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Aula 8- Lei de Tortura

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TORTURA
Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997
TORTURA
Convenção contra Tortura e Outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas e degradantes: Decreto 40, de 15 de fevereiro de 1991.
Convenção Interamericana para prevenir a tortura: Decreto 98.386, de 9 de novembro de 1989.
TORTURA COMO CRIME PRÓPRIO PRATICADO PELO AGENTE PÚBLICO
Conceito de tortura
Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU), de Nova York, art. 1º, 1.
Doutrinário: Qualquer método de submissão de uma pessoa a sofrimento feroz , físico ou mental, contínuo e ilícito, para obtenção de qualquer coisa ou para servir de castigo por qualquer razão ( Guilherme de S. Nucci).
Tratamento Constitucional
Art. 5º, inciso III, CRFB: “ninguém será submetido a tortura nem tratamento desumano degradante”
Art. 5º, inciso XLIII, CRFB: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.”
Histórico da Tipificação da Tortura
Art. 61, II, “d”, CP: circunstância agravante;
Art. 121, §2º, III, do CP: Homicídio qualificado
Art 121, CP - Matar alguem:
[...]
§2º Se o homicídio é cometido:
[...]
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Art. 61, CP - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
[...]
II - ter o agente cometido o crime:
[...]
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
Histórico da Tipificação da Tortura
Art. 322, CP: Crime de Violência Arbitrária
Art. 350, CP: Crime de Abuso de Poder
Art. 3º, “i”; art. 4º, “b”, da Lei 4.898/65: Crimes de abuso de autoridade
Art. 3º, Lei, 4.898/65. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
i) à incolumidade física do indivíduo;
[...]
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
Art. 322, CP – Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.
Art. 350, CP - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança;
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de liberdade; 
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Histórico da Tipificação da Tortura
Art. 233, Lei 8.069/90: “Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura:
Pena - reclusão de um a cinco anos.
§1º Se resultar lesão corporal grave:
Pena - reclusão de dois a oito anos. 
§2º Se resultar lesão corporal gravíssima: 
Pena - reclusão de quatro a doze anos.
§3º Se resultar morte:
Pena - reclusão de quinze a trinta anos.”
Violação ao princípio da legalidade estrita; tipicidade
STF, HC 70389/SP, Rel. Min. Sydney Sanches, Tribunal Pleno, 23.06.94.
- Art. 233 do ECA foi revogado pela Lei 9.455/97, art. 4º.
Aspectos gerais
Competência
Regra: competência da Justiça Comum Estadual
	JUSTIÇA FEDERAL:
Quando o delito for praticado, no exercício das funções, por servidor público federal, bem como, por militar das forças armadas.
STJ já reconheceu a competência da Justiça Federal quando o crime, embora praticado por servidor estadual, teve como vítima preso provisório recolhido por determinação de Juiz Federal. (STJ, CC 40666/RJ, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 3ª Seção, 10.03.04)
Obs: Jamais será considerado crime militar, pois não há tipificação no CPM (R. extr. 407.721-3/DF/ STF)
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
Art. 109, CRFB – Aos juízes federais compete processar e julgar:
[...]
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Objeto material: pessoa que sofre a tortura.
Objeto jurídico: é complexo, envolvendo a liberdade do ser humano, como também sua integridade física.
Classificação doutrinária: comum, doloso, plurissubsistente, monossubjetivo, de dano, instantâneo e comissivo, em regra.
Art. 1º. Constitui crime de tortura
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
Em razão de discriminação racial ou religiosa
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Art. 1º. Constitui crime de tortura
[...]
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental por intermédio de prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos; se resulta morte, a reclusão é de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos.
TORTURA-PROVA
OBS.: Tortura confissão / tortura persecutória / tortura probatória / tortura institucional / tortura inquisitorial
Art. 1º. Constitui crime de tortura
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
Imp.!: especialização do CONSTRANGIMENTO ILEGAL
Art. 146, CP - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
TORTURA-PROVA
Classificação doutrinária:
Comum: qualquer pessoa pode cometer; doloso;comissivo; monossubjetivo; plurissubsistente; instantâneo (e eventualmente permanente) de dano; admite tentativa
Causa de aumento do § 4º, I: agente público;
		II: contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos;
 III: se o crime é cometido mediante sequestro
TORTURA-PROVA
PROVA OBTIDA POR MEIO ILÍCITO
Art. 5º, LVI, CRFB – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
formal: o tipo penal consuma-se independente da obtenção do resultado.
* Fernando Capez; Victor Eduardo Rios Gonçalves – crime material (provocação do sofrimento físico ou mental)
	OBS.: se o resultado ocorrer (obtenção da informação/declaração / confissão) → PROVA OBTIDA POR MEIO ILÍCITO (art. 5º, LVI, CRFB)
TORTURA-CRIME
OBS.: Tortura-meio
Art. 1º. Constitui crime de tortura
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
[...]
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
OBS1.: [...] natureza
criminosa
E se for contravenção penal? 
Responderá por mero CONSTRANGIMENTO ILEGAL, art. 146, CP.
TORTURA-CRIME
Vítima da tortura que pratica a conduta criminosa
AUTOR da tortura responderá:
TORTURA-CRIME + CRIME QUE A VÍTIMA FOI CONSTRANGIDA A PRATICAR
Autor mediato – ART. 22, CP.
Art. 22, CP – Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor a coação ou da ordem.
TORTURA-CRIME
Exemplo: JÚLIO, constrange MARCUS, mediante grave ameaça, a matar NELSON, o que efetivamente é realizado por MARCUS.
Nesta hipótese, JÚLIO responderá pela TORTURA-CRIME (art. 1º, I, “b”, Lei 9.455/97) contra MARCUS, em concurso com o crime de HOMICÍDIO (art. 121, caput, CP), contra NELSON, na qualidade de autor mediato. 
MARCUS nada responderá pois agiu sob coação moral irresistível, EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE, na modalidade de INEXIBILIDADE DO CONDUTA DIVERSA.
Posicionamento diverso: FERNANDO CAPEZ defende a aplicação do princípio da CONSUNÇÃO.
TORTURA-CRIME
Classificação doutrinária;
Comum;
Formal;
Doloso;
Comissivo;
De dano;
Instantâneo;
Monossubjetivo;
Plurissubsistente;
Admite tentativa.
Lembrete:
Tortura-Prova e Tortura-Crime→ Delitos de INTENÇÃO ou de TENDÊNCIA INTERNA TRANSCENDENTE
TORTURA-DISCRIMINATÓRIA
OBS.: Tortura racismo / tortura preconceituosa.
Art. 1º. Constitui crime de tortura
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
[...]
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
OBS.: EQUIVOCO DO LEGISLADOR?
→ Não há descrição, no tipo penal, da conduta sob a qual a vítima ficaria constrangida a realizar;
→ Verbo constranger usado no sentido de humilhar, embaraçar? 
TORTURA-DISCRIMINATÓRIA
MOTIVO DA TORTURA
RACIAL (conjunto de indivíduos da mesma origem étnica) OU RELIGIOSA( grupamento de pessoas que segurem a mesma religião)
DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, FILOSÓFICA, POLÍTICA, IDEOLÓGICA, não configuram a TORTURA DISCRIMINATÓRIA.
TORTURA-DISCRIMINATÓRIA
Classificação doutrinária;
Comum;
Formal / Material;
Doloso;
Comissivo;
Monossubjetivo;
Plurissubsistente;
De dano;
Instantâneo;
Admite tentativa.
TORTURA-CASTIGO
OBS.: Tortura-pena/ tortura-punitiva.
Art. 1º. Constitui crime de tortura
[...]
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo:
TORTURA-CASTIGO
Classificação doutrinária;
Crime próprio:
Sujeito ativo: quem tem a guarda (vigilância), poder (força típica de autoridade pub) ou autoridade (força advinda da relação de mando, inclusive da esfera cível, como tutor, curador , pais);
Sujeito passivo: pessoa sobre quem recai a guarda, poder ou autoridade.
Crime material ( resultado é intenso sofrimento); doloso; de
dano; comissivo; monossubjetivo; plurissubsistente;
instantâneo e eventualmente permanente.
TORTURA-CASTIGO
INTENSO SOFRIMENTO FISICO OU MENTAL?
- Diferente dos outros tipos penais previstos na Lei de Tortura, o tipo em comento exige intenso sofrimento físico ou mental, não se caracterizando como qualquer violência ou ameaça. Assim, há de ser causado um sofrimento profundo, atroz, desnecessário e cruel na vítima, ainda que não se trate de dor física;
Dor profunda na vítima.
INTENSO SOFRIMENTO → Lesão leve, grave ou gravíssima?
TORTURA-CASTIGO
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos; se resulta morte, a reclusão é de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos.
Lesão Grave → Art. 129, § 1º, CP
Lesão Gravíssima → Art. 129, §2º, CP
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
[...]
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos
TORTURA-CASTIGO
INTENSO SOFRIMENTO FISICO OU MENTAL?
LESÃO LEVE
INTENSO: ELEMENTO NORMATIVO DO TIVO
MAUS-TRATOS X TORTURA-CASTIGO
TORTURA-CASTIGO
MAUS-TRATOS
Art. 136, CP - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
TORTURA-CASTIGO
Art. 1º. Constitui crime de tortura
[...]
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo:
TORTURA-CASTIGO
MAUS-TRATOS
 Dolo de exposição à perigo;
TORTURA-CASTIGO
Dolo de dano;
Na tortura-castigo não se trata de submeter alguém a uma situação de mero maltrato, mas, sim, ir além disso, atingindo uma forma de ferir com prazer ou outro sentimento reles para o contexto. O dolo é de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo e impor à vítima a intenso sofrimento pessoal.
TORTURA DO ENCARCERADO
Art. 1º. Constitui crime de tortura
[...]
§1º Na mesma pena incorre quem submeter (sujeitar, dobrar a resistência) pessoa presa ou sujeita a medida de segurança ( hospital de custódia e tratamento) a sofrimento físico ou mental por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
art 5º, XLIX, CF – direito dos presos.
Prisão ilegal; concurso com o crime do art 4º, a, L4898/65
Art. 45, Lei 7.210/84. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado.
§ 2º É vedado o emprego de cela escura.
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.
Art 52 da LEP- inserir o preso em RDD s/ ordem judicial
TORTURA OMISSIVA / TORTURA IMPRÓPRIA
Art. 1º. Constitui crime de tortura
[...]
§2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
TORTURA OMISSIVA / TORTURA IMPRÓPRIA
Dever de evitá-las: instituiu figura privilegiada de garantidor (art.
12, §3º, CP)
Art. 13, §2º, CP - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
TORTURA OMISSIVA / TORTURA IMPRÓPRIA
Dever de apurá-las: especialização do crime de prevaricação ou condescendência criminosa;
Prevaricação
Art. 319, CP - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Condescendência criminosa
Art. 320, CP - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
TORTURA OMISSIVA / TORTURA IMPRÓPRIA
Dever de apurá-las:
Art. 66, Dec. Lei 3.688/41. Deixar de
comunicar à autoridade competente: 
I – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública, desde que a ação penal não dependa de representação; 
II – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal: 
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. 
TORTURA QUALIFICADA
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos; se resulta morte, a reclusão é de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos.
Remissão: 
Lesão grave – art. 129, §1º, CP
Lesão Gravíssima – art. 129, §2º, CP
TORTURA QUALIFICADA
Art. 129, CP. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
TORTURA QUALIFICADA
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos; se resulta morte, a reclusão é de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos.
OBS.: crime preterdoloso → resultado a título de culpa.
OBS2.: Homicídio qualificado pela tortura (art. 121, §2º, III, CP)
 X
 Tortura qualificada pela morte (1º, §3º, Lei 9.455/97)
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
§4º Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3:
I – se o crime é cometido por agente público;
OBS.: conceito de “agente público” será o previsto no art. 5º, Lei 4.898/65 ou art. 327, CP.
Art. 5º, Lei 4.898/65 – Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
 OU
Art. 327, CP – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
§4º Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3:
I – se o crime é cometido por agente público;
OBS2.: CONFLITO APARENTE COM A LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 4.898/65);
Art. 3º, Lei 4.898/65. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
[...]
à incolumidade física do indivíduo;
OBS3.: causa de aumento não incide no §1º (TORTURA DO ENCARCERADO) e do §2º (TORTURA IMPRÓPRIA)
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
§4º Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3:
[...]
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
OBS1.: criança <12 anos; adolescente ≥ 12 e <18 anos; 
Art. 2º, Lei 8.069/90 (ECA) – Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
§4º Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3:
[...]
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
OBS2.: maior de 60 anos? Amplamente majoritário que ≥ 60 anos (Lei 10.741/03)
OBS3.: não incide a agravante genérica do art. 61, II, “h”, do CP.
Art. 61, CP - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
§4º Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3:
[...]
III – se o crime é cometido mediante seqüestro;
OBS1.: Não incide o art. 148, CP (seqüestro) 
Art. 148, CP - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
EFEITO AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO
§5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
OBS1.: Trata-se de efeito automático da condenação, prescindindo-se de declaração e motivação expressa na sentença.
STJ, HC 47846/MG, Rel. Min. Og Fernandes, 6ª Turma, 11.12.09
Remissão: ≠ 92, I, CP
Art. 92, CP - São também efeitos da condenação:
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
TORTURA COMO CRIME EQUIPARADO A HEDIONDO
§6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado
Art. 5º, XLIII, CRFB – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL
2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Trata-se de hipótese de EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA.
Princípio da personalidade passiva ou da defesa;
Princípio da Justiça Universal
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL
Art. 7º, CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL

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