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01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 1/12 30th January 2012 PESSOA NATURAL Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406compilada.htm] PERSONALIDADE JURÍDICA O estudo da personalidade jurídica é, sem dúvida, um dos temas mais importantes para a Teoria Geral do Direito Civil. A regular caracterização da personalidade é a premissa de todo e qualquer debate no Direito Privado. 1. CONCEITO. Personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações. É o atributo necessário para ser sujeito de direito. No que cerne à pessoa natural, o Código Civil estabelece que a personalidade é atributo de toda e qualquer pessoa, natural ou jurídica. Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. A pessoa natural para o direito é, portanto, o ser humano, enquanto sujeito ou destinatário de direitos e obrigações. 2. AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. O ordenamento civil pátrio adotou a teoria natalista, que leciona que a aquisição da personalidade jurídica se dá com o nascimento com vida, ou seja, no instante em que o aparelho cardiorrespiratório inicia seu funcionamento[1] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA% 20NATURAL.doc#_ftn1] , o recém‐nascido adquire personalidade jurídica, tornando‐se sujeito de direito. Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Importante lembrar que, diferente da concepção romanista e do Código Civil Espanhol, a generalidade das civilizações contemporâneas não exige forma humana para que conceda ao recém‐nascido a qualidade de pessoa. 3. NASCITURO. Cuida‐se do ente concebido, embora não nascido, ou como Limongi França define, é o que está por nascer, mas já concebido no ventre materno. O Direito Civil põe a salvo os direitos do nascituro, desde a concepção. Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 2/12 Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Ora, em sendo adotada a teoria natalista, seria razoável o entendimento de que o nascituro, ainda não nascido, teria apenas mera expectativa de direito. Contudo, a questão não é pacífica na doutrina. Arnold Wald, Miguel Maria de Serpa Lopes entre outros, são adeptos da teoria da personalidade condicional, que sufraga o entendimento de que o nascituro possui direitos sob condição suspensiva, vinculado ao nascimento com vida. Já Teixeira de Freitas, Clóvis Beviláqua, Limongi França, entre outros, adotam a teoria concepcionista, cuja vertente de pensamento é de que o nascituro adquire a personalidade jurídica desde a concepção, sendo considerado pessoa, com personalidade jurídica formal, sem cunho patrimonial. A despeito de toda controvérsia doutrinária, o fato é que, nos termos da lei, o nascituro não é considerado pessoa, mas tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção. Essa proteção estende‐se ao natimorto. 4. CAPACIDADE DE DIREITO E DE FATO. LEGITIMIDADE. Adquirida a personalidade, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações, possuindo, portanto, capacidade de direito e de fato. Capacidade de direito corresponde ao atributo inerente à pessoa, natural ou jurídica, com aquisição de personalidade, para ser titular de uma relação jurídica. Se puder exercer pessoalmente esse direito, tem‐se a capacidade de fato ou de exercício. Reunidos os dois atributos, fala‐se em capacidade civil plena. Diferencia‐se capacidade de legitimidade, visto que esta última corresponde à capacidade específica para a prática de uma determinada relação jurídica. São impedimentos circunstanciais, considerando‐se a situação especial da pessoa. Entretanto, em razão de limitações orgânicas ou psicológicas, nem toda pessoa possui aptidão para exercer pessoalmente seus direitos. Essa impossibilidade de exercício denomina‐se incapacidade. 4.1. Incapacidade absoluta Traduz‐se na falta de aptidão para praticar pessoalmente os atos da vida civil. Falta total capacidade de direito e de fato para a pessoa nessa situação. Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I ‐ os menores de dezesseis anos;[2] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA%20N ATURAL.doc#_ftn2] II ‐ os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; Essa incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por meio de 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 3/12 interdição (CPC, arts. 1177 a 1186). Parte da doutrina, entre eles Orlando Gomes, reconhece, ainda, uma incapacidade natural, em casos de não declarada a enfermidade ou deficiência, anulando‐se os atos por ele praticados. Em sentido contrário, Silvio Rodrigues entende que a anulação do ato não se daria pela incapacidade, posto que a lei civil não admite, mas sim pela falta da boa‐fé objetiva no pacto. III ‐ os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 4.2. Incapacidade relativa Figura entre a capacidade civil plena e a absoluta incapacidade. Corresponde às pessoas que se localizam em zona intermediária, por não possuírem total capacidade de discernimento e autodeterminação. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I ‐ os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; Importante lembrar que não há correlação entre maioridade civil e maioridade penal. A coincidência do marco temporário (dezoito anos) é acidental. II ‐ os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III ‐ os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV ‐ os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Interessante notar que, segundo determinação legal, a capacidade dos índios deve ser regulada por legislação especial. A Lei nº 5.371/1967, que instituiu a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), exerce poderes de representação e apoio ao indígena. A Lei nº 6.001/1973 (Estatuto do Índio) considera o indígena agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por ele praticados sem a devida representação. No caso de o índio apresentar discernimento, aliado à inexistência de prejuízo, excepcionalmente, a lei permite que ele seja considerado capaz. Pablo Stolze entende que a constante inserção social do índio na sociedade brasileira, com a conseqüente absorção de valores e hábitos da civilização ocidental firma a idéia de que, excepcionalmente, o índio deveria ter reconhecida a falta de discernimento, sendo a capacidade regra geral, e a incapacidade, relativa e eventual. 4.3. Suprimento da incapacidade: Representação e Assistência. O suprimento da incapacidade absoluta se dá através de representação. O representante pratica o ato no interesse do incapaz, em seu lugar. Esta é a chamada representação legal.Art. 115. Os poderes de representação conferem‐se por lei ou pelo interessado. 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 4/12 De outra banda, existe a representação voluntária ou convencional. Trata‐se da representação onde há acerto das próprias partes contratantes, podendo haver mandato, com poderes genéricos ou específicos na representação. Já o suprimento da incapacidade relativa ocorre por meio da assistência. O relativamente incapaz pratica efetivamente o ato, juntamente com seu assistente, sob pena de anulabilidade. 5. EMANCIPAÇÃO. A menoridade, à luz do Código Civil, cessa aos dezoito (18) anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Ocorre que é possível a antecipação da capacidade plena, em virtude da autorização dos representantes legais do menor ou do juiz, pela superveniência de fato que a lei atribui força para tanto. Cuida‐se do instituto chamado emancipação. A emancipação poderá ser voluntária (art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte), judicial (segunda parte) ou legal (incisos II, III, IV e V). Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I ‐ pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II ‐ pelo casamento; A capacidade para o casamento se dá a partir dos dezesseis anos, conforme CC, art. 1517. Havendo divergência entre os pais, nos termos do art. 1631, o embate poderá ser levado ao juiz, a quem caberá decidir. Excepcionalmente, menor de dezesseis poderá contrair núpcias, nos termos do art. 1520. Mesmo havendo dissolução da sociedade conjugal, o emancipado não retorna à incapacidade. Somente em casos de anulação ou nulidade, e não havendo boa‐fé no ato, aí poderia o emancipado retomar a condição de menor. III ‐ pelo exercício de emprego público efetivo; Essa regra diz respeito às causas de provimento efetivo em cargo ou emprego público. IV ‐ pela colação de grau em curso de ensino superior; V ‐ pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 6. NOME CIVIL. O nome da pessoa natural é o sinal exterior mais visível da sua individualidade, tornando‐se identificável em seu âmbito familiar e no meio 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 5/12 social. Acerca da natureza jurídica do nome, surgem algumas teorias. Uma primeira tese entende o nome como direito de propriedade, cujo titular, seria a família ou o próprio indivíduo. Não prospera, uma vez que não se pode alienar o nome ou abandoná‐lo, portanto, não tem cunho patrimonial. Pode ser aceita com relação ao nome comercial. Já um segundo entendimento, vê o nome como uma questão de estado, um fato protegido pelo ordenamento jurídico. Essa não satisfaz mediante a possibilidade de mudança de um nome, atestando a sua artificiosidade. O terceiro pensamento, adotado pelo Código Civil, visualiza o nome como um dos direitos da personalidade, conferindo‐lhe tutela específica. Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 6.1. Esclarecimentos terminológicos Cumpre esclarecer algumas terminologias acerca do nome. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. O nome compreende o prenome (primeiro nome ou nome de batismo, ex: Ronaldo, João) e o sobrenome[3] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSO A%20NATURAL.doc#_ftn3] (nome de família, ex: Pereira, Silva). A expressão apelido, por seu turno, é utilizada como sinônimo de patronímico (apelidos de família, ex: Barbosa, Pereira) ou de cognome (designação dada a alguém devido uma particularidade pessoal, ex: Pelé, Xuxa). Num terceiro elemento, embora sem previsão legal, temos o agnome (sinal distintivo que se acrescenta ao nome para diferenciá‐lo de parentes, ex: filho, neto). Por fim, destaca‐se o pseudônimo ou codinome (nome escolhido para o exercício de uma atividade, ex: Lima Duarte)[4] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA% 20NATURAL.doc#_ftn4] . Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 6.2. Possibilidades de alteração Diante da característica pessoal de atributo da personalidade, não se autoriza com facilidade a mudança do nome. Tomando como parâmetro, temos a motivação da iniciativa necessária e voluntária para a alteração do nome. Lei nº 6.015/73. Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo‐se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios. (Redação dada pela Lei nº 9.708, de 1998) [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9708.htm#art1] 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 6/12 Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público.(Redação dada pela Lei nº 9.807, de 1999) [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9807.htm#art17] Causas necessárias decorrem da modificação de estado de filiação, como alteração do nome dos pais, etc. As causas voluntárias dependem de autorização judicial, ressalvado o casamento, cuja modificação encontra expressa previsão legal. Art. 1.565. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 6.3. Tutela jurídica do nome A designação do nome civil da pessoa natural é de livre escolha do declarante, ressalvado o registro obrigatório do patronímico, inexistindo exclusividade para sua concessão. O Código Civil protege a sua utilização indevida, conforme se verifica nos arts. 17 e18. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 7. ESTADO DA PESSOA NATURAL. O estado da pessoa natural indica a sua situação jurídica nos contextos político, familiar e individual. Segundo Orlando Gomes, estado político leva em conta a posição do indivíduo com relação ao Estado, ou seja, sua classificação como nacional ou estrangeiro. Estado familiar considera as situações do cônjuge e parentesco, levando em conta as posições do indivíduo no seio familiar. Já estado individual baseia‐se na condição física do indivíduo em seu poder de agir, levando em conta a idade, sexo, saúde, sendo maior, menor, capaz, mulher, etc. Estes atributos caracterizam‐se pela irrenunciabilidade, imprescritibilidade e inalienabilidade. Todas as ações judiciais referentes ao estado da pessoa natural são denominadas açõesprejudiciais, tendo por fim criar, modificar ou extinguir estado. 8. REGISTRO CIVIL. O registro civil é, segundo Francisco Amaral, a instituição administrativa que tem por objetivo imediato a publicidade dos fatos jurídicos de interesse das pessoas e da sociedade. Sua função é dar autenticidade, segurança e 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 7/12 eficácia aos fatos jurídicos de maior relevância para a vida e os interesses dos sujeitos de direito. Lei nº 6.015/73. Art. 1º Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei. § 1º Os Registros referidos neste artigo são os seguintes: I ‐ o registro civil de pessoas naturais; II ‐ o registro civil de pessoas jurídicas; III ‐ o registro de títulos e documentos; IV ‐ o registro de imóveis. § 2º Os demais registros reger‐se‐ão por leis próprias. No que tange à pessoa natural, criou‐se o sistema brasileiro de registro civil, organizado pela mesma lei. Art. 29. Serão registrados no registro civil de pessoas naturais: I ‐ os nascimentos;[5] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA%20N ATURAL.doc#_ftn5] II ‐ os casamentos; III ‐ os óbitos; IV ‐ as emancipações; V ‐ as interdições; VI ‐ as sentenças declaratórias de ausência; VII ‐ as opções de nacionalidade; VIII ‐ as sentenças que deferirem a legitimação adotiva. § 1º Serão averbados: a) as sentenças que decidirem a nulidade ou anulação do casamento, o desquite e o restabelecimento da sociedade conjugal; b) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na constância do casamento e as que declararem a filiação legítima; c) os casamentos de que resultar a legitimação de filhos havidos ou concebidos anteriormente; d) os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de filhos ilegítimos; e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem; f) as alterações ou abreviaturas de nomes. § 2º É competente para a inscrição da opção de nacionalidade o cartório da residência do optante, ou de seus pais. Se forem residentes no estrangeiro, far‐ se‐á o registro no Distrito Federal. Os episódios mais importantes da vida do homem refletem‐se no registro civil: nascimento, casamento, separação, divórcio e morte. O Código Civil estabelece, em seu art. 9º, os atos que deverão ser registrados e averbados em registro público: Art. 9o Serão registrados em registro público: I ‐ os nascimentos, casamentos e óbitos; II ‐ a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III ‐ a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV ‐ a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. Art. 10. Far‐se‐á averbação em registro público: 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 8/12 I ‐ das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II ‐ dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; Averbação, diferentemente de inscrição (que pode ser entendida como registro propriamente dito), quer dizer modificação, alteração no estado civil da pessoa já registrado. 9. EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL. Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume‐se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Em geral, a morte ocorre com a parada do sistema cardiorrespiratório, com a cessão das funções vitais. Tal aferição deve ser efetuada por médico, com base em seus conhecimentos clínicos, salvo em caso de falta de especialista. Atualmente, para efeito de transplante, a lei tem considerado a morte encefálica, mesmo que os demais órgãos estejam em funcionamento, ainda que ativados por drogas. Dentre os seus efeitos, destacam‐se: a extinção do poder familiar, a dissolução do vínculo conjugal, a abertura da sucessão, a extinção do contrato personalíssimo, bem como outros, além dos que possuem eficácia post mortem. Cuida‐se da morte real. Do ponto de vista jurídico, contudo, há outras acepções da expressão “morte”: 9.1. Morte civil Era antigamente admitida como fator extintivo da personalidade em condenados a prisão perpétua ou punições religiosas. Não se pode admitir a possibilidade de um indivíduo, vivo, ser tratado como morto em nossa sociedade. 9.2. Morte presumida O Código Civil admite a morte de maneira presumida. Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume‐se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I ‐ se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II ‐ se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 9/12 a) Ausência É um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicilio, sem deixar qualquer notícia. O CC reconhece a ausência como morte presumida a partir do momento em que a lei autorizar a abertura da sucessão definitiva. Analisemos a cronologia do tema: Curadoria dos bens do ausente: Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar‐lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear‐lhe‐á curador. Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar‐lhe‐á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. Sucessão provisória: Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: I ‐ o cônjugenão separado judicialmente; II ‐ os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III ‐ os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; IV ‐ os credores de obrigações vencidas e não pagas. Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder‐se‐á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. § 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê‐la ao juízo competente. § 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder‐se‐á à arrecadação dos bens do ausente pela forma 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 10/12 estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo‐se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar‐se‐á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. Sucessão definitiva: Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Art. 38. Pode‐se requerer a sucessão definitiva, também, provando‐se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub‐rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 11/12 regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando‐se ao domínio da União, quando situados em território federal. b) Justificação de Óbito A LRP consagra um procedimento de justificação, com a necessária intervenção do Ministério Público, com a finalidade de proceder ao assentamento de óbito. Lei nº 6.015/73. Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar‐se o cadáver para exame. (Renumerado do art. 89 pela Lei nº 6.216, de 1975). [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6216.htm#art1] Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito. 9.3. Morte simultânea (comoriência). Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir‐se‐ão simultaneamente mortos. [1] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA% 20NATURAL.doc#_ftnref1] Em caso de falecimento do recémnascido, sendo necessário verificar se houve vida ou não, o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório pode ser aferido por um exame chamado “docimasia hidrostática de Galeno”, que é baseado na diferença de peso do pulmão que respirou ou não. Mergulhados na água, o pulmão que respirou, por se achar com alvéolos dilatados e impregnados de ar, sobrenada, ao passo que, o que não respirou, por se encontrar compacto e vazio, vai ao fundo. Em eventual impossibilidade desse exame, outras técnicas serão aplicadas. [2] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA% 20NATURAL.doc#_ftnref2] Atualmente, temse admitido que a vontade dos absolutamente incapazes, em caso de menores, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, notadamente em Direito de Família. [3] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA% 20NATURAL.doc#_ftnref3] Do ponto de vista técnico, sobrenome quer dizer “nome que se sobrepõe a outro”, como cognome. A expressão jurídica hipoteticamente correta seria patronímico, oriundo de nome herdado da família patriarcal. Todavia, sobrenome, atualmente, é a 01/09/2015 Direito Civil: Pessoa Natural Personalidade Jurídica. http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2012/01/direitocivilpessoanatural.html 12/12 expressão mais politicamente adequada, tendo em vista que não mais existe a idéia de patriarca da família, face a igualdade entre o cônjuges. [4] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA% 20NATURAL.doc#_ftnref4]A titulo de curiosidade podemos observar, ainda, a existência de outra espécies de nome, apostos antes do prenome, denominados axiônimos: títulos honoríficos (Conde, Comendador), títulos Eclesiásticos (Padre, Monsenhor), qualificativos de identidade oficial (Senador, Juiz) e títulos acadêmicos (Doutros, Mestre). [5] [file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/Rar$DI01.122/03.%20PESSOA% 20NATURAL.doc#_ftnref5] Ressaltese a importância da natureza declaratória do registro de nascimento da pessoa natural em contraposição com a natureza constitutiva do registro da pessoa jurídica. “a pessoa natural registrase porque nasce; a pessoa jurídica nasce porque se registra”. Postado há 30th January 2012 por Baby Monstrinha Digite seu comentário... Comentar como: Conta do Google Publicar Visualizar 1 Visualizar comentários Direito Moura Lacerda 21 de setembro de 2014 22:43 É muito importante para os alunos de Direito, que estamos no processo de transição, na formamos como juristas o entendimento do cc.pois de nos depende a real capacidade da interpretação das leis; Responder
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