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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 6: TENDINOPATIA/ BURSITE 1 1. Introdução A Tendinopatia é uma classe de doenças que afetam os tendões → Tendinite e peritendinite Podem ter origem degenerativa ou traumática Apresenta dor relacionada à atividade (movimentação), edema local, sensibilidade focal à palpação e diminuição da força Pode apresentar outros sinais flogísticos, mas não são tão comuns endinopatias e rupturas tendinosas são situações comuns na prática médica e respondem por cerca de 30% de todas as consultas feitas por doenças no aparelho musculoesquelético. Nesta forma de envolvimento a porção tendinosa das unidades musculotendíneas perdem a arquitetura colágena normal sendo substituídas por um material amorfo e mucinoso. Acredita-se que o aumento de suporte de cargas mecânicas, seja ele por aumento na duração ou na quantidade de carga, desencadeie morte celular programada ou apoptose. As tendinopatias afetam a função física de um indivíduo; causam dor e sofrimento. Podem ter implicações econômicas importantes gerando impacto negativo na qualidade de vida de seu portador. Diagnóstico precoce e correto é importante no tratamento adequado, evitando-se assim, a cronicidade e a incapacidade. Os tendões mais vulneráveis são os de Aquiles, o patelar, o do manguito rodador do ombro e os extensores carpis radialis brevis. Existem dois tipos principais de doenças em tendões: a entesopatia e a tendinopatia. Na primeira, os processos mecânico e inflamatório acontecem na inserção do tendão no osso; na segunda, ela afeta a porção média do tendão. Estes dois tipos devem ser discriminados, já que têm causas diferentes. Tem sido demonstrado que a obesidade está associada com tendinopatias. Além dos problemas de saúde associados com obesidade, que já estão bem estabelecidos como doenças vasculares e cardíacas, as implicações do envolvimento musculoesquelético geradas pelo sobrepeso vêm sendo estudadas cada vez mais, devido ao fato de gerarem grandes perdas econômicas. A obesidade está se tornando um dos problemas mais graves e muito prevalente na saúde pública de todo o mundo. Uma projeção da Organização Mundial de Saúde mostrou que, em 2015, 2,3 bilhões de adultos teriam sobrepeso e mais de 700 milhões seriam obesos. Este fato estressa a importância de se estudar as implicações da obesidade na vida diária. Tendinopatia é um termo geral para descrever a degeneração do tendão caracterizada por uma combinação de dor, edema e desempenho comprometido. Os locais comuns incluem o manguito rotador (tendão supraespinhal), extensores do punho (epicôndilo lateral) e pronadores (epicôndilo medial), tendões patelar e do quadríceps e tendão de Aquiles. A etiologia exata não é clara. Estudos sugerem que se trata de uma condição de uso excessivo que provoca regeneração inadequada do tendão que o predispõe a microrrupturas e degeneração. O tratamento consiste em alteração nas atividades, repouso relativo, gelo, alongamento e fortalecimento. Alongamento e fortalecimento são mais bem orientados por um fisioterapeuta. A terapia extracorpórea por ondas de choque ou a injeção de plasma rico em plaquetas guiada por ultrassonografia podem ser consideradas na tendinopatia recalcitrante, mas seus usos ainda são controversos. Os que não melhorarem com terapia conservadora devem buscar avaliação cirúrgica. A bursite é uma condição dolorosa que afeta as pequenas bolsas cheias de líquido - chamadas de bursas - que amortecem os ossos, tendões e músculos próximos às articulações. A bursite ocorre quando as bursas ficam inflamadas. Os locais mais comuns Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 6: TENDINOPATIA/ BURSITE 2 para a bursite são o ombro, o cotovelo e o quadril. Mas você também pode ter bursite no joelho, calcanhar e no glúteo. A bursite ocorre perto de articulações que realizam movimentos repetitivos frequentes exatamente pelo estresse mecânico local. O tratamento geralmente envolve o repouso da articulação afetada e a proteção contra novos traumas. Na maioria dos casos, a dor da bursite desaparece em algumas semanas com o tratamento adequado, mas surtos recorrentes de bursite são comuns. Em geral, a bursite é encontrada igualmente na população masculina e feminina. No entanto, alguns tipos de bursite têm uma predileção feminina documentada, especificamente a bursite da pata anserina (na face interna do joelho) e a bursite trocantérica (na face lateral do quadril). Além disso, essas formas de bursite são mais comuns em indivíduos com excesso de peso e desvios/alterações em relação à anatomia normal. A bursite no ombro (ou bursite subacromial), é vista com mais frequência em pessoas que participam de atividades físicas repetitivas com esta articulação, como atletas, operários e trabalhadores braçais. Mas também é frequente em pessoas que passam longos períodos em uso de computador e mouse. 2. Formação e estrutura do tendão Os tendões são estruturas capazes de transmitir ao osso a força de tensão gerada pela contração muscular. Apresentam variações na forma e no tamanho podendo ser cilíndricos ou achatados. Morfologicamente o tendão é um tecido conjuntivo denso modelado, fibroso, composto essencialmente por fibras altamente ordenadas em feixes. Este tecido exibe uma hierarquia estrutural e pode ser subdivido em fascículos, fibras, fibrilas e microfibrilas (LIN et al., 2004). Cerca de 90 a 95% do seu componente celular são compostos de fibroblastos e fibrócitos. Os fibroblastos com numerosas organelas citoplasmáticas refletem sua alta atividade metabólica, característica típica de células que estão sintetizando grandes quantidades de componentes da matriz extracelular (MEC). Com o decorrer da idade os fibroblastos tornam-se alongados e se transformam em fibrócitos quiescentes, contudo, estas células mantêm a capacidade de síntese, que pode ser reativada durante processos de reparo após uma lesão do tendão (HAYEM, 2001; ESQUISATTO et al., 2003; SHARMA & MAFFULLI, 2006). O restante do componente celular é formado por condrócitos na região de inserção, células sinoviais e células vasculares. Os fibroblastos sintetizam colágeno, proteoglicanos e proteínas não-colagênicas, que são os componentes da MEC, e juntamente com os fibrócitos localizam-se entre a MEC depositada por eles. Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 6: TENDINOPATIA/ BURSITE 3 3. Tendinopatia do ombro Músculos que formam o manguito rotador ❖ Supraespinhal ❖ Infraespinhal ❖ Subescapular ❖ Redondo menor O supraespinhal é o músculo mais comum de estar relacionado com lesões → Ruptura e síndrome do impacto Brusa subacromial Síndrome do impacto 4. Tendinopatia do cotovelo Epicondilite lateral (cotovelo do tenista) → Dor na origem dos tendões extensores do punho Epicondilite medial (cotovelo do golfista) → Dor na origem dos flexores 5. Tendinopatia do punho Seis compartimentos extensores Tendinopatia do primeiro túnel → Síndrome de “de Quervain”; sendo o mais comum 6. Tendinopatia do Aquiles Tríceps sural ❖ Gastrocnêmio ❖ Sóleo Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 6: TENDINOPATIA/ BURSITE 4 7. Fasciite plantar (esporão calcâneo) Dor matinal Melhora com o uso de salto alto É causado pelo encurtamento da cadeia posterior 8. Tendinopatia do quadril Anamnese Exame físico ❖ Dor a palpação da face lateral do quadril ❖ Dor ao realizar abdução ativa ❖ Edema local ❖ Macha em Trendelemburg → O paciente manca pela insuficiência da musculatura Exames complementares ❖ USG ❖ RNM → Padrão ouro *Imagem em T2 Epidemiologia ❖ Mulheres a partir da sexta década de vida ❖ Adiposidade ginóide ❖ Falta de atividade física regular ❖ Associação com lombalgia crônica ❖ Transtornos depressivosde qualquer face 9. Tratamento Reabilitação Repouso relativo Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 6: TENDINOPATIA/ BURSITE 5 Controle clínico das comorbidades associadas Analgésicos e anti-inflamatórios ❖ Dipirona/ Paracetamol ❖ Tramadol/ Codeína ❖ Diclofenaco/ Celocoxibe ❖ Amitriptilina/ Duolexetina Estímulo da atividade física bem orientada Cinesioterapia Terapia local ❖ Infiltração de corticoide → Anestésico (Bupivacaína/ Lidocaína) associado com Betametasona (usar o mínimo possível); processo pode ser guiado por USG/ RNM *Corticoide aumenta o risco da ruptura do tendão, pois induz a apoptose celular ❖ Terapia com ondas de choque → São ondas acústicas de alta energia; estimula a regeneração tecidual; processo doloroso; não induz ruptura; custo um pouco elevado ❖ Fenestração → Baixo custo; múltiplas punções de face lateral da coxa com agulha guiada por USG; induz crise vascular local; poucos estudos ❖ PRP→ Diversos estudos nos últimos anos utilizando-o; desfecho semelhante com a infiltração com corticoide; retorno dos sintomas após dois a quatro meses; técnica segura; baixo custo *Coleta sangue periférico, centrifuga, aspira os últimos 20% do plasma (rico em plaquetas) e injeta no tendão lesado para que esses fatores de crescimento plaquetário induza regeneração/ cicatrização ❖ Infiltração com ácido hialurônico → Bons resultados; poucos estudos clínicos a longo prazo; fácil execução; baixo custo ❖ Tratamento cirúrgico → Última instância; alto custo; capacidade de restaurar a anatomia; indicada nos casos em que o paciente aderes a terapia multidisciplinar e não tem resposta a terapia local (acompanhado por 3-6 meses para avaliação cirúrgica); pode ser realizado por via aberta ou endoscópica Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 6: TENDINOPATIA/ BURSITE 6 ❖ Terapia com CMMO → Bons resultados in vitro; tratamento de Tendinopatia patelar, epicondilite lateral e do manguito rotador do ombro; estudo pioneiro; resultados positivos em relação a dor e escore funcional Referências bibliográficas Aula de Dr. Davi (22/03/2021) CASTRO, A. D. A., SKARE, T. L., NASSIF, P. A. N., SAKUMA, A. K., & BARROS, W. H. (2016). Tendinopatia e obesidade. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), 29, 107- 110. PINTO, A. L. D. S., & LIMA, F. R. (2015). Tendinopatias e bursites. In Manual do residente de clínica médica. Manole.
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