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Direito Tributário I Professores Paulo de Barros Carvalho e Paulo Ayres Barreto Por Alina Miyake !1 Direito Tributário I (DEF 413) Por Alina Miyake Anotações ce#das por Jessica Chehter Professores: Paulo de Barros Carvalho ("PBC") e Paulo Ayres Barreto ("PAB") 1º semestre/ 2013 Sem Re visã o !2 PBC PAB !3 Observações iniciais: Prova: 24/04 - A matéria vai até Validade, vigência e eficácia (não abrange Princípios). Questões da prova do noturno: 1.Regime de tributação simples, de aderência, é tributo? 2.Espécies tributárias; 3.Leis e convenções internacionais revogam legislação tributária nacional? 4.Norma pode ser jurídica e inválida ao mesmo tempo? !4 Doutrina utilizada: ATALIBA, Geraldo. Apontamentos da Ciência das Finanças, Direito Financeiro e Tributário. São Paulo, Revista dos Tribunais. ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª ed. Malheiros. BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças. 14ª ed. Rio de Janeiro, Forense, 1984. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 17ª ed. São Paulo, Saraiva, 2005. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24ª ed. São Paulo, Atlas, 2011. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 15ª ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2011. OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. 4ª ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2011. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 23ª ed. Rio de Janeiro, Forense, 2010. Vol. I. ROSA JR., Luiz Emygdio F. da. Manual de Direito Financeiro & Direito Tributário: Jurisprudência atualizada até dezembro de 1998. 13ª ed. Rio de Janeiro, Renovar, 1999. SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2011. VILLEGAS, Hécto B., Curzo de Finanzas: Derecho Financiero y Tributatio. Buenos Aires, Depalma, 1972. !5 Sistema tributário brasileiro Algumas pa$icula%dades Os tributos representam de 35 a 39% do PIB brasileiro - esse montante volta aos cofres públicos. Grande volume de legislação, em constante renovação. É daí que se extrai a importância de estudar aquilo de mais perene no direito tributário, as suas bases. A Constituição Federal de 1988 ("CF/88") é única no tratamento do direito tributário. O sistema tributário está esculpido na CF/88. Fora do Brasil, a Constituição costuma apenas expressar a legalidade. Curiosamente, no Brasil, a CF/88 se altera mais que o próprio Código Tributário Nacional ("CTN") de 1966, que mantém estrutura semelhante até hoje. Esse curso terá foco no no texto constitucional tributário. !6 Conceito de direito tributário Direito tributário é entendido por PBC e Geraldo Ataliba como o conjunto de normas jurídicas que regula a tributação, ou a porção de normas jurídicas relacionadas ao tributo. PBC também trata do direito tributário como um fenômeno de linguagem (conjunto de signos utilizados para a comunicação), o qual define a instituição, a arrecadação e a fiscalização do tributo. Todavia, essa definição é tautológica, pois falta definir o que é tributo (definição vista mais a diante). !7 Amanda Toledo Amanda Toledo Amanda Toledo Amanda Toledo Autonomia do direito tributário O #reito t%butá%o é uma #sciplina autônoma? Autonomia: permite que se crie normas e princípios sem se preocupar com outras realidades jurídicas; isso é justamente o que o direito tributário não pode fazer, porque existe uma imbricação entre diversas disciplinas e o direito tributário. Exemplo: a cobrança de IPTU combina o direito de propriedade/ posse/ domínio útil (direito civil), o zoneamento urbano (direito administrativo) e a municipalidade (direito constitucional). Caso: Orestes Quércia desejava aumentar impostos (ICMS: 17 a 18%) - para a aprovação, ele justificava o déficit habitacional. Todavia, essa previsão violava a vinculação de impostos (CF/88, artigo 167, IV) --> Conversa entre direito tributário e financeiro. !8 Autonomia do direito tributário O #reito t%butá%o é uma #sciplina autônoma? Autonomia didática: relação (na prática) do direito tributário com outras ciências, como a economia. A autonomia é estabelecida apenas para delimitar o campo de estudo. Isso não significa estudar o direito tributário sob a perspectiva de outras ciências. Como trabalhar com os dados econômicos? Para PBC, em cada ciência, apenas um código binário deve valer. No direito tributário, apenas os dados econômicos já juridicizados pela hipótese normativa são válidos. !9 Relações do direito tributário Diálogo com &tras #sciplinas Algumas definições: 1.Direito tributário é entendido por Paulo de Barros Carvalho e Geraldo Ataliba como o conjunto de normas jurídicas que regula a tributação, ou a porção de normas jurídicas relacionadas ao tributo. 2.Maria Sylvia Zanella Di Pietro define direito administrativo como o ramo do direito público que tem como objeto os órgãos, agentes e u jurídicas administrativas que integram a Administração Pública; a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para o atingimento de seus fins, de natureza pública; Odete Medauar tem definição mais sucinta ao descrevê-lo como o conjunto de normas e princípios que regem a atuação da Administração Pública 3.Para Régis Fernandes de Oliveira, o direito financeiro trata da disciplina jurídica da atividade financeira do Estado; atividade financeira do Estado, por sua vez, pode ser vista como a ação do Estado na obtenção de receitas, em sua gestão e nos gastos para o desenvolvimento de sua função. 4.Para Caio Mário da Silva Pereira, o direito público é o ramo do direito que rege as relações entre os Estados entre si ou do Estado como tal e os seus membros. !10 Relações do direito tributário Diálogo com &tras #sciplinas Relação entre direito tributário, administrativo e financeiro com direito público: o direito tributário, o direito administrativo e o direito financeiro estão enquadrados no campo do direito público, isso porque o Estado é titular do direito de tributar; é nele que se inserem os quadros da Administração Pública; e também é essa mesma Administração Pública que gere os recursos públicos. Relação entre direito financeiro e direito tributário: o direito financeiro também se relaciona com o Direito Tributário, porque enquanto o primeiro estuda a disciplina jurídica da atividade financeira do Estado, o segundo estuda uma parte dessa atividade, a matéria tributária. Além disso, cumpre salientar que o direito tributário surgiu do direito financeiro Relação entre direito tributário e o direito administrativo: o direito administrativo regula as atividades gerais da administração enquanto o direito tributário regula aspectos específicos da atividade administrativa. Nesse sentido, Luiz Emygdio F. da Rosa Jr. sinaliza que o poder de tributar baseia-se no poder geral do Estado aplicado ao setor impositivo (de instituir tributos). Outro ponto de destaque é que o direito tributário nasceu do direito financeiro, que por sua vez veio do direito administrativo. !11 Nomenclatura do direitotributário 1.Direito tributário: nomenclatura mais adequada; 2.Direito fiscal: ótica do fisco (pessoa que exerce a pretensão tributária), não abrange a ótica do contribuinte; denominação usada na França e em Portugal; 3.Direito financeiro: campo de irradiação maior daquele do direito tributário; abrange toda disciplina da atividade financeira do Estado (o direito tributário é apenas um tópico do direito financeiro). Para PBC, as denominações elencadas por "2" e "3" não são adequadas pois tratam de campos com irradiação semântica diversa daquela que se pretende com o estudo do direito tributário. !12 Agora, retomamos alguns temas de Teo%a Geral do Direito... Conceito de norma e de norma jurídica Hans Kelsen: uma norma pode ser entendida como o instrumento que estatui uma determinada conduta como devida (prescrição). Se não for obedecido o comando, há uma sanção. Immanuel Kant: o imperativo hipotético é uma condição para que se produza determinado efeito. Adolfo Ravà: ele atrela os imperativos hipotéticos kantianos às normas jurídicas, porque é necessária uma hipótese se concretizar para que o comando seja obrigatório. A sua tese é sustentada por três elementos: 1.Atribuição pelas normas de obrigações e direitos subjetivos (faculdade de fazer ou não fazer, juridicamente protegida); 2.Caráter coercitivo do direito; 3.Caráter instrumental dos termos que compõem o ordenamento. !13 Agora, retomamos alguns temas de Teo%a Geral do Direito... Conceito de norma e de norma jurídica Norberto Bobbio: normas jurídicas são espécies do gênero “proposições prescritivas”. Essas proposições – em gênero – são caracterizadas por três elementos: 1.Sujeito ativo; 2.Sujeito passivo; 3.Objeto. Pouco mais em específico, Bobbio apresenta o gênero das “prescrições abstratas”, o qual tem: 1.Como sujeito ativo o coletivo ou o pessoal; 2.Como sujeito passivo o geral ou o individual; 3.Como objeto a ação-tipo (força cogente que se renova sempre que o sujeito passivo se encontrar em situação hipoteticamente prevista). !14 Conceito de norma e de norma jurídica O que #z a d&t%na t%butá%a... Geraldo Ataliba: ordem ou comando com o objeto comportamento humano (para a norma tributária, o comportamento é a entrega de dinheiro ao Estado). PBC: traz algumas definições: 1.Texto de lei é o suporte físico (significado) que sustenta a norma jurídica; 2.Norma jurídica é a significação (ou juízo hipotético-condicional) que o intérprete tem quando lê o texto do direito positivo, em interpretação harmônica com o ordenamento jurídico vigente; 3.Enunciados prescritivos são o fundamento dessa significação, o significado do conjunto de símbolos utilizados para a construção do texto de direito positivo; 4.Proposição é o juízo hipotético que compõe o enunciado prescritivo. Essas categorias formam em conjunto aquilo que PBC chama de sistema jurídico (tema retomado quando for tratada da Interpretação). !15 Sistema jurídico Em S2 ainda não é possível extrair a regra matriz de incidência tributária. Sentido deôntico completo no S3. Negócio jurídico em sentido amplo --> enunciados, proposições, negócio jurídico. Negócio jurídico em sentido estrito --> juízo hipotético- condicional. !16 Mas afinal, o que é preciso para que uma norma seja considerada jurídica? A norma só é jurídica quando se pressupõe que, no caso de seu descumprimento, o Estado (em função jurisdicional) pode e x i g i r o s e u c u m p r i m e n t o d e forma compulsória. !17 Classificação das normas jurídicas E m s e n t i d o a m p l o : Enunciado, proposição e norma jurídica. E m s e n t i d o e s t r i t o : antecedente ( f a to de p o s s í v e l o c o r r ê n c i a ) implica em consequente (sanção ou obrigação) que envolva sujeito ativo e passivo. !18 Linguagens A linguagem pode ter diversas f u n ç õ e s ( i n t e r r o g a t i v a , exclamativa, prescritiva, etc.). O direito, como uma linguagem em particular, tem a função p r a g m á t i c a d e p r e s c r eve r condutas intersubjetivas. N e s s e c o n t ex t o, o d i r e i t o tributário se insere como parte do direito positivo e a ciência do direito é uma metalinguagem do direito positivo. !19 Direito positivo vs. Ciência do direito Categoria/Linguagem Direito positivo Ciência do direito Função Prescritiva Descritiva Objeto Condutas (relações intrasubjetivas) Direito positivo Condutas Linguagem/Objeto Metalinguagem Nível Deôntica (dever ser) Clássica Lógica Validade Verdadeiro/Falso Linguagem Técnica Científica Denominação (PBC) direito tributário (minúsculo) Direito Tributário (maiúscula) Contradições Admitidas (antinomia entre normas) Não são admitidas em um único discurso científico (só em discursos diferentes) Objetivo Meramente descritivo. Inibir, motivar e disciplinar condutas subjetivas. !20 Direito positivo vs. Ciência do direito Ambas são linguagens jurídicas, mas distinguem-se. Se eu violar condutas do direito positivo, poderão haver sanções. Se eu violar a ciência do direito nada pode ocorrer. Observação 1: direito incide sobre a validade, mas não coincide com ela. Observação 2: eu não concordo que a mera mudança de letra maiúscula para letra minúscula mude o conceito de alguma coisa. Neste, sempre se faz uso de letra minúscula, para qualquer um dos conceitos. !21 Camadas de linguagem O direito positivo atua nas relações intrasubjetivas. A p o n t a n d o , assim, para as pessoas e suas relações sociais. Categoria Linguagem Lógica jurídica Unívoca Teoria geral do direito Científica Ciência do direito Cientifica Direito positivo Técnica F o rm a li za çã o !22 Norma Jurídica vs. Ciência do Direito !23 Legislador vs. Jurista Legislador: (i) linguagem técnica; (ii) representa segmentos heterogêneos da sociedade; (iii) comete erros, atecnias, impropriedades e ambiguidades, provocando a "desarrumação do direito posto"; (iv) não precisa manter coerência em seu discurso, porque são cabíveis as antinomias entre normas; Jurista: (i) construção do conteúdo e sentido da matéria legislada; (ii) linguagem científica; (iii) deve manter um padrão em seu discurso científico. !24 Retornando ao mundo do #reito t%butá%o... Norma jurídica tributária A norma jurídica tributária prevê: !25 Conceito de tributo Acepções d&t%ná%as de t%buto PBC: o vocábulo tributo pode ter seis acepções: 1.Quantia em dinheiro (objeto da prestação); 2.Prestação correspondente ao dever jurídico do sujeito passivo; 3.Direito subjetivo de que é titular o sujeito ativo; 4.Relação jurídica tributária; 5.Norma jurídica tributária; 6.Norma, fato e relação jurídica. !26 Conceito de tributo Acepções d&t%ná%as de t%buto Luís Eduardo Schoueri: aproximação de tributo com a figura de receita derivada do estado (principal fonte de financiamento do Estado). Receita originária: (i) riqueza gerada pela atividade do Estado; (ii) remuneração pelo emprego de patrimônio público; Receita derivada: meio de financiamento do Estado que não representa uma riqueza nova, mas uma transferência de riqueza gerada por terceiros. !27 Conceito de tributo Acepções d&t%ná%as de t%buto Hugo de Brito Machado: utilidade das definições legais para superar divergências doutrinárias e melhorar o nível de segurança das relações jurídicas. CTN, artigo 3º é uma norma não autônoma do sistema jurídico brasileiro. PAB: deve-se procurar por meio da interpretação constitucional dados que permitam alcançar o conceito de tributo. !28 Conceito de tributo Conceito legal CTN, artigo 3º: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Desse conceito, se extraem cinco elementos (analisados a seguir): (i) prestação pecuniária;(ii) compulsoriedade; (iii) em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir; (iv) não é sanção de ato ilícito; (v) legalidade; (vi) atividade administrativa vinculada. !29 Conceito de tributo Conceito legal Lei nº 4320/1964, artigo 9º: Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinado-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades. !30 Elementos do conceito legal de tributo Prestação pecuniá%a Luís Eduardo Schoueri: ao empregar o termo "prestação", o legislador complementar a associa a "obrigação tributária". A prestação é o objeto do cumprimento da obrigação. Relação jurídica: obrigação entre o Estado e o sujeito passivo. Uma vez pago o tributo (prestação), encerra-se o vínculo obrigacional. !31 Elementos do conceito legal de tributo Prestação pecuniá%a Hugo de Brito Machado: prestação, na definição de tributo, pode ser indicativa do objeto da obrigação jurídica, mediante a qual se opera a transferência de um elemento patrimonial do contribuinte para o Estado. Prestação pode ser: (i) fato; (ii) abstenção; (iii) omissão; (iv) comissão; (v) coisas; (vi) quantia em dinheiro. Natureza econômica-financeira da prestação: (i) transferência de recursos em sentido econômico; (ii) aumenta o patrimônio do ente público e reduz o patrimônio do contribuinte. !32 Conceito de tributo Resumo Hipótese tributária --> Descrição legal; Fato jurídico tributário --> Acontece na vida real. !33 Elementos do conceito legal de tributo Compulso%edade PBC: referência a dever o b r i g a t ó r i o d e u m a prestação em dinheiro. Afasta voluntar iedade (independe da vontade do sujeito passivo) - abarcada a hipótese de incidência, surge um elo que liga alguém ao comportamento obrigatório de prestação pecuniária. !34 Elementos do conceito legal de tributo Compulso%edade Luís Eduardo Schoueri: o tributo não é pago por um ato de vontade, mas em cumprimento de uma determinação legal. Natureza compulsória do tributo: não se deve questionar seu mérito, uma vez surgida a obrigação. Ao contribuinte não resta outra opção, senão cumprir sua obrigação e o Fisco, por outro lado, deve recebê-la. A ideia de prestação compulsória remete à classificação das obrigações, onde se encontram as “ex lege”, em oposição às que decorrem de ato de vontade. Para o tributo, a sua prestação compulsória independe do elemento vontade, dependendo apenas da ocorrência do fato jurídico tributário. Observação: elemento da compulsoriedade, como acima ressaltado, é relevante para distinguir as taxas de preços públicos já que, mais uma vez se menciona, estes decorrem de um ato de vontade do contribuinte (vontade de contratar). !35 Elementos do conceito legal de tributo Em moeda & cujo em valor dela se possa exp%mir PBC: trata-se de erro grosseiro do legislador: (i) desnecessidade do vocábulo "moeda"; já é pecuniário; (ii) a expressão "ou cujo valor nela se possa exprimir" reflete a ampliação do âmbito das prestações pecuniárias; isso dá margem para a extensão do âmbito dos tributos para o serviço militar, mesário de eleições e membro do tribunal do júri. !36 Elementos do conceito legal de tributo Em moeda & cujo em valor dela se possa exp%mir Luís Eduardo Schoueri: trata-se de cuidado do legislador, pois há a hipótese do pagamento do tributo com a utilização de selos/estampilhas compradas com moeda pelo contribuinte. Menção ao artigo 162 do CTN: dação em pagamento - liquidação da obrigação tributária pela entrega de bens, cujo valor é avaliado em moeda. O pagamento feito em forma diferente por conveniência das parte e não perde a natureza pecuniária. Art. 162. O pagamento é efetuado: I - em moeda corrente, cheque ou vale postal; II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. § 1º A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente. § 2º O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo sacado. § 3º O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no artigo 150. § 4º A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa. § 5º O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento em estampilha. Observação: Prestações de dar (não pecuniárias) e de fazer não configuram tributo. Assim, não são tributo: (i) serviço militar obrigatório; (ii) requisições em caso de guerra; (iii) dar parte da produção agrícola. !37 Elementos do conceito legal de tributo Não con(itui sanção de ato ilícito P B C : a l i c i t u d e d e s e n c a d e i a o nascimento da obrigação tributária; os acontecimentos ilícitos vêm sempre atrelados a uma sanção; Luís Eduardo Schoueri: o legislador complementar deixa claro que as multas, conquanto igualmente receitas derivadas, não se confundem com o tributo. Este não é uma pena, imposta porque alguém descumpriu um mandamento legal. Entendimento predominante de que o ato ilícito não pode ficar livre de tributação. Ela incidirá em virtude de uma riqueza presente, não por conta da ilicitude, em si (Princípio Non Olet - "dinheiro não cheira", Vespasiano). !38 Elementos do conceito legal de tributo Não con(itui sanção de ato ilícito Amílcar de Araújo Falcão: deve-se valer da “consideração da consistência econômica do fato gerador”. Não tributar os atos ilícitos seria uma exoneração tributária (fere princípio da isonomia). Hugo de Brito Machado: quando se diz que o tributo não constitui sanção de ato ilícito, isto quer dizer que a lei não pode incluir na hipótese de incidência tributária o elemento ilicitude. Não pode estabelecer como necessária e suficiente à ocorrência da obrigação de pagar um tributo uma situação que não seja lícita. Se o faz, não está instituindo um tributo, mas uma penalidade. Todavia, um fato gerador de tributo pode ocorrer em circunstâncias ilícitas, mas essas circunstâncias são estranhas à hipótese de incidência do tributo, e por isso mesmo irrelevantes do ponto de vista tributário. !39 Elementos do conceito legal de tributo Legalidade Trata-se do princípio da legalidade (CF/88, artigo 5º, inciso II), em específico para a tributação no artigo 150, inciso I da CF/88. CF/88, artigo 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; CF/88, artigo 150: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (...) A expressão “instituída em lei” tentou afastar as obrigações convencionais. Obrigações ex lege vs. Obrigações ex voluntate - divisão a qual PBC não concorda, porque o princípio da legalidade alcança qualquer tipo de comportamento, pois todas as obrigações são ex lege, o que as diferencia de fato é que algumas obrigações requerem o elemento vontade e outras não). !40 Elementos do conceito legal de tributo Legalidade Instituída em lei: é possível ter normas gerais e abstratas em decretos, resoluções, portarias. Lei: aprovação no âmbito das casas legislativas Para ser tributo exige um certo detalhamentodessa lei. Regra matriz de incidência tributária contém: Critério material (verbo + complemento) Critério temporal Critério especial – hipótese (fato de possível ocorrência) + consequente (relação obrigacional: sujeito ativo + sujeito passivo) + critério quantitativo (base de cálculo + alíquota) !41 Elementos do conceito legal de tributo Atividade admin)trativa vinculada Luís Eduardo Schoueri: a cobrança de tributos tem seu início com o lançamento, atividade pela qual se verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o devedor, assim como o valor devido. Tanto este lançamento, como os posteriores atos de cobrança, são de competência privativa da administração tributária, estando abrigado pelo princípio da legalidade. Porém, além do princípio genérico da legalidade dos atos da administração, o Sistema Tributário Nacional submeteu especificamente o lançamento a princípios expressos de vinculação e obrigatoriedade administrativa !42 Elementos do conceito legal de tributo Atividade admin)trativa vinculada PBC: texto traz exageros; é verdade que atos importantes do procedimento de arrecadação tributária pertencem à classe dos vinculados, mas existem outros de outras classes, em que o administrador está legalmente autorizado a integrar com sua vontade ou juízo a norma jurídica, diante do caso concreto, operando com critérios subjetivos próprios, a fim de dar satisfação aos objetivos consagrados no sistema legal. !43 Espécies tributárias Sobre classificação Teoria dos conjuntos: tenho um conjunto universo; classificar é atribuir subclasses a uma classe maior; Regras: estabelecimento de critérios que poderão englobar todos os elementos do universo; Classificações coordenadas: feitas simultaneamente sobre todo o universo; Classificações subordinadas: o segundo critério se aplica some a uma parte do universo(já divido pelo primeiro critério). !44 Espécies tributárias Teo%a t%pa$ite/ clássica Doutrina tradicional, remete ao CTN de 1966, artigo 5º: Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. Trata-se de classificação intranormativa, que se apóia na própria norma. Doutrina: PBC; Roque Carraza; Alfredo Becker; Geraldo Ataliba; Enumeração de três espécies tributárias: (i) imposto; (ii) taxa; e (iii) contribuição de melhoria. O critério para a classificação dos tributos seria a vinculação ou a não vinculação da materialidade do fato descrito na hipótese de incidência a uma atividade Estatal. CTN, artigo 4º --> democracia: não estão nos parlamentos grandes cientistas, por isso não se devem considerar os nomes, mas sim a natureza jurídica do fato gerador. Hipótese de incidência = fato gerador (expressão ambígua: fato ou a descrição do legislador). Fato gerador pode ser tanto a hipótese de incidência quanto o fato jurídico tributário. Imposto Vinculado Não vinculado Atuação direita Atuação indireta Taxa Contribuição de melhoria !45 Espécies tributárias Flow cha$ - c%té%o da vinculação Vinculado Não vinculado Fato do Estado gera o consequente Fato do particular gera o consequente O s e m p r é s t i m o s c o m p u l s ó r i o s e a s contribuições especiais, ora assumem feições de taxa, ora de imposto. !46 Espécies tributárias Teo%a t%pa$ite/ clássica O tributo teria natureza de imposto sempre que a sua exigência não esteja vinculada a uma atuação do Estado em favor do contribuinte. Deste modo, o imposto vem de fato que revela a capacidade contributiva do sujeito passivo. O tributo teria natureza de taxa e/ou contribuição de melhoria, sempre que a sua exigência esteja vinculada à atuação do Estado em função da pessoa do contribuinte (taxa vinculada ao exercício do poder de polícia ou à prestação de um serviço público específico e indivisível; contribuição de melhoria, vinculada à elaboração de obra pública que gere uma valorização imobiliária em favor do contribuinte). Se o fato gerador de uma contribuição ou empréstimo compulsório estiver vinculado a uma atuação estatal em favor do contribuinte, estar-se-ia diante de uma taxa. Caso contrário, a contribuição e o empréstimo compulsório terão natureza de imposto. PBC: Reconhecimento do tributo pelo seu fato gerador (fato jurídico tributário) – o nome é irrelevante. !47 Espécies tributárias Teo%a quinquipa$ite Contexto da CF/88; PAB; STF, ADIn nº 14.323; O sistema tributário nacional conta com cinco espécies tributárias: (i) impostos; (ii) taxas; (iii) contribuições de melhoria; (iv) as contribuições especiais; (v) empréstimos compulsórios; Essa corrente argumenta que a CF/88 trouxe a necessidade de adoção de diferentes critérios de classificação dos tributos. Dessa maneira, além do critério da vinculação ou não a uma atividade estatal, dois novos critérios surgiram: (i) a destinação do produto da arrecadação (variável sistêmica utilizada para especificar a natureza jurídica das contribuições) e (ii) a previsão de restituição do tributo pago (critério para diferenciar o empréstimo compulsório das demais espécies tributárias). CTN, art. 4º é violado pela teoria quinquipartida? Como critério classificatório pode- se usar a destinação, mas não para definir tributo. !48 Espécies tributárias Teo%a quinquipa$ite CTN, artigo 4º ainda é aplicável em sua íntegra? Destinação do produto arrecadado é irrelevante? CTN, artigo 4º: A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. Destinação é variável sistêmica (critério da teoria quinquipartite). !49 Espécies tributárias Tabela- vinculação, destinação e restituição PA B Espécie Vinculado Restituível Destinado Impostos - - - Taxas/ Contribuições (exemplo: previdenciária) + + - Contribuição de melhoria + - - Contribuição (exemplo:CSLL) - + - Empréstimos compulsórios - + + !50 Espécies tributárias Flow cha$- vinculação, destinação e restituição PA B !51 Espécies tributárias Tabela- vinculação, destinação e restituição Espécie Vinculado Restituível Destinado Impostos - - - Taxas + - + Contribuição de melhoria + - - Contribuição - - + Empréstimos compulsórios + + + Se mi ná rio !52 Espécies tributárias Flow cha$ - vinculação, destinação e restituição Diferenças essenciais: PAB não vê destinação às contribuições de melhoria; bem como a vinculação aos empréstimos compulsórios Seminá rio !53 Espécies tributárias Sch&e% !54 É tributo? Flow cha$ !55 Espécies tributárias Resumo !56 Taxa vs. Preço público Sch&e% Taxa é uma espécie tributária definida no texto constitucional, que não pode ter base de cálculo própria de impostos e que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Preço público (ou tarifa) não é uma espécie tributária definida na Constituição Federal e nem tampouco no Código Tributário Nacional. Na verdade, preço público é receita originária, pago de forma voluntária, visto que o Estado atua como particular na cobrança do mesmo. Preço público é prestação exigida pelo Estado ou por quem lhe fizer as vezes, em regime de direito privado. Distingue-se nitidamente do tributo em uma série de aspectos, sobretudo pelo regime contratual que lhe é imanente, em contraposição ao regime jurídico de direito público, circundado de prerrogativas de autoridade, típico do tributo, notadamente em virtude da compulsoriedade deste gravame, nos termos, é bem de ver, explicitados no art. 3º do CTN. Para a instituição de preço público, o regime é contratual (ou seja, não há lei em sentido formal em sua instituição) e não há compulsoriedade em seu pagamento,ou seja, não se paga pela mera disponibilidade (potencialidade) do serviço. !57 Desigualdade arrecadatória entre os entes da federação Igualdade proclamada no texto constitucional, mas na prática há desigualdade econômica e política; A União é mais poderosa em em termos políticos e econômicos; concentra para si: Imposto de Importação ("II"), Imposto de Exportação ("IE"), Imposto de Renda ("IR"), Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ("IOF"), Imposto sobre Produtos Industrializados ("IPI"), etc.; Imposto sobre Grandes Fortunas ("ISGF") também está na competência da União, mas nunca foi editado; União também tem competência extraordinária --> Exemplo: previsões do artigo 148, CF/88; Para os estados, fica o Imposto sobre a propriedade de veículos automotores("IPVA"), Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços ("ICMS") e Imposto sobre transmissão causa mortis e doação ("ITCMD"); Para os municípios, resta o Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana ("IPTU"), Imposto sobre serviços ("ISS") e Imposto sobre transmissão de bens imóveis ("ITBI"); Conclusão: União é mais "rica". !58 Fontes do direito PBC: Algumas definições: 1.Fonte do Direito: acontecimento social apto a produzir normas (juiz, legislativo, etc.); assim, o direito vem de um fato social que vai ser revestido de direito, na forma jurídica do contrato, lei, ato do executivo; 2.Veículos introdutores de norma: remete ao processo de enunciação, ao procedimento de se fazer uma norma; 3.Norma introduzida: a norma que surge do processo legislativo; 4.Enunciação: ato de comunicação; ação do sujeito que fala; trata-se de expressar conteúdo; para PBC, fonte é aquilo que está na origem; a enunciação; 5.Enunciado: é a mensagem passada adiante; pode ser a norma em si (numa lei, os artigos são enunciados); !59 Fontes do direito Teo%a dos atos de fala !60 Fontes do direito Enunciado-enunciado e enunciação-enunciada (& já não entendendo ma) nada...) Enunciação Enunciado Enunciação !61 Fontes do direito Enunciado-enunciado e enunciação-enunciada (& já não entendendo ma) nada...) Retomando a imagem anterior: Enunciação: traz informações do processo de introdução da norma ao sistema jurídico; Enunciado: mensagem em si. Mais alguns conceitos... 1.Enunciado-enunciado (substantivo-adjetivo): é a mensagem que mais interessa no texto publicado; é dele que se extrai o direito introduzido(inovação, extinção ou modificação de direitos); é a mensagem publicada; 2.Enunciação-enunciada (substantivo-adjetivo): informações que fazem parte do processo de enunciação; é publicada juntamente com o conteúdo normativo; informações que não criam o direito, mas são importantes para a criação do direito válido; trata-se da enunciação que foi enunciada. !62 Fontes do direito Enunciado-enunciado e enunciação-enunciada (& já não entendendo ma) nada...) Enunciação como instrumento introdutor de normas do direito tributário: 1.Auto de infração (enunciação) --> Instrumento introdutor de normas do direito tributário; 2.Contrato (cláusulas = enunciados-enunciados) --> Introduz normas no sistema; 3.Decisão judicial; 4.Processo legislativo. Dois elementos: (i) órgão competente; (ii) procedimento. !63 Fontes do direito PBC não concorda com a doutrina tradicional de fontes do direito, que em geral define as (i) leis; (ii) jurisprudência; (iii) doutrina; (iii) costumes; (iv) doutrina; como fontes. Algumas críticas: 1.A lei (expressão circular) é o próprio direito positivo. Como poderia ser fonte? 2.As decisões judiciais formulam normas. Como poderia ser fonte? 3.Doutrina não obriga ninguém; 4.Costume só obriga quando direito positivo prever essa hipótese. Como pode ser fonte daquilo que a determina? !64 Fontes do direito tributário In(rumentos introdutores de normas Instrumentos primários: veículos que podem de fato inovar o direito; Instrumentos secundários/ derivados: diplomas reguladores que não podem criar direito novo; servem para aclarar mensagens legislativas. Às vezes cria sérios problemas em matéria tributária, porque o ente passa a criar direito novo (modais deônticos - obrigatório, permitido e proibido) utilizando-se de instrumento secundário; !65 Fontes do direito tributário In(rumentos introdutores de normas Instrumentos primários Instrumentos secundários Constituição Decreto executivo Lei (complementar e ordinária) Instruções ministeriais Lei delegada Circulares Decreto legislativo Portarias Resolução Ordens de serviço Medida provisória Outros atos normativos estabelecidos pela autoridade administrativa !66 Fontes do direito tributário Con(ituição federal CF/88 - muito presente no direito tributário brasileiro; sem paralelos ao redor do mundo. Trata-se de uma carta de competências, garantias do contribuinte. Não cria objetivamente tributos; Se sobrepõe aos demais veículos introdutórios de normas; Regras de estrutura: normas (sobrenormas) que prescrevem como outras normas devem ser produzidas, modificadas ou extintas. Não tratam diretamente da conduta que suscita vínculos tributários, mas do conteúdo ou da forma que as regras devem ter; Consigna permissões para os legislativos da União, dos Estados e dos Municípios instituírem seus tributos e também é lá que estão fixados os limites positivos e negativos da atividade legislativa; Enumera princípios que servem de diretrizes que orientam o exercício das competências impositivas --> Segurança jurídica; Contribuição de caráter assistencial introduzida pela CF/88 (CF cria tributos?). A CF não é o veículo adequado para a criação de tributos. !67 Fontes do direito tributário Le) (complementar e or#ná%a) Lei ordinária X Lei complementar ("LC"): relação de hierarquia? Em outras jurisdições não há função relevante do texto constitucional, nem discussão de hierarquia entre as leis ordinárias e complementares Lei complementar Natureza ontológico-formal --> temas anteriormente previstos pela CF/88; Normalmente com caráter nacional; Há uma lei complementar que é hierarquicamente superior às outras leis complementares/ordinárias - sobre a criação de leis (LC nº 95/1998); Definir o que é uma grande fortuna: legislação complementar; CF, artigo 146 - Papel da lei complementar em matéria tributária; !68 CF/88, artigo 146: Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - o recolhimentoserá unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) !69 Fontes do direito tributário Le) (complementar e or#ná%a) CTN foi recepcionado pela CF/88, com eficácia de lei complementar. LC nº 70/1991 - isenção da COFINS para sociedades profissionais de engenheiros e advogados. Posteriormente, lei ordinária retirou essa isenção --> Definição em razão da matéria - STF: se o tema fosse ontologicamente de lei complementar, só outra lei complementar poderia alterar essa matéria - trata-se de matéria que por sua natureza não precisa de lei complementar. Resolve-se a antinomia por critério de cronológico, não hierárquico. Há outros instrumentos introdutórios primários de normas importantes para o nosso ordenamento jurídico. !70 Fontes do direito tributário Le) (complementar e or#ná%a) Lei or#ná%a É instrumento mais comum; competência da União, estados, DF e municípios. PBC: “A lei ordinária é, inegavelmente, o item do processo legislativo mais apto a veicular preceitos relativos à regra-matriz dos tributos, assim no plano federal, que no estadual e no municipal. É o instrumento por excelência da imposição tributária. E estabelecer um tributo equivale à descrição de um fato, declarando os critérios necessários e suficientes para o seu reconhecimento no nível da realidade objetiva, além de prescrever o comportamento obrigatório de um sujeito, compondo o esquema de uma relação jurídica.” (2012) !71 Fontes do direito tributário Lei delegada Lei delegada está em desuso no Brasil; é elaborada pelo presidente da República, nos termos definidos pelo Congresso Nacional (certos limites para o presidente legislar por decreto). !72 Fontes do direito tributário Decreto leg)lativo Decreto legislativo é parte relevante do procedimento de celebração de tratados internacionais (itens abaixo indicam o procedimento); atuação conjunta do executivo e legislativo. 1.Fase de negociação: discussão com representantes de outros países - chega-se a um texto; 2.Rubrica: acordo do presidente com a minuta do tratado; 3.Necessário o referendo do Congresso Nacional; 4.Congresso publica o decreto legislativo - importância de referendar a negociação do executivo; 5.Presidente volta ao âmbito internacional e declara que houve o referendo do Congresso Nacional; 6.Troca dos instrumentos de ratificação - criação da obrigação internacional; 7.Presidente publica um decreto dando ciência de seus atos. Também é importante para convênios. !73 Fontes do direito tributário Resolução do Senado & do Congresso Nacional Resolução: Senado Federal decide mediante Resoluções (temas como alíquota máxima de ITCMD, alíquota mínima do ICMS, etc). !74 Fontes do direito tributário Me#da prov)ó%a Mesmo nível hierárquico da lei ordinária. Origem histórica: CF/1967 - decreto-lei podia regrar em matéria de finanças públicas. Legislativo poderia apreciá-los, mudá-los e até rejeitá-los (nunca houve contestação). CF/88: decreto lei foi retirado do sistema - porém havia preocupação com a governabilidade. Nascimento da figura da Medida Provisória, para em tese só ser utilizada em situações de urgência. Aprovação em 30 dias. Sarney - MP não aprovada em 30 dias; Saulo Reis (Ministro da Justiça) - ordenamento não impede que a MP seja reeditada. Emenda Constitucional nº 32/2001- acabou com a figura da reedição; novo regramento para as MP; aprovação em 60 dias, adiada por mais 60 dias. As situações que ocorreram antes, permanecem. CF/88, artigo 62: Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) !75 Fontes do direito tributário Decreto executivo Regulamentação, não pode inovar, apenas aclarar a mensagem legislativa Exemplo: qualificação do risco para acidentes de trabalho. !76 Fontes do direito tributário In(rução min)te%al Orienta os funcionários ministeriais; Previsão na CF/88, artigo 85, inciso II: competem aos Ministros de Estado para o fim de promover a execução das leis, decretos e regulamentos que digam respeito às atividades de sua pasta. A prerrogativa não vem sendo empregada por esses auxiliares diretos do Presidente da República, que preferem editar simples portarias, instrumentos normativos de menor expressividade; As instruções ministeriais são veículos úteis para introduzir no ordenamento regras jurídicas de nível secundário, fazendo possível a aplicação efetiva das leis e dos decretos regulamentares, e assegurando, desse modo, a uniformidade da ação administrativa. !77 Fontes do direito tributário Circular Orientam os funcionários ministeriais; Encerram normas jurídicas de caráter infralegal e visam à ordenação uniforme do serviço administrativo; Campo de validade restrito a setores específicos, destinando-se a orientar determinados agentes cometidos de atribuições especiais; Não têm a generalidade própria das instruções ministeriais. !78 Fontes do direito tributário Po$a%a Orienta os funcionários ministeriais; Regras gerais ou individuais que o superior edita para serem observadas por seus subalternos; Ocorrem em todos os degraus da escala hierárquica, desde os ministérios até as mais simples repartições do serviço público. Prestam-se para: (i) veicular comandos administrativos gerais e especiais; (ii) designar funcionários para o exercício de funções menores; (iii) abrir sindicâncias e inaugurar procedimentos administrativos. Substituição das instruções ministeriais expressamente mencionadas no texto da Constituição pelas portarias para tornar efetivos os mandamentos de lei. !79 Fontes do direito tributário Ordem de serviço Orienta os funcionários ministeriais; Tratam-se de (i) autorizações; (ii) estipulações concretas; Destinadas a um determinado tipo de serviço a ser desempenhado por um ou mais agentes, especialmente credenciados para tal; Âmbito bem delimitado, circunscrevendo-se ao serviço e aos funcionários que o prestam. !80 Tratado internacional Nao revoga norma, apenas afasta a eficácia técnica sintática (ver eficácia). !81 Interpretação CTN, artigo 105: A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116. Pagar IPTU em 2013, e vende o imóvel em 2013. Razoável pagar proporcional, mas para fins tributários pouco importa quem vai pagar. Fato gerado do IR é instantâneo. Último ato que se mostra em 31 de dezembro do ano de referência (foto). Base de cálculo do IR é complexa - evidencia ou não o acréscimo patrimonial. Há quem defenda que é complexivo - filme do que acontece ao longo do ano. Posição do Roque Carazza e outros. Rigorosamente, em matéria tributária, os fatos são instantâneos, não faz sentido em tratar de fatos futuros, nem pendentes. !82 Interpretação CTN, artigo 106: A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa,excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Lei meramente interpretativa: não inova em nada no ordenamento jurídico; as interpretações geralmente geram novidades; Lei mais benéfica; !83 Interpretação CTN, artigo 108: Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito público; IV - a eqüidade. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. § 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. !84 Interpretação Limites de atuação do fiscal: analogia, princípios gerais do direito público, equidade, etc - Não pode resultar em tributo não previsto em lei; Vale o princípio da legalidade, assim como no direito penal; O STF entendeu que a respeito da lista de serviços tributáveis ao ISS cabe interpretação extensiva (mais restrita que a analogia); Exemplo de interpretação extensiva mais benéfica ao contribuinte: imunidade tributária de livros digitais --> Entende- se que a imunidade não depende do suporte físico (papel). !85 Interpretação CTN, artigo 109: Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. CTN, artigo 110: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Gilmar Mendes/ doutrina alemã: eternização das noções de propriedade, receita, blá, blá, para as gerações futuras --> Congelamento da realidade de 1988. !86 Interpretação CTN, artigo 111: Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Artigo 111 do CTN - Interpretação literal --> Pobre, passo inicial do processo interpretativo. Esvazia conteúdo da norma inventiva. Livro eletrônico é livro ou não? Pelo artigo 111 do CTN, Não é livro. O que se imuniza? O suporte físico ou o conteúdo? !87 Interpretação Interpretação econômica Interpretação econômica do direito tributário - direito tributário trabalha com fatos econômicos (entram no mundo do direito pela hipótese tributária) - efeitos jurídicos e não tributários. !88 Validade Hans Kelsen: norma harmônica com o ordenamento; PBC: validade como existência; relação de pertinência da norma em relação ao sistema; presunção de validade de todas as normas que estão inseridas no sistema; Enquanto a norma pertencer ao sistema, ela é válida. !89 Vigência Vigência: qualidade da norma; aptidão para produzir efeitos (norma deve ser válida); observam-se as condições de tempo e espaço para a aplicação de regras jurídicas; Após a vacatio legis (45 dias, se não houver disposição diferente --> Artigo 1º da LINDB); Em se tratando de matéria tributária ainda há outras limitações, como (i) a anterioridade (CF/88, artigo 150, inciso III, alínea b); (ii) a anterioridade nonagesimal (CF/88, artigo 150, inciso III, alínea c); Anterioridade nonagesimal das contribuições previdenciárias (CF/88, artigo 195). Se uma mesma tratar de: (i) instituição de um novo tributo; (ii) deveres do contribuinte que não representem aumento ou instituição de tributos. Uma vez que a CF/88 (artigo 150) veda a criação de tributos novos ou majorados, nada fala de deveres do contribuinte então, respeitada a vacatio legis, esses "acessórios" já estão vigentes. !90 Eficácia Eficácia pode ser (i) técnica (sintática ou semântica); (ii) jurídica; (iii) social; Tércio Sampaio Ferraz: 1.Eficácia técnico-sintática: norma tem o caminho livre, pode ser aplicada se a autoridade competente quiser aplicar, flui na cadeia normativa. A ela se opõe a ineficácia técnico-sintática (Anomia: não há norma; a cadeia normativa fica sem um elo). Problema do direito com o direito. 2.Eficácia técnico-semântica: lei vai desde o mais genérico, até as condutas interpessoais. A aplicação não é automática, deve haver um sujeito de direito (agente/ sujeito competente) para aplicar a norma ao caso concreto. Exemplo: homicídio, pena só é aplicada por autoridades competentes. Problema do direito com o mundo. !91 Eficácia Ineficácias Assim... Ineficácia técnica é um obstáculo a execução da norma de natureza sintática ou semântica. PAB: extinção de exigibilidade de tributo por decisão judicial/administrativa não é ineficácia técnica. Ineficácia técnica sintática: norma de eficácia contida (José Afonso da Silva), aquela que carece de regulamentação; essa a eficácia que fica afetada quando da incidência de tratados internacionais; Ineficácia técnico semântica: obstáculos materiais - exemplo: greve dos auditores fiscais. !92 Eficácia Jurí#ca Eficácia jurídica: qualidade do fato jurídico, que uma vez ocorrido irradia os efeitos, implicando a consequência; Exemplo: auferir renda; Aptidão de produzir efeitos jurídicos (Lourival Vilanova); Aplicação da norma é ato de natureza humana; PBC: eficácia jurídica é o mecanismo lógico da incidência, o processo pelo qual, efetivando-se o fato previsto no antecedente, projetam-se os efeitos prescritos no consequente. !93 Eficácia Social PBC: Padrões de acatamento com que a comunidade responde aos mandamentos de uma ordem jurídica historicamente dada; É eficaz aquela norma cuja disciplina foi concretamente seguida pelos destinatários, satisfazendo os anseios e as expectativas do legislador; É ineficaz aquela norma cujos preceitos não foram cumpridos pelos sujeitos envolvidos na situação tipificada. Toda vez que a conduta estipulada pela norma for reiteradamente descumprida, frustrar-se- ão as expectativas, inexistindo eficácia social. !94
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