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(conteudo) Aula 8 PROBLEMAS RELATIVOS À LINGUAGEM

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Aula 8 PROBLEMAS RELATIVOS À LINGUAGEM
Disciplina: PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇÃO VII
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Objetivos desta Aula
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Identificar e analisar erros comuns quanto à linguagem do texto monográfico; 
2. discutir diferentes estratégias para a superação desses erros; 
3. revisar o texto de sua monografia procurando corrigi-lo, respeitando as regras ortográficas e gramaticais.
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Na aula 5, vimos que uma importante estratégia argumentativa é a forma como organizamos o discurso. Vimos que numa boa argumentação, os argumentos devem estar ordenados e articulados de modo a dar fluidez ao raciocínio e consistência ao discurso.
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A importância da linguagem na elaboração de seus trabalhos
Mas você já deve ter se dado conta que essa não é uma tarefa fácil e, muitas vezes, incorremos em erros referentes à construção da argumentação e sua consistência teórica ou, ainda, os relativos à inadequação da linguagem.
Frequentemente, os estudantes não compreendem a importância da linguagem na elaboração de seus trabalhos. 
Mas um texto é um instrumento de comunicação. E, como tal, só vai ser eficaz em comunicar a sua mensagem se usar atentamente os recursos de linguagem.
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Dessa forma, a primeira questão que precisa ser considerada quando vamos escrever um texto refere-se à sua finalidade:
O que queremos comunicar?
E para quem?
Um texto é um discurso que comunica alguma coisa a alguém, em um determinado contexto de comunicação.
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Você já parou para pensar o que seu texto estará comunicando e a quem?
É muito comum quando perguntados sobre o que trata a sua monografia os estudantes responderem “Eu quero falar sobre a importância do....”. Mas uma monografia acadêmica não se resume em defender a importância de alguma coisa. Ela é resultado de pesquisa, e a finalidade de toda a pesquisa é a análise da realidade.
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Portanto, o texto monográfico não é um discurso sobre como a realidade deve ser, mas está voltado para analisá-la, compreendê-la em profundidade. Assim, o texto monográfico, enquanto comunicação de pesquisa, precisa expressar esse movimento analítico, descrevendo como as coisas acontecem e refletindo sobre os dados, não pode ser um manual de orientações sobre como a educação ou a prática de professores devem ser.
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A segunda questão importante refere-se ao contexto onde essa comunicação se insere. Enquanto texto acadêmico-científico, ele é uma comunicação produzida e divulgada especialmente no âmbito da comunidade científica, ou seja, para estudiosos e pesquisadores. Você já se perguntou quem vai ler sua monografia? Muitas vezes estudantes dirigem seu texto a pais e até mesmo aos alunos.
Mas crianças e responsáveis geralmente não têm acesso a esse tipo de publicação, ao menos não em sua versão original. Portanto, ao elaborar o texto monográfico, é preciso ter em conta a linguagem usada por cientistas e estudiosos. Assim, se a ciência é um tipo de conhecimento que se diferencia dos demais pela rigorosidade e objetividade dos procedimentos intelectuais e técnicos de que faz uso, os textos acadêmico-científicos devem espelhar essas características.
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Nesse sentido, devem fazer uso da norma culta da língua e de termos técnicos, não apenas para sofisticar o discurso, mas para garantir maior precisão na apresentação das ideias. Dessa forma, o vocabulário e expressões usados devem obedecer à linguagem técnica do campo onde se insere.
Não é “conversa de botequim”, é uma comunicação elaborada por um estudioso/especialista, alguém que estudou muito aquelas questões sobre as quais se propõe escrever, que estará disponível para outro estudioso/especialista.
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O domínio da linguagem técnica no seu campo de estudos afirma a sua autoridade no campo, diz do quanto você conhece, se conhece  mais ou menos profundamente os conceitos produzidos em seu campo. Você consegue imaginar um ortopedista que não sabe o nome dos diferentes ossos e, num congresso, se refere a uma fratura no quinto metatarso como “aquele ossinho que nós temos no lado do pé”? Ou que fala numa aula “daí o paciente vai tê que tomá três pílula todo dia, né?”. Num texto acadêmico, não é recomendado o uso de expressões coloquiais (“eu acho”), gírias (“muito legal”), afinal, como dito, exige-se o uso da norma culta da língua.
É muito recorrente que os/as alunos/as, confusos/as, depois de tantas leituras ou ainda procurando sofisticar o seu discurso, usem termos/palavras inadequadamente. Inadequados porque, mesmo que sofisticados, pouco usuais, esses termos podem estar “fora de lugar” ou levar a dúvidas quanto ao seu significado. Mas, para dizer melhor o que queremos, evitando uma compreensão errada de nossas ideias, a precisão e a rigorosidade do discurso científico exigem que busquemos “as palavras certas” para “o lugar certo”. Você já se perguntou alguma vez:
Será que essa é a melhor palavra para o que eu quero dizer?
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ADEQUAÇÃO
Um modo de verificar a adequação de uma palavra/um termo para o discurso que estamos elaborando é buscar seu significado, sua definição em livros técnicos ou dicionários especializados.
Lembre-se de que os dicionários comuns têm definições relacionadas ao uso comum da palavra e não a sua definição dentro do campo científico. Dessa forma, embora eles possam e devam ser consultados, em muitos casos, é preciso considerar as definições técnico-científicas e não os usos coloquiais das palavras.
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Quanto à elaboração do texto, já foi dito que, como qualquer texto, ele precisa ter coerência e coesão. No entanto, se em literatura pode-se eventualmente romper com esse critério e mesmo assim garantir comunicabilidade, em textos acadêmicos essa situação não se aplica.
Na literatura, a liberdade de criação e de interpretação é o que, em alguma medida, torna os textos únicos (cada poeta escreve e cada um de nós vivencia uma poesia de modo próprio), algo que distingue a arte de todas as outras formas de expressão humana.
Em textos acadêmicos, no entanto, se procura exatamente o contrário. De modo a permitir o desenvolvimento científico em determinado campo, a troca de ideias, avanços e dificuldades nos estudos e pesquisas exigem uma comunicação mais precisa entre os estudiosos, de modo que não incorramos em múltiplas interpretações que levariam à perda de tempo e à maior incidência de erros na compreensão e na replicação de métodos e teorias.
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Extensão das frases e organização dos parágrafos
Há que se cuidar das frases e organização dos parágrafos. É muito comum os alunos escreverem frases muito longas e/ou parágrafos que interrompem a abordagem de um tema. No entanto, no texto descritivo e analitico, o uso de frases curtas e do discurso direto facilita a compreensão das ideias, poie permite que o leitor acompanhe passo a passo o desenvolvimento da argumentação.
Organização dos parágrafos
O mesmo se pode dizer sobre a organização dos parágrafos. Cada parágrafo, e dessa forma ir desenvolvendo o texto, dando sequencia a diferentes parágrafos.
Pontuação do texto de forma adequada
Pontuação do texto de forma adequada. O uso inadequado de vírgulas, pontos e outros elementos, como aspas e travessão, compromete a compreensão da sequência das ideias trabalhadas.
Exemplo
INCORRETO
As autoras apresentam a metodologia e os resultados da pesquisa que realizaram a pesquisa envolveu entrevistas semiestruturadas junto a 19 professores doutores a análise de dados foi realizada a partir da análise dos discursos (sua estrutura e conteúdo), tendo por referência o quadro de paradigmas proposto por Lincoln e Guba.
CORRETO
Apresentaram a metodologia e os resultados da pesquisa que realizaram. A pesquisa envolveu entrevistas semiestruturadas junto a 19 professores doutores. A análise de dados foi realizada a partir da análise dos discursos (sua estrutura e conteúdo), tendo por referência o quadro de paradigmas proposto por Lincoln e Guba.
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Além disso, a organização adequada das frases e parágrafos deve estar orientada para o desenvolvimento de um texto coerente. E,nesse sentido, há que se ter cuidado para que o uso de diferentes fontes não leve a um discurso contraditório. Um texto pode estar bem pontuado, com frases que respeitam uma sequência lógica, agrupadas em parágrafos que guardam uma unidade de sentido e, mesmo assim, construir um discurso contraditório.
Afinal, a história da música está divida em períodos distintos ou não?
Esse problema é muito comum quando o/a aluno/a busca articular diferentes autores/teorias. Uma coisa é apresentar diferentes pontos de vista sobre algo, pontos de vista que podem divergir e mesmo se contrapor. Outra coisa é um texto confuso que afirma e depois nega alguma coisa. Veja o exemplo!
A história da música divide-se em períodos distintos, cada qual identificado com um estilo que lhe é particular. Cada estilo musical não surge aleatoriamente, é um processo lento e gradual relacionado com a evolução da sociedade e com mudanças que definem cada época, cada geração. Por isso, torna-se difícil determinar a data que inicia ou termina cada período da História da Música.  
(p.15)
Essas afirmações são contraditórias!
O correto, se as fontes apresentam diferentes modos de abordar o tema, no caso do nosso exemplo a história da música é explicar que existe uma contradição presente, na bibliografia e indicar os autores que se propõe como visto na aula anterior.
Mas para um texto ser coerente, há também que se usar corretamente os elementos de coesão.
Um texto é coeso quando há uma “costura” entre os elementos, garantindo uma compreensão clara da mensagem. Os erros gramaticias muitas vezes tornam-se ruídos que dificultam ou mesmo induzem a erros na compreensão do texto.
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Quanto à correção ortográfica e gramatical, são comuns erros de concordâncias nominal e verbal, o uso inadequado do mas/mais, porque/por que, entre outros.  Só para lembrar:
Concordância Nominal
O artigo, o pronome, o numeral e o adjetivo devem concordar em gênero e número com o substantivo ao qual se referem.
INCORRETO
A autora iniciam sua exposição fazendo breve apresentação do contexto de discussão atual sobre alguns modelo de formação de professores.
CORRETO
As autoras iniciam sua exposição fazendo breve apresentação do contexto de discussão atual sobre alguns modelos de formação de professores.
Concordância Verbal
O verbo se flexiona para concordar com o sujeito:
INCORRETO
Querem saber que paradigmas está informando suas diferentes visões acerca do tema e como se equilibra discursos pedagógicos e científicos em suas concepções de pesquisa.
CORRETO
Querem saber que paradigmas estão informando suas diferentes visões acerca do tema e como se equilibram discursos pedagógicos e científicos em suas concepções de pesquisa.
Vocábulo “mas”
O vocábulo “mas” é uma conjunção adversativa que usamos para dar ideia de oposição, sentido contrário entre duas orações. O vocábulo “mais” é um pronome ou advérbio de intensidade usado quando queremos dar ideia de grandeza, quantidade.
INCORRETO
No terceiro capítulo, as autoras vão apresentar os resultados da pesquisa. Mais elas fazem questão de destacar que essas categorias de análise são apenas um recurso “didático” na busca por uma melhor compreensão das tendências dos discursos sobre pesquisa, pois foram evidentes as contradições, hibridizações e ressignificações destas no âmbito dos depoimentos sobre as pesquisas realizadas pelos professores formadores entrevistados. Mas uma vez, as autoras vão ilustrar sua análise com trechos dos depoimentos dos entrevistados.
CORRETO
No terceiro capítulo, as autoras vão apresentar os resultados da pesquisa. Mas elas fazem questão de destacar que essas categorias de análise são apenas um recurso “didático” na busca por uma melhor compreensão das tendências dos discursos sobre pesquisa, pois foram evidentes as contradições, hibridizações e ressignificações destas no âmbito dos depoimentos sobre as pesquisas realizadas pelos professores formadores entrevistados. Mais uma vez, as autoras vão ilustrar sua análise com trechos dos depoimentos dos entrevistados.
DICA
Dica: veja outros erros comuns e tire suas dúvidas no site:
http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/mas-ou-mais-onde-ou-aonde.htm
http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/1127150
(p.17)
Como você já deve ter percebido, todas essas estratégias são recursos para garantir que nossa argumentação seja realizada com sucesso, ou seja, que seja reconhecida por nossos interlocutores como uma tese válida.
Retome o texto que você elaborou para os capítulos teóricos. Faça uma revisão cuidadosa quanto aos erros de linguagem: verifique se a fluidez do texto está garantida ou se há frases/parágrafos muito longos que possam estar comprometendo a compreensão das ideias. Veja se a progressão das ideias que você propõe obedece a uma sequência lógica do pensamento. Certifique-se de que os termos que você está usando são adequados à sua argumentação. Corrija os erros ortográficos e gramaticais que encontrar. Bom trabalho!
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O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA
Assunto 1. Identificação e análise dos erros mais comuns quanto à formatação do texto monográfico; 
assunto 2.Estudo de casos. 
SÍNTESE DA AULA
Nessa aula você:
Identificou e analisou erros comuns quanto à linguagem do texto monográfico; 
discutiu diferentes estratégias para a superação desses erros; 
revisou o texto de sua monografia procurando corrigi-lo, respeitando as regras ortográficas e gramaticais.
REGISTRO DE PARTICIPAÇÃO
1.O texto acadêmico-científico é uma comunicação produzida e divulgada especialmente no âmbito da comunidade científica, ou seja, para estudiosos e pesquisadores. Assim, o texto monográfico, como qualquer comunicação científica, deve cumprir certos requisitos.
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a requisito de um texto monográfico.
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1) Expressar um movimento descritivo-analítico de fenômeno e/ou realidade. 
2) Usar a norma culta da língua. 
3) Usar linguagem técnica. 
4) Fazer prescrições, apresentar normas de ação. 
5) Ser coeso e coerente. 
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2.Em textos literários, em nome da liberdade de criação e de interpretação, pode-se eventualmente romper com a coesão e coerência e mesmo não perder comunicabilidade. Por que em textos acadêmicos essa situação não se aplica?
I.	Porque poderia levar a erros na compreensão e na replicação de métodos e teorias. 
II.	Porque não se pode usar a criatividade em textos acadêmicos, apenas replicar conceitos.
III.	Porque quanto mais diversas as interpretações de um conceito mais preciso ele é. 
Assinale a alternativa correta:
Parte superior do formulário
1) Apenas a alternativa I é verdadeira. 
2) Apenas a alternativa II é verdadeira. 
3) Apenas a alternativa III é verdadeira. 
4) As alternativas I e II são verdaderias. 
5) As alternativas II e III são verdadeiras. 
Resposta: 1-4, 2-1.
Parte inferior do formulário

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