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Introdução ➤ FA caracteriza-se por ativação atrial desorganizada, rápida e irregular com perda de contração atrial e frequência ventricular irregular determinada pela condução nodal atrioventricular (AV). ➤ Fatores de risco para FA: hipertensão arterial, diabetes, cardiopatia, obesidade, apneia do sono, idade e doença cardíaca subjacente. ➤ Consequências clínicas da FA: freq. Ventriculares altas, perda da contribuição atrial ao enchimento ventricular e predisposição à formação de trombos no apêndice atrial esquerdo com potencial embolização. Exames complementares ➤ ECG: Complexo QRS espaçados de forma irregular (intervalos aleatórios); ausência de onda p. ➤ Radiografia de tórax: avalia se há edema pulmonar, infecção pulmonar associada e outros achados; ➤ Hemograma: avalia a presença de anemia e infecção que são potenciais fatores precipitantes; ➤ Troponinas: pacientes podem ter associação de isquemia miocárdica, de modo que é importante verificar a sua presença, principalmente se os pacientes tiverem sintomas de insuficiência coronariana (IC). ➤ Dosagem de sódio e potássio é obrigatória! ➤ Função renal: pacientes com clearance de creatinina < 30mL/minuto têm contraindicação ao uso de dabigatrana e edoxabana e se < 25 mL/minuto é contraindicado o uso de rivaroxabana. ➤ Coagulograma: necessário se indicada anticoagulação; Diagnóstico diferencial ➤ O principal diagnóstico diferencial é com outras taquiarritmias supraventriculares e, eventualmente, ventriculares se ocorrer condução aberrante; ➤ Flutter atrial: mecanismos semelhantes aos da FA, cursa com: → Ondas F (de flutter atrial) de aspecto serrilhado → Condução AV 2:1 ou maior ou, em alguns casos, variável; → Frequência atrial: 250 a 350 bpm; → Via de regra, RR constante (exceto nos casos de condução atrioventricular variável) ➤ Taquicardias paroxísticas supraventriculares: → QRS estreito; → Ausência de onda P precedendo o QRS; ➤ Taquicardia atrial: → Ondas P ectópicas (não sinusais) precedendo cada QRS; → QRS estreito; Fibrilação Atrial Cardiologia → Frequência atrial: 150 a 250bpm; ➤ Taquicardia atrial multifocal: → Associada principalmente com doenças pulmonares; → Taquicardia com ritmo regular; → Ondas P com morfologias diferentes; ➤ Taquicardia juncional: → QRS estreito ou com a mesma morfologia; → Intervalo RR constante; → Ondas P dissociadas ou após o QRS (retrógrada). Tratamento ➤ Depende dos sintomas, efeito hemodinâmico, duração da FA e rico de AVC, além da cardiopatia subjacente. → FA de início recente que cause hipotensão grave, edema de pulmão ou angina deve ser tratada com cardioversão elétrica, inicialmente com choque de 200J sincrônico com o QRS idealmente com sedação ou anestesia. → Se o paciente estiver estável, o tratamento imediato envolve controle da frequência para aliviar ou prevenir sintomas e considerações a respeito da indicação de anticoagulantes para reduzir o risco de AVC. Cardioversão e anticoagulação ➤ A cardioversão nas primeiras 48 horas do início da FA é uma prática comum em pacientes não anticoagulados, desde que não estejam sob risco elevado de AVC em razão de história prévia de episódios embólicos, estenose mitral reumática ou miocardiopatia hipertrófica com aumento acentuado do AE. ➤ Se a duração da FA for superior a 48 horas ou não for conhecida, já maior preocupação com a possibilidade de tromboembolismo, mesmo nos pacientes com baixo risco. → Manter anticoagulação contínua por 3 semanas antes e 4 semanas depois da cardioversão; ou → Iniciar anticoagulação e realizar um ETE para determinar se há trombo presente no apêndice atrial esquerdo. Se houver ausência de trombo, a cardioversão pode ser realizada e anticoagulação continuada por um mínimo de 4 semanas para permitir a recuperação da função mecânica atrial; ➤ A decisão da manutenção prolongada da anticoagulação pode ser avaliada pelo escore CHA2DS2-VASc → Um escore CHA2DS2-VASc maior ou igual a 2 em homens ou maior ou igual a 3 em mulheres indica anticoagulação por pelo menos 4 semanas após a cardioversão. → CHA2DS2-VASc de 0: anticoagular com heparina (durante a conversão), sem necessidade de anticoagulação subsequente. → CHA2DS2-VASc de 1: usar o julgamento clínico e considerar um antiagregante (aspirina). ➤ Principais opções para anticoagulação: inibidor da antitrombina dabigatrama, inibidores do fator Xa rivaroxabana, apixabana e edoxabana e o antagonista da vitamina K varfarina. Controle da Frequência ➤ Pode ser obtido com beta-bloqueadores e/ou com bloqueadores dos canais de cálcio verapamil e diltiazém, administrados VO ou IV (FE> ou = 40%); → Esmolol: dose de ataque (opcional): 0,5 mg/kg em 1 minuto. Dose de manutenção: 50 μg/kg/min até um máximo de 200 μg/kg/min. A meia- vida média em adultos é de 9 minutos. → Metoprolol: dose de ataque: 2,5 a 10 mg EV em bolus, repetir conforme necessidade. Dose oral é de 100 a 200 mg ao dia. → Verapamil: bolus EV 0,075-0,15 mg/kg (por volta de 5 a 10 mg) em 2 minutos e dose de manutenção de 5mg/h. → Diltiazem: bolus EV 0,25 mg/kg em 2 minutos e dose de manutenção de 5-15 mg/hora. Dose oral de manutenção de 120 a 360 mg ao dia. ➤ Em pacientes com FE < 40%, a droga inicial recomendada é usualmente a amiodarona, embora exista o risco de conversão para o ritmo sinusal (risco pequeno), sendo outra opção a digoxina, que pode ser adicionada se controle de FC inadequado com a amiodarona ➤ Digoxina pode ser adicionada, particularmente em pacientes com IC, uma vez que efeitos inotrópicos negativos dos beta-bloqs e BCC’s limitam seu uso; ➤ Controle crônico da frequência (para pacientes cronicamente com FA): Bloqueadores beta- adrenérgicos e BCC’s são frequentemente usados em combinação. Digoxina é adicionada seletivamente quando estes não são suficientes. A meta é manter uma FC <80bpm em repouso; Indicações de internação ➤ Episódio de FA instável ou muito sintomático. ➤ Bradicardia grave após cardioversão. ➤ Indicação de internação para tratamento de gatilho para FA como hipertensão grave, isquemia, TEP e DPOC. ➤ Insuficiência cardíaca descompensada. REFERÊNCIAS: JAMESON, J. L.; et al. Medicina Interna de Harrison. 20ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2020; VELASCO, I. T. et al. Medicina de Emergência: Abordagem Prática. 14. ed. Barueri: Manole, 2020.
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