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Comércio Internacional - 29.02

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Direito do Comércio Internacional - Fontoura
DIREITO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
29.02
- 02.05 – prova – 10 pts. 
- 6 aulas para tratar sobre isso.
Dentro do DIP, há o Direito internacional Econômico. Neste, há ramificações: direito da integração, financeiro, monetário -“cambial” (FMI), Investimento Estrangeiro, do Comércio Internacional. Ou seja, este direito do comércio internacional é apenas uma fatia do DIP e do DIN Econômico. Veremos a OMC, o GATT, GATS e o TRIPs na primeira metade do curso. 
DiPri surgiu muito antes do DIP. Embora sejam reunidos no mesmo departamento, são, teoricamente e na prática, coisas quase que distantes. O Direito do Comércio Internacional (DCI) aparece historicamente como uma derivação do DiPri. Na faculdade, quem trouxe o estudo do DiPri foi Irineu Strenger, titular de DiPri e de D. Comercial internacional. A ideia de um DCI aparece de maneira autônoma, própria. Dada a importância e a freqüência do Comércio internacional, os próprios comerciantes acabam criando um direito próprio, autônomo, chamada por alguns de uma nova Lex mercatoria. 
Portanto, o DCI nasce dos advogados e dos juristas ocupados com o DiPri; mas não é técnica de indicação e de aplicação de direito estrangeiro.
Estrutura do curso
- 6 aulas sobre OMC;
- Prova sobre OMC;
- 6 aulas – história de disciplina, Lex mercatoria, cláusulas, contratos típicos, arbitragem internacional... 
- Prova sobre a matéria da segunda metade do curso. 
Trabalho
* grupos de 3 a 5 pessoas – é facultativo entregar na prova ou antes um trabalho, um estudo em que se faça a análise de um caso da Solução de controvérsias da OMC. Para a segunda prova, um estudo de um tipo de contrato (de venda internacional, de transferência de tecnologia etc.). 
- 10, 15 pgs. 
- até 2 pts.
Bibliografia
- Site da OMC. Há inclusive cursos. 
- International Economic Law – 2nd edition –Oxford – Andreas F. Lowenfeld. 
-International Business Law – Comércio Internacional, no sentido de contratos, cláusulas, arbitragem, lex mercatoria…; - 2a metade do curso.
- International Trade Law – trânsito comercial, especialmente de mercadorias – OMC. É uma parte do DIP – 1a metade do curso.
- Droit International Économique – Dominique Carreau, Patrick Juillard. Dalloz, 2nd édition. 
Justificativas do Comércio Internacional
A primeira tendência a tratar a economia internacional de modo sistemático aparece a partir do Renascimento Comercial, com a política internacional do Mercantilismo. As noções básicas do Mercantilismo são: a expressão da riqueza de um país de dá pelo metal; portanto, o comércio deveria gerar um superávit para acumular riqueza. Para ter esse superávit, a venda deve superar a compra, e, para isso, há uma tendência de estabelecer políticas de proteção do mercado, com impostos elevados (de importação, entre outras barreiras comerciais). Há uma relação de monopólio comercial com as colônias. 
No século XVIII, começa-se a discutir o comércio como algo a possibilitar o acúmulo de riqueza e melhores condições de vida. A primeira formulação disso foi feita por Adam Smith, em “A Riqueza das Nações”. 
Teoria das vantagens absolutas 
Os países realizam, se envolvem no comércio para obter aquilo que eles não têm; essa é uma das razões a justificar a existência do comércio. A partir de Smith, a teoria econômica passa a defender que é possível produzir qualquer coisa desde que utilizados adequadamente os meios disponíveis. As teorias econômicas vão começar a levar em conta principalmente o fator “trabalho” para a produção dos bens: para produzir banana na Sibéria ou no Brasil, a diferença é a quantidade do trabalho que será aplicado, ou seja, tudo poderia ser reduzido ao fator trabalho aplicado na produção de cada bem. Passam a utilizar, portanto, para fins de comparação entre os bens, a quantidade de trabalho aplicado para produzir ou obter o bem. 
Por exemplo, em uma período de 100 horas, consigo caçar 4 cervos; no mesmo período, consigo caçar 12 castores. Com esses dados, consigo traçar um gráfico, para obter a fronteira de produção. 
Gráfico 1
castores
cervos
 4
Teoria das vantagens comparativas
Vão além das vantagens absolutas. Por exemplo, alimentação e vestuário. Para uma mesma quantidade de horas de trabalho, EUA e Inglaterra têm produção distinta.
Gráfico 2 (copiei à mão no caderno)
EUA: 
 
	12
	0
	10
	1
	8
	2
	6
	3
	4
	4
	2
	5
	0
	6
Inglaterra:
	4
	0
	3
	1
	2
	2
	1
	3
	0
	4
Supondo que os EUA produziram 8 alimentos (A) /2 vestimentas (V), e vendem 1,5 A e compram 1 V da Inglaterra, que produziu 1/3. No fim, EUA fica com 6,5/3, enquanto a Inglaterra, com 2,5/2. Ou seja, os dois estão melhores que antes. Os EUA são especializados em alimentos, enquanto a Inglaterra, em vestimentas. Por causa do comércio, as condições melhoraram. 
Como saber qual país vai vender qual produto, como fazer? Pela diferença comparativa. Por exemplo, A produz 12 alimentos, e 6 vestimentas; B produz 4 alimentos, e 4 vestimentas. 12/6=2, e 4/4=1; 2>1, ou seja, o pais A vai vender alimentos.
Os modelos utilizados se formam com 1 fator (w, ou trabalho), 2 produtos e 2 países, e com o custo de mobilização zero. Há um outro modelo que poderia ser aplicado: 3 fatores (l, w, k), 2 países, 2 produtos e com custo de mobilização (modelo Heekscher-Ohlin).
Gráfico 3
 
De uma certa forma, quando o Japão exporta automóveis e compra soja, faz isso pela relativa escassez de terra no Japão, pela concentração de capital e de mão de obra especializada, que permitiram que bens como automóveis possam ser produzidos lá. Por esse modelo, o preço do trabalho vai tender a ficar igual a de outros países, assim como os preços das terras, por causa do comércio – seria o igualamento dos preços dos fatores de produção entre os países. 
Nesse contexto, surge um paradoxo: quanto maior o comércio, maior o comércio entre países industrializados, e não entre industrializados e não-industrializados.
Há, portanto, teorias econômicas que justificam o livre comércio. 
07.03
Teoria das vantagens comparativas: O comércio pode trazer vantagens para os países desenvolvidos mesmo quando este país tem desvantagens na produção de um certo bem.
Argumentos contrários ao Comércio Internacional
Se aceitamos a hipótese de que há um igualamento dos preços de produção, alguns países com preço de mão-de-obra alto vão experimentar uma queda desse preço, ou um aumento do desemprego. 
De modo mais sutil, em 1989, 1990, quando se discutia a formação do MERCOSUL, temor da Argentina de que haveria uma migração de empresas para o BR em busca de mão-de-obra mais barata; hoje, é o contrário.
Modelos que consideram que sempre que houver um recurso escasso disponível para haver uma aplicação no trabalho, haverá essa aplicação. O aumento do comércio poderia influenciar a oferta e a demanda de trabalho.
O argumento da teoria das vantagens comparativas é que, em havendo um aumento da disponibilidade de bens, e uma oferta de mão-de-obra, todos poderão se beneficiar, com o comércio. Há, porém, o problema do desemprego e das crises; em países que enfrentam esses problemas, o discurso do livre comércio é mais difícil de ser propagado.
Em suma, embora o modelo das vantagens comparativas, ao explicar o aumento de bens para os mercados, apresente argumentos sólidos, é fato que em situações de crise, quando os níveis de emprego são afetados, é difícil propugnar pela liberalização comercial. A tendência dos países é gerar políticas protecionistas.
A questão da indústria nascente envolve aspectos da economia que foram sendo, nos anos 60/70, elevados a nível de mainstream na política BR. Ideia de especialização de bens, existindo algo como a divisão internacional do trabalho: cada país se especializa na produção de certos bens.
No fim dos anos 50, Synger e Raul P. trazem à tona a teoria da deterioração dos termos de intercâmbio. A partir de dados históricos sobre o comércio internacional,comparam os preços dos bens industrializados e agrícolas. Havia uma tendência de que preço dos bens agrícolas se tornasse mais baixo que o dos industrializados. Ou seja, era cada vez mais necessária a produção agrícola para conseguir bens industriais. A partir do momento que se firma a ideia de que a industrialização é sinal de desenvolvimento, era necessário evitar a especialização de bens de origem agrícola (pela deterioração mencionada) e na produção de bens minerários. 
A nível de CEPAL, desenvolveu-se uma política de estímulo a incentivos fiscais, aprimoramento da infra-estrutura etc., para gerar desenvolvimento, sendo este entendido como uma mudança da composição do PIB de modo a torná-lo menos dependente de produtos agrícolas e minerais, e mais de produtos industrializados. 
A ideia da CEPAL era isolar o mercado sul-americano e criar um grande mercado suficiente, que se separasse do mercado externo, mediante tarifas aduaneiras altas para promover a indústria nacional, ao longo de 5, 10 anos. A ideia também era a atração de capitais estrangeiros como um meio de dar a esses capitais acesso a mercados. 
Os teóricos que defendem o livre comércio argumentam que, embora houvesse o elemento fático da deterioração, não é algo que se observa mais. Há um problema clássico com produtos agrícolas (variação de preços pela demanda, ...), mas essa deterioração dos termos de intercâmbio não era algo que se verificava historicamente. É claro que há países que se destacaram pela produção agrícola e que conseguiram um alto desenvolvimento humano, como a Austrália e a NZ. Há também países no cone sul que se destacam pela produção agrícola igualmente com altos índices de desenvolvimento. Meio de fortalecer a indústria nacional, para, quando houver a abertura ao exterior, a dita indústria nacional conseguir competir e resistir à concorrência. 
É muito difícil sair de uma situação de economia agrária ou industrial sem incentivos estatais. De qualquer modo, isso não anula os argumentos a favor do livre comércio, sobretudo em face da ideia de que a divisão internacional do trabalho não é necessariamente má. 
Se observarmos a política brasileira atual, há um certo grau de protecionismo, e, por outro lado, uma relação complexa com a industrialização. É difícil hoje evitar uma especialização minerária e agrícola, que são grandes focos do Brasil atual.
 Essas teorias estão na base da procura de instituições voltadas a proteger o comércio internacional.
* Como um país de produção agrícola consegue tornar-se industrial, se é mais conveniente, no modelo demonstrado, permanecer agrícola? 
Investimento em infra-estrutura; estratégias; incentivo estatal (incentivos fiscais, por exemplo). Em síntese, deve haver capital disponível e uma estratégia para aprimorar a infra-estrutura e o desenvolvimento da tecnologia, com investimentos estatais e/ou externos. 
História do GATT e da OMC
A estrutura mundial foi e ainda é marcada pelos resultados da 2a Guerra Mundial; não é diferente com o sistema internacional econômico, que vai aparecer com a reunião de Breton-Woods (1944). Depois da 2a GM, algo muito discutido é o conjunto das causas que levaram à Guerra�. 
Do ponto de vista econômico, depois da Revolução Industrial, a Inglaterra se tornou o centro da economia mundial. Para além de seu sistema colonial específico, também tinha a seu dispor uma rede de acordos bilaterais de comércio, que só reforçava a ideia de ser um centro comercial. 
Esse sistema se rompeu com a 1a Guerra Mundial. Da 1a GM, sai-se sem um sistema econômico estruturado, ou seja, faltava a centralidade inglesa, e a norte-americana ainda não havia se estabelecido. Havia guerra cambial e comercial entre os países, de modo que era difícil estabelecer uma integração. Conseqüência: desordem e empobrecimento de vários países e de várias regiões.
Várias hipóteses surgiram nessa época. Por exemplo, a ideia de que o bem-estar econômico leva a uma maior estabilidade política. Hoje, percebe-se que é difícil separar essas duas idéias (bem-estar econômico e estabilidade política). Na época, era muito forte a concepção de que a estabilidade política e econômica eram essenciais para se alcançar a paz. 
Era necessário:
- Estabilidade cambial e monetária;
- Criar políticas que gerassem prosperidade.
Com os acordos de Breton-Woods, criou-se o FMI, que teve por objetivo gerar estabilidade entre as moedas. Antes, as moedas deveriam ter um lastro metálico, pois isso daria um lastro econômico para aquelas; porém, a partir de 70, deixa de haver o lastro metálico, para ter uma outra sistemática. O FMI deu uma estabilidade cambial e monetária, inclusive como pressuposto para a prosperidade.
Para promover a prosperidade, cria-se o BIRD, que é um banco que hoje faz parte do Banco Mundial. Oferece recursos para projetos de reconstrução e de desenvolvimento para os Estados. É dinheiro barato, para pagar a perder de vista; esse sistema funciona bem. 
Surge, então, a ideia da prosperidade relacionada ao Comércio Internacional. Porém, existem percepções diversas sobre Comércio Internacional, relacionadas com situações de crise e desemprego.
Nas Nações Unidas, discutiu-se as vantagens da criação de um sistema internacional do comércio (a Organização Internacional do Comércio – OIC), que chega até a ser proposta na Carta de Havana de 1949 – rejeitada no Congresso Americano em 1951.
Antes disso, houve, em 1947, em Genebra, uma reunião, convocada pelos EUA, de 18 Estados (BR inclusive) para negociar um acordo de favorecimento do comércio, que vai criar o chamado GATT (General Agreement on Trade and Tax). Nessa reunião, conseguiram negociar uma série de reduções tarifárias. Nasce como uma maneira de substituir os sistemas coloniais pelos sistemas de livre comércio. 
No GATT, há a ideia não de um absoluto liberalismo, mas sim de um “capitalismo incrustado” (Embedded Capitalism). É um livre comércio e mercado até o ponto em que isso não influa sobre a prosperidade e a estabilidade política. Os sistemas de limitação do comércio não surgiram em 70, mas muitas cláusulas de exceção já estavam no acordo original. 
Circunstância política da época: predomínio dos EUA, que não se repetiu mais. A ideia dos EUA era fazer frente à Inglaterra e à França, que viram seu sistema colonial decair.
O GATT é parte da política americana, no sentido de criar políticas alternativas ao Imperialismo Inglês. 
Depois disso, o GATT vai se desenvolver em uma série de rodadas: 
1. Genebra (1947) – 23 membros – GATT (o sistema ONU tinha 51 membros);
2. Annecy (1949) – 13 – Tarifas; 
3. Torquay (1950-1) – 38 – Tarifas; 
4. Genebra (1955-6) – 26 - Entrada do Japão, que já tinha um acelerado crescimento industrial, com produtos baratos; 
5. Dillon (1960-1) – 26 – em 1957, Tratados de Roma, que criam a Comunidade Econômica Européia (EURATOM), que dariam origem ao Mercado Europeu e, hoje, à União Européia. Na rodada Dillon, alterou-se a negociação tarifária. O sistema ONU tinha por volta de 100 membros (descolonização);
6. Kennedy (1964-7) – 62 - incorporar os países em desenvolvimento ao sistema do GATT. Ou seja, ingressa uma nova categoria de atores, que tornará o sistema mais complexo;
7. Tóquio (1973-9) – 102 - Retomam a questão do dumping (obs: o Japão era um grande dumper), salvaguardas, subsídios, compras governamentais, barreiras técnicas. Surgimento da cláusula de habilitação: para os países em desenvolvimento, um jeito de evitar extensões automáticas;
8. Uruguai (1986-94) – 123 – em 1994, formação da OMC. A rodada Uruguai foi feita na América Latina porque era a rodada do desenvolvimento, voltada a consolidar os interesses dos países em desenvolvimento. A agenda temática dessa rodada envolvia temas importantes para o desenvolvimento: acordos têxteis, a questão dos bens agrícolas, a regulação de aspectos da PI, vínculos estrangeiros vinculados ao comércio e serviços. 
Vale observar que, no início da rodada, não se previa a criação da OMC, de uma instituição. No fimde 94, cria-se a OMC, um acordo para serviços, PI, acordos multilaterais; entretanto, o acordo agrícola e de têxteis acabam sendo deixados de lado. A rodada Uruguai terminou como um chute no traseiro dos países em desenvolvimento. 
14.03
OMC – FORMAÇÃO, ESTRUTURA E TOMADA DE DECISÕES
1. Geopolítico 
- Conflito leste-oeste (EUA e URSS) – estruturação da URSS, o leste precisava se estruturar também;
- Conflito norte-sul (necessidade de cooptar países do terceiro mundo).
2. Econômico
- Liberalizar o comércio;
- Estabilidade/ Prosperidade; 
- Aumento da hegemonia econômica.
Formação da OMC
* Redefinição do conflito leste-oeste:
- 1989: Queda do muro de Berlim;
- 1991: Dissolução formal da URSS.
Se havia um notável impasse, uma grande paralisia do processo, das negociações na rodada Uruguai do GATT, isso vai se transformar pelas mudanças geopolíticas. Com o enfraquecimento do mundo socialista, os países em desenvolvimento se encontram fragilizados, pois não tem mais a possibilidade de jogar politicamente com a ameaça socialista. Enfraquecimento dos países em desenvolvimento.
Passa-se a concorrer com os países da es-URSS. 
Nesse contexto, a “Aliança Atlântica” (EUA e UE), que se opõe ao “QUAO” (Japão e Canadá), vai fechar os acordos que vão estruturar a OMC. Acordos que eram essenciais nos países em desenvolvimento passaram a ser mais fracos, enquanto os temas mais importantes para os países desenvolvidos, como PI, ganharam importância com o fim da rodada Uruguai.
Não chega a haver uma ruptura total à estrutura anterior; mas o resultado que se obtém em 94 é muito mais liberal do que se tinha em 47. A ideia de favorecer o livre comércio é mais patente ainda nos acordos de 94 do que em 47. O triunfo dos EUA sobre a URSS, somado ao pensamento neoliberal, estão na base na formação da OMC.
Este processo de formação permitiu ainda que os países da Aliança Atlântica fizessem uma manobra (saem do acordo do GATT e fazem o acordo da OMC, isso era juridicamente possível pois o GATT era temporário), criando o sistema da OMC e convidando os demais países. 
O modelo mais comum de OI é fortemente inspirado no modelo da ONU. Não só esta como outras OIs acabam tendo um modelo parecido, no qual existe:
- um órgão plenário: na ONU, a AG, que tem a participação de todos os membros, é periódica (sessões anuais), voto por Estado (1 voto cada). É um órgão com reuniões periódicas, não é permanente;
- um órgão executivo colegiado: na ONU, são 3: o Conselho de Segurança, o ECOSOC (Econômico e Social – tem como membros alguns dos Estados, e, particularmente no CS, votos especiais – direito a veto) e o Conselho de Tutela (não foi em nenhum momento formalmente extinto). São órgãos permanentes, ou seja, funcionam continuamente, uma vez estatuídos;
- um órgão administrativo unipessoal: na ONU, a Secretaria Geral/Secretário Geral (composta por funcionários internacionais);
- eventualmente, um sistema de solução de controvérsias: na ONU, principalmente exercido pela CIJ (apesar de o CS ter algumas competências). 
Esse sistema é uma estrutura adotada por muitas, pela maioria das OIs. 
Quando o GATT se formou, era um acordo provisório para vigir até que fosse incorporado ao sistema da OMC. A importância de manter funcionando um sistema que favorecesse o comércio internacional acabou levando que o GATT passasse de um sistema provisório para um definitivo. Quando se cria uma OI, imagina-se uma estrutura capaz de exercer suas finalidades. Quando se cria o GATT, ele não aparece como uma OI (caracterizada pela personalidade jurídica internacional, estrutura orgânica). Como fazer reuniões, como tomar decisões?
A solução foi a de realizar rodadas de negociação. Originariamente, o GATT vai de base jurídica de negociações, para tentar aprofundar as concessões tarifárias obtidas originalmente. 
Além das reuniões estatais, havia a reunião entre as Partes contratantes. Sempre que na literatura aparecer PARTES CONTRATANTES significa o universo dos membros do GATT, e um órgão plenário em que participavam todas as partes do GATT. Quando se reuniam, sempre tomavam suas decisões por consenso. Mais tarde, as PARTES CONTRATANTES começaram a realizar, nos anos 50, a solução de controvérsias. Para preparar o relatório que iria para as partes contratantes, começou-se a formar os Grupos Especiais (PANELS), mas como algo para se fazer um relatório. Durante quase 4 anos, o GATT acabava tendo uma sede que era a do Grupo Preparatório para a OMC, acabava tendo um órgão de solução de controvérsias, um grupo plenário e algumas funções, apesar de não ser OI.
Quando se iniciou a rodada Uruguai, não havia nenhum objetivo de criação de uma OI. Havia uma autorização legislativa prévia dos EUA (sem ter que passar pelo Congresso) que estabelecia um mandato, e não estava coberta por essa autorização a criação de uma OI. Quando surgiu a ideia da criação de uma OI, os negociadores dos EUA alegaram que não havia previsão na autorização emitida para estabelecer o âmbito das negociações, e que havia um risco de, quando fosse levado aos EUA, não seria aprovado. Então, a ideia foi continuar a estrutura do GATT; não foi possível estruturar a OMC como se queria no início por causa da restrição dos EUA.
ÓRGÃOS
Todos plenários:
- participação de todos os membros;
- voto paritário (1 país, 1 voto);
- a forma de tomada de decisões, preferencialmente, é por consenso. 
* formas de tomada de decisões em uma OI
Envolvem Estados, entes soberanos – pela teoria voluntarista, os Estados devem expressar sua vontade, só se obriga mediante sua própria vontade. É nesse contexto que vai surgir a decisão por unanimidade – que significa a totalidade dos votos positivos, ou seja, todos votam, e todos os votos são positivos. 
Outros sistemas que aparecem são de maiorias:
	- Maioria simples: 50% + 1 dos presentes, se houver quórum.
	- Maioria absoluta: 50% + 1 do colegiado. 
	- Maioria qualificada: 2/3, ¾ ... 
Há ainda o consenso. 
No art. 9o, fala-se que as decisões são tomadas por consenso, da maneira que eram tomadas no GATT. 
ÓRGÃOS DA OMC
1. Conferência ministerial
- Formada por ministros – funcionários com grau de ministro em seus países, que vão tomar parte da convenção ministerial. Podem ser quaisquer ministros, varia de país em país. Ministros de todos os membros ( que não são só países, mas qualquer território independente, como Hong Kong);
- Periodicidade bienal (mínimo);
- delega competência para o -> Conselho Geral: no caso da OMC, é no âmbito plenário, é permanente, toma suas decisões por consenso, e é formado por embaixadores (ou funcionários de grau equivalente) dos membros em missões em Genebra. Esse Conselho Geral dá origem a 2 outros órgãos:
	1. Conselho de Revisão de políticas comerciais: é formalmente um órgão diferente. Normalmente tem presidência diferente do conselho geral, assim como o órgão de solução de controvérsias. 
	2. Órgão de solução de controvérsias.
2. Conselhos
- de bens: GATT
- de serviços: GATS
- de PI: TRIPS
* todos os conselhos reúnem todos os membros. Todos são convocados e têm conhecimento do que será discutido; se não interessar ao membro, pode ser que este não envie um representante. 
* os Conselhos podem criar os Comitês. 
3. Comitês
Órgãos com caráter auxiliar, assim como os Conselhos. 
Há alguns comitês estabelecidos no texto da OMC, no Acordo da OMC:
- De comércio e desenvolvimento;
- da restrição da balança de pagamentos;
- orçamentário.
* Há vários outros Comitês: comércio e meio ambiente, fitossanitários, de investimentos etc. 
Nessa estrutura geral, TUDO É PLENÁRIO.
Há, porém, algumas decisões que podem ser decidias por maioria. 
A condição de membro dá a possibilidade de votar (sendo ou não Estado).
Há possibilidade de voto “em bloco”: por exemplo, a UE. Quando o representante da UE vota, contam-se os votos de todos os países da UE que são membros da OMC. 
FORMAS DE MAIORIA:
1. Interpretação dos Acordos da OMC
Os acordos da OMC podem ser objeto de uma interpretaçãoautêntica, feita pela Conferência de Ministros, ou pelo Conselho Geral, e deve ser tomada por ¾ dos membros, e não dos presentes. 
2. Acessão
Precisa de maioria qualificada – no caso, 2/3 dos membros. Esses votos não são dados em sessão, são dados aos poucos. Se aprovado, fica na OMC para receber as adesões específicas. Até hoje, não houve nenhuma interpretação autêntica, mas há algumas aguardando adesão. Um processo de acessão que se discute hoje é a da Rússia; ainda não é membro da OMC, mas será. 
3. Modificação
É a mais difícil de todas. Precisa de 2/3 da conferência de ministros para a proposta, e, depois, esta deverá ter diferentes maiorias dependendo do tema. É difícil emendar um texto no âmbito da OMC. 
4. Derrogação (Waiver)
Um país pode pedir que uma de suas obrigações existentes sobre os acordos da OMC seja afastada por um período, por ter uma dificuldade de colocar aquilo em prática. Precisa de ¾ dos membros para sua aprovação. 
4. SECRETARIA
A Secretaria tem um diretor-geral. Tem funções administrativas: cuida do corpo de funcionários da OMC. O staff da OMC é pequeno. A secretaria faz a gestão orçamentária, e o diretor-geral faz a gestão da secretaria. 
Como antes todas as decisões eram por consenso, o diretor-geral era alguém que ajudava nas negociações entre os vários países. Nos 40 anos de GATT, houve 4 diretores-gerais. 
É um órgão executivo de funcionamento que, obviamente, não é plenário. 
5. ÓRGÃO DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS
É um órgão típico da OMC: plenário, cada membro tem um voto.
Tem órgãos de apoio, que não decidem as matérias, apenas emitem relatórios enviados ao órgão de solução de controvérsia, que os aprovam ou não. 
- Grupos Especiais (Painéis): são órgãos ad hoc.
- Órgão de Apelação: composto de 7 membros. Órgão auxiliar, permanente.
21.03
SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS NA OMC
- Órgãos – Quem?
- Procedimento
- Direito aplicável
Estados (soberanos) -> submissão voluntária.
Geralmente, via arbitragem. Para tal, é necessário haver um Compromisso (Compromis). É importante atentar para:
- Limites fáticos/materiais;
- Direito aplicável;
-Composição do Tribunal.
Aceita-se uma continuidade em relação ao sistema do GATT. No artigo 3o, se faz menção aos artigos XXII e XXIII do GATT. 
O ESC (Anexo 2 do Acordo de constituição) é entendido como algo que dá continuidade ao sistema GATT. No caso das Partes Contratantes, poderiam se reunir para decidir a respeito de possíveis controvérsias que nascessem dos acordos – seja uma medida contra o GATT, ou que indiretamente afete o GATT. 
Desde os anos 40, as partes contratantes atribuíram a um Grupo Especial (Panel), formado por 7 especialistas em Comércio Internacional, a elaboração de um relatório submetido para aprovação por consenso. 
Embora esses relatórios nunca tenham sido submetidos à análise para aplicação, os Estados acabavam voluntariamente cumprindo o disposto nos relatórios, de modo que em geral a controvérsia era resolvida. 
A partir da Rodada Kennedy, na qual entram em cena os países em desenvolvimento, a maior multiplicidade no número e na qualidade dos Estados fez com que, nos anos 60, o sistema do Painel fosse menos utilizado do que hoje. Houve uma pequena retomada nos anos 70, mas ainda não comparável ao que é hoje. 
Passou-se a discutir muito como deveria ser o processo de decisão. A regra do consenso tornava impossível a decisão, ou seja, já que nas partes contratantes estão presentes todas as partes do GATT, e é necessária a aceitação de todos para ser juridicamente vinculante, é evidente que uma objeção já obstava o consenso, o que prejudica sua eficiência. 
* Alternativas pensadas na Rodada Uruguai: 
- consenso menos 2 (de todas as Partes, menos as Partes da controvérsia). Não prosperou, pois é muito fácil convencer aliados a levantarem a objeção. 
- “Inversão” do consenso: o que se leva ao consenso não é a aprovação do relatório, mas a rejeição do mesmo. É a rejeição dos relatórios que deve ser por consenso. É evidente que a rejeição pelo consenso continua sendo praticamente impossível. 
Os membros, com o objetivo de criar uma razoável proteção para os seus interesses, vão discutir a questão de um Órgão de Revisão – que vai ser chamado de Órgão de Apelação. Este passa a ser o último filtro para as decisões. 
Existia um consenso entre os negociadores que seria um órgão meio natimorto, pois ninguém iria apelar, exceto em casos muito excepcionais – o que se mostrou um engano. As apelações hoje estão acima de 80% dos casos. 
Originalmente, não foi criado para ser um órgão poderoso, mas hoje tem mais poder do que o esperado.
Essa sistemática, junto com o estabelecimento de prazos procedimentais, leva a um fortalecimento do Sistema de Solução de Controvérsias. 
Esse fortalecimento levanta uma questão interessante: a juridicização do Sistema de solução na OMC. Vários autores afirmam que o sistema de solução da OMC passou de um sistema político a um sistema jurisdicional, onde particularmente o Órgão de Apelação teria um papel fundamental. 
Em que medida esse procedimento se manteve político, e em que medida se tornou mais jurisdicional? É uma reflexão a se fazer. 
Outra tensão: a contraposição da defesa de direitos subjetivos, à questão da defesa do Direito da OMC como sistema multilateral. Órgão com dupla missão: por um lado, resguarda os direitos dos membros em face dos acordos estabelecidos; por outro lado, aparece como sistema multilateral, que busca evitar a predominância de sistemas bilaterais, de modo a se manter um sistema multilateral.
Isso vai aparecer em 3 pontos: órgão (quem decide), procedimento e direito aplicável. 
Como funciona o procedimento?
1. Fase de consulta: é uma fase formal. 
Quando as partes iniciam a consulta, precisam informar ao OSC quando se iniciarão. O procedimento de consulta começa por escrito: um membro solicita o início das consultas ao OSC. Pode levar até 60 dias. Se não houver solução em até 60 dias, a parte que requisitou a consulta pode solicitar a formação do Grupo Especial. A outra parte não pode solicitar isso, só a parte que iniciou a consulta. 
Feito o pedido, o OSC vai elaborar um Termo de Referência, que será utilizado para a formação do Grupo Especial. Não posso consultar sobre uma matéria, e depois iniciar um Panel sobre outra matéria. 
2. Bons ofícios, Conciliação e Mediação: embora sejam possíveis, nunca aconteceram.
3. Grupos Especiais: São órgãos adhoc, auxiliares do órgão de solução de controvérsias. O OSC tem a mesma composição do Conselho Geral, com outro presidente; como o órgão plenário que é, se aproxima aos outros órgãos de tomada de decisões políticas. Ou seja, o OSC vai ser, na sistemática da OMC, o principal Órgão para solução de controvérsias na OMC. 
* Como se forma um Panel? 
A secretaria do OSC propõe componentes para as Partes, que podem aceitar ou rejeitar esses componentes. Se passar o prazo sem concordância, a Parte que iniciou o procedimento pode solicitar ao Diretor Geral e este vai estabelecer os membros do Grupo Especial. Inicialmente, o Diretor não nomeava quase nenhum painel; hoje, o diretor geral é responsável por quase 70% das nomeações.
* Quem é o diretor geral, e as pessoas que fazem parte dos Panels?
Há uma lista de especialistas na OMC, mas não é uma lista vinculante; é comum não se seguir a lista. O art. 8o do ESC diz que precisam ser pessoas qualificadas, governamentais ou não, dentre outros requisitos – esta definição não fala que deve ser da lista, acaba sendo uma pessoa qualificada. 
E quem é considerado qualificado? Até o início do OSC da OMC, quase todos eram de carreira diplomática. Ainda hoje, é assim. O esperado é que houvesse uma substituição por pessoas da carreira jurídica; isso acontece em termos. Se observarmos os dados ao longo do tempo, há por volta de 80% dos componentes que vêm de carreira oficial, e isso se mantém estável até hoje. Isso é interessante, pensando na passagem do aspecto político para o jurisdicional. 
Houve um aumento considerávelde pessoas com alguma formação jurídica – o que antes não era importante, mas hoje é. Em um primeiro momento, professores; depois houve um incremento de advogados, mas isso também acabou criando problemas sobre Double batch, interesses divergentes; acabou-se estabelecendo um maior número de pessoas de carreira diplomática, mas com formação em direito. Isso é resultado de uma reação da Secretaria frente o caráter fortemente jurídico do Órgão de Apelação. 
Devem procurar, antes de elaborar o relatório, tentar que as partes cheguem a uma solução mutuamente aceitável, mas em conformidade com os acordos. Ou seja, a atenção aos direitos subjetivos leva a que se privilegie as soluções mutuamente aceitáveis. Entretanto, isso sempre deve ser feito em conformidade com os acordo abrangidos. 
Há uma grande preocupação em se manter a coerência, a unidade do sistema. Presume-se que há um interesse de todas as partes em uma compreensão do sistema; as decisões, portanto, devem guardar coerência e conformidade com os acordos abrangidos.
Emitido um relatório, este deve ir à apreciação do OSC. O relatório não é vinculante ainda, para o ser não pode ser rejeitado pelo OSC. No meio do caminho, pode ser que uma das Partes da controvérsia resolva apelar. Se resolve apelar, o relatório do Grupo Especial não chega a ser apreciado pelo OSC. 
Os componentes dos Panels não podem ter nacionalidade de nenhuma das Partes.
4. Apelação
O Órgão de Apelação tem 7 componentes. Embora não exista nenhuma determinação nesse sentido:
- UE
- AL
- África
- EUA
- Japão
- Oceania ou parte da Ásia
- Ásia -> China?
Os 7 componentes decidem em Câmaras de 3 componentes. A decisão dessas Câmaras deve ser anônima, não há possibilidade de se declarar voto. O membro da Câmara não pode ser da nacionalidade de qualquer das Partes. 
Fortalecimento, que aparece nos procedimentos de trabalho, muitos voltados a aumentar o caráter de colegiado. Além da definição de que as decisões devem ser anônimas, o resultado passa por uma discussão com os demais membros. Antes de emitir o relatório, este é colocado na pauta de uma reunião onde os 7 componentes do Órgão se sentam para discutir uma solução, para ter uma jurisprudência mais uniforme. Há a possibilidade de voto divergente, que também é anônimo. 
As Câmaras não são fixas, há uma rotação.
Quem escolhe os membros é o Conselho Geral, para mandatos de 4 anos. Originalmente, havia 3 membros com 2 anos, e 4 com 4 anos de mandato. Hoje, todos os mandatos não são uniformes, pois nem todos cumpriram completamente seus mandatos; houve um escalonamento. Como se faz essa escolha? Vai-se formando um consenso político, o que é complicado, para no fim se formar um consenso. 
O caráter de colegiado, com a inércia de não se renovado de uma vez só, contribuiu para uma maior coerência e uma jurisprudência mais consistente. Vão sendo cada vez mais decisões mais técnicas e jurídicas. 
O Órgão de Apelação não aprecia matéria de fato, apenas matéria de direito. A marca de reforma dos relatórios dos Grupos Especiais é baixa, normalmente se mantém a decisão destes. 
5. Aprovação dos Relatórios: Uma vez estabelecido o seu relatório, mais uma vez se submete ao OSC, para discussão. Aprovado, a decisão passa a ser vinculante.
 
6. Monitoramento da Aplicação das Medidas sugeridas: há um princípio conforme o qual a suspensão ou retirada da medida em desconformidade é a solução preferencial; entretanto, pode ser que o Estado não retire a medida, podendo haver a Compensação ou Suspensão – com esta, o outro Estado pode, discriminatoriamente, deixar de aplicar os acordos ao outro Estado. Por exemplo, pode retirar uma concessão tarifária, ou seja, cria uma medida voltada a compensar os efeitos negativos da medida que o Estado não autorizar. Para tal, deve ser feito um pedido para o OSC, por meio de arbitragem do art. 22, na qual o árbitro vai se manifestar sobre a proporcionalidade da medida. A suspensão de um direito como sanção só pode ser aplicada pela Parte que teve o relatório a seu favor, não pode ser qualquer Estado. 
* Compensação/Suspensão – características:
- não retroage em nada, mesmo que a medida seja manifestamente antijurídica, ou tenha provocado prejuízos quantificáveis; corrige-se da decisão para frente. Não se trata de responsabilização internacional por um dano provocado, mas simplesmente o objetivo de corrigir uma medida, daqui para frente. 
- deve ser proporcional, não posso suspender algo que limite o comércio mais do que a medida que foi praticada contra o próprio Estado.
- existe um caráter progressivo das medidas de compensação e de suspensão, que devem acontecer no mesmo setor da controvérsia, e, se não for possível no mesmo setor e dentro do mesmo acordo, parte-se para outros acordos. 
* a rigor, o procedimento é completo quando passa por todas as fases. 
* Sempre vai haver referência aos acordos abrangidos: os do art. 1o (Acordo OMC, GATT, GATS, TRIPS, dentre outros acordos). 
Discussão: posso aplicar outras normas do direito internacional frente a outras normas do sistema da OMC?
Em princípio, há um razoável consenso doutrinário no sentido e que o sistema da OMC é um sistema auto-contido, no sentido de que seus princípios são aqueles da OMC, e apenas da OMC. Haveria uma grande dificuldade de utilização de outras normas de DIN. Existe, no art. 3.2, uma referência ao fato que os acordos da OMC devem ser interpretados segundo as normas de interpretação do DIN. Mas quais são? Art. 31, VCLT: expressão de regras costumeiras internacionais sobre interpretação dos tratados, que seriam regras gerais aplicáveis também aos não-membros. Os tratados devem ser interpretados de acordo com a boa-fé, o contexto (documentos de negociação, textos que comprovam aspectos do acordo etc.)... a boa-fé impediria que Estados se escusassem de tratados acordados no âmbito da OMC. 
Em suma: seria impossível isolar o sistema da OMC do restante do DIN – de modo que não poderíamos defini-lo como um sistema auto-contido.
Porém, o art. 3.3 diz que a interpretação não pode nem estender, nem restringir direito. Sob essa visão, seria algo auto-contido, já que uma regra, um acordo externo não pode restringir ou ampliar um direito protegido em um acordo OMC.
Embora exista um DIN geral, a exceção de alguns poucos tratados, a maioria dos tratados têm um número limitado de Estados, e a composição varia. A ideia de que apenas os Estados que assumiram um determinado compromisso via tratado (por exemplo, um acordo ambiental proibindo transgênicos) possam se escusar de obrigações assumidas sob tratados OMC parece não ser razoável. Mesmo que, na controvérsia, as 2 partes sejam membros de determinada OI e de determinado tratado, não se pode ampliar ou restringir direito, pois isso afetaria a unidade do sistema OMC.
* Terceiros interessados.
* reunião de casos - art. 9o. 
* FONTOURA, WTO, ICSID -> ARTIGO. 
28.03 
PADRÕES DE NÃO-DISCRIMINAÇÃO
O sistema internacional multilateral visa a favorecer o comércio internacional e, para tanto, há a sistemática de liberalização. Parte dessa sistemática para liberalização surge com o estabelecimento de padrões de não discriminação, isto é, os países não podem estabelecer acordos preferenciais.
Antes do sistema GATT verificava-se um claro problema de discriminação.
Para dar maior transparência e efetividade às negociações, há a exclusividade de barreiras tarifárias: ao entregar no GATT/OMC não significa que o Estado não possa ter uma política de limitação ao comércio, mas todas essas limitações devem ser de natureza tarifária/aduaneira, isto é, uma proibição de medidas quantitativas. Por exemplo, cotas de importação: estabelece-se um valor e o Estado negocia autorizações de importação.
Isso é proibido no sistema do GATT, embora tenha sido permitido por bastante tempo para o setor agrícola e têxtil.
Há ainda a proibição de medidas de efeitos equivalentes – medidas de ordem interna, em sua maioria – que restringe a circulação de produtos estrangeiros ou produtosde um determinado país.
Além da exclusividade de barreiras tarifárias, há a adoção dos padrões de não discriminação.
Há dois padrões de países: tratamento da nação mais favorecida e tratamento nacional. Isso aparece em muitos tratados em matéria econômica.
1. Nação mais favorecida
A cláusula de nação mais favorecida proíbe a discriminação entre países (membros e não membros da OMC). Isso significa que o país A não pode oferecer vantagens maiores do que ao país B. Essas cláusulas existem desde o século XIV e eram constantes nos tratados de navegação, comércio e amizade. Por exemplo, o tratado de Methuen, estabelecia uma cláusula de nação mais favorecida em relação aos vinhos portugueses e vinhos franceses: os vinhos portugueses deveriam receber tratamento melhor ou igual àquele dos vinhos franceses.
O que há de particular nessa cláusula no âmbito da OMC é o caráter multilateral, imediato e incondicional. O caráter multilateral está relacionado à possibilidade de todos os membros auferirem dessas vantagens. Quanto ao caráter imediato, diz-se que as vantagens devem ser estendidas sem demora, ou seja, não pode haver entre a oferta da vantagem maior e a fruição por todos os países um lapso temporal grande. O caráter incondicional diz respeito à desnecessidade de contrapartida. 
Esses caracteres não são parte do regime tradicional da nação mais favorecida quando pensamos naqueles tratados firmados entre as nações na época colonialista/mercantilista. A cláusula da nação mais favorecida tinha caráter condicional: buscava-se negociar contrapartidas.
Esse caráter incondicional só é possível pela multilateralidade, pois pensasse na progressividade das medidas de liberação. Evita-se a ideia de acordos bilaterais.
O objetivo da cláusula da nação mais favorecida é zelar por um tratamento paritário aos produtos independente da sua origem. Os benefícios oferecidos a uma nação devem ser estendidos para outras da mesma forma. 
Há uma tarifa máxima para cada setor que não pode ser ultrapassada, entretanto é possível tarifar menos do que o patamar máximo.
Princípio do congelamento dos patamares: se na negociação chega no máximo da tarifação, não é possível discutir o valor da tarifa mesmo se essa negociação foi feita há 10 anos.
Salvaguardas: medidas que podem ser utilizadas quando houver ameaças a algum setor específico.
O tratamento nacional diz respeito à não discriminação dos produtos estrangeiros em face dos produtos nacionais de mesma qualidade. Isto é, quando o produto ingressa no território aduaneiro do estado pátrio, ele não pode ser objeto de regulação discriminatória.
À exceção de alguns aspectos como compras públicas.
Quando falamos de serviços, no acordo há uma diferença importante quanto ao padrão de não discriminação: a cláusula do tratamento nacional é optativa (só colocam os serviços da lista de serviços autorizados). Ao contrário dos bens, alguns serviços não se esgotam no trâmite de fronteira, logo o aspecto do tratamento nacional é muito mais importante, pois faz diferença no produto final.
A nação mais favorecida é uma norma de tal importância no Sistema Mundial do Comércio que ela aparece na alínea 1 do GATT. Ela pode aparecer de duas maneiras: discriminação de direito e discriminação de fato.
* Discriminação
- de direito – quando especificamente a norma indica países favorecidos.
Por exemplo: IPI para automóveis importados – não se trata de tarifa de importação, mas sim de uma tarifa de equilíbrio tributário. BR geralmente oferece um draw-back; quando um produto entra no país, além da importação, paga uma taxa compensatória equivalente à carga tributária nacional. Esses impostos de compensação tributária não são a mesma coisa que os impostos internos, pelo fato do fato gerador ser distinto. 
IPI -> BR, MERCOSUL e México – violação de direito pelo princípio da nação mais favorecida. A exceção referente às zonas de livre comércio pode ser aplicada para afastar o princípio da nação mais favorecida. 
- de fato – quando a maneira de selecionar os bens que vão receber uma vantagem acabam direcionando isso a um determinado grupo de bens. 
Exemplo: Canadá – veículos automotores, OA – a identificação dos fabricantes acabavam repercutindo em vantagens exclusivamente nos EUA, e isso era observável no caso concreto, e acabava acarretando em discriminação de fato. Outro exemplo era da Bélgica, que tinha produção familiar e estendia benefícios (cadastros) para outras nações com sistema similar ao dela – o que, de fato, é discriminação. Outro caso é o da importação de carne bovina na Europa. 
# 3 aspectos da Nação mais favorecida:
1. existência de vantagem comercial
Art. 1: qualquer vantagem, ... ou privilégio...
Pode aparecer de 3 maneiras distintas:
	a) como medida aduaneira (há um imposto, uma taxa discriminatória);
	b) na forma de tributos internos (tributação diferenciada do que bens vindos de outros países);
	c) medidas regulatórias
2. Similaridade dos produtos
“Like product” – o Acordo do GATT não define o que é um produto similar. 
A similaridade foi objeto de vários casos: Asbestos; Bombadier v. Embraer; café não-torrado importado da Espanha. 
Caso do café: a Espanha tinha um sistema de classificação de variedades de café; havia algumas só produzidas na Colômbia, e havia tarifa aduaneira menor para o café Colômbia. Há similaridade ou não entre o café Colômbia, e um outro tipo de café? Analisados 3 aspectos:
	a) características dos bens (ex., o nível de cafeína etc.) – sim, eram semelhantes;
	b) substitutividade – para fins gerais, poderiam se substituir;
	c) classificação aduaneira – aquela forma de classificação aduaneira adotada na Espanha só era adotada lá, nenhum outro pais do mundo faziam essa diferenciação.
	* ou seja, o Panel entendeu que eram produtos similares. 
Em princípio, produtos similares são aqueles que têm as mesmas características. É discutido caso a caso. 
* processo de produção não é indicador de diferença. Exigir que um produto estrangeiro, para ter determinado benefício, seja produzido por determinada empresa, ou outras exigências, são medidas em desconformidade com a nação mais favorecida, e com o tratamento nacional. 
3. Caráter imediato e condicional
Já explicado no tratamento da Nação mais favorecida. 
2. Tratamento Nacional
Será discutido de modo mais analítico, mesmo no GATT.
Art. III.2: Os produtos de qualquer parte contratante não estão sujeitos a impostos ou qualquer produto interno... nenhuma parte contratante aplicará de outro modo impostos...
A primeira sentença induz a um teste duplo:
	a) existe similaridade? -> corresponde ao A da parte 2. Tendência de interpretar a similaridade de modo estrito.
	* a similaridade, aqui, vai se referir a bens com as mesmas características. 
	b) existem tributos mais elevados? -> corresponde a B da parte 2*. Interpretação mais estrita. 
* ou seja, há uma correspondência. 
A segunda parte do artigo III.2 volta a ter um teste triplo:
	a) produtos competitivos ou substitutos. Mais flexível.
	* a similaridade, neste caso, refere-se a bens que podem ser utilizados para a mesma necessidade ou posto. 
	* gráficos de oferta e procura. Oferta cruzada entre a procura de um bem e a oferta de outro é que indica a substitutividade. Por exemplo, um sapato de borracha não corresponde exatamente a um sapato de couro, porém, para algumas questões, há uma relação razoável de substituição; poderia haver, portanto, a não-incidência da primeira parte, e a incidência da segunda parte. 
Exemplo: Caso Japão – Bebidas alcoólicas II – soju e vodka são produtos similares? Aplicando o teste da substitutividade, conclusão de que, neste sentido, há similaridade – é mais amplo que a mera indicação de características. 
O aspecto estrito da interpretação de “produto similar” é diferente da interpretação mais ampla do I.1 e do III.4. 
Outro exemplo é dos automóveis de luxo nos EUA (acima de 30.000 dólares). 
	b) tratamento menos favorável. Mais flexível.
	c) objetivo de proteger.É um objetivo explícito. 
 Art. III.4: os produtos que entrem no território... 
- Não menos favorável;
- produtos similares;
- deve afetar a venda, oferta, compra, transporte, distribuição ou uso. 
* Discriminação: de direito ou de fato. 
* para os aspectos regulatórios (rotulagem, embalagem, distribuidores etc.) – não se pode exigir mais dos produtos estrangeiros, do que exige dos produtos nacionais. 
* III.2 – aspectos tributários; III.4 – aspectos regulatórios. No caso da Nação mais favorecida, é diferente, está tudo no mesmo artigo. 
11.04 
DEFESA COMERCIAL E EMERGÊNCIA ECONÔMICA
Dumping e subsídios são defesas comerciais propriamente ditas e as salvaguardas que são mais um caso de emergência econômica. Esses três tópicos já apareciam originalmente no texto do GATT, mas acabaram sendo novamente discutidos em diversas rodadas, resultando em acordos específicos para cada um desses temas.
Importante observar que, na sistemática do GATT e OMC, a ideia é regular como e quando os membros podem, licitamente, aplicar medidas de defesa comercial ou emergência econômica.
Essas medidas podem restringir o comércio, medidas unilaterais e discriminatórias. Quando surgem situações de dumping, subsídios e salvaguardas, é permitido pelo próprio sistema da OMC, que vem descrito nos próprios acordos, que o Estado imponha medidas independentemente de qualquer consulta e aparecem como exceções (regra da nação mais favorecida).
No Brasil, eles são objetos de procedimento administrativo específico na Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e no DECOM.
Quantas medidas de dumping, subsídios e salvaguardas existem no Brasil em relação a produtos estrangeiros? De 85 a 90 medidas, que destes 80 são dumping, 1 é subsídio e outro é salvaguarda.
Há 33 pedidos de novas medidas. O último pedido apresentado refere-se aos vinhos brasileiros (salvaguarda). Elevação do valor por um imposto/taxa para produtos específicos.
Mais ou menos metade dessas medidas são aplicadas a bens de consumo e o resto é aplicado em bens de produção (origem vegetal, animal, produtos químicos e minerais). Aproximadamente 70% dessas medidas são impostas a um Estado específico: China e não só para bens de consumo, mas também para os bens de produção.
O Brasil é o único país que conseguiu manter e aumentar o número de medidas impostas.
A. MEDIDAS DE DEFESA COMERCIAL
	A.1. DUMPING
A matéria de dumping foi mais ou menos fácil de ser regulada. As negociações de Tóquio e Uruguai foram bastante tranqüilas. Essa palavra tem um sentido específico na OMC e não tem o mesmo sentido da palavra utilizada no vocabulário cotidiano (prática anticoncorrencial com abuso de poder econômico com a oferta de produto abaixo do preço normal).
No sistema da OMC não aparece esse objetivo específico de retirar a concorrência. Fala-se em um preço inferior ao de mercado no país de origem, a existência de um prejuízo setorial e nexo de causalidade entre o preço inferior e o prejuízo setorial.
Há necessidade de comprovar esses aspectos, mas em alguns casos é bastante difícil comprovar o preço inferior no país de origem, pois não há mercado no país de origem ou não há preço de mercado no país de origem.
Nem todos os setores da economia são fixados a preço de mercado, por exemplo, tabelamento de preços. Há, ainda, países em que não há economia de mercado. 
Quando se fala do dumping chinês, que é o mais recorrente, fala-se de um país em que o mercado de consumo interno é separado do mercado de exportação, o que gera diferenciação de preços.
Outro exemplo é a falta do mercado no país de origem, principalmente quanto aos minérios. Pode acontecer de o país ser grande exportador de estanho, mas não ter uma indústria estabelecida. Assim, o preço inferior no país de origem pode em alguns casos ser substituído por uma estimação desse valor em outros mercados.
O padrão no dumping é da similaridade estrita, ou seja, o produto deve ter características similares ou idênticas e uso similar ou idêntico.
Quando se identifica a existência do dumping, é possível a aplicação de medidas antidumping. São três as possíveis medidas: permanentes, provisórias e acordos de preços.
Medidas provisórias são aquelas impostas no curso da investigação com caráter acautelatório. É necessário haver evidência suficiente de que aquele bem está sendo objeto de dumping e deve-se comprovar que o dumping é grave o suficiente para afetar aquele setor econômico.
Os países e indústrias estrangeiras são chamados para se manifestar nos processos de medidas antidumping. Pode, inclusive, haver negociações de modo a estabelecer voluntariamente um acordo de preços. Se não houver esse acordo, impõe-se uma medida permanente.
A permanência não significa que elas não devam ser periodicamente revistas.
Essas medidas devem seguir um princípio de proporcionalidade, pois têm a finalidade de equilibrar, logo elas não podem ter uma incidência maior do que a margem de dumping ocorrido.
“Zeroing”: como o produto poderia gerar flutuações de preço, zerava-se o mais caro e calculava-se a margem pelo que era mais barato, mas esse método foi considerado errado.
Em suma:
- preço inferior ao do mercado no país de origem.
	- Similaridade estrita.
- prejuízo setorial: Caso UE-Zeroing: A medida deve ser equilibrada, voltada a equilibrar o dano, e não mais e nem menos que isso
	- Medidas anti-dumping: voltadas a equilibrar, no máximo, na margem, ou seja, equilibrar preço externo ao preço interno. 
		- Permanentes: Não significa que essas medidas não devam ser periodicamente revistas, são permanentes em relação às provisórias. Podem ser renovadas quantas vezes necessário. 
		- Provisórias: medidas acautelatórias para proteger um mercado, um setor. É necessário comprovar haver indícios suficientes, como também indicação de que o dano é grave o suficiente para causar prejuízos ao setor. No processo de investigação, as empresas estrangeiras são chamadas a se pronuncias; nesta manifestação, pode haver uma negociação, e pode ser que os envolvidos cheguem a estabelecer um acordo de preço: voluntariamente, as partes podem oferecer um determinado patamar mínimo de preços, que passa a vigir como medida anti-dumping se houver acordo. 
		- Acordos de preços. 
 Nexo.
	A.2. SUBSÍDIOS
4 Características mínimas:
1. deve haver contribuição financeira: não é qualquer tipo de contribuição. Investimento em infraestrutura, em qualificação de mão-de-obra e em outros aspectos que não tem expressão de contribuição financeira não vão caracterizar subsídio. 
Mas o que é uma contribuição financeira? É dar dinheiro, pode-se dar de forma direta, por transferência direta de fundos, ou por empréstimos, ou por política tributária – mas sempre por medidas de caráter financeiro. 
2. (claramente) de origem estatal, que: o auxílio deve vir ou do Estado, ou de uma entidade estatal ou financiadas pelo Estado (e de origem estatal). Basta comprovar isso. 
 
3. resulta em vantagem: não tem que resultar em prejuízo setorial. Basta comprovar que o setor que recebe subsídio está auferindo vantagem – por exemplo, por uma isenção tributária, um empréstimo favorável etc.
Especificidade. A vantagem precisa ser específica. Por exemplo, uma instituição oferece empréstimo para qualquer empresa; se é assim, não é subsídio, pois não há especificidade, é meramente uma política econômica geral. Deve haver especificidade. Os próprios incentivos tributários, como é algo que não tem especificidade, não aparece como subsídio. 
* e a redução/isenção do IPI para produtos mexicanos como subsídio? Sim, tem as 4 características. Isso é uma medida de defesa comercial, só é necessário alegar subsídios se os automóveis estiverem sendo exportados, o que não vem acontecendo muito hoje. 
4. para empresa(s), setor ou região: 
* Não há necessidade de comprovar um prejuízo setorial, no caso dos subsídios proibidos. 
* No sistema OMC, há 3 modalidades:
	1. proibidos: aquelesque não têm especificidade. São os subsídios à exportação. Existem linhas de créditos para setor exportador. O caso da Embraer dizia respeito a empréstimos do BNDS para exportação e desenvolvimento setorial. É subsídio proibido. 
	2. permitidos: são permitidos, mesmo que haja as outras 3 características, se não houver especificidade, não há como caracterizar como subsídio. 
	3. recorríveis: não são desde logo proibidos, de plano, mas, se surgirem novas circunstâncias, podem ser proibidos. Não são referentes à exportação, mas devem implicar em algum prejuízo para o setor. Ou devem, pelo menos, anular vantagem concedida. Por exemplo, há negociação e redução tarifária na OMC, mas depois vai se buscar anular esta vantagem. 
Medidas compensatórias
Não é sinônimo de indenizatório, não é compensar o prejuízo sofrido pelo setor. É a ideia do restabelecimento do equilíbrio, mediante a compensação da vantagem indevida. 
Funciona da mesma maneira que o dumping: a empresa pede, o DECON avalia. Direito compensatório, para eliminar a vantagem indevida. É um direito que o Estado impõe para eliminar a vantagem indevida.
Estas medidas compensatórias são também impostas unilateralmente, e devem ser aplicada de maneira estrita - deve haver: 
	- Similaridade estrita;
	- Equiparar a vantagem.
O parâmetro para a estipulação do valor da medida compensatória não é nem o prejuízo sofrido pelo setor nacional, tampouco o custo do subsídio pela autoridade estatal. Cálculo pelo vantagem que o setor teve pela concessão do subsídio. 
* O Dumping e os Subsídios são medidas de defesa comercial, porque procuram ajustar o comércio internacional em favor de empresas, setores que têm maior competitividade. Evitar distorções, quer sejam derivadas de políticas de uma indústria de um setor, quer seja pela dinâmica do mercado. 
B. MEDIDA DE PROTEÇÃO ECONÔMICA (EMERGÊNCIA ECONÔMICA)
	B.1. SALVAGUARDAS
É necessário que se comprove um prejuízo grave, ou seja, não é meramente uma perda de vantagem, mas algo que coloca em risco a própria existência do setor. As medidas de salvaguarda são medidas de emergência, e, como tal, têm que ter o caráter grave do prejuízo, e não-permanente (temporário) – não pode ir além de 8 anos. 
Não interessa o que está acontecendo nos outros países; interessa um aumento vigoroso, significativo e brusco das importações, e que ameaçam todo um setor. Não precisa demonstrar que houve prejuízo, basta mostrar que determinado setor está submetido a risco grave, e que isso decorre de um aumento brusco e significativo das importações, que vão exigir uma medida de emergência. 
Não são, em regra, discriminatórias, são impostas para todos os bens, todos os setores. Deve ser, portanto, em geral, para deter o avanço forte da importação, para todos os países. 
Pode ser implementada mediante quotas, ou seja, excepciona não só o caráter progressivo das vantagens concedidas pela OMC, mas excepciona a proibição de medidas que não sejam de caráter tarifário. 
Caracterizam-se por uma grande excepcionalidade. Das medidas impostas pelo BR, apenas 1 é por salvaguarda (do vinho), pois depende de condições excepcionais para sua aplicação. 
* Por que será que quase todas as outras são em matéria de dumping, e não de subsídios? 
É mais fácil impor medidas anti-dumping. Para caracterizar subsídio, preciso comprovar muito mais coisas, é mais difícil comprovar. 
Na própria negociação da OMC, o tema dos subsídios é mais controvertido que o tema do dumping, pois todos os países, em alguma medida, ou subsidiam, ou são tentados a subsidiar. É mais fácil tipificar o Dumping que o subsídio. 
Outro fator é que o fato das medidas anti-dumping serem contra a China – o que é algo que se encontra no genérico das medidas anti-dumping na OMC – se deve à possibilidade de quantificar os valores sem referência aos preços internos, o que facilita a qualificação como dumping, mesmo que seja subsidiado, é mais fácil processar. 
18.04
EXCEÇÕES AO GATT/OMC
1. Gerais – Art. XX�
2. Segurança – Art. XXI
3. Emergência Econômica – Art. XIX (Salvaguardas);
4. Integração Regional – Art. XXIV
5. Balança de Pagamentos – Art. XII
6. Desenvolvimento. 
O regime das exceções na OMC é amplo e complexo. Manutenção do equilíbrio econômico e político. Essas exceções estão previstas desde o GATT: livre comércio deve ser mitigado por várias questões.
As exceções de emergência econômica são as salvaguardas que já estudamos na aula passada. O tema das exceções de desenvolvimento terá aula própria, já que é tema caro ao Brasil.
Antes de falar em exceções, deve-se encontrar a medida em desacordo: a medida contraria algum princípio do GATT e OMC? Há alguma exceção que autorize essa medida? Incremento do IPI nos automóveis importados pelo Brasil: em princípio ela é uma medida em desacordo com o GATT, mas aí busca-se se há exceções.
A. Exceções Gerais (art. XX)
1. Saber se a medida é típica, ou seja, se está descrita na alíneas “a” a “j”. A lista das medidas dispõe todas as exceções possíveis. (LIMITAÇÃO) -> Tipicidade da medida;
2. Deve estar de acordo com o caput do art. XX
* ou seja, dependem da tipicidade da medida, e de estar de acordo com o caput. 
	a) moralidade pública
Não é muito utilizada/discutida. A princípio, cada governo é capaz de estabelecer o que fere ou não a moralidade pública em seu pais. Há limites, na medida que não pode ser discriminatória. 
	b) Medidas para proteger a vida e saúde das pessoas e animais, bem como preservar vegetais
A ideia dessas medidas, quando apareceram originalmente, foi relativamente restrita. Ao contrário de como é lida hoje (aspectos ambientais), em 1947 não podemos falar de princípios como falamos hoje – esta concepção ambientalista se inicia com a conferência de Estocolmo (1972). 
Na verdade, em 47, estava falando sobre produtos que prejudicassem a saúde, como pestes que poderiam prejudicar rebanhos ou plantações nacionais. Seria possível proibir a importação de produtos que prejudicassem a saúde, ou que estivessem contaminados, com base nesta alínea. 
Entretanto, sobretudo a partir da OMC, vai começar cada vez mais a pensar na alínea como algo que também tem um objetivo ambiental. Por exemplo, no caso dos Camarões: nos EUA, camarões: algumas técnicas da pesca de camarões capturam, além destes, outros animais como tartarugas marinhas. Os EUA colocam uma medida que proíbe a importação de camarões que foram capturados com técnicas que apreendem também tartarugas marinhas; mesmo que esta pesca fosse feita fora de áreas de ZEE, pelo fato de serem as tartarugas marinhas espécie itinerante, mesmo se capturadas em águas fora dos EUA, como no México, ainda assim tem efeitos na preservação da espécie. 
Neste caso, alguns pontos importantes passam a ser discutidos.
Fala-se, na alínea, em medidas que têm, por seu objeto, a proteção, e, por outro lado, medidas que devem ser necessárias – o que vai levar a uma discussão em que se observa a medida para saber o seu objeto/objetivo, o que parece algo razoável. O que se pergunta é se a medida é necessária, no caso concreto. 
A interpretação desta necessidade é algo complexo, pois envolve saber:
1. se existem medidas alternativas; 
2. se estas medidas alternativas são igualmente eficientes, e 
3. se são menos restritivas ao comércio. 
Se não houver medidas alternativas, a única maneira de proteger é por restrições à importação, por exemplo.
Uma discussão que aparece é no caso da Tailândia e importação de cigarros. A Tailândia resolve, em um momento, proibir a importação de cigarros, por ser prejudicial à saúde. 2 efeitos: controle de substâncias danosas; possível redução no consumo. A medida é voltada à proteção da vida das pessoas, mas é necessária? Primeiro, pensar se há medidas alternativas. A proibição de sobretaxas de substancias poderia ser uma medida, e não geraria discriminações, reduzindo a emissão de substâncias; quanto ao consumo, qualquer medida restritiva no preço tem por efeito a redução do consumo. Ou seja, havia muitas medidastidas como alternativas, mas igualmente eficientes. A medida da Tailândia, portanto, foi contra o comércio internacional. 
* Antes de falar em exceções, é necessário:
- encontrar a medida em desacordo, que vai contra algum artigo do GATT/OMC.
- Existe alguma exceção que autorize esta medida?
Um outro caso interessante é o do Canadá x França - Asbestos. O Canadá vai pressionar por medidas que banissem substâncias que causavam câncer. Discussão se havia outra medida alternativa. Discussão importante: o que é igualmente eficiente? O grau de proteção não é algo que possa ser discutido conforme as regras da OMC. Não existe, na OMC, discussão sobre o grau de proteção; é livre o grau de proteção que o Estado vai estabelecer. Se o Estado entende que a proteção deve ser máxima, isso é com o Estado. Portanto, as medidas francesas contra o Asbestos foram consideradas como necessárias e razoáveis para o governo FR para atingir o grau de proteção almejado, e os outros países e a OMC não tinham que discordar deste grau de proteção. Sendo que as medidas “alternativas” não caracterizavam o mesmo grau de proteção, mesmo sendo menos restritivas ao comércio, não poderiam ser exigidas. 
	d) Assegurar cumprimento de Direito Interno compatível com a OMC
- As medidas devem ser voltadas a assegurar o cumprimento de normas internas;
- devem ser medidas necessárias – a necessidade destas medidas deve ser comprovada da mesma forma do artigo anterior, ou seja, têm que ter (i) relevância social e (ii) efeitos para esta relevância social, e (iii) devem ser o menos restritivas possível.
Caso da Coréia – várias medidas sobre carne bovina, desde formas de inspeção na entrada do produto, determinação de pontos de venda, medidas voltadas a garantir o controle do consumidor. Essas medidas vão ser consideradas como compatíveis com o GATT/OMC. Em geral, são consideradas mais restritivas ao comércio, e acabam sendo proibidas. 
	g) medidas relativas à preservação de recursos naturais esgotáveis
Mais uma vez, uma medida com contexto próprio em 1947, que vai se alterar com a modificação dos padrões ambientais. 
- saber se é recurso natural esgotável;
- se a medida é relativa ao fim que almeja;
- aplicada conjuntamente com restrições à produção e consumo nacionais. 
* O que são recursos naturais esgotáveis?
Originalmente, queria dizer recursos minerais: petróleo, minério de ferro etc., cuja exploração destrói o recurso. Interesse em reduzir/limitar a exploração.
Essa interpretação vai ser afastada mais uma vez no caso dos Camarões, em que vai se afirmar que recursos vivos também podem ser esgotados mediante sobre-exploração ou seus efeitos. Altera-se a interpretação do art. XX para alcançar os recursos vivos também, que poderiam continuar sendo utilizados. 
Não fala em medidas necessárias, mas simplesmente de medidas relativas. O teste é menos rigoroso do que aquelas relativas a medidas de proteção à saúde de animais e vegetais. O padrão é menor. Embora se entenda que deva ser uma medida razoável, o teste da existência de medidas alternativas não é tão importante. 
A única coisa que vai aparecer é que as medidas devem ser aplicadas conjuntamente com restrições à produção e consumo nacionais. 
Não significa que as medidas tenham ser plenamente não – discriminatórias; é admissível um pouco de discriminação, mas deve-se analisar quais as medidas nacionais de produção que estão sendo aplicadas, e quais as medidas para produtos estrangeiros. Por exemplo, caso dos pneus moldados: quais são as medidas que estão sendo adotadas contra a produção nacional?
* Analisar:
- Tipicidade – a medida é típica?
- É necessária?
- As exigências de cada uma das alíneas estão sendo aplicadas?
Caso as respostas sejam positivas, passamos para a análise do caput do art. XX:
- Discriminação:
	- Arbitrária
	- injustificada;
- Entre países onde existem as mesmas condições;
- ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional.
Quer dizer, mesmo que a medida esteja descrita em uma das alíneas, é preciso saber se não gera discriminação arbitrária/injustificada. Isso se apresenta entre países que apresentam as mesmas condições, que devem ter a regra aplicada da mesma maneira.
Uma medida geral de restrição ao comércio não pode ser aplicada indiscriminadamente em todos os países. A discriminação deve ser focada nas características que pudessem gerar o violação de qualquer uma daquelas alíneas. 
A ideia de discriminação disfarçada, em termos de jurisprudência da OMC, perdeu seu sentido. Em princípio, é uma ideia com viés subjetivo: colocou-se restrição ao bem não porque prejudica a saúde, mas porque quer restringir o comércio. Embora seja possível encontrar uma análise da restrição disfarçada, nos termos da jurisprudência da OMC isso não é importante, importa saber se há alguma restrição concreta. 
Países com as mesmas condições não se referem a países que são necessariamente exportadores, mas também a relação entre pais exportador e importador. No caso Tailândia - Tabaco foi observado se os países exportadores e importadores tinham as mesmas condições, embora parecesse que era apenas no sentido geral.
Embora o princípio geral no direito seja de que as exceções sempre têm um caráter excepcional, toda a jurisprudência da OMC tem trabalhado com a ideia de que existe um direito às exceções, e que ele, portanto, deve ser equilibrado com as obrigações na OMC – o que dá uma flexibilidade maior no tratamento das exceções do que é normalmente considerado nos órgãos internos. 
Isso dá possibilidade a um direito à regulação, que deve estar equilibrado com os deveres. Isso acaba gerando uma abordagem caso a caso. A interpretação das alíneas do art. XX tem sido bem flexível, de acordo com o caso concreto. Tipificação mais flexível. 
B. Exceções em matéria de Segurança (art. XXI)�
Noção de que a segurança é o principal objetivo e bem de cada Estado. Interesses militares, estratégicos sobrepujam interesses econômicos. Não é surpreendente, portanto, que existam exceções em matéria de segurança. 
* Em que situação o Estado pode aplicar medidas que protejam sua segurança, e afetem o comércio internacional?
3 casos:
	1. Restrições no comércio com o inimigo
Em situação de conflito, é óbvio que pode haver tal limitação ao comércio.
	2. Sanções econômicas
Em situação de conflito, de maneira preferências à sanções militares, estão as sanções econômicas. Não confundir com o bloqueio. 
	3. Proteção do potencial produtivo interno, sobretudo em matéria de bens úteis para as forças armadas (armas, uniforme, alimentos, energia etc.)
Até a produção de bens agrícolas seria incluída aqui. 
* Essas 3 possibilidades de segurança não aparecem assim na regra do art. XXI: este fala em informações, no limite da oferta de informações pode afetar a capacidade militar. Isso é comum em comércio de armamentos. 
a) Informações;
b) “Medidas que achar necessárias à proteção dos seus interesses de segurança, ...” -> matérias-primas e matérias desintegradas (equipamento bélico);
c) Medidas ONU para paz e segurança: sanções conforme os arts. 25 e 41 (sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança).
* As sanções do art. XXI são absolutamente fundamentais, embora gerem pouca discussão jurisdicional (pois acabam dissolvidas em discussões de soberania). Discussão na época da Guerra das Malvinas/Falklands. 
Não existe controle do que se acha necessário: as medidas de segurança são sérias, drásticas. 
E. Exceções ao equilíbrio na balança de pagamentos (Art. XII)
Não confundir com emergência econômica (quando, pelo aumento excessivo das importações, há um risco setorial elevando, o que possibilita as salvaguardas para proteger aquele setor). A questão da balança de pagamento é diversa: pensamos em uma questão financeira, de efetivo desequilíbrio da balança de pagamentos.
É diferente de balança comercial: a balança de pagamentos inclui também uma série de outros pagamentos da balança dos invisíveis (por exemplo, pagamento de royalties). 
Art. XII:a ideia é de que é possível impor medidas tributárias ou quantitativas, dando preferência àquelas medidas orientadas pelo preço, na forma de alíquotas ou sobretaxas.
Tem 3 requisitos, para que aquelas medidas possam ser aplicadas:
1. Deve-se fazer uma consulta ao FMI, que vai dizer se existe ou não um desequilíbrio grave na balança de pagamentos. Se entender que não há, não há que se falar em exceções. 
2. Para evitar danos desnecessários. Padrão de proporcionalidade menos exigente do que existe nas salvaguardas: aqui, não se fala em proporção em relação ao desequilíbrio, deve-se evitar danos desnecessários. 
3. Medidas claramente temporárias, que devem cessar imediatamente, uma vez que se sane o problema do desequilíbrio da balança de pagamentos. Caso da índia. 
É uma exceção pouco utilizada. 
25.04 – Não teve aula. 
02.05 – PROVA.
09.05 – Cheguei atrasada
DIREITO INTERNACIONAL COMERCIAL
(International Business Law)
* Como tornar (mais seguras e estáveis) transações comerciais privadas internacionais? 
DIREITO
	1. Vários Direitos
		1.1. DiPri
			1.1.1. blabla
			1.1.2.
		1.2. Sistemas/Famílias
		1.3. Finalidades e Tradições
Diferenças mais profundas de finalidades e tradições
- países Asiáticos e africanos, onde a organização comercial ainda é tradicional. 
- países socialistas: conflitos leste-oeste, norte-sul. Os direitos estariam mais concentrados no Norte-Oeste. À medida que se afasta desta região, encontram-se mais diferenças. Ainda há diferenças consideráveis entre estes 2 eixos. Permanência de muitas questões tradicionais de mercado no S-L, enquanto mais para o O-N, o direito não promove o mercado. 
OUTRAS FORMAS DE ESTABILIZAÇÃO
- o Direito não é a principal forma de estabilização; para o profissional do comércio, outras coisas são mais importantes, ou, pelo menos, igualmente importantes. 
	1. Redução da relação: tornar menos importante a origem ou qualquer característica das Partes. Ou seja, a possibilidade de tornar a operação econômica a menos pessoal, relacional possível. Transações de C/V à vista, por exemplo, tendem a ser bastante seguras. As transações se simplificam, e ajudam a possibilitar as transações.
		1.1. Formação de mercados de commodities: ajudou na redução da relação. Isso leva à criação de padrões de simplificação, que tornam a origem irrelevante. 
		1.2. Formalização de padrões, de obrigações e de responsabilidades: Isso aparece de forma interessante nos Incoterms (termos comerciais internacional, estabelecidos pela CCI; os mais comuns são o FOB – free on board – e o CIF – Cost insurance), que são regras bastante detalhadas que ajudam a facilitar as transações, e tornam menos importantes qualquer característica das Partes, cada operação se encerra por si só. 
	2. Há operações em que vai se procurar reforçar a relação: há duas maneiras para tal – um caminho interno, e outro externo. Se, em vez de relações comerciais, falarmos de uma relação afetiva, o que reforça a relação são os vínculos internos. Por outro lado, poderia ser sustentado por vínculos externos – por exemplo, no caso de casamentos arranjados, entre famílias. Já as relações econômicas também podem ser sustentadas por estruturas internas ou externas. É o caso de obrigações/contratos imediatos e simples. 
		2.1. Contratos relacionais: longo prazo e complexidade. Por exemplo, em um contrato de franquia, há o franqueador e o franqueado. O franqueado quer aproveitar a estrutura do negócio, para gerar um benefício em escala; há ainda a questão da marca, há o interesse de que a marca funcione bem. Interessa ter o negócio relacionado com outras franquias, pois a reputação da marca é importante, e aspectos como relação com fornecedores vão criar um compartilhamento de interesses. Não existe apenas uma contraposição de interesses, há uma mescla de cooperação e de conflito. Esse modelo de contrato (franquia) ainda é incompleto, pois o franqueado ainda é muito submetido ao franqueador. Mas se imaginarmos um contrato entre um fabricante de automóveis e um grande fabricante de peças, há um grande compartilhamento de interesses. Aproxima-se à ideia de uma joint ventures (há a contratual e a corporativa). 
			2.1.1. Compartilhamento de interesses.
			2.1.2. Elevação do custo de descontinuação: Quando já há o compartilhamento, o custo de descontinuação é alto. O fortalecimento da estrutura relacional entre 2 empresas, com projetos comuns, é uma maneira interna de estruturar o negócio. 
		2.2. Reforços externos
			2.2.1. Em outras estruturais sociais
				2.2.1.1. É comum a relação entre entes familiares, o que é comum nos negócios com os chineses. 
				2.2.1.2. Reputacionais setoriais: às vezes, associações (que favorecem a circulação de informações), e às vezes, espontâneas. Ou faço bem no meu setor, ou acabo sendo excluído deste. 
* as estruturas internas e externas contribuem para estabilizar as relações comerciais. 
EM SUMA:
- Tenho a possibilidade de aumentar a segurança da transação mediante o Direito (em sentido estrito, estatal): contrato, lei aplicável, documento executável. Ou seja, consegue utilizar as normas e o sistema de sanções estatal. 
- Há ainda a questão da reputação, que vai envolver famílias, associações, redes.
- Há o fortalecimento da relação negocial (contratos relacionais), mediante a criação de interesses comuns.
- Complementarmente, há relações mais abstratas, menos personalizadas. 
- Recurso a outras estruturas de integração, que serão particularmente as empresas multinacionais (ou transnacionais) – estruturas de firma, e os escritórios jurídicos internacionais. Esse tipo de estrutura pode até funcionar mediante escritórios de representação. É importante lembrar que há um estrutura maior a ser levada em conta, não há estrutura melhor ou pior, mas sim mais ou menos adequada. 
BIBLIOGRAFIA
- Schimitthoff: Export Trade: the Law and practice of International Trade. 
- STRENGER, Contratos Internacionais do Comércio. 
- derecho de los negocios internacionales
- International Business Transactions. 
Próxima aula: Lex Mercatoria. 
16.05
FONTES E LEX MERCATORIA
Na matéria de DIPrivado havia 3 perspectivas para abordar a temática do direito internacional privado: jurisdição, sistema jurídico e relação.
Nas relações econômicas/comerciais internacionais é privilegiado o enfoque da relação, pois na medida em que tomamos a perspectiva da questão da segurança e estabilidade dessas relações comerciais internacionais busca-se privilegiar o ponto de observação da relação privada internacional.
O problema básico do direito privado é saber qual o direito regula uma determinada relação. No âmbito do comércio internacional deve-se buscar qual direito oferece o grau máximo de segurança e estabilidade.
Há sistemas alternativos de estabilização: direito interno e internacional.
Basta ter a temática da autonomia da vontade e escolha da jurisdição e do direito aplicável e das possibilidades de existência de soluções possíveis que não são necessariamente excludentes, mas se tornam excludentes na medida em que se toma um determinado ponto de vista.
É possível ter um contrato que prevê a cláusula de arbitragem com escolha do foro, mas pode-se em certas circunstâncias optar por não levar à arbitragem.
É, portanto, possível escolher o sistema de estabilização (na perspectiva da relação), mas quando se toma outra perspectiva (OJ ou jurisdição) a oscilação não é possível.
Essa escolha se dá em termos de algumas variáveis importantes como efetividade (título executivo eficiente) e adequação (a estrutura de uma determinada jurisdição é ou não adequada para regular a relação econômica?)�.
Na temática da adequação, entende-se que os direitos nacionais internos não são adequados a questões comerciais internacionais, pois eles têm uma série de peculiaridades que não são bem estabelecidas no direito nacional.
A inadequação do direito estatal demanda o surgimento de um novo direito, isto é, a nova lex mercatoria, direito diverso do direito interno, sistema

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