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Evans-Pritchard - Bruxaria, oráculo e magia entre os Azande

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• Os MANIJIIHlN'l tvll1 l1c,Rmm 
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• ANlIltll'OIOl.lA U RBANA 
• Dr WIO r DIV[I((, l NC III 
• INIJIVlllUt\lI'lMO I CUI TURII 
• rllPJlIO I MllA~IOl!rml 
• SUI'JI TlVIDAlJl [ Soe I[ nllD[ 
• A UrOPIA U RBANA 
("lhcll<1 \'dlto 
• p[ QUISAS URBANAS 
(.ilhcl (o \'dho " 1\:.11 iII .. "I", hllir 
• O MUNI10 f UNK CARIOCA 
• O M 1m RIU [lu SAMI'A 
11 ,1111.1110 \ ' 1.11 111.1 
• B[II RRA DA SII VA: 
PRUDU [I) [ lU M OIU(O 
I rlllld \'1 .. 11110' 
· n MUNDO [lA As I HI )I l)(,IA 
\ 111 \'<1.1" 11 ,, \ t11! e ll .1 
- E.E. Evans-Pritchard 
Bruxaria, Oráculos e Magia 
entre os Azande 
Edição resumida e introdllção: 
Em Gillies 
Tradllçtlo: 
Edl/ardo \fil 't' iroS de C,btro 
h)rgl' Z lhar hhtor 
RIO ,I ' .U1t"lr, 
E 
'=' u 
(.t.PI/'/o/ 
A bruxaria é Ufn fenômeno 
orgânico e hereditário 
I 
Os Azande acreditam que certas pessoas são bruxa,; e podem Ih fazer m' J m 
virtude de uma qualidade intrínseca. Um bruxo não pratiu nto nau pr r 
encantações e não possui drogas mágicas. Um ato de bruxaria e um aí J>\-
quico. Eles crêem ainda que os feiticeiros podem fazé-Ios adoecer por meIO d.t 
execução de ritos mágicos que envolvem drogas maleficas. O Azande do. Ín-
guem claramente entre bruxos e feiticeiros. Contra ambo empregam :iI 
nhos, oráculos e drogas mágICas. O objeto deste li, ro são a R,a_o~ entr 
essas crenças e ritos. 
Descrevo a bruxaria em primeiro lugar, por se tratar de uma base ind ~ 
pensável para a compreensão das demais crenças. Quando o Azande alD.Sill-
tam os oráculos, sua preocupação maior são os bruxos. Quando empreg m 
adivinhos, fazem-no com o mesmo objeti,"o. O curandemsmo e a confrana 
que o praticam são dirigidos contra o mesmo inimigo: 
Não tive dificuldade em descobrir o que pensam os Azande sobre a bru-
xaria, nem em observar o que fazem para combatê-la. Tai -idei~ e prau .. a5 J.l-
7em à superfície de sua vida; elas são acessín'i~ a quem quer que vi, a om d 
em suas casas por algumas semanas. Todo zande e uma autoridade em brm .I-
ria. Não ha necessidade de consultJr especiali.~tas. '\em me. mo e preci - ÍD-
terrogâ-Ios sobre esse as~unto, porque as informaçõe~ tluem li\Temen > d 
situações recorrentes em sua "ida social, e tudo o que \e tem a faz r ob ~'f\ar 
e ouvir. Mangll, "bruxaria", (01 uma das pnmelra~ p.l!Jwa que oun na t rr. 
lande, e continuei a OU\ i 1.1 dia após dia no correr do:. me .. 
Os Alanue acreditam que.! brux.ni.1 é um.! \Ulh(.'in"i.1 e i tt'nt n . rp<' 
d()~ bru\()~ . Fsta t:' uma cren<,.1 encontr.1d.1 entn.: mLito'i p)\" dJ \tOdo Ct.D-
tr.I1 e Ocilknt,11 O território z.lJ1de 0 o limite Ilorde~te d ,ua di tribut,j . E 
() Íl'ltOI ,Ie\l' l.UlhUh.lI ti ,\pt'rtd", I, qUl rr ~ Ulll ~Ill .. \ J t nn 
J \.111, J'flt,h.lld II.' tr.,dll\.," d,' "'rI,,, "lIIu~,h\ r.ltl It;: .. I" I l 
A/.ll1d, ('I I ) 
,fifi 11\ r ~I Ir \jU I ,I~\ 1~lllIl\ ll.I' (\ 1.1111.11 ru .lIi.1 . Ulh.' \'i l' S.I suh, 
t n I llru ,111,1 hun n I nu ti III 1.11 til'" nt,l \.lllllllUIll.II'CqUUl.1 b .. b.I .. 1I 
m hil ao UI II: 1.1 Il lI\ II Ic:ntro d.1 YII.I' li tU1ll,1 \l'r l'llllllltr.HI.1 UIll.1 V.I 
ri lad dl pt'\lUllIll III, t). )u,mdo os A/,lI1dl' dCSl H'\'l'1ll SU.l form.l, cm 
~t:ral \'1( nt m I .u. o uh \,dl) do br,l\ u I1l' 1011.1.10. l' lju.lI1do dl'\l H'\'l'm ~U,I 
ln 111 .U m I Ir.\llI ,I Jrc.1 10gll .lh,lixo d.1 lartilagl'm xifoide.I,' que. di/l'Jll, 
r ohr uh 1.1Ilu.1 hruxarla", l'gllndo eles: "I'~,t.í prc\,1 :1 beir.1 do flg.ldo, 
)uando .. br 1 h.lrrig.l, h.lsl,1 fur,lr ,I subslalllia-brux.lri,I, ljUl' da l'\plllde 
\m um I: tal I, 
)U\ I 0.1 dlzc:rem que doi ,lpresent,1 U)f ,I\'crmclhada l' conlem se-
m nt d ahubora, g rgelim ou quaisquer outras plalllas ljue lenham sido 
d \orada por um bruxo nas roças de \eus vizinhos, <.h Azande conhl'cem a 
I xahza ão da uh tancia-bruxaria porque, no passado, eI,1 coslumava ser ex-
tr.uda em autóp ias. 'uspeito que sej.l o inleslino delgado cm cerlas fases di-
g t"'a, E te orgão foi-me sugerido pel.1s descriçúes ,lzanJe da\ aut6psias l' 
por aquilo que me foi apontado como contendo suhsláncia-brux.lria no ven-
tr de um bode. 
l m bruxo não apresenta sintllma\ exteflHh de sua condiçao, embora o 
pO\o diga: "I: pelos olhos vermelhos que se conhece um bruxo." 
2 
A bruxana não é apena:. um traço físico, mas também algo herdado. É trans-
mitida por descendência unilinear. dos genitores a seus filhos. Os filhos de um 
bro o são todos bruxos, mas suas filhas, não; as filhas de uma bruxa são todas 
bruxas, mas seus filhos, não. A transmissao biológica da bruxaria - de um 
do gemtore para todos os filhos do mesmo sexo que ele - está em comple-
mentaridade com as opiniões azande sobre a procriação e com suas crenças 
escatologica . COll5idera-se que essa concepção deve-se a uma união das pro-
priedade p íquicas do homem e da mulher. Quando a alma do homem é 
mal forte, nascerá um menino; quando a alma da mulher é mais forte. nasce-
ra uma menina. Assim, uma criança participa das qualidades psíquicas de 
.Imbos o pai, mas uma menina tem mais da alma da mãe, e um menino. 
mal da alma do pai. No entanto, certos atributos são herdados e c1usiva-
mente de apena um dos genitores, como as características sexuais, a alma 
wrporea e a ub tanCla-bruxaria. Há uma crença vaga, que dificilmente se 
oI ... nJ!,olIk .... rtaJ .. yn< w qu I rffillla IIIlrnunll~nle o eikTno (N 1 ) 
pode"J (k" rC\ia "'lIlO IIOld duulrnu W1!~ndo 
du.ls "lfIl.l , um .• t.orpilr.l uUlra 
t.orpor .1 tr.lIl\fOrlll.1 !>C Jlum anunallollál,*o 
1J.1 ~e UIll e~pcllrn e leva uma eXI I "'Ia .m ... lpjwd_.CI ..... ~ 
d'.Igu.I.r..luit.Isenledl7.4Uea Ima orpóradc 
toléllllUI do d.1 de seu pai, ao pas50 q~ a aJmaOJl". .... 41IIt1~ ... 
IlJ sc II .lnilll.11 loternlLO do I de .ua mJe 
A primcir.1 VlstJ, pode parecer tranho aljamlf •• 
miss.1\I m.lIrilinear numa ouedade mar ada por 
ncar, m.ls a bruxaria, como a aJma corpórea. faz pade .f ... tt. 
<H,omp.lIlha .1 tran missao de caractensticas m C" U 
ou d.1 m.lc. 
Em nm o modo de ver, seria e Idente que, se um hOIllClul" ..... 1i 
mente bruxo, entao todos os de seu da ao 'pso facto brux 
UIl1 grupo de pe soas ligada biologicamente entre ,em lintu m.;u,çulÍlna. 
Az.lllde ~ nlendem perfeitamente o argumento. ma refubm 
,IS qUJI , c ,H:eitJs, torn.lri.un contradllória toda a noçao de bru J1il 
tiLa, ao considerado bruxos apena o parente paterno mal pr'osjftll(K 
um bruxo rewnheLido. E omente em teoria que des ~tendem u.I imlpcl~;.ão 
,I todos os membro do ela do brw'o. Se, para a opinião publica , pa;~DelIIIo 
de homicídio por bruxaria marca o parentes do culpado mo bnD~ 
exame post-mortem que não revele a e 1 tência de substincia-bruxuia ... 
homem isenta de suspeita seus parentes paterno. Aqui novamenk ra:iocú ... 
ríamos que, se o exame post-mortem não descobre a substãncia-b .......... 
todo o clã do morto seria imune, ma o Azande não agnn como tIC bllaa 
desta opinião. 
Elaborações adicionais da crença libertam o Azande da neo ta+ dr 
admitirem aquilo que pard nós seriam as consequências Ióp da..... 
uma transmissão biológica da brw aria. ficar indubitudmm e Pl'lJQdo 
que um homem é bruxo, seus parentes podem, para Rivl .. diar _:Jd-=u 
para si mesmos, lançar mão do proprio prindpio ~ro qur 
sob suspeita. Ele admitem que o homem é um bruxo. mas Mpll1 
membro do clã deles. Dizem que era um bastardo, pois mIR Azaack 
homem é sempre do clã de seu gmitor. e não do u píltn"_ tanm-
bém que ele podem então forçar a mãe ( amda esta 
era u amante, espancando-a e pergunt ndo; que """Vo 
para arranjar bruxaria om adult rio1 . tnquentftDeoIt. POR:" .. ;ta-
ram apena que o bru o de e ter ido um bas,tlrIiIo. 
na em eu corpo, portanto ele 
alega 0, CItam a em que memb 
Il\n: d~ hrll '.trI.i • .lO t. prcn.l\·ej quI.' oulras peS~(I.h .Ileltem lal .Irgll-
11 nlo mJ' na<' II e, c I'l'dldo que o .ldmital11 Oll releltem. 
dl utnn.l z.mdc mc.lUl 1,lInbem.1 noç.lo de ljllC.I1ll"mO <file um I I< li 11 em 
t.)a filho de um bruxo e ll'nhJ sllb~tjncl.l-hrux.lrla em ,eu corpo. de pode 
nao 11"1 b, Ela permJn~(erj lI1oper,lnte, "fria", corno dl/,cm eh Alande. du-
r Jllte lod.l J 'UJ \ ida. e um hOl11ul1 dificilmente pode ser cl.1s~ific,ld() LOmo 
bru II se sua hruxJrta nunC,i func lon.l. • .1 \'erd.tde. oç A/.Inlk geralmente en-
wr.lm ,I brux.lria corno lima c.uaderística JIldi\'idudl. e .lssim d.1 ~ tratad,l. a 
despl'lto de ~ua .1~S<Ki,l~O com o parcl1tôco. [)e~ e modo. 110 tempo do rei 
<..bud\\e. certo:; dãs tJl1ham .1 reputação de hruxo~. MJ~ ningucm pensa mal 
de um homem pelo simples f,lto de ser membro de um dôscs dã~. 
Os AlÀndc nao pen,ebem a lont radl\Jo como nós a percebemos. porque 
nJO pmsuem um intefl'Sse teúrico no a~sunto, e a'i situaçóe~ em que manifes-
t,lm su ..... crenÇ<l~ nd hruxaria ndO Ihe~ obrigam a enfrentar o problema. Um 
homem nunw pergunta aos oráculo - único poder capaz de detectar a loca-
hzaÇ.1O da 'iul> tanóa brux.trla nos \ i\ entes - se um determinddo indivíduo 
e ou não bruxo. O que de paguntd é se, IKsse momento. 'Il]uele homem lhe 
e tá fd;rendn brux.m.1. O que St; prolllra ~abel e se um indivíduo está fazendo 
bruxdrJa para alguem em ClrcumlallLias determinada\, e não se ele é um bru-
xo de IldSCenç-.l. Se ()~ orállllo~ dI/em que ccrto homem está fazendo mal a 
"océ no pre<ente. vOlé entao Jhe que ele é um bruxo; mas se os oráculos di-
/em que, naquele momento. ele nao está lhe fazendo mal, você não sabe se ele 
e um bruxo ou nao, e nao tem o menor interesse em aprofundar o assunto. 
Saber:;e ele é um bruxo rouco lhe importa, desde que você não seja sua víti-
ma. Lm lande se interessa pela bruxaria apena!> enquanto esta é um poder 
agente em OL1SioC$ definidas. e apenas em relação a seus próprios interesses, e 
nao como uma LOlldiçao perm,\J1ente de alguns indivíduos. Quando adoece, 
ele normalmente n.to dll: "Bem, vam05 ver quem são os bruxos notórios da 
\ lIinhan'ra, para culocar seus nomes diante do oráculo de veneno." A questão 
nao é t;onsiderada de !>e ponto de vista; o que ele se pergunta é quem. dentre 
us vlllnhu~. tem queixas contra ele. e entao procura saber do oráculo de ve-
nrno se algum deles está neste momento lhe fazendo bruxaria. Os Azande in-
teressam-se dpenas pela dinamica da bruxaria em situações particulares. 
Pequenos infortúnios sao rapidamente esquecidos. Aqueles que os <:au-
\ardm .10 tidm pela vítima e I>ua família como tendo-lhes feito bruxaria na-
qut:la oca 1.10, e ndO l.omo bruxos comprovado. Somente pe soas que sao 
con tantemente denunciadas pelolO oráculos como responsáveis por doenças 
)U ptrda S,IO tIda por bruxm confirmados' e nos velhos tt'mpos, era apen.t\ 
(jL Jlldo um bruxo matava alguém que se turnava um humem mMl.ado na lO 
I uJ1ldad . 
• 
3 
A morte é resultado de bruxaria, e deve ser vmpda Tocbs.ck .... pr.ICíICII 
ligadas ii hruxaria se acham resumidas na açJo da vinga~. Em no ii L) ce.=s-
to de discussão, é suficiente indicar que. na q,oca pré-europér.a. ii "''Fqz 
podia ser perpetrada tanto diretamente-àsvezespel(UMM.IPIfcHtobnao 
outras vezes aceitando-se uma compensaçao - como por magJa leal Só 
muito raramente um bruxo era assassinado; isso acont«la quando um h0-
mem cometia seu segundo ou terceiro homicídio. ou quando matava uma 
pessoa importante. O príncipe então permitia sua exea.ção. Sob o dom-uo 
britânico. apenas o método mágico é empregado. 
A vingança parece ter sido menos o resultado de um sentimento de raiva 
ou ódio que o cumprimenro de um dever piedoso e uma fonte de lucro. 'un-
ca ouvi dizer que, ttôjeem dia. os parentes de um homem morto, após realiza-
da sua vingança, tenharri demonstrado qualquer rancor com relação a família 
do homem cuja magia o abateu, nem que no passado houvesse hostilidade 
prolongada entre os parentes do morto e os parentes do bruxo que pagaram 
indenização por seu crime. Hoje em dia. se um homem mata uma pe oa por 
bruxaria, o crime é de sua única responsabilidadt', e seus parentes não est.io 
vinculados à culpa. Antigamente eles o ajudavam no pagamento da indeníza-
ção, não em virtude de uma responsabilidade coleti\'a. mas pela ohrigacões 
sociais que se devem a um parente. Seus parentes por afinidade e irmãos de 
sangue também contribuíam para o pagamento. Atualmente, tão logo um 
bruxo é abatido pela magia - 011, no passado, quando morria a golpes de Ia.n-
ça ou pagava indenizaçãu -, o a~sunto e (on~iderado t'ncerrJdo. Alem do 
mais. trata-se de uma questão entre a part'ntela do morto e a parentela do bru-
xo. e outras peSSOdS nada têm a ver com isso. porque seuç \'In(ulos com ambJ. 
as partes !><lO os mesmos. 
Hoje em dia é extremamente diflcilllhter informaçóe, ~ohre \'lIim.1 de 
magia de vingançJ. th próprios A/,1I1de n.lda ~abem a respeito. J. n.lo r que 
sejam membro~ do cm:ulo mai., Intimo dm p.lrente, de um homem a 1 í-
nado. Quando se lIot.l que e"e\ r.lrente~ ce"'.If.Il11 de oh~er\'ar o tabu do 
IlIto. is.,o illdil,i que '>11.1 m.lgi.l 1'1I111prill a mi.,,>.\n, nu, de nad.1 .ldl.lOta pe-r-
gllnt.lf Ih~'~ quem foi ,I \,lIil11.l. I'0i, ~Ie~ n,IJ,1 dlr.lO. Trata- t' de um J.; unt 
LJue UJnUTI1~ apl.'l1.1\ ,I ele .. ,~, .I/cm dISSO. de UJll ,egredo entre ele e u pnn 
lIpe. !-stl' de\ e ser IIlform<ido do l'f~lt() ti I 1ll,lgIJ. poi (: n .lHO qu e'lI 
IIIdudodtvelltlJ(lconfilll1('lI01.icu!o(k,enellotlo p.H~nt' ant q" t, 
P()~'.111J ~\I~pt'ndt'r o luto Além do 111.lb tr.II.1 ~ de l!JIl \tr lidl ,t I r 
de \l'11~110, l' 11,10 se d~Vl' Li/.lr de Sll~ re\c1.I~.ll',.1 n peno J ~ km.l 
,eoutr.IS pô (l.l · conh~u: , el11 os nomes ll.Jqueles q UI? c.lI rJm \'Jtilll ,h d,] 
m,l!!',] de \ IIlgJn\J. h1do o proCÔSIl tai,l SU,l pre~-Jnedade exposta C,h O .~e 
.;ouhes,e que a morte de um homem \ fOI nngada sobre Ulll bnl\o ) , entao 
todo o pnKe .. so e tana redUZIdo ao absurdo, porque a m orte de ) esl<í sendo 
\ ingada por seus p.Hentes contra um bruxo z. Algu m ind i\ Iduos chegaram 
f']e~mo a confidenc 12r-me sua~ dú,idas qlnnt0 à ho nestid ,lde de)'; pnllclpes 
que cOntrol.Ull os oráLulo .. . e uns POUc()~ eslão cien tes de que o ,islema ,1lu.11 é 
talaclO~o. De qualquer modo. essa faUcia é encoberta, pOIS (1S enn1hidos 
f!uJrdJIl1 segredo ~ohre a identidade das ntimas de sua vingança magica. No 
pJs~ado as coisa~ eram diferentes; entiío. quando uma pessoa era acusada pe-
los oráculos do príncipe de ter as ,1ssinJdo alguém por brux,ma, ela pagava 
IJ1delllza .ao Imediatamente ou era execut.lda. Em ambos os casos o assunto 
e ta\'a encerrado. porque o homem que paga\'a a compensaç,lo não dispunha 
de meios para provar que nao era um bruxo, e se fosse executado por ordem 
do príncipe, ~ua morte mio podia ..,el vingada. Nao se concedia permissão 
para a autópsia do L.l d:Í\'e r de tom1J.J ~Jber ~e de continha Oll na<1 a substan-
~Ia bruxarIa 
Quando eu de:.aIJa\'a m A/;Inde a justificarem ~eu ~i stema de \'ingança, 
em geral me respondiam que um pnnLlpe <.UIOS o raculos dec.lar,lssem que Y 
morreu rela magia dm parentes de X não coloca ria <1nome de Z diante de seus 
oraculo para de~(}bnr se e1l' morreu pela magia dos parenks dl' Y. Quando 
os parente~ de y pedi~5ern ao pnnClpe para J presentar o nome de Z diante de 
seu oráculo dl' \'eneno, ele se re(Usaria a fa7ê- lo , dizendo saber que Y tinha 
mOrrIdo em expiaçao de um cril11~, l que sua morte nao podia, portanto, ser 
vlIlgada. Alguns indi\'lduo explic...l\am o slstl'ma atual dizendo que 1.11\'1.'1 
a vlIlganç.1 mágica e a hruxal ia parliClp m nas cau~a~ das morll's. A parLt~la d<l 
magia de vlIlganlrd explÍla o lt:rmlno d o luto dl' uma f.lnllIJa . l' a par(ela 
da hruxaria expliLJ o illlclO da \"lnga nça por outra IJ111IlJa. Isto é, os A:tande 
prol.uram explJ ar umJ l.ontra hç.ao /la:. uas uen\3S por 1I1elO do Idioma 
místico dessas propn.Js <' lell Ç-Js. Mas a ~xplic.açao 50 Ille fOI uferecid,1 L0ll10 
uma po sibi lidade g ral e ll o n c.1 tendo sido susLitada pur millh,1 objl:\(le ~. 
Umd vez q ue O~ lIome d,l s ,ltimas delllg.mç.a são guarJad()s em ~egred() . a 
contradiy.jo não • p.lrente, () qUl 50 UCOITt'IIJ se IOd,l ~ dS lIlolleS fu s>cll1 
le 'adas tm (.ollSlder.I ç..lO, e n.lCI dp('nd ~ uma 11)1)) k ellll" rliLlil.lI . 1 )esdt que e 
jalll (,lpaZÔ de ,lgn ..,egulldll o L(lsIUIIlL' e J( 111.111 tel a III ,lIl d (alll i li :-u os AI,lIld l:' 
nao est lO inter s,ldo~ no ,lspeLlos 1I1,1I~ ,1l11plo, d.l \·illgan.,." em gel ,do h~l Le 
hiallj L obJeç.a' l qu ndo eu a It \dllt ,IV.1, 111.1 \ n,l(. \C IIl llll11Ud,l\ .1 11 1 d 'l ll d.1 
() pnnup de em c~ llr Llenl c d .! contradiçao, pOfLl uL s.lhelll os de 
dobr mento~ de q UJlquer Illort ocornda em SIIJ prO\ 1I1L 1.1' <) lI ando pel-
guntei .10 pnnLlpc (J .lIlgura como ele podia .lceJtJr que a mo rto.: de um 
homcm fO S.\L .10 me~lll(J tempo re~lIlt.ld() da magld de vlIlgança mJgl tJ e de 
bru\.lI"1a, elc sorriU, ddmilindo que nem tudo era perfeito no ~lstemd Jtwl. 
Algum pnnClpes me dissel.ll11 que não permitiam que um homem fos:;e VIIl-
g.ldo quando sahiam que morrera por \lIlgança mágica; ma, pemo que esta-
\ ' .1 m menti ndo. N II1gucm pode saber ao ccrto, pois mesmo se um prínCIpe 
conta,se aos p,lrentes de um morto que ele fora \'Ítlll1a de vingança mágICa -
c portanto não poderia ser ving,ldo -, cle contaria ISSO em segredo, e o s PJ.-
rentes do morto guardariam em 5igilo suas palavras. l·inginam. diante dos \ 1-
linhos, que esta\am vingando o parente morto; e assim, depois de alguns 
meses, em sinal de vi ngança cumprida, guardariam a cinta de entn-:LJ5Ca que 
indicava luto. pois jamais deixariam os \'Ilinhos saberem que seu parente era 
um bruxo. 
Consequentemente. se os parentes de A vingam ~ua morte por meio de 
mágica contra B, e então descobrem que os parentes de B também suspende-
ram o luto em sinal de vingança cumprida, eles acreditam que esta segunda 
vingança é uma farsa. Dessa forma. eVita-se .1 contradição, 
Sendo uma parte do corpo, a substúnCla-bruxana cresce com ele. Quanto 
mais velho um bruxo. mais potente e sua bruxaria, e mais lIle~crupulo o seu 
uso. Esla é uma das razõe~ que fazem com que os Azande freqüentemente de-
monstrem apreensão diante de pesso,ls idosas. A subst.incia -feiti c,. .l na de uma 
criança é 1:\0 pequena que n.10 pode causar grande dano a ou trem. Por i: 'L) 
um,1 criança nunca e acusada de a~S.lSSIl1.lto , e nem mesmo moças t rapau. 
uesudos S,1O suspcitO'. de bruxari .1 sena, embora possam C.llIS.lf pequeno_ in-
fOllunlo~ a pessoas de sua propna 1,1Ixa et,ln.1. Como \'cremos adhll1te, a bru-
xan.l opera quando eXiste ,lI1immld,!de entre bruxo e vÍllln,l, e n.10llbtullla 
h,1\"L' f ,lntagonismo entre l nanç,lS e ,1dultllS. Apenas os ad ultos pl)lit'm con-
sultar o or.ü:ulo de veneno, L' eles no rmal me nte n,lO apresentam 11 nome de 
c ri,lI1 ~ ,h lju.lI1do ,ao consultados sobre brux.ln,l . A ~ cn.lIlÇ".l s !l,h) plhk n L x-
pi imir sua \ Il1lml / ,ldes e pequenos II1 lll rtunllh em termos de re\el.h;óes 01,1-
l ula Irs ~ob l e blll X,ln,] po rq ue eJ,1 s n.1O podem co Il ~ul !.l r o ora.:uh1 de' 'L'L 1l1. 
( lllltudo, .. 'll1e ~e de l,I"OS raros cm que, d epOIS de , e CllllslIll,lr em \ ,h) o 
(l I .í~ ulo ,1 re~pe lto de todos os ,Idultos suspe lt n~. um IH1111t' de cri.IIl~-a rlli ~'lh­
to dl.lllle dele, sendo LOllhrm.Hlo C01110 bru'o ~\.h dissl·r.ln1 me qUt', I o 
.luHlIClel, UI11.lIlCi,lll il.í sugenr Ulll erro,llI/endn: "l'm bm ( p 'goll.llll.m 
\,1 l' ullo(ou-a Jl.I frl'ntt' tk lL' Ulmo eSLlldll p.II.1 pl\ltt~~'r , .' 
D de cedo a Cn.1lh,aS fi':,lm ahendo ~ohre bruxaria. Con\'er~ando com 
memna c m ninos pequeno, .1te me,mo de :>el~ anos, constatei que com-
preendem o que o mal \"e1hos ('\tao dizendo quando talam dJ~so. Disse-
ram-me que, numa briga, uma criança pode vir a mencionar a ma reputação 
do pai de outra cnança. Entretanto, as pessoas não compreendem a verdadei-
ra naturv.a da bruxaria até que sejam capazes de operar com ~egurança os 
oraculo ,de agir em .~ituaçõe~ de IOfortúmo conforme as re\'e1açoes oracula-
res e de praticar a magIa. O conceito se expande junto com a experiéncia so-
cial de wda indivíduo. 
Homem e mulheres podem igualmente ser bruxo!>. Os primeiros podem 
ser vítimas de bruxaria praticada por homens e mulheres, mas estas geral-
mente são atacadas apenas por membros de seu próprio sexo. Um homem 
doente de hábito consulta os oráculO!> sobre seus vizinhos homens, mas se os 
consulta por causa de uma esposa ou parenta doente, normalmente pergunta 
sobre outras mulheres. Isso porque a animosidade tende a surgir mais en tre 
homem e homem, e mulher e mulher, do que entre homem e mul her. 
Um homem está em contato regular apenas com sua esposa e parentas, tendo 
portanto pouca oportunidade de despertar o ódio de outras mulheres. Provo-
cana uspeitas se, em seu próprio benefício, consultasse os oráculos sobre a 
esposa de outro homem. O marido ~eria levado a presumir um adultério, per-
guntando se que contato teria tIdo sua mulher com o acusador que pudesse 
ter levado ao desentendimento. ontudo, um homem freqüentemente con-
sulta 05 oráculos sobre sua~ próprias esposas, pois pode ter certeza de que as 
desagradou alguma vez, e é comum elas o detestarem. Nunca soube de casos 
em que um homem fosse acusado de ter feito bruxaria para sua esposa. Os 
Azande dizem que ninguém faria uma coisa dessas, pois ninguém quer matar 
ou faler adoecer a esposa, Já que o próprio marido seria o prinCIpal prejudica-
do. Kuagbiaru disse-me que ele nunca seJUbe de um homem ter pago indeni-
zaçao pela morte da esposa. Outro motivo pelo qual nunca se ouve talar em 
asas de galínha cndo apresentadas a maridos, wmo acusa~ão de bruxaria I li-
gada aos males de suas e!ipo<;a~, e que uma mulher ná() pode consultar direta -
mente o oráculo de velleno, geralmente confiando essa tarefa ao marido. Ela 
pode pedir ao irmao que faça a cOllSulta em ~eu benefício. mas este provavel-
mente não apn:sentará o nOllle de seu cunhado diante do oráculo, porque um 
mando jamais de.'>eja a morte da espo,a. 
l o u ne 't undo M t. ,peltJ d, l.rUX""d, pedu de r'flno!,,, lo .... .! ou fIl.1 f"'ljUe/l'clllCJlIl' ,I ,eu 
1 19') lU (/ U II. J J de d\'< JO pr' UI '11 cll·rUK/J " ,11< It,lIIdo <.01"'" 1Il< nle 'lU'- de ,I ~'''I' rc 
/'0 o: reJ,' •• Otnn ln lei boa onl,lde(II II11c1J JO"P'-SMlJIr.)UJIJd. Iml rUIu 
d d I \J mequhdle l'(jrLallto,auma.lcus~ d,.del.rux.trtd 
-\ brlt "m" (' 1//1/ I Il n J Qr 
I unea soulw de algum l.ac;o cm que um hom-:m tenh idCJ em ru d 
por lima pJrenta, ou em que uma mulher tenha Ido mi ruUdd ror 
mem aparentado. AdemaiS, '>0 tive notiCIa de um UlllW U J 00 <.j'J.l um 
homem foi embruxado por parente .,eu. Cm parente pode prejudicar um h, 
mem de outros modos, mas não o iria embruxar. 1-. <.Iaro que um dex;nte rLlo 
vai perder tempo inquirindo o oráculo sobre seus irmat)~ e pnmo patem 
porque, se o oráculo de veneno declarar que um dele<; o embruvou, ec;ta me 
ma decla ração o tornaria um bruxo, uma vez que a bruxaria é herdadi em J:nha masculina. 
Os mem bros da classe aristocrática, os Avongara, nao são acusad de 
bruxaria, po is se um homem dissesse que, segundo os oráculos o filho de um 
príncipe usou bruxaria contra ele, estaria afirmando que o rei e os príncipe<; 
são bruxos. Por mais que um príncipe possa detestar os membros de sua lI-
nhagem, jamais permitiria que fossem acusados por um plebeu. Assim. em-
bora os Azande digam à boca pequena acreditar que alguns nobres s.: 
bruxos, raram en te consultam os oráculos sobre isso, e de~!>C modo 0- n bre 
não são acusados de brux.aria. 1 o passado os oráculos nunca eram con ulta-
dos a p rop ósito dos nobres. Há uma ficção estabelecida de que 05 .\\on,:.ara 
não são b ruxos, e esse consenso é mantido pelo grande poder e presógio dos 
pr íncipes governante. 
Governadores de província, delegados distritais, cortesãos, comand3.ntê 
de companhias militares e outros plebeus de riqueza e posição não co~tumam 
ser acusados de bnL'<:aria, a não ser por um pnncipe - moyido por Sll:b pro-
prias razões ou pela necessidade de reagir à morte de algum outro plebeu in-
fl uente. Em geral pessoas de pouca projeção não ousam consultar o: oracul , 
sobre indivíduos de prestígio, pois suas vidas não valeriam mai- nada Se insul-
tassem os homens mais importantes da vizinhança. Portmto, podemo: diz",r 
que a incidencia de bruxaria numa comunidade zande di-tribui-seeq~itati ~­
mente entre os sexos, na classe dos plebeus, enqumto os nobres, mtetr:unen-
te, e os plebeus poderosos, em larga medida, são imunes a acusações. Toda. a 
crianças estão normalmente isentas de suspeIta. 
As relações dos prlllcipes governantes com a brm.:aria .31.. p -u1i.1re::.. 
r..mbora imunes a acusa<,.ões, eles crêem em bru.\.o~ t.lt) t1nndH • lL Y Imt 
qualquer outra pessoa c consultam constantemente o l)r.h. ulo d ,,,nln para 
de~l.obrir quem os está cmbruxando. Tcmem e~pe.:ialm<.:nte ,ua. r: ro~a5. 
Além dis~o, o oraculo de um pnncipe é a autoridade fin.ll cm todü' - ,-.l·O~ de 
bruxaria que envolvam honlludio, c no p.h"hl11 er.l LI 110 r r.~ pr t ;er 0" 
,>lIdltos contra a bruxaria durante lima gUerra. A 1110rt<. de um III II Id dJ 
pequena nobrez.1 é imputada.1 um bruxd l \"inf!Jd.1 ~I.lll1e m.1 man 'Ira que 1 
, 
POdl' f.llc-Ins re~pol1dcr por 1,,0, i,\ que eles 11,10 a protegeram COll1 uma COI1-
\ult .1tl~ ,lr.íl ulo~ \llbre ,eu bcm e,tar. 
Qu,l11to m,llS di,tal1k de quai\quer ,ülllhos estl\'t?r ,1 resldênLl,\ de um 
homem, maIs a ~\'o ele estar,j de bnI~aria. Qu,mdo os Azande do ~ud,io allglo-
cglpuo tÍ1ram forçados a ,i\'er em aldeamentos à beira das estradas, eles obe-
deceram com mUlt,1 apreemao, e mUItos fugiram para o Congo Belga para 
e\ itar l.ontato tao estreito com ,eus \'Izinhos. Os Azande afirmam que IlJO 
go\tam de vi\'cr mUIto prÓXInlO, um dos outros, em parte porque convem ter 
uma boa faixa de terra entre ,uas esposas e os possí\'eis amantes, em parte 
porque, quanto mais perto de um bru:\o, maior o perigo. 
So é o "erbo zande corre~pondente ao "embrlLxar"; em seu único outro 
contexto de emprego, traduZlríamo, essa palana por "atirar". Ela é usada 
para designar o ato de atirar com arco-e-flecha ou com uma arma de fogo. 
Com um movimento brusco da perna, os adi\"inhos atiram (/la) pedaços de 
osso nos outros adiyjnho~, de longe. Deve-se notar a analogia entre esses dife-
rentes "atIrar" a partir de um fator comum, a ato de fazer mal a distância. 
6 
Ao falarJe bruxos e bruxaria, é preci~o esclarecer que os Azande normalmen-
te pensam em bruxaria de uma forma mUIto impe~~oal, sem reterenCla a 
qual~quer bruxo ou bruxos em particular. Quando um homem diz que não 
pode \'l\'er em certo lugar por causa de bruxaria, isso significa que os oráculos 
alertaram-no contra esse lugJr, declarando que, se ele for morar lá, será ataca-
do por bruxos, e ele assim «)ncebe este perigo como um risco geral ligado à 
bruxar~a. Por isso está sempre falando de mangu, bruxaria. Essa força não 
eXIste fora dos indivíduo; ,10 contrário, ela é uma parte orgânica de alguns 
deles. MJS quando indivlduos em particular não são especificados e não se 
procura Identifi~á-Ios, a bruxaria l·~tá sendo concebida como uma força gene-
ralIzada. Bruxana, portanto, SIgnifica alguns bruxos - qu.lÍ~quer um. Quan-
d? um L.lnde COllll'nta um reves dIZendo "isto é bruxaria", ele est.í querendo 
dl7er que ISSO se de\'e a algum bruxo. mas nao sabe eXiltamente qual. No mes-
mo enlido ele dirá, numa encantal,Jo, "que morra a brux,\ria", refeIindll-se 
a quem quer que tente embrux,l lo. O conceIto de brux,!fi" n,lo é o de uma 
força Impes oal que pode \incular-se a pe5SO,15, ma, Itim I1II1J for\<1 pl'\~o,11 
T ~ Jll11 ii t I'I It'tlt I, pOf • cmbru .. u p.11 I e\' LU o \ ",rtul .. t ntlltlç...lf • "I ln' I Odl flol C ,I lI'i.l I l lIlf 1 
. um "lU I"van l'f1tdlarJd'lllllgllC IlIlIct.lll1fllkrlltT\: 'blux. 'u/tthl1,'4fl.'lt i. Ir,,/', OIU', 
" r 
\ II, lI\tlrlll f' lU" lou t"rno l r tHI4.' I rrJ' r 
que e genCJ',llllada n,\ linguagem, pOIS se os A/..tnde nao pdrtu;ularll-<lrn m') 
tr,\m, ao (ont l,lrio, uma tendcll(ia a gelleralI/<\r 
7 
U ll1 bruxo não destrÓI Imediatamente sua vItima . Pelo contrário; e um h, 
mem (,11 rápida e gravemente doente, ele pode ter certeza de que fOI vítnn de 
feiti ça ria, não de bruxa ria. O~ efei tos da bruxaria acarretam morte lenta, pot: 
co a pouco, pois é somente depOIS que um bruxo de\orou toda a alma d.: um 
órgão vital que a morte sobrevém. Isso demora, porque o bruxo faz Vl>lta 
constantes, durante um longo penodo de tempo, consumindo apenas Uffi) 
pequena porção da alma do órgão de cada vez; ou, se ele retira uma larga por 
ção, esconde-a no teto de sua casa ou num oco de árvore, e vai comendo-a aos 
pouquinhos. Uma doença prolongada e debil itante é o tipo da.-; que são ousa-
das por bruxaria. Pode-se perguntar se os Azande consideram que o consumir 
da alma de um órgão leva necessariamente à sua deterioração física. Certa-
mente algumas vezes parecem ter tal opinião. Os bruxos também disparam 
objetos - chamados mJll /1/(lIlgu, coisas de bruxana - no corpo daqueles que 
querem ferir. Isso causa dores no local em que se alojou o míssil, e um adiVI-
nho, em sua função de curandeiro, é solicitado a eXlrair os obietos patogêm-
cos, que podem ser coisas inanimadas, vermes ou lan'as. 
Os bruxos costumam congregar-se para suas atividades de truidoras e 
subsequentes festins macabros. Ajudam-se em seus crimes, coordenando 
seus planos nefandos. Po suem um tipo especial de unguento que, fricciona-
do na pele, torna-os invi Iveis durante suas expediçõe noturnas. Essa atlrma-
ção sugere que às veze~ se considera que os bruxos vão em carne e osso atacar 
suas vitimas. Eles possuem também pequenos tambores que soam para con-
vocar J seus congressos, durante o~ quai~ as di,cussõesão pre~ldida~ pelo.; 
ml'mbro~ mais velhos e e:\perientes da irmandade; poi, h.1 status e lideranca: 
entre 0\ bruxO\. P<lr,l que um homem e teja qualificado a matar ,em dzinh'L, 
é prel.l~o que tenha at!qulfldo expenrncia sob a supen'i ão do bru:\o~ mal. 
velhos. O g.llIho de e~peri':nci.1 se faz acompanhar por um [flaemento da 
slIbstanchl-brux,lria. DI/-se t,1mbcm que um bruxo não pode matar um ho 
mem por SU,I plOpria e exdusl\ ,1 cont.1, n1>1' que, ao contr.lriú, de\ e Ic'.u . U,) 
propo~ta" uma reunlao de (olegas, presldld,1 por um brll~o-hder..\ '1ue.l.io.: 
deLithd,1 entre eles. 
( nlo ou tarde um bruxo (.11 \ Itlm,\ dl vingan\,l, ou, sc ti, erillo e. P 'rto 
() h,lst,l11te para escap<lr ,I rl't,llia~,i(), al,1b,1 por ,cr mlHto P{l[ ,lUthl bn o ou 
pOI um Jeltlcelnl (,\beri,l perguntar a dlStll1'r'\{) l'ntl (' bm\ )', lb, nJ III< _ ' •• 
·1' 
IUO bru\ l1\, ,11l/(l"llIldll, pl'r ~l ~tl' akm-tul11u lo? 'unca Lon ~cgul ob ter lima 
.lfirma ao l: pont.l11lJ ~l)brc I~~{). Il1J~, l'm re,.,p()~til a qucstões dlrigld.l~ , o ht l-
\ uma ou du.1 Y zr'.1 II1form.I\'JO de quc .• 10 morrer,L)'; hrll).O~ se tr,l11sfo r-
l11JIll em l"l'l!ltl)~ malignos (agm,a). Aforo. O~ e~pí ritos d os mortos C01l1 un~, 
~ão ,erô benc\ okntes, pclo meno~ tanto quanto pode ~er, digamos, um p.li 
de famlli,} ZJndc. e sua partlupação oc,lsiona l no mundo que deixaram é tran -
quil,1 e \ olt.ld.l pMa o bem-estar de seus de~c('lld entes. Os agirisfl, ao contrá-
rio. demonstram um ódiO mortal pela humamdade. Assombram viajantes no 
mato e l.lusam estados tramitórios de dissociação mental. 
8 
A existéncia de substáncia-bruxaria numa pessoa viva é conhecida por m eio 
de \eredictos orawlares. Nos mortos, ela é descoberta pela abertura do ven-
trc, e é este segundo método de identificação que interessa para a prcsente 
descrrç.lO da base física da bruxaria. Sugeri an ten o rmente que o órgão em que 
~e acha a ~ubst.incia-bruxaria está localizado no intestino delgado. 
São obscuras as condições de realização de uma autópsia na época 
pré-européia. ~egundo um informante, Gbaru, elas eram um antigo costum e 
dos Ambomu, e a~ dificuldades CC'm t~ç,Ham a aparecer 'l penas no tempo de 
Gbudwe. E provável que se tratas~e de UIlla prática antiga, que desapareceu 
quando o controle político exerc ido pelos Avongara aumentou, para reapare-
cer com todo ~eu vigor depois da conquista curopéia . O rei Gbudwe desenco-
raJava sua prática, segundo m I.' disseram tudos os informantes. 
Cont udo, quando um bruxo era executado sem sanção real, por \'e7eS 
realizavam se. Ocasionalmente os parente~ de um homem morto agiam con -
forme o vcredido de seu próprio oraculo de veneno, vingando -~e de um bru -
xo sem esperar confi rmação do oráculo de veneno real. Em tai s casos, a açao 
deste parente era II /Ira VI res, e se o s parentes da vÍUma da vinga n ç..l conse-
gUI sem provar que nào ha via substância- bruxari a em seu ventre, podiam 
exigir rompemaçao, na corte do rc i, por parte do grupo que fi za a jus t iça com 
a propnas mao . Por sua vez, as aut ó psias destinadas a limpai o 11 0 me de 
uma linhagem que. t i \' es~e um mcmbro aLu~ado dc atos m enurcs de bruxa n a, 
sem lmplic.!r indenll.açao, dcve m ler Sido bem freq Lientes ,1Illes d" L011l) LJ ls ta 
europeia, tonJO () foram com certl'za depOI S dda. 
Um homem que cm vida tlveSSl' Sido freqLicnt t' lIlent e ,1l usado de b rux,l -
ria. JII.da que Jam<ii~ de 11llJll ic ldlo , tinha o d irei to de sentir \e 1I1s lI II.1do sem 
r .1ZJU de (onsidt ra r que o nome d L' SU J 1:Il11ílIa fo ra .lrra'l.ldo a 1.II11a. I:111 \'l~ ­
ta di 'o, dO morrer, poden a Instruir o s fi lhos p.lI a que lhe ,"llissem o .tbd(J -
\ f" II)"II( td I~ 11111 I I 110/111 fiO 
" 
f II r I Wf 
lIl en an tes d o en terro l' \'erifila ~se llJ se t!ra/ll Ju~tlfI<.ada qu cI ai 1 o 1 
lon tra a ho n ra da lin hagem . Poderia t,ll11bém l'XeLutclrC'i op rJ.Ç.Io nu f 
lho f~ll ec id () prem aturamente. Poi s a m ent alidade l.a nde é lóg.l<.a e mqul ltl 
dentro d<is prem issas de sua p rópria cultura , e Im/ ~ te na coeren<.ià de ~u pro-
prio idio ma. Se a bruxa ria é uma substância orgâ nica, sua presença pode r 
ve rificad a po r um exame p OSI -mortem. Se ela é hereditá ria. pode serdec.t.ober 
ta no ventre de um pa ren te próximo em linha mascuhna de um bruxo tao 
ce rtamente quanto no ventre do próprio bruxo. 
U ma autó psia é realizada em público, a beira do túm ulo. Os assistente. 
são os parentes do morto, seus afin s, amigos, lrmaos de sangue e homeno; Ido-
sos e de prestígio das redondezas. q ue geralmente assistem aos funeraIS, \ 1-
giando o trabalho dos coveiros e out ro~ p reparativos para o enterro. MUltos 
desses anciãos já assistiram a situações idênticas, cabendo-lhes decidir sobre a 
presença ou ausência da substância-bruxaria. Eles detectam sua presen~a pela 
forma como os intesti nos saem do ventre. 
Dois talh os laterais são feitos no ventre, e uma ponta dos intestino é pre-
sa na fenda de um ramo, em torno do qual eles são enrolados. Depois que a 
o utra po nta é seccionada do corpo, out ro homem desenrola 05 mte. tinos 
afas tando-se do companheiro que segura o ramo fen dido. O~ velhos cam]-
nham ao lo ngo das entranhas esticadas no ar, examinando-a. em busca de 
substância-bruxaria, Terminado o exame, os in testino são repu~to~ no \en-
tre, afim de que o corpo seja sepultado. Disseram-me que, quando não "e 
encont ra q ualquer substância-bruxaria no ventre de um homem, seus paren-
tes podem ch icotear com os intestinos o rosto do acusadore, ou fazer _ecar 
as víscera s ao sol, para sere m m a is ta rde levadas à corte, onde os pJrente -
do m orto se vangloriam da vitó ria. Também OLl\ i dizer que, se for de~coberta 
a substüncia -bruxari a, os acusadores podem tomar as entranha, e pendu-
r<\ las a uma árvore na beira dos prinLipais ca m inhos que le\'am à corte de um 
príncipc. 
O co rt e do \ entre e o sepultamento devem ser levados.l cabo por um ir-
Jl1 J O dc sanguc, pois cs te é u m d(h deveres da fraternidade de angu (h/oo f-
bro t/J erhoorf ). U mlll fo rm,lIl te explIco u-me que, se um homem que njo L ta-
bc leu~ lI o paLI O de sangue com os parentes do morto re.lhz.lr.1 cenmóma do 
• "1, m.l()') dl' ',lngUl:' ,1,.10 1I1J iv 1(.1 110~ IlJu .1p.1I L'lll~Il.111~ li ue ~!'.t.lh\.· kl..C.. lU um.! ah.!n .1 
gr .lda por UIll IlftJ lo: 111 q til' .1 IIlgl· ... I.IO J t.' UIll pt )UU) ..II..' .... mgul· til ) pJ.h l"1 rn , ~1l11~f.. I t 
.... 10 podt' C It.' ulil-r ... ,' J l t' ll\ d .l\ dl~ l.ld " HIll .ln dt' ... . ll1g u, 11.1 ~t' 0P0'- l nl Inta \. 
l' I1IH' 1t1l1.1lJ'" " 'l",1I ... " I Vt" r\.II1\ Plltdl .Hd , 'l' .lIh.le BI ~l(ld Brnllh?'rb\.\t.ki ~ lO f \ 
,.o'ogr. I "I>lI & I "bl'r IlJt>l I. (. , I I 
enterro, ele se torna pl'lo ato seu irmão de sangue. Sendo encontr,lda a subs-
t~ncia-brU\",lria, o operador de\"erá ser regiamente pago por seus serviços. 
Ha\'t'ndl) substáncia-bru"\ana ou não, ele precisa submeter-se a uma purifica-
ção ritual após a operação. Carregado nos ombros de um parente do morto, é 
saudado com gritos cerimoniais e bombardeado com torrões de terra e com 
o~ frutos vermelhos de l1011ga (Amo1nU/1I korarima), "para que a friagem o 
abandone". É ievado em seguida a um curso de água, onde os parentes do 
morto lavam-lhe as mãos e lhe dão de beber uma infusão feita de raízes, cascas 
ou folhas de várias árvores. Antes da punficação, esse homem não pode co-
mer ou beber, pois está contaminado, como uma mulher cujo marido mor-
reu. Finalmente, se não foi encontrada a substância-bruxaria, prepara-se uma 
festa na qual o homem que fez os cortes e um parente do morto partem ao 
meio uma cabaça de cerveja. A seguir os parentes do morto e os do operador 
trocam presentes: um homem de cada grupo a\'ança até o outro e atira seu 
presente ao chão, e assim sucessivamente. 
I 
I ( '\!'II lILO II 
A noção de bruxaria 
como explicação de infortúnios 
I 
Da forma como os Azande os concebem, bruxos não podem evidentemente 
existir. N o entanto, o conceito de bruxaria fornece a eles uma filosofia natural 
por meio da qual explicam para si mesmos as relações entre os homens e o in-
fortúnio, e um meio rápido e estereotipado de reação aos eventos funestos. Ao; 
crenças sobre bruxaria compreendem, além disso, um sistema de valores que 
regula a conduta humana. 
A bruxaria é onipresente. Ela desempenha um papel em todas as ati\ ida-
des da vida zande: na agricultura, pesca e caça; na "ida cotidiana dos grupo~ 
domésticos tanto quanto na vida comunal do distrito e da corte. É um topico 
importante da vida mental, desenhando o horizonte de um ,"as to panorama 
de oráculos e magia; sua influência está claramente estampada na lei e na mo-
ral, na etiqueta e na religião; ela sobressai na tecnologia e na linguagem .• '50 
existe nicho ou recanto da cultura zande em que não se insinue. Se uma praga 
ataca a colheita de amendoim, foi bruxaria; se o mato é batido em "ão em blb-
ca de caça, foi bruxaria; se as mulheres esvaziam laboriosamentea água de 
uma lagoa e conseguem apenas uns míseros peixinhos, foi bnn:aria; se as t~r­
mitas não aparecem quando era hora de sua revoada, e uma noite fria é perdi-
da à espera de seu vôo, foi bruxaria; se uma esposa está mal-humorada e trara 
seu marido com indiferença, foi bruxaria; se um príncipe e~tá frio e dist..lme 
co m seu súdi to, foi bruxaria; se um rito mágico fracassa em eu proposito, roi 
bruxaria; na verdade, qualq uer insucesso ou infortúnio que se ab.u.1 :obre 
qualquer pessoa, a qualquer hora e em relação a qualquer das múltiplas atiú-
elades da vida, ele pode ser atrib uído à brm::aria. O l.1nde atribui todo- e "'e 
infortúnios à bruxaria, a menos que haja forte e\'idenCla, e sub~equente con-
firmação oracular, de que a feitIçaria ou um outro agente 111.1ligno 't3\am 
envolvidos, ou a menos que tai ~ J esveIltur,l~ possam ser cbramenre .ltribUl-
da~ à incompelência, quebra de um tabu, ou ao não-cumpruuelltü de uma r'-
gra moral. 
Dizer que a bruxaria estragou ,\ colheIta d,' amend'Hll1, que esp.lIlhlU ,\ 
caça, que fez fulano (il.lr doente eljlll\,llc.l dIzei, em tal1h), ti" I1th ... a propri,l 
\". t til I ("" III 
Lultura, quc .1 Ú 1Ih'1t.\ de .\llle.'llduim fl.K.I\'I'lI por CJusa tI.IS pr.lg.IS, que .1 
c.1 .1 CC l,bS.ll1C' .1 '-'P\k.1 e qUI tul.mo peg,lllullla gripe. t\ brU'\.ln.1 partlcip,1 
de todo o Il1fllrtUIll ., e é \I Idwl11.! 10'111 quc' m Az.lnde.' fllJI11 ,obre ele, I.' 
por meio d qu.ll de, ,ao cxpliLJdm. PJr.1 nos, bru'\Jria é .llgo que prmocav.! 
pa\or ( rC'pugnancia em nos,>os crédulO'> antepJssado". I\las o zande espera 
ruzar COI11 a bruxaria a qu,IJqucr hora do dia ou da noite. hcari,1 tJO surpreso 
, 11.10.1 enlontr.\"e.' diarialllente quanto no\ o Jlcanamos se.' IOr,1\se1110S CO Il1 
da. P.lra d ,nada lü de milagroso a ,eu fl'spCiln. E de se esperar que Ulll,1 ca-
ç.1da ,eja pn:judicad.! por bruxos, e () zande dispi)e de llll'ios p,lra l'nfre.' n-
ta los. Quando ocorrl'm infortunios, de nJO tica paralisado de.' lllcdo diante 
da a ao dc força~ <,obrenatllraIS; não "e.' püe aterrorizado pela presença de 
llll1 inimigo oculto. O que ek fica é extrem.unente aborrecido. Alguém po r 
maldade arruinou ~eU5 amendoins, ou e.'stragoll a caçada, ou deu um susto 
em sua mulher, l' isso certamente é pJra sl' ficar com raiva! Ele nunca fez lllal 
.1 ningueJll, então que direito tem alguem de se meter nos ~eus negócios? É 
uma Impertinência, um JJl~llllo, UIll.! manobra ~uia e insultuosa, f a agressi-
\ Idade, e nan a estranhe/a sobrenatural des,as .Içôes, que os A/ande subli -
nham quando falam delas, e.' e raiv,I, e n.lo temor, o que se observa cm sua 
resposta a elas. 
A bruxaria nau e menos esper,ldJ que O adlllt~no. Está tão entrelaçada ao 
curso do~ acontecI JlJl'ntm LotidlJnos que é parte do mundo ordmário de um 
zande. Nad,1 ha de extraordinaflo num bmxo - você mesmo pode ser um, e 
com certeza muit()', de seus vizinhos mai~ próximm, Tampouco existe algo de 
atemmizante na bruxaria, NO'. nao ficamos pSIcologicamente transtornados 
quando ouvi1lJ(I~ dJll'r que alguém está dOt:nte é de se esperJr que pessoas 
fiqul.'l1l doentes ,e da-se o JlleSJllO L0111 m A/ande. Eles l'speram que ,IS PCS-
oas fiquem doentes, isto e, sepm elllbru: ada~, e ISSO n,10 é .lIgo que cause sur-
presa ou ,\ ~ol11br\). 
AcheI a prinupio estranho 'I\'el entle O) Azande e ouvir explic.l'roe.'s Jll-
genllJS ~obre mfortúnios que, ,\ nosso vel, tlllham \.ausas e\ ideHks. 1\1.15 em 
pouco tempo aprendi () idioJll,\ de seu pl'nsall1ento e passeI a '\Jllic.lI a~ llO'r0l'S 
debruxana tao espont.JlJ(°aJllentl' qUJnto des, H.IS c,ltuaç(ll's t'm qUl' o LUJl\.ei· 
to era rdevante. ( crIa ve/ UIll r'ljl,ll deli UIll,I top,lda num peqUl'no toco de 
arvort no meHl de um,1 tnlhJ IlO lluto ,lcolltec.lllll'nto fiequl'nll n.\ À/I iL,1 
c 'CIO a sentIr dores e de UlJ1/0rto ell1 COJl~l'quen(JJ dl~~U, hJJ ill1p(ls~lvd, 
pela SUJ IU\..1liu\-<l0 no artelhlJ, Jl1,lllter () Lmll limpo, e de c.()l1le~ou iI J11ll'L 
(. (( J1Jr. O r .IpM dl~I.lrou que' J bl ti .11 i.lo fill'l.! dllll,1I II tOLO 1 u 1'llIpre dl~­
lU la \.om () Az.tndc l' .. ntIL,I\J ~lI.l' .l/Jrlll.l<.O('), l: assIm fil JIt'SS.l (lLdM,III, 
[J1 ,t dO I "I' Jl.ljut' ele h.lter.1 ((1m o pt no LOlO fll)J(IUI' tmll.! ~Idll de~luld,ldlJ 
L IJ ue 11,10 for.l bru X.11 i.l que \.olol.lr.1 () to\.,) na tnlt.J l'( I) fI (ft Á fll n .. t 
r,llmenlc 1.11' UJlllOrdol1 que ,I fJfu .ln,l 1l,ld I tinha a .er \.om o (r)lf, tM Il 
tnlh,l, mas llbsernlu que tInha tiL,l\lodculho~Jb(fto'i par.J toco ,\.')0) rea 
mente todo Z.Jndl' laz, e quc, portanto, SI: nao 1 I\'e~.,e sldo embru ado, te I ) I 
\l stO. Co mo argulllento defin it ivo, a ~eu ver, lembrou que oe; cones nau It>vam 
d l,ls pMa licatri zar - ao contrario, fechJI11 logo, pOIS est,! e ,I r .. lturez<I do 
c() rt c~. Por que en t,lO !>U,I ferid,llllfeccionara c LOntinuJva aberll, e nJ J t .1\ J 
bru x.lria po r trá!> dela? Como não t.Jrdel .1 de~Lobrir, es~a pode SEr <:.on idera 
da a explicação za nde básica para as docn<,as. 
Pouco depois de minha cheg,\da ao país zande, ao pa'sar por um aldea 
lllento do governo, vimos uma cabana que tinha sido de!>truída pelo fo~o na 
noite anterior. O proprietário estava JCJbrunhado, poi!> ela abriga\a a len eld 
que estava preparando para uma fes ta mortuária. Ele nos contou que na noite 
do acidente fora até lá examinar a cerveja. Acendeu um punhado ue palha e 
Ievantoll -o sobre a cabeça para iluminar os potes, e com isso incendIOU o te-
lhado de palha, Ele - assim como meus companheiro~ - e~ta\'3 clllwen.:id 
de que () desastre fora causado por brux.!na. 
Um de meus principais informantes, ki anga, era hábil entJlhauor, um 
dos melhores em todo o reino de Gbudwe. De \·ez em quando, como bem ~e 
pode imaginar naq uele clima, a~ gamelas l' bancos que e~.:ulpia rachavam du-
rante a operação, Embora se escolham as madeiras mais duras, elJ~ a, "ezes 
racham dura nte o enta lhe ou no processo de acabamento, mesmo qu.mdo o 
arlesão é cuidadoso e esta bem familiarizado com as regras tecnica deua 
arte, Qua ndo isso ocorria com as gamelas e bancos desse artesão em particu-
lar, ele atribU la o acidente J bruxaria, e ostumava reclamar comIgo sobre u 
despeito e \.iúme de seus vizinh()~. Quando eu re'plllldla que '1I.havJ e,tar ek 
engdnado, que as pesso.ls go,t,l\ ,nll dele, br,lndi,\ o b.lJlco ou gamel.l ra had . 
em millh,1 dlleçao, como pnw,1 conLreta de SU.IS condu~óe,. "e n.'iü ti\e. 
genle embruxando seu tl,lb,\lho, llHllO eu Iria e'\phcar aquilo~ -\S~I:"l tJmbem 
um oll'lrtl ,lInblllra ,I quebr,1 de ~e.'us poles dur,lIlte ,lloLedur.l ii bru .ln.l. Um 
oleIro expl'nenll' n,lt) preu~" LUllel que O~ pote\ raLhem pllr cm,.\ lle ~rr '. 
I Il' sl'Il'Clon,1 a argrl,! 'ldequ,ld.1, <1111<1"s<1-,l bem ak que.' tenh,l <"\tr.lldo tod.1 .1' 
pL'dnnh<1~ e ImpUrl'/,IS L' mold.1 .1Ient.1e LUlliadoS.lllll'ntl'. Un1.llhllte Jnk de 
ir hUSL.lI .\ argrl,\, ele .,e .lbste.'J11 de leI,IÇlll" se.'\U.lIS l'urt.lIlto de I\.lU ,I '\ 'r~. 
ICI 1l,ld,1 a tel11el, I no e.'1l1,mto ,tlgUIlS pOlc's 1.llh,II11, Ille,mo ll.\~ m.\ll~ til (l!t'I-
ros c'XIJ11I0", e ISSO ~Ú pode Sl'1 e.'xphc,ILlo POI blu,\.ln.1. "QUl'br'IlI-'" .lI tem 
bnlJo"lJ ia", dil slJnpll'smlnlc' o olulO I\lul!." SI(U.h,lll· llllil.Hl" .1', 'll1 
que .1 blU \,ui.l L llt,ld,1 <':Olll\l UIll ,\gc nll', 'I r,IU Il'knd.h n tl c f Itul ) ln) 
sl'guiJltl", 
" 
, 
Ao (,OI1\"l.:r'.lI·(ol11 II Az.ll1,k sohrL' hrux,ni.l, e llbscr".lIldn SlI.IS rCd(11CS em si 
tU.1Úh? dI.: infortúnio, tllrIlOU-SC úb\ io par.1mim que eles não pretendi.lIl1 e. 
plJC~1 a existênCl.l de fenômenos, nu mcsmo a ação de fenómcnm, por uma 
<.aUS,1\.10 mbtila cxdusl\·a. O que exphc.wam com a noção de bru:-..ana eram 
as (ondlç'ol'S parti(lllare~, num,l l.ldeia c.lusal, que ligaram de tal (onn,l um 
IIldl\>íduo a acontecimentos n.ltur.lis que de sofreu dano. O rapa7 que deu 
uma (0p.lda no toco de ár\'nre não justificou o toco por referenLl<1a bru:-",Iria, 
e tampnuLo >ugeriu que scmpre que alguém dá uma topada num toco I~SO 
acontcce necessariamente por bru:-",lfia; também não explIcou o corte como 
:. tl\'esse :,ido causado por bruxaria, pois ~abia perfeitamente que fora causa-
do pelo tOLO O que de atribuiu à feitiçaria foi que, nessa ocaSIJO em parti -
cular, enquanto exercia sua cautela costumeira, ele bateu com o pé num toco 
de árvore, ao pa~so quI.' em centenas de outras ocasiões isso nao acontecera; e 
que m':,".1 ocasiao em particular, o corte, que ele esperava resultar natural-
ml'nte da topada, infeccionou. ao passo que já <,ofrera antes dúzias de cortes 
que IMO h.l\iam infl'<.cionado. Certamente t:ssas condiçües peculiares exigem 
uma exp!Jca\.lCJ. Ou ainda: todos os anos centenas de Azande inspecionam 
!>ua cerveja à noite. e eles empre levam um punhado de palha para iluminar a 
cabana de fCflJ1entaçao. Por que e se homc'll em particular. nessa única oca-
iao, II1cendiou () tcto de sua cabana? Ou ainda: meu amigo entalhador fizera 
uma quantidade de gamebs e bancos sem alidentes, e ele sabia tudo o que é 
preci~o sobre a madeira apropriad:r, o uso das ferramentas e as condiçoes de 
entalhe, Ud,> gamelas e b.1I1cos nao racham como os produtos de artesãos iná-
beIS; portanto, por que em certas rara~ oCJsioes as gamelas e hancos racham, 
se usualmente i,so não dcontele e .se ele tinha exerl .. ido todo seu cuidado e co-
nheClfllento usuais? <'ahia multo bem a rL'sposta, como também sabiam mui-
to bem, em su:r opini,lO, s~us imejosos e traiçoeiros vllinhos Do mesmo 
modo um oleiJO fal ljuestao dL' ~,Iber por que seus potes quelllar.lm Illlm,1 
ocaSlaO parliudar, vi~to que ele usou o, 1lll'5mOS materiaiS e klnic.l~ que d.l~ 
outra ezes; ou melhor. ele j,1 s.lb pur LI ue - a rc,pmta e lllmo que sabIda de 
.mtemao, Se os potes se quehrM.lI11, 1m por (au,.1 d\.' hruxal 1.1. 
htanamos dando Ull1d in1.lgl'll1 LI).,.! LI.I lilo~()fi,1 lallllL' SI.' di sé5~ell1m 
que ele~ acredlt,lm que" brux.lri.1 L' a uniLa <..Iusa dos knÚlllelltls. h,,1 pi opo-
'1\.10 na() esta contida 110S L·squeIl1.l~ .II,\Ilde dL' pel1~,IIIlL'nto, 0\ quais afinlldl11 
apena que a brllxalla pllL' um hOI111'm em rel.\f;.\O (1I1ll (IS eventos de UIll.IIIl.I-
/lClra qUl o f.II sofrer ,llgUIll d,1l1o. 
o paI zande, ,IS eles um \ e1ho ll'lell o de~\I1()nln,1. N,1dd h:1 dL' notavcl 
111 o ] odo I.Indt .,abt LJue d telllllt,l" dc\'or.lI11 os lstt'ln,> LUl!1 () 1('IIIPO, L' qUL' 
.I t é .h Ill.ldei ra ~ Jl1,1 i ~ re~i ~!(~Il t L'<; .11 li ,d rl'u.'1J1 aJ.>os aJlOS de li o • 1.1, o celeuo t' .. 
IT\idél1L1.1 de vcrao dc um grupo d(Jl1ll;~tll.O land!!; as pes oa~ c;entam J '>u 
~()lllhra Ila~ horas qU(;lltc~ do dia p,lra (/)l1\er'>,lr, Jogar (lU faler algum tr ba 
lho manual. Portanto, pode acontccl'r que haja pc,>soas senwda, d banco do 
celeiro quando ele deslllorona; e ela~ ~e madlLlC.1m. pOIS trJta-5e de uma eo; 
tru tu ra pes,lcla, fei ta dc grossa\ viga\ e de harro. que pode alem di w e.,tar ur-
regada de eleusina.l\las por que estariam essa~ pe~ oa') em pJrtiwldr sentadJ 
debaixo des5e celeiro cm particular, no exato momento em que ele desabou' 
E facilmente inteligível que ele tenha desmoronado - mas por que ele unh 
que desabar exatamente naquele momento, quando aquelas pessoas em p rtl-
cular estavam sentadas ali em baixo? Ele já poderia ter caído há anos - por 
que, então, tinha que cair justamente quando certas pessoas bu cavam seu 
abrigo acolhedor? Diríamos que o celeiro desmoronou porque os esteio fo-
ram devorados pelas térmitas: essa é a causa que explica o desabamento do ce-
leiro. Também diríamos que havia gente ali sentada àquela hora porque era o 
período mais quente do dia, e acharam que ali seria um bom lugar para com'er-
sar e trabalhar. Essa é a causa de haver gente ~ob o celeiro quando ele desabou. 
Em nosso modo de ver, a única relação entre esses dOIS fato) independente-
mente causados é sua coincidência e paço-temporal. 1\ão somos capazc de 
explicar por que duas cadeias causais interceptaram-se em determinado mo-
mento e determinado ponto do e paço, já que elas não são interdependente-. 
A filosofia za nde pode acrescent.u o elo que f.l!ta. O zande sabe que o~ e-
teios foram minados pelas térmitas e que as pessoas estavam ~entada~ debai.~o 
do celeiro para escapar ao calor e à luz ofuscante do sol. ~1as também sabe por 
que esses dois even tos ocorreram precisamente no mesmo momento e no 
mes mo lugar: pela ação da bruxari.1. Se náo tivcs,e havido bm:-..aria,.lS pe 'oO.E 
es tariam ali sentadas sem que o celeiro lhes C<llsse em Clm.l, l)U ele teria de-..l-
bado num momento em que as pessoas não csti\'cs,em alI debai:-..o. A. bnn.:ari.l 
expli la a coincidência dessc, dOIS acontecimentos. 
Fspero 11,1O,cr lll'leSSann ~,lltl'nt,1I que o I,1I1dc 11,\0 ... (',lp.IZ de ,1I1.1li ,lr ~llJ.s 
doutnl1,lS tI,1 forma llll110 eu fi l por ele. N.JO .Idl.lnt.l dIzeI p.Ha um Z.II1Je': 
"Agora me lltg.1 o que voc6 A/.lllde pel1S,ll1l d.1 brll:-...lna". pt)rque 0(\:111.1 (' 
demasi.ldo gera l e IIldetelJl1ln,ldo, ,I um só tcmpo \,.lgt) l' inll'11 t) dLnl.lls p,lr.1 
sl' I L o n lisa mCIl te tkSlf i t () 1\ 1.1' L' pOSSI\ d l \.t r.llr os pri Ildl ilh do I' 11 .Iment 
1,lIlde a pa rt i r dl' dl' IL'I1.1s dL' ~i t U,IÇIll''' t'm q ue ,I bru \..UI,l i 11\' ca L1 L OJll ) e 
pliL,H,,\O, L de detell,IS de outras L'1ll que l) tl,lê,hsl\ l' .l!n!lIIdl).1 ,llgU!l1.1 outr.l 
, I /"I '\t1 111 (\t l til, ( rtlilCUI 
.HlsJ, • U.\ íilt) 1111.\ ~ LXi'hL il.\, 11I.\s n.1I1 Il1l'11I.\111l('nle .llirll1.\d.\ lIlIlHl Ull1,1 
dllutrm.\. l'mz.mde n,1O dlri,\: "A'lnlll\l H.I L.ws.\\.ll) ll.lIm.ll, 111." n.lI) .Idw 
qu d.\ t' pli'lul mltir.lIlwntc .I~ lOlllutlCIlLi.b, C mc p.lICLC quc .1 teoli.1 d,1 
brllx.ma lorntL UIlU C:-..phL.I\'.IO ,,11 i,C.\llll" ia ~obre d.ls", Fll1 \1.'1 di\\ol'\pn 
nll' 'lU pCI1 ,lIncnto cm tcrnllh dc. itu,IÇ(lCS rL\lI, c partllld.1rc,. fie dl/: "um 
bufa ln .\t,k.t ", "um.l .In OIC L.li", ",I' tcrmit,ls \l.lo C,t~lO I:llendo scu \ (111,.1/0 
n,11 lju,\Ildo (k\'l.'rJ.lll1", l .\s,im pm di,l11ll', I·s!.\ sc prnnunLi.1l1do sobrc f.l to, 
emplrllamente atc~t.lJ()s. M,I' t,lInbém dll' "L m bul.llo at.ILOlle t\:riulul.1l1o". 
"um,\ .lrH)(l L.tiU n,1 ubcc,.a dl' ,IG,lIlO e o Jl1,lIou ", "minh.l' tL'nnil,ls H:'LlI -
an1- . \O,lr l'm ljuJ\ltid,lde sulillcntl" 111,1\ outra, pesso,b I:'st,lO Lolet,l11do.IS 
110rm.llmentl''', e .1S,im por di,lI1te. I:k \.lI dizeI' que e,S,IS loi"IS deleJl1 se .1 
bruxaria, cO/llent,lI1do, para cada l'\'l'nto: ·'Ful.lno foi cmbnr\ado". Os 1:ltos 
n,1O" e placam a SI mesmos, ou fazem no apl'n.l' parei.11mel1tL', Eles so po-
dem ser integralmente expIaLad()\ Ie\ando· se el11 comider,l.;,j() .1 bru \clf i.\. 
Podemo, (,lpt,lr.1 e temão total d,1S idéicls dl' uI111,1l1dl' sobrl Lausalida -
de apena se () delxnrmm pr l'n,her ao, 1,ILUI1.lS sozinho; (aso cont rúio nos 
perdell,unos l'/Il (om en~ol', Illlgli"ta';h II diz: "I'ulano Illl embruxado e ~e 
matou" Ou, n\.lÍ~ ,imple!>lllente: "lul,uIO fOI morto por bruxan,I," t-. !J~ d e 
('stá ai ndo d,1 cau .1 ultlllla d.1 mortl dl' fulano , nao d,l, e,lm,l~ "cLun d.ui"s, 
\'OCl- pode perguntar: "Como cI e matou?' ,e seu II1tCrlocutor did q ue ful.! -
no wml'lcu uic idlO enfürcand, , niJm g.llho d árnlft.:'. Você pode t,lm bém 
inquinr: "Por que ele e matou? ,e de dlra que foi porqul.' fulano esta\',1 za n-
gado lom o~ IfIllJO . A cau~a da mort l' fOI enforcamento numa <Í r\'orc, e a 
cau a do t:nIOIc.II11 nto foi a ral\,1 do irrllao. Se cntão \océ perguntar a um 
zande por que de disse que () homem csla\'a embruxado, ~l' (omell'u SUICídIO 
em razao d~ uma bnga LOIJl o mnam, ele lhe uir.í que SOl11en te m lou(os LO-
metem SUIcídio, l' quc se Inuo mundo que se zangasse LOI11 ~eu, II mao~ Lome 
k se I>UiCldlO, em hr~\'t' \l.\ll ha\ en.1 mal~ gente no mundo; ,e ,Iquelc homelll 
nao ti\e se ido ernbnlxado, n,1O lalia n que It/. ~e llce persislir l' p~rgunt,lr 
por que a hrUX.HI,llc\i(HIo hOlllllll ,I ~e m.llal, o l.lIlde lhe dlLI qu~ ,Iclla que 
algu m ()dJ.lva aqude homem; e ~e \Ou p 'guntar pOI qUl alguélll o odi,\lI,I, 
cu mfOlm,mtt "ai dizer que as 1m e a 1 .. \lurl/.1 hUll1ana 
os Az,mde 11M) )lOdllTl (IllInC i ,11 UIIl.! t ora.1 d,1 l.llIs,l!Jd,lde elll t('11l10 ~ 
a It.1\lis polI..! 1\0 ,elc de"ul'\cll1, elltll't,IIl((I, os .lulIltelill!t'nl(l lIum idio-
ma q ue e e r IJna torio. 1 st.ío lil'lllt: de que '>,10 li rl.Ull t .llIll,h p.IIIJ ( ul.1I L'~ ue 
t nto~ cm U.I Id"Ir.IO lom li 1t0JIIl'lll, ~lhIIHlLl\ id.lde p,II.1 1I11l.l Pl'~S(J.I l'lll 
P rtllular, qU( unstllUt m ,I \'lduIlld d,llllll ,II i.1. A I)) lIX.III,Il'Xplil.1 /lUI I/II" 
o anlllt J1nento~ .10 1I01l\OS, lll.IO{o/lIocle'i.ILlI\lltLCIll 1'1l1/dlllll' ptrll 
COInO le .11lmtU .. l'm d.1 mI: m,J fol'lll.l que no' .lO H UIll bru o ..!1.IL..Ill 
do u 110111 111 IllJ um dctJIIll. '.lO \C llllll>ru ,\ dl'l rubJr UIlI LLlcllO, IlId~ 
tCl ml l,IS l'Oe ndo o,c u, l' .. ILi()~. N,IO \'l' lima 1.Ibared.l p í/lUI(J IIktndldndo , t 
Ih,ldo , lll ,lS'\pl'll,l\ lI mfc lxt'dcp,) lh.I.l(l'O .... uapcr<.cp JOdtlOmun n, 
OlO ITelll e t,1O d.lra l]u,l nt () il nOS",I. 
4 
A crença la nde na bru \,lria nao contradi!. .1bsolul,lmente o cunhec.lmento 
empíri co de GllI",1 ( efeito. O mundo do .. SLl1tido~ é tao re-al para ele<> com 
pal .1 nós. Nao \l OS devemos d eixar enganar por seu modo decxprimlc a causa-
lidade e imagina r q ue, por d ll.e rem que um homem foi morto por bruxana, 
negligenciem Illtem\mente a~ caus,ls ~ecundárias que, em no 50 modo de ler, 
S,10 as razôes reais daquelJ m o rte. O q ue eles estão fJzendo aqUI e abreVIando 
a cadeia de eventos e seleciondndo a causa socialmente rele\'ante numa Sltua-
çao social particular, deixando o restante de lado. Se um homem e morto por 
uma lança na guerra, uma fe ra numa caçada, ou uma mordIda de cobra, ou 
de uma doença, a bruxaria é a l.lUsa ~oclalmente rele\'ante, pois é a úmca que 
permite inlervenção, determinando o comportamenlo social. 
A crença na m o rte po r ca usas naturais e a crença na morte por bruxana 
não sao mutuam ente exclu~i\'as, Pelo contrário, elas 'e suplementam, cada 
uma justificando o q ue a ou tra nao ex.plica. Alem disso a morte nau é ~m nte 
UI11 fato n.1tllral - é também um fato ~ocial. Não se trata implesmente de um 
coração ter pa rado de b,lter, e dos plllmães não mais bombearem ar para o in-
ten or de um orga nism o; trata-se também da destruição de um membro de 
uma (amal ia e gru po de p,Hl'nt esco, de uma comullId,lde e uma tribo, A mort 
leva J consul ta d e or.ícu los, J realila",lo de rito~ mágICOS e" \'ingança. Dentre 
lod ,lS a~ causas de morte, ,I bruxaria e a unlC,1 que po~sui alguma rele\ in(ia 
par,1 II LOl11pOrl,lmen to soei,ll. -\ atribuiçao do II1fortulllo a bru..\Jn.1 não te '-
LllIl o que nós chamamos de '\aus,ls re.lls", mas superpôe .. se.1 e t,I., dan,i 
.lOs l'\'enlo~ SOO,IIS () \'.1101 mor,11 que lhes é própno. 
O pcm.lmenlo /,Inde c e.!p,lI de e\pnmir com muit,1 c/.lrt'l,\.h r'1.1~ -
I.'l1tn' ,IS noçôe .. de L,lll''Hllrd,lde I11l\tl, .l e L,lU,.llid,lde n,ttUf,11 pt)r meio d um.l 
IIll'l,llora venatona. Os \ /,1I1de sempre di /em d ,1 blll\:.ui,\ que el,1 ,111mb". /1 
\\lI ''segund,1 1.1I1~a ". Qu.lIIdo o, r\1,1I1de nl.lt,ull ,}l.,I';,l, h,1 Ull1<1 di\"i..lo d.l car-
m' l'lI t re () h 01111.' 111 q Ul' P IImC1 ro ,It 111 glU II ,1\1 i 111.11 e o q ue lhe (r,1\cHI ,1 ,gul1,b 
1,11I ~"1. Esses dOI .. ":iu lllnSltlel,ldos os 11\,1\,ldorL" do ,lnim.ll. l' t) Li mo da ,-
gUlld,ll.lII~.ll' dl.Ul1,lt!u l) /ll/lllcl~/I. J\"illl, ... l' lIm hom,m,' morto l r t m d ... 
1.1111<.', ()<, A/,lI1dt' dlzelll que () ekl:lI1tl' e .1 PI i llh'ir,1 1,lIh.\, 'lU, ,I bru ,In,\ 
segund.\ 1,ln"I, l que, jUllt,I'>, d.\'> o 1Il,lt.ILlIl1. "l 11m hl)lIlL'!l\ III (,1 )Ut o, m 
unt.llun\Jd.1 11.1 guerra, o hOlllllld.1 t'.1 pnmllr,1 1.11\\.1. .1 hruxa li.! l'.1 'C1~Ullll.1; 
Iunl,~, a~ dUJ' o !TI Ilal ,1111. 
<. omo ,l~ Al~lI1de ret.{Inhetem a plllrJhd.lde da, l.\lI'.1 ,e e.1 '1Iu.I~".11l '0 
tI.11 que II1dK.1 qual ,ll.IlI~.1 rdl'\.lIlle, rOdllJ1(l~ enlcndl'1 por qlle.1 doullln.1 
d.1 br li ".lIl.1 11.10 r lhada p.lI a ex p" (.11 li tI.11 q IIt'l fI.ll.1 ,~n o II i nl o rt ti nr o. Pn r \e 
le a '1Iu.1 .\(1 ~olial eXIge UIll /ldc.lIllento l.lU,.11 d, ,ell'O COlllum, n.\() 1111' 
IllO. AS\IIIl. \e \Olt· tonl.1 um. lllUlllra. lomtle ,ldultlrlO, n,uh.1 ou Ir.1I ,eu 
pnllclp e e de!)lOherlo, lIao pode l' (.lpar.l punh •• H) dlll'fldo que t01emhru-
.Ido. A doUlnna 1.lI1dedld.lraenf.lli menlequl "bruxaria II.HI fú IIm.1 pc,· 
,oa dller rnentlla~", "llIu .Ifld 11.10 I,tl um.1 pe""d ("meter .Idulterio". "A 
hruxaria 11.\0 tolo a o .Idulteuo delllro d UI11 h. rnel11; e".1 hrll\.lri.I' e,tü em 
\(lU: me~rno (VOU! o rcspon .lHO, i~to e, !>cu J1eni, fila Ul'to; ~k \ê 0' ca 
helo, da ('~pO~ d um hornl'lJ1 L' fiL.t l reIO, porque a UllIt.1 ·brlL'"lrl.I' l' ele Illes-
1110" ('bruxal la' JlJUI esla sendo u~Jd.l metdfof!(JIllCnl ) "BIlI"ana n.lo l~lZ 
Ullla pe,so.1 wuh.lr"; "bru).,ana nao 101 na urna pe"oa .ksleal". Apen.l' ull1a \'0 
oU\'i Ulll l~/Idt legar quc nl.I\J cmbfllx.ldo quando h.1\ iJ (Olllelido uma 
ofem,I,l I~SO 101 qUJlldo 'TI nliu para mim, me~l1\o nL~~,1 (K.l~I.IO,lodll' m pre-
sente ruam dde e lhe dl~ lr.lm qu~ hruxauJ n.Hl taz Illllguclll dl/cr Illenlira~. 
':li' um homem J S.I ~1I1.1 outro membro d~ tribo 0111 hn\.1 ou faLa. ele e 
l)., llll,ldo. 'UIIl <..I!>O dlmo t, nao e pre,iso prOtur,lr um hruxo, poi, ia se 
tem o ah \I (OIhr .. o qual ,I \ ing.ln\-a pode ser dlrlgld.1 )C, por Olll ru latiu, t! um 
membro de uma outrJ tnbo qUl I.II1CloU um hor'lem, seus parcnte~ ou 'cu 
pnn':l)le tOl11arao medld.l~ rar d c.ohrir () bruxo respomj\ el pelo fato. 
'ol r1,1 tr.llçJo firm...r que um homem exec utado por ordem dc ~eu rci, 
por orem.1 a .lUtoridadc rL.I fOI mono por bruxari.l. Se um homl"lll (OI1sul-
tils!>e o~ or J ulo p.lr.l deSlolmr. I urux. I respoma \'c1 pela 1110 rt e dl um p.1 rCII-
te 'lU 101 eXtllJt.IJo I ()/' orJem do reI, l'SI,InJ l rrendo o n,c() de Sl'r ele 
propno xuulJdo. POI .Iqlll ,I '>ltUdÇJO sOllallxdUl .1 IWÇJll d~ brux,ui,l, 
tomo em outr.1 Ol,1 I. l' Iltghgclllla o agente~ Ilatur.li t.' 10(.1117.01 .lpcn,IS ,I 
11rux• na J)o me mo lIIodo, l um hll/lH m for morto ror \'lI1gall~J pDI qUl os 
orá(ulm dls t r alllljlll: era um hru IJ l" ,I~sa mara outro hOJlwl11 com ~lld Inu 
.Iria, enlao 'lU ll.lrUIIt: n.lo poder,1O dlll r qUl til' Illll\lorto por hlu .If1J A 
doutrlll 1~1I1dt' d~ Idl <jut' eI morrlll 1\,1 01.10' J.. \ lI,g.ldOl \ porque er.l 
um hOlllltida. l' UIlI dt 'til p.Htlllt lIl'I~1I se qUl, 1\,1 'tfd.ld ,alJlI le hll 
mcm morrer.1 porlllU JfI.I, t It'\ .I,sr o LJ (I Jd"lIllt' ,li CUIl\lIlr.1r (101 alulo de 
\ e!H'no, poderlJ \d pUIlH!\' pOI rJllll UI,1II1JI o <lr at ulo, 1:.11 plm fOI a () 01 d 
Lulo de \ IlUIO rt:.11 que ,-lIl1flrlll,lf.1 llfiCl,lhn ntl.l ulpJ do bru o. c flllL (J 
propuo III Ut' permlllr.I.1 H' . .Ill.I ao dJ \lllg.IIl'r,1 
e 01 lIua~Ot .I hru .lrl.1 e Irrele \ anil {, ln Oe lPlll'I.IIT ent e dUI 
d j () l I ldl ,Id. (on1l, II I,nllllpall lor L ,lU .11 A~~lm l flllll), un nos,.1 pi o 
pi i,1 sOLied,lde, Ull1.! leon,llll'nllllL.1 da ldu,>.lhdilde é, embora nJO exc1U1d 1 
lllll\lder.ld.1 !lrde\ ,mle cm quc,>loc, de resp(Jn~ah"ldJdc moral e l!!gJI aJslrn 
l,unhelll 11,1 sOLlcd.lde 'dlllk .1 doutrin.1 d.1 bruxari,I, embora Ino eXdUldJ, e 
tid,l por ii relcv.lIlte n.ls me'111.1S 'lIua~()es. Nó, acellamO\ cXl'hCJ'rllCS cientlfi-
L.I\ d,l' l,IUS.!' d.l~ docn".ls c ll1c,mo d.l~ C.lUsas d,lloucurJ, mas nL'gamoseo; a, 
l'\plil'll:ôe, 110S La,>o'> de lflllle l' pecado, porque ,lqUI CI.IS cnlr.lnl em confhto 
lOll1 ,I lei e ,I moral, que S.IO .1.\I0ll1aticas.l) lande .ILell.IUl11a (XphC3\-JO mbt;-
ca d,l' (,llI~.!S de inforlunlO\, docnç.ls c mortes, m.15 reCU'.1l:,sa cxpli ... açao t 
cl.1 'L' Lh<lL.1 lOll1 a~ exigên(i.l' '\Kiais C\.pre\s.1' na lei c na moral 
Port.lllto, a bruxarian.lo é ulllsiderad.1 como UIll.! CJusa do fral.lSSO de 
algo, ~e Ulll tabu foi quebrado. Se uma cri.lIl'ra .ldoe(c, e e sabido quc ,eus pJi 
liveram rel.lç()e~ sexuais antes que da fmse dcsmamada, a ~ausa da morte ja 
eSlá contida na ruptur.l de um interdito ritual, e a que'lâo da bruxaria não e 
coloca. Se um homem contrai lepra, c existe, no seu (a,o, uma historia de in-
cesto, então ° inc!!sto é a C.lUS.1 da lepra, não a bruxaria. Nesses C<bO~, por~m, 
dá-se uma situa~.lo (UnOS,I, porque se.l Ln.lIlça ou ti lepro'io morrerem, fa7-
ne(ess.írio ving.lr su.lmorle, e ti Jande lião \'lo ,I menor ditlLlddade eln explicar 
o que para nós p,lrc(e ser um Clllllport.1mento extremamente ilogi(o. E faz 'e-
gundtl m mesmos prinClplos aplrc.ldos quando Ulll homem e morto por um 
anim.ll fcroz, e cle inVllLa .1 mcsma lllet.lfor.l d.1 '\egunda lJnça". I TO\ Gl.(l~ 
.Icima mencion.ldos, h,1 re.llmente três L<lUS.b da morte de uma peSSII.l. EXL te 
a docn~.1 de que el.J morreu lepr,I, no L.ISO do hllmcm, e '1lguma f!!bre, t.lI-
\'C/, no L,I~O da cri<ln\a f~S,l, docnç.l\ n,IO s.IO em '>1 produto~ de bruxaria, 
11IlIS exi,tem nelas mesnl.l', ex,lt.lmente C0l110 UI11 buf"alo ou UI11 (eleiro exis-
tem elll SI mesmos. 11,1 aind,I, l'lll segllld,l, ,I quebra liL UIll tabu, no L',hO do 
deSlllallll' c no L.ISO do lIllesto, A lrIJn~.1 l' o homem lI\'eral11 febre c lepra 
pmque um t,lbu 101 quebradll. ,\ quebla do t,lbu tOI a Lam.1 d.\'> dllenç.ls, m.b 
,IS doell\.1'i n.lo os tl'1'l,1l111110rtO ~l'.1 brU\.JrI.1 n,IO l'.,tl\l"Sl' agindo t,lmbcm. 
"t' ,I brU".lfI,11I.10 estl\e'i'l' prl'\L1ltt' lOlllO "sl'gullda I,lll\a ,de., tl'ri,lm tido le-
bre l'lepr.1 do lllc,>nlll lllndo, 111.ls 11.\0 nlllrren,llll por 1,.,0. ~l'"e~ e"l'mplo 
h.1 du.l,> L.IU~,IS SOLl,llml'lIlL' signifil.lnks: qUl'br.1 de labu l' bru".lfl.I, ,1I11hJ 
rL'1.lIi\',h .1 lillL'rcntl'S Prull""ll\ '>llêiú" l' l,ld.1 lima ~ sublinh.ld.l por ~~"ll,h 
di fe rl' n te" 
l\1.1' qu,lndo h,í qucbr,1 dl' Ul1ll,!lHl L ,I 11llHIl' n,llll)Lllne, ,I blllx.ln.1 n.h' 
Sl'r.l JIll'l1lion.ld,lull1111l,llIS.1 d,' inl\ll tUI1I\l. Sl' UIll hOI11l'lllltlllll' Ulll,llimcn· 
tu pllllhldll t1l'plll,> de tl'l Il"dl/,Id,) Ulll'! podt'rll.,.1 m.l~i,1 punitlv,I, el~ Pllde 
/1IOITt'r t lIe~,l' l.l'O .1 1.1/.1<) dl' 'U.I morte L' (onhúid.1 de .lIlt m,IO, P' I l.I 
t: t.ll,)lItld,1 Il.I~ (Ondl\lll, d,1 .,ilu.I\.1O ell! ljUl' l'le l1llHreU, me,mo 'lU '.1 bru 
MI I t .1111 bc III e'>t I \ t'S~l' opu ,Illdo. ~ I.I~ IS'" ll.\lll) uer ,hlt r ct Ul' ti l110er r.1 '-) 
qUt' me\ 11.1\ el1111'nte ~uLeder<i ~ qUl' ,I dll)g,1 m,lgica que de prep,lnH1 dei",ara 
de iUJlllO\ur Lontr,) ii pt "0,1 ,1 qUl' ~l' de~t in;l\ ,I, L de, e ~er dest ru Id,) ,oh pen,1 
dc 'L ,oh,H LOlltr,ll) Ill.lgo qUL J emiou. O tra(,I~~O da drog.1 em ,1linglr ~l:U 
ob,t.'t" l) dc,"l'-' ,I quehr J de um t,lbu L' Jl,10 a bruxana. ~e um ho mem ten : re-
I.I\ôe, "exllal' u1111 a e'posa e no dl,1 \egull1te consu lta o orando d e veneno , 
c~te não re\ dará a verdadl', e \UJ elldClJ oracular l'stara permanentemente 
preludILad,l. Se Ulll tabu llJO ti\l'~,e sido quebr.ldo, dir-~e- IJ q ue a bru",ariJ 
fez o nraculo mentir, ma, o e,tado d,1 peS,OJ que assistiu a se<,s,\o da uma 
raldO para ~eu malogro em ouvir a \erdade, ,em que seja preCiso in vocai a no-
çau dL bruxana ltlmo agente caus,11. Kl!1guém vai admitir que tenha quebra -
do um tabu ante, de comultar o or,Í(ulo de \ eneno, mas qua ndo um oráculo 
mente todo~ estão pronto~ a admitir que algum tabu deve ter sido q uebrado 
por alguém. 
Do mômo modo, quando o trabalho de um ceramista se q uebra na coze-
dura, a bruxaria não é a única (ausa pO~~l\el da calamidade. Inexperiência e 
fàlta de habilidade artesanal podem ser outras razões do fracasso, ou o cera-
mIsta pode ter tido relaçôe~ ~e. uais na nOite anterior. O próprio artesão a tri-
buira seu frac<\s<,o à bruxaria, mas outra., pessoas podem não ~er da me~ma 
. . -
opwlao. 
• 'em me~mo toda~ as mort~, sao im·ariável e unanimemente atribuídas à 
bruxaria 0U à quebra de um tabu. As 11í()I"te~ de bebés causadas po r certas 
doenças :.ão vagamente atribuídas ao Ser ~upremo. A~sim também , se um ho-
mem c.ai repentina e violentamente doente, morrendo logo a seguir, seus pa-
rentes podem ter (ertela d~ que Ulll feIticeiro fel magia contra ele, e não qu e 
um bruxo o matou. Uma quebra da~ obn gações entre irmaos de sa ngue pode 
extermlllar grupos inteiros de parentes; assi m , quando irm ãos e primos vão 
morrendo um apos 0' outros, é ao sangue, e não a bruxaria que as o utras pes 
~oas atrilllurao a~ mortes, embor,1 (IS IJ.lrenll's dos mortm procurem vingá -los 
nos hruxos. Quando morre um hOll1emllluito IOUSO, os nao-aparentados di' 
leln que ele morreu de velhice, Illas nilU () lazem em pre~elll.,1 de parenlL's, 
pUl~ estl declaram que a hl UXaflJ fOI r~~pomá\e1 pela morte 
Acredlta- e tambem que o adu ltcrio possa cau~ar II1fOltúnio, embor,1 
seJd dpenas um I,Hor um Urrl'n tL', ,á que .1 IHuxana lamhem est.i presentl'. 
DIl-seque um homllll pode sei murto n,) guel ra OllnUIll ,IL idenlL' de L,\\,I Plll 
lJU a da~ IJ)fidelidades de SU,\l'SPOS,I. 1'<H 1,lnto, .IlHes de Ir ,I gUl'II,1 ou JlMlil 
pard uma glaJHit e ·pedh,ao dL C,\\,I, IIIll hOlllelll Jlode' pedll ,I espos.! qUl' di-
\ ul!:,ul II r.01l1e de seus .1l11.inlL',. 
Mr. mo qu,mdo nall Oe () fi e 111 1I1 t I a~oes .'1 Il i Oll "mnr,JI .I [,," XMi,1 n,ltll' .! 
unI{ I aLao a <!Ut; ~ atribUI UllI ti ,1t.IS~() I T!(.OlllP tellL 1,1, preglllç,I, IglHJl "IlU,1 
prJdtn!' H!l1ILadJ~ Lfll1l11 L.1It~<l5 ()uallt!o Ul1\,1 1l1l'llin.1 ljllLhr,1 .1 hilll,1 
d 'agua , 01l1l11l l1111lIllO eSljuece de fedl.H a porta do g.lhnhlro a rWllt:, ele;, 
rJO seVe r,\lll enll' rl' preelldid m pe l {)~ pal~ por ,>ua l."tuplde/. (), t rro dei 
LlIJll Ç,I~ ~ao .l tribllíd() ~ ,\(1 desc uido ou ,llgllllranlla, c <linda pequ<.'n, ti ) 
ell~ ll1 ,\da s ,1 eVitá- lo, . O s A/ande llao d i/ cm que esses erros \30 (.du,ado,> por 
bruxa ria, ou , mesmo que d i ~ pmto 'i a Jceit ar ,\ possibilidade da bruxa na, \.on 
sideram a estupide/ ,\ G1U!>J prinCipal. Ade mais, o zande n.w e ingcnuo cl pon 
lo de culpJr a bruxana pela quebra de um pOle durante a cozedura se me 
posterio res revelam que um seixo fOI delxdd o na a rgila; ou pel.l fuga de um 
,111 i mal de ~ U .l armadi lha se alguém o e~pantou com um movimento ou baru 
lho. As pessoas não culpam a bruxaria se uma mulher queima () mingau, ou se 
o serve cru ao marido. E quando um artesão i nab i lido~o faz um banLO ~ro5 
seiro, o u que racha, isso é atribuído à sua inexperiência. 
Em todos esses casos, o homem que sofre o infortúnio possnelmente 
dirá que ele se deve à bruxaria , l11a~ os ou tros não farão o mesmo. Devemo 
lembrar contudo que um info rtúnio séno, especialmente se re~ulta em morte, 
é no rmalmente atribuído por todos a ação da bruxaria - e e~pecialmente 
pela ví ti ma e seus pdrentes, por mais que tal desgraça tenha ~ido causada pda 
incom pe téncia ou falta de autocontrole. Se um homem cai no fogo e se qUet-
m a seriamente, o u cai num fOlo e quebra o pescoço ou a perna, isso será auto-
m aticamente atribu ído à bruxaria. Assim, quando seis ou sete filho\ do 
príncipe Rikita fi car,lm encu rralados num anel de fogo ao caçar rato~ do bre-
jo , morrendo queimad os, suas mortes foram indubitavelmente cau~ada por 
bruxaria . 
Desse modo, ve mos q ue ,I bruxana tem sua propria lógica, . uas próprias 
regras de pensamento, e que estas nJO excluem a causalidade natural. A cren-
ça na bruxaria é baSlante consistente com a rc pon abilidade humana e com 
um,\ aprec iação raciona l da 1l,llurelJ. Ante de mais nada, um homem de\e 
d e\e l11 pe ll h,lr qua lquer .1lividade conforme as regras técnicas tradicionai , 
q ue consi~lem no con heLllllento teslado por ensaio e erro a c.ld,1 geração. E 
,1penas q Ucllldo ele fraGISS,I, ,lpeS,\f de sua ,ldesdo a ÔS,h regras, que \'JIIIl1pU-
lar a ~ u a falt,1 de Sllce~so ii bnr\.Il"IJ.s 
h eqlll'l1telllenll' ind,lg,l-se Sl' os pO\lh primiti\'os disungu 1\1 <?ntrL. l) n.ltur.11 
l' () \obren,ltul,ll F\S,I l]llest.1O pode ~er respondllb dL' Illfll1.1 prdllllm r n 
qUl UlnClTl1l' ,lOS A/ande t .OIllO 1,11 .I que~t.hl pode qULrL'r diler o l"l\ , 
pril1\itivos dlstinguclll entre o 1I,ltULII L' o "lbrcl1.11ur.ll III t rnll ab trahl ? 
Nú\ Pll\SllllllOS a 11tH;,\() de' Ul1\ 111l111lIl) III dL'lI.lei,) dl' .h oreil) " m o qu eh.1 
1 ]C I I pHu" 1Il1 .1 11ll" I ' ll.htIllIlOS .1 Olll'd,ldl'illlnIU,1J11l11l(' 
rt I lOI I 11'1 ttllO .I~ 'lUl n.1O I'"delll ~('I C\l'lIl.I<I.1 I'"I 
mil n tur.1I l lIUt' I tlrt II I ( " '~ ,(lI' ,IS 11.111 U ' I1lkIll SIII'0\I.I -
m h,\l11JI111" l' l' ' \ cllIo de 'llbr~I1,\1 ur.li, . P.II.1 111 '\S, :.obre-
I n fi • qUJ't' o I1Il~mo qUl .1I1Ilr111Jl ou txlr.wrdin.írill. (h A7ande 
o r ~Ul'l11 1.11 n 'Ç''' l' ' .1 le:<l'eiln d,1 fe did.ldc. Ele, 11.\0 têm 
11ll li 1.1 dl) "n.1lur.11' '.11 C0l110 /ll) ' \l cnl,'lldeI11os, l'.por cOl1sl'guinle, 
mp u, d) ~ brenatllrJI 1.11 , 01110 I1 l)' n ellkndenlO\. A bruxaria repre-
nl r r o. ndl um,'\ ento 'lUl', l' l11ho ra 1,lh l'7 IIlfreqüenle, é ordinário, 
nJ tr.1 rdm.lno. E um a,oll lcLÍ mcnlo normal , l' n,'lo anormal. Mas em-
.Itnbuam a natural e , ohren.ltllr.lllh ,ignitIcadns que os europeus 
luh - n ld<:m a l' -a, nocôe ,di,tinguem 0' dois domínios. Assim, nossa , 
pe!J!.unta pode 'r formulada, e de\ e ser formulada, de outra maneira. O que 
d en.lmo perg.untar é se m ponJs rrimit i\"O . n~em alg.uma diferença entre 
ont amento, qUl' nO -- os observadores - classificamos como na-
ur.lJ- o atonte Imentos qUl' ,1a" ifl c.ll11m como místicos. Os Azande per-
, m mdublta\'elml'nle uma diferença entre aquilo que consideramos como 
a õe da natureza, por um L1do, e a a oe da magia, dos espíritos e da bru-
'\.ana, por outro, embora, na au~ênc ia de uma doutrina formulável sobre a le-
:; hdade natural. não po" am exprimir a diferença tal como nós o fazemo. 
~ no ão zande de bruxana é incompati\'el com nossos modos de pensar. 
ia! me<;mo para o, Azande exi te algo de peculiar na ação da bruxaria. Ela só 
pod er percebida normalmente em onhos. Não se trata de uma noção evi-
d nu:; ela tran cende a experiência sensorial. Os Azande não afirmam 
que wmpreendem perfeitamente a bruxaria_ Sabem que ela existe e age male-
fi mente, mas podem apenas conjeturar sobre a maneira pela qual age. E 
r lmente, sempre que eu discutia sobre bruxaria com os Azande, surpreen-
di -me pela atitude dubitativa e hesitante que assumiam frente ao assunto, 
I apena no que diziam, mas sobretudo em sua maneira de dizi'-III, em 
01 tra te com o conhecimento desembaraçado e fluente que dcmonstr.l1n ,\ 
r I CIto do~ C\entos sociais e das técnicas económicas. Eles se sentiam perdi -
d I ao h:ntar explicar de que forma a bruxaria alcança seus objetivos. 0uc d ,1 
II t pe a é ob 'io, mas Lomo as mata, não se sabe exatamcllt e. ~u g(' 
rme que tal ez fosse melhor consultar um homem mais velho , 011 11111 
dI mI J, par.! maIOres informaçoes. Mas os homens mais \e1ho, l ' m .tdivi 
fi "apazes de dizer pouco mais que os jovem e os leigos, Hes ~.lhe Il\ 
e todo sabem: que a alma da bru ar i,1 \ag.l a noi te (' que dt'\Ola.1 
IlIma Só () proprio bruxo entendem de (~.1 ~unto l'1ll 
,lu d iA L-rdade o Azande experimentam ~cnIIIll t'n l m, Ill.m l ]lI t 
Idel.I ~1 !!Obre bru na, 
elc~ ~.Ihem lna oq fuerqua 
A rc\ptllta • nIo a _Uíle. 
Nao te uma reJ1traent.çi"ellIbI ....... ~ __ ..... t_ ... . 
con t.1 detalhadamente de seu IUltlCÍGrnAllIIII_~CIIl_ ..... _ ... .. 
scntaçao elaborada e conàlteate da naturaa 
com seq~ias e anta' relações ÍWlcIOlWL O z..-.fIe __ ~ e_ai .. .. 
ma is que as antelectualiza. e prindpãos do eq_"_ ... ' .... ... 
portamen socialmente controladas que em ....... 
cm se bruxaria cem Az .. ,Il'0l • • _~ídleit. _._ 
peito 
( \!'lllllllll 
As vÍt i11las de i/~fo rtlÍllios 
lJll5Cl1 11l os bruxos elltre os inimigos 
I 
D<.:\emos agora abordar a bruxaria de uma form a mais o bJeti\'a, pois ela é um 
modo de comportamento, tanto quanto u m m odo d e pens,lmento. O leitor 
tem o dIreIto de perguntar o q ue faz um zande q uando é embruxado, C0l110 
des(obre quem o está embruxando, como m an ifesta se u ressentimento, que 
medidas toma para ,e proteger e que sistema de con trole inibe uma reta liação 
VIOlenta. 
Somente se pode exigir \'ingança oUllldenização po r d .1I1m causados pela 
bruxa na quando o IIlfortúnio sofrido é a mo rte de alguém . Nas perdas meno-
res, tudo o que se pode fazer é apontar o bru\.o e per~uadi-Io a interromper 
,ua IIlfluéllcia nefasta. Quando um homem sofre uma perda irreparável, por -
tanto, e inutil le\'ar a questao adiante, Já que não pod e obter compensação, e 
que um bruxo não pode desfa7er o que já foi feito. Em tais circunstâncias, um 
zande lamenta sua de~\'entura e culpa a bruxaria em geral; mas é improYável 
que ~e esforce por Identificar um bruxo d eterminado, pois o acusado nega rá 
~ua re~ponsabilidade ou dirá que não tem consciência de ter feito mal a .11-
guém~ e que, ~e o fez, fOI involuntariamente, o que ele lamenta muito; de qual-
quer forma, a vítima fica na m esm a. 
Mas quando o II1fo rtún io é ainda IIlcipi ente, há boas razões para uma 
Identifica~.1(J IIned lJ ta do bruxo , poi s cste pode 'ler per~uadido a interromper 
sua bruxaria antes que as coi~as ~e agravem. Se a caça esc.a~seia no final da es -
taçao, {> inuttl de~cobrir O!i bruxos quc a espantaram; Illa, no auge da estaçáo , 
a IdentJficJ~ao do~ bru xos pode assegur.!r Ulll bom resultado. Se Ulll homem {-
mordIdo por um a (ohra \'enenosa, ele fica bom logo ou morre. Qu,lJ1do se 
Lura, de nada adlJn ta ( omultar os or.1culo$ par.! saber () nome do bruxo re, 
ponsá\(~1 peja m ordld.l Mas se UIIl homt'1l1 Lli doente, e a doenç,1 promete SL'I 
ena edemorad.l, então se us parentes hU\lJm o bruxo re~pom.I\'l'1 P,H,I que.l 
balançil pese ma Is do 1,ldo d.1 LUTa que d.l morll' . 
i.lÍs ad 1.111 t e e phC.lI"CIl)( " .Imallura pda tlllJ I OPU,lI1l li o r.1Cldos. Aq ui 
*alaremu ,IP nas do, vCTedi ctos como p.H\c do m eLan lS II10 SOL 131 de L o n t ro le 
d b uxarl. I eViden te q ue, qu ando um bruxo l (it'nulhlddo pelo> ol .llul 'h, 
\ t ll/NUI iiI.. , I, ti "J, bu tl IIr 
'ie cri,l um,l ~llu ,IÇ,IO perigo ,I, I'lJI~ li homcm p reJudJ(..tdo 
l,lm lunm()~ lom Ulll" .Itronl.l .J ~ua dlgll ldJde tum .11 u ,I(} 
pOI p.1 rtl dL UIIl \'l/lI1ho -< lIlgUCIII ,lCClla Iran~ujlamente qu o 
r 
guelll ~U<l L<I<,<lda ou prejudlqucm ~u.! 'i.lúde por de peito e Invqa, n Iv. n 
co m certeza agrcdiriam pc~soalmcnle o s bruxos que lht) preJudlL~m, r 
eX I ., ll s~em (,lna l, t rad IUOnal'i, ,lpolaJos II.! autu ridade pohu ... a de ... Q tro d, 
1"\:,Se l1 ti m en to. 
Devo IHlvJmentc Icmbrar quc 11.10 e~tJmos tratando de eflm ) pa 
de serem levados a tribunais c punidos, nem d e delitos UV'S par o qw. .. 
P()s~.1 ex igir uma II1denizJçao legal. A nao ser que um bruxo n:..Jment~ 
u m ho mem, é im possível processá -lo no tribunal de um príncipe; e lidO r 
tre i qualquer Laso de bruxos punidos por terem ca usado outro dano. Al-
gu m anciãos, po rém , d isseram-me qUL antigamente um fa\'onto da corte 
podia persuadir um príncipe a conceder-lhe indenizaçao pela perda tOl F r 
fogo o u praga, de sua colhei ta de eleusina. 
O processo d escrito neste capítulo é portanto o ,-o stumelro, no qual a 
questão d a reta li ação não ,e coloca. De~de que a parte o fendida e o brux , 
servem as fo rmas corretas de comportamento, o incidente e.tar.l encerrad 
se m qu alquer t roca de pala\T.ls asperas e muito menos golpe~; na \'erda-
d e, ~em que nem mesmo as relações entre as partes fiquem estremeCIda. "o ê 
tem o direito de pedir a um bruxo que lhe deixe em paz e pode inclusiw a\l.-
sá-lo de que, caso seu parente morra , ele ~erá acusado de assa~sinato; mas não 
deve insul tá- lo ou fazer-lhe mal. Pois um bruxo

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