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COMPREENSÃO E PRÁTICA TEXTUAL 
 
 
(CPT) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor Otavio Meloni 
 
 
 
 
Niterói 2010 
INTRODUÇÃO 
 
AS DIFERENTES LINGUAGENS 
 
 
A enciclopédia eletrônica Wikipédia nos apresenta linguagem como qualquer e 
todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos 
através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser 
percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias 
espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, 
constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da 
linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar 
conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos. 
Podemos dizer que o homem se comunica por intermédio de diversas linguagens, 
entre as quais queremos destacar: 
 
- linguagem verbal; 
- linguagem visual; 
- linguagem corporal; 
- linguagem sonora; 
 
 
- A linguagem verbal é a que mais utilizamos, pois é a responsável por nossa 
comunicação direta. Falamos e ouvimos o tempo todo, todos os dias. Além disso, tem 
desdobramentos muito importantes como a escrita (registro gráfico da linguagem 
verbal) e, mais recentemente, o “internetês”, que alguns enquadram na escrita e outros 
preferem destacar em classificação especial. 
No registro escrito, encontramos, de modo geral, duas formas: a culta (formal) e a 
popular (informal). As duas convivem harmonicamente até os limites do bom senso. Há 
ocasiões em que apenas o registro formal é recomendado, mas, na grande maioria das 
vezes, praticamos uma mescla das modalidades formal e informal. 
 
- A linguagem visual pode ser expressa de muitas maneiras. Cinema, fotografia, 
desenho artístico, artes plásticas e arquitetura são algumas delas. Talvez, em nosso 
cotidiano tenhamos mais contato com uma ou outra via de representação da linguagem 
visual, mas somos diretamente influenciados por ela. O cinema, sem dúvida, por sua 
capacidade, de divulgação e a fotografia, por intermédio da evolução digital e da 
facilidade de registrar imagens, são as vias mais “populares” desta modalidade. 
 
- A linguagem corporal é outra que utilizamos diariamente sem nos apercebermos. Nas 
últimas décadas os estudos sobre ela foram intensificados e muitas teorias surgiram, 
principalmente sobre como a linguagem corporal pode demonstrar nossos estados de 
humor, de sentimentos e intenções. Um grande exemplo disso é a famosa forma de 
percepção de duas pessoas que estão se seduzindo. Alguns cientistas já comprovaram 
que há uma tendência de um reproduzir os mesmos gestos do outro como um “efeito 
espelho”, o que revelaria o interesse amoroso. Em outros espaços, encontramos a 
linguagem corporal inserida em meios artísticos como no teatro, onde os atores 
trabalham este tipo de linguagem para interpretar e expressar de maneira mais aguda o 
texto da peça, e na dança, onde sem a interferência da fala, o corpo se comunica 
exclusivamente por seus gestos, movimentos e delimitações de espaço. 
 
 
- A linguagem sonora está relacionada diretamente aos diversos sons que emitimos, 
criamos ou aprendemos a utilizar como código de comunicação. O caso mais erudito é o 
encontrado no universo musical, mais especificamente em composições instrumentais. 
As músicas adicionadas de letra também representam linguagem sonora, mas já 
atravessadas pela linguagem verbal. Além disso, alguns sons nos indicam algo de 
maneira instantânea, como o barulho da chaleira no fogão, o despertador pela manhã, o 
microondas, o toque do telefone (ainda mais com a personalização de toques de celular) 
e etc. 
 
Vamos ver a música da Legião Urbana e compreender um pouco como através da 
linguagem escrita as diversas linguagens pode se manifestar: 
 
Vamos fazer um filme 
 
Achei um 3x4 teu e não quis acreditar 
Que tinha sido há tanto tempo atrás 
Um bom exemplo de bondade e respeito 
Do que o verdadeiro amor é capaz 
A minha escola não tem personagem 
A minha escola tem gente de verdade 
Alguém falou do fim-do-mundo, 
O fim-do-mundo já passou 
Vamos começar de novo: 
Um por todos, todos por um 
O sistema é mau, mas minha turma é 
legal 
Viver é foda, morrer é difícil 
Te ver é uma necessidade 
Vamos fazer um filme 
O sistema é mau, mas minha turma é 
legal 
Viver é foda, morrer é difícil 
Te ver é uma necessidade 
Vamos fazer um filme 
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te 
amo."? 
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te 
amo."? 
Sem essa de que: "Estou sozinho." 
Somos muito mais que isso 
 
 
 
Somos pingüim, somos golfinho 
Homem, sereia e beija-flor 
Leão, leoa e leão-marinho 
Eu preciso e quero ter carinho, 
liberdade e respeito 
Chega de opressão: 
Quero viver a minha vida em paz 
Quero um milhão de amigos 
Quero irmãos e irmãs 
Deve de ser cisma minha 
Mas a única maneira ainda 
De imaginar a minha vida 
É vê-la como um musical dos anos 
trinta 
E no meio de uma depressão 
Te ver e ter beleza e fantasia. 
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te 
amo."? 
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te 
amo."? 
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te 
amo."? 
E hoje em dia, vamos Fazer um filme 
Eu te amo 
Eu te amo 
Eu te amo
 
1 - Os trechos sublinhados representam alguns dos tipos de linguagem citados 
anteriormente. Você é capaz de identificá-los? 
 
2 – No verso “E hoje em dia, como é que se diz: ‘Eu te amo’?” podemos identificar 
algum problema com relação a capacidade expressiva da linguagem? Por quê? 
 
 
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Ler um texto não é apenas identificar as palavras que o formam. Um texto é o resultado 
de uma combinação de palavras, sentidos e significados que convergem para algo 
maior, para uma nova maneira de pensar determinado assunto ou mesmo de contar uma 
estória. Veja o exemplo abaixo: 
 
Se escrevermos no papel apenas a palavra “porco”, logo identificaremos se tratar do 
animal porco. Porém, combinada com outras palavras em outras situações, a mesma 
palavra pode ganhar novos sentidos. Veja: 
 
“Aquele homem que entrara no bar, tinha roupas sujas e uma arma na cintura. Olhou 
para a menina com desejo e agarrou-a como um porco.” Aqui a mesma palavra já 
aparece modificada, agora, ser porco está relacionado com a maneira selvagem com que 
o homem agarrou a menina. 
 
Outro exemplo é o famoso dito popular que diz: 
 
“Quem se mistura com porcos, farelos come”.Aqui, a palavra “porcos” está associada 
ao animal correspondente, mas para criar um novo sentido. No ditado, fica claro que a 
utilização de “porcos” serve para denunciar um comportamento individual ou a ideia de 
que somos produto do lugar e das pessoas com que convivemos. 
 
 
Resumo Parcial: Nessa aula você irá aprender como identificar a linha central de um 
texto e como, a partir disso, elaborar sua opinião crítica sobre o assunto ali debatido. 
 
 
- Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do DF, 
ex-Ministro da Educação e atual senador Cristóvam Buarque, foi questionado sobre o 
que pensava da internacionalização da Amazônia. Um jovem americano introduziu sua 
pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro. Esta 
foi a resposta do Senador Cristóvam Buarque: 
 
 
INTERNACIONALIZAÇÃO ?? 
 
De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da 
Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse 
patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que 
sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o 
mais que tem importância para a humanidade. 
Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, 
internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão 
importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro 
Apesar disso, os donos das reservas sentem-seno direito de aumentar ou diminuir a 
extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro 
dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos 
os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. 
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego. Provocado pelas decisões 
arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras 
sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. 
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os 
grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu 
do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode 
deixar que esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja 
manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um 
milionário japonês decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes 
disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. 
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, 
mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por 
constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede 
das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria 
pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de 
Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo 
deveria pertencer ao mundo inteiro. 
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos 
de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque 
eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição 
milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do 
Brasil. Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da 
dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha 
possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, 
todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece 
cuidados do mundo inteiro. Como humanista, aceito defender a internacionalização do 
mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia 
seja nossa. Só nossa! 
 
 
No texto que você acaba de ler, o senador Cristóvam Buarque defende os interesses de 
um dos maiores patrimônios brasileiros: A Amazônia. Há muito tempo, EUA, Europa e 
Japão argumentam que o Brasil não em capacidade de cuidar da floresta amazônica, 
principal fonte de recursos naturais do mundo. A postura do senador brasileiro 
demonstra claramente sua opinião sobre o assunto: Ele é contra a internacionalização da 
Amazônia nos moldes propostos. Para afirmar sua idéia, Buarque utiliza uma série de 
argumentos e contra-argumentos à pergunta do jovem americano. Agora você vai ver 
como o texto é estruturado para cumprir a função desejada pelo seu autor: 
 
 
- Linha central do texto: Para compreendermos qualquer texto é necessário identificar 
a linha central, o tema sobre qual o texto fala. Neste caso seria: A internacionalização da 
Amazônia. 
 
 
- Ponto de vista: Aqui encaixamos a opinião do autor do texto. Se ele é a favor ou 
contra um determinado tema; se ele defende essa ou aquela opinião; se propõe 
mudanças ou prefere que as coisas continuem como estão; etc. No nosso exemplo, o 
ponto de vista do autor é: Contra a internacionalização da Amazônia da maneira como é 
proposta. 
 
 
- Estratégias de argumentação: Tais estratégias são essenciais para a confecção de um 
texto de opinião. Sem elas o autor não conseguiria defender suas ideias, muito menos 
convencer seus leitores de que sua opinião está correta, ou, ao menos, faz sentido. No 
exemplo que estamos trabalhando a estratégia do autor é: Mostrar para o público que o 
assiste e para seus leitores futuros que, se a Amazônia deve ser internacionalizada por se 
tratar de um bem da humanidade, todos os outros bens da humanidade também 
deveriam ser internacionalizados. Ao utilizar este argumento, Cristóvam mexe com os 
brios de seus leitores e de sua platéia, pois entra em um questão de soberania nacional. 
 
- Conclusão de pensamento: É o momento em que o autor amarra sua argumentação. 
Aqui se dá o golpe final. Na maioria das vezes a conclusão de pensamento em um texto 
vem através de uma reflexão, de uma pergunta ou de uma frase de impacto. No caso do 
texto que estamos vendo, a conclusão de pensamento se dá quando: O autor diz que 
“enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. 
Só nossa!”. Ao fazer isso, Cristóvam reafirma sua opinião central, demonstrando que a 
não aceitação do processo de internacionalização da Amazônia não é proveniente de sua 
falta de humanidade, mas sim da falta de humanidade que as nações ricas tem com os 
problemas do mundo em geral. 
 
 
Estes tópicos são essenciais para compreendermos um texto jornalístico, de opinião ou 
um texto acadêmico, já que se debruçam sobre questões pertinentes a este tipo de 
linguagem. É claro que ao interpretar textos literários você deverá observar outros 
pontos, perceber, por exemplo, não mais a opinião do autor, mas a intenção do autor. 
Vamos ver como isso funciona na prática, neste poema de Carlos Drummond de 
Andrade: 
 
 
Mãos dadas 
 
Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros. 
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos. 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 
 
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, 
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, 
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, 
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. 
 
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, 
a vida presente. 
 
 
No poema que você acaba de ler encontramos alguns temas muito comuns no universo 
poético: A relação do homem com o tempo; o subjetivismo1 e o dialogismo2. Tais temas 
são utilizados pelo poeta para refletir sobre a vida e seus desdobramentos. Para analisar 
um poema de maneira coerente, primeiro é preciso perceber as seguintes questões: 
 
 
- Temática: Qual a temática central do poema? Ele fala de amor, de medo, de morte, de 
sonhos, do tempo, da vida, dos homens? De que fala o poema? No caso do Texto de 
Drummond podemos dizer que o tema central é o Tempo. Mas lembre-se: um poema 
não é como um texto de opinião. Ele pode ter vários sentidos, enquanto o texto de 
opinião tem apenas um. 
 
- Como o autor fala da temática: Aqui investigamos se o autor se refere a sua temática 
de maneira tranqüila, temerosa, doentia, amorosa, tempestuosa, etc. Perceber o como é 
mais importante, na poesia, do que perceber do que o autor está falando. 
 
- Trechos chave: Todo poema tem no mínimo um trecho chave, uma passagem mais 
destacada. Reconhecer tal passagem é muito importante para caminhar com o poeta pelo 
que propõe em sua escrita. Vejamos o exemplo no poema de Drummond. Podemos 
destacar como trecho chave o momento em que o poeta diz: “Estou preso à vida e olho 
meus companheiros”. Neste ponto, Drummond assume que o que o interessa é o 
presente, e daí por diante, todo o poema é uma confirmação disso até seu final quando 
encontramos outro trecho chave: “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os 
homens presentes, / a vida presente.” 
 
Estes três tópicos são essenciais para a melhor compreensão de um poema. No entanto, 
há coisas em um poema que sentimos, antes mesmo de analisarmos. Não podemos 
esquecer que os poemas, quase em sua totalidade, mexem com o emocional do poeta e 
dos seus leitores, sendo assim, as técnicas apenasajudam a compreendê-los já que sua 
base está no sentimento da escrita e da leitura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 Proveniente de sujeito, subjetivismo significa falar consigo mesmo, expressar uma visão própria autoral. 
 
2
 Dialogismo vem de diálogo e significa estabelecer contato com o autor. Na poesia é possível ser 
subjetivo e dialógico ao mesmo tempo. 
 
FIGURAS DE LINGUAGEM 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
As figuras de linguagem são mecanismos que a língua nos oferece para dar maior 
expressividade à linguagem. Elas são responsáveis por um certo embelezamento da 
língua e podem ser utilizadas com muitos sentidos e aplicações. Além disso, as figuras 
de linguagem, quase sempre são a base dos ditos populares, dos poemas e das 
produções literárias em geral. Seu tom artístico lhe confere um status dentro da língua, 
sendo assim, seu ensino caminha lado a lado com a elaboração de novas possibilidades 
de dizer, sentir e pensar no mundo a nossa volta. 
As figuras de linguagem podem ser subdivididas em figuras de construção, de palavra, 
de pensamento e de som. Apesar desta ser uma divisão comum, o que importa é 
compreendermos que são elas as responsáveis por adicionar novos sentidos na 
linguagem, seja por meio da criação de imagens, da reformulação da escrita, da 
sonorização da letra ou da reinvenção vocabular. 
 
Veja um exemplo do efeito que as figuras de linguagem podem conferir à escrita: 
 
Os olhos de Laura são azuis. 
 
Os olhos de Laura são azuis como o mar. 
 
Os olhos de Laura são lagos serenos. 
 
 
No primeiro enunciado apenas sabíamos que os olhos de Laura eram azuis; no segundo 
já há uma comparação de seus olhos com o mar; por fim, no terceiro, já encontramos 
uma imagem que se refere aos olhos de Laura. 
 
 
 
PRINCIPAIS FIGURAS DE LINGUAGEM 
 
 
Vamos agora conhecer algumas das principais figuras de linguagem: 
 
Metáfora: Talvez a mais famosa e expressiva das figuras de linguagem. Alguns 
teóricos afirmam que a metáfora é a base dos escritos poéticos, já que sua capacidade de 
gerar imagens sintetiza o sentido maior da poesia. Na prática, a metáfora nada mais é do 
que uma comparação implícita. Isso quer dizer que comparamos sem deixar claro que 
comparamos. Vamos ver um exemplo: 
 
Sua vida é um mar de rosas. 
 
Temos uma metáfora configurada já que há uma comparação entre a vida e o mar de 
rosas sem que ela seja direta ou explícita. Por isso a metáfora é uma comparação 
implícita. Outra maneira de sabermos se se trata de uma comparação implícita ou 
explícita é observar se há ou não o conectivo comparativo (como, tanto quanto, etc). 
 
Comparação: Ao contrário da metáfora, a comparação é explícita e utiliza o conectivo 
comparativo em sua construção. Veja o exemplo: 
 
Sua vida é como um mar de rosas. 
 
 
Prosopopéia ou Personificação: É uma figura de linguagem que atribui características 
humanas a seres inanimados. Veja os exemplos: 
 
O vento cantava nas janelas abertas. 
 
Nesse interior, o mato enxerga e as paredes escutam. 
 
A lua chorou o fim daquele amor. 
 
 
Sinestesia: Consiste na fusão de diferentes sentidos em um mesmo contexto. Veja os 
exemplos: 
 
Seu olhar doce me encantou. – visão + paladar 
 
Beber teu cheiro, respirar sua voz. - Paladar + olfato / olfato + fala 
 
 
Metonímia: É a substituição de uma palavra por outra, quando existe uma relação 
lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa troca. Uma definição clássica 
para metonímia é “a parte pelo todo”, mas o seu conceito vai além disso. Podemos usar 
e reconhecer uma metonímia quando pensamos: 
 
No autor pela obra: 
 
Li Machado de Assis. – Você não leu o Machado de Assis, mas sim algum dos livros 
que ele escreveu. 
 
Estas noites tocarão Vila-Lobos. – Ninguém vai tocar Vila-Lobos, e sim alguma música 
composta pelo maestro brasileiro. 
 
No continente pelo conteúdo: 
 
O estádio aplaudiu de pé a seleção. - Não foi o estádio que aplaudiu e sim os 
torcedores. 
 
Comi um prato e depois dormi. - Prato está substituindo a comida. 
 
 
Na parte pelo todo: 
 
Vários brasileiros vivem sem teto. – Teto substitui casa. 
 
No ônibus iam vários braços enfileirados. – Braços substituem as pessoas que 
viajavam. 
 
No efeito pela causa: 
 
Suou muito para conseguir comprar seu carro. – Suor substitui o trabalho excessivo. 
 
 
Perífrase: É a designação de um ser através de alguma de suas características ou 
atributos, ou de um fato que o celebrizou. 
 
A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. (Cidade Maravilhosa = Rio de 
Janeiro) 
 
O rei do futebol deu o pontapé inicial do jogo. (rei do futebol = Pelé) 
 
 
Antítese: Consiste no uso de palavras de sentidos opostos muito próximas em uma frase 
ou verso. Vamos ver alguns exemplos: 
 
Nada com Deus é tudo. 
Tudo sem Deus é nada. 
 
Chorou de tanta felicidade. 
 
O calor de seu corpo esfriou meu coração. 
 
 
Eufemismo: esta figura de linguagem tem como principal característica suavizar 
emoções, expressões e acontecimentos que podem ser ou são desagradáveis. Vejamos 
os exemplos: 
 
Ele foi repousar no céu. - repousar no céu = morrer 
 
Ontem, na festa, você ficou alegrinho. - ficar alegrinho – beber demais. 
 
 
Hipérbole: É um exagero intencional com a finalidade de tornar mais expressiva a 
idéia. Vejamos os exemplos: 
 
Ela estava morrendo de vontade de te conhecer. 
 
Chorou rios de lágrimas. 
 
 
Ironia: Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o contrário do que 
pensamos. Este é um recurso muito utilizado por nós em nosso cotidiano quando 
fazemos comentários sobre uma pessoa, um lugar ou um comportamento que não nos 
agrada. Vejamos alguns exemplos de ironia: 
 
Que alunos inteligentes, não sabem nem somar. 
 
Se você gritar mais alto, eu agradeço. 
 
Tocava piano com a leveza de um elefante. 
 
 
Onomatopéia: Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres. 
 
Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram. 
 
Toc-Toc, estavam batendo na porta tarde da noite. 
 
E a bolinha fazia ping-pong na mesa do clube. 
 
 
Aliteração: Consiste na repetição de um determinado som consonantal (de consoantes) 
no início ou interior das palavras. Esse recurso é muito comum para dar sonoridade a 
um determinado trecho do texto ou verso de um poema. Vejamos alguns exemplos: 
 
O rato roeu a roupa do rei de Roma. 
 
“Vozes veladas, veludosas vozes, 
volúpias dos violões, vozes veladas, 
vagam nos velhos vórtices velozes 
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” 
(Cruz e Souza) 
 
 
Elipse: Consiste na omissão de um termo que fica subentendido no contexto, mas 
identificado facilmente. Vejamos exemplos: 
 
Após a queda, nenhuma fratura. – A elipse omite o ver ter, neste caso. 
 
 
Zeugma: Consiste na omissão de um termo já empregado anteriormente. Este é um 
recurso textual muito comum e que você poderá aproveitar em suas redações para evitar 
a repetição de um mesmo termo. Vejamos alguns exemplos: 
 
Foi na feira e comprou banana, tomate e cebola. – É desnecessária a repetição do verbo 
“comprar”. 
 
Eu fui até sua casa. Fiquei por alguns minutos e depois parti. – Não há necessidade 
repetir o pronome “eu” toda vez que usar um verbo. 
 
 
Pleonasmo: Consiste na intensificação de um termo através da sua repetição, 
reforçando seu significado. Em alguns casos, o pleonasmo é considerado erro 
gramatical por dar informações desnecessárias ao leitor. Porém, o pleonasmo também 
pode ser um recurso estilístico, principalmente nas letras de música e nos poemas. 
Vejamos: 
 
“É uma dor que dói no peito 
pode rir agora que estou sozinho.” 
(Renato Russo) 
 
Nós cantamos um canto glorioso. 
 
“Olhava com olhos que eu não sei” 
(Nando Reis) 
 
 
 
I – Leia o poema abaixo e classifique as figuras de linguagem sublinhadas: 
 
Amor é fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dorque desatina sem doer; 
 
É um não querer mais que bem querer; 
É solitário andar por entre a gente; 
É nunca contentar-se de contente; 
É cuidar que se ganha em se perder; 
 
É querer estar preso por vontade; 
É servir a quem vence, o vencedor; 
É ter com quem nos mata lealdade. 
 
Mas como causar pode seu favor 
Nos corações humanos amizade, 
se tão contrário a si é o mesmo Amor? 
 
(Luís de Camões) 
 
 
II – leia o texto abaixo e analise a importância das figuras de linguagem para a 
construção dos sentidos do texto e da vida de acordo com o diálogo entre o Carteiro e o 
Poeta. 
 
Trecho de O carteiro e o poeta de Antonio Skármeta 
 
 
Neruda olhou o relógio e suspirou. 
- Bem, quando você diz que o céu está chorando. O que é que você quer dizer com isto? 
- Ora, fácil! Que está chovendo, ué! 
- Bem, isso é uma metáfora. 
- E por que se chama tão complicado, se eu uma coisa tão fácil? 
- Porque os nomes não têm nada a ver com a simplicidade ou a complexidade das 
coisas. Pela sua teoria, uma coisa pequena que voa não deveria ter um nome tão grande 
como mariposa. Elefante tem a mesma quantidade de letras que mariposa, é muito 
maior e não voa – concluiu Neruda, exausto. Com um resto de ânimo indicou ao solícito 
Mario o rumo da enseada. Mas o carteiro teve a presença de espírito de dizer: 
- Puxa, eu bem que gostaria de ser poeta! 
- Rapaz! Todos são poetas no Chile. É mais original que você continue sendo carteiro. 
Pelo menos caminha bastante e não engorda. Todos os poetas aqui no Chile somos 
gorduchos. 
Neruda retomou o trinco do portão e se dispunha a entrar quando Mario, olhando o vôo 
de um pássaro invisível, disse: 
- É que se eu fosse poeta podia dizer o que quero. 
- E o que você quer dizer? 
- Bom, justamente o problema é este. Como não sou poeta não posso dizer. 
O vate apertou as sobrancelhas por cima do tabique do nariz. 
- Mario?! 
- Dom Pablo?! 
- Vou me despedir e fechar o portão. 
- Está certo Dom Pablo. 
- Até amanhã. 
- Até amanhã. 
Neruda deteve o olhar sobre o resto das cartas e logo entreabriu o portão. O carteiro 
estudava as nuvens com os braços cruzados no peito. O poeta foi até o seu lado e 
espetou-lhe o ombro comum dedo. Sem desfazer a postura, o rapaz ficou olhando para 
ele. 
- Voltei porque suspeitei que você continuava aqui. 
- É que fiquei pensando... 
Neruda apertou os dedos no cotovelo do carteiro e o foi conduzindo até o poste onde 
havia estacionado a bicicleta. 
- E você fica sentado para pensar? Se quiser ser poeta, comece por pensar caminhando. 
Ou você é como John Wayne, que não podia caminhar e mascar chicletes ao mesmo 
tempo? agora vá para a enseada pela praia e, enquanto você observa o movimento do 
mar, pode ir inventando metáforas. 
- Dê-me um exemplo!... 
- Olha este poema: ‘Aqui na ilha, o mar e quanto mar. Sai de si mesmo a cada momento. 
Diz que sim, que não, que não. Diz que sim, em azul espuma, em galope. Diz que não, 
que não. Não pode sossegar. Me chamo mar, repete se atirando contra uma pedra sem 
convencê-la. E então, com sete línguas verdes, de sete tigres verdes, de sete cães verdes, 
de sete mares verdes, percorre-a, beija-a, umedece-a e golpeia-se o peito repetindo seu 
nome.’ 
Fez uma pausa satisfeita. 
- O que você acha? 
- Estranho. 
- ‘Estranho.’ Mas que crítico severo! 
- Não, Dom Pablo. Estranho não é o poema. Estranho é como eu me sentia quando o 
senhor recitava o poema. 
- Querido Mario, vamos ver se se desenreda um pouco por que eu não posso passar toda 
a manhã desfrutando o papo. 
- Como se explica? Quando o senhor dizia o poema, as palavras iam daqui para ali. 
- Como o mar, ora! 
- Pois é, moviam-se exatamente como o mar. 
- Isso é ritmo. 
- Eu me senti estranho, porque com tanto movimento fiquei enjoado. 
- Você ficou enjoado... 
- Claro! Eu ia como um barco tremendo em suas palavras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSTUÍNDO UM BOM TEXTO 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e transmissão de 
idéias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um 
quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de televisão 
também são formas textuais. Tal como o texto escrito, juntos esses objetos geram um 
todo de sentido. Para tanto, será necessário definir algumas características do texto, 
salientando as implicações de cada uma delas, a fim de se aprofundar a análise e 
delimitar o ponto de partida. Vejamos: 
 
a) A primeira dessas características é, como referimos, a do texto como um todo 
gerador de sentido, uma totalidade. Um fragmento, uma parte (frase, palavra) 
não possui autonomia, não pode ser tomado isoladamente. Na medida em que 
cada parte liga-se ao todo, novos sentidos são percebidos. Fora do contexto (o 
texto como um todo), uma determinada parte poderá ter seu sentido original 
alterado, impedindo a depreensão do que de fato se desejou transmitir - o real 
significado do texto como expressão do autor. Há ainda uma propriedade básica 
na organização dos textos, que é a coesão; além dessa, há outra, identificada com 
os mecanismos de constituição de sentidos, que é a coerência. 
 
b) Por mais neutro que pretenda ser - como as instruções para uso de determinado 
equipamento ou uma notícia de jornal -, um texto sempre revela a perspectiva (a 
visão de mundo) que o autor constrói da realidade. Vale dizer que os textos são 
dotados de certo grau de intencionalidade, fenômeno mais notável em textos 
argumentativos; 
 
c) A visão de mundo que está na base do discurso de um autor pode ser chamada 
de ideologia, o processo de produção de significados e valores da vida social. O 
texto traz consigo, de modo mais ou menos evidente, valores identificados com 
certa cultura e formação histórica e/ou social na medida em que o autor é um 
membro da sociedade e participa das mesmas situações e valores vivenciados; 
 
d) Pelo fato de ser um produto de uma época e de um lugar específicos, há no texto 
as marcas desse tempo e espaço. Por isso, nenhum texto é um objeto 
inteiramente autônomo, há sempre um diálogo estabelecido com outros textos e 
com o contexto. O texto, ainda que implicitamente, incorpora diferentes 
perspectivas a respeito de uma mesma questão. O que se tem é uma inter-relação 
entre textos que tratam do mesmo assunto, ou de assuntos semelhantes, com, 
eventualmente, abordagens diferentes. 
 
Após descobrir que o texto é uma unidade de sentido, que pode ter diversos pontos de 
vista, estar inserido em um tempo e espaço definido, ainda é importante ressaltar que 
um bom texto deve prezar a clareza e pela objetividade. Para atingir tal êxito, são 
necessárias duas ferramentas fundamentais: a coesão e a coerência. Vamos ver um 
pouco mais sobre isso: 
 
 
COESÃO TEXTUAL 
 
A coesão é a “amarração” entre as várias partes do texto, ou seja, o entrelaçamento 
significativo entre declarações e sentenças. Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos 
de coesão: a lexical e a gramatical. 
A coesão lexical (feita por palavras) é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, 
nomes genéricos e formas elididas. Já a coesão gramatical (feita por termos gramaticais) 
é conseguida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados 
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. 
 
Vamos ver alguns exemplos de tipos de coesão: 
 
 
- Perífrase ou antonomásia - expressão que caracteriza o lugar, a coisa ou a pessoa a 
que se faz referência 
Ex.: O Rio de Janeiro é uma das cidades mais importantes do Brasil. A cidade 
maravilhosa é conhecida mundialmente por suas belezas naturais, hospitalidade e 
carnaval. 
 
- Nominalizações - uso de um substantivo que remete a um verbo enunciado 
anteriormente. Também pode ocorrer o contrário: um verbo retomar um substantivo já 
enunciado. 
 
Ex.: O testemunho do rapaz desencadeouuma ação conjunta dos moradores para 
testemunhar contra o réu. 
 
 
 
- Palavras ou expressões sinônimas ou quase sinônimas - ainda que se considere a 
inexistência de sinônimos perfeitos, algumas substituições favorecem a não repetição de 
palavras. 
 
Ex.: Os automóveis colocados à venda durante a exposição não obtiveram muito 
sucesso. Isso talvez tenha ocorrido porque os carros não estavam em um lugar de 
destaque no evento. 
 
 
- Repetição vocabular - ainda que não seja o ideal, algumas vezes há a necessidade de 
repetir uma palavra, principalmente se ela representar a temática central a ser abordada. 
Deve-se evitar ao máximo esse tipo de procedimento ou, ao menos, afastar as duas 
ocorrências o mais possível, embora esse seja um dos vários recursos para garantir a 
coesão textual. 
 
Ex.: A fome é uma mazela social que vem se agravando no mundo moderno. São vários 
os fatores causadores desse problema, por isso a fome tem sido uma preocupação 
constante dos governantes mundiais. 
 
 
- Um termo síntese - usa-se, eventualmente, um termo que faz uma espécie de resumo 
de vários outros termos precedentes, como uma retomada. 
 
Ex.: O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher uma enorme 
quantidade de formulários, que devem receber assinaturas e carimbos. Depois de tudo 
isso, ainda falta a emissão dos boletos para o pagamento bancário. Todas essas 
limitações acabam prejudicando as relações comerciais com o Brasil. 
 
 
- Pronomes - todos os tipos de pronomes podem funcionar como recurso de referência a 
termos ou expressões anteriormente empregados. Para o emprego adequado, convém 
rever os princípios que regem o uso dos pronomes. 
 
Ex.: Vitaminas fazem bem à saúde, mas não devemos tomá-las sem a devida orientação. 
 A instituição é uma das mais famosas da localidade. Seus funcionários trabalham lá 
há anos e conhecem bem sua estrutura de funcionamento. 
 A mãe amava o filho e a filha, queria muito tanto a um quanto à outra. 
 
 
- Numerais - as expressões quantitativas, em algumas circunstâncias, retomam dados 
anteriores numa relação de coesão. 
 
Ex.: Foram divulgados dois avisos: o primeiro era para os alunos e o segundo cabia à 
administração do colégio. 
 As crianças comemoravam juntas a vitória do time do bairro, mas duas lamentavam 
não terem sido aceitas no time campeão. 
 
 
- Advérbios pronominais (classificação de Rocha Lima e outros) - expressões 
adverbiais como aqui, ali, lá, acolá, aí servem como referência espacial para 
personagens e leitor. 
 
Ex.: Querido primo, como vão as coisas na sua terra - Aí todos vão bem? 
 Ele não podia deixar de visitar o Corcovado. Lá demorou mais de duas horas 
admirando as belezas do Rio. 
 
 
- Elipse - essa figura de linguagem consiste na omissão de um termo ou expressão que 
pode ser facilmente depreendida em seu sentido pelas referências do contexto. 
 
Ex.: O diretor foi o primeiro a chegar à sala. Abriu as janelas e começou a arrumar tudo 
para a assembléia com os acionistas. 
 
 
- Repetição de parte do nome próprio 
 
Machado de Assis revelou-se como um dos maiores contistas da literatura brasileira. A 
vasta produção de Machado garante a diversidade temática e a oferta de variados títulos. 
 
 
- Metonímia - outra figura de linguagem que é bastante usada como elo coesivo, por 
substituir uma palavra por outra, fundamentada numa relação de contigüidade 
semântica. 
 
Ex.: O governo tem demonstrado preocupação com os índices de inflação. O Planalto 
não revelou ainda a taxa deste mês. 
 
 
 
COERÊNCIA TEXTUAL 
 
 
Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto. É o 
instrumento que o autor vai usar para conseguir dar um sentido completo a ele. 
Em uma redação, para que a coerência ocorra, as idéias devem se completar. Uma deve 
ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de idéias entre as frases, 
elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando 
isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual. 
A coerência, portanto, é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do 
texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a 
compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, 
etc. 
 
Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual: 
 
"No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará, Fortaleza, não pudemos 
aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar" 
 
“Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.” 
 
“Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar” 
 
“Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo” 
 
 
Esses pequenos deslizes causam uma grande confusão na cabeça do leitor e evitam que 
a linha de raciocínio seja seguida objetivamente. A incoerência é uma das principais 
negatividades de um texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMBIGUIDADE 
 
A ambigüidade é um dos problemas que podem e devem ser evitados na redação. 
Ela surge quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo 
a compreensão do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a conclusões 
equivocadas na interpretação do texto. 
A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, 
expressões e até mesmo enunciados inteiros podem acarretar em duplo sentido, 
comprometendo a clareza do texto e, por conseqüência, causando incoerência. Observe 
os exemplos que seguem: 
 
- "O professor falou com o aluno parado na sala" 
Neste caso, a ambigüidade decorre da má construção sintática deste enunciado. Quem 
estava parado na sala? O aluno ou o professor? A solução é, mais uma vez, colocar 
"parado na sala" logo ao lado do termo a que se refere: "Parado na sala, o professor 
falou com o aluno"; ou "O professor falou com o aluno, que estava parado na sala". 
 
- "A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos." 
O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão nessa rua? A ambigüidade 
resulta da má colocação do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque "na rua Santos" 
mais perto do núcleo de sentido a que se refere: Na rua Santos, a polícia cercou o 
ladrão; ou A polícia cercou o ladrão do banco que localiza-se na rua Santos" 
 
- "Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com freqüência apresentam sintomas de 
irritabilidade e depressão." 
Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada pela má colocação do adjunto 
adverbial. Assim, pode-se entender que "As pessoas que, com freqüência, consomem 
bebidas alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e depressão" ou que "As 
pessoas que consomem bebidas alcoólicas apresentam, com freqüência, sintomas de 
irritabilidade e depressão". 
 
Uma das estratégias para evitar esses problemas é revisar os textos. Uma redação de boa 
qualidade depende muito do domínio dos mecanismos de construção da textualidade e 
da capacidade de se colocar na posição do leitor. 
 
 
 
1 - Em cada um dos textos a seguir, destacamos um termo. Sublinhe todos os vocábulos 
que o repetem na continuação de cada trecho. 
 
a) Diz-se que o macarrão era apenas um canudinho de massa que os chineses usavam 
para tomar bebidas. Marco Pólo não entendeu o seu uso, ensinou seus compatriotas a 
cozinhar e a comer o macarrão e transformou-o num sucesso culinário definitivo. 
 
b) A Academia Brasileira de Letras, com aqueles velhinhos viciados em mil 
gramatiquices, é um lugar em que se acredita que as pessoas têm gênero, mas não tem 
sexo. 
 
c) É preciso lutarmos até por leis menores, como, por exemplo, uma que permita às 
pessoas a mudança de nome aos dezoito anos ou aos vinte e um anos. Às vezes as 
pessoas têm que carregar, a vida inteira, nomes idiotas dados por pais idiotas porque a 
lei não lhes permite o direito de escolha. 
 
 
2- Leia o texto a seguir e responda às questões propostas. 
 
“Os ministros da Fazenda, José Silva,e do planejamento, José da Silva, e o presidente 
do Banco Central, José Silva da Silva, se deslocarão no final de semana para o coração 
do Nordeste pobre e seco. Eles vão, com deputados de toda a região e governadores, a 
Patos e Souza, na Paraíba, onde terão o retrato de uma realidade da qual nenhum 
cidadão de São Paulo tem a mínima idéia. Isso faz parte da mobilização do Nordeste por 
melhor tratamento na Constituinte”. 
 (Jornal do Brasil – adaptado) 
 
a) Que vocábulos do texto repetem o termo ministros? 
b) Que vocábulos do texto repetem se deslocarão? 
c) Que vocábulos do texto repetem Nordeste? 
d) A que termo anterior se refere o termo isso? 
e) A que termo anterior se refere o termo uma realidade e como esse mesmo termo se 
repete na seqüência do texto? 
 
 
 
3) Muitos são os processos usados para evitar a repetição de palavras num texto. O mais 
comum é a substituição por um termo equivalente, de conteúdo geral. Faça a 
substituição de palavra conforme mostra o modelo. 
 
a) O carro atropelou o cachorro e o motorista não parou para cuidar do animal. 
b) Ronaldo vestiu pela primeira vez a camisa do clube espanhol. O __________ deve 
embarcar para a Europa no fim do ano. 
 
c) Ontem esteve tensa a situação no Iraque. A população do __________ recebeu 
instruções contra um possível ataque americano. 
 
d) A polícia apreendeu a cocaína, mas não conseguiu prender os traficantes que 
trouxeram __________ da Bolívia. 
 
e) “Ficamos todos mais pobres num mundo menos bonito”, lamentou um amigo do 
pintor Alfredo Volpi ao acompanhar o sepultamento do _________ 
 
f) No balé existem tantos homossexuais quanto em qualquer profissão. O que ninguém 
percebe é que __________ é uma arte essencialmente masculina. 
 
g) As possibilidades de se contrair a aids se baseiam em dados e comportamentos da 
__________ observados até agora. 
 
h) Os militares que estiverem em motocicletas ou bicicletas não precisam mais bater 
continência ao passar por superiores, devendo apenas manter __________ em 
velocidade moderada. 
 
i) A baleia apareceu morta ontem, mas __________ foi visto boiando terça-feira e os 
ferimentos na pele do __________ mostram que morreu há cinco dias. 
 
j) Hoje, quem abre crediário para quitar uma televisão, leva __________ mas acaba 
desembolsando o equivalente a dois. 
 
 
 
4) Tente desfazer a ambiguidade das frases abaixo: 
 
 
a) Os guardas pegaram o bandido correndo na rua. 
 
b) João e Maria vão se casar. 
 
c) Eu e ela viemos de carro. 
 
d) Eu e ela compramos duas bicicletas. 
 
e) O Juiz declarou ter julgado o réu errado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEXTO VISUAL 
 
O que seria um texto visual? Muito utilizado em provas de vestibulares e concursos 
diversos, os textos visuais vem ganhando espaço na área acadêmica. São, em sua 
maioria, fotografias, charges, telas famosas (artes plásticas) e quadrinhos. Vamos 
conhecer um pouco mais de cada um deles: 
 
Fotografias 
As fotografias representam um momento estático que pouco revela sobre uma ação. Sua 
análise se baseia, quase sempre, no enquadramento e nas expressões físicas das pessoas 
retratadas. Vamos ver uma famosa fotografia de Don McCullin: 
 
 
A foto retrata um soldado norte-americano em meio a guerra do Vietnã. Sua expressão 
pode revelar muitos sentimentos e aflições. Famosa por captar o ambiente tenso que se 
vive em uma guerra, esta fotografia pode suscitar diversas interpretações. 
 
Charges 
Geralmente de caráter político, as charges buscam, através do humor da ironia, trazer a 
tona temas atuais e relevantes do cenário mundial. Muito difundidas, as charges têm 
presença garantida em jornais e revistas e está sempre presente em nosso cotidiano. 
Vamos ver um exemplo: 
 
 
 
A charge acima “brinca” com a origem humilde do Presidente Lula. Ao retratar sua 
infância no nordeste, vemos uma cena intitulada de “Ontem” na qual aparecem dois 
cactos e duas panelas vazias. Note a artimanha do chargista ao dispor tais elementos na 
mesma colocação do congresso nacional. No quadro seguinte, intitulado de “Hoje”, 
vemos o já presidente Lula diante do congresso nacional. 
 
Artes plásticas 
As artes plásticas são formações expressivas realizadas utilizando-se de técnicas de 
produção que manipulam materiais (como cores, pedra, papel, tecido, madeira, etc) para 
construir formas e imagens que revelem uma concepção estética e poética em um dado 
momento histórico. As artes plásticas estão diretamente relacionadas com a evolução do 
Homem e com suas transformações intelectuais. Os vestibulares e o ENEM têm se 
utilizado das artes plásticas para fazer com que os candidatos possam refletir sobre 
alguns temas. As mais utilizadas são as pinturas famosas que por motivos peculiares se 
destacaram em seu tempo e servem, até hoje, como referência para o pensamento 
humano. Vejamos o exemplo do quadro de Tomas Munch, 
O grito (Munch) 
 
 
 
O grito (Lobão) 
 
O grito é a fuga do silêncio 
O prenúncio de um gozo ou um sinal de 
dor 
Pode ser um aval para o covarde 
Ou para a alegria olímpica do vencedor 
Não raro é um xodó de psiquiatras 
Ou simplesmente um deleite para quem 
gosta de gritar 
O grito, pai da palavra, sogro do pânico, 
primo do desespero, 
Neto da vida e da morte, filhote do 
entusiasmo e da euforia 
A certeza da certeza faz o louco gritar 
Grito de carnaval, grito de guerra 
Geralmente as vaias são o grito do 
minuto de silêncio 
Grita o coro da tragédia 
Gritam também as menininhas da 
platéia 
O grito é o mantra do condenado 
Ou do atingido pela sorte de um bilhete 
de loteria 
Grita a boca desgrenhada do ventre 
anunciando a fome 
Grita o pastor esconjurando demônios 
na sua liturgia 
A certeza da certeza faz o louco gritar 
Encontramos a famosa tela de Tomas Munch acompanhada de um poema do brasileiro 
Lobão que, por acaso, tem o mesmo nome. Com isso queremos provocar sua reflexão: 
O poema pode dialogar com a tela? 
 
 
Quadrinhos 
Sempre que se utiliza este tipo de texto visual em um concurso ou em uma avaliação é 
dada preferência ao que conhecemos por “tirinhas”. As “tirinhas” são quadrinhos de no 
máximo quatro espaços nos quais se desenvolve uma ação rápida e, geralmente, 
engraçada. Calcado na ironia e na observação do cotidiano, este tipo de texto visual é 
muito comum nos jornais e nas revistas e bem difundido entre pessoas de várias idades. 
Vamos ver um exemplo: 
 
 
 
Na tirinha de exemplo encontramos um esquema para a criação do sentido. Primeiro 
temos o elemento dialógico, ou seja, dois personagens conversam entre si para falar do 
problema discutido. Depois podemos citar a caracterização dos personagens e do 
ambiente de guerra. Por último, temos o teor da conversa. Nela percebemos que há uma 
discussão sobre a triste e difícil situação dos civis em um cenário de guerra. Em meio 
ao combate, desarmados e sem a intenção de ferir ninguém, os civis acabam sendo os 
mais prejudicados quando um conflito deixa de ser diplomático e assume seu caráter 
bélico. Com a tirinha, o autor critica os conflitos armados evidenciando a parte que 
mais sofre e que mais é prejudicada nesse momento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEXTO NARRATIVO 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O texto narrativo é aquele que conta um episódio, acontecimento ou história. Dentro 
deste universo aparentemente simples nos deparamos com alguns elementos que são 
fundamentais para compreendermos a estrutura de uma narrativa. Sabemos que 
qualquer fato narrado, qualquer história contada ou acontecimento relatado pode se 
tornar um texto narrativo, mas, sua classificação final dependerá sempre da 
intencionalidade de quem o escreve ou conta. Vejamos um exemplo: 
 
 
“Na noite de ontem duas pessoas foram presas por suspeita de participação em um 
assalto. Houve resistência por parte de um meliante, mas a polícia conseguiu controlara 
situação.” 
 
 
“Chovia fino na cidade. Dois homens caminhavam lentamente pela avenida deserta. 
Seus passos eram nervosos e enchiam o ar com uma espécie de sentimento estranho. Ao 
se aproximarem de uma esquina, foram abordados por policias. Os dois correram. 
Iniciou-se uma perseguição. O policial mais jovem apertou o passo e alcançou o 
primeiro homem. Houve luta. Os dois rolaram pelo chão até que o sujeito foi dominado. 
Assistindo a cena, o outro se rendeu. A cidade inteira dormia sob a forte chuva fina. Na 
avenida deserta, outra vez o silêncio.” 
 
 
Note que os dois trechos tratam do mesmo acontecimento. No primeiro caso temos uma 
narração objetiva, típica das notícias de jornal. No segundo temos a valorização dos 
elementos da narrativa. Por isso, espaço, tempo, personagens e narrador ganham um 
outro aspecto. Tal acontecimento enriquece a narrativo e transforma um fato simples 
em uma história mais envolvente. 
 
Basicamente, todo texto narrativo apresenta uma estrutura que compreende: 
 
- Apresentação: Geralmente é o período inicial da história. Apresenta os fatos e 
personagens principais. É comum que já identifiquemos o tipo de narrador que será 
utilizado a partir deste momento. 
 
- Complicação ou desenvolvimento: Fase de desenrolar a história. Aqui os fatos 
começam a ser apresentados como ações que geram reações emocionais e físicas nos 
personagens. 
 
- Clímax: Ponto alto da trama. Momento em que a tensão principal da história se 
evidencia e se revela aos olhos do leitor. Quase sempre acontece nos momentos 
decisivos da trama. 
 
- Desfecho: encerramento da narração. Pode ser conclusivo (apenas completar o 
clímax) ou pode deixar algumas questões em aberto, como se a história não tivesse fim. 
 
 
Atenção: as narrativas modernas, desde as revoluções formais iniciadas no Realismo 
(séc. XIX), não seguem tão a risca esta ordenação. Há romances, contos e/ou novelas 
que começam pelo final ou pelo meio da história. Há textos que não apresentam uma 
conclusão tão clara do fato narrado. Existem histórias que abdicam o clímax e preferem 
uma narrativa diferente. Isto é, há várias maneiras de organizar uma narrativa. 
 
 
 
Elementos da Narrativa 
 
Os elementos da narrativa são: 
 
- Foco narrativo; 
- Personagens; 
- Narrador: 
- Tempo; 
- Espaço; 
 
Vamos conhecer e compreender cada um deles com mais atenção: 
 
Foco Narrativo: é o ponto de vista da narração. Pode ser em primeira ou em terceira 
pessoa o que significará o posicionamento do narrador. Histórias que contém mais de 
um narrador podem ter focos narrativos diferentes. Vamos ver um exemplo: 
 
“Aos poucos me aproximava de Carla. Era a mulher mais bela que já havia visto. Seu 
perfume modificava o ar a minha volta e seus olhos me faziam crer em novos caminhos 
de vida.” 
 
O trecho acima apresenta o foco narrativo em primeira pessoa do singular. O sujeito 
que vivencia o fato é o mesmo que narra. Podemos perceber o foco narrativo pela 
flexão dos verbos e pronomes: “me aproximava” ; “já havia” ; “me faziam”. 
 
“Aproximava-se de Carla aos poucos. A olhava como se fosse a mulher mais bela que 
já tivesse visto. Era possível perceber seu perfume e as modificações que fazia ao redor 
dele. Os olhos da moça, sem dúvida, lhe indicavam novos caminhos.” 
 
O mesmo trecho só que agora com a perspectiva em terceira pessoa. Quando utilizamos 
este tipo de foco narrativo, representamos um narrador que está de fora dos 
acontecimentos, que pode ou não conhecer todos os fatos o que, de certa forma, 
impessoaliza a narração. 
 
 
Personagens: são eles que movimentam a trama. Como em todo texto narrativo há um 
conflito, os personagens são responsáveis por representar as partes envolvidas, o que 
significa dizer que atuam como síntese da sociedade em que vivemos. Os tipos criados 
pelos autores, quase sempre, mostram as muitas faces humanas e suas reações aos fatos 
comuns e especiais da vida. Por isso é tão comum nos identificarmos ou passarmos a 
detestar um determinado personagem em uma narração. Até o meado do século XIX, 
com raríssimas exceções, os personagens eram membros quase acessórios de uma 
narrativa. A partir desta época algumas narrativas passaram a ter os personagens como 
ponto principal, desprivilegiando o enredo, o tempo e o espaço. 
 
 
Narrador: é a peça chave de uma narrativa. É através de sua voz que conhecemos os 
fatos e, por este motivo, é tão complicado afirmar que um acontecimento é real ou não. 
Um grande exemplo disso é do famoso dilema Machadiano: “Capitu traiu ou não 
Bentinho?”. A dúvida que paira sobre a história de Dom Casmurro só é possível, pois o 
narrador é o próprio homem supostamente traído. Como não há provas da traição fica 
difícil afirmar que sim ou que não, já que só temos a sua versão da história. O Narrador 
pode ser: 
 
- Personagem: quando narra os fatos e participa deles ao mesmo tempo. Conta na 
primeira pessoa e mantém uma relação íntima com os outros elementos da narrativa. 
Sua maneira de contar é fortemente marcada por características subjetivas e 
sentimentais. A proximidade com os fatos narrados revela pontos e acontecimentos que 
um narrador de fora não poderia conhecer. Porém, nunca poderemos afirmar que suas 
considerações sobre os fatos é de todo real, já que sua narrativa é parcial e não admite 
outras especulações. 
 
- Observador: conta a história do lado de fora, na 3ª pessoa, sem participar das ações. 
Ele conhece todos os fatos e por não participar deles, narra com certa neutralidade, 
apresenta os fatos e os personagens com imparcialidade. Não tem conhecimento íntimo 
dos personagens nem das ações vivenciadas. 
 
- Onisciente: conta a história em 3ª pessoa, às vezes, permite certas intromissões 
narrando em 1ª pessoa. Conhece tudo sobre os personagens e sobre o enredo, sabe o que 
passa no íntimo de cada um e conhece suas emoções e pensamentos. É capaz de revelar 
suas vozes interiores, seu fluxo de consciência. Assim o enredo se torna plenamente 
conhecido, os antecedentes das ações, suas entrelinhas, seus pressupostos, seu futuro e 
suas conseqüências. 
 
Tempo: é o responsável pela localização temporal da história. Apesar de parecer um 
aspecto simples, o tempo pode aparecer de várias maneiras dentro de uma narrativa. 
Pode ser linear e apenas delimitar se a história está sendo narrada no passado, no 
presente ou no futuro. Pode ser simultâneo e revelar fatos que ocorrem em tempos 
distintos. Pode ser alternado e variar acontecimentos no presente, passado e futuro por 
intermédio de ferramentas como o Flashback (recuperação do passado) ou Flashfoward 
(projeção do futuro). 
 
Espaço: é o responsável pela representação espacial da história. Pode ser representado 
de três formas: espaço físico; espaço social; espaço psicológico. O espaço físico é o 
espaço real, no qual os personagens se movem e os fatos se desenrolam. O espaço social 
designa o ambiente social em que os personagens se integram. A caracterização deste 
espaço é feita principalmente pela descrição dos ambientes e dos figurantes externos a 
ação. O espaço psicológico é o espaço interior da personagem, o conjunto das suas 
vivências, emoções e pensamentos. É nele que se desenrolam os conflitos pessoais e as 
reflexões acerca do mundo dos fatos narrados. 
 
 
Leia o texto abaixo e faça o que se pede: 
 
 
A PISCINA DO TIO VICTOR 
 
 
Quando o tio Víctor chegava de Benguela, as crianças até ficavam com vontade de 
fugar à escola só para ir lhe buscar no aeroporto dos voos das províncias. A maka é que 
ele chegava sempre a horas difíceis e a minha mãe não deixava ninguém faltar às aulas. 
Então era em casa, à hora do almoço, que encontrávamos o tio Víctor. E o sorriso 
dele, gargalhada tipo cascata e trovão também, nem dá para explicar aqui em palavras 
escritas. Só visto mesmo, só uma gargalhada dele já dava para nós começarmos a rir à 
toa, alegres, enquanto ele iniciava umas magias benguelenses. 
- Isto vocês de Luanda nunca viram - abriaa mala onde tinha rebuçados, 
chocolates ou outras prendas de encantar crianças, mais o baralho de cartas para magias 
de aparecer e desaparecer o ás de ouros, também umas camisas posteradas que nós, "os 
de Luanda", não aguentávamos. 
À noite deixávamos ele jantar e beber o chá que ele gostava sempre depois das 
refeições. Devagarinho, eu e os primos, e até alguns amigos da rua, sentávamos na 
varanda à espera do tio Víctor. É que o tio Víctor tinha umas estórias de Benguela que, 
é verdade, nós os de Luanda até não lhe aguentávamos naquela imaginação de teatro 
falado, com escuridão e alguns mosquitos tipo convidados extra. 
Eu já tinha dito ao Bruno, ao Tibas e ao Jika, cambas da minha rua, que aquele 
meu tio então era muito forte nas estórias. Mas o principal, embora ninguém tivesse 
nunca visto só uma foto de admirar, era a piscina que ele disse que havia em Benguela, 
na casa dele: 
- Vocês de Luanda não aguentam, andam aqui a beber sumo Tang! 
Ele ria a gargalhada dele, nós ríamos com ele, como se estivessem mil cócegas 
espalhadas no ar quente da noite. 
- Nós lá temos uma piscina enorme - fazia uma pausa dos filmes, nós de boca 
aberta a imaginar a tal piscina. - Ainda por cima, não é água que pomos lá - eu a olhar 
para o Tibas, depois para o Jika: 
- Não vos disse? 
O tio Víctor continuou assim numa fala fantasmagórica: 
- Vocês aqui da equipa do Tang não aguentam, a nossa piscina lá é toda cheia de 
Coca-Cola! 
Aí foi o nosso espanto geral: dos olhos dos outros, eu vi, saía um brilho tipo 
fósforo quase a acender a escuridão da varanda e assustar os mosquitos, nós, as 
crianças, de boca aberta numa viagem de língua salivada, outros a começarem a rir de 
espanto, de repente todos gargalhámos, o tio Víctor também, e rebentámos numa salva 
de palmas que até a minha mãe veio ver o que se estava a passar. 
Agora já ninguém me perguntava nada, falavam directamente com o tio Víctor, 
queriam mais pormenores da piscina e ainda saber se podiam ir lhe visitar um dia 
destes. 
- Vai todo mundo - o tio Víctor riu, olhou para mim, piscou-me o olho. - Vem um 
avião buscar a malta de Luanda! Preparem a roupa, vão todos mergulhar na piscina de 
Coca-Cola, nós lá não bebemos desse vosso sumo Tang. 
- Ó Víctor, pára lá de contar essas coisas às crianças - a minha mãe chegou à 
varanda. 
Ele piscou-lhe o olho e continuou ainda mais entusiasmado. 
- Não tem maka nenhuma, pode ir toda malta da rua, temos lá em Benguela a 
piscina de Coca-Cola Os cantos da piscina são feitos de chuinga e chocolate! 
Nós batemos palmas de novo, depois estreámos um silêncio de espanto naquelas 
quantidades de doce. 
- A prancha de saltar é de chupa-chupa de morango, no chuveiro sai fanta de 
laranja, carrega-se num botão ainda sai sprite - ele olhava a minha mãe, olhos doces 
apertados pelas bochechas de tanto riso, batemos palmas e fomos saindo. 
Quando entrei de novo em casa, fui lá para cima dizer boa noite a todos. Passei no 
quarto do tio Víctor, ele tinha só uma luz do candeeiro acesa. 
- Tio, um dia podemos mesmo ir na tua piscina de Coca-Cola? 
Ele fez assim com o dedo na boca, para eu fazer um pouco-barulho. 
- Nem sabes do máximo. No avião que vos vem buscar, as refeições são todas de 
chocolate com umas palhinhas que dão voltas tipo montanha-russa!, lá em Benguela há 
rebuçados nas ruas, é só apanhar e ficou a rir mesmo depois de apagar a luz, até hoje 
fico a perguntar onde é que o tio Víctor de Benguela ia buscar tantas gargalhadas para 
rir assim sem medo de gastar o reservatório do riso dele. 
Fui me deitar, antes que a minha mãe me apanhasse a conversar àquela hora. No 
meu quarto escuro quis ver, no tecto, uma água que brilhava escura e tinha bolinhas de 
gás que faziam cócegas no corpo todo. Nessa noite eu pensei que o tio Víctor só podia 
ser uma pessoa tão alegre e cheia de tantas magias porque ele vivia em Benguela, e lá 
eles tinham uma piscina de Coca-Cola com bué de chuínga e chocolate também. Vi, 
também no tecto, o jeito dele estremecer o corpo e esticar os olhos em lágrimas de tanto 
rir. 
Foi bonito: adormeci, em Luanda, a sonhar a noite toda com a província de 
Benguela. 
 
Ondjaki In: Os da minha Rua. 
O conto acima é de um jovem autor angolano chamado Ondjaki. Você se lembra que 
nas primeiras unidades de nossa apostila listamos os países que falam português no 
mundo? Pois então, Angola é um deles e sua atividade será identificar no texto os 
seguintes elementos: 
 
- Que tipo de narrador tem o texto? Justifique sua resposta. 
 
- Que espaços podemos marcar na história? 
 
- Quantos e quais são os personagens principais? 
 
- Qual o foco narrativo do texto? 
 
- Resuma a história em três linhas. Tente captar os pontos básicos em seu resumo. 
 
 
TEXTO DISSERTATIVO / ARGUMENTATIVO 
 
 
O Texto Dissertativo 
 
Também conhecido como texto de opinião ou texto argumentativo, o texto dissertativo 
tem como base dissertar sobre um determinado tema. Mas o que significa dissertar? 
Dissertar é através da organização de palavras, frases e textos, apresentar idéias, 
desenvolver raciocínio, analisar contextos, dados e fatos. Neste momento temos a 
oportunidade de discutir, argumentar e defender o que pensamos através da 
fundamentação, justificação, explicação, persuasão e de provas. Logo, um texto 
dissertativo deve obedecer a uma linguagem formal e uma estrutura pré-estabelecida. As 
regras básicas para construir um bom texto dissertativo são: 
 
- Clareza na apresentação dos argumentos; 
- Criar bons argumentos; 
- Conhecer o tema do qual se fala; 
- Dominar técnicas básicas da escrita, como a coesão e a coerência; 
- Organizar, sem contradições, suas reflexões sobre o tema; 
Vamos conhecer então os elementos fundamentais para uma boa estruturação do texto 
dissertativo: 
 
 
Tema 
 
O tema sempre será o aspecto mais importante de um texto dissertativo, pois todos os 
outros pontos de sua escrita irão girar ao seu redor. O tema comanda desde a abordagem 
até ao posicionamento que você pretende usar em sua dissertação. Para desenvolver 
bem um tema é necessário o conhecimento prévio do mesmo, saber do que se trata ou 
ao que se refere. É sempre recomendado ler jornais ou revistas e acompanhar as notícias 
mais importantes pela TV ou rádio, pois a maioria dos concursos e vestibulares, que 
cobram textos dissertativos, trabalha com temas atuais de nossa sociedade. Ao analisar 
um tema proposto é necessário se posicionar quanto a ele. Há temas que são mais 
repetidos e trazem, com isso, uma armadilha textual séria: os lugares comuns. Os 
lugares comuns devem sempre ser evitados em um texto dissertativo. Por exemplo, em 
um texto sobre meio ambiente dizer que a Amazônia é o pulmão do mundo é um lugar 
comum, pois esta definição já foi utilizada por muitas pessoas e não trará nenhuma 
novidade nem acrescentará nada ao seu texto. Outro ponto interessante é permanecer 
imparcial quando estiver diante de um tema polêmico como o aborto ou a legalização 
das drogas, por exemplo. Além disso, se houver a necessidade de se posicionar tente 
sempre ser sutil, sem ampliar a polêmica ou acrescentar outros temas ao inicial. 
 
Linguagem 
 
Como se trata de um texto de caráter mais “sério”, é recomendado que sempre se utilize 
a linguagem formal nos textos dissertativos. Isso significa dizer que não se deve utilizar 
gírias, palavrões ou linguagem de internet (abreviações, sobretudo) ao produzir um 
texto de caráter dissertativo. Outro ponto interessante é manter sempre a clareza textual. 
Para que isso ocorra, evite: 
 
- citações indevidas como: “Já falava minha avó que a vida dura apenas o necessário.” 
 
- utilização de dados que podem não ser corretos como: “noventa por cento da 
população não tem uma casa própria.” 
 
- uso de ditados populares: “mas é só esperar, pois água mole em pedra dura tanto bate 
até que fura” 
 
- vocabulário muito rebuscado: “propalada em exaustão por outrem, detentor de 
inquestionável condição analítica e epistemológica,a teoria se define enquanto 
cosmicidade pelo e, sobretudo, questionamento empírico do sujeito fragmentado”. 
 
- estrangeirismos e termos técnicos: “Propomos deletar esse assunto, mas ela quis 
continuar.” Ou “Os trâmites legais mostraram que esta jurisprudência não justifica a 
decisão arbitrária do Magistrado ao impetrar esta sentença.” 
 
 
Estrutura 
 
Antes de entrarmos na estrutura final de um texto dissertativo, temos que apresentar o 
conceito de parágrafo. O parágrafo é uma unidade textual de sentido completo que 
desenvolve uma ideia ou uma situação. Todo texto é dividido em parágrafos para 
facilitar sua compreensão e sua composição inicial. É comum encontrarmos em livros 
escolares sugestões para o número exato de palavras que um texto dissertativo deve ter. 
Porém, o que podemos é sugerir uma organização de parágrafos de acordo com o limite 
de linhas estabelecido em um concurso ou em uma prova de vestibular. Logo, o mais 
normal é que se diga que um texto dissertativo deve ter no mínimo três e no máximo 
seis parágrafos, isso pensando dentro de uma proposta de no máximo 30 linhas. Mas 
lembre-se que o número de parágrafos de seu texto estará diretamente ligado às idéias 
que tiver sobre o tem abordado. Todo texto dissertativo deve seguir a seguinte estrutura: 
Introdução; Desenvolvimento: Conclusão. De maneira simples, podemos dizer que a 
introdução diz o que você vai dizer; o desenvolvimento diz e a conclusão apenas diz o 
que você já disse. Essa analogia pode parecer simplista ou sem muito sentido, mas 
representa, exatamente, o que cada parte do texto deve ter como função básica. Vamos 
conhecer melhor as três principais partes de um texto dissertativo. 
 
 
- Introdução 
 
Neste momento o tema é apresentado. Portanto, há algumas regras básicas para se fazer 
uma boa introdução. Por exemplo: jamais inicie argumentos na introdução, pois isto 
descaracteriza a apresentação do tema e já entra na função do desenvolvimento. 
Lembre-se sempre: introduzir um tema é apresentá-lo em linhas gerais, sem muitas 
delongas. É comum que a apresentação conste de um único parágrafo e seja um discurso 
direto sobre o tema abordado. Ela será a responsável por toda a condução de seu texto, 
logo, começar bem é o melhor caminho para o resto de seu trabalho. 
 
 
- Desenvolvimento 
 
Esta é a parte na qual você inicia sua argumentação. Importante lembrar que argumentar 
não é, simplesmente, expor ideias. Argumentar é refletir sobre o tema e dessas reflexões 
extrair os pontos mais interessantes ou mais relevantes para iniciar seu debate. Esta 
parte, geralmente é apresentada entre dois e quatro parágrafos, dentro do limite 
tradicional de uma redação para concurso (30 linhas). No desenvolvimento você deverá 
se posicionar sobre o tema escolhido, portanto lembre-se daquela dica que já demos 
anteriormente: tome muito cuidado ao se posicionar diante de temas polêmicos. O seu 
posicionamento pode ser a favor, contra, imparcial ou expositivo. 
No primeiro caso é necessário que você defina sua opinião a e a partir selecione 
argumentos que possam fundamentá-la. No segundo item, lembre-se de que ser contra 
alguma coisa necessita de explicação. Há temas que podem ser abordados com opiniões 
pessoais, mas outros necessitam de uma visão social e histórica. Por isso, para ser contra 
é preciso dizer porque e justificar o posicionamento com argumentos que comprovem 
sua definição. Ser imparcial é demonstrar conhecimento sobre o tema sem decretar, 
claramente, sua opinião. Tome muito cuidado com essa postura, pois há a armadilha de 
se contradizer. Ser imparcial significa não opinar, portanto evite usar argumentos 
populares e muito ríspidos sobre o tema. Por último, você pode tratar o tema de forma 
expositiva. Aqui, caberá a você enfileirar argumentos positivos e negativos sobre o tema 
proposto, sem se posicionar, mas demonstrando os dois lados que podem envolver o 
tema. 
Logo, desenvolver um tema em um texto dissertativo significa se envolver com ele. 
Trabalhar as ideias que o envolvem e definir ou expor suas reflexões sobre ele. Este é o 
ponto primordial de sua dissertação, pois é aqui que saberemos se você escreve bem e se 
você é capaz de refletir sobre as coisas que o cercam, sobre o mundo em geral. 
 
- Conclusão 
 
É o momento final do texto. Alguns professores aconselham retomar a introdução 
justamente por sabermos que a conclusão apenas amarra tudo que foi discutido durante 
o texto. Esta dica é interessante para evitar o erro mais comum que encontramos nas 
conclusões: o parágrafo de conclusão, na verdade, conclui o último argumento do 
desenvolvimento. Ora, a conclusão é o desfecho de todo seu texto, portanto ela não 
pode falar exclusivamente de um argumento. A conclusão deve ter apenas um parágrafo 
e encerrar o texto reafirmando as posições ou exposições que você realizou durante a 
escrita. 
 
Vamos ver um exemplo de dissertação, comentado de acordo com o que vimos: 
 
UFF-2008 
Proposta número 2 – O comportamento social de hoje, quanto aos modos de 
diversão, em comparação com o passado. 
 
 
Título: Pião contra vídeo game 
 
Cada dia (1) que passa menos crianças estão nas ruas com suas “galeras” (2) para 
uma boa e velha brincadeira. 
Hoje as crianças preferem os jogos eletrônicos que a cada dia mas(3) crescem no 
mercado, e lhes devoram a mente com uma série de violência (4). 
Lembro que num(5) passado não muito disânte(6) havia crianças nas ruas 
brincando com piões, pipas, etc. Muitas brincadeiras foram perdidas com o 
aparecimento dos jogos eletronicos e com sua modernização, e com isso, perde-se um 
pedaço de infância na frente de uma televisão.(7) 
Ainda há esperança, pois eu(8) vi hoje pela manha(9) que haviam(10) na rua duas 
crianças, felizes por uma pipa que estavam vendo erguidas aos céus(11) ao invés de 
outros que concerteza(12) estavam em casa assistindo televisão ou jogando vídeo game. 
Não afirmo que as brincadeiras do passado eram melhores que os jogos 
eletrônicos, mas nunca ouvi reclamações à respeito.(13) 
 
COMENTÁRIOS 
 
1 – A expressão correta seria “A cada dia”, além disso, iniciar o texto com uma dessas 
expressões pode prejudicar todo o andamento da redação. Ponto negativo! 
2 – Colocar uma palavra entre aspas significa que ela não está sendo utilizada em seu sentido 
denotativo, ou que se trata de uma opinião pessoal inserida no contexto da redação. Neste caso o 
candidato mandou bem! 
3 – Faltou o i no mas, pois ele estava indicando quantidade/proporção e não adversidade 
sintática. Erro feio! 
4 – toda esta última frase é problemática. Há uma péssima utilização do pronome “lhes” que 
pode, dentre outras coisas causar ambigüidade; a expressão “uma série” presume um 
complemento plural, nosso candidato aqui utilizou o singular e tornou tudo mais confuso. Ponto 
negativo! 
5 – É recomendado evitar contrações deste tipo quando a proposta exigir a norma culta. O mais 
correto seria o “em um”. Não chega a ser um erro, mas somado a outras ocorrências acaba 
agravando a situação. 
6 – Nem precisa comentar muito... que acento é esse???!!!! Erro gravíssimo! 
7 – Como em toda esta redação, a pontuação é muito ruim neste trecho. Além de desorganizar 
as idéias do texto, acaba criando uma sucessão de pequenos deslizes que, somados, estragam 
todo o resto. Erro feio! 
8 – Não se pessoaliza dissertação, a menos que a proposta permita ou solicite sua opinião direta 
sobre o tema. Neste caso, não havia nada a respeito e o candidato acabou inserindo o pronome 
pessoal de primeira pessoa do singular para prejudicar de vez seu texto. Erro gravíssimo! 
9 – É manha de dengo ou é manhã, com circunflexo, de parte do dia? Meu Deus!!!! 
10 – Verbo haver, com sentido de existir, é impessoal. Isso significa que ele não é flexionado no 
plural, dentre outras coisas... Erro gravíssimo! 
11 – Eram as crianças ou as pipas que estavam “erguidas aos céus”? Erro gravíssimo! 
12 – Será que é separado ou junto que se escreve.... deixa eu pensar??? Erro gravíssimo!13 – A conclusão é uma contradição quase completa de tudo o que foi dito anteriormente. O 
erro é grave demais, pois atinge diretamente um dos maiores pilares de um bom texto 
dissertativo/argumentativo: a coerência. Erro gravíssimo! 
 
Comentário Geral: O texto é muito fraco e tem falhas graves, como vimos anteriormente. 
Além de tudo, ainda temos um problema sério quanto à progressão da escrita, que praticamente 
não existe. O candidato escreve em círculos que sempre retornam ao binômio criado por ele: 
brincadeiras antigas X jogos eletrônicos. Tal binômio também não cumpre sua função que seria 
servir de exemplo para uma argumentação sólida sobre as relações entre os modos de diversão 
do passado e os da contemporaneidade. No fim, o candidato conseguiria – seguindo os critérios 
de correção da UFF – uma nota entre 4,5 e 5,5, pois não fugiu do tema e, mesmo que 
debilitadamente, conseguiu executar uma estrutura dissertativa. 
 
 
 
APÊNDICE – LITERATURA: TEORIA E PERÍODOS LITERÁRIOS 
 
UM POUCO DE TEORIA 
 
Gêneros literários: Tradicionalmente, são três os gêneros literários: lírico, épico e 
dramático. Porém, vimos o gênero narrativo deslocado do discurso épico, pois este já 
não é tão usual enquanto as narrativas em prosa assumiram papel central na literatura 
universal dos últimos séculos. Vamos lembrar um pouco de cada definição que você já 
viu na aula 13: 
 
Lírico: quando um "eu" nos passa uma emoção, um estado; centra-se no mundo interior 
do Poeta apresentando forte carga subjetiva. 
 
Épico: acontece quando temos uma narrativa de fundo histórico. São os feitos heróicos 
e os grandes ideais de um povo o tema das epopéias. 
 
Dramático: acontece quando se apresenta, por meio de palavras, gestos e expressões 
corporais, um acontecimento em um determinado espaço. 
 
Narrativo: Muito semelhante ao gênero épico, mas aqui destacado para incorporar 
também as narrativas em prosa. Conta sempre com a seguinte estrutura: Narrador – 
espaço/tempo – personagens – enredo/conflito. 
 
 
- Clássicos da literatura universal: Neste momento de nosso curso, você foi apresentado 
a conceitos fundamentais para a compreensão da literatura e de sua história. Viu que o 
conceito de clássico é muito complexo e que varia de foco dependendo de quem o 
defina. Viu também que o cânone estabelecido é uma convenção universal que reúne 
livros e autores que, de alguma maneira, influenciaram ou ainda influenciam a 
sociedade como um todo. A discussão desses conceitos foi importante para que você 
entendesse o porquê de certos autores serem chamados de “gênios” ou “clássicos”, 
enquanto outros ficam relegados a um segundo plano na área das letras. Após tudo isso, 
apresentamos alguns dos principais livros e dos mais influentes autores da história da 
literatura. Buscamos nomes já bem conhecidos, mas nossa lista poderia se estender por 
mais algumas páginas. Porém, era importante destacar os ícones da literatura universal, 
já que se tratava apenas de uma breve apresentação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍODOS LITERÁRIOS BRASILEIROS 
 
 
 
 
 
 
- Período Colonial: O período colonial da literatura brasileira compreende os seguintes 
estilos: literatura informativa; barroco e arcadismo. Há uma característica em comum 
entre os três estilos: todos eles têm como marcação a organização colonial portuguesa. 
Portanto, suas propostas e ações sempre se relacionam com o programa colonial 
português. Vamos, então, relembrar as especificidades de cada um desses estilos: 
 
• Literatura informativa/Quinhentismo e literatura jesuítica: Período de formação 
da literatura brasileira. Inicia suas atividades logo nos primeiros momentos da 
história do Brasil, após a chegada da frota de Pedro Álvares Cabral, com o relato 
de Pero Vaz de Caminha sobre a terra descoberta. A carta do descobrimento é 
considerada o grande marco da literatura brasileira e exemplo para os textos 
deste período, produzidos, em sua maioria, pelos colonos que vinham incorporar 
o “processo colonizatório” no Brasil. Além dos textos informativos, este período 
inclui, ainda, os textos jesuíticos. Tais textos eram escritos pelos padres jesuítas 
que vinham com a missão de catequizar e alfabetizar os índios. Baseado nos 
preceitos cristãos e com grande ênfase na doutrina religiosa, os textos jesuíticos 
se expunham didaticamente através de sermões, poesias e autos teatrais. O 
período dura do início do século XVI até o início do século XVII, coincidindo 
com a instauração da máquina colonial em alguns centros e a maior exploração 
das terras do Brasil. Destacam-se Pero Vaz de Caminha e o Padre José de 
Anchieta como principais autores. 
 
• Barroco: Já com um sistema colonial constituído e uma maior noção do tamanho 
e da riqueza da terra descoberta, os portugueses passam a explorar mais o Brasil. 
Nesse sentido, comerciantes, fazendeiros e colonos mais importantes começam a 
enviar seus filhos para concluir estudos na metrópole. Com uma pequena classe 
alta, ligada à nobreza portuguesa, a colônia passa a produzir uma literatura 
realmente própria e seguir as tendências européias sobre estilos e temáticas. 
Assim, a grande questão filosófica do século XVII começa a florescer também 
nas terras coloniais: o dilema que opõe a fé cristã e a razão. Sobre esta temática 
se desenvolvem as ações barrocas e suas principais características. Diante deste 
dilema o homem barroco se sente dividido entre os preceitos religiosos e a 
racionalidade, o que o faz buscar, ao mesmo tempo, a espiritualidade e os 
prazeres mundanos. Na literatura tal questão se reflete na estética dos opostos, 
no discurso rebuscado e nas constantes referências religiosas. Nosso principal 
autor barroco é o poeta Gregório de Matos, além do Padre Antonio Vieira. 
 
• Arcadismo: Período fundamental para a formação do pensamento nacionalista 
no Brasil, o arcadismo propõe uma análise reflexiva do homem a partir da 
racionalidade e do pensamento científico. Com a exaltação do homem, as 
atenções se voltam para os valores terrenos. No Brasil isso se reverte às críticas 
ao sistema colonial e a insatisfação da burguesia com os altos impostos. Os 
árcades buscam uma fuga dos ambientes urbanos e de tudo que eles representam 
(miséria, desmandos, falta de oportunidades, exploração) propondo uma utópica 
fuga para o campo. A idealização do campo como local no qual todas as 
oportunidades e a vida seriam mais simples e tranqüilas fez do arcadismo o 
primeiro momento da literatura brasileira em que se buscou o escapismo como 
solução para os problemas. Os principais árcades brasileiros foram: Tomas 
Antonio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e José Basílio da Gama. 
 
 
- Romantismo: O romantismo surge como limiar de um novo momento literário e 
histórico no Brasil. A independência política conquistada faz com que sejam necessárias 
a elaboração de uma identidade nacional e uma definição do brasileiro a partir dos 
elementos que melhor o caracterizem. Surge, então, o romantismo no Brasil. O 
movimento literário se constrói sobre fortes bases estilísticas e filosóficas da então 
Europa nacionalista e se desenvolve, basicamente em três fases de poesia e duas de 
prosa. No primeiro momento, os românticos buscaram desenhar a identidade brasileira 
com auxílio das imagens naturais e do índio. Posteriormente, prosa e poesia se afastam 
nas temáticas e iniciam uma caminhada própria. A segunda fase poética do romantismo 
trabalha os anseios do EU e promove um mergulho na subjetividade. É a fase do 
“morrer de e por amor”. A terceira fase poética do romantismo adquire um cunho social 
e se engaja na luta pela libertação dos escravos. Já a segunda fase de prosa romântica se 
desenvolve sobre os modelos de romance de costumes, típicos da Europa no século 
XIX. Os grandes autores do Romantismo Brasileiro foram: Gonçalves Dias, Álvares de 
Azevedo, Castro Alves, José de Alencar, Joaquim Manoel de Macedo, dentre outros 
nomes. O romantismo foi o primeiro grande marco da literatura

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