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PENAL ROGÉRIO - THIAGO

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DIREITO PENAL
AULA 01: ON LINE
INTRODUÇÃO
- DIREITO PENAL: é norteado pelo princípio da intervenção mínima (por conta da sua conseqüência jurídica mais drástica).
- Conceito: “Sob o enfoque formal, é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos, como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas. Sob o aspecto sociológico, o direito penal é mais um instrumento (ao lado dos demais ramos do direito) de controle social de comportamento desviados, visando assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica dos membros do grupo.”
- Funcionalismo: visa apurar a missão do direito penal. Tem duas correntes:
Funcionalismo teleológico (Roxin): o fim do direito penal é assegurar bens jurídicos;
Funcionalismo sistêmico (Jakobs): a missão do direito penal é resguardar a norma, o sistema.
- PROVA Direito Penal Objetivo: é o conjunto de leis penais em vigor no país. O direito penal objetivo é expressão do poder punitivo do Estado. Ex.: CP, Lei de drogas, CTB, etc. Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir do Estado. É limitado ou Ilimitado? É limitado! Limitações:
Temporal (período para punir) => Ex.: prescrição. Há duas exceções: art. 5º, XLII, CF – racismo e art. 5º, XLIV, CF – ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado democrático.
Espacial: territorialidade. Há exceções: art. 7º, CP. A regra está no art. 5º, CP.
	Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        II - os crimes:  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Modal (quanto ao modo): princípio da dignidade da pessoa humana.
Questionamento: O direito de punir é um monopólio do Estado? SIM!
	Direito de perseguir a pena
	Direito de punir
	Exercido pelo Estado: ação penal pública ou transfere a titularidade para um particular (ação penal privada).
	É só do Estado
Questionamento: Existe caso em que o Estado tolera sanção penal privada paralela? SIM, por conta do art. 57 do Estatuto do índio.
	Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
- Monopólio punitivo do Estado X Tribunal Penal Internacional (crimes contra a humanidade): o Estatuto de Roma, no art. 1º consagrou o Princípio da Complementariedade, isto é, o TPI não pode intervir indevidamente nos sistemas judiciais nacionais, que continuam tendo a responsabilidade de investigar e processar os crimes cometidos pelos seus nacionais, salvo nos casos em que os Estados se mostrem incapazes ou não demonstrem efetiva vontade de punir seus criminosos.
	É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional («o Tribunal»). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar das jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto. 
FONTES DE DIREITO PENAL
- Indica o lugar de onde vem (fonte material) e como se revela (fonte formal) o direito penal.
Fonte Material: é a fonte de produção, órgão encarregado da criação do direito penal. Art. 22, I, CF/88. A União é quem cria o direito penal. É uma competência privativa.
	Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Estado pode criar direito penal? Sim, de forma excepcional, desde que autorizado por lei complementar (art. 22, parágrafo único, CF/88).
Fonte Formal: Como o direito penal se revela. É a fonte de conhecimento, forma de revelação do direito penal. Pode ser:
* Imediata => LEI
* Mediata => COSTUMES 
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
COSTUMES (fonte formal mediata)
- O que são costumes? Esta fonte formal mediata do direito penal, são os comportamentos uniformes e constantes pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica.
- Costume pode revelar crime, cominar pena? O princípio da legalidade veda o costume incriminador.
- Costume revoga crime (infração penal)? É possível costume abolicionista?
1ª corrente: é possível costume abolicionista, aplicado nos casos em que ainfração penal não mais contraria o interesse social. Conclusão: a contravenção penal do jogo do bicho foi abolida.
2ª corrente: não existe costume abolicionista, mas quando a infração penal deixa de contrariar o interesse social, o juiz não aplica a lei incriminadora, devendo o CN revogá-la formalmente. Conclusão: o jogo do bicho permanece infração penal, mas sem aplicação prática.
3ª corrente: não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada por outra lei, a norma tem plena eficácia. Conclusão: jogo do bicho permanece infração penal, devendo o juiz aplicar a lei incriminadora. PREVALECE 
- É possível o costume interpretativo. O costume auxilia na interpretação. Ex.: 155, § 1º, CP. Repouso noturno (depende de costume do local onde ocorre o furto).
	Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO (fonte formal mediata)
- Direito que vive na consciência comum de um povo.
	FONTES FORMAIS DE DIREITO PENAL
	DOUTRINA TRADICIONAL
- Imediata: lei
-Mediata: costume e princípios gerais de direito
	DOUTRINA MODERNA
- Imediata: CF/88; lei (não incriminadora); tratados internacionais de direitos humanos (não incriminador interno); jurisprudência (súmula vinculante) – ex.: art. 71, CP, princípios – ex.: princípio da insignificância, atos administrativos na norma penal em branco.
- Mediata: doutrina
Obs.: o costume é classificado como fonte informal.
TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS (TIDH)
- De acordo com a doutrina moderna é fonte imediata de direito penal (ao lado da CF e da lei).
						I
					----------	-----------
					I	 I
 Não incriminadora Incriminadora
 (no direito interno) (no direito internacional)
- De acordo com o STF, se os tratados internacionais de direitos humanos forem ratificados com quórum comum, tem status de supra legal. Mas, se ratificados com quórum de EC, terão status constitucional. Hoje tem que verificar se a lei contraria a CF e os tratados internacionais com status constitucional (equivalentes a EC).
Controle difuso de constitucionalidade: tem-se uma LEI contrariando a CF. Efeito apenas entre as partes. JUIZ TRIBUNAL STJ STF.
Controle abstrato ou concentrado de constitucionalidade: LEI contrariando CF, mas esta lei é questionada diretamente no STF e o julgamento tem efeito “erga omnes” e vinculante.
Controle difuso abstrativizado: LEI contrariando a CF. O STF analisa a lei em abstrato e os efeitos são “erga omnes”. JUIZ TRIBUNAL STJ STF. (Eu acho que aqui também é “inter partes”. Confirmar).
Controle difuso de convencionalidade: LEI contrariando um TIDH. JUIZ TRIBUNAL STJ STF. (aqui é “inter partes” ou “erga omnes”? Eu acho que é “inter partes”).
Controle abstrato de convencionalidade: LEI contrariando TIDH. O questionamento é direto no STF e terá efeito “erga omnes”. PROVA 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Quanto ao sujeito (origem):
Autêntica ou legislativa => dada pela própria lei. Ex.: conceito de funcionário público (art. 327, CP);
	Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Doutrinária => feita pelos estudiosos;
Jurisprudencial => frutos das decisões reiteradas dos tribunais. Pode ter caráter vinculante (súmula vinculante).
Questionamento: exposição de motivos do CP tem qual dessas interpretações? Doutrinária, diferente da interpretação do CP, que é autêntica ou legislativa.
Quanto ao modo:
Gramatical leva em conta o sentido literal das palavras;
Teleológica indaga-se a intenção objetivada na lei;
Histórica procura-se a origem da lei;
Sistemática a lei é interpretada com o conjunto da legislação;
Progressiva (ou adaptativa ou evolutiva) a lei deve ser interpretada considerando a realidade e o avanço da ciência.
Quanto ao resultado: PROVA 
Declarativa a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer;
Extensiva amplia-se o alcance das palavras para que corresponda à vontade do texto. Pode haver interpretação extensiva contra o réu (art. 157, § 2º, I, CP);
	Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
O que é considerado “arma”? Esta é a interpretação extensiva (quanto ao resultado).
Restritiva reduz o alcance das palavras.
Extensiva ≠ Interpretação Analógica ≠ Analogia
- Art. 157, § 2º, I, CP: prevalece que a expressão “arma” abrange qualquer instrumento, com ou sem finalidade bélica, mas que serve ao ataque. Para concurso para defensoria pública: para rebater esta tese: art. 22, § 2º, Estatuto de Roma.
	Nullum crimen sine lege 
1 - Nenhuma pessoa será considerada criminalmente responsável, nos termos do presente Estatuto, a menos que a sua conduta constitua, no momento em que tiver lugar, um crime da competência do Tribunal. 
2 - A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e não será permitido o recurso à analogia. Em caso de ambiguidade, será interpretada a favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada. 
3 - O disposto no presente artigo em nada afetará a tipificação de uma conduta como crime nos termos do direito internacional, independentemente do presente Estatuto. 
AULA 02:
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
	Temos que nos lembrar das formas de interpretação. São 3 as formas de interpretação:
Quanto ao sujeito que interpreta.
Quanto ao modo.
Quando ao resultado.
Um sujeito interpreta de determinado modo, chegando ao resultado.
Interpretação quanto ao sujeito que a interpreta (quanto à origem);
Pode ser autêntica ou legislativa: é aquela interpretação dada pela própria lei. 
É a lei interpretando-se a si mesma. Por exemplo, o art.327 do CP. Quando o CP fala em funcionário público, quem deve ser considerado funcionário público para fins penais? 
O próprio dispositivo diz quem é:
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
Pode ser doutrinária ou científica. É aquela feita pelos estudiosos. O livro de doutrina é a interpretação da lei de um estudioso. (Exemplo: exposição de motivos do CP)
Pode ser jurisprudencial, ou seja, fruto das decisões reiteradas dos nossos tribunais. Hoje, pode ter caráter vinculante. É só lembrarmos da súmula vinculante.
Pergunta de concurso: a exposição de motivos do Código Penal é de qual espécie de interpretação? A exposição de motivos do CP não é lei, mas sim um esclarecimento dos doutos que trabalharam no projeto de Lei; logo, é interpretação doutrinária ou científica.
Interpretaçãoquanto ao modo:
Gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras.
Teleológica: indaga-se a vontade objetivada na lei.
Histórica: procura-se a origem da lei.
Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação ou com os princípios gerais de direito.
Progressiva: também chamada de adaptativa ou evolutiva. Interpretada de acordo com a realidade, com o avanço da ciência. Pode ser da ciência médica, de informática etc.
Qual desses modos é o mais utilizado?
Interpretação quanto ao resultado
A interpretação pode ser declarativa: a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer, nada suprimindo, nada adicionando.
A interpretação pode ser extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei, para que corresponda à vontade do texto.
A interpretação pode ser restritiva: reduz-se o alcance das palavras da lei, para que corresponda à vontade do texto.
É possível interpretação extensiva contra o réu?
Vamos às várias correntes:
1ª corrente: diferentemente de outros países, como, por exemplo, o Equador, o Brasil não proíbe.
2ª corrente (Defensorias): aplicando-se o princípio do in dubio pro reo, só cabe interpretação extensiva em normas não incriminadoras. Esta segunda corrente ganhou um reforço: art.22, parágrafo 2º do Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal internacional (TPI). Diz o dispositivo: 
( ...) em caso de ambiguidade será interpretada a favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada ( ...).
3ª corrente: admite, em casos excepcionais, a interpretação extensiva contra o réu, quando a aplicação restritiva resulta em um escândalo, por sua notória irracionalidade. Quem adota? Zaffaroni. É uma corrente intermediária.
	Vamos ao art.157, §2º do CP. Trata do crime de roubo.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
 
O que é arma?
	1ª corrente: é todo e qualquer instrumento, com ou sem finalidade bélica, mas que serve para o ataque e para a defesa. Exemplo: faca de cozinha. Para esta corrente, é arma. Foi feita uma interpretação extensiva. Ampliou-se o alcance da expressão. Lâmina de barbear, pedaço de vidro, por exemplo, seriam exemplos de armas, nesta 1ª corrente. Foi feita uma interpretação extensiva. É a que prevalece na jurisprudência!
2ª corrente: arma é apenas instrumento fabricado com finalidade bélica. Faca de cozinha não seria arma, pois deve ser feita uma interpretação restritiva.
3ª corrente: Zaffaroni diz: tem que analisar. Ora, não considerar arma faca de cozinha seria um escândalo!
	Atenção!
	Eu não posso confundir interpretação extensiva com interpretação analógica!
Na interpretação analógica, o significado que se busca é extraído do próprio dispositivo, levando-se em conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador. Eu tenho exemplos e o legislador termina com uma fórmula aberta.
Exemplo: art.121, parágrafo segundo do CP: mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe. O legislador deu dois exemplos de torpeza. Mas, não tem como antever todos os casos de quem matou por motivo torpe. Juiz, você pode encontrar outros motivos torpes a que eu não fiz referência, pois eu não posso prever tudo. Outro exemplo é o III: emprego de veneno, fogo, asfixia ou tortura ou outro meio insidioso ou cruel de que possa resultar perigo em comum. 
Isto é interpretação analógica.
Vejamos o art.306 do CTB. Trabalha-se com interpretação analógica!
Cuidado!!! As hipóteses de interpretação extensiva e interpretação analógica não se confundem com analogia.
Na analogia, ao contrário da interpretação extensiva e interpretação analógica, partimos do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual, socorre-se daquilo que o legislador previu para outro caso similar. Ou seja, a analogia não é forma de interpretação porque você não tem lei para interpretar. É forma de integração, ou seja, de se suprir uma lacuna. Há o emprego de uma lei feita para ser aplicada ao caso semelhante. 
Quais os requisitos para que se exista analogia no direito penal?
Certeza de que a sua aplicação é favorável ao réu.
A existência de uma efetiva lacuna legal a ser preenchida. 
Assis Toledo alerta que analogia pressupõe falha, omissão involuntária do legislador. Isto porque, se a intenção do legislador é não abranger determinada situação, não cabe analogia para abrangê-la, nem mesmo que in bonam partem.
Lei 8.072/1990: art.2º. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins são insuscetíveis de:
E a associação para o tráfico, também é equiparada a hediondo ou somente o tráfico de drogas? 
Obs.: de acordo com o STJ, o crime de associação para o tráfico não integra a listagem legal de crimes equiparados a hediondos. Impossível analogia in malan partem, com o fito de considerá-lo crime dessa natureza. HC 177220 do RJ (junho de 2011).
	Interpretação extensiva
	Interpretação analógica
	Analogia
	Tem lei prévia criada para o caso.
Ampliação de um conceito legal.
Não importa no surgimento de nova norma.
Expressão arma prevista no art.157 do CP.
Arma própria + imprópria
	Tem lei prévia criada para o caso.
Depois de exemplos, a lei encerra o texto de forma genérica, permitindo alcançar outras hipóteses.
Art.121, §2º, I, III e IV.
	Não tem lei para o caso.
Cuida-se de integração e não interpretação.
Criação de uma nova norma a partir de outra, aplicável para casos semelhantes.
Exemplo: art.181, I do CP, fala em cônjuge. Eu vou aplicar à união estável. Estamos diante de uma hipótese de isenção de pena.
 
Princípios gerais (constitucionais) de direito penal
Vamos reunir os princípios em 4 grupos. 
O primeiro grupo: 
Princípios relacionados com a missão fundamental do direito penal.
Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos.
Bens jurídicos: Todos os dados que são pressupostos de um convívio pacífico entre os homens.
O direito penal tem a missão de proteger bens jurídicos. 
Nenhuma criminalização é legítima, se não busca evitar a lesão ou perigo de lesão a um bem juridicamente determinado. 
Impede que o Estado utilize o direito penal para a proteção de bens ilegítimos. O direito penal não pode proteger determinada religião. O direito penal não deve proteger determinada orientação sexual. Nenhuma dessas coisas é imprescindível para o convívio harmônico do homem em sociedade.
Pergunta de concurso:
No que consiste a espiritualização do bem jurídico?
Parcela da doutrina critica a inadequada expansão da tutela penal na proteção de bens jurídicos de caráter difuso ou coletivo. Argumenta-se que tais bens são formulados de modo vago e impreciso, ensejando a denominada desmaterialização, espiritualização ou liquefação do bem jurídico.
Princípio da intervenção mínima.
O direito penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário (a sua intervenção fica condicionada ao fracasso dos demais ramos do direito) e fragmentário (observa somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado).
O furto é um comportamento humano indesejado que não consegue mais ser combatido pelos outros ramos. Recorre-se então ao direito penal, que é subsidiário.
Duas características chamam a atenção: a subsidiariedade e a fragmentariedade.
Pergunta de concurso: o princípio da insignificância decorre da subsidiariedade ou da fragmentariedade? Decorre do princípio da fragmentariedade.
Princípio da insignificância:
Natureza jurídica: É CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE MATERIAL! (causa supralegal de exclusão da tipicidade)
Quais os requisitos para aplicarmos o princípio da insignificância? São 4 requisitos de acordo com o STF e STJ:
Mínima ofensividade da conduta do agente;
Nenhuma periculosidade social da ação;
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
Inexpressividade da lesão jurídica provocada;
Qual é a diferença entre estes requisitos? Nenhuma. Os requisitos andam em círculos.Trata-se de redundância. Esta é a crítica de Paulo Queiroz.
São princípios informadores do direito penal mínimo ou minimalismo penal os princípios da: insignificância, intervenção mínima, adequação social e fragmentariedade.
Vamos para a pergunta de concurso:
Aplica-se o princípio da insignificância para agente reincidente?
Os tribunais superiores ainda não consolidaram a questão, havendo decisões nos dois sentidos.
Rogério entende que, do ponto de vista técnico, o princípio da insignificância aplica-se também para reincidente. Se assim não fosse, o que estaria tipificando o fato seria não a subtração, mas sim o fato de ser o agente reincidente. Isto é direito penal do autor, e não direito penal do fato. (gabarito do TJ/PR)
Aplica-se o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública?
STF: APLICA!
STJ: NÃO APLICA! MOTIVO: em razão do bem jurídico tutelado, qual seja, a moralidade administrativa. Entende a corte que o princípio é incompatível com o bem jurídico tutelado.
Aplica-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública? Exemplo: moeda falsa.
STF e STJ não aplicam!
Tratando-se de delito contra a fé pública, é inviável a afirmação do desinteresse estatal na sua repressão.
Assim foi o entendimento da banca do TRF da 1ª região.
Aplica-se o princípio da insignificância ao delito de descaminho?
Apesar de divergente, temos julgados admitindo, desde que presentes os seguintes requisitos:
Débito tributário com valor inferior a R$10.000,00. Este é o valor mínimo para a Procuradoria da Fazenda executar o débito;
Apreensão de todos os produtos objetos do crime;
Aplica-se o princípio da insignificância aos delitos previdenciários?
Apesar de divergente, temos decisões não admitindo. E não admitindo por quê? 
Pois o crime atinge bem jurídico de caráter supraindividual, qual seja, o patrimônio da Previdência Social.
Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de roubo?
STF e STJ não aplicam! Mas, há julgados aplicando no furto, mesmo que qualificado.
OBS.: Magistratura de Tocantins (CESPE/2007) uma pequena quantidade de cocaína apreendida, em hipótese alguma, pode constituir causa justa para trancamento de ação penal, com base no princípio da insignificância. (gabarito verdadeiro)
OBS.2: Segundo o MP/MG, o princípio da insignificância atua como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. Com efeito, fala-se em interpretação restritiva do tipo penal porquanto, em determinadas situações, a despeito de a conduta se amoldar a certo tipo penal (tipicidade formal), à míngua de relevante ofensa ao bem jurídico tutelado, não há se falar em relevância material, tipicidade material. É causa supralegal de exclusão da tipicidade material.
Segundo grupo de princípios: 
Princípios relacionados com o fato do agente.
Princípio da exteriorização ou materialização do fato
Significa que o Estado só pode incriminar condutas humanas, isto é, fatos. Ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, desejos, ou meras cogitações ou mesmo estilo de vida. Em suma, busca-se impedir o direito penal do autor. Eu não quero direito penal do autor. Eu trabalho com direito penal do fato! 
O Brasil adota um direito penal do fato ou do autor?
Vamos analisar os 3 sistemas antes de responder.
	Direito penal do autor
	Direito penal do fato
	Direito penal do fato que considera o autor
	Punição de pessoas que não praticaram qualquer conduta.
	As leis penais só devem incriminar fatos praticados pelo homem. 
	Apesar de o Estado só poder incriminar fatos, considera as condições pessoais do agente na punição. Francisco de Assis Toledo afirma que o Brasil adotou esta corrente. Conclui lendo o art.59 do CP. Este dispositivo diz o seguinte: o juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente ( ...)
 
Este princípio serviu para o legislador desaparecer com infrações penais que desconsideravam o direito penal do fato. Até 2009 puníamos a mendicância, que era considerada uma contravenção penal.
Outro exemplo é a vadiagem!
2.2) Princípio da ofensividade ou da lesividade:
Para que ocorra o delito é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Pelo princípio da ofensividade, o legislador só pode criar tipos penais capazes de causar a lesão a bens jurídicos alheios (gabarito do MPDFT de 2005).
Atenção! Passa a ser questionável a existência dos chamados delitos de perigo abstrato.
O que significa delito de perigo abstrato?
Nós temos delitos de perigo:
Abstrato: o perigo resultado da conduta é absolutamente presumido por lei.
Concreto: o perigo resultado da conduta deve ser efetivamente comprovado.
Os crimes de perigo abstrato violam a Constituição Federal? Vamos a duas correntes:
Não violam a CF/88. 
Trata-se de opção política que visa antecipar a proteção ao bem jurídico tutelado.
Violam a CF/88. 
Pune-se alguém sem prova de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
STF: apesar de o STF ter adotado a segunda corrente quando decidiu que porte de arma desmuniciada não é crime (entendimento ainda não consolidado), recentemente, adotou a primeira corrente, ao decidir que a embriaguez ao volante é delito de perigo abstrato. Entendimento também não consolidado.
Terceiro grupo de princípios: 
Princípios relacionados com o agente do fato.
Princípio da responsabilidade pessoal.
Proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. Não existe no direito penal responsabilidade penal coletiva. A responsabilidade penal deve ser sempre individualizada, considerando-se sempre o fato e seu agente.
Princípio da responsabilidade subjetiva.
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, só podendo ser responsabilizado se o fato foi querido, aceito ou previsível. 
Em resumo, não há responsabilidade penal sem dolo ou culpa.
Exceções ao princípio da responsabilidade subjetiva:
Actio libera in causa, aplicada na embriaguez completa;
Rixa qualificada;
Princípio da culpabilidade: 
Só pode o Estado punir agente imputável, com potencial consciência da ilicitude, quando dele exigível conduta adversa.
3.4 Princípio da igualdade:
Todos são iguais perante a lei. Atenção, a igualdade é material e não formal, sendo possível distinções justificadas. Exemplo: redução de pena em razão da idade.
A primeira turma do STF, aplicando o princípio da isonomia, concedeu HC em favor de estrangeiro em situação ilegal no país, substituindo sua pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
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Aula 03
3.5) Princípio da presunção de inocência (ou da não culpa – expressão utilizada pelo STF: “ninguém será considerado CULPADO”) art. 5º, LVII, CF/88. O princípio da presunção de inocência:
	LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Conclusões:
a) qualquer restrição à liberdade do acusado somente se admite após sua condenação definitiva. Não afasta a possibilidade de decretação da prisão cautelar, desde que imprescindível. Só que seja preso depois do trânsito em julgado, salvo nesta hipótese. Art. 312, CPP:
	Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
“...conveniência da instrução criminal...” (Vicente Greco Filho detona este artigo). Para concurso da DEFENSORIA não pode ser por conveniência, deve ser imprescindível.
b) cumpre à acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu (e não a este comprovar sua inocência).
c) a condenação deve derivar da certeza do julgador (“in dubio pro réu”).
Observação: O Princípio da presunção de inocência não se coaduna com a prisão cautelar (preventiva, temporária e em flagrante), mas o princípio da não culpa é compatível com a prisão cautelar. Por isso que “presunçãode não culpa” não pode ser citado no concurso de DEFENSORIA PÚBLICA! Só pode valer-se do art. 8º, § 2º da Convenção de Direitos Humanos:
	2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal;
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa;
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos;
g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.
IV. Quarto grupo de princípios:
Princípios relacionados com a pena 
Princípios relacionados com a pena:
4.1) Princípio da proibição da pena indigna a ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade humana. Aprofunda no módulo II.
4.2) Princípio da humanização das penas nenhuma pena pode ser cruel, desumana e degradante. Estes dois estão umbilicalmente ligados ao art. 1º, III, CF/88 – dignidade da pessoa humana e art. 5º, §§ 1º e 2º da Convenção Americana de Direitos Humanos:
	Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º 
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Art. 5º, Convenção Americana de Direitos Humanos
1. Toda pessoa tem direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 2. Ninguém deve ser submetido a torturas nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.
4.3) Princípio da proporcionalidade Proíbe o excesso (evitar a hipertrofia da punição). Mas proíbe também a intervenção estatal insuficiente. A pena deve ser proporcional à gravidade do fato (para muitos, é um princípio constitucional implícito na individualização da pena).
Vejamos o art.319-A:
Art. 319-A.  Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
É uma clara e insuficiente intervenção estatal. Viola claramente o princípio da proporcionalidade.
Quando se fala proíbe o excesso, temos o chamado garantismo negativo: nada mais é do que frear o poder punitivo do Estado.
Já quando eu estou proibindo a intervenção estatal insuficiente, eu estou em um outro ângulo: garantismo positivo: aqui eu falo em fomentar a intervenção estatal.
Princípio da pessoalidade da pena: Nenhuma pena passará da pessoa do condenado. (art.5º, XLV, CF/88)
	XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Pergunta de concurso: o princípio da pessoalidade da pena admite exceções?
1ª corrente: a pena de confisco pode ser estendida aos sucessores, sendo uma exceção prevista na própria Constituição Federal. 
Onde esta primeira corrente erra? Erra chamado o confisco de pena. Ora, confisco não é pena. Por isso prevalece a segunda corrente.
2ª corrente: o princípio da pessoalidade é absoluto, não admitindo exceções. Confisco não é pena, mas efeito da condenação. Esta segunda corrente é a que prevalece. Nesse sentido, o art.5º, §3º da CADH.
A pena não pode passar da pessoa do delinquente, não admitindo exceções.
A perda de bens e valores, diferentemente do confisco, é pena. E agora? Não passará da pessoa do condenado, assim como a multa!
Princípio da vedação do bis in idem:
Possui 3 significados:
Significado processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime.
Significado material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato.
Significado execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo fato.
Esse princípio está previsto na CF/88? A doutrina diz: é um princípio constitucional implícito.
Este princípio pode até estar implícito na CF/88, mas está expresso no art.20 do Estatuto de Roma.
Questionamento: Reincidência X “bis in idem”: Ex.: no passado tenho a condenação por um furto e no presente por roubo (furto + violência). Considero na primeira vez um furto e na segunda vez um furto + violência. Neste caso, estou utilizando o furto duas vezes em prejuízo do agente? Paulo Rangel, Paulo Queiroz e LFG entendem que SIM! O STJ vem decidindo que o fato de o reincidente ser punido mais severamente do que o primário não viola a garantia da vedação do “bis in idem”, pois visa tão somente reconhecer maior reprovabilidade na conduta daquele que é contumaz violador da lei penal (princípio da individualização da pena).
Processo A: roubo x, dia 17/01/2000
Condenação: 13/11/2002, a uma pena de 5 anos.
Processo B: roubo X, dia 25/02/2000
Condenação em 10/05/2002, a uma pena de 4 anos.
O segundo processo é nulo por litispendência! Mesmo, assim, começando depois e acabando antes, aplico a pena menos grave?
1ª corrente: Em face do caráter normativo concreto das duas coisas julgadas, deve-se aplicar aquela mais benéfica ao réu. (posição do Ministro Luiz Fux)
Mesmo sabendo que o segundo processo é absolutamente nulo por litispendência, aplicarei o in dubio pro reo.
2ª corrente: A ação instaurada posteriormente jamais poderia ter existido, somente a primeira tem validade jurídica, independentemente da pena cominada em ambos os processos. (Min Marco Aurélio)
A segunda corrente prevaleceu no julgamento do HC 131.301.
Princípio da consunção:
Refere-se ao conflito aparente de normas. Além dele, é necessário recorrer a outros princípios com o objetivo de dirimir o conflito de normas, que, saliente-se, é aparente. Aplicar-se-á o princípio da consunção sempre que o crime-meio atuar como fase de preparação ou de execução do crime-fim (mais grave). Ou seja, o crime-fim absorve o crime-meio.
Em face do princípio da consunção, se um sujeito é agredido em um boteco e, jurando vingança, dirige-se ao seu domicílio, ali nas proximidades, arma-se e retorna ao local, logo em seguida, para matar o seu algoz, não responderá pelo porte ilegal e disparo de arma de fogo em concurso com o homicídio doloso. (MP/SC/2008)
Se um larápio, por outro lado, perambula a noite inteira com um revólver pelas ruas, até que, ao nascer do sol, encontra uma desafortunada vítima, a qual vem a assaltar, haverá concurso de crimes entre o porte ilegal de arma de fogo e o roubo, dada a diversidade dos momentos consumativos em que os delitos foram cometidos. (MP/SC/2008) 
Princípio da legalidade (art.1º do CP):
Não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal.
Nasce da reunião da reserva legal + anterioridade.
Sem lei: reserva legal+
Anterior: anterioridade
 = 
Princípio da legalidade
A soma dos dois resulta no princípio da legalidade.
O princípio da legalidade está previsto no art.5º, XXXIX. 
Está também na Convenção Americana de Direitos humanos, art.9º. Está também no Estatuto de Roma, art.22. 
Por fim, está previsto ainda no convênio para a proteção de direitos humanos e liberdades fundamentais de Roma (1950), previsto no art.7º, §2º.
Conceito: constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais.
Pergunta de concurso: quais os fundamentos do princípio da legalidade?
Primeiro fundamento: político: é a exigência de vinculação do Poder Executivo e do Poder Judiciário a leis formuladas de forma abstrata (impede o poder punitivo com base no livre arbítrio).
Segundo fundamento: democrático: é o respeito ao princípio da divisão de poderes. (o parlamento deve ser o responsável pela criação de crimes)
Terceiro fundamento: jurídico: uma lei prévia e clara possui importante efeito intimidativo.
Princípio da legalidade: não há crime ou pena sem lei.
Cuidado: de acordo com a maioria, vale também para as contravenções penais e, de acordo com a maioria, medidas de segurança.
Quando eu falo em lei, falo em lei ordinária. Podemos nos deparar também com lei complementar no direito penal. Mas a regra é a lei ordinária.
Pergunta de concurso: medida provisória pode versar sobre direito penal?
Medida provisória pode versar sobre direito penal?
Art.62, parágrafo primeiro da CF/88.
§1º É vedada a edição de medida provisória ( ...) direito penal. 
(EC 32/2001)
Medida provisória, não sendo lei em sentido estrito, mas ato do poder executivo com força normativa não pode versar sobre direito penal incriminador.
Medida provisória pode versar sobre direito penal não incriminador, prevendo, por exemplo, uma causa extintiva da punibilidade?
Primeira corrente: o art.62, §1º, I, b da CF/88 proíbe medida provisória versar sobre direito penal, incriminador ou não. Em suma, para esta corrente, medida provisória não combina com direito penal.
Segunda corrente: esta primeira corrente prevalece entre os constitucionalistas. O art.62, §1º, I, b da CF/88 proíbe medida provisória versar sobre direito penal incriminador, sendo possível matéria de direito penal não incriminador. Esta segunda corrente prevalece na doutrina moderna.
Qual é a posição adotada pelo STF? O STF admite MP versando sobre direito penal não incriminador? Vamos ter que analisar antes e depois da EC/32 de 2001.
Antes da EC/32/2001: 
O STF, no RE 254.818/PR, discutindo os efeitos extintivos da punibilidade trazidos pela MP 1571 de 1997, proclamou sua admissibilidade em favor do réu.
Depois da EC/32/2001:
O STF não julgou inconstitucional a MP 417/08, convertida na lei 11.706 de 2008, que autorizou a entrega espontânea de armas de fogo, afastando a ocorrência de crime. Portanto, o STF volta a admitir medida provisória a favor do réu.
Princípio da legalidade: não há crime nem pena sem lei anterior:
Temos aqui o princípio da anterioridade, que busca proibir a retroatividade maléfica da lei. 
Cuidado! A retroatividade benéfica é garantia constitucional do cidadão.
Princípio da legalidade: não há crime ou pena sem lei escrita. 
Busca-se proibir o costume incriminador. 
Costume não pode criar crime ou cominar pena. Admite-se o costume interpretativo! O costume pode aclarar determinados conceitos. É o costume segundo a lei.
Princípio da legalidade: não há crime ou pena sem lei estrita.
Proíbe-se a utilização da analogia incriminadora.
Cuidado! A analogia em favor do réu é admitida.
§3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
E o sinal de TV a cabo?
A segunda turma do STF, no julgamento do HC 97261/RS, entendeu que a subtração de sinal de TV a cabo é atípica, reputando que a equiparação do sinal de TV a cabo a energia elétrica configura analogia in malam partem. (STF/2ª turma)
Princípio da legalidade: não há crime ou pena sem lei certa.
Aqui nós temos o princípio da taxatividade. Exige-se dos tipos penais clareza. O tipo penal deve ser de fácil compreensão, não deixando margem a dúvidas. 
Quando eu leio o tipo penal incriminador deve ficar muito claro o que se busca punir.
O Estatuto do Torcedor, em seu art.41-B pune a promoção de tumulto em eventos esportivos. O que é promover tumulto?
Trata-se de expressão muito vaga. É uma expressão ambígua! O legislador não foi claro. Cuida-se de clara ofensa ao princípio da taxatividade.
Princípio da legalidade: não há crime ou pena sem lei necessária.
É desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima.
Direito penal promocional e direito penal simbólico infringem claramente a necessidade do direito penal.
MP/TC/SP/2011: exige a taxatividade da lei incriminadora, admitindo em certas situações o emprego da analogia. CERTO
O princípio da legalidade é o ponto basilar do garantismo negativo.
Poder punitivo do Estado:
Liberdade do cidadão
	Poder punitivo do Estado
	Liberdade do cidadão
	NÃO HÁ CRIME SEM LEI
ANTERIOR
ESCRITA
ESTRITA
CERTA
NECESSÁRIA
	NÃO HÁ CRIME SEM LEI
ANTERIOR
ESCRITA
ESTRITA
CERTA
NECESSÁRIA
Lembrete: garantismo negativo é você minimizar o poder punitivo do estado, maximizando as garantias do cidadão.
Lei penal:
Espécies:
Lei penal completa: dispensa complemento normativo ou valorativo.
Complemento normativo é o complemento dado por outra norma.
Complemento valorativo é aquele dado pelo juiz.
Exemplo de lei penal completa: art.121 do CP. Matar alguém.
Lei penal incompleta: depende de complemento normativo ou valorativo.
b.1) Norma penal em branco:
É a primeira espécie de Lei Penal incompleta. Depende de complemento normativo.
Eu tenho a norma A complementada pela norma B.
Norma penal em branco é aquela cujo preceito primário (descrição da conduta) é indeterminado quanto a seu conteúdo, porém, determinável.
As normas penais em branco são chamadas por Rogério Greco de normas primariamente remetidas.
A norma penal em branco se subdivide em duas espécies:
1ª) Norma penal em branco própria (em sentido estrito ou heterogênea).
Seu complemento normativo não emana do legislador.
Eu tenho uma Lei A complementada por uma norma diversa da Lei.
Exemplo: lei de drogas: Lei 11.343 de 2006. Traz a expressão drogas, mas quem define a expressão drogas é uma portaria do Ministério da Saúde. Quem edita esta portaria é o Ministério da Saúde.
2ª) Norma penal em branco imprópria (em sentido amplo ou homogênea).
Aqui, o complemento normativo emana do legislador.
É a lei complementada por outra lei.
Atenção! A norma penal em branco imprópria divide-se em duas espécies.
Homovitelina ou homóloga: 
O complemento emana da mesma instância legislativa.
Exemplo: Código Penal complementado pelo próprio Código Penal.
O art.312 do CP fala em funcionário público. Onde está o conceito de funcionário público? Está no art.327 do CP.
Heterovitelina ou heteróloga: 
O complemento emana de instância legislativa diversa.
O Código Penal é complementado pelo Código Civil.
Exemplo: eu tenho o art.237 do CP, que fala dos impedimentos para o casamento. Onde estão os impedimentos para o casamento? No CC.
Temos por fim a última espécie de norma penal em branco.
Norma penal em branco ao revés, inversa ou ao avesso. 
Obs.: Também são chamadas por Rogério Greco de normas penais incompletas, imperfeitas ou secundariamente remetidas.
	Norma penal em branco
	Ao revés, inversa ou ao avesso
	O preceito primário está incompleto.
O preceito secundário está completo.
	O preceito primário está completo.
O preceito secundário é incompleto.
Obs.: Cuidado! O complemento da norma penal em branco inversa só pode ser realizado por uma lei, sob pena de violação do princípio da reserva legal. Não pode uma portaria dizer qual a pena aplicada a determinado crime.
Exemplo de norma pena ao revés: Lei 2.889 de 1956 (genocídio).
b.2) Tipos abertos:
Dependem de complementovalorativo.
Exemplos de tipos abertos: crimes culposos. A imprudência, a negligência e a imperícia vão ser valoradas pelo juiz na análise do caso concreto.
Pergunta de concurso:
Norma penal em branco em sentido estrito viola o princípio da legalidade? O fato de uma norma ser complementada por uma portaria viola o princípio da legalidade?
1ª corrente: a norma penal em branco em sentido estrito é inconstitucional, ofendendo o princípio da reserva legal, visto que o seu conteúdo é criado e modificado sem a participação do parlamento. (Rogério Greco)
2ª corrente: a norma penal em branco em sentido estrito não viola o princípio da reserva legal, pois o legislador cria o tipo penal incriminador com todos os seus requisitos. O que a autoridade administrativa pode fazer é explicitar um dos requisitos dados pelo legislador. (STF)
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Aula 04
Eficácia da lei penal no tempo
Temos 3 teorias discutindo a matéria:
Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da conduta. Leia-se, no momento da ação ou da omissão.
Teoria do resultado ou do evento: considera-se praticado o crime no momento do resultado.
Teoria da ubiquidade ou mista: considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado. 		
Diante dessas 3 teorias, qual foi a adotada pelo CP? O CP adotou a teoria da atividade, conforme se depreende da simples leitura do art.4º do CP.
O art.4º do CP tem inteira aplicação, não somente na fixação da lei que vai reger o caso, mas também para fixar a imputabilidade do agente, por exemplo.
O que se quer dizer com isso?
Art.4º do CP versus imputabilidade do agente:
Eu tenho 2 momentos:
	Momento da conduta
	Momento do resultado
	O agente era menor de 18 anos. 
	O agente é maior de 18 anos.
Aplica-se o ECA ou o CP? Considera-se praticado o crime no momento da conduta. Se é no momento da conduta, não importa a idade que ele tinha no momento do resultado. No momento da conduta o agente era menor de 18 anos. Desse modo, aplica-se o ECA.
Vamos agora para o segundo tema:
Art.4º do CP versus sucessão de leis penais no tempo:
	Tempo da conduta
	Tempo do resultado
	Lei A
	Lei A está revogada pela lei B
E agora?
Cuidado! Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização da conduta criminosa.
Vamos ver algumas situações envolvendo o assunto:
Vamos nos deparar com 4 situações básicas: 
	Tempo da conduta
	Lei posterior
	Eu tinha fato atípico.
Fato típico.
Fato típico.
Fato típico.
	Torna típico: alcança apenas os fatos futuros. É irretroativa.(art.1º do CP)
Torna a pena mais rigorosa. É irretroativa, por ser uma pena mais rigorosa. (art.1º do CP)
Torna o fato atípico. É retroativa, devendo favorecer o réu. (art.2º, caput do CP)
Torna a pena menos rigorosa. É retroativa, devendo favorecer o réu.
	
	Vamos estudar agora o art.2º, caput do CP.
	Abolitio criminis:
	Trata-se da supressão da figura criminosa.
	É abolir ou suprimir do ordenamento jurídico um tipo penal incriminador.
	Pergunta de concurso:
	Qual a natureza jurídica da abolitio criminis?
	Uma primeira corrente vai dizer: causa de extinção da punibilidade. Prevalece esta primeira corrente, que inclusive será a adotada pelo CP. Entende-se que abolitio criminis tem natureza de causa de extinção de punibilidade. Ver o art.107, III do CP.
	Já uma segunda corrente discorda, e vai dizer: causa de exclusão de tipicidade, gerando, por conseguinte, a extinção da punibilidade. Ou seja, você só extingue a punibilidade porque o fato deixou de ser típico.
	Quais as consequências da abolitio criminis?
	Obs.1: Cessando em virtude dela a execução: lei abolicionista não respeita a coisa julgada! Vai extinguir a punibilidade mesmo que estejamos em fase de execução. Não podemos deixar de considerar a pergunta de concurso:
	O art.2º não viola o art.5º, XXXVI da CF/88 (a lei não prejudicará a coisa julgada)? É claro que não viola, pois o art.5º é uma garantia nossa contra o Estado, e não do Estado contra o cidadão. Não viola o mandamento constitucional, pois o art.5º tutela a garantia individual e não o direito de punir do Estado.
	Obs.2: Cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória: significa que os efeitos extrapenais permanecem. Por exemplo: abolitio criminis impede que você seja considerado reincidente, mas não impede que esta condenação sirva como título executivo. 
	O que é abolitio criminis temporária?
	Uma situação interessante surgiu com o estatuto do desarmamento, ao estabelecer um prazo para que os possuidores e proprietários de armas de fogo entregassem ou regularizassem o registro da arma. Durante este prazo, não incidiu o tipo penal respectivo. Esse prazo foi chamado de abolitio criminis temporária.
	Antes da Lei 11.106/05
	
	Rapto violento (art.219 do CP)
Rapto consensual (art.220 do CP)
	Virou o art.148, §1º, IV do CP. Não houve abolitio criminis. Eu tenho aqui o princípio da continuidade normativo-típica.
Foi abolido (abolitio criminis)
	Qual a diferença entre abolitio criminis e princípio da continuidade normativo-típica? 
	Abolitio criminis
	Princípio da continuidade normativo-típica
	Supressão da figura criminosa.
A intenção é não mais considerar o fato criminoso.
	Migração do conteúdo para outra figura típica ou para outro tipo penal incriminador.
A intenção é manter o fato como criminoso. Quero manter a natureza criminosa do fato.
Ex.: Antes da lei 12.015/09 eu tinha estupro e atentado violento ao pudor. Após a lei, com o art.213 do CP, eu deixo de ter o atentado violento ao pudor, que foi reagrupado no mesmo dispositivo do estupro.
Vamos agora analisar o art.2º, parágrafo único do CP.
Diz o seguinte:
A lei posterior que de qualquer modo favorecer o agente
Estamos diante da lex mitior, ou seja, lei posterior que de qualquer modo favorece o réu.
Obs.: esta lex mitior também não respeita coisa julgada!
Pergunta de concurso: Depois do trânsito em julgado, quem aplica a lei mais benéfica?
Prova objetiva: 1ª corrente: súmula 611 do STF. Essa é a resposta na prova objetiva. Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
Prova escrita: 2ª corrente: se a aplicação da lei mais benéfica demandar raciocínio meramente matemático, é o juiz da execução (lei posterior cria uma causa de diminuição quando o agente é maior de 70 anos).
Se, no entanto, exigir juízo de valor, deve ser interposta a revisão criminal. (Ex.: lei posterior cria uma causa de diminuição no roubo, quando a coisa é de pequeno valor). O que é pequeno valor? Exige juízo de valor. A maioria da doutrina não concorda com esta segunda corrente, porquanto as hipóteses de revisão criminal são as taxativamente previstas em lei.
Lei posterior mais benéfica pode retroagir quanto ainda na vacatio legis?
É possível retroagir lei benéfica ainda durante a sua vacatio?
O que significa isso? Você praticou um crime na Lei A. Vem uma lei B e diminui. Só que a lei B ainda está em vacatio legis.
Temos duas correntes:
1ª corrente: a vacatio tem como finalidade principal dar conhecimento da lei promulgada. Não faz sentido que aqueles que já se inteiraram do seu teor fiquem impedidos de lhe prestar obediência, em especial tratando-se de lei mais benéfica.
2ª corrente: lei na vacatio não tem eficácia jurídica ou social, não podendo ser aplicada. Esta é a corrente que prevalece! 
Pergunta de concurso (MPDFT, TRF/3ª):
Crime continuado e sucessão de leis penais: 
Eu tenho durante um determinado período 5 furtos.
Estes 5 furtos são praticados nas mesmas circunstâncias de tempo, local e modo de execução.
Vamos imaginar que, quando começou a cadeia criminosa, eu tinha a Lei A, em que a pena era de 4 anos. No meio da cadeia criminosa vem a lei B, e a pena passa a ser de 1 a 5 anos.
No crime continuado, por uma ficção jurídica eu trabalho como se fosseum crime só.
1---2---3—Lei B (mais gravosa) --4---5 
Aplica-se ao caso a súmula 711 do STF. E aplico a Lei B, mesmo sendo a mais gravosa.
Eu aplico sempre a última lei vigente, mesmo que mais grave!
É possível a combinação de leis para favorecer o réu?
Vamos a um exemplo:
	Tempo da conduta
	Momento da sentença
	Lei A diz que o crime X tem uma pena de 1 a 4 anos e 100 dias multa.
	Lei B, posterior, diz que o crime X tem uma pena de 2 a 8 anos e 10 dias multa.
 
Podemos combinar o que as duas leis têm de melhor para o réu?
O Juiz pode tomar as duas leis nas partes mais benéficas? Ou seja, fazer uma combinação de leis?
A resposta, além de divergente, não está consolidada no STF.
1ª corrente: não é possível, pois o juiz, assim agindo, transforma-se em legislador, criando uma terceira lei. Quem adota? Nelson Hungria, por exemplo. (tendência do STF)
2ª corrente: trabalha com uma máxima: se o juiz pode o mais, pode o menos. Se o juiz pode aplicar o todo de uma lei ou de outra para favorecer o agente, pode escolher parte de uma e de outra para o mesmo fim. Adotam: Basileu Garcia, seguido da maioria. 
A tendência do STF é a primeira corrente.
Contudo, a questão ainda não se encontra consolidada no STF!
Vamos estudar o art.3º do CP.
Lei temporária ou temporária em sentido estrito:
É aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência.
Por exemplo: Lei A, com vigência no dia 01/01/2012 a 01/06/2012.
Lei excepcional ou temporária em sentido amplo:
É a que a atende a transitórias necessidades estatais, tais como guerras, epidemias, calamidades etc.
Perdura por todo o tempo excepcional.
Exemplo: eu tenho a lei A, que vai do dia 1º de janeiro de 2012 até o fim da epidemia.
	A lei excepcional é aquela destinada a vigorar durante períodos de anormalidade (calamidade, guerra etc). Mesmo depois de revogada, continua a produzir efeitos em relação a fatos ocorridos durante a sua época de vigência. Constitui, pois, exceção ao princípio da retroatividade benéfica. Havendo, entretanto, sucessão de leis penais excepcionais cujo fato incriminado seja o mesmo, a lei excepcional posterior mais benéfica pode alterar, para melhor, a lei excepcional anterior. (gabarito do MP/ES/2005)
O art.3º afirma que os fatos praticados durante a vigência da lei temporária e excepcional continuam sendo punidos, mesmo com a cessação da sua vigência. São leis ultrativas.
Por que são ultrativas? Porque são leis de curtíssima duração. Se assim não fosse, estes fatos estariam fadados à impunidade.
As leis temporárias e excepcionais são ultrativas, pois se assim não fossem, haveria uma ineficácia preventiva em relação aos fatos cometidos na iminência do seu vencimento.
Se você sabe que tem uma lei que durará 3 meses. Não valeria à pena cumpri-las não fosse assim.
Pergunta de concurso:
O art.3º do CP foi recepcionado pela Constituição Federal?
Lembrando: o art.3º do CP prevê hipótese excepcional de ultratividade maléfica.
1ª corrente: Zaffaroni, percebendo que a CF/88 não traz qualquer exceção à proibição da ultratividade maléfica, ensina que o art.3º não foi recepcionado. É, inclusive, a posição de Rogério Greco.
2ª corrente: Predomina o entendimento de que a ultratividade da lei temporária ou excepcional não infringe a CF/88, pois não há duas leis em conflito no tempo. As leis temporárias e excepcionais versam sobre matérias específicas.
Obs.: Frederico Marques leciona que a lei temporária não é ultrativa, mas continua em vigor, embora não seja aplicável.
Na aula passada estudamos norma penal em branco. Como é que fica a sucessão de complementos no tempo?
Vamos estudar a sucessão de complementos nas normas penais em branco.
Tempo do crime versus sucessão de complementos de norma penal em branco.
Eu tenho a Lei A, que é uma norma penal em branco complementada pela norma Y. Essa norma Y é alterada pela norma Z.
O que eu quero saber é: se essa norma Z é mais benéfica, ela é retroativa ou irretroativa?
O complemento da norma penal em branco foi alterado. Se mais benéfico retroage ou não retroage?
Temos 4 correntes:
1ª corrente: A alteração do complemento da norma penal em branco deve sempre retroagir, desde que mais benéfica para o acusado. Foi uma alteração mais benéfica? Sim. Então vai retroagir. Paulo José da Costa Júnior.
2ª corrente: A alteração do complemento da norma penal em branco, mesmo que mais benéfica, não retroage. Frederico Marques.
3ª corrente: só tem importância a variação do complemento da norma penal em branco quando provoca uma real modificação da figura típica. Ou seja, quando você altera o complemento, modificando o que se busca incriminar (conduta criminosa). Quem adota? Mirabete.
4ª corrente: a alteração de complemento de uma norma penal em branco homogênea (lei complementada por lei), se benéfica, retroage. Quando se tratar de norma penal em branco heterogênea, e seu complemento não se revestir de excepcionalidade, retroage quando mais benéfica. Em Norma penal em branco homogênea, ou seja, lei complementada por lei, a alteração retroage. Alberto Silva Franco e STF.
	Art.237 do CP
	Art.33 da Lei de drogas
	Art.2º da Lei 1.521/51
	Contrair casamento com impedimentos. É uma lei complementada por lei, norma penal em branco homogênea.
Primeira corrente: alteração benéfica: o legislador retira do CC um complemento para o casamento. Essa alteração vai retroagir? 1ªC: se a alteração do complemento é benéfica retroage.
Segunda corrente: a alteração, mesmo que benéfica, não retroage. 
Terceira: Havendo real modificação da figura abstrata, retroage.
Quarta: Tratando-se de alteração benéfica de norma penal em branco homogênea retroage. 
	Tráfico de drogas. Portaria: é uma norma penal em branco heterogênea.
Primeira corrente: alteração benéfica: o legislador retira o lança perfume da portaria. Essa alteração vai retroagir.
Segunda corrente: a alteração, mesmo que benéfica, não retroage.
Terceira: Havendo real modificação da figura abstrata, retroage.
Quarta: Não se revestindo de excepcionalidade, retroage.
	Transgredir tabelas oficiais de preços. Portaria, é uma norma penal em branco heterogênea.
Primeira corrente: a alteração benéfica retroage.
Segunda corrente: a alteração, mesmo que benéfica, não retroage.
Terceira: Não havendo modificação da figura abstrata, não retroage. Eu só quis atualizar a tabela de preços por causa da inflação, mais nada.
Quarta: Não se revestindo de excepcionalidade, retroage.
Retroatividade de jurisprudência mais benéfica:
No Brasil, a doutrina vem admitindo a retroatividade de jurisprudência mais benéfica, em casos de súmula vinculante e controle concentrado de constitucionalidade. Ou nas ADI´s ou ADC´s.
Eficácia da lei penal no espaço:
------------------------------------------------------------------------
	Eficácia da lei penal em relação às pessoas 
(AULA 06 – on line)
VALIDADE DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES)
- Art. 5º, CF:
	Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
A lei penal se aplica a todos, por igual, não existindo privilégios pessoais. Há, no entanto, pessoas que, em virtude das suas funções, desfrutam de imunidades. Longe de uma garantia pessoal, trata-se de necessária prerrogativa funcional, proteção ao cargo. Não é um privilégio pessoal. É uma prerrogativa.
	PRIVILÉGIO
	PRERROGATIVA
	- É uma exceção da lei comum deduzida da situação de superioridade das pessoas que a desfrutam.
	- É o conjunto de precauções que rodeiam a função e que servem para o exercício desta.
	- É subjetivo e anterior à lei.
	- É objetiva e deriva da lei.
	- Tem essência pessoal.
	- É anexo à qualidade do órgão.
	- Pode frente à lei
	- É conduto para que a lei se cumpra.
	- É próprio das aristocracias sociais.- É próprio das aristocracias das instituições governamentais.
Imunidades:
Diplomática prerrogativa de direito público internacional de que desfrutam:
 
Os chefes de governo ou de estado estrangeiro, sua família e membros da sua comitiva;
Embaixador e sua família;
Os funcionários do corpo diplomático e família;
Funcionários das organizações internacionais (ONU, por exemplo), quando em serviço.
- Esta imunidade torna o diplomata imune às nossas consequências jurídicas. Ele deve obediência ao nosso preceito primário, mas escapa das nossas consequências jurídicas (preceito secundário).
- Apesar de todos deverem obediência ao preceito primário da lei penal do país em que se encontram (princípio da generalidade da lei penal), os diplomatas escapam à sua consequência jurídica, permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem.
- A imunidade diplomática não impede a investigação policial, que busca garantir a materialidade e resguardar vestígios do crime.
- Qual a natureza jurídica da imunidade diplomática? Há duas correntes: 1ª causa pessoal de isenção de pena. PREVALECE! 2ª causa impeditiva da punibilidade (adotada por LFG).
- O diplomata pode renunciar à imunidade em razão das consequências jurídicas em seu país serem mais severas que no Brasil? Não, pois a imunidade diplomática é referente ao cargo e não à pessoa. E o país que ele representa pode retirar dele a imunidade? Sim, desde que expressamente.
- Agentes consulares têm imunidade? 
	EMBAIXADOR
	AGENTE CONSULAR
	- Tem imunidade:
a) crime comum;
b) crime funcional.
	- Tem imunidade:
a) crime funcional, pois exercem funções meramente administrativas.
- A embaixada é extensão do território que representa? Não. Apesar de minoria em sentido contrário, prevalece que, de acordo com a Convenção de Viena, a embaixada não é extensão do território que representa, apesar de inviolável. O STF decidiu que não se pode realizar busca e apreensão em embaixada, não porque é extensão do território que representa, mas sim porque é inviolável (voto do Ministro Celso de Melo).
Parlamentares há duas espécies:
Absoluta (ou material, substancial, real, inviolabilidade, indenidade): previsão legal: art. 53, caput, CF:
	Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
- De acordo com o STF, a presente imunidade exime o seu titular de qualquer tipo de responsabilidade (criminal, civil, administrativa e política).
- Qual a natureza jurídica desta imunidade parlamentar? Temos seis correntes:
1ª causa excludente de crime (Pontes de Miranda);
2ª causa que se opõe à formação do crime (Basileu Garcia);
3ª causa pessoal de exclusão de pena (Aníbal Bruno);
4ª causa de irresponsabilidade (Magalhães Noronha);
5ª causa de incapacidade pessoal penal por razões políticas (Frederico Marques);
6ª causa de atipicidade (LGF e STF). Significa que o fato é atípico não só para o parlamentar, mas também para qualquer pessoa que para ele concorreu.
- Súmula 245, STF: a presente súmula hoje está restrita à imunidade parlamentar relativa.
	A IMUNIDADE PARLAMENTAR NÃO SE ESTENDE AO CO-RÉU SEM ESSA PRERROGATIVA.
- Há limites? Sim. É imprescindível o nexo funcional. Nas dependências da casa legislativa, presume-se o nexo. Fora das dependências da casa legislativa, o nexo deve ser comprovado. 
- O instituto da imunidade parlamentar absoluta não permite ações estranhas ao mandato, como ofensas pessoais, sem que haja consequências. ”A não entender assim, estarão eles acima do bem e do mal, blindados, como se o mandato fosse um escudo polivalente” (Inquérito 2.813).
Relativa:
 
Ao foro por prerrogativa de função: previsão legal: artigo 53, § 1º, CF:
	§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma (antes da posse), serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal (foro especial. Somente de natureza criminal).
- O foro especial permanece depois de terminado o mandato? Continua no STF ou volta para o juízo de 1º grau? Volta para o juízo de 1º grau, senão seria um privilégio e não uma prerrogativa. E, por conta disso, o STF cancelou sua súmula 394:
	COMETIDO O CRIME DURANTE O EXERCÍCIO FUNCIONAL, PREVALECE A COMPETÊNCIA ESPECIAL POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO, AINDA QUE O INQUÉRITO OU A AÇÃO PENAL SEJAM INICIADOS APÓS A CESSAÇÃO DAQUELE EXERCÍCIO (CANCELADA).
- Se o parlamentar, em vias de ser julgado pelo STF e, próximo da prescrição, renuncia seu mandato? De acordo com o STF (AP 396), renúncia na véspera do julgamento pelo pleno configura fraude processual inaceitável, pois objetiva, em primeiro lugar, fugir à punição, buscando a prescrição. Diante desse quadro, o STF permanece competente para o processo e julgamento. (PARA CONCURSO DA DEFENSORIA PÚBLICA). 
- Observou o ministro Marco Aurélio que a renúncia do parlamentar é um direito potestativo e, como tal, deve ser analisado dentro do direito de ampla defesa do réu, discordando da maioria. 
 
Aula 07:
Lei penal no espaço:
Sabendo que um fato punível pode eventualmente atingir aos interesses de dois ou mais estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa descobrir qual é o âmbito territorial de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal.
Em resumo, devemos saber as fronteiras de atuação da lei penal brasileira.
Quando um fato punível atinge o interesse de punir de mais de um país soberano, seis princípios são utilizados para resolver possível conflito.
Quais são estes princípios?
O primeiro princípio é o da territorialidade.
Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do local do crime, não importando a nacionalidade do agente ou da vítima.
Princípio da nacionalidade ativa ou personalidade ativa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, não importando o local do crime, nacionalidade da vítima ou do bem jurídico.
Princípio da nacionalidade passiva: aqui temos divergência. 
1ª corrente: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, apenas quando atingir um bem jurídico do seu próprio Estado ou de um concidadão, não importando o local do crime. (Damásio)
2ª corrente: aplica-se a lei da nacionalidade da vítima, não importando a nacionalidade do agente ou o local do crime. (LFG, FMB e Cesar Roberto)
Princípio da defesa (ou real): aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico lesado, não importando a nacionalidade dos envolvidos ou o local do crime. O que importa é aplicar a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado.
Princípio da justiça penal universal ou cosmopolita: o agente fica sujeito à lei penal do país onde for encontrado, não importando a nacionalidade dos envolvidos, do bem jurídico ou o local do crime. Dica: são crime previstos em tratados internacionais.
Princípio da representação: a lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves ou embarcações privadas, quando no estrangeiro e ali não sejam julgadas.
Qual desses princípios o Brasil adotou? 
Dica: temos 6 princípios:
Princípio da territorialidade: o Brasil adotou como regra.
Princípio da nacionalidade ativa;
Princípio da nacionalidade passiva;
Princípio da defesa;
Princípio da justiça universal;
Princípio da representação; 
Princípio da territorialidade:
Está previsto no art.5º do CP!
Ideia: Crime ocorrido sobre o meu território vai sofrer a minha lei!
O art.5º adotou uma territorialidade absoluta ou temperada?
O art.5º do CP adotou territorialidade temperada, pois convenções tratados e regras internacionais podem impedir a aplicação da lei brasileira ao crime cometido no território nacional. Isto se chama intraterritorialidade.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensãodo território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Territorialidade: o local é o Brasil e a lei é a brasileira.
Extraterritorialidade: o local do crime é o estrangeiro, e a lei aplicada é a brasileira.
Intraterritorialidade: o local é o Brasil, porém, a lei que vai ser aplicada é a estrangeira. A lei estrangeira vai alcançar este crime ocorrido no nosso território. Cuidado!
Na intraterritorialidade, é o juiz brasileiro que aplica a lei estrangeira? Diversamente do que ocorre no direito civil, em nenhuma hipótese, o juiz criminal pode aplicar a legislação penal estrangeira. Nesse caso, quem vai aplicar é o próprio país soberano da lei aplicável.
Exemplos de intraterritorialidade:
Imunidade diplomática é o primeiro exemplo de intraterritorialidade.
Tribunal Penal internacional. 
O tribunal penal excepcional não é uma exceção ao monopólio do direito de punir do nosso Estado? Viola o monopólio de punir do Estado? Vamos lembrar do art.1º do Estatuto de Roma. Será complementar às jurisdições penais nacionais. Se é complementar, não viola o direito de punir do Estado.
O art.1º do Estatuto de Roma consagrou o princípio da complementariedade, isto é, o Tribunal Penal Internacional não pode intervir indevidamente nos sistemas judiciais, que continuam tendo a responsabilidade de investigar e processar os crimes cometidos no seu território, salvo nos casos em que os Estados se mostrem incapazes ou não demonstrem efetiva vontade de punir os seus criminosos.
Conclusão: a lei brasileira, em regra, deve respeitar as fronteiras do território nacional.
Pergunta de concurso: o que se entende por território nacional? É o espaço geográfico + espaço jurídico, também chamado de espaço por ficção, equiparação ou extensão.
Território nacional = espaço físico ou geográfico + espaço jurídico;
Este espaço jurídico é previsto no art.5º, §1º e §2º.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Conclusões:
Quando os navios ou aeronaves forem públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro, são considerados partes do nosso território onde quer que se encontrem.
Se privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que ostentam. Em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, nenhum país exerce sobrerania. O conceito de liberdade em alto-mar está no art.87 da Convenção das Nações Unidas sobre o direito do mar. Se este avião da TAM estiver sobrevoando extensão de território estrangeiro, não é extensão do território nacional.
Quanto aos estrangeiros em território brasileiro, desde que públicos, não serão considerados parte do nosso território. (princípio da reciprocidade).
Embaixada é extensão do território estrangeiro no Brasil? Quanto à territorialidade das embaixadas, mesmo havendo divergências entre alguns doutrinadores, prevalece que não fazem parte do território do país que representam, apesar de invioláveis.
Vamos analisar alguns problemas:
1º problema: estou em alto mar em uma embarcação privada brasileira.
Esta embarcação brasileira em alto-mar naufraga. Sob os destroços da embarcação, um italiano mata um holandês.
Eu vou aplicar a lei brasileira, a lei italiana ou a lei holandesa? É a lei brasileira! Os destroços continuam ostentando a bandeira.
2º problema: eu ainda estou em alto-mar. Porém, agora, afundei duas embarcações. Tenho uma embarcação privada brasileira e uma embarcação privada portuguesa, que colidem. Dois sobreviventes constroem uma jangada com destroços dos dois navios: brasileiro e português. Um norte-americano mata um argentino.
Eu vou aplicar a lei brasileira?
Eu vou aplicar a lei portuguesa?
Eu vou aplicar a lei norte-americana?
Ou vou aplicar a argentina?
O CP não explica esta situação, pois misturamos territórios. Na dúvida, devemos aplicar a lei da nacionalidade do agente.
3º problema: 
Na costa brasileira está atracado um navio público da Colômbia. Aplica-se qual lei? A lei colombiana, pois o navio é público. Imagine, contudo, que o marinheiro da Colômbia pratique crime no solo brasileiro, fora da embarcação. E agora? São duas as situações:
1ª: Se este marinheiro estiver a serviço do seu governo é a lei da Colômbia.
2ª: Se não estiver a serviço é a lei brasileira.
E se, fora da faixa territorial, um navio privado holandês pratica abortos? Imagine que uma brasileira sai do mar territorial, vai até o navio e pratica abortos. Pode ser responsabilizada? Claro que não, pois em alto-mar prevalece a lei holandesa. 
É necessário verificar quando em concreto se pode afirmar que um crime foi realizado no território brasileiro.
1ª Teoria: teoria da atividade.
Pela teoria da atividade, considera-se lugar do crime aquele em que se desenvolveu a conduta.
2ª Teoria: teoria do resultado.
Considera-se lugar do crime aquele em que ocorreu o resultado.
3ª Teoria: 
Teoria da ubiquidade ou mista: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a conduta, bem como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado.
O CP adotou a terceira teoria, em seu art.6º. É a teoria da ubiquidade ou mista. 
        Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Se eu tenho a conduta no Brasil e o resultado em Portugal: lei brasileira.
Se a conduta ocorre em Portugal e o resultado no Brasil: lei brasileira.
Conduta em Portugal e o destino final do crime fosse o Brasil, mesmo que o crime não viesse efetivamente a ocorrer: lei brasileira.
Cuidado! Se, em território brasileiro, ocorre unicamente o planejamento ou preparação do crime, não se aplica a lei brasileira, salvo quando a lei brasileira pune alguns atos preparatórios, como a quadrilha ou bando.
Um navio sai de Portugal com destino ao Uruguai. Ingressando em mar territorial brasileiro, no caminho, ocorre um homicídio. Aplica-se a lei brasileira?
Art.5º, §2º do CP. Pela moldura deste dispositivo devemos aplicar a lei brasileira, pois este navio está em mar territorial brasileiro. De acordo com o art.5º, §2º do CP, aplica-se a lei brasileira. Isto porque o navio privado está em mar territorial nacional. Porém, esta redação é de 1984. Lei posterior mudou este entendimento. Cuidado com a lei 8.617/93, que criou o direito de passagem, prevendo hipóteses que excepcionam o art.5º, §2º do CP. É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro.
Nós temos aqui o princípio da passagem inocente.
Previsão legal: art.3º, Lei 8.617/93. 
Quando o navio atravessa o território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino, não se aplica o art.5º, §2º do CP. Não se aplica a lei brasileira!

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