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Tutoria 5 - Neoplasias de pele

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Tutoria 5: Neoplasias de 
pele 
DIFERENCIAR as características das 
neoplasias de pele benignas e malignas 
→ Uma regra adotada internacionalmente 
é a do “ABCDE”, que aponta sinais 
sugestivos de malignidade: 
• Assimetria: uma metade do sinal é 
diferente da outra; 
• Bordas irregulares: contorno mal 
definido; 
• Cor variável: presença de várias 
cores em uma mesma lesão - 
preta, castanha, branca, 
avermelhada ou azul; 
• Diâmetro: maior que 6mm; 
• Evolução: mudanças observadas 
em suas características - tamanho, 
forma ou cor. 
→ Lesões que coçam, ardem, descamam, 
sangram e/ou demoram a cicatrizar, 
em regiões do corpo mais expostas ao 
sol, podem ser sugestivas dos 
cânceres de pele basocelulares e 
espinocelulares. 
 
CONHECER os tipos de neoplasias de pele 
As principais neoplasias benignas 
são: 
→ Ceratose seborreica: tumor cutâneo 
encontrado com mais frequência no 
tronco e na testa. Lesões que, em 
geral, não excedem 1cm de diâmetro, 
são bem circunscritas, parecendo 
“coladas na pele”, são cobertas por 
camada descamativo-ceratósica oleosa, 
de superfície plana ou levemente 
elevada e podem ser amarelas, 
amarelo-acastanhadas, cinzentas, 
castanho escuro ou pretas; 
• Fatores de risco: idade superior a 
50 anos, fototipos cutâneos I ou II 
da escala Fitzpatrick e sexo 
feminino; 
• Diagnóstico: dermatoscopia, biópsia, 
exame histopatológico e 
Microscopia Confocal Reflectante 
(MCR); 
• Tratamento: geralmente não exige 
tratamento, exceto em casos de 
irritação, prurido e desconforto 
(crioterapia e curetagem). 
→ Hemangioma: tumor vascular benigno 
mais comum na infância. Caracteriza-se 
por uma fase de rápida proliferação de 
vasos sanguíneos, no primeiro ano de 
vida, seguida por uma fase de 
involução, na qual o tecido vascular é 
substituído por tecido fibroso. Em geral, 
não são clinicamente evidentes ao 
nascimento, mas tornam-se aparentes 
nos primeiros dias ou meses de vida. 
São lesões únicas, em sua maioria, e 
ocorrem mais comumente na cabeça 
e no pescoço. Em termos de tamanho, 
podem variar desde poucos milímetros 
até grandes lesões; 
• Fatores de risco: prematuridade, 
sobretudo se associada a baixo 
peso, e fatores maternos (idade 
materna, placenta prévia, pré-
eclâmpsia, entre outros); 
• Diagnóstico: exame físico 
(diagnóstico clínico) e exames de 
imagem (ultrassonografia, 
tomografia computadorizada, 
ressonância magnética ou 
arteriografia); 
• Tratamento: deve ser 
individualizado de acordo com 
tamanho da lesão, localização, 
presença ou possibilidade de 
complicações, potencial para 
fibrose e deformações 
permanentes, idade do paciente e 
taxa de crescimento ou regressão 
no momento da avaliação. A 
grande maioria dos hemangiomas é 
conduzida de forma expectante, 
mas alguns casos podem exigir 
tratamento local com 
corticoesteroides (lesões pequenas 
e não complicadas) ou tratamento 
cirúrgico (pacientes com fibrose 
cicatricial extensa e/ou 
consequências estéticas). 
→ Lipoma: tumor benigno de células 
adiposas, que crescem em uma 
cápsula fina e fibrosa localizada, 
geralmente, debaixo da pele. É mais 
comum no tronco, no pescoço, na 
parte superior de pernas e braços e 
axilas. É macio, espesso e móvel ao 
toque, geralmente pequeno (< 5cm 
de diâmetro) e, por vezes, doloroso; 
• Fatores de risco: idade entre 40 e 
60 anos, fator hereditário e ser 
portador de determinadas doenças, 
como adipose dolorosa, síndrome 
de Cowden e síndrome de 
Gardner; 
• Diagnóstico: exame físico, biópsia, 
ecografia, ressonância magnética e 
tomografia axial computadorizada; 
• Tratamento: geralmente não exige 
tratamento, mas caso se torne 
doloroso, infetado ou provoque 
incômodo, pode ser removido 
cirurgicamente. 
→ Verruga: lesão epidérmica benigna 
comum, associada à infecção pelo 
Papilomavírus Humano (HPV). As 
verrugas são classificadas, de acordo 
com sua aparência clínica e localização, 
em comuns, filiformes, planas, 
palmares, plantares, em mosaico, 
periungueais e genitais. Mais comum 
em crianças, adolescentes e adultos 
jovens. 
• Fatores de risco: prática de sexo 
sem preservativo, vários parceiros 
sexuais e imunossupressão 
(pacientes com infecção pelo HIV 
ou transplantados renais); 
• Diagnóstico: avaliação clínica e, 
raramente, biópsia; 
• Tratamento: irritantes tópicos e 
métodos destrutivos (curetagem, 
excisão e laser, por exemplo). 
Sobre as neoplasias malignas: 
→ Os tumores de pele não melanoma: 
correspondem a 25% dos tumores 
malignos registrados no Brasil. Apesar 
de ser o mais frequente, atinge altos 
índices de cura quando detectado 
precocemente; 
→ Mais comum em pessoas acima dos 
40 anos, de pele clara, sensíveis à ação 
dos raios solares e com doenças 
cutâneas prévias; 
→ Raro em crianças e negros; 
→ Esse tipo de câncer pode apresentar 
neoplasias de diferentes linhagens, 
como o carcinoma basocelular (70% 
dos diagnósticos), o carcinoma 
epidermoide (25% dos casos) e o 
melanoma (detectado em 4% dos 
pacientes); 
→ Carcinoma basocelular: câncer de pele 
mais comum nos caucasianos, é 
constituído de células semelhantes às 
células basais da epiderme e raramente 
evolui com metástases. Acomete pele, 
partes moles, cartilagens e ossos e, por 
ser muito destrutivo localmente, deve 
ser retirado rapidamente, de modo a 
evitar deformidades estéticas e 
funcionais. É um tumor nevoide, capaz 
de se originar de células basais da 
epiderme e de diferentes partes do 
folículo piloso (por isso, epitelioma); 
• Fatores de risco: exposição à luz 
solar, principalmente em indivíduos 
de pele clara, olhos claros, cabelos 
loiros ou ruivos, com história de 
queimaduras solares e sardas na 
infância, história familiar de câncer 
de pele, síndromes hereditárias que 
envolvem defeitos na reparação do 
DNA (albinismo e xeroderma 
pigmentoso, por exemplo), 
fototerapia para o tratamento de 
psoríase e radioterapia. Além disso, 
mutações no gene p53, induzidas 
pela luz solar, podem interferir na 
morte celular programada, 
explicando a alta incidência de 
tumores em áreas expostas à 
radiação UV; 
• Diagnóstico: análise histopatológica, 
dermatoscopia e biópsia; 
• Tratamento: considera o tipo de 
tumor, a localização, o tamanho e a 
profundidade, além da idade e das 
condições clínicas do paciente, o 
número de lesões e se tumor 
primário ou recidivado, mas, 
geralmente, a cirurgia é a principal 
conduta. A radioterapia só é 
utilizada para casos em que o 
carcinoma basocelular é inoperável 
(pacientes idosos e sem condições 
clínicas para tratamento cirúrgico, 
por exemplo). 
→ Carcinoma espinocelular ou 
epidermoide: tumor maligno originado 
dos queratinócitos da epiderme, com 
capacidade de invasão, destruição 
tecidual, metástase regional e 
metástase à distância. Os locais mais 
frequentes que podem originar 
metástases são orelhas, lábios e 
genitais. Acomete principalmente 
homens brancos, na faixa etária dos 50 
anos, com história de exposição solar 
frequente; 
• Fatores de risco: múltiplas 
queratoses actínicas, pacientes 
imunossuprimidos, exposição a 
agentes carcinogênicos (radiação 
solar e tabaco, por exemplo), 
trauma local, cicatriz de queimadura 
(úlcera de Marjolin), radiação 
ionizante, inflamação crônica e 
dermatoses, como albinismo, sífilis 
tardia e hanseníase. Além disso, no 
desenvolvimento do carcinoma 
espinocelular, ocorre uma mutação 
no gene p53, provocando a 
diminuição da apoptose e a 
proliferação tumoral; 
• Diagnóstico: biópsia da lesão com 
exame histopatológico; 
• Tratamento: depende da 
localização da lesão, do 
estadiamento do tumor (TNM) e 
do exame histopatológico. Podem 
ser recomendadas crioterapia com 
nitrogênio líquido (carcinoma 
espinocelular in situ), curetagem 
com eletrocauterização (carcinoma 
de baixo risco), excisão cirúrgica, 
quimioterapia e radioterapia.→ Melanoma: tem origem 
neuroectodérmica, formando-se a 
partir dos melanócitos que migram da 
crista neural para toda a epiderme 
durante a embriogênese. Essa origem 
facilita sua capacidade de disseminação, 
tornando-o o tumor maligno da pele 
com maior agressividade, por 
apresentar grande capacidade de 
invasão e metastatização. 
Classicamente, é dividido em quatro 
tipos clínicos - melanoma disseminativo 
superficial (associado à lesão pré-
existente e forma de crescimento 
radial), melanoma nodular (alto poder 
de metastatização), melanoma acral 
lentiginoso (mais comum em indivíduos 
de cor não branca e amarela, nas 
superfícies palmo-plantares) e 
melanoma lentigo maligno (forma 
clínica menos agressiva, comum na 
face de pessoas idosas). 
• Fatores de risco: predomina no 
sexo masculino, com maior 
incidência da quarta a sexta 
décadas, predominando indivíduos 
da cor branca, cabelos ruivos e 
olhos claros. O histórico familiar da 
doença também é importante; 
• Diagnóstico: avaliação 
dermatoscópica confirmada pela 
histologia; 
• Tratamento: cirurgia (principal 
opção), radioterapia, imunoterapia 
e quimioterapia. 
 
CONHECER os métodos preventivos das 
neoplasias de pele 
→ Fotoproteção: uso de filtro solar e 
equipamentos de proteção (chapéu, 
boné, roupas térmicas, guarda-sol e 
óculos); 
→ Evitar a exposição solar, principalmente 
entre 10h e 16h (horário de radiação 
mais intensa); 
→ Independente da exposição solar, os 
fotoprotetores solares devem ser 
sempre utilizados; 
→ Fotoprotetores eficientes são aqueles 
que combatem as radiações UVA e 
UVB; 
→ A Sociedade Brasileira de Dermatologia 
(SBD) recomenda o uso de filtro solar 
com fator de proteção de no mínimo 
30, devendo ser aplicado de 15 a 30 
minutos antes da exposição solar e 
reaplicado, em geral, a cada 2 ou 3 
horas; 
→ A quantidade de filtro solar indicada 
varia conforme a área corporal, sendo 
recomendado uma colher de chá na 
região de cabeça, rosto e pescoço e 
duas colheres de chá distribuídas 
uniformemente nas demais regiões do 
corpo, de maneira a não deixar 
nenhuma área desprotegida. 
 
ENTENDER a classificação de Breslow e 
Clark 
→ ‘Índice de Breslow’ e ‘Nível de Clark’ 
são classificações importantes para que 
o médico patologista estabeleça a 
profundidade do tumor e, 
consequentemente, o prognóstico do 
melanoma; 
→ O ‘Índice de Breslow’ mede a 
espessura da lesão em milímetros, 
desde a epiderme até as células 
tumorais mais profundas; 
→ A espessura de Breslow é medida por 
película milimetrada adequada a 
micrômetro ocular e feita a partir do 
topo da camada granulosa até o ponto 
mais profundo em que são 
identificadas células malignas; 
→ Em casos de lesão ulcerada, a 
espessura de Breslow deve ser medida 
a partir da base da úlcera; 
→ O melanoma in situ não permite a 
medida da espessura de Breslow, já 
que não há invasão abaixo da camada 
basal; 
→ Índice de Breslow: 
• ≤ 1mm; 
• 1,01 a 2mm; 
• 2,01 a 4mm; 
• > 4mm. 
→ O ‘Nível de Clark’, por sua vez, é um 
sistema baseado na anatomia cutânea. 
Dessa forma, conforme o melanoma 
se aprofunda nas camadas da pele, os 
níveis de Clark aumentam; 
→ Os níveis de Clark são cinco, assim 
definidos: 
• Nível I: epiderme (in situ); 
• Nível II: células tumorais atingem a 
camada papilar (mais superficial); 
• Nível III: células malignas atingem a 
interface entre as dermes papilar 
e reticular, sem infiltrar esta; 
• Nível IV: células malignas 
penetram a derme reticular; 
• Nível V: tumor atinge o tecido 
celular subcutâneo (hipoderme). 
→ A profundidade do melanoma é o 
principal fator preditivo de prognóstico 
e tratamento, já que é pelo contato 
com as estruturas mais profundas que 
ele se metastatiza; 
→ Atualmente, utiliza-se mais o ‘Índice de 
Breslow’ no estabelecimento de 
condutas.

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