig.19 - Fissuração característica em vãos de alvenaria devida a deformação excessiva do 
pavimento inferior [10].............................................................................................................33 
Fig.20-Fissuras na alvenaria e destacamentos no encontro com a estrutura em decorrência da 
deflexão das vigas em consola [10]..........................................................................................33 
Fig.21- Fissura provocada pela deformação da viga lintel de sustentação da parede ..............33 
Fig. 22 - Fissuras provocadas por assentamentos diferenciados de fundação assente sobre 
secção mista [10] ......................................................................................................................35 
Fig. 23 - Fissuras devidas a assentamentos diferenciais em edificação assente sobre aterro mal 
compactado...............................................................................................................................35 
Fig. 24 - Fissura provocada pelo abatimento da base -aterro mal compactado........................35 
Fig. 25 - Fundações contínuas, fissuras de flexão sobre as aberturas [10]...............................36 
Fig, 26 - Assentamento diferencial entre pilares provocando o aparecimento de fissuras 
inclinadas nas paredes [10].......................................................................................................37 
Fig.28 – Deslocamento do revestimento por eventual argamassa bastante rica em cimento...41 
Fig. 29 – Destacamento por má qualidade das argamassas [4] ................................................42 
Fig. 30 - Empolamento resultante de dilatações térmicas por ausência de juntas [12] ............48 
Fig.31 - Fissura em parede causada pela movimentação térmica de laje de cobertura [10] ....49 
Fig.32 - Fissuração entre a estrutura e a alvenaria, por questões térmicas, devido à má 
concepção e pormenorização da cobertura [4] .........................................................................50 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
IX 
Fig, 33 - Fissuração de paredes inseridas em estrutura reticulada de betão armado, devido a 
variações térmicas da estrutura [10] .........................................................................................50 
Fig. 34 - Fissuração de paredes divisórias devida ao movimento da laje de cobertura em 
terraço por efeito da variação de temperatura [10]...................................................................50 
Fig. 35- Juntas móveis de apoio das lajes de cobertura na sua estrutura de suporte. 
Pormenores construtivos [10]...................................................................................................51 
Fig. 36 – Fissuração entre a alvenaria e estrutura, provocado pela contracção da alvenaria 
devido à variação da humidade dos materiais ..........................................................................52 
Fig, 37-Fissuraçâo de paredes de alvenaria devido a variação de humidade [10]....................54 
Fig. 38 - Fissuração típica de viga isostática sub-armada, solicitada à flexão [10]..................55 
Fig. 39 - Fissura de esforço de corte em viga alta de betão armado, com provável entrada de 
água de chuva para o interior da edificação [1]........................................................................56 
Fig, 40-Fissuração típica em viga de betão armado devido a esforços de torção [10].............56 
Fig. 41 - Fissuras típicas em pilares de betão armado [10] ......................................................57 
Fig.42 - Descolamento da pintura do pavimento em armazém – pintura executada antes da 
secagem total do betão (higróscopicidade do betão). ...............................................................61 
Fig.43 - Efeito da humidade da floreira sobre a pintura -tanto a película como a argamassa 
acham-se pulverulentas e em desagregação. ............................................................................62 
Fig.44 – Camadas de impermeabilização [10] .........................................................................63 
Fig. 45 - Mecanismo de formação de eflorescências e criptoflorescências [5]. .......................64 
Fig. 46 - Humidade ascendente de águas freáticas em paredes interiores [4] ..........................64 
Fig. 47 - Humidade ascendente de águas superficiais numa parede exterior. A “linha” é aqui 
perfeitamente visível [4]...........................................................................................................64 
Fig. 48 - Sistema de drenagem com seixo rolado ou brita [10]................................................66 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
X 
Fig. 49 – Princípio de funcionamento dos drenos atmosféricos (ou de Knapen) e dreno em 
material plástico utilizado actualmente (dreno Speedy) [5]. ....................................................67 
Fig. 50 – Esquema geral do funcionamento do processo electro – osmótico [5] .....................67 
Fig. 51 - Causas do bolor em forro de casa de banho: excesso de vapor de água, material 
empregado no revestimento, ventilação precária [10]..............................................................72 
Fig. 52 - Formação de bolor, devido à condensação da humidade resultante da utilização de 
compartimento. Provavelmente por razõesde ventilação precária [4].....................................73 
Fig. 53 -Algumas soluções de projectos dificultam a remoção imediata do vapor para o 
exterior, fazendo com que as superfícies das paredes e tecto fiquem humedecidas, 
particularmente nos períodos de chuva, quando as janelas são mantidas totalmente fechadas 
[10] ...........................................................................................................................................76 
Fig. 54 - 0 alinhamento de portas e janelas pode dificultar circulação de ar pêlos ambientes 
facilitando o aparecimento e proliferação de bolor [10]...........................................................76 
Fig. 55 - A geometria e dimensões das saliências introduzidas sobre as superfícies das 
fachadas vão determinar o maior ou menor grau da dissipação dos fluxos de água da chuva 
que se forma na superfície [10] ................................................................................................79 
Fig. 56 - Desenvolvimento de bolor na região do contorno da janela devido a infiltração de 
água pela junção caixilho/parede [4] ........................................................................................79 
Fig.57 - Formação de bolor, película de pintura destruída - parede com infiltração de água da 
chuva pela ausência de impermeabilização pelo lado exterior [4] ...........................................79 
Fig. 58 - Infiltração de água da chuva devido a problemas na cobertura, danificando o 
revestimento e pondo risco à instalação eléctrica.....................................................................81 
Fig. 59 - A drenagem de um tubo de queda feita directamente no solo é um dos motivos mais 
frequentes da patologia [10]. ....................................................................................................82 
Fig. 60 - Escorrimentos de ao longo da parede [4]...................................................................84 
Fig. 61– Manifestação de eflorescências na base de uma parede [5] .......................................87 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
XI 
Fig. 62 – Eflorescências do “ tipo 2” [4] ..................................................................................89 
Fig. 63 - Eflorescências “tipo 2”-por falta de tomada da junta entre as pedras, a água atinge o 
cimento cola, reagindo com a cal criando um depósito de sal .................................................89 
Fig. 66 - Fissuração e descolamento da película de pintura, provocada pela variação 
dimensional da madeira ............................................................................................................95 
Fig. 67 - Efeito da humidade do substrato em pintura com baixa resistência ao ataque por 
agentes biológicos [4]...............................................................................................................95 
Fig.68 - Enrugamento da película de pintura, devido a incompatibilidade das varias camadas 
do sistema de pintura, secagem muito rápida ou espessura muito elevada [4]. .......................96 
Fig. 64 - Efeito dos sais solubilizados do substrato sobre a pintura por efeito de humidade de 
infiltração [10] ..........................................................................................................................98 
Fig.65 - Efeito da humidade do solo sobre a pintura. Tanto a película como a argamassa 
acham-se pulverulentas e em desagregação [5]........................................................................98 
Fig. 66 - Diagnóstico de intervenção diagrama de fluxo [10] ................................................101 
 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
XII 
ÍNDICE DE QUADROS 
Quadro 1 – Danos do revestimento – manifestações, aspectos, causas prováveis e reparações 
[10] ...........................................................................................................................................42 
Quadro 2 – Características da humidade nas paredes devida à água superficial e à água 
freática ......................................................................................................................................65 
Quadro 3 – Soluções para correcção de anomalias [4].............................................................68 
Quadro 4 – Variação da resistência térmica de parede em alvenaria de tijolo maciço em 
função da humidade existente na parede [10] ..........................................................................75 
Quadro 5 – Tipos e Caratcerísticas das Eflurescências [10] ....................................................85 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
1 
INTRODUÇÃO 
O tema “ Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios” é suficientemente vasto para 
não poder ser tratado com plenitude numa única monografia. Contudo, dissertar sobre este 
tema torna-se um desafio na intenção de fazer o melhor, não procurando o óptimo, mas 
apenas contribuir com a esperança que a leitura do texto, que se procura dar uma estrutura 
clara, simples e acessível, possa conquistar novos entusiasmos para a causa das patologias. 
Para a concretização desta monografia foram tido em conta conhecimentos adquiridos ao 
longo da vida profissional do seu autor, assim como a consulta de bibliografia relacionada 
com o tema, pretendendo descrever de uma forma sumária as patologias mais correntes em 
edifícios, sem qualquer intenção de se exaustiva, face às condicionantes temporais definidas 
para a sua realização, deixando desta forma um pequeno contributo. 
Assim, numa primeira fase procede-se à caracterização e classificação das várias patologias, 
sua formas de manifestação e causas associadas, passando finalmente à análise das medidas 
preventivas e correctivas, de forma dar cumprimento às exigências funcionais que lhes estão 
associadas. 
A monografia está estruturada em nove capítulos: 
• No primeiro é feita uma abordagem genérica ao problema em análise, designadamente 
o apontar de razões para o sistemático repetir de erros na Construção Civil, 
conducente ao aparecimento de múltiplas avarias, muito relacionado com o problema 
da não qualidade. São, ainda, identificados os casos basilares e mais exemplares 
resultantes desta situação. 
• No segundo capítulo, o primeiro do corpo do texto, propriamente dito, são abordados 
os problemas decorrentes da corrosão das armaduras em estruturas de betão armado, 
procurando-se definir a origem das causas e propondo-se medidas preventivas e 
correctivas para esta matéria. 
• O terceiro capítulo faz referência às alvenarias, abordando de uma forma não 
exaustiva a execução de paredes duplas (sistemas de isolamento térmico e correcção 
das pontes térmicas), passando a enumerar o tipo de patologias associadas a estes 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
2 
elementos da construção, nomeadamente a fissuração e formas de minimizar o 
problema. 
• O quarto capítulo faz referência ao tipo de patologias que mais vulgarmente ocorrem 
nos revestimentos, no caso (argamassa), sua origem e formas de actuação preventivas 
e correctivas. 
• O quinto capítulo faz referência ao tipo de patologias que ocorrem com bastante 
frequência nas edificações (fissuração), procurando-se analisar a sua origem e 
manifestações. 
• O sexto capítulo vai dirigido para os problemas derivados das humidades, que tanto 
afectam os edifícios criando condições de insalubridade, procedendo-se à apresentação 
das principais formas de humidade em paredes, suas causas e respectivas acções 
preventivas e correctivas, na tentativa de minimizar ou reparar o problema. 
• O sétimo capítulo faz referência aos mecanismos associadosà formação de sais na 
superfície ou no interior das alvenarias, formando depósitos que originam 
eflorescências, suas causas e diferentes formas de ocorrência, procurando arranjar um 
conjunto de medidas preventivas quer correctivas que façam face a esta patologia. Por 
vezes, devido à natureza desses sais e à sua distribuição espacial nas alvenarias, 
verificamos a impossibilidade física de se proceder à sua remoção total, consistindo 
muitas das vezes na mera ocultação. 
• No oitavo capítulo é feita uma abordagem aos problemas relacionados com os 
sistemas de pintura, as patologias que lhes estão associadas, medidas preventivas e 
correctivas para a obtenção de resultados satisfatórios. 
• Por fim, no nono capítulo, é feita uma breve referência à forma de diagnóstico das 
causas patológicas e proposta de sistematização da mesma. 
Acredita-se que o presente trabalho poderá ser um documento útil para pequenas e médias 
empresas que, pela sua dimensão, não possuam uma estrutura e quadro técnico abrangente e 
sólido. Complementarmente, julga-se que poderá ainda mostrar-se válido e aproveitável para 
técnicos e alunos de engenharia e arquitectura, construtores, fiscalizações, proprietários e 
investidores, enumerando um conjunto de técnicas e alertando igualmente para os problemas 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
3 
que mais se verificam no nosso parque habitacional, tendo por objectivo não cometer os 
mesmos erros efectuados anteriormente. 
 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
4 
CAP I – GENERALIDADES 
I.1 – Porque se repetem os insucessos 
A patologia de edifícios pode hoje ser considerada um ramo da ciência da construção, em 
grande parte derivada da modernização tecnológica induzida no pós-guerra (1939/45) e de 
alguns insucessos decorrentes de novas soluções tecnológicas. Não deixa, porém, de ser 
surpreendente que continuem correntemente a fazer parte do cardápio muitos dos insucessos 
cujo diagnóstico de causas e formas de prevenção são conhecidos há quase cinquenta anos 
[8]. 
Limitando-nos aos aspectos referentes a exigências de habitabilidade, onde avultam 
normalmente as questões relativas a manifestação de humidades, condensações, infiltrações, 
problemas térmicos, deficiências de ventilação, ruído, degradação de aspecto geral da 
construção, etc., são inúmeras as situações deste tipo que se vêem repetindo ao longo dos 
anos, que na maior parte dos casos seriam previsíveis (e passíveis de serem facilmente 
evitadas) desde as fases de projecto e/ou construção. O que está então a falhar neste processo? 
A exposição de algumas das razões possíveis constitui, deste modo, o objecto da presente 
monografia [1]. 
Em Portugal, muito embora haja uma preocupação crescente com a qualidade da Construção, 
principalmente por parte dos construtores, com um incremento nos seus métodos de controlo 
e com a certificação das empresas, continua a verifica-se que os edifícios construídos nos 
últimos anos não apresentam a qualidade esperada. Pode mesmo afirmar-se que há milhares 
de fogos, construídos recentemente, com patologias muito graves que condicionam a sua 
utilização. Esta situação traduz-se em inúmeras reclamações por parte dos utentes e no 
descrédito de alguns construtores (é usual a responsabilização única dos construtores pelos 
defeitos de uma construção, quando em inúmeros casos essas anomalias resultam de má 
concepção dos edifícios por parte dos projectistas) [8]. 
A resolução definitiva de algumas dessas anomalias revela-se por vezes impossível de realizar 
e noutras situações com custos elevados de reparação. Todo este processo provoca nos utentes 
dos edifícios um desgaste psicológico e custos associados, bem como reclamações e perda de 
confiança para as empresas construtoras. Neste sentido a adopção, no decorrer de todo o 
processo construtivo, de medidas e disposições construtivas que minimizem a ocorrência de 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
5 
anomalias será sempre uma boa opção, além do que se traduzirá, por um lado, num aumento 
da qualidade e, por outro, por uma diminuição de custos. 
A falta de sistematização do conhecimento, a ausência de informação técnica, a inexistência 
de um sistema efectivo de garantias e de seguros, a velocidade exigida ao processo de 
construção, as novas preocupações arquitectónicas, a aplicação de novos materiais, a 
inexistência na equipa de projecto de especialistas em física das construções são algumas das 
causas fundamentais da não qualidade dos edifícios [8]. 
I.2 – Consequências técnicas da não qualidade – patologias 
No sector da construção, as formas mais comuns da não qualidade são os sinistros que 
aparecem aquando da sua utilização. 
A não-qualidade não se limita a esses sinistros, os erros comerciais, projectos incompletos, 
acidentes, mau planeamento orçamentário, calendarização etc. 
Cabe ressaltar que a identificação da origem do problema permite identificar, também para 
fins judiciais, quem cometeu a falta. 
Assim: 
• Se o problema teve origem na fase do projecto, o projectista falhou; 
• Quando a origem está na qualidade do material, o fabricante errou; 
• Se na etapa de execução, trata-se de falha de mão-de-obra/empreiteiro ou da 
fiscalização; 
• Se na etapa de uso, a falha é da operação e manutenção. 
Uma elevada percentagem das manifestações patológicas tem origem nas etapas de 
planeamento e projecto, sendo estas, em geral, mais graves que as falhas de qualidade dos 
materiais ou má execução. 
Segundo Messeguer: “ O êxito e a qualidade do produto final, bem como o custo do mesmo, 
dependem grandemente da qualidade do projecto que se tem” [2]. 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
6 
I.3 – Causas das patologias 
Quase sempre as anomalias decorrem da conjugação de vários factores adversos, confluência 
essa que se pode dar simultaneamente no tempo, ou suceder em sequência com acumulação 
de efeitos, até ao limiar de desencadeamento do processo. Tal concentração de factores é 
normalmente tanto mais necessária quanto mais improváveis são as anomalias em jogo. 
A tipificação das causas de anomalias em edifícios é tarefa extremamente difícil e, 
possivelmente, não alcançável numa forma única e coerente. Esta dificuldade resulta, entre 
outros, dos seguintes aspectos [12]: 
• A grande variedade de elementos e materiais que constituem um edifício; 
• A multiplicidade de funções a desempenhar pelos vários componentes de um edifício 
e a diferenciação existente entre os critérios de aceitabilidade de ocorrências 
prejudicando diferentes funções; 
• A grande complexidade do meio ambiente envolvente de um edifício e a larga margem 
de actuação que os seus utentes podem ter; 
• As várias fases por que passa um edifício, incluindo a concepção, projecto, 
construção, utilização, manutenção e demolição; 
• A grande ligação entre causas e efeitos dos vários fenómenos que se podem 
desenvolver simultaneamente, o que gera situações em que um mesmo acontecimento 
é consequência dum fenómeno a montante e ao mesmo tempo é causa de um outro 
fenómeno a jusante. 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
7 
CAPÍTULO II – CORROSÃO DE ARMADURAS EM BETÃO ARMADO 
II.1 – Introdução 
Várias são as vezes em que o profissional de engenharia civil se vê diante de um problema de 
corrosão de armaduras nas estruturas de betão armado. 
Como as variáveis que intervêm no processo tem origem em diferentes fontes, em muitas 
situações não é fácil, nem rápido, explicar o porquê de uma estrutura corroída, quando tantas 
outras em tudo semelhantes e similares não apresentamo problema. A justificativa mais 
cómoda, em geral, é atribuir o facto à falta de recobrimento adequado de betão. 
O recobrimento de betão tem a finalidade de proteger fisicamente a armadura e propiciar um 
meio alcalino elevado que evite a corrosão passiva do aço. Essa protecção depende, portanto e 
essencialmente, das características e propriedades intrínsecas do betão. Aos diferentes tipos de 
betões deverão corresponder diferentes recobrimentos, mantendo o mesmo nível de protecção. 
Por outro lado, o meio ambiente no qual se insere a estrutura e que, em última instância, é o 
agente promotor de eventual corrosão, também deve ser considerado. É de se esperar que 
regiões com atmosfera seca e "pura" não agridam tanto a estrutura quantas atmosferas 
húmidas e fortemente contaminadas por gases ácidos. 
Como manter uma mesma exigência de recobrimento sem considerar esses factores regionais? 
Aumentar o recobrimento, em geral, significa aumentar as dimensões das peças ou manter as 
dimensões e aumentar as secções de aço, ou seja, aumentar o custo da estrutura. 
Também a região onde se encontra o componente estrutural, laje, vigas, pilares ou paredes e a 
própria natureza, devem ser levados em conta. Lajes em ambientes húmidos podem sofrer 
muito mais o fenómeno da condensação do que elementos verticais. Da mesma forma, pilares 
semi-enterrados poderão ter problemas de corrosão mais rapidamente que pilares em 
ambientes interiores e secos. 
Neste capítulo, pretende-se ressalvar a importância da consideração desses factores no 
problema da protecção das armaduras de betão armado, chegando a sugerir alguns aspectos 
principais de engenharia preventiva e de engenharia correctiva. Para tal, inicia-se analisando 
simplificadamente o mecanismo da corrosão e algumas propriedades básicas dos betões, 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
8 
conhecimentos necessários à interpretação dos fenómenos e ao entendimento da patologia das 
estruturas de betão armado [3, 8, 10, 12]. 
II.2 – Origem e formas de manifestação 
O processo de produção e uso de uma estrutura compreende, normalmente, várias etapas: 
• Planeamento e concepção; 
• Projecto e especificações; 
• Selecção e recepção dos materiais e componentes elaborados fora do estaleiro da obra; 
• Execução, propriamente dita; 
• Utilização de construção após conclusão. 
Tem-se observado, por experiência, que a maior incidência de problemas de corrosão são 
originados por deficiências no projecto, especificações e falhas de execução. A maioria dos 
projectos não prevê diferentes betões ou diferentes recobrimentos de um mesmo betão, 
segundo a posição que o componente estrutural ocupa na obra ou segundo a agressividade do 
meio ambiente onde a estrutura será inserida. Da mesma forma, durante a execução não são 
tomados os cuidados necessários com a colocação dos dispositivos que asseguram o 
recobrimento do betão, tais como pastilhas e espaçadores. A composição do betão, sua 
porosidade, descarga e cura adequada são, em alguns casos, parâmetros e técnicas 
construtivas desconhecidas do engenheiro ou encarregados das obras. 
Como evitar ninhos em junta de betonarem? Como aumentar a compacidade superficial do 
betão? Como curar superfícies verticais, ou mesmo fundos de vigas e lajes? Como especificar 
o recobrimento da armadura de um pilar de garagem ou do pavimento térreo (deve ser 
diferente dos demais?). O desconhecimento ou pequena importância dada a esses aspectos 
durante as etapas de projecto e execução são, na maior parte dos casos, os factores que dão 
origem aos problemas de corrosão [10, 12]. 
Pode-se definir corrosão como a interacção destrutiva de um material por reacção química, ou 
electroquímica, com o meio ambiente. 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
9 
Basicamente, são dois os principais processos de corrosão que podem sofrer as armaduras de 
aço para betão armado: a oxidação e a corrosão, propriamente dita. 
Por oxidação entende-se o ataque provocado por uma reacção gás-metal com formação de 
uma película de óxido. Este tipo de corrosão é extremamente lento à temperatura ambiente e 
não provoca deterioração substancial das superfícies metálicas, salvo se existirem gases 
extremamente agressivos na atmosfera. 
Por corrosão, propriamente dita, entende-se o ataque de natureza preponderantemente 
electroquímica que se dá em meio aquoso. Ela ocorre quando se forma uma película de 
electrólito sobre a superfície dos varões ou barras de aço. Esta película é causada pela 
presença de humidade, em geral sempre presente no betão [10]. 
O mecanismo de corrosão do aço no betão é electroquímico, tal qual a maioria das reacções 
corrosivas em presença de água ou ambiente húmido (humidade relativa > 60%). Esta 
corrosão conduz à formação de óxido/hidróxidos de ferro (produtos de corrosão, 
avermelhados, pulverulentos e porosos, denominados “ferrugem”) e só é possível nas 
seguintes condições: 
• Deve existir um electrólito; 
• Deve existir uma diferença de potencial; 
• Deve existir oxigénio. 
A formação de uma célula ou pilha de corrosão electroquímica pode ocorrer como indicado 
na fig. 1, que explícita graficamente o fenómeno. 
Como em qualquer outra célula, há um ânodo, um cátodo, um condutor metálico e um 
electrólito. Qualquer diferença de potencial entre as zonas anódicas e catódicas acarreta o 
aparecimento de corrente eléctrica. Dependendo da magnitude dessa corrente e do excesso de 
oxigénio poderá ou não haver corrosão. 
A água está sempre presente no betão e geralmente em quantidades suficientes para actuar 
como electrólito, principalmente nas regiões da obra expostas à intempérie. Qualquer 
diferença de potencial que se conduza entre dois pontos da barra, por diferença de humidade, 
aeração, concentração salina, tensão no betão e no aço, etc., é capaz de desencadear pilhas ou 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
10 
cadeias de pilhas conectadas em série. Na maioria das vezes formam-se micropilhas que 
podem, inclusive, alternar de posição os pólos. 
 
Fig. 1 - Célula de corrosão em betão armado [10] 
É necessário, também, que haja oxigénio para a formação da ferrugem cuja reacção de 
formação pode ser simplificadamente indicada por: 
4 Fe + 3O2 + 6 H 2 O 4 Fe (OH) 3 (ferrugem) 
Na realidade, as reacções são mais complexas e o produto de corrosão, denominado ferrugem, 
nem sempre é Fe (OH)3, mas sim uma gama de óxidos e hidróxidos de ferro. 
A corrosão pode ser acelerada por agentes agressivos contidos ou absorvidos pelo betão. 
Entre eles podem-se citar os iões sulfuretos, iões cloretos, o dióxido de carbono, os nitritos, o 
gás sulfídrico, etc. Os agentes agressivos permitem a formação de corrosão, ou destroem a 
película já existente de passivação do aço, acelerando a corrosão. 
Nas regiões em que o betão não é adequado, ou não recobre ou recobre deficientemente a 
armadura, há a formação de óxidos de ferro que passam a ocupar volumes três a dez vezes 
superiores ao volume original do aço da armadura, originando tensões no betão superiores a 
15 MPa. Essas tensões provocam inicialmente a fissuração do betão na direcção paralela à 
armadura corroída, o que favorece a carbonatação e a penetração do CO2 e agentes agressivos, 
podendo causar o fissuramento do betão, conforme figura 2. 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
11 
 
Fig. 2 - Fissuração do betão devido às forças de expansão dos produtos da corrosão [10] 
 
Fig. 3 - Deterioração progressiva devida à corrosão das armaduras [10] 
Essa fissuração acompanha, em geral, a direcção da armadura principal e, mais raramente, a 
direcção dos estribos, a nãoser que estejam à superfície. Na maioria das vezes aparecem 
manchas castanhas avermelhadas na superfície do betão e bordos das fissuras. 
É típico da corrosão, predominantemente electroquímica em meio aquoso, a descontinuidade 
do fenómeno ao longo da extensão da armadura principal. Verifica-se, geralmente, a 
alternância de trechos não alterados com trechos fortemente corroídos [3, 10, 12]. 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
12 
II.3 – O papel do recobrimento no betão 
Uma das grandes vantagens do betão armado é que ele pode, por natureza e desde que bem 
executado, proteger a armadura contra a corrosão. Essa protecção baseia-se no impedimento 
da formação de células electroquímicas, através de duas maneiras: 
• Protecção física; 
• Protecção química. 
II.3.1 – Protecção física 
Um bom recobrimento de armadura com um betão de boa compacidade, sem " ninhos”, com 
teor de cimento adequado e homogéneo, garante, por impermeabilidade, a protecção do aço 
ao ataque de agentes agressivos externos [3]. 
 
Fig. 4 - Recobrimento precário – pilar apresenta “ninhos” e armadura principal sem recobrimento 
II.3.2 – Protecção química 
Em ambiente altamente alcalino forma-se na superfície do aço uma película protectora de 
carácter passivo. O betão tem carácter alcalino porque as reacções de hidratação dos silicatos 
de cálcio libertam hidróxido de cálcio que se dissolve em água e preenche os poros e capilares 
do betão, conferindo-lhe um carácter alcalino. O hidróxido de cálcio tem um pH da ordem de 
12,6 (à temperatura ambiente) que proporciona a passivação do aço, conforme experiências 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
13 
efectuadas por Pourbaix. Pode-se adoptar, como referência, que a armadura estará 
normalmente passiva, quando em meio alcalino apresente um pH entre 10,5 a 13 [3]. 
II.4 – Causas da corrosão 
II.4.1 – Carbonatação do betão 
A corrosão de superfícies metálicas expostas a gases ácidos de atmosferas urbanas e 
industriais e a salinidade presente na atmosfera marinha, contribuem para a rápida redução da 
alcalinidade do betão, aumentando a velocidade e profundidade de carbonatação e, 
consequentemente, a perda de passividade da armadura. Nas superfícies dos componentes 
estruturais a alta alcalinidade inicial do betão vai sendo reduzida com o tempo. Essa redução 
ocorre essencialmente pela acção do C02 presente na atmosfera e outros gases ácidos, tais 
como gás sulfídrico e dióxido de enxofre, que penetram no betão por difusão. Esse processo, 
denominado carbonatação do betão dá-se lentamente [3, 8, 12]. 
II.4.2 - Características do meio ambiente 
As atmosferas, nas quais poderão estar inseridas as estruturas de betão, podem ser 
classificadas em atmosferas rurais, urbanas industriais, marinhas e viciadas. Como a 
atmosfera viciada, entende-se aquela resultante de ambientes fechados e específicos, tais 
como galerias de águas pluviais, interceptores e colectores de esgoto, cozinhas industriais e 
outros ambientes. 
A característica principal de atmosferas urbanas e industriais é que elas possuem elevados 
teores de óxidos de enxofre e fuligem ácida que se depositam por impacto sobre as superfícies 
dos componentes estruturais, penetrando no seu interior por difusão gasosa. A acção danosa 
dessas atmosferas, deve ser considerada sempre em conjunto com a humidade relativa da 
região, pois se não for atingida a humidade critica não haverá risco de corrosão acentuada [3, 
8, 12]. 
II.4.3 – Agentes agressivos presentes na atmosfera 
O agente agressivo mais intenso é o cloreto, presente em atmosferas marinhas (até 
aproximadamente 5 km da costa). 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
14 
Pequenos teores de cloreto podem ser responsáveis por grande intensidade de corrosão, pois 
eles não são incorporados aos produtos de corrosão, actuando na maioria dos casos como 
catalizados das reacções electroquímicas. 
Outros aniões, tais como sulfatos e amónia, podem actuar de modo similar, porém, sempre 
com intensidades menores [3, 8, 12]. 
II.4.4 – Agentes agressivos incorporados ao betão 
É usual na maioria das vezes, por absoluto desconhecimento dos técnicos envolvidos, a 
incorporação de elementos agressivos durante a amassadura do betão. 
O agente agressivo mais comum é o cloreto, que pode ser adicionado involuntariamente ao 
betão, a partir de aditivos aceleradores de presa, agregados e águas contaminadas. A grande 
maioria dos aditivos aceleradores de presa e endurecedores tem, na sua composição, cloreto 
de cálcio. 
Concentrações de cloretos iguais ou superiores a 700 mg/1 retiram a perda de passividade ao 
aço, além de reduzirem, significativamente, a resistividade eléctrica do betão. Os agregados 
de regiões próximas ao mar e águas contaminadas ou salobras também podem conter cloretos, 
na maioria das vezes sob a forma de cloreto de sódio, elemento abundante na orla marítima 
(vulgar sal). 
Embora não muito comum, o que também pode acarretar problemas, é o emprego de 
agregados com concentrações ferruginosas, na maioria decorrentes de rochas em alteração. Os 
produtos das reacções podem ser ácidos, que irão contribuir para o aceleramento do fenómeno 
de carbonatação superficial do betão, reduzindo a protecção química do recobrimento. 
Praticamente, todos os revestimentos nos quais predominem a cal e o cimento portland como 
aglomerantes, não acarretam problemas á armadura, podendo até pelo contrário, auxiliar na 
protecção. Não é o caso põe exemplo de outros revestimentos, à base de gesso. O sulfato de 
cálcio tem carácter ácido, principalmente quando decorrente da obtenção de fertilizantes. Esse 
subproduto industrial pode originar pastas e argamassas com pH por volta de 6 que, 
consequentemente, por serem porosos e higroscópicos, podem contribuir para o aumento da 
corrosão das armaduras. Da mesma forma, há que ter cuidado no emprego indiscriminado de 
argamassas prontas [3, 8, 10, 12]. 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
15 
II.4.5 – Qualidade do betão de recobrimento 
A carbonatação superficial dos betões é variável conforme a natureza de seus componentes, o 
meio ambiente e as técnicas construtivas de transporte, descarga e cura utilizada. Como 
consequência a profundidade de carbonatação é de difícil previsão e também variável dentro 
de amplos limites. 
Tendo a relação água/cimento papel preponderante na permeabilidade dos betões, é natural 
que tenha grande influência na velocidade de carbonatação. A cura da superfície dos 
componentes estruturais tem um papel importantíssimo na protecção contra a corrosão. Com 
tratamentos adequados, é possível evitar-se a retracção superficial e a consequente micro e 
macro-fissuração que poderiam permitir a penetração de agentes agressivos. 
Outro aspecto que deve ser ressalvado é o relativo à homogeneidade do betão e à 
uniformidade do recobrimento. Sendo a corrosão um fenómeno essencialmente 
electroquímico, regiões porosas ou de pequeno recobrimento, alternadas com regiões densas e 
com maior recobrimento, podem gerar pilhas de corrosão e concentração diferencial 
aumentando o risco de corrosão ou acelerando uma corrosão já iniciada [3, 10, 12]. 
II.5 – Medidas preventivas 
II.5.1 – Na etapa de projecto 
Alguns dos principais factores a considerar, na etapa de projecto, são [10, 12]: 
• Avaliar agentes agressivos da atmosfera no local de implantação da obra; 
• Avaliar as condições higrotérmicas do local de implantação da obra; 
• Especificar recobrimentos maiores ou betão de melhor qualidade para as armaduras de 
componentes semi-enterrados, garagens, casas de banho, áreas de serviço, coberturas e 
exteriores; 
•Evitar proximidade de diferentes metais e tratamentos metálicos superficiais. 
II.5.2 – Na etapa de recepção dos materiais 
Alguns dos principais factores a considerar, na etapa de recepção de materiais, são [10, 12]: 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
16 
• Determinar teor de agentes agressivos nos adjuvantes ou aditivos, nos agregados e na 
água de amassadura; 
• Rejeitar barras de aço excessivamente corroídas; 
• Preparar pastilhas de argamassas ou adquirir pastilhas plásticas. 
II.5.3 – Na etapa de execução 
Alguns dos principais factores a considerar, na etapa de execução, são [10, 12]: 
• Evitar betões com relação água/ cimento superior a 0,55; 
• Não permitir o derrame de agentes agressivos sobre as barras e fios de aço nos stocks; 
• Empregar agregados com dimensão máxima característica da mesma ordem de 
grandeza da espessura do recobrimento; 
• Aumentar o teor de argamassa dos primeiros betões lançados sobre juntas de 
betonagem; 
• Cuidar da vibração do betão para evitar ninhos; 
• Curar, pelo menos 15 dias, as superfícies do betão; 
• Evitar revestimentos neutros ou ácidos à base de gesso; 
• Promover a hidrofugação periódica (manutenção) das superfícies de betão aparente; 
• Proteger temporariamente os arranques ou esperas. 
 
Fig. 5 - Fraca qualidade do betão e respectiva vibração (ninhos e materiais estranhos incorporados) 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
17 
II.6 – Medidas correctivas 
Antes de se decidir por um certo procedimento de recuperação e protecção contra a corrosão, 
devem ser efectuadas análise e diagnósticos precisos do caso patológico ocorrido. 
As medidas correctivas devem ser tomadas em função das causas e origens específicas de 
cada problema. 
De um modo geral, a recuperação desse tipo de fenómeno patológico é delicada e requer mão-
de-obra especializada. 
Consiste basicamente em três etapas: 
• Limpeza rigorosa, de preferência com jacto de areia e apicoamento de todo o betão 
solto ou fissurado, inclusive das camadas de óxidos e hidróxidos das superfícies das 
barras; 
• Análise criteriosa da possível redução da secção transversal das armaduras atacadas. 
Se necessário, colocar novos estribos e/ou novas armaduras longitudinais. Sempre que 
for empregue solda, deve-se controlar o tempo e temperatura por forma de evitar a 
mudança das estruturas do aço; 
• Reexecução do recobrimento das armaduras de preferência com betão bem adensado. 
Este recobrimento tem a finalidade de: 
• Impedir a penetração de humidade, oxigénio e agentes agressivos até as armaduras; 
• Recompor a área da secção de betão original; 
• Propiciar um meio que garanta a manutenção da capa protectora no aço. 
Esse novo recobrimento pode ser executado através de qualquer procedimento que atenda aos 
requisitos abaixo mencionados: 
• Betão projectado com espessura mínima de 5 cm. Esse betão tem boa aderência ao 
betão velho e não requer formas, no entanto tem a desvantagem de acarretar perda de 
material e sujar o ambiente; 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
18 
• Adesivos à base de epóxi para união do betão velho com o novo, sendo este aplicado 
no local por método tradicional. Esta solução apresenta vantagens em relação a 
anterior, pois impermeabiliza a armadura definitivamente, impedindo que, mesmo 
com carbonatação superficial, haja corrosão. No entanto, ela tem a desvantagem de 
requerer formas e de dificultar a compactação e adensamento do betão novo. 
Geralmente este procedimento acarreta secções finais maiores que as iniciais com 
prejuízo estéticos; 
• Betões e argamassas poliméricas obtidas de resinas à base de epóxi ou metil-
metacrilatos. Eles possuem alta durabilidade, impermeabilidade, aderência ao betão 
velho e a armadura, porém necessitam formas e requerem mão-de-obra especializada e 
teste prévios de desempenho, pois há muita flutuação nas características destes 
produtos. Esses betões e argamassas têm a vantagem de não acarretarem problemas 
estéticos pois podem ser moldados em pequenos espaços disponíveis; 
• Betões e argamassas especiais para “grauteamento” (“graute” é uma palavra de origem 
brasileira que simboliza um betão ou argamassa que permite enchimento e 
descofragem rápida, porque proporciona uma resistência à compressão mais rápida 
num curto espaço de tempo e que ao ser aplicado se auto nivela com cura ultra-rápida. 
Pode também ser injectado ou projectado. “Grout” em inglês, cite-se o "jet-grouting" 
como a técnica de injecção de calda no terreno como reforço.). Estes produtos não 
apresentam retracção, tem boa aderência e podem ser auto adensáveis, não exigindo 
aumento de secção, além da original. Pode, algumas vezes, requerer cofragem; 
• Betões e argamassas mais comuns, bem proporcionados, com baixa relação 
água/cimento e aplicados com forma e dentro das técnicas de bem construir. Essa 
solução geralmente exige grande aumento de secção e requerem auto conhecimento de 
tecnologia de betão para segurar a aderência do betão velho ao novo; 
• Finalmente, cabe reforçar que, devem ser identificadas e sanadas as causas. Caso isso 
não seja observado, corre-se o risco de acarretar corrosão em outros locais, por se 
haver criado mais descontinuidade na estrutura, além das originalmente existentes. 
Quando a causa é devida a cloretos incorporados ao betão, a melhor solução pode não ser 
simples e em geral requer respostas específicas para cada caso [3, 10, 12]. 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
19 
CAP III - ALVENARIAS 
III.1 – Introdução 
A qualidade da execução das alvenarias depende de forma significativa de aspectos que 
dificilmente se definam ou quantificam no projecto, nomeadamente da qualificação dos 
operários, sua destreza e atitude geral face às estratégias de planeamento e controlo da obra. 
Assim face à diversidade de pormenores, operações, variantes de execução, tradições 
regionais e outras variáveis envolvidas, pretende-se registar uma partilha de vivências ligadas 
à execução, validadas pela experiência e pelo conhecimento técnico [10, 14]. 
III.2 – Execução de alvenaria em zona corrente 
Os tijolos são elementos cerâmicos resultantes da cozedura da pasta de argila, e como tal, 
sendo porosos, absorvem facilmente água por contacto. Assim, antes de serem assentes devem 
ser molhados, pois sem este cuidado absorvem parte da água da amassadura da argamassa o 
que a torna desagregável. 
0 assentamento do tijolo, deve ser realizado de modo que as juntas verticais e horizontais 
fiquem desencontradas de pelo menos 1/3 do comprimento do tijolo (“matar ajunta”). As 
juntas, com espessura final de cerca de 10 mm, devem ser realizadas com argamassa pouco 
consistente preenchendo completamente o intervalo entre tijolos. 
 
Fig. 6 – Aspectos de juntas de argamassa irregulares ou mal preenchidas [14] 
A opção pelo preenchimento das juntas verticais tem sido motivo de alguma polémica nos 
meios técnicos ao longo dos últimos anos. Em defesa do não preenchimento, são usados 
argumentos relativos à economia e à má qualidade natural das juntas verticais, devido a 
dificuldades de execução. No entanto, em paredes sujeitas a solicitações horizontais e em 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
20 
paredes com cargas excêntricas aplicadas, considera-se vantajosa a opção pelo seu 
preenchimento, não obstante a reduzida contribuição para o aumento da resistência da parede 
à compressão. 
Nos cunhais e esquadrias das paredes deverá haver um cuidado especial de modo que os 
tijolos fiquem bem travados entre si. Nos cunhais das paredes de fachada, ombreiras e outras 
extremidades de parede em contacto com o exterior, é fundamentalque o tijolo não fique com 
os furos voltados para o exterior. Na ausência de tijolos de formato especial para estas 
situações, pode usar-se o tijolo furado corrente, ao alto (furação na vertical) cortado para as 
dimensões convenientes, mas sempre devidamente travado. 
 
Fig. 7 - Cunhal mal executado e esquema para correcta execução [14] 
Nos cunhais, como nos restantes cruzamentos de paredes é muito vantajoso que as fiadas das 
duas direcções estejam niveladas, para permitir um adequado travamento. Nos casos em que 
se pretenda uma maior rigidez da ligação, podem aplicar-se grampos metálicos na junta 
horizontal ligando as duas [14]. 
III.3 – Execução de paredes duplas 
A elevação dos dois panos da parede dupla pode ser feita em simultâneo ou de forma 
sequencial. A execução simultânea dos 2 panos facilita a aplicação dos grampos de ligação 
mas apresenta, em geral, maiores dificuldades de execução. 
Na execução de paredes duplas devem ser adoptadas as medidas e precauções descritas para 
as paredes simples com as seguintes particularidades [14]: 
Identificação e Tratamento de Patologias em Edifícios 
21 
• Execução da meia cana ou caleira que remata o fundo da caixa de ar, com aplicação de 
tubos de drenagem (em plástico) salientes para o exterior (espaçados de cerca de 2 
metros); 
• Os tubos de drenagem devem recolher as águas do fundo da caleira e conduzi-las ao 
exterior, através de inclinação dada a estes. Deverá igualmente providenciar-se uma 
saliência em relação ao revestimento final não inferior a 15 mm. Face a eventuais 
incertezas relativa à espessura final dos revestimentos, os tubos devem ficar mais 
compridos, para posterior alinhamento por corte. 
• A limpeza da caixa de ar e em particular a caleira é um dos aspectos mais importantes 
da execução de paredes duplas. 
 
Fig. 8 – Aspecto do tubo de drenagem da caixas de ar (solução correcta, esquerda, e incorrecta, direita) [14]. 
III.4 - Isolamento térmico em paredes duplas 
III.4.1 -Isolamento térmico pelo interior 
É pouco frequente a realização de isolamento térmico pelo interior, uma vez que reduz a 
inércia térmica, aumenta o risco de condensações no interior da parede e obriga a cuidados 
especiais de revestimento (reboco armado, forros de madeira, revestimento com gesso 
cartonado, etc.). A aplicação de isolamento térmico pelo interior é executada após a conclusão 
e secagem das alvenarias e deve ser encarada como uma actividade de revestimento especial 
[14]. 
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22 
III.4.2 - Isolamento térmico pelo exterior 
Do ponto de vista do comportamento térmico das construções, o isolamento térmico pelo 
exterior constitui a solução mais eficaz, proporcionando uma elevada inércia térmica e 
reduzindo o risco de condensação no interior das paredes. Face às características dos isolantes 
disponíveis e às exigências funcionais dos revestimentos das paredes de fachada, incluindo a 
sua durabilidade e resistência às intempéries, este tipo de isolamento térmico é feito com 
recurso a técnicas mais complexas, das quais se destacam, entre outras, as seguintes soluções: 
• Revestimento sintético delgado armado sobre isolamento térmico; 
• Isolamento térmico pelo exterior sob placas rígidas de revestimento independente, 
com caixa de ar (“bardage”). 
A primeira solução exige um bom desempeno do suporte, uma vez que as placas rígidas de 
isolamento térmico (poliestireno expandido) são coladas directamente à parede e sobre elas é 
executado um reboco delgado armado, com rede de fibra de vidro ou polipropileno. Deste 
modo, as irregularidades da parede afectam de imediato a qualidade do assentamento das 
placas e o aspecto final do revestimento. 
 Nos sistemas com revestimento independente, este é constituído por placas rígidas assentes 
sobre uma estrutura secundária colocada sobre a parede e o seu aspecto e desempenho não 
dependem do isolamento térmico, uma vez que este fica encostado à parede e separado do 
revestimento exterior por um espaço de ar ventilado. 
Qualquer destes sistemas é utilizado sobretudo em acções de reabilitação, sendo aplicável 
com igual desempenho em construções novas. A sua aplicação não interfere com a construção 
das paredes de alvenaria, uma vez que só tem lugar algum tempo após a conclusão destas, 
sendo assumida como uma actividade de revestimento, embora com características especiais 
[14]. 
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23 
III.4.3 - Isolamento térmico na caixa de ar 
III.4.3.1 - Materiais rígidos 
Os materiais destinados ao isolamento térmico das paredes podem apresentar-se sob a forma 
de placas rígidas com espessuras correntes de 3 a 5 cm. A colocação deste tipo de placas na 
caixa de ar de uma parede dupla deve obedecer às seguintes exigências: 
• O material deve ser imputrescível, indeformável e apresentar uma reduzida absorção 
de humidade (dado que resistência térmica da parede com o aumento do teor de 
humidade diminui, tendo por origem a não garantia de total estanquicidade da parede 
exterior); 
• As placas de isolamento térmico devem estar aprumadas, encostadas à face exterior da 
parede interior e fixas por grampos. Esta deverá estar desempenada de forma a 
facilitar a circulação de ar. 
As placas devem constituir uma barreira contínua sem juntas verticais ou horizontais abertas 
entre elas, de modo a impedir fenómenos de convecção entre as suas duas faces. 
 
Fig. 8 – Exemplos de colocação incorrecta de isolamento térmico na caixa de ar 
A colocação de placas rígidas do isolamento deve ser coordenada com a sequência de 
operações da execução das alvenarias, uma vez que inviabiliza, por exemplo, o levantamento 
simultâneo dos 2 panos de parede (exterior e interior). 
A colocação de placas rígidas do isolamento deve ser coordenada com a sequência de 
operações da execução das alvenarias, uma vez que inviabiliza, por exemplo, o levantamento 
simultâneo dos 2 panos de parede (exterior e interior). 
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As placas de material isolante não hidrófilo podem ser aplicadas entre os dois panos de parede 
sem caixa de ar. Verifica-se todavia que a contribuição da caixa de ar remanescente (com 
largura mínima livre de 2 cm), trás significativas vantagens do ponto de vista da prevenção de 
problemas ligados à humidade, quer no que respeita às infiltrações exteriores, quer às 
eventuais condensações devidas à difusão do vapor de água proveniente do interior do edifício 
[14]. 
III.4.3.2 - Materiais flexíveis 
Os materiais de isolamento térmico flexíveis, apresentam-se em geral em rolos, com larguras 
variáveis entre 0,60 e1,20 m, o que permite que sejam cortados com a altura da parede a 
isolar. 
Estes materiais têm uma maior versatilidade na adaptação a zonas irregulares da construção 
mas apresentam diversas condicionantes de fixação em zona corrente. 
 Para uma correcta colocação e garantia, devem ser aplicados e fixos através de dispositivos 
adequados depois de construída a parede interior, o que obriga a inverter a ordem do processo 
de construção, isto é, obriga à construção da parede exterior em último lugar, a partir de 
andaimes exteriores e com maiores dificuldades na limpeza final da caleira da caixa de ar. 
 A utilização de materiais de isolamento térmico flexíveis sem caixa de ar, fixados ao pano 
exterior da parede, poderia permitir a construção posterior da parede interior, mas está 
limitada, em geral, pela elevada capacidade de absorção de água destas mantas e pela 
fragilização da parede exterior nos pontos de fixação, que poderão constituir zonas 
preferenciais para a entrada de água [14]. 
III.4.3.3- Materiais projectados 
Os materiais projectados são geralmente compostos sintéticos com grande capacidade de 
aderência, baixa porosidade e insensíveis à água. Têm como vantagem a facilidade de cobrir 
todas as zonas irregulares da construção, incluindo pequenos ressaltos e reentrâncias, 
garantindo a continuidade total da camada isolante. 
Apresentam no entanto duas importantes limitações [14]: 
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• A primeira diz respeito à necessidade da construção da parede exterior só após a 
aplicação do isolante, como já sucedia nos materiais flexíveis; 
• A segunda à dificuldade de garantir uma espessura uniforme da camada isolante. 
III.4.3.4 - Materiais a granel 
A utilização de isolamentos térmicos a granel obriga ao preenchimento total da caixa de ar, o 
que poderá ser feito por etapas ou no fim da parede executada antes da execução da última 
fiada. O sistema é pouco corrente e apresenta as seguintes condicionantes [14]: 
• É necessário garantir o total preenchimento da caixa de ar, sem vazios ou zonas de 
diferente compacidade (o que é particularmente difícil em paredes com aberturas ou 
outros elementos singulares); 
• É necessário garantir que o material não sofre qualquer compactação ou adensamento 
natural com o tempo, que provoque a diminuição do volume que ocupa na caixa de ar; 
• O material deve ser imputrescível, não absorvente e insensível à água; 
• A face exterior do pano exterior deve ser impermeável à água mas permeável ao vapor 
de água; 
• Deve ser garantida a drenagem do fundo da caixa de ar, apesar de totalmente 
preenchida com material granular, mas impedindo que os grânulos de isolante saiam 
ou obstruam os tubos de drenagem. 
III.4.3.5 - Materiais injectados 
Os materiais injectados são constituídos por espumas, cujas misturas são normalmente 
efectuadas no local, recorrendo a equipamento próprio. Esta técnica está reservada em geral a 
situações de reabilitação em que não é viável a alteração das faces exterior e interior da 
parede. A execução deve ser feita por pessoal especializado que tenha meios para garantir e 
verificar o integral preenchimento da caixa de ar, o que, mais uma vez, se torna 
particularmente difícil nas paredes recortadas ou de geometria irregular e nas paredes com 
grampeamento entre os dois panos. Uma vez que este sistema implica o preenchimento total 
da caixa de ar, exige-se a sua total insensibilidade à acção da água. 
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A aprovação da injecção de espumas na caixa de ar implica a verificação prévia das 
características físicas e químicas da espuma no tempo, nomeadamente a sua estabilidade 
dimensional e a eventual libertação de gases nocivos resultantes de solventes. 
Ao aplicar-se em situações de reabilitação de paredes que não tenham tido qualquer correcção 
inicial das pontes térmicas, este sistema agravará, inevitavelmente, essa situação, pelo que 
deve ser utilizado com reserva [14]. 
III.5 – Correcção das pontes térmicas 
O projecto deve definir com exactidão o tipo de correcção da ponte térmica a executar assim 
como criar as condições necessárias de aplicação e compatibilização entre os diversos 
elementos estruturais. 
A correcção das pontes térmicas, consiste na protecção (interior ou exterior) da estrutura de 
betão armado e outros pontos singulares da construção que apresentam menor resistência 
térmica do que as paredes de alvenaria, com uma forra de tijolo furado, sendo utilizado com 
muita frequência, tijolo furado de 7 cm. 
Do ponto de vista da execução, as correcções interiores são mais fáceis de executar que as 
protecções exteriores. 
No caso das protecções exteriores, é frequente que a laje de piso tenha uma aba saliente 
(rebordo) em relação ao alinhamento exterior dos pilares e das vigas, que permite o apoio 
total ou parcial da referida forra da estrutura em alvenaria. Nestas situações é particularmente 
delicada a colocação de tijolo na face exterior da viga, abrangendo também o topo da laje. 
Este tijolo não pode naturalmente ser considerado como um apoio do pano superior. 
 
 
 
 
 
Fig. 9 – Exemplos de correcção de pontes térmicas [14]. 
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Na zona dos pilares, as dificuldades são menores, desde que se planeie correctamente o 
travamento da parede e a transição da dimensão corrente para a dimensão de protecção. As 
forras devem se concluídas antes das alvenarias, uma vez que poderiam constituir um factor 
de descontinuidade grave na parede com grande probabilidade de fissuração posterior. 
Existem várias técnicas de correcção das pontes térmicas, mas que não serão abordadas nesta 
monografia [3, 12, 14]. 
III.6 – Patologias das alvenarias 
III.6.1 – Origem e formas de manifestação 
Inúmeros factores intervêm na resistência final de uma alvenaria a esforços axiais de 
compressão, tais como: 
• Resistência mecânica dos componentes de alvenaria e da argamassa de assentamento; 
• Módulos de deformação (longitudinal e transversal) dos componentes da alvenaria e 
da argamassa; 
• Dimensões e rugosidade superficial dos componentes de alvenaria; 
• Poder de aderência da argamassa; 
• Espessura e tipo das juntas adoptadas; 
• Dimensões da parede. 
Diversos estudos já foram efectuados em várias partes do mundo, procurando-se correlacionar 
a resistência final de uma alvenaria com todos os factores mencionados, tendo-se tirado 
desses estudos algumas conclusões importantes) [1, 3, 6, 10, 12]: 
• A resistência da alvenaria é inversamente proporcional a quantidade de juntas de 
assentamento; 
• Componentes assentes com juntas travadas, produzem alvenarias com resistência 
significativamente superior àquelas, onde os componentes são assentes com juntas 
verticais aprumadas 
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• A resistência da parede não varia linearmente com a resistência do componente de 
alvenaria, nem com a resistência da argamassa de assentamento 
• De forma geral, as fissuras em alvenarias carregadas axialmente começam a surgir 
muito antes de serem atingidas as cargas limite de ruptura. 
• As fissuras que se manifestam nas alvenarias, decorrentes de sobrecarregamentos, são 
geralmente verticais originando-se da deformação transversal da argamassa de 
assentamento e dos próprios componentes de alvenaria. Em casos muitos específicos, 
contudo, podem aparecer fissuras horizontais em ocorrência do esmagamento da 
argamassa de assentamento (caso bastante raro) ou em ocorrência da ruptura dos 
próprios componentes de alvenaria (tijolos maciços com pequena resistência a 
compressão ou blocos vazados horizontalmente, com paredes muitos delgadas. 
Um factor de primordial importância no fissuramento de alvenarias é a presença de aberturas 
de portas e janelas, em cujos vértices ocorrem acentuadas concentrações de tensões. Na 
prática, procura-se combater essa concentração de tensões através da construção de vergas 
sobre as aberturas, esquecendo-se na maioria das vezes que também na região dos vértices 
inferiores das janelas a concentração de tensões é bastante significativa. 
 
Fig. 10 - Fissuração típica de alvenaria devida a excessiva sobrecarga [10] 
As fissuras nos contornos dos vãos, podem assumir diversas configurações em função da 
influência dos seguintes factores: 
• Dimensões do painel de alvenaria; 
• Anisotropia dos materiais constituintes; 
• Magnitude das tensões desenvolvidas; 
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• Dimensões da abertura e localização da mesma na parede. 
 
Fig.11 - Padieira para porta maior que a necessária, resultando futuramente

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