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Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 2° ciclo) Há 2 artérias coronárias responsáveis pela irrigação do miocárdio: Artéria coronária esquerda e artéria coronária direita (CD). Do tronco da artéria aorta sai o tronco da artéria coronária esquerda, que se bifurca em dois ramos principais. A. coronária esquerda bifurca-se em a. circunflexa (CX) e a. descendente anterior (DA). - Da a. DA tem-se ramos diagonais e septais. - Da CX tem-se ramos marginais esquerdos. - Da CD tem-se ramos marginais direitos. OBS.: Quando a 1ª diagonal tem origem entre a. DA e a. CX, o ramo é chamado de diagonalis. Essas artérias passam pelo epicárdio (parte externa do coração), e são chamadas de artérias epicárdicas. A. ventricular posterior (VP) e a. descendente posterior (DP) irrigam a parede inferior e posterior do coração, e a parede basal do septo ventricular. - Os ramos VP e DP são originados da a. CD ou da a. CX, vai depender da dominância. Importante em casos de cateterismo: - Dominância direita (70% dos casos): Quer dizer que o paciente tem os ramos VP e DP derivados da a. CD. - Dominância esquerda (30% dos casos): Quer dizer que o paciente tem os ramos VP e DP derivados da a. CX. DA Irriga quase todo o septo interventricular, a parede anterior do VE e a região apical do VE. CX Irriga a parede lateral do VE. Quando dominante, irriga a porção basal do septo, parede inferior e posterior do VE. CD Irriga todo o miocárdio do VD. Quando a CD é dominante, os ramos VP e DP irrigam a parede inferior e posterior do VE, e a região basal do septo. - Angina é uma síndrome clínica caracterizada por dor ou desconforto em quaisquer das seguintes regiões: Tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou MMSS, sendo desencadeada por esforço físico e/ou estresse. - Angina, normalmente, acomete portadores de DAC com comprometimento de, pelo menos, 1 artéria epicárdica. - As coronárias se enchem no período de diástole. O enchimento coronariano começa pela região epicárdica (região proximal) e vai em direção a região endocárdica. A região epicárdica é melhor perfundida/vascularizada. - Durante a sístole, o fluxo coronariano é reduzido. - A isquemia tem início em região endocárdica, pois há menor fluxo sanguíneo para essa região. - Se aumenta demanda de O2, deve-se aumentar o fluxo coronariano, a partir de vasodilatação – reserva de fluxo coronariano (balanço entre oferta/demanda de O2) Existe uma reserva de fluxo coronariano que permite o equilíbrio entre oferta e demanda de O2. A reserva de fluxo corresponde a uma vasodilatação coronariana de arteríolas intramiocárdicas em até 6x o habitual. DAC e Angina estável Introdução Irrigação coronária Fisiopatologia Definição de angina Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 2° ciclo) *Se o paciente apresenta obstrução grave, ele utiliza normalmente a sua reserva de fluxo (sem esforço físico). Em casos de esforços físicos, o paciente não terá reserva de fluxo, tendo dificuldade de perfusão sanguínea, fato que pode ocasionar isquemia e dor (angina). O que aumenta/determina consumo de O2 no miocárdio? FC, pressão sistólica e contratilidade do VE. O que influencia a oferta de O2? Conteúdo arterial de O2 (Hb, SatO2, PAO2) Liberação de O2 da Hemoglobina Fluxo sanguíneo coronariano - Isquemia É uma diminuição do aporte sanguíneo que consegue suprir as necessidades do órgão. - Quando a isquemia é grave e persistente, pode levar a necrose das células (morte celular). - A isquemia pode manifestar-se de três formas: DAC assintomática É o paciente que infarta subitamente e vai a óbito sem sintomas prévios. DAC crônica Manifesta-se com angina estável. DAC aguda (sintomas ao repouso) Manifesta-se pela angina instável, IAM sem SST e IAM com SST. - A doença isquêmica do coração é a principal causa de óbito no Brasil. - Em países desenvolvidos, observa-se queda em mortalidade por doenças cardiovasculares nos últimos anos. - Há aumento da mortalidade nos países pobres. • Aterosclerose coronariana • Vasculite • Dissecção coronariana • Ponte miocárdica • Vasoespasmo • Anemia grave • Choque (séptico, cardiogênico...) - Alterações anatômicas em ramos arteriais (ponte miocárdica ex.: artéria DA entra no músculo) promovem alteração da contratilidade coronariana, gerando isquemia transitória. - Angina de Prinzmetal. ATEROSCLEROSE • Idade (Homens > 45 anos e mulheres > 55 anos) – proteção do estrogênio retarda o risco de DAC em mulheres; • LDL alto – VR depende do risco • HDL baixo (H<40 e M<50) • Tabagismo • HAS • DM • Obesidade • Sedentarismo • Historia familiar de DAC precoce (H<55 anos e M<65 anos) • Dieta rica em gordura - Isquemia transitória, de pouca evolução, geralmente não traz consequências. - As consequências de uma isquemia grave podem gerar prejuízo nas funções mecânicas O que é isquemia coronariana? Epidemiologia Principais causas para isquemia Fatores de risco Consequências da isquemia Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 2° ciclo) e/ou elétricas do coração devido a alterações bioquímicas que ocorrem. - Inicialmente, há disfunção diastólica e, posteriormente, ocorre disfunção sistólica. Caso a isquemia não melhore, haverá 3 estágios evolutivos (hipocinesia, acinesia e discinesia). Comprometimento mecânico: - Quando causada por aterosclerose (causa mais comum), as alterações mecânicas podem se manifestar de forma focal de acordo com a coronária acometida ou com perda da função contrátil da parede irrigada por aquela coronária. - Obstrução em a. CX Pode determinar hipocinesia (acontece quando a parede não contrai com a mesma força que as outras paredes do coração), acinesia (não há contratilidade da parede afetada) e discinesia (ocorre contração anormal gerada por abaulamento da parede do coração – é comum na doença de Chagas). - As alterações da isquemia podem levar à IC, valvopatia mitral, etc. Comprometimento elétrico: - Alterações da repolarização ventricular, demonstram isquemia (Onda T pontiaguda e simétrica ou inversões de onda T); *Onda T pontiaguda e simétrica isquemia subendocárdica. *Inversões de onda T isquemia subepicárdica. - Alterações de desnivelamento do segmento ST, mostrando corrente de lesão quando isquemia persistente e grave (infradesnivelamento do segmento ST ou supradesnivelamento do segmento ST). *Isquemia grave e persistente alterações de desnivelamento. *SUPRAdesnivelamento ST lesão não transmural. *INFRAdesnivelamento ST lesão transmural (acomete do endocárdio ao epicárdio). • É representada pela angina estável. • Acomete 12-15% dos homens e 10- 12% das mulheres com idade entre 65 e 84 anos. • Nas mulheres, a prevalência é considerável após a menopausa. • A angina estável é uma forma sintomática da doença coronariana, porém ocorre uma isquemia transitória do miocárdio relacionada ao esforço, que melhora ao repouso. Fisiopatologia: - Obstrução hemodinâmica significativa (>50% do lúmen) por placas de ateroma estáveis (íntegras e sem trombos) em artérias coronárias epicárdicas. Quadro clínico típico: Dor anginosa típica que dura no máximo 15 min (aperto, peso ou pressão retroesternal), com ou sem irradiação. Início ao esforço ou ansiedade/emoção. Melhora ao repouso ou ao uso de nitrato sublingual (É uma medicação que melhora sintomas, tendo ação de 5-10 min). DAC crônica Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 2° ciclo) *Precisa haver os 3 critérios para considerar- se a existência de um quadro anginoso típico. *2 critérios caracteriza comoquadro atípico (diabéticos, mulheres, idosos). *1 critério caracteriza como quadro não anginoso. Angina estável - Pode manifestar-se como equivalente anginoso (não sente dor torácica), tendo sintomas como: Dispneia; Tontura; Sopro; Palpitações; Náuseas/vômitos; Palidez. - Costuma acometer idosos. Classificação CCS: - Paciente CCS I é aquele que, ao esforço físico de subir 3 lances de escada, manifesta dor limitante. - Paciente CCS II sente dor ao subir 2 lances de escada. - Paciente CCS III sente dor ao subir um lance de escada. - Paciente CCS IV sente dor ao fazer qualquer atividade física. Exame físico: Na inspeção e palpação: Percepção de impulso discinético no ápice cardíaco e frêmito da regurgitação mitral; B3 (disfunção diastólica de VE) ou B4 (disfunção sistólica de VE) se IC; Sopro de regurgitação mitral; Desdobramento paradoxal de B2 (BRE transitório); Crepitação pulmonar (edema pulmonar por falência de VE). Exames complementares: - Laboratoriais (fatores de risco): - Hemograma É importante para verificar condições como anemia e leucocitose que pioram o quadro de angina. - Colesterol total e frações Importante para verificar aterosclerose. - Triglicérides. - Glicemia em jejum ou Hemoglobina glicada Importante para verificar função glicêmica e controlar, se necessário. - Função renal (Ur, Cr) Verificar disfunção renal. - Função tireoideana (TSH, T4 livre) Verificar se há hipertireoidismo, por exemplo, pois essa condição produz taquicardia – o que piora o quadro de isquemia. - PCR ultrassensível (marcador inflamatório) – Prediz fator de risco independente para morbimortalidade cardiovascular em coronariopatas. - Eletrocardiograma em repouso: Todos os pacientes com suspeita de angina estável devem fazer um ECG com 12 derivações de repouso. Pode estar normal: Por isso, o ECG não confirma diagnóstico de angina estável. Pode mostrar alterações de maior probabilidade de alteração coronariana: Sobrecarga de VE Fibrilação atrial Bloqueio de ramo esquerdo Onda Q patológica Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 2° ciclo) - Teste ergométrico: É utilizado para testar o esforço físico máximo do paciente e verificar se há dor. O mais utilizado e o de primeira escolha para confirmar diagnóstico de AE, caso não haja contraindicação para sua realização. Sensibilidade: 75% (testes positivos) Especificidade: 85% (quadros anginosos). Critério diagnóstico: Infradesnível do segmento ST ≥ 1mm (0,1 mV) – após o ponto J conta-se 2 quadradinhos (80ms). - Existem três morfologias distintas para infra de ST: (1) Ascendente: Não confirma diagnóstico; (2) Retificado; (3) Descendente. - A 2 e 3 confirmam a existência de isquemia miocárdica. *Contraindicações: Paciente paraplégico, ou com claudicação, etc. *O exame consiste no registro contínuo do ECG antes, durante e após o esforço físico. *Protocolo de Bruce (mais utilizado): Velocidade e inclinação da esteira aumentam a cada 3 minutos. *Suspensão imediata do exame nos casos de: Desconforto precordial, dispneia, tonteira, exaustão, depressão de ST > 2mm (0,2 mV), queda da PA > 10 mmHg ou taquiarritmias ventriculares. *TE só é negativo quando o paciente atinge no mínimo 85% da FCmáx prevista para sexo e idade. - Cintilografia de perfusão miocárdica: Submete o paciente ao estresse, que pode ser químico ou físico e ao repouso. *Onde brilha mais é melhor perfundido. Uso de radiotraçadores que concentram no miocárdio bem perfundido e não concentram no mal perfundido. Há análise da imagem em repouso e em esforço (físico ou químico), e essas são comparadas. EX. de agente químico estressante: Dipiridamol é um medicamento que provoca roubo de fluxo coronariano, determinando isquemia em pacientes coronariopatas. S: 90% E: 80-90% - Ecocardiograma com estresse: Avalia contratilidade cardíaca global e segmentar. Avalia déficit de contração segmentar que melhora ao repouso. Pode usar o esforço físico ou químico (dobutamina ou dipiridamol). - Ressonância magnética contrastada: Padrão ouro para avaliação de fração de ejeção, massa miocárdica, volume ventricular. Permite detecção de isquemia e se o miocárdio é viável ou não. A principal indicação é quando há impossibilidade de realizar os outros testes. - Angiotomografia de coronárias: Sensível para avaliação de aterosclerose coronariana. Há uso de contraste. Não é feito de rotina em paciente com AE, pois não consegue esclarecer, apesar da aterosclerose, se há Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 2° ciclo) isquemia ou a extensão da área isquêmica. - Cineangiocoronariografia (cateterismo coronariano): *Padrão ouro para diagnóstico de doença coronariana. Identifica com precisão anatômica obstruções coronarianas secundárias a aterosclerose, vasoespasmo coronariano, anomalias coronarianas, ponte miocárdica, dissecção coronariana. *OBS.: NEM TODOS OS PACIENTES COM ANGINA ESTÁVEL SE BENEFICIAM DO CATETERISMO. *Indicações gerais para cate Pacientes que precisam de revascularização (o CATE é necessário para definir a anatomia da lesão nas coronárias e o tipo de procedimento a ser realizado – angioplastia ou cirurgia) e pacientes impossibilitados de realizarem os testes não invasivos. *Principais indicações para cate AE CCS III ou IV, AE em paciente pós-morte súbita abortada (reversão de PCR), AE com sinais de ICC, critérios de mau prognóstico em testes não invasivos. Também é indicada a realização de CATE em casos de dúvida diagnóstica. *OBSERVAÇÕES SOBRE O PROTOCOLO DE AE: - Teste ergométrico negativo descarta angina. - Teste ergométrico positivo faz imagem de imagem (testes de esforço, como cintilografia, ecoestresse). - Exame de imagem positivo confirma diagnóstico de angina estável. - Se exame de imagem negativo faz-se angio TC. - Se angio TC positiva angina estável. - Angina estável confirmada e alto risco CATE. - Angina estável e baixa risco medicação. - Lesão de tronco de coronária esquerda importante caracteriza paciente de alto risco (FE < 35%, teste ergométrico que positiva rapidamente – início, alteração eletrocardiográfica de longa melhora) trata rapidamente devido ao alto risco de mortalidade. O tto é invasivo. PROTOCOLO DE ANGINA ESTÁVEL: Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 2° ciclo) • ECO com FE<35% • Teste ergométrico positivo com baixa carga de esforço ou que persiste na recuperação, ou com supra de ST induzido, ou TV/FV. • Cintilografia de repouso com grande área de hipoperfusão ou sob estresse com múltiplas áreas de hipoperfusão. • Eco estresse com motilidade anormal com baixa dose de dobutamina. • RM com múltiplas áreas de déficit de perfusão ou contração. • Angio-TC com doença multivascular > 70% ou TCE > 50% • Doença do refluxo gastresofágico • Espasmo esofagiano • Costocondrite • Tromboembolismo pulmonar • Transtorno de ansiedade - Os objetivos do tto são: (1) Prevenir IAM e reduzir mortalidade; (2) Reduzir sintomas e ocorrência de isquemia miocárdica, buscando melhorar qualidade de vida. • Mudança do estilo de vida (dieta, atividade física, cessar tabagismo...). • Estatinas se dislipidemia. • AAS 100mg/dia – prevenção primária. • Nitratos de ação rápida para alívio imediato de sintomas (nitrato sublingual – isordil – utilizado apenas em crises). • 1ª linha Betabloqueadores para alívio de sintomas. • 2ª linha BCC (di-idropiridínicos) – associar ao BB se sintomasmantidos. Pode associar aos BCC: Trimetazidina ou ivabradina. *OBS.: A ivabradina mostrou-se benéfica para pacientes com disfunção ventricular e FC > 70 bpm. • 3ª linha Nitratos de ação prolongada: São recomendados para pacientes com angina não controlada por outros agentes antianginosos. Estudos indicam que o uso contínuo de nitrato de ação prolongada induz à tolerância medicamentosa. • 4ª linha Alopurinol: É um medicamento antianginoso que aumenta o tempo de depressão do segmento supra ST e também do aparecimento de angina. • IECA ou BRA se IC ou DM. *Paciente continua sintomático mesmo com medicações, encaminha para cateterismo. Tratamento Diagnósticos diferenciais LINHAS DE TRATAMENTO: Paciente de alto risco Heloiza Bernardes Saúde Integral do Adulto (5/12 – 2° ciclo) - Se indicação de tratamento invasivo: Angioplastia coronariana utiliza cateter balão para desobstruir a artéria. Cirurgia de revascularização miocárdica utiliza enxertos ou a própria artéria nativa.
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