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Caderno Instrumentos de Direito Privado na Proteção do Meio Ambiente - P1

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Instrumentos de Direito Privado na Proteção do Meio Ambiente 
Anotações: Ellen Shyu, Deborah Nery e Rebeca Uematsu 
Revisão: Jéssica A. Gomes e Ellen Shyu 
 
Observações iniciais: compilamos o que tínhamos de anotação (o que não era muito, nem 
estava muito completo), e no fim estão os três fichamentos que a professora já pediu para 
fazer. Não garantimos que as anotações contenham tudo que foi dado em aula, elas são 
apenas uma orientação. 
 
Foi indicado pela Patrícia o livro Direito Ambiental Brasileiro - Paulo Affonso Leme 
Machado. Sugirerimos consultarem para estudos mais aprofundados e completos, tem uma 
versão em Word no 4shared. 
(http://search.4shared.com/q/1/paulo+affonso+leme+machado+-
+direito+ambiental+brasileiro) 
 
Legislação para a prova: Código Civil, Lei 6938/81, Resolução Conama 1/86. 
 
Matéria da prova – programa: 
 
04/03 – AULA I – NOÇÕES GERAIS SOBRE A TUTELA DO MEIO AMBIENTE NO 
BRASIL. 
 
Meio ambiente como direito fundamental e sua relação com a tutela civil; 
Princípios da prevenção e da precaução aplicáveis ao direito civil e à tutela ambiental; 
Outros princípios informativos das funções da responsabilidade civil; 
Proteção ambiental no contexto da sociedade de risco. 
 
11/03 – AULA II – MEDIDAS PREVENTIVAS DO DANO AO MEIO AMBIENTE 
 
Estudo prévio de impacto ambiental: estudo de caso, abrangência, efeitos; 
Licenciamento em geral e sua relevância na prevenção de danos; 
Outros instrumentos preventivos. 
 
 18/03 – AULA III – BEM AMBIENTAL E SUJEITOS DA PROTEÇÃO AMBIENTAL. 
 
Configuração do bem ambiental e dupla titularidade; 
Sujeitos ativos da proteção ambiental; 
Sujeitos passivos da proteção ambiental; 
Experiências do direito comparado. 
 
25 a 30 – SEMANA SANTA (NÃO HAVERÁ AULA). 
 
01/04 – AULA IV – ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL. 
 
Ação ou omissão causadora do dano; 
Conexão entre atividade e dano; 
Análise da abrangência da responsabilidade civil: solidariedade na responsabilidade civil; 
Responsáveis nos termos da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente; 
Responsabilidade do agente financiador. 
 
8/04 – AULA V – DANO PATRIMONIAL AMBIENTAL. 
 
Dano X impacto ambiental; 
Dano evento X dano prejuízo; 
Construção do dano jurídico ambiental; 
Formas de reparação do dano; 
Estudo de casos. 
 
15/04 – AULA VI – DANO EXTRAPATRIMONIAL AMBIENTAL. 
 
Dano extrapatrimonial; 
Dano ao macro-bem ambiental; 
Dano ao micro-bem ambiental; 
Dano extrapatrimonial e perda da qualidade de vida. 
 
22/04 – AULA VII – RELAÇÃO DE CAUSALIDADE NA RESPONSABILIDADE 
CIVIL AMBIENTAL. 
Nexo causal e sua configuração; 
Teorias do nexo causal; 
Nexo causal jurídico. 
 
04/03/13 
 
Proteção do Meio Ambiente na Sociedade de Riscos 
 
Toda temática deve ser estudada com base no contexto histórico. 
 
Globalização, individualização, desemprego, sub-emprego, revolução dos gêneros, riscos 
globais da crise ecológica e dos mercados financeiros. 
 
Risco vem: dos avanços científicos e tecnológicos. 
 
Princípios da prevenção e precaução: são alguns que são utilizados para evitar os riscos, o 
que é importante no direito ambiental, pois, uma vez que o dano é provocado, dificilmente 
se alcançará o status quo ante. 
 
Precaução: é associada ao risco (incerteza científica), não há nexo de causalidade, se 
caracteriza pela vigilância e a avaliação da probabilidade de ocorrência do dano, que não é 
mensurável ou ainda não foi verificado. 
Características: 
- incerteza científica 
- probabilidade de ocorrer o dano 
- dano ainda não verificado e não mensurável 
- não há nexo de causalidade 
- vigilância em relação à atividade 
 
Prevenção: é associada ao perigo concreto (certeza científica, já se sabe que o dano 
ocorrerá) e irreversível – existe um nexo de causalidade. 
Características: 
- certeza científica (já se sabe o que causa o dano) 
- ciência da ocorrência do dano 
- dano concreto e mensurável 
- há nexo de causalidade de iminência da ocorrência do dano 
- segurança clara. 
 
Precaução 
 
Precaução é um princípio orientador, de fundo ético, guia para a realização de determinada 
medida para evitar o dano. O princípio da precaução também está relacionado à antecipação 
do perigo, podendo levar a regulamentação de determinada atividade ou até mesmo à 
proibição de realização de determinada atividade. Permite que não seja questionada a 
existência ou não de nexo de causalidade. Vários conceitos de direito civil sofrem 
abrandamento pata a proteção ambiental. A precaução também serve para impulsionar o 
desenvolvimento científico, poder de polícia (fiscalização), análise da relação de custo e 
benefício. Também é um princípio utilizado para justificar a inversão do ônus da prova. 
 
Lei 7.347/85 (“Lei da Ação Civil Pública”) – Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e 
interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III 
da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor. 
 
Produção e consumo sustentáveis: questão dos resíduos sólidos. O empreendedor deve 
buscar modos de produção que resultem no menor quantidade de resíduos. Lei 12.305/10 – 
lei dos resíduos sólidos, define o que é produção e consumo sustentáveis. 
 
Artigo 255, caput CF: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
Série de dispositivos que prevêem a precaução: Artigos 5º e 6º CF (caput), Artigo 225, § 1º, 
IV CF. 
 
Responsabilidade Civil 
 
Função compensatória, dissuatória e preventiva. Ideia da reparação integral de todos os 
danos sofridos (noção compensatória). Poluidor responde pelo dano independentemente de 
culpa, pois a natureza da Responsabilidade Ambiental é objetiva. 
 
Não se deve lesar: princípio que está levando ao abrandamento da ideia de nexo de 
causalidade (deve-se esperara a ocorrência do não para haver indenização? NÃO). 
 
Socialização dos riscos: toda a sociedade responde. 
 
No direito ambiental pode-se falar em responsabilidade preventiva, pois há dificuldade de 
retomar o status quo ante. 
 
11/03/13 
 
Medidas preventivas 
 
Se relacionam com os princípios de prevenção e precaução. Tudo que antecede o dano 
ambiental. 
 
Precaução: risco incerto de dano grave e/ou irreversível. 
Prevenção: se aplica quando há certeza científica, é um perigo. 
 
Instrumentos de Prevenção de Dano Ambiental: 
 
1) EIA (Estudo de Impacto Ambiental) – equipe multidisciplinar, cada especialista lê 
apenas a parte que concerne à sua especialidade. 
RIMA (Relatório de Impacto ao Meio Ambiente) – relatório/estudo do EIA para leigos, 
com linguagem acessiva. 
 
O EIA, em síntese, nada mais é que “um estudo das prováveis modificações nas diversas 
características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um 
projeto proposto”. 
 
Medida preventiva deve prever os danos e evitá-los. 
 
Deve ter publicidade, por meio de (i) veiculação, geralmente do RIMA, em mídia; e (ii) 
realização de audiências públicas, nas quais haverá uma discussão com a população afetada 
pelo projeto, membros de órgãos ambientais e Ministério Público, e os empreendedores 
sobre os fatores positivos e negativos do projeto. 
 
Publicidade e audiência públicas – comentar sobre EIA/RIMA. 
 
Dano ambiental – deve ser avaliado antes da medida preventiva. Assim, o dano ambiental 
será discutido de forma a se estabelecer a medida preventiva, analisando-se o EIA/RIMA. 
 
2) Licenciamento ambiental: é produzido após estudos como EIA/RIMA, sendo um 
estudo ambiental que, dependendo do resultado, se chega à conclusão sobre qual o 
empreendimento necessário. 
 
O EIA/RIMA é um estudo realizado para apresentar ao órgão ambiental competente pelo 
licenciamento do empreendimento/atividade, para que a licença seja emitida. Não é o único 
estudo, existem por exemplo o Relatório AmbientalSimplificado (RAS), Plano Básico 
Ambiental (PBA), Relatório Ambiental Preliminar (RAP)... 
 
O licenciamento é um processo administrativo como qualquer outro, em que as partes são o 
empreendedor, o órgão ambiental, e às vezes, o Estado. Começa a partir do pedido do 
licenciamento e da apresentação de um estudo (por exemplo, EIA e RAS). São três fases: 
 
a) Licença prévia (LP) – aprovação da localização do empreendimento. Ainda não pode 
instalar; 
b) Licença de instalação (LI) – aprovação da instalação do empreendimento: início da 
instalação/construção; 
c) Licença de operação (LO) – aprovação da operação: início da operação. 
 
Após adquirida a licença prévia, é requisitada a licença de instauração. Quando ela é 
adquirida é possível começar a construir. A de operação é solicitada para que se possa 
colocar o estabelecimento em funcionamento. Pedir é diferente de adquirir – há toda uma 
discussão e avaliação para se decidir sobre a concessão de licença ou não. 
 
De tempos em tempos a licença deve ser renovada. Dependendo do grau de impacto, a 
validade da licença pode ser maior ou menor, tudo para que seja evitado o dano ambiental. 
Apenas a licença de operação é rediscutida. 
 
Com o EIA/RIMA e audiência pública há a possibilidade de o MP embargar o 
empreendimento ou até mesmo envolver política (partidos contrários questionando a obra – 
vide caso do Metrô em São Paulo), por isso muitos empreendedores tentam evitá-los. 
 
Rol exemplificativo de licenciamentos: 
a) Ambiental – prévio, instalação e operação; 
b) Urbanística – alvarás, habitação; 
c) Sanitária – parecer. 
 
3) Outras medidas preventivas 
 
I) Desenvolvimento sustentável 
 
Fundamentos: As esferas consideradas no desenvolvimento sustentável são: meio ambiente 
(aspecto ecológico), social e econômico. Assim, deve ser algo que traz lucro, mas, ao 
mesmo tempo, não causa influencias negativas na sociedade nem no meio ambiente. Apesar 
de sempre se falar em menor dano ambiental possível, é admissível que um 
empreendimento gere ganho ambiental (exemplo: antes de construir deve-se descontaminar 
uma área e arborizá-la). 
 
II) Princípios: 
 
A) Poluidor-pagador: o empreendedor/usuário/poluidor deverá arcar com os custos da 
prevenção, reparação e repreensão. Quem polui deve arcar com os custos. 
 
B e C) Princípios da prevenção e da precaução (vide acima). 
 
D) Destinação sustentável 
 
Medidas preventivas X Penalidades 
 
Dano – Sanção (muito cara para um final que nem sempre é eficaz) e penalidade. 
 
Grande objetivo do direito ambiental é a proteção do meio ambiente, devendo-se 
teoricamente focar nas medidas preventivas (pois há danos irreversíveis). No entanto, 
atualmente, foca-se na sanção, com a visão civilista espera-se o dano para dano para depois 
cobrar indenização (responsabilidade civil). 
 
O foco atual do direito ambiental está na vertente punitiva, de responsabilidade civil e 
sanção. Estado como fiscalizador juntamente com o magistrado, MP, advogado. Problema: 
medida muito cara para um final nem sempre eficaz. 
 
Deveria haver uma inversão de foco para as medidas preventivas, que tendem a ser bem 
mais baratas e evitam a ocorrência do dano. 
 
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – ligado ao Ministério do Meio 
Ambiente – edita resoluções que tem quase força de lei (pois essa matéria é muito técnica e 
específica, não sendo possível ao legislativo formular leis a esse respeito). 
 
Resoluções 01/1986 e 237/1997 são as duas mais importantes (levar na prova). 
 
 
Função sócio-ambiental da propriedade (artigos 182 186 CF – função social) 
 
Na zona urbana há um plano diretor que dirá se a função social está sendo cumprida, 
dizendo onde se pode construir, o que se pode construir, como construir, etc. Se o plano 
diretor for descumprido, pode-se perder a propriedade. Na zona rural não há plano diretor, 
basta não degradar vegetação, não ter área não utilizada, não ter trabalho escravo, etc. 
 
Reserva legal é a parte (20% - 80%) que deverá permanecer intocada na propriedade rural. 
A extensão depende da área em que se localiza a propriedade (p. ex. Amazônia – 80%). No 
meio rural se protege o meio ambiente para quem mora no meio urbano (matem parte 
intacta para equilibrar o ambiente para todos; meio rural leva “desvantagem”). 
 
Áreas de Preservação Permanente (APP) – áreas que tem que ser preservadas (p. ex. topo 
de montanha por risco de desabamento, mata ciliar do rio). No meio urbano também há 
APP, mas são bem menos respeitadas. 
 
Aplicação do Código Florestal: há quem diga que não é aplicado em meio urbano. 
 
Unidades de conservação – comuns em ambiental rural, mas também existem no meio 
urbano (APA: área de preservação ambiental). 
Monitor Yuri - 18/03/13 
 
Bem ambiental 
 
Tópicos da aula: 
 
⇒ Artigo 235 da Constituição Federal 
 
⇒ Diferença entre bem ambiental e outros bens 
 
⇒ Direito comparado 
 
Artigo 235 da CF: " todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público 
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações." 
 
Assim, o bem ambiental é um bem de uso comum do povo, sendo ele o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. Há vários tipos de meio ambiente, sendo eles os seguintes: 
➝ Natural (solo, água, animais, etc.) 
➝ Artificial (criado pelo homem: urbano e rural, sendo que no rural, seria tudo que foi 
criado pelo homem, como por exemplo uma plantação) 
➝ Do trabalho ou laboral (onde o trabalhador desenvolve suas atividades) 
➝ Cultural (artigo 216 da Constituição Federal: resumidamente, tudo aquilo que se refere a 
identidade, memória da população: manifestação cultural). 
 
Supondo-se que todos esses ambientes estejam em equilíbrio, se chega ao bem ambiental. 
A titularidade do bem ambiental é dupla, sendo um titular o agente privado e o outro titular 
a coletividade, sendo que cada um impõe limites ao outro com relação ao uso da 
propriedade do bem ambiental. Por conta dessa dupla titularidade, a função da 
propriedade do bem ambiental é sócio-ambiental (artigo 182 e 183 da CF e artigo 
1228, §1º do CC). 
 
O sujeito passivo do bem ambiental são todos, incluindo estrangeiros, não existindo 
exceção. O sujeito ativo do bem ambiental são todos também, assim o dever e o direito 
recai sobre todos, sendo que a Constituição Federal impõe tais direitos e deveres. 
 
Lei nº 7.347/85 (“Lei da Ação Civil Pública”) trata das ações civis publicas. e Lei nº 
4.717/65 (“Lei da Ação Popular”) trata das ações populares. As ações servem para se 
defender, sem a necessidade de saber quem é o proprietário, quem é o responsável, 
podendo-se ajuizar a ação contra todos os potenciais infratores, os quais terão o ônus de 
encontrar entre eles os responsáveis pelo prejuízo ou potencial prejuízo ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado (reponsabilidade solidária). 
 
No direito ambiental existem muitos instrumentos para a proteção do meio ambiente, como 
por exemplo a inversão do ônus da prova. 
 
No fim do artigo 235 da CF, fala que o direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado também pertence às gerações futuras, ou seja, é um direito futuro. Outra 
característica vinculada ao bem ambiental, sendo que por construção doutrinaria, o bem 
ambiental não se encontra dentro da classificação de bem publico ou privado, sendo uma 
terceira classificação. 
 
O bem ambiental não é um bem corpóreo necessariamente, como por exemplo, o meio 
ambiente cultural pode ser muita coisa, podendo às vezes ele ser uma ofensa ao meio 
ambiente (como por exemplo o rodeio que esta sendo criticado atualmente por conta dos 
maus tratos aos animais). 
 
O ambiente ecologicamente equilibrado significa preservado, social, cultural e ambiental 
convivendo juntos em equilíbrio. 
 
Durante muito tempo, a propriedade privada era livre da intervenção do Estado, tendo o 
conceito de propriedade privada flexibilizadosomente mais tarde. Assim, antigamente, 
podia-se fazer o que quisesse na área social, econômica e ambiental. Qualquer restrição à 
propriedade privada foi tomada como uma ofensa e restrição a propriedade. 
 
Direito comparado: 
Nos EUA, há os punitive damages, inexistentes no Brasil. A responsabilidade civil no 
Brasil está focada na reparação dos danos. A partir do dano nasce a relação entre o infrator 
e a vitima, sendo que no campo da responsabilidade civil, se procura achar quais foram os 
danos e a perda sofridos pela vitima, para que eles sejam reparados ($). Nos punitive 
damages, foca-se também no infrator, procurando-se saber o quanto que o infrator pode e o 
quanto que ele deve pagar, após analisar os danos que ele causou, como causou, sua 
capacidade financeira. 
 
Normalmente o calculado pelo método dos punitive damages é maior do que o que seria 
calculado pela responsabilidade civil (exemplo de dano de 100 mil reais causados por uma 
empresa multinacional, no entanto, pelo método dos punitive damages, será condenada a 
pagar 5 milhões de reais, uma vez que 100 mil reais não faria diferença alguma à empresa 
multinacional). 
 
O problema da punitive damages é que ela assusta as pessoas por conta das consequências 
econômicas que causa, pois leva empresas à ilegalidade no mercado, por conta do medo 
causado pelos punitive damages (os valores que serão arbitrados como pena são muito 
grande, então prefere-se não obedecer as leis ambientais do que tentar implementar a lei 
ambiental e depois receber multas gigantescas por conta de algum problema posterior e 
falir). 
 
Com isso, a doutrina diz que é melhor se instituir a responsabilidade civil e não os punitive 
damages, para se incentivar as empresas a sair da ilegalidade e aplicar as medidas exigidas 
pela lei ambiental. 
 
No entanto, poderia se dizer que se fosse utilizado esse mecanismo de punitive damages no 
Brasil, poderia ser alegado um suposto enriquecimento ilícito, mas seria apenas 
supostamente, pois na verdade a quantia a ser paga foi estabelecida por um juiz, não se 
podendo dizer que realmente houve um enriquecimento ilícito. 
 
A responsabilidade ambiental é dividida em três: civil (responsabilidade civil), criminal 
(prisão), administrativa (multa de efeito educativo, reparados e repressivo, focada no dano, 
devendo levar em consideração a condição financeira/poder aquisitivo do infrator). A 
legislação infraconstitucional coloca um teto de 50 milhões de reais para a multa 
administrativa, apenas as multas civis não têm um teto. 
 
Ver leis 6.738/81 e 6.514/08. 
 
Livro recomendado: Silent Spring, de Rachel Carson. Conta uma história americana do 
começo do uso de fertilizantes e agrotóxicos na agricultura, percebendo-se algumas 
consequências. Ao se ver os efeitos dos agrotóxicos, se deu inicio a uma preocupação 
ambiental mais forte, e uma globalização de tal preocupação. 
 
Semana Santa - 25/03/13 
 
01/04/13 
 
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 
 
A responsabilidade ambiental pode ser civil, penal e administrativa. Na responsabilidade 
civil, os pressupostos são o dano, nexo de causalidade e a ação ou omissão. Não há culpa 
como pressuposto, pois estamos trabalhando com uma responsabilidade objetiva, uma vez 
que o artigo 927, parágrafo único, afirma que a responsabilidade objetiva será nos casos 
previstos em lei e nos casos de risco (risco da atividade ou atividade de risco), e a 
responsabilidade ambiental se encontra na hipótese da lei (questão de maior proteção, para 
se evitar uma discussão a respeito da existência ou não do risco): Lei 6.938/81 (Lei da 
Política Nacional do Meio Ambiente) artigo 14, §1º. 
 
Atividade de risco x Risco da atividade 
 
Questão de ação e omissão: abuso de direito (artigo 187 do CC). Trata de uma 
responsabilidade objetiva, pois não exige a intenção de prejudicar, a culpa. No direito de 
vizinhança, se utiliza conceitos interessantes para o fim de responsabilidade ambiental, 
como por exemplo, o uso normal da propriedade (artigo 1277 do CC). 
 
Limite de responsabilidade – questão da vizinhança: 
O juiz, no caso concreto analisará através do critério do homem médio (daquilo que é 
razoável). Analisar a possibilidade de o meio ambiente absorver o impacto causado – todas 
as atividades geram impacto ao meio ambiente, necessário avaliar, portanto, se é algo que o 
ele pode suportar para saber se a atividade pode continuar a ser desenvolvida. 
 
Dano X impacto da atividade → EPIA (ambiente pode absorver o impacto?) – hoje admite-
se que até mesmo o impacto pode causar responsabilidade. Os dois sistemas são paralelos. 
 
Responsabilidade solidária: objetiva por causas e concausas (Artigo 992 do CC, 
solidariedade), várias causas, vários agentes, necessária previsão legal ou contratual para 
haver responsabilidade solidária (artigo 942). 
 
Lei 6.938/81 – artigo 3º - conceito de poluidor e poluição. 
 
Responsabilidade do agente financiador da atividade 
 
Como fica a responsabilidade do Estado? É solidária? 
REsp 1071741-SP: responsabilidade solidária (de execução subsidiária – só surge se o 
devedor principal não pagar) e ilimitada, aplica-se inversão do ônus da prova. Omissão do 
Estado. No caso entenderam que a responsabilidade por omissão é subjetiva (outros 
julgados consideram objetiva – ver a análise dos julgados abaixo). 
 
 
08/04/13 
 
Nexo de causalidade 
 
Pressupostos da responsabilidade: 
a) Ação ou omissão; 
b) Nexo (ligação entre a e c) – Função: reparativa, preventiva e punitiva. 
c) Dano. 
 
O nexo faz a ligação entre a ação/omissão e o dano. É um elemento importante que reporta 
às próprias funções da responsabilidade civil (= reparação do dano). Atualmente existe uma 
flexibilização do nexo de causalidade no direito ambiental, via inversão do ônus da prova – 
isso porque, na prática, é muito difícil provar/encontrar o nexo de causalidade no direito 
ambiental. Noções da lex aquilia já estão superadas. 
 
Nexo – relação entre o evento danoso e a ação que o produziu. Funções do nexo: atribuição 
de responsabilidade, determinar a extensão do ressarcimento. 
 
Visão do nexo, muitas vezes, não será tão natural (atribuição jurídica de responsabilidade), 
a fim de garantir a responsabilização das empresas e ressarcimento pelo dano ambiental 
(reforçar responsabilidades). O estudo do nexo passa a ser mais relevante nas situações do 
estudo do risco. 
 
A noção de culpa permaneceria para tentar estimular a função preventiva – culpa afetando o 
quantum indenizatório; relevância da conduta preventiva da empresa. 
 
Atividade perigosa – ampliação do nexo de causalidade, pois não se aplicam os excludentes 
de responsabilidade. Teoria do risco integral (única excludente – culpa exclusiva da vítima) 
– algo legislado para dano nuclear, mas ainda controverso no dano ambiental. 
 
Teorias do nexo (anotações parciais) 
 
1) Teoria da equivalência das condições: generalizadora, não faz diferença entre causa 
e condição – tudo que contribui para o dano é considerado como causa; e tudo que 
poderia ser eliminado da cadeia causal e não afeta a ocorrência do dano não é causa. 
Não é utilizada no direito civil. 
 
2) Teorias individualizadoras – separam causa de condição. 
a. Teoria da causa próxima: analisa qual a causa mais próxima do resultado 
danoso. Problema: não tem como saber qual a causa mais próxima. 
b. Teoria dos danos direitos e imediatos: artigo 403 CC – para a professora não 
é aplicada. 
c. Teoria da causalidade adequada: critério de adequação – a causa é adequada 
para produzir o resultado? Prognose póstuma – adequação abstrata. 
 
No direito ambiental é sempre necessário fazer uma adaptação das teorias. 
Obrigação propter rem x teoria do escopo da norma violada (nos casos, por exemplo de 
compra de terreno contaminado – se o adquirente tiver que responder, para a professora, 
será com base nessa teoria do escopo da norma – nexo jurídico). 
 
Julgados analisados em aula 
 
1) Quatro empresas produtoras de um remédiolesivo (uma grande, duas médias e uma 
pequena). É cabível responsabilizar as quatro de uma só vez? Cada uma foi 
responsável com base na parcela de mercado ocupado (teoria americana de 
participação no mercado). 
2) Administradora de shoppings contrata uma construtora que contrata uma 
transportadora de resíduos (responsabilidade pela destinação final) – solidariamente 
responsáveis, direito de regresso. 
 
 
15/04/13 
 
Dano extrapatrimonial ambiental (dano moral) 
 
Esquemas do quadro: 
 
Dano – Patrimonial – Dano emergente e Lucros cessantes 
 – Extrapatrimonial – dano direito e dano indireto (reflexo). 
 
Objeções que já foram colocadas contra o dano moral: 
- Falta de efeito penoso 
- Incerteza de um direito violado 
- Indeterminação do número de lesados 
- Amplo poder conferido ao juiz (cláusulas gerais do CC ampliaram esse poder) 
 
Natureza jurídica: 
- Compensadora 
- Sancionadora 
- Como é extrapatrimonial não tem função ressarcitória 
 
Funções da responsabilidade civil: 
- Reparatória: cessação e eliminação do prejuízo; 
- Compensatória: cessação e supressão de uma situação; 
- Preventiva: fator de desestímulo. 
 
Anotações da aula 
 
Não é dano propriamente moral, mas sim extrapatrimonial, pois não há uma aferição 
patrimonial. Ainda assim esse é o termo que ficou consolidado para se referir a esse tipo de 
dano. Pela falta de aferição patrimonial, esse dano moral é entendido como 
extrapatrimonial. 
 
O dano reflexo indireto é reconhecido em vários julgados, apesar de não ter como foco o 
interesse difuso. 
 
Dificuldade do dano moral direto: quantificar. 
 
Já foram muitas as objeções à aplicação do dano moral (ainda que fora do direito 
ambiental), hoje em dia houve uma grande evolução com relação a esse tema, sendo 
consolidada sua aplicação. 
 
Natureza jurídica: como não se retorna ao statu quo ante (via de regra) o caráter não é 
ressarcitório, mas sim compensatório pela perda do bem ou pela demora de se voltar à 
situação anterior. 
 
Muitos julgados conferem aa esse dano um caráter de punição, visando desestímulo da 
conduta – o que é positivo no direito ambiental, tendo em vista que o foco deve ser evitar 
que o dano ocorra. 
 
Artigo 944 CC – extensão do dano x caráter punitivo (se o § permite reduzir o dano, 
também permite aumentar). 
 
O dano moral ambiental é um dano que protege o interesse difuso e não tem base 
patrimonial. Está associado a uma perda de qualidade de vida, mas vai alem disso. 
Normalmente é relacionado à um dano macro-ambiental (meio ambiente como um todo, 
para a coletividade), quando é direito. E a um dano micro-ambiental quando é indireto 
(reflexo). 
 
Direito da personalidade – direito a viver em um ambiente ecologicamente equilibrado. A 
qualidade de vida se relaciona fortemente à saúde. Tudo que envolve dano ambiental está 
ligado a uma perda de qualidade de vida – por isso sua função é compensatória e 
sancionadora. 
 
Quando atribuir o dano moral? 
a) Quando há demora para retornas à situação anterior – durante o período de 
recuperação há perda de qualidade de vida. 
b) Quando é impossível retornar à situação anterior, sendo possivel apenas a 
compensação e não a restauração do ambiente equilibrado – ambiente compensado 
= indenização. 
 
Aplicação do dano moral – aspectos: 
- mais fácil reconhecer a partir do momento em que é reconhecido o dano moral à PJ. 
- dificuldade de cálculo – valoração complexa 
 - compensatório + punitivo 
 - evita enriquecimento sem causa 
 
PL 1914/03 – fatores do dano moral: 
- situação econômica do ofensor; 
-intensidade do ânimo de ofender 
- gravidade da repercussão da ofensa; 
- posição social do ofendido; 
- sofrimento*. 
 
* Atualmente entende-se que não é fator essencial o sofrimento, principalmente na sua 
aplicação à PJ e no direito ambiental. 
 
Questões atuais: 
- como quantificar o dano ambiental 
- como viabilizar o funcionamento do Fundo de Interesses Difusos. 
 
22/04/13 
 
Dano material 
 
Artigo 944 CC – a indenização se mede pela extensão do dano. 
Dano fático – perspectiva física que justifica a noção de dano fático. 
É possível falar em dano jurídico (inobservância da norma) – situações ligadas ao meio 
ambiente. 
 
Como trabalhar com a reparação do dano (requisitos): violação ao interesse jurídico 
tutelado, dano deve ser certo, subsistência do dano, imediaticidade (artigo 413) – danos 
diretos e imediatos. 
Dano presente e dano futuro – é possível falar em responsabilidade por dano futuro? Se for 
certo, SIM. 
Dano de risco – responsabilidade em razão do risco envolvido na atividade. 
 
Determinadas situações dão consequências da violação do Direito: tutela de prevenção, 
tutela de ressarcimento, probabilidade de ocorrência. 
 
Dano social (Junqueira – dano que provoca diminuição no nível de vida da população, são 
uma maneira de inserir os punitive damages no nosso ordenamento) – nível de vida da 
população - algumas práticas que envolvem meio ambiente e são recorrentes. 
 
Monitor Yuri – Dano Patrimonial 
 
Dano ambiental: toda degradação ambiental que atinge o homem e sua saúde, segurança ou 
bem estar; todas as forma de vida, animal e vegetal, o meio ambiente em si, em seu aspecto 
natural, cultural e artificial. – há quem diga que não existe lesão especificamente ao homem, 
mas apenas ao bem difuso. O dano que reflete na propriedade é meramente reflexo. 
 
Características do dano ambiental: multifacetário – vária pessoas, várias naturezas de dano 
ambiental, presente/futuro, local/transfronteiriço, vários biomas, recursos naturais distintos. 
 
Impacto ambiental – qualquer alteração ao meio ambiente. Absorção: quando não é 
absorvido e causa dano ao meio ambiente se caracteriza o dano ambiental. 
 
Formas de reparação do dano ambiental (pela ordem de preferência): 
- Recomposição; 
- Compensação; 
 - Indenização. 
 
Instrumentos para a reparação do dano: 
 
1) Processo administrativo/ Ação judicial: Ação civil pública, ação popular, ação de 
responsabilidade civil. Ação popular é um bom mecanismo? Um ponto positivo é 
que qualquer cidadão é competente para propor, um problema é que se torna um 
mecanismo político o que acaba sendo um ponto negativo. 
2) Fundo de restituição dos bens lesados. 
3) Seguro ambiental: contrato celebrado com uma instituição financeira, que garante 
que o dinheiro usado para sanar o prejuízo causado, será restituído. 
4) Repressão penal: Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998). 
 
Externalidade negativa: os danos da atividade são absorvidos pela sociedade e o lucro fica 
com o empreendedor. Ex. empresa que causa mal cheiro, mas gera empregos, reaproveita 
resíduos – moradores podem ser obrigados a agüentar o cheiro. 
 
Impacto ambiental: qualquer alteração do meio ambiente. Dano é diferente de impacto. 
Enquanto o impacto é absorvido pelo meio (absorção), o dano é o impacto que o meio não 
absorveu, logo causou uma degradação (regeneração). 
 
 
FICHAMENTOS 
 
Texto: LOPEZ, Tereza Ancona. “Sociedade de risco e direito privado: desafios 
normativos, consumeristas e ambientais”. São Paulo, Editora Atlas, p. 3-13. 
 
O texto tem como objeto de estudo a responsabilidade civil na sociedade de risco, 
sociedade esta que é caracterizada pelo acelerado progresso tecnológico e científico, o qual 
traz grandes riscos à civilização não só naturais como também morais e materiais, apesar de 
ter como objetivo a melhora da vida de todos. Mesmo com medidas prevenção destes riscos, 
não existe risco zero na sociedade de risco, uma vez que as inovações científicas e 
tecnológicas possuem efeitos imprevisíveis. 
Foi ressaltado que os riscos sempre existiram, porém, os riscos presentes na sociedade 
contemporânea são os denominados novos riscos, aqueles que podem levar a danos graves 
e irreversíveis às pessoas e ao meio ambiente: são os riscos do progresso. 
Os princípios da prevenção e da precaução foram criados com o objetivo de evitar ou 
amenizar a possibilidade destes novos riscos. O princípio daprevenção é aplicado “quando 
o risco de dano é concreto e real”1, ou seja, quando há o perigo (risco conhecido). Já o 
princípio da precaução é aplicado “no caso de riscos potenciais ou hipotéticos, abstratos, e 
que possam levar aos chamados danos graves e irreversíveis”2, ou seja, é o “risco do risco”. 
Há um grande dilema ao se verificar se as medidas antecipatórias do risco devem ser 
tomadas, o que tornava, antigamente, a aplicação da precaução e da prevenção intuitiva. 
Hoje em dia, há a aplicação técnica para os novos riscos. 
Na Responsabilidade civil, “os princípios da prevenção e da precaução se manifestam na 
atitude ou na conduta de antecipação de riscos graves e irreversíveis”3. Esses princípios 
devem ser aplicados dentro dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, caso 
contrário podem prejudicar o progresso econômico, científico e social. Sem a razoabilidade 
e a proporcionalidade, poderia ocorrer o abuso da utilização destes princípios, o que já 
ocorre nos dias atuais com, por exemplo, o princípio da dignidade humana. 
O fundamento ético do princípio da precaução está na prudência, de acordo com Aristóteles. 
Já os fundamentos jurídicos são vários, sendo o primeiro a obrigação geral de segurança 
positivada na Constituição Federal e no Código de Defesa do Consumidor. 
Atualmente, deve-se reconhecer a noção de incerteza, sendo que as obrigações morais 
tomam a forma ética e a responsabilidade se torna um reflexo da noção de precaução. Desta 
forma, “é o paradigma da segurança que transforma os princípios da responsabilidade e da 
solidariedade em princípio da precaução”4. A responsabilidade civil evoluiu com a inclusão 
da obrigação geral de segurança. 
Em seguida, foram enumerados fundamentos jurídicos do princípio da precaução no direito 
brasileiro: artigo 3º da Constituição Federal de 1988 (prevê a solidariedade); artigo 5º, 
XXXV, CF; artigo 5º, caput e artigo 6º da CF (prevê a segurança como direito e garantia 
individual e coletiva e como direito social, sendo que o princípio da precaução vai 
desenvolver o princípio da segurança); fundamentos estatutários (como o CDC); 
Declaração do Rio de janeiro (1992), princípio 5; ordenamentos nacionais e supranacionais 
que tratam do princípio da precaução; analogia legis (aplicação em casos semelhantes e 
com mesma razão de direito, e diante de lacuna sobre precaução, usar-se-á a norma prevista 
para hipótese semelhante); e princípios inspiradores do sistema (como princípio da 
solidariedade, da segurança, da ética social, entre outros). 
Assim, a partir da admissão dos princípios da precaução e da prevenção, a 
Responsabilidade Civil do século XXI passou a ter três funções principais: função 
compensatória (principal, com base no princípio da reparação integral dos danos sofridos); 
 
1
 
1
 LOPEZ, Tereza Ancona. “Sociedade de risco e direito privado: desafios normativos, consumeristas e 
ambientais”. São Paulo, Editora Atlas, p. 6 
2
 Idem, p. 6 
3
 Idem, p. 7 
4
 Idem, p.8 
função dissuasória (indenizações contra autor do dano; função preventiva; caráter de pena 
privada); e função preventiva em sentido lato (engloba os princípios da precaução e da 
prevenção, havendo antecipação de riscos e danos). 
Desta forma, surge a responsabilidade preventiva, que funcionará ao lado da 
responsabilidade reparadora, sendo ambas necessárias 
Na aplicação do princípio da precaução, é necessário separar os conceitos de 
responsabilidade e indenização, sendo ambos distintos. Além disso, é possível caracterizar 
a ameaça ou risco de danos graves e irreversíveis como dano (prejuízo), o que permite a 
indenização pelo mero risco, uma vez que o dano é o risco. A solução, portanto, é a 
aplicação do princípio da precaução, uma vez que os riscos são hipotéticos, sendo que a 
precaução consistirá em gerenciamento dos riscos por meio da informação e, somente 
quando houver base na ciência para diminuir os possíveis riscos, será adotada alguma 
atitude efetiva de prevenção e precaução. 
No entanto, por os riscos serem hipotéticos, não há como ter muita precisão na avaliação do 
risco, sendo algo subjetivo, o que torna mais difícil a aplicação destes princípios. 
Conclui o texto que a responsabilidade fundada no risco tem tanto fundamento econômico 
como ético, se resumindo na solidariedade. Assim, a “doutrina da “socialização dos riscos” 
tem fundamento ético na solidariedade social como necessidade de reparação integral de 
todos os danos”5. Os riscos são sociais, não mais individuais, ou seja, o risco se coletiviza. 
A coletivização dos riscos tem como pilares o seguro social e o privado de responsabilidade 
civil. No entanto, a verdadeira socialização dos riscos depende do seguro social e do seguro 
privado obrigatório, caso contrário não existiria solução ao problema das indenizações. O 
seguro obrigatório torna a responsabilidade civil objetiva e o ressarcimento certo. Com isso, 
perde a importância da fundamentação da responsabilidade na teoria da culpa ou do risco. 
A ampla socialização dos riscos também pode tirar o incentivo da tomada de precaução 
diante dos riscos e da prevenção de perigos, pois o seguro é o oposto da conduta preventiva, 
podendo tal conduta tornar os responsáveis pelo risco menos cuidadosos. Tal fato é 
prejudicial à sociedade, uma vez que determinados danos, tais como os danos ambientais, 
são praticamente irreversíveis, tendo em vista a quase impossibilidade de se retornar ao 
status quo ante. 
 
Texto: Novas Necessidades Precaucionais e Preventivas da Responsabilidade Civil 
Ainda que tenha havido grande evolução nos métodos de proteção ao meio ambiente ainda 
não estamos em uma situação ideal. Em sua abertura o texto deixa claro que os mecanismos 
de precaução ainda que importantes precisam ser complementados por outras formas de 
controle ao dano ambiental. Uma das formas de se complementar as medidas de precaução 
é através da responsabilidade civil. 
A proteção do meio ambiente através da responsabilidade civil voltou a tomar força por 
volta dos anos 80, sendo necessário adaptar o instituto a tal fim. Contudo, sua aplicação 
deve ser subsidiária. O foco deve ser nos mecanismos preventivos, para evitar a ocorrência 
do dano ambiental, tendo em vista que eles são de difícil reparação. 
Apesar de o Código Civil tratar da questão da responsabilização por riscos no direito 
ambiental, isso é feito de maneira muito superficial. Tendo em vista a responsabilidade 
civil, o texto passa a tratar da responsabilidade objetiva. A aplicação da teoria objetiva é 
considerada um avanço, tendo em vista que é muito mais simples a responsabilização 
 
5
 Idem, p. 11 
quando não é necessário aferir a existência ou não de culpa do agente. Mais importante, 
como não é relevante o conceito de culpa, o possível agente poluidor acaba tentando inibir 
possíveis riscos a fim de evitar futura responsabilização. 
No que tange ao momento anterior à responsabilização, de tentar se evitar o dano, são dois 
os principais princípios: precaução e prevenção. O primeiro se aplica quando há o risco de 
um dano, ainda que ele não tenha sido comprovado cientificamente e que não haja qualquer 
nexo causal; por isso, entende-se que ele encerra uma conduta genérica in dubio pro 
ambiente. Há muitas críticas a seu respeito, pois, por ser tão genérico acaba sendo de difícil 
aplicação prática. O princípio da prevenção, por sua vez, também busca remédios 
antecipatórios contra o dano ambiental. Contudo, ela implica no modo de desenvolvimento 
da atividade econômica – os argumentos econômicos não podem prevalecer sobre a 
avaliação do risco. 
Apesar desses dois princípios, existe um déficit na sua aplicação, dessa forma, a 
responsabilidade civil existe para suprir esse déficit de aplicação da norma ambiental. Essa 
responsabilização cumpre várias funções, dentre elas a compensação de vítimas, prevenção 
de acidentes, minimização dos custosadministrativos do sistema e de retribuição. Vale 
ressaltar ainda, que a própria responsabilização pelo dano ambiental acaba também 
funcionando, como já foi dito, como um fator de prevenção; estimulando a adoção de 
medidas por parte de todos para evitar danos futuros e os possíveis prejuízos de uma 
responsabilização. 
No âmbito do direito ambiental também ganha foco o estudo das medidas processuais de 
urgência que podem ser adotadas em uma ação civil pública, a fim de se evitar que um dano 
ocorra ou que ele se perpetue. Contudo, a concessão de tais medidas sempre encontra 
limites nos demais valores constitucionais envolvidos no caso concreto, por isso, é sempre 
necessária uma harmonização de princípios ou, em último caso, um sopesamento para se 
aferir qual o mais adequado ao caso. 
Diante de todo o exposto, percebe-se que o foco do direito ambiental deve sempre ser nas 
medidas preventivas, a fim de ser evitar a ocorrência do dano ambiental, abrindo mão de 
todas as medidas possíveis (até mesmo as processuais). Por isso, deve sempre se buscar 
uma instrumentalidade cada vez maior as normas ambientais, bem como à sua aplicação. 
Ainda é grande o número de questões ambientais, de problemas a serem solucionados, 
impasses legais e burocráticos a serem vencidos. Mas devemos sempre buscar a melhoria 
desse sistema e a tomada de novas medidas, principalmente as preventivas, tendo em vista 
que na maioria dos casos os danos ambientais são irreparáveis ou de difícil reparação, 
fazendo com que a mera responsabilização posterior – apesar de ser medida importante – 
não proporcione ao direito ambiental sua principal função: preservação do meio ambiente. 
 
 
Análise dos Julgados 
Pela leitura de todos os julgados percebe-se que, com o passar do tempo, houve uma 
consolidação de posicionamento do STJ com relação à responsabilidade ambiental do 
Estado. 
Em primeiro lugar, atualmente não há discussão sobre culpa, entende-se que a 
responsabilidade por dano ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo 
regida pelos princípios poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da 
reparação in natura e do favor debilis – independentemente de quem seja o 
responsabilizado: particular ou Estado. 
Em segundo lugar, e um dos posicionamentos mais interessantes, pode haver 
responsabilização do Estado por uma omissão. Os acórdãos lidos defendem, enfaticamente, 
que a ausência de cautelas fiscalizatórias ou da tomada de todas as medidas possíveis por 
parte do Estado seria uma omissão, fazendo com que ele concorra à produção de um dano 
ambiental, levando à sua responsabilização objetiva do Estado. 
Um dos julgados defende ainda que é obrigação do Estado se utilizar do “desforço 
imediato” para impedir qualquer turbação ou esbulho quando se trata de área de 
preservação ambiental. Antigamente tal medida era bem criticado (por conta dos abusos 
cometidos e do foco individualista que ela possuía), mas hoje, com relação ao Estado (por 
se visar a proteção de um bem público), é defendido como postura a ser tomada. 
Ainda, importante ressaltar, que não basta a tomada de uma medida qualquer para que não 
se configure a omissão. Devem ser tomadas todas as medidas possíveis e cabíveis para 
evitar o dano causado. Se o Estado não tomou todas as medidas ele também é considerado 
responsável pelo dano. No plano constitucional, o fundamento maior do dever-poder de 
controle e fiscalização ambiental encontra-se no art. 225. 
O principal motivo dessa responsabilização é a busca de efetividade aos dispositivos legais. 
Tanto os indivíduos quanto o Estado devem ser punidos quando descumprem deveres 
legais, se não forem a lei é apenas um papel com dizeres sem efetividade, e não há proteção 
efetiva ao meio ambiente. 
A responsabilidade do Estado ainda é considerada por todos os julgados como solidária a 
do particular, apesar de o litisconsórcio ser facultativo, ou seja, cabe ao autor da ação 
incluir o Estado no pólo passivo para que ele possa ser alvo da responsabilização. Há uma 
exceção à regra de que ao devedor não incumbe pagar nada mais do que deve em razão de 
sua ação ou omissão individual, abrindo caminho para a comunicabilidade plena entre os 
débitos de todos os co-devedores, que direta ou indiretamente tenham contribuído para o 
dano. 
Por fim, outro ponto defendido pelos julgados sob análise é de que apesar de objetiva e 
solidária a responsabilidade Estatal é de execução subsidiária. O Estado integra o título 
executivo sob a condição de, como devedor-reserva , só ser chamado quando o degradador 
original, direto ou material (= devedor principal) não quitar a dívida. Essa subsidiariedade 
visa não onerar duas vezes a sociedade (que paga para o Estado funcionar e depois paga 
porque ele não funcionou), para manter o princípio de poluidor-pagador. 
Conclui-se da leitura do julgados que vem sendo traçado um caminho de proteção cada vez 
mais forte e consistente ao meio ambiente, desde sua classificação como bem de uso 
comum do povo, perpassando a responsabilização objetiva, até, finalmente, chegar na 
punição dos órgãos Estatais por sua omissão na sua proteção. Proteger o meio ambiente é 
dever fundamental, que não se resume apenas a um mandamento de ordem negativa, 
possuindo um cunho positivo que impõe a todos a sua proteção, e a punição decorrente do 
não-exercício desse dever.

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