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Processos proliferativos não neoplásicos Estomatologia – UFPE Larissa Albuquerque *São lesões reacionais que ocorrem comumente na mucosa bucal e são caracterizados pela proliferação tecidual, geralmente de natureza inflamatória. As lesões mais frequentes na cavidade bucal são a hiperplasia fibrosa inflamatória, o granuloma piogênico, o fibroma cemento-ossificante periférico e a lesão periférica de células gigantes. Hiperplasia fibrosa inflamatória *A hiperplasia fibrosa é uma resposta proliferativa da mucosa bucal à trauma, com formação excessiva de epitélio e conjuntivo fibroso, que se projeta de forma pedunculada ou séssil para a cavidade bucal. *São as lesões mais frequentes da mucosa bucal, felizmente não evoluindo para neoplasias. Dependendo das características microscópicas, pode ser classificada microscopicamente em inflamatória e/ou ulcerada. *A causa principal da hiperplasia fibrosa é trauma devido à prótese mal adaptada. Ocorre geralmente nos rebordos alveolares, tanto da maxila quanto da mandíbula, na forma de projeções ou pregas fibrosas lineares, formando várias camadas adjacentes. *A sintomatologia depende da intensidade do trauma e presença de ulcerações. *O tecido conjuntivo é fibroso e na região subepitelial pode haver acúmulo de células inflamatórias, geralmente linfócitos e plasmócitos. *O tratamento é a remoção cirúrgica, eliminando-se também o trauma com confecção ou não de nova prótese, para evitar recidivas. Pregas de tecido hiperplásico no vestíbulo maxilar. Hiperplasia papilar inflamatória (por câmara de sucção) *É um crescimento de tecido reacional causado pela câmara de sucção da prótese, que estimula a proliferação da mucosa para preencher o espaço entre o palato e a prótese, que adquire a forma e volume da câmara. Lesões papilares no palato duro. Hiperplasia fibrosa focal *É causada por trauma, mas nem sempre a irritação é determinada, podendo ser devida a hábitos de sucção da mucosa ou presença de dentes fraturados. *Quando a lesão é nodular pode ser chamada de fibroma. *Clinicamente, a lesão é menos extensa e mais localizada, apresenta cerca de 1 a 2cm de diâmetro. É comum ocorrer na mucosa jugal (local mais frequente), língua e lábio inferior, podendo ser pedunculada ou séssil. Nódulo de coloração rosa na região posterior da mucosa jugal. *O tratamento é cirúrgico e a recidiva é rara. É preciso enviar o tecido retirado para exame microscópico. Granuloma piogênico *É um tecido de granulação hiperplásico, correspondendo à reação excessiva à trauma ou irritação crônica. *Pode ser encontrada em qualquer área da mucosa bucal passível de trauma, como língua, lábio inferior e mucosa jugal. O local mais frequente é a gengiva interdental vestibular devido à presença de biofilme e do espaço que permite o crescimento do tecido de granulação. Não causa reabsorção óssea. *O aspecto clínico típico é a formação de massa exofítica, nodular, mole, de superfície irregular, avermelhada, que sangra facilmente e, geralmente, ulcerada por trauma secundário. A superfície ulcerada é recoberta por membrana fibrino-purulenta. *As lesões podem ser pedunculadas ou sésseis, com 0,5 a 1cm de diâmetro. Podem ser encontradas em qualquer idade, em ambos os sexos, com ligeira predileção pelas mulheres. Estomatologia Larissa Albuquerque *Durante a gravidez há aumento na incidência dos granulomas piogênicos, provavelmente devido à má higiene bucal e aos efeitos dos estrógenos. Por isso, pode ser chamado de granuloma gravídico. A superfície frequentemente está ulcerada, sendo a inflamação mais intensa. Se não houver ulceração, a quantidade de células inflamatórias é pequena ou ausente, predominando vasos e fibras. *Granuloma de fístula é a formação de tecido de granulação (granuloma piogênico), o qual apresenta saída de trajeto fistuloso. *Granuloma pós-extração pode ocorrer após a exodontia, formando-se no alvéolo um granuloma piogênico, devido à presença de corpo estranho ou sequestro ósseo. *O tratamento consiste na remoção cirúrgica, tomando-se o cuidado de eliminar o fator irritante, para evitar recidivas. *O granuloma gravídico pode, muito raramente, regredir após o parto, principalmente com boa higienização. Fibroma ossificante periférico *É um aumento não neoplásico exclusivo da gengiva. É considerada uma patologia inflamatória que surge em resposta a vários tipos de agressões e se caracterizam por serem nodulares e com quantidade variável de tecido fibroso em seu interior, células gigantes, material osteoide ou calcificações e vasos sanguíneos. *Geralmente é apresentado como um nódulo exofítico bem delimitado, de base séssil ou pedunculada, de consistência firme e fibrosa, de coloração semelhante à mucosa ou mais pálido e de textura superficial lisa ou ulcerada quando submetida a injúrias. *Tem crescimento lento, frequentemente na gengiva marginal livre e papila interdental, é predominante em maxila, sobretudo na porção anterior, com a maioria dos casos ocorrendo na região entre incisivo e canino. *A lesão surge como resposta tecidual a estímulos crônicos de longa duração, como resposta a fatores irritantes como a placa e calculo subgengival, dentes mal posicionados, restaurações com sobre contorno, próteses mal adaptadas, restos radiculares, dentes em mal estado, corpos estranhos no sulco gengival e tratamento ortodôntico. *Os irritantes locais causam uma proliferação de células mesenquimais do ligamento periodontal e/ou do cemento. *É incomum o deslocamento e a mobilidade dos dentes, a não ser que haja doença periodontal preexistente ou caso os dentes estejam erupcionando. *Radiograficamente, são observados em seu interior focos radiopacos dispersos que caracterizam diferentes tipos de calcificação como osso lamelar maduro, osso imaturo, focos de calcificação distrófica e um material amorfo circunscrito que alguns altores denominam de “cemento-like”. Ainda pode-se ver uma área radiolúcida de erosão superficial próximo à área de implantação da lesão, osso adjacente ou crista alveolar. *O tratamento é cirúrgico e a excisão deve ser profunda e incluir o periósteo e o ligamento periodontal envolvido, a fim de evitar a recorrência, que tem um índice elevado. *O prognostico é favorável e requer proservação do paciente para evitar recidivas. Lesões periféricas de células gigantes *Caracteriza-se pela presença de grande quantidade de células gigantes, geralmente associadas a vasos sanguíneos. *Clinicamente, apresenta-se como nódulo séssil ou pediculado, avermelhado, as vezes com ulceração. Surge na gengiva e rebordo alveolar de incisivos e pré-molares. *Pode causar erosão da superfície óssea, em forma de “taça”. A presença da gengiva e rebordo alveolar sugere a origem de osteoclastos do ligamento periodontal ou periósteo. *Radiograficamente, pode aparecer como uma área radiolúcida no osso subjacente à lesão e eventualmente quando houver presença de dentes adjacentes à lesão, pode ser observada destruição superficial da crista óssea interdental. *Não é uma lesão encapsulada e eventualmente encontram-se trabéculas ósseas. Se não houver ulceração, a lesão está separada do epitélio por zona normal. *O tratamento é cirúrgico, podendo ocorrer recidiva. Deve-se sempre descartar a possibilidade de ser uma lesão central de células gigantes. Estomatologia Larissa Albuquerque Lesão central de células gigantes *Ocorre nas áreas de suporte dos dentes, mais frequentemente na mandíbula, em crianças e jovens adultos do sexo feminino. *Geralmente, é achado radiográfico casual, mas, em casos de crescimento rápido, provoca dor, parestesia, mobilidade dentária, assimetria facial e, eventualmente, exteriorização como se fosse uma lesãoperiférica de células gigantes. *Radiograficamente, apresenta áreas radiolúcidas, com limites mal definidos. É comum o deslocamento dos dentes envolvidos e reabsorção das raízes. Pode ser confundida com várias lesões. *O tratamento pode ser feito por curetagem cuidadosa, corticosteroides, calcitonina e interferon alfa-2a. Referências: • Patologia oral & maxilofacial / Brad Neville... [et al.] - [tradução Danielle Resende Camisasca Barroso... et al.]. — Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
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