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CONCEITO: -Consiste na inflamação do trato reprodutivo das tubas uterinas, útero e cavidade peritoneal por germes ascendentes. -Não se incluem nessa definição os processos infecciosos ou inflamatórios decorrentes de manipulações cirúrgicas prévias ou do ciclo gravídico - puerperal. ETIOLOGIA: -Germes ascendentes. -Geralmente bactérias sexualmente transmissíveis. -Principais agentes: Chlamydia, Neisseria (principais) - ambas sexualmente transmissíveis. Outros - Garnerella vaginalis (bactéria anaeróbica responsável pela vaginose bacteriana, também pode subir da vagina e dar DIP), Micoplasma, Ureaplasma, Strepto B, E. coli (que dá infecção urinária). -Usuárias de DIU: Actinomyces israelli. FISIOPATOLOGIA: -A microbiota normal da vagina é dominada pelos lactobacilos comensais, que, associados a polissacarídeos locais, formam biofilme aderente à mucosa. O biofilme protege os lactobacilos das mudanças provocadas pelas flutuações hormonais, relações sexuais e práticas higiênicas. -A higidez da área urogenital vulvovaginal se deve a mecanismos próprios da mucosa, produção bacteriana de ácido láctico (e outros ácidos orgânicos que diminuem o pH local), peróxido de hidrogênio e bacteriocinas, conservando baixa a concentração de patógenos. -Quando ocorre uma quebra nessa proteção as bactérias ascendem pelo útero e passam a barreira do colo do útero, inflamam a cavidade uterina e passam para o interior das tubas uterinas, causando salpingite e quando conseguem ultrapassar a barreiras das fimbrias podem causar um abscesso tubo-ovariano. FATORES DE RISCO: -Vulvovaginites e/ou cervicites concomitantes. -Múltiplas parcerias sexuais. -Inicio precoce da vida sexual. -Nível socioeconômico baixo. -Nuliparidade. -Jovens. -História prévia de DIP ou IST´s. -Tabagismo (por conta de causar diminuição da motilidade ciliar nas tubas uterinas). -DIU (somente nos primeiros 20 dias após inserção). -Uso de tampões e duchas vaginais. -Não uso de preservativos nas relações sexuais - principal fator de risco. DIAGNÓSTICO: -Deve se basear nos sinais e nos sintomas durante a anamnese e exame físico detalhado. Eventualmente, necessita de complementação com exames subsidiários. O diagnóstico clínico permanece como a abordagem principal na DIP. -Principais queixas: Dor pélvica, geralmente em baixo ventre.ü Corrimento vaginal - secreção vaginal purulenta no exame especular.ü Dispareunia - dor na relação sexual, na penetração profunda, na mobilização do útero.ü Dor a palpação uterina e/ou anexial ao toque vaginal bimanual.ü Dor à mobilização do colo uterino ao toque vaginal. ü SUBDIVISÃO DOS CRITÉRIOS: -Critérios maiores: dor a palpação anexial, dor a mobilização do colo uterino, dor pélvica infrapúbica. -Critérios menores: febre, secreção vaginal e/ou endocervical purulenta, massa pélvica, hemograma com leucocitose, PCR elevado e comprovação laboratorial de infecção cervical por gonococo, clamídia ou mycoplasma. -Critérios elaborados: evidência histopatológico do endometrite, presença de abscesso túbulo-ovariano ou no fundo de saco de Douglas (USG, tomo, RNM), laparoscopia evidenciando DIP. EXAMES SUBSIDIÁRIOS (podem ser solicitados mas não são necessários quando o quadro clínico for típico, não podemos perder tempo com essa paciente, o quadro pode complicar e colocar a vida da paciente em risco): -Hemograma. -Urocultura para afastar ITU. -PCR. -Cultura de material da endocervice com antibiograma - Neisseria gonorrhoeae. -Pesquisa de Clamídia - sangue ou cultura da secreção vaginal. -Provas de função renal, hepática e coagulograma: casos de comprometimento sistêmico - abscessos, prostrada com febre, dor. -USG transvaginal/pélvico: avaliação de salpingite, hidrossalpinge, abscessos pélvicos. -Tomografia/RNM: avaliação de coleções pélvicas, localização e análise da extensão do processo, exclusão de diagnóstico diferencial. -Videolaparoscopia: diagnóstico e tratamento. -BHCG: para afastar complicações obstétricas. -Sorologias: sífilis, hepatite B e C, HIV. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: -Causas ginecológicas: vulvovaginites, cervicites, pólipos, endometriose, torção do ovário, ruptura de cisto de ovário, degeneração de mioma e torção de mioma. -Causas obstétricas: gravidez ectópica, abortamento séptico. -Causas não ginecológicas: apendicite, diverticulite, litíase urinária, ITU, nefrolitíase, doenças inflamatórios intestinais. TRATAMENTO: -Antibioticoterapia (cobertura de Gram positivo e Gram negativo, tanto aeróbia quanto anaeróbia). Ambulatorial: ü .1ª opção: ceftriaxona 500mg IM dose única + doxiciclina 100mg 1cp VO 12/12h por 14 dias + metronidazol 250mg (2cps) VO de 12/12h por 14 dias. .2ª opção: cefotaxima 500mg IM dose única + doxiciclina 100mg VO por 14 dias + metronidazol 250mg (2cps) VO 12/12h por 14 dias. Hospitalar:ü .1ª opção: ceftriaxone 1g EV por dia durante 14 dias + doxiciclina 100mg VO 12/12h durante 14 dias. .2ª opção: clindamicina 900mg EV de 8/8h durante 14 dias + gentamicina 240mg EV 1x/dia durante 14 dias. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR: -Suspeita de abscesso tubo ovariano. -Gravidez. -Ausência de resposta clínica após 72h do início do ATB oral. -Intolerância a ATB orais ou dificuldade para seguimento ambulatorial. -Estado geral grave, com náuseas/vômitos e febre. -Dificuldade para exclusão de emergências cirúrgicas - apendicite, gravidez ectópica. USUÁRIA DE DIU: -Segundo o Ministério da Saúde, não é necessário a remoção: Realizar antibiótico e reavaliar em 72 horas.ü Caso tenha indicação de remoção, deve ser realizada somente após as duas primeiras doses do esquema de ATB. Orientar sobre o uso de preservativo. ü Tratar os parceiros sexuais com ceftriaxona 500mg IM dose única e azitromicina 1g VO dose única. ü CONDUTA NO ABSCESSO TUBO-OVARIANO: -Suspeitar de abscesso tubo-ovariano quando não existir resposta ao tratamento. -Tratamento é feito em unidade hospitalar - internada - com antibioticoterapia (ceftriaxone, doxiciclina e metronidazol). Não precisa drenar se não rompeu ou se não virou um abdome agudo. -Diagnóstico: USG/Tomo/RNM. -O tamanho do abscesso não indica obrigatoriamente tratamento cirúrgico - quando há ausência de outras indicações para esse tipo de intervenção. -Indicações cirúrgicas: abdome agudo (rotura), massa que persiste ou aumenta após antibioticoterapia adequada e falha do tratamento clínico. CRITÉRIOS PARA FALHA DO ANTIMICROBIANO: -Persistência ou início de febre. -Dor abdominal persistente ou com piora. -Aumento da massa pélvica. -Piora ou persistência da leucocitose. -Sinais de sepse. -Deve-se repetir o exame de imagem a cada 3 dias ou antes, se piora clínica. -Falha do tratamento clínico - sem resposta em 72h ou se já de início há abdome agudo - indica-se tratamento cirúrgico. -Vias: laparotomia/laparoscopia. COMPLICAÇÕES: -Abscesso tubo-ovariano. -Infertilidade (mais tardia) - 30% e aumenta chance de GE. Devido fechamento da tuba uterina como sequela da DIP. -Dor pélvica crônica - devido aderências. -Hidrossalpinge - coleção de líquido dentro das tubas uterinas. -Síndrome de Fitz - Hugh Curtis - sequela de DIP, que ocorre por conta de aderências peri-hepáticas. -Gestação ectópica - devido sequela na tuba uterina por conta da DIP. Profª Sissi PROVA!!! DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA - DIP 24/06/2022 15:36
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