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Texto 2: Chuva ácida Um modo segundo o qual o SO2 é removido da atmosfera é através da chuva ácida. A chuva normal e não contaminada possui um pH de cerca de 5,6 (em função do CO2), mas a chuva ácida pode apresentar um pH de 2 ou até mais baixo. A formação da chuva ácida é um processo complexo, e sua dinâmica ainda não é totalmente compreendida. Em outras palavras, o SO2 é emitido pela queima de combustíveis que contêm enxofre e reage com os componentes da atmosfera, produzindo o que chamamos de ácido sulfúrico (H2SO4). Os óxidos de enxofre não produzem exatamente o ácido sulfúrico nas nuvens, mas a ideia é exatamente a mesma. A precipitação do ar contendo altas concentrações de óxido de enxofre é pouco diluída, e seu pH cai imediatamente. Os óxidos de nitrogênio, emitidos, em sua maior parte, pelos automóveis, mas também por qualquer combustão de alta temperatura, contribuem para a formação da mistura ácida na atmosfera. As reações químicas que aparentemente ocorrem, como o nitrogênio, formam o ácido nítrico (HNO3). O efeito da chuva ácida tem sido devastador. Centenas de lagos na América do Norte e na Escandinávia tornaram-se tão ácidos que não existe mais vida aquática neles. Em um estudo recente em lagos noruegueses, mais de 70% que apresentaram um pH menor que 4,5 não continham peixes, e quase todos os lagos com pH a partir de 5,5 continham. O pH baixo não só afeta os peixes diretamente mas também contribui para a liberação de metais potencialmente tóxicos (como o alumínio), ampliando a magnitude do problema. A chuva ácida da América do Norte já acabou com todos os peixes e muitas plantas em 50% dos lagos e montanhas de Adirondacks. Em muitos desses lagos, o pH atingiu níveis tão altos de acidez a ponto de ser necessário substituir as trutas e as plantas nativas por mantas de algas tolerantes à acidez. A sedimentação de ácido atmosférico nos sistemas de água doce fez com que a EPA sugerisse um limite de 10 a 20 kg de SO4 por hectare ao ano. Se a “lei de poluição do ar de Newton” for utilizada (tudo o que sobe tem de descer), será fácil notar que a quantidade de óxidos nítricos e sulfúricos emitidos é bem maior que esse limite. Por exemplo, somente para o estado de Ohio, nos Estados Unidos, o total anual de emissões é de 2,4 x 106 toneladas métricas de SO2 por ano. Se isso tudo for convertido para SO4 e depositado no estado, totalizaria 360 kg por hectare ao ano. No entanto, nem toda essa quantidade de enxofre cai sobre a população de Ohio. Na verdade, a maior parte dela é exportada, através da atmosfera, para locais bem distantes. Cálculos semelhantes para as emissões de enxofre no noroeste dos Estados Unidos indicam que a taxa de emissão de enxofre é de 4 a 5 vezes maior que a taxa de sedimentação. Para onde vai tudo isso? A população canadense tem uma resposta direta e convincente. Durante muitos anos, eles culpavam os Estados Unidos pela formação da maior parte da chuva ácida que caía dentro de seu território. Da mesma forma, muitos dos problemas da Escandinávia ocorriam em função do uso de grandes chaminés na Grã-Bretanha e nos países localizados mais ao sul da Europa continental. Por anos, a indústria britânica construiu chaminés cada vez mais altas como um meio de controlar a poluição do ar, reduzindo a concentração direta no nível do solo, mas emitindo os mesmos poluentes na atmosfera superior. A qualidade do ar no Reino Unido melhorou, mas ao custo de causar chuva ácida em outras partes da Europa. Além das fronteiras políticas, a poluição é um problema regulamentar particularmente complexo. A grande ajuda da força policial não está mais disponível. Por que o Reino Unido deveria se preocupar com a chuva ácida na Escandinávia? Por que os alemães deveriam limpar o rio Reno antes que suas águas cheguem à Holanda? Por que Israel deveria parar de tirar água do Mar Morto compartilhado com a Jordânia? As leis já não são mais úteis e é improvável que haja ameaça de retaliação. O que pode ser sugerido para encorajar esses países a fazer a coisa certa? Existe mesmo o que chamamos de “ética internacional”? Fonte: VESILIND, P. A.; MORGAN, S. M. Introdução à Engenharia Ambiental. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
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