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DPC0412 - Processual Penal III - Prof Zilli - 2012

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Direito Processual Penal 
Marcos Alexandre Coelho Zilli 
Ter. 9h15-11h (Sala Almeida Junior) 
1ª prova: 24 de abril (5 pontos, até suspensão condicional do processo) 
Sumário 
1. Procedimentos – Noções Gerais................................................................................................ 2 
2. Procedimento Comum Ordinário .............................................................................................. 6 
2.1. Oferecimento da denúncia/queixa...................................................................................... 6 
2.2. Rejeição liminar ................................................................................................................. 6 
2.3. Citação – modalidades ....................................................................................................... 8 
2.4. Resposta escrita. Exceções............................................................................................... 10 
2.5. Juízo de admissibilidade................................................................................................... 10 
2.6. Audiência de instrução, debates, julgamento ................................................................... 11 
2.7. “Mutatio libeli”, “emendatio libeli” ................................................................................. 17 
3. Procedimento sumário............................................................................................................. 19 
4. Suspensão condicional do processo ........................................................................................ 20 
 
4. Procedimento Sumaríssimo 
 4.1. Infração de menor potencial lesivo 
 4.2. Consensualidade no Processo Penal 
 4.3. Procedimento 
 4.3.1. Termo circunstanciado 
 4.3.2. Audiência preliminar 
 4.3.3. Audiência de instrução e julgamento 
5. Suspensão condicional do processo (art. 89, Lei n. 9.099/95) 
 5.1. Natureza. Distinção 
 5.2. Requisitos 
 5.3. Condições. Período de prova 
 5.4. Efeitos jurídicos 
6. Procedimento nos crimes dolosos contra a vida – Tribunal do Júri 
 6.1. Introdução. Parâmetros constitucionais 
 6.2. Procedimento no juízo de acusação (1ª fase) 
 6.3. Pronúncia, impronúncia, absolvição sumária, desclassificação 
 6.4. Procedimento no juízo da causa (2ª fase) 
 6.4.1. Preparação 
 6.4.2. Desaforamento 
 6.4.3. Sessão Plenária 
 6.4.4. Quesitos e votação 
 6.4.5. Sentença 
 
 
Direito Processual Penal Zilli 
2012 2 
 
Avaliação: Prova (5 pontos), Questionário analítico de jurisprudência (2,5 pontos – a ser 
entregue no departamento – 15ª Vara Criminal, 13h-18h, todas as audiências), 
Acompanhamento de audiências (2,5 pontos), Prova final (10 pontos). 
28.02 
1. Procedimentos – Noções Gerais 
 
O CPP é reflexo de um modelo autoritário. Por exemplo, a prisão processual era regra, sendo a 
liberdade, a exceção. Além disso, há a hipertrofia do poder jurisdicional (alta concentração de 
poderes no juiz). A questão assume nova configuração com a Constituição de 1988. A CF 
estabelece novo paradigma de processo penal (presunção de inocência, direito ao silencia, 
inadmissibilidade de provas ilícitas, limitações à interceptação telefônica). 
Houve consenso de que a nova ordem constitucional havia revogado o procedimento 
“judicialiforme” – procedimento previsto pelo legislador de 1941 e aplicável às contravenções 
penais. A ação penal seria deflagrado pelo próprio juiz. Hoje, temos o modelo acusatório (art. 
129, I, CF). 
O direito ao silêncio só se consolidou com a Lei n. 10.792/2003 (art. 186, § ún), embora a CF já 
havia estabelecido este direito em 1988. 
A Comissão de Reforma do CPP adotou alguns princípios: o CPP precisava se adequar à CF; 
necessidade de se modernizar o processo penal. Foram elaborados 6 projetos, que tramitaram 
em separado. Os projetos de procedimentos (Lei 11.719/2008) e de júri (Lei 11.698/2008) foram 
aprovados, trazendo mudanças significativas. 
Problemas detectados pela Comissão: a. no regime anterior, havia uma variedade significativa 
de procedimentos, com efeitos danosos ao cumprimento, dúvidas na aplicação, nulidades, etc; b. 
o procedimento comum ordinário era excessivamente longo, pautado pela prevalência dos atos 
escritos; c. a fase postulatória era muito enxuta, com pouco espaço para juízo de 
admissibilidade; d. a fase instrutória era excessivamente dilatada, dividida, em regra, em 3 
audiências (interrogatório, produção da prova oral da acusação, produção da prova oral da 
defesa); e. quanto ao júri, era antiquado, formal, sessão longa, complexidade dos quesitos. 
Soluções encontradas: a. racionalização dos procedimentos, buscando uma base procedimental 
comum; b. prolongamento da fase postulatória; c. concentração da fase instrutória. 
Mudanças significativas: 
a. a reforma incluiu a citação por hora certa. Ao lado da citação por edital, inseriu-se uma nova 
citação ficta, a por hora certa; 
b. inclusão da resposta escrita. Não sendo caso de rejeição liminar da denúncia/queixa, o juiz 
abre prazo para que o réu apresente resposta escrita (“contestação” do processo civil). O 
legislador quis que a resposta escrita atue como exercício manifesto eficiente de defesa técnica. 
É o momento processual adequado para apresentação das exceções processuais; 
c. inclusão da “absolvição sumária”. No modelo processual anterior, não era possível 
julgamento antecipado do processo penal. Com a reforma de 2008, o julgamento antecipado 
Direito Processual Penal Zilli 
2012 3 
 
passa a existir sob a fórmula da “absolvição sumária”. Somente é cabível quando favorável à 
defesa. Hipóteses: quando evidente que o fato não é típico, quando há excludente de 
culpabilidade, etc. 
d. previsão da audiência única (instrução, debates e julgamento). Toda a prova oral será 
produzida nessa audiência, além dos debates e da produção da sentença na própria audiência. 
e. deslocamento do interrogatório. No modelo anterior, o interrogatório era um dos primeiros 
atos processuais. O juiz, recebendo a denúncia/queixa, designava data para o interrogatório. O 
novo modelo adota uma experiência adquirida com a Lei n. 9.099/95, que previa o 
interrogatório como um dos últimos atos. O interrogatório hoje ocorre na audiência de instrução, 
debates e julgamento, após a produção da prova, antes dos debates. 
f. adoção do princípio da identidade física do julgador. O juiz que preside a instrução deve ser 
aquele que irá julgar o fato. É decorrência natural da formatação do procedimento (na mesma 
audiência, ele instrui e julga). 
Aspectos mantidos pela nova legislação: 
a. vinculação entre a forma procedimental e a gravidade do crime praticado. No processo penal 
a questão é relevante na dinâmica dos procedimentos. Os procedimentos são arquitetados de 
acordo com a gravidade da infração – quanto mais grave a infração imputada, mais dilatado 
deverá ser o procedimento. Entende-se que se há um risco de condenação por um crime grave, o 
procedimento dilatado irá conferir maiores oportunidades para a defesa. Ou seja, o 
procedimento é determinado pela infração imputada. (i) Procedimento comum (art. 394, §1º, 
CPP): ordinário (maior de 4 anos), sumário (entre 2 e 4 anos), sumaríssimo (menor de 2 anos); 
(ii) Procedimento especial: Código (responsabilidade de funcionário público, contra a honra, 
propriedade imaterial) e Leis Especiais (Drogas e Violência doméstica). 
 
06.03 
BUSCA E APREENSÃO 
Definição 
Busca e apreensão são institutos jurídicos distintos, que podem, inclusive, vir separados. A 
busca se caracteriza pela restrição a direitos fundamentais, enquanto a apreensão almeja a 
proteção das provas. 
Requisitos para violação do direito de domicílio 
A constituição disciplina, no art. 5º, a casa como asilo inviolável, sua proteção é um direito 
fundamental. Portanto, é necessário ter alguns requisitos para que haja a violação: 
a) Imprescindibilidade da violação – é necessário que o interesse da persecução penal se 
sobreponha ao direito individual.É preciso que a violação seja imprescindível para a persecução 
penal e naquele caso concreto. 
b) Necessidade de demonstrar a proporcionalidade 
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2012 4 
 
c) Legalidade: só se restringe direito fundamental se houver lei que discipline essa questão. 
Exemplo: a Constituição admitiu expressamente a inviolabilidade das comunicações telefônicas, 
sendo que, por muito tempo, não havia a lei que regulamentava a possibilidade de restrição 
desse direito fundamental. Ou seja, não era possível a restrição. 
O que se utilizaria para restringir uma liberdade precisa ser inserido também na inviolabilidade 
do domicílio. Se nos inserirmos a busca e apreensão dela decorrente como um direito individual, 
ela precisa ser compara às hipóteses de restrição do direito de liberdade. 
A própria Constituição diz: 
a) É possível a entrada na casa alheia com o consentimento do morador. Mas qual 
consentimento é esse? É necessário que seja consentimento de pessoa capaz. Ademais, o 
consentimento deve ser expresso, claro e objetivo. É preciso que o policial informe para que 
está lá. 
b) É possível a entrada em flagrante delito. Mas não é qualquer um: é o flagrante delito real: 
não é possível entender o flagrante delito estendido, da perseguição penal. 
c) É possível durante o dia com ordem judicial. 
d) As demais hipóteses não importam a consecução penal, quais seja, desastre e prestar 
socorro. 
Análise de “c”. Que tipo de ordem judicial é necessária? É necessário que a ordem judicial: 
a) Seja fundamentada – art. 93, IX da CF � todas as decisões judiciais devem ser 
fundamentadas. 
b) Seja expedida por uma autoridade competente. Ex: questão de juízes que não pertenciam 
às varas financeiras e expediram ordens judiciais de busca e apreensão. 
c) O conteúdo da ordem precisa indicar o mais precisamente possível o objeto que será 
apreendido – vide art. 243 do CPP. Não se admite mandado de busca e apreensão genérico, 
vago ou indeterminado. 
Origem dessa ordem judicial – em quais momentos a ordem pode ser requerida e deferida. 
a) No curso do inquérito policial – a fim de dar elementos para a instauração da ação penal. 
Mas e se não há um Inquérito Policial em curso? O policial poderia instaurar, de pronto, o 
inquérito policial e logo fazer o requerimento de busca e apreensão. Seria uma ordem de busca 
simultânea à busca e apreensão � Pensar: e se o resultado da busca fosse negativo, o que fazer 
com ele se não houvesse um inquérito policial? Para onde iria? Ora, quem sofre uma restrição a 
seu direito fundamental, tem o direito de saber as razões. 
b) Durante a ação penal. 
c) Procedimento criminal diverso � procedimento criado pelo MP para que ele investigue 
determinados crimes. O Ministério Público decide o que deve investigar sem a autoridade 
policial. Nesse procedimento criminal diverso, é comum o pedido de busca e apreensão e obtém 
a ordem. 
Direito Processual Penal Zilli 
2012 5 
 
Notar: não há nenhuma lei ordinária que regule o poder investigatório criminal do ministério 
público, sendo que para restringir direito fundamental é necessária a existência de lei, de modo 
que as buscas e apreensões realizadas com base nesse procedimento seriam ilegais. 
d) Inquérito Parlamentar � o art. 58 da Constituição disciplina as comissões parlamentares 
de inquérito e regulamenta quais são os poderes dessas comissões. É importante notar que o 
principal escopo do inquérito parlamentar é apurar atos do Legislativo, verificando a adequação 
de certas leis. Porém, no curso de uma comissão parlamentar de inquérito, é possível que a 
comissão descubra indícios da ocorrência de ilícitos civis e penais. Nesse caso, as comissões 
deveriam encaminhar esses indícios para a autoridade competente. 
Assim, uma vez que o fim das comissões parlamentares não é realizar investigações criminais, 
não caberia a elas a realização de restrições a direitos fundamentais. Porém, o art. 58, § 3º fala 
que em poderes semelhantes ao da autoridade judiciária. � Vale notar que trata-se de atecnia, 
pois existe a reserva de jurisdição. Acontece que, à medida que as comissões de inquérito foram 
realizadas, as comissões de inquérito começaram a achar que tinham poderes ilimitados. Hoje, a 
jurisprudência já caminhou bastante no sentido de que a restrição de direitos fundamentais é 
reservada ao poder judiciário. 
Conceito de casa 
 Nem a CF nem o CPP dizem de maneira expressa o que é casa. O Código Penal no art. 
150, § 4º, no crime da inviolabilidade do domicílio, nos dá o conceito de casa. Este seria um 
primeiro parâmetro. Casa será considerada qualquer moradia em que o indivíduo exerça em sua 
plenitude a sua vida privada. Ex.: questão do caminhão – possibilidade de ser considerado casa 
quando o caminhoneiro está dormindo no caminhão. 
 E o estabelecimento comercial? Também é necessário o mandado judicial, seja pela 
inviolabilidade do domicílio, seja pela proteção à intimidade. 
Apreensão 
 Quando a apreensão é decorrente da busca, se a busca é ilegal também a apreensão o será. 
Mas é possível que a busca seja legal e apreensão seja ilegal. Afinal, é sempre necessário 
respeitar a intimidade e a vida privada. Pensemos em algumas hipóteses: 
a) É possível que a autoridade encontre, durante a busca, objetos e coisas não relacionadas 
às coisas investigadas. 
b) Encontra, durante a busca, objetos e coisas relacionadas à investigação. 
c) Não encontra nada. 
Em “a” e “b” pensamos que, se o policial não fizer nada, ele será acusado de prevaricação, mas 
se realizar a apreensão terá ato ilegal. A solução mais adequada parece ser: 
a) No caso de encontrar coisas relacionadas aos fatos investigados, poderiam ser 
apreendidos documentados relacionados. 
b) No caso de encontrar coisas que não se relaciona ao caso, seria possível solicitar, 
simultaneamente a instauração do processo. 
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 Obs.: O CPM é muito mais rígido na maneira de realizar a busca e apreensão. 
13.03 
2. Procedimento Comum Ordinário 
2.1. Oferecimento da denúncia/queixa 
O processo judicial é iniciado pela denúncia ou queixa-crime. O prazo varia, dependendo da 
ocorrência de prisão prévia. Em caso de prisão, o prazo é de 5 dias. Caso contrário, 15 dias. O 
descumprimento desses prazos permite que o ofendido ou seu representante legal possam 
intentar a queixa subsidiária, no caso de ação pública. O prazo para o oferecimento da queixa 
subsidiária é de 6 meses. Passado o prazo, temos a extinção da punibilidade, pela decadência. 
No caso da ação privada, corre desde o início. No caso de ação privada subsidiária, a decadência 
ocorre 6 meses após o decurso do prazo para oferecimento da ação pelo MP. 
Quando a denúncia/queixa é apresentada, o efeito principal é o reconhecimento da instauração 
do processo. A doutrina é majoritária nesse sentido. Há quem entenda que o recebimento da 
denúncia dá início ao processo. No entanto, Zilli aponta que o processo é (i) procedimento 
(sequência de atos processuais); e (ii) relação jurídica processual (partes). A relação jurídica 
processual não precisa estar completa, bastando que apenas um dos elos tenha se estabelecido, 
com o ajuizamento da ação. 
A partir daí, o Estado juiz é provocado a se manifestar: ou recebe a denúncia/queixa (presença 
de admissibilidade), ou rejeita. O recebimento tem efeito no plano penal material relevante: 
considera-se um marco interruptivo do curso do prazo prescricional. 
2.2. Rejeição liminar 
O juiz deverá fazer o exame da denúncia/queixa, devendo averiguar se é hipótese de rejeição 
liminar. 
O art. 43, CPP, revogado em 2008, previa que a denúncia poderia ser rejeitada nas seguintes 
hipóteses: a. quando o fato narrado não constitui crime; b. quando extinta a punibilidade 
(prescrição ou outra causa); c. manifesta ilegitimidade de parte ou faltar condição exigida pela 
lei. 
A este artigo faltava rigor técnico, por conter questões processuais (c) e de mérito misturadas (a, 
b). A comissão de especialistasda reforma partiu da premissa de que deveríamos reformular 
este exame inicial, para conferir mais lógica, devendo estar restrito ao exame dos aspectos 
processuais (requisitos mínimos processuais de admissibilidade). 
A comissão adotou a redação do art. 395, que prevê as seguintes hipóteses de rejeição: a. 
inépcia; b. faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; c. faltar 
justa causa para o exercício da ação penal. 
Inépcia 
A inépcia é uma deficiência da peça acusatória a ponto que impede seu processamento. A peça 
acusatória é desprovida dos requisitos mínimos que autorizariam o processamento. Pode haver 
narrativa confusa sem lógica. É um requisito formal, mas importante. A imputação tem que ser 
clara. 
Direito Processual Penal Zilli 
2012 7 
 
O art. 41, CPP, estabelece os padrões de admissibilidade da peça acusatória. A falta de rol de 
testemunhas, no entanto, é fenômeno que não implica inépcia, mas preclusão para requerimento 
de produção da prova oral. A possibilidade de emenda e abertura de vista ao MP não é expressa 
no caso. 
Ausência de pressuposto processual e condição para o exercício da ação 
O legislador não esclarece o que venha a ser o pressuposto processual e a condição para o 
exercício. É a doutrina que os define. 
O pressuposto processual admite que a relação processual não se confunde com a relação de 
direito material, autonomia científica que o processo ganhou. Os pressupostos processuais são 
requisitos de admissibilidade. O pressuposto processual não toca o direito material. 
A doutrina divide em (i) pressupostos de existência e (ii) pressuposto de validade. Os 
pressupostos de existência são a ação, dirigira ao Estado-juiz, apresentada em parte que detenha 
capacidade. Os pressupostos de validade são abordados pelo seu aspecto negativo 
(circunstâncias que não deve estar presentes): litispendência; coisa julgada; incompetência (o 
juiz declina sua competência, indicando qual é o órgão competente); 
No caso das condições da ação, o legislador de 2008 e de 41 não arrolam todas. A doutrina 
divide as condições em gerais e específicas. Na condições gerais, inclui: possibilidade jurídica 
do pedido (a doutrina ainda se debate, pela questão da legalidade penal. Quando se reconhece 
ilegalidade, não é a ilegalidade do fato, pois nesse caso seria análise de mérito. A ilegalidade 
deve vir da narrativa, que não revela cumprimento do tipo penal.), interesse de agir, 
legitimidade. 
As condições especiais se aplicam a alguns crimes: requisição do Ministro da Justiça por crime 
do Presidente da República; representação do ofendido na ação penal pública condicionada; 
encerramento do procedimento administrativo fiscal dos crimes tributários (jurisprudência 
consolidada. A Súmula Vinculante 24, STF, estabelece que não se tipifica o crime antes do 
lançamento do débito. É questão de justa causa). 
Justa causa 
A justa causa é uma expressão empregada para tudo no processo penal, na prática. No sentido 
restrito técnico, a reforma de 2008 atribuiu à justa causa a conotação de que se ausente, leva à 
rejeição da denúncia/queixa. 
Para a Profa. Maria Tereza, a justa causa para o exercício da ação penal deve ser interpretada 
em sentido amplo, envolvendo (i) a legalidade da acusação e (ii) a existência de elementos 
probatórios suficientes. Quando o fato narrado é atípico, falta justa causa (não é possibilidade 
jurídica do pedido). Quando a ação penal é intentada por acusador público em ação privada, 
falta justa causa. Do mesmo modo, ausentes indícios de autoria suficientes ou materialidade de 
acusação. 
Zilli entende que a mudança de 2008 torna inviável esse posicionamento. O art. 395 destacou 
justa causa em separado da falta de pressuposto ou outra condição de ação. Logo, o legislador 
entende ser um elemento diferente destes. A justa causa deve ser interpretada no sentido que o 
direito norteamericano entende por “probable cause”: elementos mínimos que definam a causa 
como causa penal provável. Haverá justa causa quando encontrarmos elementos mínimos que 
Direito Processual Penal Zilli 
2012 8 
 
confiram sustentabilidade à acusação, tornando-a admissível (demonstração da ocorrência do 
crime e indícios de autoria). 
 Ex. O MP atribui a alguém o crime de falsidade documental. O exame pericial que atestaria 
falsidade do documento ainda não ficou pronto. Não há justa causa pela falta de materialidade 
ao crime. 
A reforma de 2008 desejava novo procedimento: apenas com a resposta do réu é que se faz o 
juízo de admissibilidade, para que o juiz tenha todas as condições para vislumbrar o 
recebimento. Se receber a denúncia ou queixa, o juiz designa audiência (art. 399). O legislador 
modificou o art. 396 que a rejeição liminar é feita antes, e ordenará a citação do acusado e a 
apresentação de resposta escrita após. A doutrina se questiona quanto ao momento do 
recebimento. 1ª posição (Prof. Scarance): são dois recebimentos. Se não for hipótese de rejeição 
liminar, teríamos um recebimento liminar que se tornaria definitivo após resposta escrita. 2ª 
posição: o primeiro momento, previsto no art. 396, antes da resposta escrita, sem rejeição 
liminar (entendimento adotado pela maioria da jurisprudência); 3ª posição: o recebimento 
ocorre conforme o art. 399 (maioria da doutrina). 
Três posicionamentos a respeito do recebimento da denúncia/queixa: a. há 2 momentos: 
recebimento e resposta escrita; b. recebimento sem rejeição preliminar; c. só com a resposta do 
réu. 
Após aditamento, deve o juiz abrir prazo para que a defesa se manifeste. 
2.3. Citação – modalidades 
O art. 363, CPP, estabelece que a citação estabiliza o processo. A reforma de 2008 (Lei 11.719) 
alterou sua redação. A formação do processo, diz o artigo, é completada quando realizada a 
citação do acusado. 
O que o legislador quis dizer é que a relação processual se completa com a citação. Com esta, o 
acusado toma plena ciência de que contra ele foi intentada uma ação penal. 
Este dispositivo tem implicância importante: uma vez citado, qualquer aditamento da 
denúncia/queixa dependeria de citação do acusado/querelado. 
20.03 
A citação é um dos atos que informa o réu/querelado que ele está sendo acusado. Ela formaliza 
a formação da relação processual, concretizando o exercício da ampla defesa. 
A falta de citação importará no reconhecimento da nulidade (art. 564, III, e, CPP). A nulidade 
pode ser sanada se o réu comparece espontaneamente ao processo. O comparecimento deve ser 
espontâneo, antes da consumação do prazo para oferecimento da resposta escrita (art. 570). 
Os efeitos da citação válida são: a. início do prazo para o oferecimento da resposta escrita (10 
dias, contados da realização do mandado, independente da juntada); b. estabilidade na formação 
da relação processual (art. 363); c. fixação de obrigações ao réu/querelado, como 
comparecimento quando intimado, comunicação de eventual alteração de endereço (art. 367); 
Temos duas formas de citação: real/pessoal ou ficta. A citação pessoal ou real é realizada 
diretamente na pessoa do réu. Ao contrário, a citação ficta não é realizada diretamente, mas por 
Direito Processual Penal Zilli 
2012 9 
 
meio de outros mecanismos que geram presunção de que o réu tenha tomado conhecimento dos 
termos da acusação. 
A citação pessoal pode ser por mandado, por precatória, por rogatória, por carta de ordem, por 
requisição. 
A citação por mandado é aquela realizada no próprio juízo da causa (quando o réu nela reside). 
O mandado será cumprido pelo oficial de justiça, o qual localizará o réu e o dará por citado, 
entregando-lhe uma cópia da acusação. 
Quando o réu reside em outra jurisdição, a citação será realizada por precatória. A precatória é 
uma solicitação de auxílio judiciário. O juízo da causa depreca o ato citatório para ato de outro 
juízo. Expedida a carta precatória, ela é encaminhada ao juízo onde o réu reside e o oficial de 
justiça dessa comarca procurará o réu. O prazo, reitere-se,começa a correr do ato citatório, não 
da juntada do mandado. (Súm 710, STF). Certificado que o réu mudou-se para uma terceira 
comarca, o juiz deprecado deverá encaminhar a carta até esta nova comarca, comunidando o 
juiz deprecante. Percebe-se, portanto, que a precatória tem caráter itinerário. 
A terceira forma de citação pessoal é a citação por rogatória. As hipóteses são duas: quando o 
réu reside no estrangeiro, em local sabido, ou quando o ato citatória tiver que ser realizado nas 
legações estrangeiras (embaixadas). A questão envolve a cooperação internacional, incentivada 
por tratados bilaterais ou multilaterais. O CPP já prevê que enquanto não tive sido cumprida, o 
prazo fica suspenso. 
A citação por carta de ordem também pressupõe auxílio do Judiciário, mas entre órgãos de 
graus diferentes. Os tribunais superiores ordenam e os juízes acatam. 
A citação por requisição se aplica a militar. 
A citação ficta é uma presunção. A citação por edital é uma delas. O legislador incorporou (Lei 
11.719) ainda a citação com hora certa (art. 362). O oficial constata que o réu está se ocultando, 
após comparecer três vezes ao local indicado como sua residência. O oficial comunicará ao 
familiar ou vizinho que retornará em dia e hora certa. 
 Efetivada a citação, começa a fluir o prazo para apresentação de resposta escrita. Tendo fluído 
o prazo e o réu não apresentou resposta escrita, o juiz nomeia um defensor dativo para se 
encarregar da defesa do réu. A defesa técnica é irrenunciável. Mas isso depende de qual tipo de 
citação foi realizada. Se a citação foi pessoal, a conseqüência é nomeação de defensor dativo. 
No entanto, se a citação foi por edital, incide o art. 366, o processo fica suspenso e o prazo 
prescricional também, sem a nomeação de defensor. O processo voltará a correr, quando o réu 
comparecer. O juiz pode, no entanto, dar início à produção antecipada de provas. 
Na citação com hora certa, não oferecida resposta, o juiz nomeará defensor dativo (art. 362, par. 
ún.). A doutrina critica, afirmando que deveria ser dada a mesma conseqüência do caso de 
citação por edital, por haver lesão à ampla defesa. Outra corrente oposta sustenta que o réu está 
se ocultando, o que enseja a continuação do processo. 
A revelia no processo penal possui hipóteses e efeitos diversos ao processo civil. 
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Hipóteses. a. a revelia ocorre quando o réu não comparece a um ato processual, embora 
oficialmente intimado; b. quando o réu muda de endereço e não comunica. As duas hipóteses 
estão relacionadas aos deveres do réu quando citado regularmente. 
Há revelia quando o acusado, citado pessoalmente ou por hora certa, não apresenta resposta 
escrita no prazo de 10 dias? Sendo a defesa técnica irrenunciável, não é cabível atribuir os 
efeitos da revelia ao réu sem defesa técnica. 
Efeitos. a. a revelia em processo penal em nenhum momento gera presunção de veracidade dos 
fatos alegados (os valores são indisponíveis e os interesses são públicos); b. desobriga o Estado-
juiz de continuar procurando o réu para intimá-lo. 
2.4. Resposta escrita. Exceções 
Se a citação é pessoal ou com hora certa e comparece ou não comparece (e o juiz nomeia 
defensor dativo), haverá resposta escrita. 
A defesa técnica pode apresentar todas as questões importantes para o exercício da ampla defesa 
(preliminares e mérito). 
O CPP é assistemático quando às preliminares. As preliminares são todas as que não 
configuram as exceções processuais. 
As exceções processuais são suspeição, incompetência, ilegitimidade de parte, litispendência e 
coisa julgada. Querendo impugnar alguns desses pontos, o réu deverá apresentar exceção junto 
com a resposta escrita, a qual será julgada em apartado. O legislador entendeu que essas 
questões merecem processamento em apartado, para sua dilação probatória própria. 
As preliminares, que restam, são condições da ação (exceto ilegitimidade), inépcia da 
denúncia/queixa e ausência de justa causa. 
A resposta é o momento para apresentar testemunhas, até o limite de 8 no procedimento 
ordinário. 
2.5. Juízo de admissibilidade 
Na admissibilidade, as alternativas possíveis ao juiz são: 
a. rejeição da denúncia/queixa (divergência doutrinária – alguns aceitam rejeição da denúncia 
nesse momento, por não considerarem haver recebimento até a resposta); 
b. absolvição sumária. O art. 397 estabelece dever ao juiz de absolver sumariamente o acusado 
quando verificar existência de excludente de ilicitude, de excludente de culpabilidade, salvo 
inimputabilidade (insanidade – cabe medida de segurança), conduta atípica (o legislador usou 
“crime”, quando quis dizer “fato típico”) ou extinção de punibilidade. Nesse último caso, não há 
absolvição, é caso de decisão terminativa que reconhece a extinção da punibilidade do Estado. 
A doutrina critica que nesse rol do art. 397 não incluiu duas situações: que o réu não realizou o 
crime e que o fato não existiu. O art. 415 trata da absolvição sumária no procedimento do júri e 
inclui essas duas hipóteses. Podemos complementar o rol do art. 397 com o rol do art. 415, para 
evitar situação absurda. 
28.03 
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2.6. Audiência de instrução, debates, julgamento 
 
Fases: 1. instrução; 2. interrogatório; 3. requerimento de diligências; 4. debates; 5. sentença. 
Instrução 
A audiência é una: produção de prova oral, inquirimento do acusado, realização de diligencias 
suplementares, debates finais orais e, finalmente, a sentença. Então, há uma série de atos 
processuais que são praticados na audiência e que bem ilustram essa ideia de concentração dos 
atos processuais e maior eficiência do processo. 
Ademais, é importante destacar que o prazo para a realização da audiência é de 60 dias contados 
do despacho que designa a audiência. 
O legislador foi bastante rigoroso dizendo que a audiência não será objeto de adiamento, salvo 
se houver algum impedimento no comparecimento do defensor. Mesmo assim, esse 
impedimento deverá ser alegado e demonstrado no início da audiência. 
Prova oral 
Toda a prova oral deverá ser produzida nessa audiência. Nessa produção temos a possibilidade 
de realizar as seguintes diligências: 
1) Oitiva do ofendido 
2) Inquirimento das testemunhas 
3) Oitiva do esclarecimento dos peritos 
4) Assistentes técnicos 
5) Acariação 
6) Interrogatório 
Oitiva do ofendido 
O ofendido é o sujeito passivo da infração penal. O Estado é sempre um sujeito passivo de 
qualquer tipo penal, mas não é a esse ofendido que o legislador faz referencia. O legislador 
refere-se ao sujeito material da ofensa. 
O sistema do processo penal estabelece uma obrigatoriedade na oitiva do ofendido, de modo 
que o ofendido devera ser ouvido “sempre que possível”. A obrigatoriedade que emana dessa 
fórmula se justifica pela própria premissa do processo penal, que é necessidade de nos 
aproximarmos o máximo possível da verdade. Ora, o ofendido terá muitos aspectos para 
esclarecer o que realmente ocorreu. 
O modo de inquirição em muito obedece a forma ee inquirição da própria testemunha. 
Oitiva das testemunhas 
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Quem é testemunha? Toda a pessoa que tenha presenciado o fato criminoso integralmente ou 
parcialmente. Ou, ainda, a pessoa que tenha tomado conhecimento de alguma forma do fato 
criminoso ou de alguns aspectos que estão aí relacionados. Ou seja, nós estamos diante de uma 
fonte de prova. Daí surge a ideia de meio de prova, que é a prova testemunhal. 
Quem leva essa pessoa ao processo é, inicialmente, as próprias partes, que apresentam um rol de 
testemunhas. O momento processual adequado para a apresentação desse rol é: 
a) Acusador � quando do oferecimento da denuncia ou queixa, sob pena de preclusão. 
b) Defensor � momento que coincide com a apresentação da resposta escrita (10 dias), sob 
pena de preclusão. 
Embora caiba as partes a indicação das testemunhas que pretendem ouvir, ao juiz também épermitido e autorizado a determinação de oitiva ou testemunha que não tenha sido arrolada 
pelas partes (at. 209 do CPP). O art. 209 é uma clara expressão dos poderes instrutórios do juiz. 
Aqui, o legislador foi expresso na possibilidade de oitiva de testemunha não arrolada pelas 
partes. 
O número limite de testemunhas é de 8 testemunhas (procedimento comum ordinário), por 
economia processual. O número de testemunhas se refere a cada fato controvertido (apesar de a 
leitura literal dizer o contrário) � noção de vinculação entre fatos e testemunhas. Até porque 
nós estamos falando de fontes de provas, fontes de provas que se relacionam aos fatos 
imputados. 
Embora o legislador tenha estabelecido esse limite máximo, ele abre algumas exceções. Ou seja, 
pessoas que não seriam computadas para atingir esse número limite máximo de 8 testemunhas. 
São elas: 
a) O ofendido � até porque ele não propriamente uma testemunha. 
b) Pessoas que ofertarem declarações. Mais especificamente, aquelas indicadas pelo art. 206 
do CPP. São as pessoas que tiverem uma relação de parentesco para com o acusado. Elas não 
são submetidas ao compromisso de dizerem a verdade. 
c) Os doentes mentais 
d) Os menores de 14 anos. 
e) Testemunhas referidas � pessoas que foram referidas por outras testemunhas e que eram, 
até então, desconhecidas. Como as partes teriam sido pegas de surpresa pela referência, não se 
poderia impedi-las de solicitar a oitiva dos referidos. Ou seja, é possível que as partes requeiram 
a oitiva dessas pessoas referidas, ou não. De qualquer maneira, o juiz poderá determinar 
também a oitiva dessas pessoas. 
Quando a designação da audiência serão expedidos mandados de intimação. É uma ordem que a 
testemunha compareça. Se ela não o fizer, embora devidamente intimada, se as partes não 
abdicarem e sua oitiva, a testemunha será conduzida coercitivamente (isso é feito pelo oficial de 
justiça e, se necessário, com reforço policial). Ademais, o juiz poderá condenar a testemunha a 
pagar as custas do oficial de justiça, bem como condená-la ao crime de desobediência. 
Duas exceções: 
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a) Hipóteses em que as testemunhas poderiam se recusar a depor (art. 206 do CPP) – 
pessoas que tenham uma relação de parentesco com o réu. Essa recusa, no entanto, não é 
automática. Ou seja, mesmo diante de uma recusa, o juiz poderá ouvir aquela pessoa se ele não 
tiver outra possibilidade de construir o material probatório. 
b) Pessoas proibidas de depor, que são aquelas que têm o dever de resguardar sigilo em 
razão de profissão, ofício ou ministério. Por exemplo, o médico psiquiatra, o sacerdote, 
escrevente que acompanhou uma audiência em segredo de justiça. Elas, porém, podem prestar 
depoimento se autorizadas pela parte para quem o sigilo foi desenhado. Mas, mesmo com essa 
autorização, o profissional poderia recursar-se a depor, por entender que isso contraria seus 
deveres funcionais. 
Dúvida: pode o co-réu ser arrolado como testemunha? Não. Primeiro, porque ele é parte, sendo 
envolvido na relação material. Ou seja, ele não atende o requisito inicial da testemunha que é ter 
presenciado o fato material, sem nele ter tomado parte. Ademais, há a questão de que o acusado 
não é obrigado a exercer prova contra si mesmo. 
Qual é a ordem de inquirição das testemunhas? 
1) Acusação 
2) Defesa 
3) Juiz 
Obs.: Antes das testemunhas de acusação, será ouvida a vítima. 
No entanto, nós poderemos ter problemas pelo fato de a audiência ser una. O problema existe 
quando a testemunha reside em outra comarca, caso em que a testemunha tem o direito de ser 
ouvida por carta precatória (instrumento de cooperação judiciaria). E quando essas testemunhas 
que residem em outra comarca são testemunhas de defesa? O legislador, na reforma de 2008, 
resolveu o problema da seguinte forma: se for necessária a expedição de carta precatória, nós 
não precisaríamos cumprir à risca a ordem estabelecida em lei: elas seriam ouvidas antes da data 
da audiência. Mas, aqui, deve haver muito cuidado: diante do choque de valores, o legislador 
deu ênfase à celeridade. Assim, ela só é possível quando não houver choque com valores 
maiores, como a ampla defesa. Nesse sentido, muitos têm considerado que não é possível a 
inversão probatória quando isso prejudicar a defesa. 
A jurisprudência abranda essa questão, afirmando que tudo vai depender do conteúdo dessa 
prova. Se se trata de uma testemunha que não narrará nada do fato delituoso, não ocorrerá 
prejuízo. Porém, se for uma testemunha presencial, ouvi-la antes da audiência importaria 
prejuízo à defesa. 
Importante notar: quando há a violação da ampla defesa, a prova torna-se nula. 
Forma de inquirição das testemunhas: não é permitido que as testemunhas tragam seu 
depoimento por escrito. Mas a legislação traz algumas exceções: 
- Presidente e vice-presidente da República 
- Presidente do senado ou da câmara 
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- Presidente do STF. 
Nada impede que a testemunha faça consultas a breves anotações. O que ela não pode é ler as 
anotações, porque isso desconfiguraria a produção oral das provas. 
Antigamente, o juiz era o presidente da audiência: as perguntas eram dirigidas ao juiz, que as 
retransmitia às testemunhas. O objetivo era impedir perguntas irrelevantes ou que conduzissem 
as testemunhas. Porém, houve mudança no processo, assemelhando-o ao sistema adversarial: 
hoje é possível que as partes façam perguntas diretamente às partes. O juiz interferirá 
posteriormente. Se o juiz entender que a pergunta é impertinente ou irrelevante, ele indefere a 
pergunta e a consigna em ata. 
A ordem de inquirição da testemunha X obedece a ordem da parte que arrolou a testemunha. Se 
o juiz tem alguma dúvida, ele pode pedir esclarecimentos. Se, durante esses esclarecimentos, a 
testemunha revela um fato novo, o juiz deve necessariamente dar oportunidade a nova rodada de 
perguntas, na mesma dinâmica. 
Na testemunha do juízo, quem começa a inquirir é o juiz. Encerrada a inquirição pelo juiz, ele 
abre a oportunidade para a acusação fazer as perguntas e, em seguida, para a defesa. 
As respostas da testemunha serão, a princípio, reduzidas a termo, que deverá ser firmado por ela 
e pelos demais. O CPP, porém, recentemente, permitiu que isso fosse por outros meios, como: 
gravação, estenotipia, e filmagem. 
Duas observações: 
- presença influenciadora do acusado (art. 217 do CPP). A presença do réu poderá causar medo, 
constrangimento, de forma a comprometer a própria prova. Diante dessa hipótese, o legislador 
possibilita o acolhimento do depoimento por videoconferência. Na impossibilidade de realizar a 
hipótese de vídeoconferência, o réu é retirado da sala (notar: redução da ampla defesa na 
modalidade da autodefesa). O defensor técnico continua na sala, haja vista que a defesa técnica 
é irrenunciável. 
- contradita: impugnação da testemunha feita pela parte, porque a testemunha é parcial ou 
porque há alguma proibição no depoimento daquela testemunha. A contradita tem que ser 
oferecida antes do depoimento. Aí o juiz pergunta a testemunha sobre aqueles fatos e toma uma 
decisão. 
Ouve-se o ofendido (art. 201, caput). 
Ouvem-se as testemunhas. O número máximo de testemunhas é da ordem de oito pessoas, e 
estas deverão prestar compromisso de dizer a verdade. Podem ser ouvidas mais pessoas 
(parentes do réu), mas estas não prestam esse compromisso. O art. 206, CPP, estabelece um rol 
de pessoas que mantém uma relação de parentesco com o acusado – elas não se submetem ao 
compromisso de dizer a verdade. Do mesmo modo, o cônjuge, os deficientes mentais e os 
menores de 14 anos (art. 208). 
São testemunhas referidas as pessoas indicadas, que tenham presenciado o fato criminoso, até 
então desconhecidas no processo. Essa testemunha não se inclui no limite de 8, pois há uma 
surpresa para as partes. Deve haver uma análise quanto à pertinência e a necessidade dessa 
testemunha (art. 209). 
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Sendo fonte de prova, há obrigação da testemunha em prestar depoimento, por dever de 
cooperação com a justiça. Será, portanto, intimada da data da audiência. Se não comparecer e a 
parte não prescindir de seu depoimento, o juiz poderá requisitar força policial ou determinar que 
oficial de justiça a conduza coercitivamente. Pode, ainda, requisitar instauração de inquérito 
para apurar crime de desobediência. 
No entanto, há duas exceções: a. pessoas que podem se recusar a depor: parentes do acusado; 
No entanto, será produzida essa prova oral caso não haja possibilidade de complementar a prova 
por outras vias. Mesmo assim, não serão submetidas a compromisso. Outras pessoas, por força 
de função ou profissão, estão obrigadas a resguardar sigilo – psiquiatra, psicólogo, sacerdote. O 
legislador estabelece norma mais enfática. Essas pessoas estão proibidas de depor. Apenas se a 
parte interessada no resguardo do sigilo liberasse a pessoa para depor, ela poderia fazê-lo; b. 
Merece referência o regime estabelecido para os advogados. O Estatuto da Advocacia impõe 
dever de resguardo do sigilo profissional, em caráter absoluto. 
O corréu pode atuar como testemunha? Há doutrina que entenda que não é possível, pois contra 
ele é dirigida a acusação. Sempre lhe será resguardado o direito ao silêncio e de não se 
autoincriminar. Apenas no interrogatório poderá ser ouvido. 
Em primeiro lugar, ouvem-se as testemunhas arroladas pela acusação, depois de defesa e, por 
último, as do juiz. 
É possível realizar oitiva de testemunhas por carta precatória. Pode ocorrer, portanto, que a 
ordem seja invertida: ouvem-se as testemunhas da defesa antes das de acusação. Mas essa 
hipótese é criticada pela doutrina, pois há determinadas garantias que se sobrepõem à 
celeridade, como a ampla defesa. A inversão é inconstitucional, por ofensa à ampla defesa. 
A forma de produção da prova testemunha é oral. Não se admite o fornecimento de depoimento 
por escrito. Ela tem que comparecer no dia designado e fará oralmente sua exposição. É 
necessário o contato direto entre juiz e testemunha. Nada impede que, durante o depoimento, ela 
possa consultar anotações, para lembrar de detalhes. Podem, no entanto, prestar depoimento por 
escrito algumas autoridades: Presidente e Vice da República, Presidentes do Senado, da Câmara 
e do STF. Além disso, o juiz deve tomar a cautela para que as testemunhas não tenham contato 
entre elas e não ouçam os depoimentos de outras. Deve-se assegurar a validade da prova. 
Ainda no âmbito da forma, a reforma de 2008 alterou o regime. Antes, vigorava o sistema 
presidencialista – as partes inquiriam as testemunhas por intermédio do juiz. A acusação 
formulava uma pergunta que era dirigida ao juiz e este reperguntava à testemunha. A premissa 
era evitar alguma pergunta direcionada. O sistema mudou. As partes perguntam diretamente à 
testemunha sem a prévia interferência do juiz – aspecto ligado ao modelo adversarial dos 
sistemas anglosaxônicos. O juiz pode interferir depois da formação da pergunta, indeferindo as 
perguntas impertinentes ou que puderem conduzir a resposta. As respostas e perguntas são 
lavradas a termo. 
O juiz pode solicitar esclarecimentos à testemunha, quando lhe resta alguma dúvida que deve 
ser dirimida. 
Pode ocorrer a chamada presença constrangedora do réu. Se for constatado que a presença do 
réu pode intimidar ou humilhar a testemunha, o juiz poderá colher o depoimento pelo 
expediente da videoconferência. Na impossibilidade de tomar o depoimento pela 
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videoconferência, está o juiz autorizado a retirar o réu da sala de audiência e colher depoimento 
(art. 217, CPP). 
Outro aspecto é a contradita. É a impugnação do depoimento de uma pessoa. Ela pode ser 
apresentada pela parte antes do depoimento. O motivo é a parcialidade do réu – relação de 
parentesco (art. 206), proibição de prestar depoimento (dever de sigilo). O procedimento da 
contradita é a impugnação da parte antes do depoimento. O juiz ouve as razões e indaga a 
pessoa a respeito da veracidade e decide pela possibilidade de compromisso de veracidade. 
Por fim, para encerrar a instrução, são apresentados esclarecimentos dos peritos. Pode a parte 
solicitar esclarecimentos ao perito (art. 159, §5º, I). Os esclarecimentos devem ser prestados por 
escrito, em laudo complementar, porque seu deslocamento pode prejudicar suas atividades. É 
necessário prévio requerimento pela parte, em 10 dias antes da data de audiência. Dúvidas: 
prazo é para parte ou para a expedição do mandado de intimação. Não há posicionamento claro 
a esse respeito. 
Além dos esclarecimentos do perito, podem as partes requerer a oitiva dos assistentes técnicos. 
O CPP, na regulamentação do trabalho pericial, estabeleceu a possibilidade das partes 
estabelecerem assistentes técnicos. Eles apresentam parecer após laudo pericial. 
Ambos estão submetidos ao compromisso de dizerem a verdade. No caso do perito, se ele fala 
inverdade, estará sujeito ao crime de falso testemunho e de falsa perícia. O mesmo não se 
verifica em relação ao assistente técnico. 
Após todas essas fases da instrução, tem-se a possibilidade de acareação, que é o confronto a 
que são submetidas determinadas pessoas que prestaram declarações ou depoimentos no curso 
do processo. Havendo contradição em pontos relevantes, cabe acareação. As pessoas são 
colocadas frente à frente e serão apontados os aspectos contraditórios. Elas deverão esclarecer 
as contradições apontadas. Pode ser submetido à acareação – o expediente é amplo – qualquer 
pessoa (testemunhas, ofendido, réu). 
Interrogatório 
O interrogatório é dividido em duas partes: qualificação e mérito. Na primeira parte, o réu será 
indagado quanto aos aspectos pessoais (trabalho, família, comportamento social). A finalidade é 
extrair a personalidade do réu e colocá-lo em contato com o juiz. O interrogatório de mérito visa 
a apurar elementos da acusação. Ele ofertará sua versão sobre os fatos. 
O interrogatório é um meio de autodefesa. 
O direito ao silencia, cristalizado pela doutrina e jurisprudência, só se aplica ao interrogatório de 
mérito. Na qualificação, deve manifestar-se. Não pode atribuir-se falsa identidade. 
A forma do interrogatório é iniciado pelo próprio juiz. É ele que faz as perguntas. Após, é 
concedida às partes a oportunidade de realizar perguntas ao réu. A ordem dessas perguntas é: 
em primeiro, a acusação (MP, querelante, assistente). Em seguida, defensor técnico. Em caso de 
vários réus com diferentes defensores, se justifica a possibilidade do defensor do réu 
comprometido fazer perguntas, antes do defensor do réu interrogado. 
10.04 
Diligências complementares 
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Após o interrogatório, existe a possibilidade de apresentação de diligências complementares 
(art. 402). Essas diligências tem origem nas circunstâncias e fatos apurados na instrução. Pode 
ser que tenha ocorrida a preclusão, mas há fatos que surgem durante a instrução. Fatos relatados 
por testemunha ou levantado por prova pericial podem exigir diligências complementares. 
O juiz poderá deferir ou indeferir o pedido de diligência. Se o juiz indeferir, passa-se para os 
debates. 
Convencido da necessidade, pertinência e utilidade das diligências, deverá o juiz deferi-las. 
Nesse caso, a audiência se encerra sem alegações finais, para a realização das diligências. Em 
seguida, deverão as partes apresentarem memoriais, para posterior prolação de sentença. Os 
memoriais substituem os debates (art. 404). 
Havendo complexidade no caso ou pluralidade de réus, o julgador poderá converter os debates 
em memoriais (art. 403, §3º), a serem apresentados no prazo de 5 dias. São situações 
excepcionais, a regra é a oralidade e a celeridade. 
Debates 
É o momento em que as partes fazem uma exposição a respeito das teses jurídicas e os 
elementos colhidos na instrução. São 20 minutos para aacusação e defesa, podendo ser 
prorrogado por mais 10 minutos (art. 403). 
No caso de pluralidade de réus, com defensores distintos, o prazo é autônomo. É dizer, cada réu 
tem seu tempo independente. 
Havendo assistente de acusação, a ele será concedido prazo de 10 minutos para manifestação, 
após o MP. Nesse caso, a defesa terá 10 minutos adicionais (totalizando 30 ou 40 minutos). 
Sentença 
Não necessariamente a sentença será proferida em audiência. O juiz pode acreditar não estar 
preparado para decidir no ato, devendo os autos irem à conclusão para decisão em 10 dias. 
A sentença rege-se pelo princípio da identidade física (art. 399, §2º). O juiz que tiver presidido 
a sessão, deverá proferir sentença. 
O art. 132, CPC, aplica-se por analogia, por inexistência de dispositivo análogo no CPP. O juiz 
que presidiu a instrução deverá proferir sentença, exceto em caso de afastamento, promoção, 
férias regulamentares ou aposentadoria. Nesse caso, passará ao seu sucessor. 
2.7. “Mutatio libeli”, “emendatio libeli” 
Trata-se de dois institutos alterados pela reforma de 2008. A ideia está relacionada à correlação 
entre acusação e sentença. O juiz, ao proferir a sentença, não pode fugir dos fatos imputados, 
narrados na acusação. 
São duas as hipóteses: 
a. o juiz constata que a qualificação jurídica não é a mesma atribuída pelo acusador. É caso de 
emendatio libeli (art. 383). 
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Ex. O MP, ao oferecer denúncia, narra as circunstâncias fáticas de furto e qualifica-o 
juridicamente como roubo (art. 157, CP). 
Ex2. O MP, ao oferecer denúncia, narra o furto de um objeto de dentro de um veículo, por meio 
de rompimento do vidro. Juridicamente, qualifica-o como furto simples (art. 155, caput, CP), e 
não furto qualificado (§4º, I). 
Nos dois casos, há um problema de tipificação. Se não houver mudança no fato após a instrução 
probatória, pode o juiz reconhecer a nova definição jurídica sem que haja necessidade de 
adequação da acusação. Nesse caso, o juiz não inova nos fatos, apenas lhe dá qualificação 
distinta. E pode fazê-lo. O réu se defendeu dos fatos. 
São três as consequências: o juiz pode constatar incompetência (art. 383, §2º), remetendo os 
autos ao juízo competente no caso de incompetência absoluta. Sendo competência relativa, 
ocorrer prorrogação de competência; sendo cabível, poderá propor suspensão condicional do 
processo (art. 383, §1º); proferir sentença. 
b. o juiz constata distinção entre o fato imputado e o fato revelado pela instrução probatória. É 
caso de mutatio libeli (art. 384). 
Ex. o MP atribui ao réu um furto, mas a instrução probatória mostra que houve emprego de 
violência. 
Ex2. o MP narra o furto de uma bolsa de um carro que estava com a porta aberta, mas a 
instrução mostra que houve rompimento do vidro. 
Nesses casos, o juiz não poderá prolatar sentença, pois não houve exercício de defesa em 
relação aos fatos revelados na instrução. Deverá ocorrer readequação da acusação, por meio de 
aditamento, que pode ocorrer na próxima audiência. Oferecido o aditamento, o juiz deve dar 
oportunidade para que a defesa se manifeste, seja diretamente em audiência ou no prazo de 5 
dias. A defesa pode, inclusive, requerer a produção de prova oral. Há, portanto, uma reabertura 
de fase postulatória. 
Pode ocorrer, no entanto, que o MP não queira fazer o aditamento. Aplica-se o art. 28, CPP, 
remetendo-se os autos ao Procurador-Geral. O juiz não pode reconhecer os fatos. O Procurador-
Geral poderá nomear outro promotor ou aditar ele mesmo. Os autos retornam ao juízo, para 
manifestação da defesa e retomada da marcha processual. O PG pode ainda entender que não se 
trata de caso de aditamento. Os autos retornam ao juízo, para debates e julgamento. O juiz 
julgará os fatos imputados, não revelados na instrução. O juiz está circunscrito aos termos da 
inicial, só poderá condenar por furto simples. 
No caso de imputação de crime consumado e comprovação de crime tentado, a jurisprudência 
entende que o juiz pode conhecer direto do pedido, sem necessidade de emenda (a consumação 
já engloba a tentativa). 
No caso de imputação de crime doloso e comprovação de crime culposo, há alteração nos fatos 
(imperícia, negligência e imprudência são matérias fáticas), não pode o juiz conhecer de ofício. 
17.04 
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3. Procedimento sumário 
Primeira diferença: quantidade de testemunhas: no máximo 5. 
Segunda diferença: prazo para a realização da audiência de instrução, debates e julgamento. O 
prazo é de 30 dias. 
Terceira diferença: não há previsão de diligência complementares. 
Quarta e quinta: são apontadas por parte da doutrina (não há um consenso) – a) obrigatoriedade 
dos debates – há um entendimento de que no procedimento comum sumário, o legislador não 
fixou a possibilidade de conversão dos debates em memorais, razão pela qual não seria possível 
a referida conversão (Professor Badaró). Entretanto, trata-se de entendimento que não foi 
acolhido pela jurisprudência, que acredita na possibilidade, ainda que opcional, de conversão 
dos debates em memoriais sem que isso acarrete em nulidade. B) a sentença deveria ser 
proferida em audiência, não sendo possível chamar o processo em conclusão para que a 
sentença fosse proferida posteriormente. Mas também foi entendimento que não foi acolhido 
pela jurisprudência. 
No exame do procedimento comum sumário, tirando as diferenças explicitadas, não há muita 
diferença em relação ao procedimento ordinário. 
- o processo se inicia com a denuncia ou queixa, também com os requisitos do 145. 
- oferecimento da denúncia ou queixa. Se o juiz entende que estão ausentes os requisitos, o juiz 
rejeitará a denuncia/queixa. 
- se não for caso de rejeição liminar, teremos a possibilidade do processamento. O entendimento 
doutrinário nosso é o de que o oferecimento somente ocorreria depois da resposta escrita. Mas a 
jurisprudência entende de maneira diferente. 
- citação. 
- apresentada a resposta escrita, surge para o juiz três hipóteses a) rejeição tardia, b) absolvição 
sumária (art. 397, I a 4), que pode ser complementado pelo art. 415 do CP, embora o art. 415 
faça referencia ao Tribunal do Júri, c) Recebimento/ratificação do recebimento anteriormente 
feito, com a designação da audiência de instrução debates e julgamento – a ser realizada no 
prazo de 30 dias. Obs.: a diferença principal da audiência em relação a do procedimento 
ordinário é a impossibilidade de realização de diligencias complementares.Ocorre a 
denúncia/queixa, que deve cumprir os requisitos do art. 41, podendo arrolar 8 testemunhas (art. 
532). Poderá o juiz rejeitar liminarmente (art. 385, I, II e III). Não ocorrendo a rejeição liminar, 
o juiz ordenará o processamento (art. 396) e a citação do réu. Há dúvida na doutrina em qual 
momento ocorre o recebimento da denúncia. 
A citação poderá ser pessoal (art. 351), por hora certa (art. 382) ou por edital (art. 381). 
A audiência de instrução e julgamento (art. 531) deve ser determinada no prazo de 30 dias. 
Ocorre a instrução (oitiva das testemunhas de acusação e defesa, art. 532; peritos, art. 159), o 
interrogatório (art. 185), os debates (art. 534) e prolação da sentença (art. 399, §2º). Na 
sentença, cabes as hipóteses de mutatio e emendatio libeli. 
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4. Suspensão condicional do processo 
A matéria é regida pelo art. 89 da Lei n. 9.099/95. A lei de juizados especiais civis e criminais 
trouxe regulamentações que não ficam limitadas aos crimes de menor potencial ofensivo. Por 
exemplo, a suspensão condicional do processo. O art. 89 foi inserido posteriormente no projeto. 
A SCP é aplicável aos crimes de menor potencial ofensivo e aos demais. 
O legislador quis introduzir no regime processual uma via alternativa de solução do conflito 
penal, que não passasse necessariamente por todas as etapas de um processo penal tradicional. O 
legislador buscou apoio em uma política criminal– há uma opção pela ideia de 
desburocratização e despenalização. Afasta-se o estigma social do processo. 
A SCP leva à suspensão do curso do processo penal, para verificar se o acusado mostra indícios 
de reinserção social. Ao final, verificado que a pessoa cumpriu todos os requisitos, o processo é 
encerrado e é extinta a punibilidade. 
Não se pode confundir a SCP com o sursis. O sursis está previsto no art. 77 do CP e implica a 
suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade. O sursis supõe prévio 
processo, inclusive a prolação de sentença condenatória que impõe pena privativa de liberdade. 
Ele permite que a execução desta pena fique suspensa. Cumpridas as condições, será declarada 
extinta a pena. Na SCP, ao contrário, o andamento do processo é suspenso já na etapa inicial do 
procedimento, em regra. Se cumpridas as condições pelo réu, tem-se o encerramento do 
processo e extinção da punibilidade. A doutrina denomina de “sursis processual” a SCP. Não 
confundir. 
Do mesmo modo, não se pode confundir a SCP com a probation, do direito norteamericano. 
Esta está mais próxima do sursis. No processo penal norteamericano, o julgamento ocorre 
separadamente, sendo a culpa provada em uma primeiro audiência e a imposição de sanção na 
segunda. A probation ocorre entre essas etapas. Apesar de culpado, o réu pode cumprir certos 
requisitos que impedem a imposição de sanção. 
A SCP não se confunde com a plea bargaining, também presente no direito norteamericado. Há 
liberdade de acordo entre acusação e defesa dentro e fora do processo. Na SCP, há margem para 
consenso, mas é mais reduzida, pois os requisitos para a sua realização estão previstos em lei. 
Além disso, os efeitos da SCP também estão definidos em lei. 
Por fim, não confundir com o plea guilty. Neste, há uma estratégia de defesa – o réu confesso 
recebe tratamento benéfico na condução do processo e imposição da pena. Pressupõe, portanto, 
uma admissão de culpa em frente ao juiz, que levará a tratamento processual e penal 
privilegiado. Na SCP não há admissão de culpa. O fato de o réu aceitar as condições de 
suspensão jamais será interpretado como reconhecimento de culpa. 
A natureza jurídica da SCP é mista, com efeitos processuais e penais. Em primeiro lugar, 
supõe a paralisação do processo em caso de aceite (efeito imediato) e a suspensão do prazo 
prescricional. Há potencial extinção do processo (efeito mediato, aspecto processual) e potencial 
extinção da punibilidade (aspecto penal material). 
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A característica principal da SCP é a consensualidade1. Há uma proposta e aceitação 
(bilateralidade). A Lei n. 9.099 traz novos parâmetros, como a valorização do consenso no 
processo. No entanto, não basta a proposta e a aceitação. A SCP está submetida à supervisão 
judicial. Não é ato que fica a cargo exclusivo das partes processuais, devendo o juiz exercer 
controle de legalidade. 
Existem alguns princípios que norteiam o processo penal e que tem influência sobre a SCP. O 
princípio da obrigatoriedade da ação penal estabelece que a ação de iniciativa pública é 
obrigatória quando observados seus requisitos fundamentais (indícios de autoria e materialidade 
delituosa). Não há incompatibilidade entre a SCP e esse princípio, porque só podemos falar em 
proposta de SCP se tiver sido ajuizada a ação penal. A SCP depende do oferecimento da ação. O 
princípio da presunção da inocência não é contrariado pela SCP, na medida em que esta não 
implica admissão de culpa, mas apenas representa uma estratégia defensiva. O princípio da 
legalidade é respeitado, pois a SCP é regulamentado por lei. Preenchidos seus requisitos, a 
proposta tem que ser feita. Existe um direito subjetivo do réu/querelado à SCP. 
Os requisitos para a SCP (art. 89, caput) são: 
a. A pena mínima do tipo imputado não pode ser superior a um ano. Desconsideram-se as 
situações agravantes e atenuantes. Deve-se considerar as causas de aumento e diminuição de 
pena (ex. furto qualificado, pena mínima de 2 anos, mas se tentado, tem pena mínima menor de 
1 ano). No caso de concurso material, deve-se somar as penas mínimas abstratamente 
cominadas. Cf. Súm. 723, STF) 
b. O réu não pode ser réu em processo em curso. Esse requisito, no entanto, parece violar o 
princípio da presunção de inocência, pois a existência de processo não revela condenação. O 
STF, no entanto, entendeu sê-lo constitucional (HC 83.725). 
c. Inexistência de condenação anterior por outro crime. Cf. art. 64, I, CP. Parte da doutrina 
entende que se a condenação já superou o prazo capaz de gerar reincidência, ela seria 
desconsiderada. 
d. Requisitos do art. 77, CP: não reincidência em crime doloso (supõe condenação anterior); 
circunstâncias judiciais favoráveis (art. 59, CP – presonalidade do agente, consequências do 
crime, conduta social, antecedentes, etc.). 
Os interesses na SCP estão acima: há interesse público na solução do litígio. O primeiro 
entendimento formado foi no sentido de que o juiz poderia suprir a ausência de proposta por 
parte do MP/querelante. No entanto, a evolução culminou na súmula 696, STF, que dispõe que 
na hipótese de não apresentação de proposta, o juiz não pode suprir, aplicando por analogia o 
art. 28, CPP (encaminhamento dos autos ao procurador-geral). No caso de ação privada, o MP 
deverá, enquanto custus legis, suprir a falta de iniciativa do querelante. 
O momento para a propositura da SCP é o oferecimento da denúncia/queixa. A lógica é que o 
processo ficasse paralisado. No entanto, é possível que a SCP serja oferecida posteriormente, 
por erro do acusador e do juiz, ou no caso de emendatio ou mutatio libeli. 
 
1
 Outro exemplo de consensualidade no processo penal é a possibilidade de audiência de conciliação no 
caso de crimes contra a honra. 
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As condições para o cumprimento da SCP (art. 89. §1º, Lei 9.099) são: 
a. reparação do dano, salvo em caso de impossibilidade; 
b. proibição de frequentar determinados lugares; 
c. proibição de ausentar-se da comarca; 
d. comparecimento mensal em juízo; 
e. não envolvimento em outro crime ou contravenção. 
Existem condições adicionais que o juiz pode fixar (§2º). A parte pode sugerir as condições e o 
juiz pode acolhê-las. 
O prazo da SCP será determinado pelo juiz, entre dois e quatro anos. 
Deverá ocorrer uma audiência para que seja dada aceitação ou recusa à SCP. O réu será ouvido 
pelo juiz. A aceitação é ato personalíssimo. O acusado fica vinculado às condições às quais 
concordou. Imprescindível que um defensor auxilie o acusado, devendo ele também concordar 
com os termos. Deve prevalecer a vontade do réu sobre a vontade do defensor. 
É possível haver contraproposta por parte do acusado, que pode ser acolhida pelo acusador. 
Não basta a aceitação para que a suspensão produza seus efeitos. É necessária homologação da 
proposta e aceitação pelo juiz. A partir desse momento, o processo fica suspenso, assim como o 
prazo prescricional. Dá-se início ao período de prova, em que o réu deverá cumprir os requisitos 
acordados.gv

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