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Química Analítica Quantitativa Experimental AULA PRÁTICA 2: Volumetria de neutralização - Preparo e padronização de solução de base forte (NaOH) Acadêmicos: Henrique da Rocha Velôso Jaqueline Rocha Velôso 1. INTRODUÇÃO A volumetria de neutralização é uma técnica bastante usada na Química Analítica para quantificar ácidos e bases em soluções. De forma geral é um termo usado para denominar procedimentos experimentais quantitativos, na determinação de uma concentração específica de uma amostra, na adição de volumes precisos e discretos de uma solução com concentração conhecida, onde reagirá rapidamente com o analito de interesse da solução problema (ANDRADE, 2020). Segundo Baccan a volumetria de neutralização ou volumetria ácido-base é um método de análise baseado na reação entre os íons H3O+ e OH-. 𝐻 3 𝑂+ + 𝑂𝐻 ⇌ 2 𝐻 2 𝑂 cuja extensão é governada pelo produto iônico da água: KH2O= [H3O+] [OH-] Aparentemente as reações de ácidos e bases sempre resultaria em uma solução neutra, independente de quantidades equivalentes, mas isso não é real a todo momento, devido os fenômenos de hidrólise que acompanham as reações entre ácidos fracos e bases fortes e ácidos fortes e bases fracas. Levando em conta também que os efeitos tamponantes gerados durante a reação podem atrapalhar os indicadores utilizados, dificultando na determinação do ponto final na volumetria de ácidos e bases (BACCAN et al., 2001). Para a preparação de soluções padrões de bases, geralmente se utiliza o hidróxido de sódio (NaOH), mais também pode ser usado o hidróxido de bário e o hidróxido de potássio, tendo em vista que todas essas bases devem ser padronizadas após preparar a solução, pois as mesma não podem ser obtidas como padrão primário (SKOOG et al., 2014) A prática foi realizada a partir da técnica de volumetria de neutralização para a preparação de uma solução com concentração conhecida. 2. OBJETIVOS ● Preparo de solução de base forte (NaOH); ● Padronização de solução de base forte (NaOH) utilizando biftalato de potássio como padrão primário. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais Utilizados ● 01 bureta de 25 mL, faixa azul com torneira teflon; ● 03 erlenmeyer de 300 mL; ● 01 Béquer de 100 mL; ● Balança analítica; ● 01 bastão de vidro; ● 01 proveta de 25 mL; ● 01 funil de vidro; ● 01 suporte com garras para buretas; ● 01 frasco de plástico; ● 02 espátulas; ● 01 vidro de relógio; ● 01 pipeta de pasteur; ● 01 balão volumétrico de 500 mL. 3.2 Reagentes Utilizados ● Solução aquosa de hidróxido de sódio (NaOH) 0,0870 mol.L-1; ● Hidróxido de sódio (NaOH) em pastilhas; ● Água destilada (H2O); ● Biftalato de potássio; ● Solução de fenolftaleína. 3.3 Procedimento Experimental 3.3.1 Preparação de solução de NaOH 0,1000 mol L-1 Obs: O procedimento foi realizado em triplicata. Calculou-se a massa de NaOH necessária para preparar 500 mL de uma solução com concentração de 0,1000 mol L-1. Em seguida, pesou-se o NaOH (em pastilhas) diretamente em um béquer pequeno com o auxílio de uma balança analítica. Logo após, adicionou-se cerca de 100 mL da água destilada (livre de CO2) e dissolveu-se todo o NaOH remanescente, transferiu-se quantitativamente a solução para um balão volumétrico de 500 mL de capacidade. Posteriormente, completou-se o volume do balão com água destilada, agitando para homogeneizar. Feito isso, transferiu-se a solução para um frasco plástico, previamente lavado e enxaguado com água destilada isenta de CO2. Logo após, identificou-o adequadamente. 3.3.2 Padronização da solução de NaOH Obs: O procedimento deve ser realizado em triplicata Primeiramente, calculou-se a massa do biftalato de potássio necessária para padronização da solução de NaOH preparada, de forma que o volume gasto foi-se equivalente a ⅗ da bureta utilizada. Em seguida, pesou-se o biftalato de potássio diretamente em um erlenmeyer de 125 mL, logo, adicionou-se aproximadamente 20 mL de água destilada, isenta de CO2, e agitou-se até dissolver todo o sólido. E por último, na solução do padrão primário adicionou-se 4 gotas de solução de fenolftaleína e titulou-se com a solução de hidróxido de sódio até a viragem do indicador. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A quantidade de hidróxido de sódio pesada na balança analítica foi de 2,1007 g. Optou-se por pesar uma massa superior à massa calculada (2,0000 g) para a produção de 500 mL de uma solução 0,1000 mol.L-1 (2,0000 g), pois sabia-se que o NaOH não possuia grau de pureza de 100%, e poderia sofrer alterações em sua propriedade ao entrar em contato com o ar, levando a um resultado de concentração muito diferente do esperado. Para a preparação do padrão primário, em triplicata, as massas de biftalato de potássio pesadas foram de 0,3065 g, 0,3064 g e 0,3065 g. A utilização do biftalato de potássio para a padronização do hidróxido de sódio resultou em um gasto de 17,7 mL, 17,0 mL e 17,1 mL da solução de NaOH, para a titulação 1, 2 e 3, respectivamente. Esses dados são apresentados no quadro a seguir. Quadro 1: dados de titulação Titulação Massa pesada de KHC8H4O4 (g) Volume gasto da solução de NaOH (mL) 1 0,3065 17,7 2 0,3064 17,0 3 0,3065 17,1 Média 0,3065 17,2667 Uma vez que se sabe a média das massas de biftalato de potássio (mbif.) que foi utilizada e sua massa molar (MMbif. = 204,23 g.mol-1), efetuou-se o cálculo para a determinação da concentração real da solução de NaOH produzida, a partir do volume médio da solução de NaOH titulante utilizado (VNaOH). 𝑀 𝑁𝑎𝑂𝐻 = 𝑚 𝑏𝑖𝑓. 𝑉 𝑁𝑎𝑂𝐻 ×𝑀𝑀 𝑏𝑖𝑓. 𝑀 𝑁𝑎𝑂𝐻 = 0,3065 𝑔 17,2667×10−3𝐿( )× 204,23 𝑔.𝑚𝑜𝑙−1( ) 𝑀 𝑁𝑎𝑂𝐻 = 0, 0870 𝑚𝑜𝑙. 𝐿−1 Pode-se notar que, embora tenha sido utilizado uma massa de NaOH acima da quantidade que esperava ser necessária para a produção de 500 mL de uma solução de hidróxido de sódio a 0,1000 mol.L-1, a concentração real da solução que se obteve foi inferior. Isso pode ter ocorrido devido a pureza do NaOH utilizado não ser de 100%. 1. Por que foi utilizado o biftalato de potássio na padronização do NaOH? O que é um padrão primário? Do mesmo modo que a pureza interfere na produção de uma solução a uma certa concentração, uma maior pureza do padrão primário garante que o resultado final da concentração da solução padronizada seja o mais correto possível, isto é, a precisão do método é totalmente dependente das características do padrão primário. “Um padrão primário é um composto altamente purificado que serve como material de referência em titulações e em outros métodos analíticos. A precisão do método criticamente depende das propriedades do padrão primário” (SKOOG et al., 2014, pág. 304). Além da pureza, um padrão primário deve ser de fácil obtenção, purificação e secagem, ser fácil de eliminar eventuais impurezas, ser estável ao ar sob condições ordinárias ao menos durante sua pesagem, e possuir massa molar relativamente grande para que o erro relativo na pesagem seja pequeno (BACCAN et al., 2001). Considerando os requisitos acima mencionados, pode-se dizer que o biftalato de potássio é quase um padrão primário ideal, pois é um sólido não higroscópico (não absorve a umidade do ar) com massa molar relativamente grande e possui um grau analítico comercial que o permite ser utilizado sem purificação adicional (SKOOG et al., 2014). Por essas características, o biftalato de potássio é comumente empregado na padronização de soluções básicas. 2. Por que é necessário se livrar do CO2 da água utilizada no experimento? Como isso pode ser feito? Em solução o hidróxido de sódio reage rapidamente com o dióxido de carbono atmosférico para produzir o carbonato de sódio 2 𝑁𝑎𝑂𝐻 (𝑎𝑞) + 𝐶𝑂 2(𝑔) → 𝑁𝑎 2 𝐶𝑂 3(𝑎𝑞) + 𝐻 2 𝑂 (𝑙) Embora a reação consuma dois íons hidróxidos, a absorção do dióxido de carbono pela solução da base não altera sua capacidade de combinação com íons hidrônio. Mas, em casos onde o indicador tenha faixa de transição básica cada íon carbonato reage apenas com um íon hidrônioquando a mudança da cor do indicador é observada, de maneira que a concentração efetiva da base é diminuída pela absorção do dióxido de carbono, resultando em um erro sistemático (conhecido como erro de carbonato) (SKOOG et al., 2014). O melhor método de preparação de soluções de hidróxido de sódio livre de carbonato tira proveito da solubilidade muito baixa do carbonato de sódio em soluções concentradas de base. O carbonato pode ser removido pelo processo de decantação ou filtração a vácuo (SKOOG et al., 2014). A água destilada pode ser fervida para a remoção de CO2, ou pode ser usada a água deionizada que não possui quantidades significativas de CO2. 3. Neste experimento foi utilizado o indicador fenolftaleína, mas, seria possível substituí-lo pelo alaranjado de metila? Explique. A reação entre hidróxido de sódio e biftalato de potássio produz uma solução cujo pH está pouco acima da neutralidade (pH>7,0), uma vez que se trata de uma reação entre uma base forte e um ácido fraco. Em casos como esse, a fenolftaleína é empregada como indicador, devido seu intervalo de pH estar entre 8,3 e 10,0 (SKOOG et al., 2014). Como podemos notar na imagem a seguir, o ponto de viragem em uma titulação de ácido fraco com base forte ocorre quando o pH está acima de 7,0. Imagem 1: curvas de titulação típicas para ácido forte e ácidos fracos Fonte: Skoog et al., 2014 Um indicador como o alaranjado de metila não poderia substituir a fenolftaleína já que o primeiro sofre mudança de cor no intervalo de pH compreendido entre 3,1 e 4,4 e não mudaria de cor ao final da reação entre NaOH e biftalato de potássio (SKOOG et al., 2014). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considera-se que a aula prática realizada obteve resultados relativamente positivos, alcançando assim os seus objetivos, tendo em vista que a mesma foi realizada a partir da volumetria de neutralização, técnica usada para a determinação de ácidos e bases. Especificamente, nesta aula, realizou-se a padronização do hidróxido de sódio (NaOH). Considerando que o experimento foi realizado em triplicata, notou-se que o mesmo foi feito com bastante precisão, pois a quantidade utilizada de biftalato de potássio (KHC8H4O4) nos três testes foram aproximadamente iguais e o consumo da solução de NaOH também tiveram variações mínimas. A concentração de NaOH obtida diverge consideravelmente do valor esperado (0,1000 mol.L-1), o que confirma a presença de impurezas no sólido utilizado. Além de impurezas, erros indeterminados podem provocar esse desvio. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, João Carlos de. Química analítica básica: volumetria de neutralização-conceitos e curvas de titulação. Revista Chemkeys, v. 2, p. DOI 10.20396/chemkeys.v2i.13737. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/chemkeys/article/view/13737/9023. Acesso em: 06 de abril de 2022. BACCAN, N.; ANDRADE, J. C.; GODINHO, O. E. S.; BARONE, J. S. Química analítica quantitativa elementar. 3. ed. São Paulo: Blücher, 2001. ISBN 978-85-212-0296-7. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788521215219/pageid/4. Acesso em: 4 abr. 2022. SKOOG, Douglas A.; WEST, Donald M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, Stanley R. Fundamentos de Química Analítica: Tradução da 9ª edição norte-americana. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2014. ISBN 978-85-221-2137-3. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788522121373/pageid/3. Acesso em: 4 abr. 2022. Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) http://www.tcpdf.org
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