Buscar

Resumo Economia Internacional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

RESUMOS DE ECONOMIA INTERNACIONAL 
 
Capítulo 2 – Produtividade do trabalho e vantagem comparativa: modelo 
ricardiano 
 
O custo de oportunidade das rosas em termos de computadores é o número de 
computadores que poderiam ser fabricados com os recursos utilizados para produzir um 
dado numero de rosas. 
A diferença entre os custos de oportunidades dos bens é que permite um 
rearranjo mutuamente benéfico da produção mundial. Como cada país se 
“especializará” no que lhe tiver mais vantagem comparativa*, o mundo como um todo 
estará produzindo mais logo é possível, em princípio, elevar o padrão de vida de cada 
indivíduo. 
*Um país possui vantagem comparativa na produção de um bem se o custo de 
oportunidade da produção desse bem em relação aos demais nesse país do que em 
outros. 
O comércio entre 2 países pode se beneficiar se cada um exportar os bens que 
possui uma vantagem comparativa. 
No entanto, no mundo real não existe uma autoridade central decidindo qual país 
deveria produzir determinado bem. O mercado, através da oferta e demanda é quem 
ditam as regras. 
Como toda economia possui limites cada país esta tem sua fronteira de 
possibilidades de produção que nos mostra a quantidade do bem1 (por exemplo) que 
poderá ser produzida dado que já estamos produzindo certa quantidade do bem2. Ela 
ilustra as diferentes combinações de bens que a economia pode produzir. 
Quando há apenas um fator de produção a fronteira de possibilidades de 
produção será uma linha reta. Neste caso o custo de oportunidade de produzir o bem1 
em termos do bem2 é constante. 
O custo de oportunidade é igual ao valor absoluto da declividade da fronteira de 
possibilidades de produção de uma economia. 
Para determinarmos o quanto de cada bem que será produzido pela economia 
precisamos conhecer os preços relativos dos bens, isto é, o preço de um bem em relação 
ao outro. 
A economia vai se especializar no bem no qual o seu preço relativo exceder seu 
custo de oportunidade. 
● Caso: P1/P2 > aL1/aL2, o país se especializará no bem1. 
● Caso: P1/P2 < aL1/aL2, o país se especializará no bem2. 
Somente quando P1/P2 = aL1/aL2 o país produzirá os 2 bens. 
Na ausência de comércio internacional os preços relativos serão iguais às suas 
necessidades unitárias de trabalho relativas. 
No caso de 2 economias, Local e Estrangeira* supondo que: aL1/aL2< aL1*/aL2* ou, 
de modo equivalente: aL1/ aL1*< aL2 /aL2* podemos dizer que a produtividade relativa do 
bem1 do Local é maior que a do vinho. 
Quando um país pode produzir uma unidade de um bem com menos trabalho que 
outro país, podemos dizer que o primeiro país tem uma vantagem absoluta na 
produção desse bem. 
Uma forma útil de acompanhar 2 mercados de uma só vez é enfocar não apenas nas 
quantidades do bem1 ou do bem2 ofertadas e demandadas, mas também a oferta e a 
demanda relativas, isto é, a quantidade do bem1 ofertado ou demandado dividido pela 
quantidade do bem2 ofertado ou demandado. Por exemplo, se bem1= queijo e bem2 = 
vinho a oferta e demanda relativas, neste caso, seria o número de quilos de queijo 
ofertado ou demandado dividido pelo número de litros de vinho ofertado ou 
demandado. 
Para haver um equilíbrio geral mundial a oferta e a demanda relativa sejam iguais. 
Graficamente falando seria no ponto de encontro da curva OR com a DR. 
A primeira forma de mostrar que a especialização e o comércio são benéficos é 
considerar o comércio como um método indireto de produção. (O local poderia produzir 
o bem2 diretamente mais o comércio com o Estrangeiro lhe permite produzir o bem 
Local tem vantagem comparativa) e depois trocar pelo bem2(Estrangeiro tem vantagem 
comparativa) que necessita. Esse método indireto é mais eficiente. 
A vantagem comparativa não deve ser confundida com a absoluta; é a vantagem 
comparativa, e NÃO a absoluta, que determina quem vai e deve produzir um bem. 
O salário relativo dos trabalhadores de um país é o montante que recebem por hora, 
comparado com o montante que os trabalhadores de outro país recebem pelo mesmo 
período. Esse salário se situa entre as razões das produtividades dos dois países nas duas 
indústrias. 
Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa: 
1. Vantagem comparativa é diferente da absoluta; a comparativa depende da 
produtividade e do salário relativo. Mesmo sem vantagem absoluta em nada, um 
país pode ter vantagem relativa e ganhar com o comércio. 
2. Não importa se o custo mais baixo do bem 1 produzido no país A se deve à alta 
produtividade ou aos salários baixos, o que interessa ao país B é que é mais 
barato, em termos do seu próprio trabalho, produzir o bem 2 e depois trocá-lo 
pelo bem 1 em vez de produzir diretamente o bem 1. 
3. Os salários mais baixos de alguns países é as vezes a alternativa menos pior 
possível. É melhor que trabalhem a salários baixos e comercializem ficando 
assim numa situação melhor quanto ao seu poder de compra do que não 
comercializar e ficar com o poder de compra mais baixo ainda. 
A regra para alocar a produção mundial é simples: os bens serão produzidos onde 
for mais barato produzi-los. Será mais barato produzir o bem i no Local se: waL i< 
w*a*Li ou rearranjando: a*Li/ aLi > w/w*. 
Para determinar os salários relativos em uma economia multibens, é preciso 
examinar por trás da demanda relativa por bens, a demanda relativa por trabalho 
resultante. Ela não é uma demanda direta da parte dos consumidores, mas sim uma 
demanda derivada, que resulta da demanda por bens produzidos com o trabalho de 
cada país. 
A demanda derivada relativa pelo trabalho do Local, por exemplo, diminuirá quando 
a razão entre os salários do Local e do Estrangeiro aumentar, isso ocorre por 2 motivos: 
1. Conforme o trabalho do local se torna mais caro em relação ao do Estrangeiro, 
os bens produzidos no Local tendem a ficar mais caros também e a demanda 
por esses bem cai. 
2. À medida que os salários do local aumentam, menos bens são produzidos no 
Local e mais no Estrangeiro, reduzindo ainda mais a demanda pelo trabalho do 
Local. 
Supondo que o número de homens-horas não varia com o salário, o salário relativo 
não tem efeito sobre a oferta relativa de trabalho, logo OR (oferta mundial de trabalho 
do Local em relação à do Estrangeiro) é uma reta vertical. 
O salário relativo de equilíbrio é determinado pela interseção entre DR (demanda 
mundial de trabalho do Local em relação à do Estrangeiro) e OR. 
Analisando a figura 2-5(pág. 21) vemos que se a interseção de DR e OR por acaso 
recai nem dos planos, ambos os países produzem o bem ao qual o plano se aplica. 
É caro transportar bens e serviços e, em alguns casos, o custo de transporte é 
suficiente para levar os países à auto-suficiência em alguns setores. 
Apesar de poucos economistas acreditarem que o modelo ricardiano seja uma 
descrição completamente adequada das causas e conseqüências do comércio mundial, 
suas duas implicações principais – que as diferenças de produtividade desempenham um 
papel importante no comércio internacional e que as vantagens comparativas em vez das 
absolutas é que importam – parecem ser corroboradas pelas evidências empíricas. 
Embora algumas previsões do modelo ricardiano sejam claramente irrealistas, sua 
previsão básica – de que os países tenderão a exportar bens em que possuem 
produtividade relativamente alta – tem sido confirmada por vários estudos. 
 
Capítulo 4 – Recursos e comércio: o modelo de Hesckscher-Ohlim (H-O) 
 
Uma das principais teorias em economia internacional é a de que o comércio 
internacional é condicionado, em grande parte, pelas diferenças entre os recursos dos 
países. 
Estamos no modelo de Heckscher-Ohlin (H-O), que começa na pág. 50 do livro.
 
Se w é o salário por hora de trabalho e r é o custo de um alqueire de terra, a 
escolha dos insumos vai depender da razão entre os dois preços de fatores, w/r. Note 
que a definição de intensidade depende da razão entre terra e trabalho usada na 
produção, e não da razão entre terra ou trabalhoe produto. Dessa forma um bem não 
pode ser terra-intensivo e trabalho-intensivo ao mesmo tempo. 
A importância do preço de um fator para o custo de produzir um bem depende 
da quantidade desse fator utilizada na produção desse bem. 
Nesse modelo mudanças nos preços relativos têm forte impacto sobre a 
distribuição de renda. Uma mudança no preço dos bens não altera apenas a distribuição 
de renda; na verdade, a mudança sempre altera a distribuição a tal ponto que os 
proprietários de um fator de produção apresentam ganhos enquanto os proprietários do 
outro saem perdendo. 
O efeito viesado do aumento nos recursos sobre as possibilidades de produção é 
a chave para compreender como as diferenças em recursos fazem surgir o comércio 
internacional. 
Em geral, uma economia tenderá a ser relativamente eficaz na produção de bens 
que sejam intensivos nos fatores dos quais o país é relativamente bem dotado. 
Se o Local tem uma razão trabalho-terra mais alta que a do Estrangeiro, ele é 
trabalho-abundante e o Estrangeiro é terra-abundante. 
Por exemplo, os EUA têm 80 milhões de trabalhadores e 200 milhões de 
alqueires( razão trabalho-terra de 1 para 2,5) e a Grã-Bretanha tem 20 milhões de 
trabalhadores e também de alqueires(razão trabalho-terra de 1 para 1). Neste caso a Grã-
Bretanha é considerada trabalho-abundante, mesmo tendo menos trabalho-total que os 
EUA. Note que a abundância é definida em termos de uma razão(termos relativos) e 
não em quantidades absoluta, comparando-se a razão entre trabalho e terra nos 2 países, 
de forma que nenhum país é abundante em tudo. 
No país Local um aumento do preço relativo de tecidos leva a um aumento na 
produção de tecidos e a um declínio do consumo relativo. Logo o Local passa a exportar 
mais tecidos e importar mais alimentos. Inversamente, o declínio do preço relativo do 
tecido no Estrangeiro leva-o a se tornar um importador de tecidos e um exportador de 
alimentos. 
Podemos dizer então que os países tendem a exportar bens cujas produção é 
intensiva em fatores dos quais são dotados abundantemente. 
O comércio leva à convergência de preços. Mudanças nos preços relativos têm 
fortes efeitos sobre a remuneração relativa do trabalho e da terra. 
O comércio internacional tem um forte impacto sobre a distribuição de renda. Os 
proprietários dos fatores abundantes de um país obtêm ganhos de comércio enquanto 
que os proprietários dos fatores escassos deste país saem perdendo. 
Quando Local e Estrangeiro fazem comércio, os preços relativos dos bens 
convergem. Essa convergência, por sua vez, leva à convergência dos preços relativos de 
terra e trabalho. Dessa maneira, delineia-se claramente uma tendência à equalização 
dos preços de fatores. No modelo, essa tendência ocorrem em qualquer situação, ou 
seja, o comércio internacional lava à completa equalização dos preços de fatores. 
Só temos um grande problema: no mundo real os preços dos fatores não são 
equalizados. Três hipóteses cruciais para previsão da equalização de preços dos fatores 
são, com certeza, falsas: 
1. Ambos os países produzem ambos os bens; 
2. As tecnologias são as mesmas em ambos os países; 
3. O comércio realmente equaliza os preços de bens nos dois países. 
O paradoxo de Leontief é a única evidência empírica de peso contra a teoria das 
proporções de fatores. 
 Embora o modelo H-O tenha sido menos bem-sucedido para explicar os padrões 
exatos do comércio internacional do que se poderia esperar, ele permanece vital para a 
compreensão dos efeitos do comércio, especialmente seus efeitos sobre a distribuição de 
renda. 
 
Capítulo 9 – Economia Política da Política Comercial 
 
Argumentos a favor do livre comércio: 
 
Livre Comércio e Eficiência: Uma tarifa gera uma perda líquida para a economia; ela faz isso ao 
distorcer os incentivos econômicos tanto de produtores como consumidores. Por outro lado, a 
abertura ao livre comércio elimina essas distorções e aumenta o bem estar nacional. 
 
Economias de Escala: Os mercados protegidos não apenas fragmentam a produção 
internacionalmente, mas, reduzindo a concorrência e aumentando os lucros, também levam muitas 
firmas a entrar na indústria protegida. Com uma proliferação de firmas em mercados domésticos 
restritos, a escala de proteção de cada uma se torna ineficiente. 
 
Aprendizagem e Inovações: Ao incentivar os empresários a procurar novos caminhos para exportar 
ou concorrer com importações, ele oferece mais oportunidades para aprendizagem e as inovações do 
que um sistema de comércio “administrado”, no qual o governo dita, em grande medida, o padrão 
das importações e exportações. 
 
Argumento Político a favor do livre comércio: O compromisso político com o livre comércio pode 
ser uma boa idéia na prática, mesmo que em princípio possa haver políticas melhores. Com 
freqüência os economistas argumentam, que, na prática, as políticas comerciais são mais 
influenciadas por interesses particulares do que pela consideração dos custos e dos benefícios 
nacionais. 
Às vezes, os economistas conseguem mostrar que, na teoria, um conjunto específico de tarifas e 
subsídios à exportação poderia aumentar o bem-estar nacional, mas na realidade qualquer órgão do 
governo que tentasse se dedicar a um programa sofisticado de intervenção no comércio 
provavelmente seria tomado por grupos de interesse e convertido em um meio de distribuição de 
renda a setores politicamente influentes. 
 
Argumentos do bem-estar nacional contra o livre comércio: 
 
Argumento dos termos de troca a favor das tarifas: No caso de um país grande, capaz de afetar 
os preços dos exportadores estrangeiros, uma tarifa diminui o preço das importações e, dessa forma 
beneficia os termos de troca. Esse benefício deve ser pesado em relação aos custos da tarifa, que 
surgem porque ela distorce os incentivos à produção e ao consumo. É possível, porém, que em 
alguns casos os benefícios dos termos de troca proporcionados pela tarifa superem seus custos, de 
modo que exista um argumento dos termos de troca a favor de uma tarifa. 
 
Com tarifas de alíquota baixa, o bem-estar de um país grande é maior do que com o livre 
comércio. A alíquota da tarifa que maximizar o bem-estar nacional é a tarifa ótima. A alíquota da 
tarifa ótima é sempre positiva, mas inferior à alíquota positiva que eliminaria todas as importações. 
 
Argumento da falha do mercado doméstico contra o livre comércio: Ocorre quando algum 
mercado do país não está desempenhando sua função corretamente. Esse argumento é um caso 
particular de um conceito mais geral conhecido na economia como teoria do segundo melhor. De 
acordo com essa teoria, uma política sem interferências é desejável em qualquer mercado somente se 
todos os outros mercados estiverem funcionando adequadamente. Caso eles não estejam, uma 
intervenção do governo que pareça distorcer os incentivos em um mercado pode efetivamente 
aumentar o bem-estar ao compensar as conseqüências das falhas do mercado em outro lugar. 
A dificuldade de averiguar qual a política comercial do segundo melhor a ser seguida reforça o 
argumento político a favor do livre comércio. 
 
Distribuição de renda e Política Comercial 
 
De que maneira as preferências dos indivíduos são somadas a fim de produzir a política comercial 
que vemos na realidade? 
 
Concorrência Eleitoral:Que políticas econômicas os 2 partidos prometerão seguir? Resposta: Eles 
tentarão encontrar um meio-termo, especificamente, ambos tenderão a convergir para a alíquota 
preferida pelo eleitor mediano, que está exatamente na metade da fila. Logo, os 2 partidos acabarão 
propondo uma tarifa próxima àquela que o eleitor mediano deseja. 
 
Ação Coletiva: O fato de a política ser um bem público significa que as políticas que impõem 
grandes perdas no total, mas pequenas perdas para cada indivíduo podem não enfrentar uma 
oposição efetiva. Trata-se de um problema de ação coletiva: embora interesse ao grupo como um 
todo pressionar por políticas favoráveis, não interessa aos indivíduos fazê-loEsse problema pode ser superado quando o grupo é pequeno (de modo que cada indivíduo venha 
a auferir uma parcela significativa dos benefícios das políticas favoráveis) e / ou bem organizado (de 
modo que os membros do grupo possam ser mobilizados para agir em seu interesse coletivo). O 
problema da ação coletiva, então, pode explicar por que políticas, que, além de parecer gerar mais 
custos do que benefícios, parecem prejudicar muito mais eleitores do que ajudar podem, ainda assim, 
ser adotadas. 
 
Vantagens da Negociação 
 
Por pelo menos 2 motivos, é mais fácil diminuir as tarifas como parte de um acordo mútuo do que 
fazê-lo como política unilateral. Em 1º lugar, um acordo mútuo ajuda a angariar apoio para um 
comércio mais livre. Em 2º lugar, os acordos negociados sobre o comércio ajudam os governos a não 
entrar em guerras comerciais destrutivas. 
Questão de Teoria dos Jogos – Dilema do Prisioneiro – Livre comércio ou proteção? 
 
Capítulo 10 – A Política Comercial nos países em desenvolvimento 
 
Industrialização pela Substituição de Importações 
 
Da 2ª GM à década de 1970, para acelerar seu crescimento, muitos países em desenvolvimento 
limitaram as importações de bens manufaturados, com o objetivo de fomentar um setor 
manufatureiro que atendesse o mercado doméstico. Essa estratégia se tornou popular, por muitos 
motivos, mas os argumentos da teoria econômica a favor da SI desempenharam papel importante 
nesse crescimento. Provavelmente, o mais importante desses argumentos era o argumento da 
indústria nascente. 
 
Argumento da Indústria Nascente: Os países em desenvolvimento têm uma vantagem 
comparativa potencial na manufatura, mas as novas indústrias manufatureiras desses países não 
podem, a princípio, concorrer com as sólidas manufaturas dos países desenvolvidos. Para lhes dar o 
apoio necessário, os governos devem ajudar temporariamente as novas indústrias, até que elas se 
tornem fortes o suficiente para enfrentar a concorrência internacional. Desse modo, faz sentido 
utilizar tarifas ou cotas de importação como medidas temporárias para dar início à industrialização. 
 
Problemas com o argumento da indústria nascente: 
 
Em 1º lugar, nem sempre é bom intervir hoje nas indústrias que terão uma vantagem comparativa 
no futuro. Suponha que um país atualmente trabalho-abundante esteja no processo de acumular 
capital: quando ele acumular capital suficiente, terá uma vantagem comparativa nas indústrias 
capital intensivas. Isso não significa que o país deverá desenvolver essas indústrias imediatamente. 
 
Em 2º lugar, a proteção às manufaturas não faz nenhum bem, a não ser que a proteção em si ajude a 
tornar a indústria competitiva. Alguns economistas têm alertado também sobre o caso da “indústria 
pseudonascente”: a indústria é protegida inicialmente e depois se torna competitiva por motivos que 
não têm nada a ver com a proteção. Nesse caso, a proteção da indústria nascente acaba parecendo 
um sucesso, mas pode na verdade ter sido um custo líquido para a economia. 
 
Geralmente, o fato do desenvolvimento de uma indústria ser custoso e levar tempo não é um 
argumento a favor da intervenção do governo, a não ser que haja alguma falha no mercado 
doméstico. 
Justificativas da falha de mercado para a proteção da indústria nascente: 
 
Entre os defensores do argumento da indústria nascente, os mais esclarecidos têm identificado 2 
falhas de mercado que, por si só, justificariam a proteção da indústria nascente: os mercados 
imperfeitos de capital e o problema da apropriabilidade. 
 
Justificativa dos mercados imperfeitos de capitais: Se um país em desenvolvimento não tem um 
conjunto de instituições financeiras que permita que as poupanças de setores tradicionais sejam 
utilizadas para financiar o investimento em novos setores, então o crescimento de novas indústrias 
será restrito pela capacidade de as firmas nessas indústrias auferirem lucros no presente.Assim, 
lucros iniciais baixos serão um obstáculo ao investimento mesmo que os retornos de longo prazo 
sobre esse investimento sejam elevados. 
 
Argumento da Apropriabilidade: Pode assumir diversas formas, mas todas têm em comum a idéia 
de que as firmas em uma nova indústria geram benefícios sociais pelos quais não são compensadas. 
Por exemplo, as firmas que entram primeiro em uma indústria podem ter de incorrer em custos 
iniciais de adaptação da tecnologia a circunstâncias locais, ou de abertura de novos mercados. Se 
outras firmas podem seguir as líderes sem incorrer nesses custos iniciais, impede-se que as pioneiras 
recebam quaisquer retornos desses desembolsos. 
Assim, as firmas pioneiras podem, além de obter um produto físico, criar benefícios intangíveis 
(como conhecimento ou novos mercados) sobre os quais não poderão estabelecer direitos de 
propriedade. Os benefícios sociais da criação de uma nova indústria excederão os custos, contudo, 
por causa do problema da apropriabilidade, nenhum empresário estará disposto a entrar nela. 
 
Problemas da Industrialização pela Substituição de Importações 
 
Por que ISI não funcionou da forma esperada? O principal motivo parece ser o seguinte: ao 
contrário do que muitos pensavam, o argumento da indústria nascente não era tão universalmente 
válido. 
Um período de proteção não criará um setor manufatureiro competitivo se, por determinados 
motivos fundamentais, o país não tiver uma vantagem comparativa nesse setor. A experiência tem 
mostrado que os motivos do não-desenvolvimento são, em geral, mais profundos do que a simples 
falta de experiência nas manufaturas. Os países pobres não têm trabalho qualificado e 
empreendedores nem competência gerencial; para completar, têm problemas de organização social 
que tornam difícil manter ofertas confiáveis de tudo, desde peças de reposição até eletricidade. 
O argumento da indústria nascente é que, dada a proteção temporária das tarifas ou cotas, as 
indústrias manufatureiras das nações menos desenvolvidas aprenderão a ser mais eficientes. Na 
prática, isso nem sempre acontece. 
Parte do problema se deve ao fato de muitos países utilizarem métodos excessivamente 
complexos para promover suas indústrias nascentes. Ou seja, utilizarem cotas de importação 
complicadas e sobrepostas, controles de câmbio e normas de conteúdo doméstico, em vez de tarifas 
simples. 
Outro custo que tem recebido atenção considerável é a tendência de as restrições às importações 
promoverem a produção em uma escala ineficientemente pequena. O mercado doméstico total não é 
grande o suficiente para permitir instalações de produção em uma escala eficiente. 
 
Problemas da economia dual 
 
A divisão de uma única economia em 2 setores que parecem estar em níveis muito diferentes de 
desenvolvimento é denominado dualismo econômico, e uma economia com essa característica é 
considerada uma economia dual. 
Quando os mercados estão funcionando mal, pode surgir o argumento da falha de mercado a 
favor de restrições ao livre comércio. A presença do dualismo econômico, com freqüência, é 
utilizada para justificar as tarifas que protegem o setor manufatureiro, aparentemente mais eficiente. 
Um 2º motivo que relaciona o dualismo à política comercial é que a política comercial em si 
pode ter muito a ver com ele. À medida que a industrialização pela SI entrou na mira de ataque, 
alguns economistas começaram a argumentar que tais políticas tinham, na verdade, ajudado a criar 
uma economia dual ou pelo menos agravado alguns de seus sintomas. 
Sintomas do dualismo: 
● O valor do produto por trabalhador é muito maior no setor moderno do que no resto da 
economia. 
● Acompanhando o valor elevado do produto por trabalhador está um salário mais alto. Os 
trabalhadores da indústria podem receber dez vezes o que os trabalhadores rurais recém. 
● O valor elevado do produto por trabalhador no setor moderno é, pelo menos em parte, 
devido à maior intensidade de capital na produção. 
● Muitos países menos desenvolvidos têm um problema de desemprego persistente.Mercados de trabalho duais e política comercial 
 
Caso exista um diferencial de salários, os mercados alocarão mal o trabalho; as firmas do setor 
industrial contratarão poucos trabalhadores. Uma política de governo que os induza a contratar mais 
pode elevar o bem-estar nacional. 
De acordo com o modelo de Harris-Todaro, um aumento no número de empregos manufatureiros 
levaria a um êxodo rural tão grande que o desemprego urbano, na verdade aumentaria. Quando um 
trabalhador adicional é contratado pelo setor manufatureiro, 2 ou 3 trabalhadores a mais podem 
deixar a agricultura para inchar os índices de desemprego urbano. Embora o trabalhador sortudo 
ganhe, seu ganho salarial, será em grande parte compensado pelas perdas salariais dos novos 
desempregados. O suposto benefício marginal social do emprego manufatureiro adicional fica, 
portanto, perdido. 
Assim como o argumento da indústria nascente, o argumento dos diferenciais de salários a favor 
da proteção é hoje desaprovado pelos economistas. 
 
Industrialização orientada para exportações: o milagre do Leste Asiático 
 
A partir de meados da década de 1960, tornou-se cada vez mais claro que havia outro caminho 
possível para a industrialização: eram as exportações de bens manufaturados, principalmente para as 
nações mais avançadas. Além disso, os países que se desenvolveram dessa maneira, um grupo que o 
Banco Mundial agora chama de economias asiáticas de alto desempenho (EAADs), atingiram um 
crescimento econômico espetacular. 
 
Os fatos de crescimento asiático: 
 
Na década de 1960, um crescimento econômico rápido começou em 4 economias asiáticas 
menores, freqüentemente chamadas de “ os 4 tigres”: Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e 
Cingapura. Finalmente, no final da década de 1970 e na década de 1980, o rápido crescimento 
começou na Malásia, Tailândia e Indonésia e, de maneira mais espetacular, na China. 
Além das altas taxas de crescimento, as EAADs possuem uma característica distinta: elas são 
muito abertas ao comércio internacional, e têm se tornado ainda mais ao longo do tempo. Na 
verdade, as economias asiáticas de crescimento rápido são muito mais orientadas para as exportações 
que os outros países em desenvolvimento, em particular a América Latina e o sul da Ásia. 
 
Política Comercial nas EAADs 
 
As razões elevadas de exportações e importações m relação ao PIB nas nações asiáticas são 
conseqüências das políticas comerciais, que, embora pudessem não corresponder exatamente ao livre 
comércio, deixavam o comércio muito mais livre do que nos países em desenvolvimento que 
tentaram se desenvolver pela SI. 
Infelizmente, a realidade na confirma essa história tanto quanto os seus defensores gostariam. 
Em primeiro lugar, não está claro em que medida as razões de comércio alta nas EAADs podem 
realmente ser atribuídas às políticas de livre comércio. Com exceção de Hong Kong, essas 
economias na verdade não têm experimentado nada muito próximo do livre comércio: todas 
continuam a manter tarifas razoavelmente substanciais, cotas de importação, subsídios à exportação 
e outras políticas que administram seu comércio. 
As EAADs estão seguindo políticas econômicas mais próximas do livre comércio que os outros 
países em desenvolvimento? Provavelmente sim, embora a complexidade das políticas comerciais 
seguidas pelos países em desenvolvimento em geral torne as comparações difíceis. 
Política Industrial nas EAADs 
 
Alguns articulistas acreditam que o sucesso das EAADs, longe de demonstrar a eficácia das 
políticas do livre comércio, representa na realidade uma vitória para o intervencionismo sofisticado. 
De fato, é verdade que várias das economias bem-sucedidas têm praticado políticas que favorecem 
determinadas indústrias em relação a outras: tais políticas industriais incluem não somente tarifas, 
restrições à importação e subsídios à exportação, mas também políticas mais complexas, como 
empréstimos a juros baixos e apoio do governo para pesquisa e desenvolvimento. 
 
Outros fatores de crescimento 
 
As economias asiáticas de crescimento rápido não são peculiares apenas no que diz respeito à 
sua alta fração de comércio. Quase todas têm taxas de poupança muito altas, o que significa que 
podem financiar taxas de investimento muito altas. Quase todas têm dado grandes passos no campo 
do ensino público. Diversas estimativas recentes sugerem que a combinação de altas taxas de 
investimento com níveis de instrução em rápido crescimento explica, em grande parte, o crescimento 
rápido no Leste da Ásia. 
 
Capítulo 11 – Controvérsias em Política Comercial 
 
Argumentos sofisticados a favor da política comercial ativista 
 
A política governamental ativista precisa de um tipo específico de justificativa; a saber, ela deve 
compensar alguma falha preexistente do mercado doméstico. O problema com muitos argumentos a 
favor da política comercial ativista é exatamente que eles não se relacionam a nenhuma falha. 
O problema com os argumentos da falha de mercado a favor da intervenção é um só: como 
reconhecer uma falha de mercado? Os economistas que estudam os países industrializados têm 
identificado 2 tipos de falhas de mercado que, ao que parece, estão presentes nesses países e são 
relevantes para suas políticas comerciais. Uma delas se verifica nas indústrias de alta tecnologia: as 
firmas nessas indústrias são incapazes de desfrutar os benefícios da parte da contribuição ao 
conhecimento que vaza para as concorrentes. A outra falha é a presença de lucros de monopólio em 
indústrias oligopolistas altamente concentradas. 
 
Tecnologias e externalidades 
 
Se as firmas em uma determinada indústria geram conhecimento que outras firmas podem 
também utilizar sem pagar por isso, a indústria está na realidade gerando um produto adicional, o 
benefício social marginal do conhecimento, que não se reflete nos incentivos das firmas. Logo, nas 
indústrias em que essas externalidades (beneficiados apropriados por outros grupos além das firmas 
que os geram) mostram-se importantes, há um bom argumento a favor do subsídio. 
 
O fato a favor da política comercial ativista é que, embora as firmas possam se apropriar de 
alguns dos benefícios de seu investimento em conhecimento, elas normalmente não podem se 
apropriar da totalidade dos benefícios. Alguns dos benefícios vão para nas mãos de outras firmas, 
que podem imitar as idéias e as técnicas das líderes. Como as leis de patentes não protegem 
adequadamente os inovadores, é razoável supor que, sob o laissez-faire, as firmas de alta tecnologia 
não ficariam tão motivadas a inovar quanto deveriam. 
 
O argumento a favor do apoio do governo às indústrias de alta tecnologia 
 
Embora as indústrias de alta tecnologia provavelmente produzam benefícios sociais adicionais 
por causa do conhecimento que geram, muito do que ocorre em uma indústria de alta tecnologia não 
tem nada a ver com a geração de conhecimento. Não há nenhum motivo para subsidiar o emprego de 
capital ou de trabalhadores não técnicos nessas indústrias; por outro lado, a inovação e os 
vazamentos de tecnologia acontecem, até certo ponto, em qualquer indústria, não só nas de alta 
tecnologia. 
Um princípio geral é que o comércio e a política industrial deveriam ter como alvo 
especificamente a atividade na qual a falha de mercado ocorre. Desse modo, a política econômica 
deveria procurar subsidiar a geração de conhecimento da qual as firmas não podem se apropriar. O 
argumento dos vazamentos de tecnologia é provavelmente o melhor que se pode apresentar a favor 
de uma política industrial ativa. 
 
Concorrência Imperfeita e Política Comercial Estratégica 
 
Localiza na falta de concorrência perfeita a falha de mercado que justifica a intervenção 
governamental. Eles chamaram a atenção para o fato de que, em certas indústrias, existirem apenas 
algumas firmas em concorrência efetiva. Por causa do pequeno número de firmas, os pressupostos de 
da concorrência perfeita não se aplicam. Em particular, haverá normalmenteretornos em excesso, 
isto é, as firmas terão lucros acima daqueles que os investimentos com mesmo risco em outros 
setores da economia podem auferir. Haverá uma concorrência internacional relativa a quem ficará 
com esses lucros. 
 
Problemas com a análise de Brander-Spencer 
 
O subsídio dado pelo governo europeu eleva abruptamente os lucros de uma firma européia, à 
custa de seus rivais estrangeiros. Deixando de lado o interesse dos consumidores, isso parece sem 
dúvida elevar o bem-estar europeu (e reduzir o bem-estar americano). O governo dos EUA não 
deveria, então, colocar esse argumento na prática (justificar o ativismo do governo)? 
Na verdade, essa justificativa estratégica a favor da política comercial, embora tenha atraído 
muito interesse, também tem recebido várias críticas. Os críticos argumentam que, para a teoria da 
certo na prática, seriam necessárias mais informações do que as costumam estar disponíveis. Além 
disso, essas políticas apresentariam o risco de uma retaliação estrangeira. 
 
A necessidade de informações fica pior pelo fato de não podermos considerar as indústrias 
isoladamente. Se uma indústria é subsidiada, ela tira recursos de outras indústrias e aumenta os 
custos delas. Desse modo, mesmo uma política econômica que consiga dar às firmas americanas 
uma vantagem estratégica em uma indústria tenderá a causar uma desvantagem estratégica em outra. 
O fato de o governo conhecer a fundo determinada indústria não é suficiente; ele precisa também 
conhecer a fundo as indústrias com as quais aquela indústria concorre por recursos. 
Se determinada política comercial estratégica for capaz de superar tudo isso, ela ainda se 
defrontará com o problema da retaliação estrangeira, essencialmente o mesmo problema visto 
quando consideramos o uso de tarifas para melhorar os termos de troca. As políticas estratégicas são 
políticas econômicas do tipo empobreça-se-vizinho, que aumentam nosso bem-estar à custa dos 
outros países. Essas políticas levam, portanto, ao risco de uma guerra comercial que prejudica a 
todos. 
 
Capítulo 12 – Contabilidade Nacional e o Balanço de Pagamentos 
 
Y = C + I + G + EX – IM ; TC = EX – IM ; Y – (C + I + G) = TC 
 
S = I + TC ; Sprivado – I = Sgoverno + (X – M) ; Sprivado + Sgoverno = I + (X – M) 
 
 
Capítulo 18 – Sistema Monetário Internacional 
 
Objetivos da Política Macroeconômica em uma Economia Aberta 
 
Os formuladores da política econômica sã motivados pelos 2 objetivos que mencionamos: o 
equilíbrio interno e o externo. Podemos definir o equilíbrio interno como aquele ponto em que os 
recursos do país estão plenamente empregados e o nível de preços local está estável. Já o equilíbrio 
externo é alcançado quando as transações correntes do país não estão em um déficit tão profundo 
que o país não possa pagar sua dívida externa no futuro, nem com um superávit tão grande que 
sejam os estrangeiros os prováveis inadimplentes. 
 
Equilíbrio externo sob o Padrão Ouro 
 
Sob o padrão ouro, a responsabilidade principal de um banco central era preservar a paridade 
oficial entre sua moeda e o ouro: para manter esse preço, o banco central necessitava de um 
estoque suficiente de reservas em ouro. Os formuladores de política econômica consideravam o 
equilíbrio externo não como um objetivo das transações correntes, mas como uma situação em que 
o banco central não estava nem ganhando ouro do exterior, nem perdendo a uma taxa rápida 
demais. 
Os bancos centrais tentavam evitar grandes flutuações no balanço de pagamentos. Como as 
reservas internacionais tomaram a forma de ouro durante esse período, o superávit ou déficit no 
balanço de pagamentos tinha de ser financiado por trocas de carregamentos de ouro entre os 
bancos centrais. Para evitar grandes movimentos do ouro, os bancos centrais adotaram políticas 
que levaram o componente do superávit (ou déficit) da conta financeira menos reservas a se 
comportar no mesmo ritmo do déficit (ou superávit) total das transações correntes e da conta 
capital. 
 
Mecanismo preço-fluxo de metais preciosos 
 
No padrão ouro, entram em ação alguns mecanismos automáticos poderosos que contribuem 
para que todos os países alcancem, simultaneamente, o equilíbrio do balanço de pagamentos. O 
mais importante deles, o mecanismo preço-fluxo de metais preciosos. 
Suponha que o superávit em transações correntes da Inglaterra seja maior que o déficit de sua 
conta financeira exclusive reservas. Como as importações líquidas dos estrangeiros, provenientes 
da Inglaterra, não estão sendo financiadas totalmente pelos empréstimos concedidos a esses 
mesmos estrangeiros, o equilíbrio dever ser obtido por fluxos de reservas internacionais, isto é, de 
ouro que entra na Inglaterra. Esses fluxos de ouro reduzem automaticamente as ofertas de moeda 
estrangeira e aumentam a oferta de moeda na Inglaterra, baixando os preços estrangeiros e 
elevando os preços ingleses. 
O aumento nos preços ingleses e a queda simultânea nos preços estrangeiros, uma apreciação 
real da libra dada a taxa de câmbio fixa, reduzem a demanda estrangeira por bens e serviços 
ingleses e, ao mesmo tempo, aumentam a demanda inglesa por bens e serviços estrangeiros. Esses 
deslocamentos da demanda reduzem tanto o superávit em transações correntes da Inglaterra quanto 
o déficit em transações correntes do estrangeiro. Por fim, os movimentos de reserva param, e todos 
os países envolvidos atingem o equilíbrio do balanço de pagamentos. 
 
As “regras do jogo” do padrão ouro 
 
As reações dos bancos centrais quanto aos fluxos do ouro entre suas fronteiras possibilitaram a 
ascensão de outro mecanismo, também capaz de restabelecer o equilíbrio do balanço de 
pagamentos. Os bancos centrais que estavam perdendo ouro persistentemente reconheceram o 
risco de, mais cedo ou mais tarde, não conseguir resgatar suas notas. 
Pensaram, então, em diminuir seus estoques de ativos domésticos quando o ouro começasse a 
sair; com isso, elevariam a taxa de juros doméstica e atrairiam fluxos de entrada de capital do 
exterior. Os bancos centrais que ganhavam ouro, por sua vez, não viam tantos motivos para 
eliminar suas próprias importações do metal. O principal incentivo era a maior lucratividade dos 
ativos domésticos que, ao contrário do “estéril” ouro, rendiam juros. 
Muitas vezes os países reverteram as regras e esterilizaram os fluxos de ouro, isto é, venderam 
ativos domésticos quando as reservas estrangeiras estavam aumentando e compraram ativos 
domésticos quando as reservas estrangeiras estavam caindo. 
O Sistema de Bretton Woods 
 
O sistema elaborado pelo acordo de Bretton Woods exigia taxas de câmbio fixas em relação ao 
dólar, e um preço do ouro em dólar invariável – US$35 por onça. Os países membros mantinham 
suas reservas internacionais oficiais em grande parte na forma de ativos em ouro ou dólares, e 
tinham o direito de vender dólares para o FED em troca de ouro ao preço oficial. 
 
Fluxos de capitais especulativos e crises 
 
Um país com déficit grande e persistente em transações correntes poderia ser suspeito de estar 
em “desequilíbrio fundamental” e, portanto, estar pronto para uma desvalorização da moeda. A 
suspeita da proximidade de uma desvalorização, por sua vez, poderia levar a uma crise no balanço 
de pagamentos. 
Qualquer um que tivesse depósitos em libras durante uma desvalorização da libra, por 
exemplo, sofreria uma perda, uma vez que o valor em moeda estrangeira dos ativos em libra 
diminuiria bruscamente, na mesma proporção da variação na taxa de câmbio. 
De forma semelhante, os países com grandes superávits nas transações correntes poderiam ser 
vistos pelo mercado como candidatos à valorização. Nesse caso, seus bancos centrais se 
encontrariam repletos de reservas oficiais, resultado da venda da moeda doméstica no mercado 
cambial para evitar sua apreciação. Um país nessa posição enfrentaria o problema de ter sua oferta 
de moeda crescendo sem controle, o que poderia elevar o nível de preços e afetar o equilíbrio 
interno.As crises no balanço de pagamentos tornaram-se cada vez mais freqüentes nos anos 60 e 70. 
Essas crises se tornaram tão numerosas no início dos anos 70 que por fim arrasaram a estrutura das 
taxas de câmbio fixas estabelecidas em Bretton Woods. 
Diante da possibilidade de uma crise no balanço de pagamentos, o objetivo externo de 
estabelecer uma meta para as transações correntes adquiriu, portanto, mais importância. Mesmo os 
desequilíbrios nas transações correntes justificados por oportunidades de investimento 
internacional ou causados por fatores meramente temporários levariam o mercado a suspeitar que 
uma mudança na paridade se aproximava. 
 
Analisando as opções de política econômica no sistema de Bretton Woods 
 
Mantendo o equilíbrio interno 
 
Se tanto P* como E são permanentemente fixos, a inflação doméstica depende sobretudo da 
pressão da demanda agregada sobre a economia, não das expectativas quanto à inflação futura. 
Portanto, o equilíbrio interno exige apenas o pleno emprego, isto é, que a demanda agregada seja 
igual ao nível de pleno emprego do produto, Y*. O formulador de política econômica pode manter 
o produto estável em seu nível de pleno emprego, Y*, por meio de mudanças na política fiscal ou 
na taxa de câmbio. 
Y* = C(Y* - T) + I + G + TC(EP*/P, Y* - T) 
Sob taxas de câmbio fixas, a política monetária não se constitui em uma ferramenta de política 
econômica. 
A curva II é negativamente inclinada porque uma desvalorização da moeda (um aumento em 
E) e uma expansão fiscal (aumento em G ou uma diminuição em T) tendem a aumentar o produto. 
À direita de II, a política fiscal é mais expansionista do que o necessário para o pleno emprego, de 
modo que os fatores produtivos na economia são sobreempregados. À esquerda de II, a política 
fiscal é restritiva em demasia e ocorre desemprego. 
 
Mantendo o equilíbrio externo 
 
Pressuponha que o governo tenha um valor-alvo, X, para o superávit nas transações correntes. 
TC(EP*/P, Y – T) = X 
 
Dados P e P*, um aumento em E torna os bens domésticos mais baratos e melhora as 
transações correntes. Por sua vez, a expansão fiscal tem o efeito oposto sobre as transações 
correntes. Uma queda em T aumenta o produto Y; o aumento resultante na renda disponível 
aumenta o gasto doméstico em bens estrangeiros e piora as transações correntes. De forma 
semelhante, por aumentar Y, um aumento em G faz com que TC caia. 
Como um aumento em E aumenta as exportações líquidas, as transações correntes estão em 
superávit em relação ao nível visado, X, acima de XX. De forma semelhante, abaixo de XX as 
transações correntes estão em déficit em relação ao nível de sua meta. 
 
Políticas de mudança e troca dos gastos 
 
Se a economia está inicialmente longe do ponto 1, ajustes apropriados na política fiscal e na 
taxa de câmbio são necessário para alcançar os equilíbrios interno e externo. A mudança na 
política fiscal que move a economia para o ponto 1 é denominada política de mudança nos gastos, 
porque ela altera o nível da demanda total da economia por bens e serviços. 
O ajuste da taxa de câmbio que se segue é denominado política de troca de gastos, porque ele 
muda a direção da demanda, deslocando-a entre o produto doméstico e as importações. Em geral, 
tanto a mudança no nível dos gastos como a troca de gastos são necessários para atingir os 
equilíbrios interno e externo. 
Com a política fiscal e a taxa de câmbio indicadas pelo ponto 2, existe subemprego e um 
déficit excessivo nas transações correntes. Apenas a combinação da desvalorização e da expansão 
fiscal indicada na figura move a economia para o equilíbrio interno e externo (Ponto 1). A política 
fiscal expansionista, agindo sozinha, pode eliminar o subemprego movendo a economia para o 
ponto 3, mas o custo do desemprego menor é um déficit externo maior. Embora a política fiscal 
contracionista possa sozinha levar ao equilíbrio externo (ponto 4), ela derruba o produto e a 
economia se afasta mais do equilíbrio interno. 
É por isso que os dilemas como o do ponto 2 geram suspeitas de que a moeda será 
desvalorizada. Afinal, a desvalorização melhora as transações correntes e a demanda agregada ao 
aumentar a taxa de câmbio real EP*/P de um golpe só; a alternativa é um período longo e 
politicamente inaceitável de desemprego, para provocar um aumento igual na taxa de câmbio real 
por meio de uma queda em P. 
 
A inflação mundial e a transição para taxas flutuantes 
 
Se a economia está no ponto 1, um aumento em P*, dados a taxa de câmbio fixa e o nível de 
preços doméstico, leva portanto a economia à região 1, com um sobreemprego e um superávit nas 
transações correntes indesejavelmente altos. O fator que causa esse resultado é uma depreciação 
real da moeda, que aumenta a demanda mundial pelo produto do país local. 
Se o governo não reagir, o sobreemprego pressionará para cima o nível de preços doméstico, e 
essa pressão gradualmente levará as 2 curvas de volta à posição original. As curvas vão parar de se 
deslocar quando P tiver aumentado na mesma proporção de P*. Nesse estágio, a taxa de câmbio 
real, o emprego e as transações correntes estarão em seus níveis iniciais, de modo que o ponto 1 
será mais uma vez a posição de equilíbrio interno e externo. 
Para evitar a importação de inflação é preciso valorizar a moeda (isto é, diminuir E) e mover-se 
para o ponto 2. Uma valorização restabelece os equilíbrios interno e externo imediatamente, sem 
inflação doméstica, utilizando-se a taxa de câmbio nominal para contrabalançar o efeito do 
aumento em P* sobre a taxa de câmbio real. Apenas uma política de troca de gastos pode dar uma 
resposta adequada a um aumento puro nos preços estrangeiros. 
Já o aumento nos preços domésticos que ocorre quando não há nenhuma valorização exige um 
aumento na oferta de moeda doméstica, uma vez que os preços e a oferta de moeda movem-se 
proporcionalmente no longo prazo. O mecanismo que permite esse aumento é a intervenção do 
banco central no câmbio. Conforme o produto e os preços domésticos aumentam após o aumento 
em P*, a oferta de moeda real diminui e a demanda por saldos em moeda real aumenta. Para evitar 
que a pressão para cima sobre a taxa de juros doméstica aprecie a moeda, o BC deve comprar 
reservas internacionais e expandir sua oferta monetária. 
 
Capítulo 19 – Política Macroeconômica e Coordenação sob taxas de câmbio flutuantes 
 
Argumentos a favor das taxas de câmbio flutuantes 
 
Autonomia da Política Monetária: Se os bancos centrais não fossem mais obrigados a intervir 
nos mercados de moeda para fixar as taxas de câmbio, os governos poderiam utilizar a política 
monetária para atingir os equilíbrios interno e externo. 
 
Simetria: Sob um sistema de taxas flutuantes, as assimetrias inerentes a Bretton Woods 
desapareceriam, e os EUA não seriam mais capazes de, sozinhos, estabelecer as condições 
monetárias mundiais. Ao mesmo tempo, os EUA teriam a mesma oportunidade que outros países 
de influenciar sua taxa de câmbio em relação às moedas estrangeiras. 
 
Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos: Mesmo na ausência de uma política 
monetária ativa, o ajuste rápido das taxas de câmbio determinadas pelo mercado ajudaria os países 
a manter os equilíbrios interno e externo em face de mudanças na demanda agregada. 
 
Argumentos contrários às taxas de câmbio flutuantes 
 
Disciplina: As taxas flutuantes dariam mais liberdade aos governos no uso da política monetária. 
Alguns críticos acreditavam, porém, que elas levariam não à liberdade mas à desordem: livres do 
temor de perder reservas internacionais, os governos poderiam adotar políticas fiscais ou 
monetárias expansionistas, caindo na armadilha do viés inflacionário. Inúmeros fatores, desde 
objetivos políticos à simples incompetência, poderiam instalar uma espiral inflacionária. 
 
Especulação desestabilizadora e perturbações no mercado monetário: Se os negociantes de 
câmbio vissem que uma moeda estava sendo depreciada, argumentava-se, eles poderiam vendera 
moeda na expectativa de uma depreciação futura, independente das previsões de prazo mais longo; 
e, quanto mais comerciantes passassem a vender a moeda, as expectativas de depreciação 
acabariam por se realizar. Essa especulação desestabilizadora tenderia a acentuar as flutuações em 
torno do valor de longo prazo da taxa de câmbio, que ocorreriam normalmente como resultado de 
perturbações econômicas inesperadas. 
 
Danos ao comércio e aos investimentos internacionais: As moedas flutuantes deixam os 
importadores mais inseguros sobre os preços que terão de pagar pelos bens no futuro, e os 
exportadores mais inseguros sobre os preços que vão receber. Para os críticos essa incerteza 
tornaria mais cara a entrada no comércio internacional e, como resultado, os volumes de comércio 
e, juntamente com eles, os ganhos que os países auferem com o comércio, diminuiriam. De forma 
semelhante, uma incerteza maior sobre os ganhos dos investimentos poderia interferir nos fluxos 
de capitais internacionais produtivos. 
 
Políticas econômicas não coordenadas: Para alguns defensores de Bretton Woods, as regras dele 
haviam ajudado a promover um comércio internacional ordenado, eliminando as depreciações 
monetárias competitivas que haviam ocorrido durante a Grande Depressão. Com os países mais 
uma vez livres para alterar suas taxas de câmbio, argumentavam eles, a história poderia se repetir. 
Os países poderiam mais uma vez seguir políticas macroeconômicas próprias, que prejudicavam 
todos os países e, no final, não beneficiava nenhum deles. 
 
A Ilusão de maior autonomia: A taxa de câmbio é uma variável macroeconômica tão importante 
que os responsáveis pela política econômica não seriam capazes de tomar medidas referentes à 
política monetária sem considerar seus efeitos sobre a taxa de câmbio.

Outros materiais