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HIPERTENSÃO PORTA - GASTROENTEROLOGIA CAIO MÁRCIO SILVA CRUZ 1 Hipertensão Porta/Cirrose Síndrome frequentemente associada a doença crônica. Responsável pela maioria das complicações. Consequências Formação de colaterais: o Varizes (podem ser de esôfago e do fundo do estômago) o Circulação colateral na parede abdominal. Esplenomegalia Ascite Classificação Pré-Hepática: trombose de porta, compressão tumoral, Hipoplasia congênita. Hepática (mais comum) o Pré-sinusoidal: esquistos- somose e desordem vascular porta-sinusoidal (hipertensão portal não cirrótica, idiopática, hiperplasia nodular regenera- tiva) o Sinusoidal: cirrose (causa mais comum de HP) o Pós-sinusoidal: doença venooclusiva. Pós-hepática: trombose de veias hepáticas, pericardite constrictiva, restrição miocárdica. Apresentação clínica Pré-sinusoidal (pré-hepáticas e hepática) apresentação mais frequente: grandes esplenomegalias e HDA. Sinusoidal e pós-sinusoidal (hepáticas e pós-hepáticas): apre- sentação mais frequente com ascite. Cirrose Hepática Causas Hepatites Virais B, C e D Álcool Doença gordurosa do Fígado (5% deles evoluem para doença hepática, e atualmente é uma causa muito importante) Hepatite Autoimune Doença de Wilson Hemocromatose Fármacos Ervas CBP, CEP... Deficiência de alfa 1 anti-tripsina. HIPERTENSÃO PORTA - GASTROENTEROLOGIA CAIO MÁRCIO SILVA CRUZ 2 Progressão da Fibrose Necrose Hepatocitária Fibrose Cirrose H. Porta Falência Hepática Insuficiência hepática crônica – Manifestações clínicas Hipertensão porta e falência hepática o Ascite o HDA o Encefalopatia hepática o Sinais físicos de cirrose Diagnóstico Biópsia hepática (não precisa toda vez) US, CT e RNM: Hipertrofia Lobo Direito, contorno irregular, VP alargada, esplenomegalia, varizes, ascite. Elastografia (Fibroscan, RNM, ARFI...) o Fibroscan (Elastografia transitória) entre 10 a 15 kPa sugestivo; >15 kPa altamente sugestivo de cirrose compensada. Laboratório: INR (TAP) prolongado, albumina baixa, baixa contagem de plaquetas, BT elevada. Exame físico: ascite, edema, icterícia, sinais de DHC. CHILD-PUGH Classificação Risco de Complicações na Cirrose - Investigar carcinoma hepatocelular em 6 meses. 5* casos por ano evoluem para câncer. HIPERTENSÃO PORTA - GASTROENTEROLOGIA CAIO MÁRCIO SILVA CRUZ 3 História Natural da Cirrose DHC com ETH (Fibroscan) < 10 kPa tem menos que 1% de risco de descompensar em 3 anos Acompanhamento com a regra (10-15- 20-25 kPa avaliar progressão e prognóstico). A cada 12 meses HCC, ascite: as 2 principais formas de descompensação. Após descompensação, probabilidade de sobrevida sem transplante em 5 anos: 30 a 50%. Rastreamento de Varizes - EDA quando ETH (Fibroscan) for maior que 20 kPa ou plaquetas abaixo de 150.000 Nota: EDA não é para todo mundo! Quando o fígado está doente ele não consegue retirar do organismo o óxido nítrico (que é vasodilatador) que é o que causa hipotensão geral, até o desenvolvimento de ascite. Assim, há a retenção de sódio no fígado. Varizes de esôfago É uma emergência, podendo ser fatal quando o sangramento é de um vaso calibroso. Faz a ligadura das varizes. Drogas vasoativas o mais rápido possível – Terlipressina, octreotide ou somatostatina. Corrigir hipovolemia (transfusão de hemácias conservadora, para manter HB entre 708 g/dl) Sucesso (24 h sem ress) Tratamento Endoscópico (ligadura elástica) Manter Droga 2 – 5 dias Falha Sem ress Com ress Profilaxia TIPS recoberto Balão HIPERTENSÃO PORTA - GASTROENTEROLOGIA CAIO MÁRCIO SILVA CRUZ 4 Tamponamento por balão sonda Sengstaken-Blakemore TIPS – entra com o cateter pela jugular e desce até a veia hepática, chega até a veia porta e coloca um stend: cai a pressão porta e o sangue passa direto para o sistema porta (risco para a encefalopatia, por isso é usado antes de um transplante.) TIPS (Transjugular Intrahepatic Portosystemic Shunt) Profilaxia Primária 15 – 25% dos pacientes cirróticos terão sangramento, Mortalidade no primeiro sangramento 20 – 50%. Betabloqueadores reduzem o risco do primeiro sangramento (BBNS ou carvedilol) BBNS em pacientes de alto risco é recomendado como primeira opção, em lugar da ligadura elástica Varizes de médio ou grosso calibre. Efeitos Secundários Diminuição da inflamação (diminuir translocação bacteriana) Diminuição da taxa de descompensação em ascite (importante) Aumento da sobrevida (importante) Diminuição da incidência de CHC (importante) Profilaxia primária de descompensação Indicada em quem tem hipertensão porta clinicamente significativa - HPCS (diagnóstico por imagem, endoscopia ou ETH ≥ 25 kPa) e não descompensou. ETH< 15 kPa com plaquetas normais - sem HPCS Beta bloqueadores reduzem o risco de descompensação (BBNS ou carvedilol) Recomendada utilização de BB, de preferência carvedilol. (Que pode causar hipotensão) Profilaxia secundária (já sangrou uma vez) • Taxa de recorrência em um ano: 80% • Beta bloqueador + ligadura são indicadas na prevenção do segundo sangramento. • TIPS para os resistentes. Encefalopatia hepática Síndrome neuropsíquica secundária à insuficiência hepática, caracterizada por distúrbios da consciência, da capacidade intelectual e da personalidade. Estágios clínicos As toxinas que deveriam ser retiradas da circulação pelo fígado acabam atingindo o cérebro. HIPERTENSÃO PORTA - GASTROENTEROLOGIA CAIO MÁRCIO SILVA CRUZ 5 Fisiopatologia – Multifatorial Toxinas (amônia e outros) Ação de bactéria intestinal sobre a uréia e proteínas – menor função neural. Neurotransmissão GABAérgica Menor depuração hepática GABA produzido por bactéria intestinal inibição Transmissão neuronal (complexo GABA – benzodiazepínicos) Falsos Neurotransmissores Aumento de AA aromáticos produção de falsos NT – menor transmissão neuronal. Fatores desencadeantes • HDA • Desidratação/hipocalemia • Uremia • Infecção • Constipação • Excesso de proteína na dieta • Sedativos Tratamento específico Dieta hipoproteica: 30-40 g/dia (vegetal) Dissacarídeos não absorvíveis: Lactulose (oral e enema) o Oral: 45 a 90 ml/dia o Enema: 500 ml + 1 l de água Antibióticos: o Neomicina – 2 a 6 g/dia o Metronidazol – 500mg 2x/dia o Rifaximin – 600 mg/dia L-ornitina: oral e endovenosa Notas: Esquisostomosse faz só hipertensão porta, e não insuficiência hepática. Cirrose dá hipertensão porta e insuficiência hepática. Conclusões • Cirrose hepática é a principal causa de hipertensão porta. • Cirrose hepática manifesta-se por sinais de hipertensão porta e/ou insuficiência hepática. • As principais causas de cirrose são: hepatites virais, álcool e doença gordurosa. • Ascite, HDA por ruptura de varizes, encefalopatia e CHC são complicações frequentes.
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