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BRUCELOSE BOVINA: Doença de Bang, aborto contagioso/infeccioso, febre ondulante, etc. Doença infectocontagiosa provocada por bactérias do gênero Brucella, que produz infecção característica nos animais. Zoonose de distribuição universal que acarreta problemas sanitários importantes e prejuízos econômicos vultosos. IMPORTÂNCIA: Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal – PNCEBT A brucelose é uma zoonose. A doença é provocada no Homem por quatro das sete espécies da bactéria: Brucella melitensis, Brucella abortus, Brucella suis e Brucella canis. Apesar da implementação de programas que visam o controle e a erradicação da enfermidade, ela é endêmica em muitos países, principalmente aqueles em desenvolvimento, resultando em prejuízos econômicos significativos aos sistemas de produção e sérias implicações em saúde animal e pública, visto seu caráter zoonótico. Perdas diretas: Aborto, Baixo índice reprodutivo, Aumento do intervalo entre partos, Diminuição da produção de leite (25%), Morte de bezerros (15%), Interrupção de linhagem genética. Nos animais, a brucelose é uma infecção crônica que persiste por toda a vida. TRANSMISSÃO: Pode ser transmitida pelo contato direto ou indireto com animais infectados e anexos fetais e, ainda, veiculada ao homem pela ingestão de produtos de origem animal contaminados, principalmente leite e seus derivados que não passaram por processamento térmico. Pode ser veiculada também por meio de carnes cruas e pela própria manipulação de carcaças e vísceras durante o abate sanitário. ** A ingestão de carne é uma origem de infecção pouco habitual, visto o número de bactérias no músculo ser baixo e raramente ser consumida carne crua. A brucela é destruída em 15 segundos à temperatura de 72º C e em três minutos a 62-63º C (pasteurização). Os programas de controle e erradicação de uma enfermidade são estruturados principalmente na interrupção da cadeia de transmissão do agente através da eliminação de indivíduos infectados e no aumento do número de indivíduos resistentes na população, sendo a vacinação uma forte estratégia de controle. Etiologia As bactérias pertencem ao gênero Brucella, são pequenos cocobacilos gram-negativos não capsulados, imóveis e formadores de esporos, parasitas intracelulares facultativos. Apresentam morfologia de colônia do tipo lisa ou rugosa. Principais espécies: Brucella abortus (bovinos e bubalinos), brucella melitensis (caprinos e ovinos), brucella suis (suínos), brucella ovis (ovinos), brucella canis (cão) EPIDEMIOLOGIA: Não se multiplicam no ambiente, sensível a pasteurização, radiações ionizantes Vias de eliminação: Fluídos e anexos fetais (eliminados no parto/abortamento e puerpério (30d) • Leite, Sêmen Principal fonte de infecção: vaca prenhe (elimina o agente) – contamina pastagens, água, alimentos e fômites. Porta de entrada • Trato digestivo – água/alimentos contaminados – lamber crias recém-nascidas • Mucosas das narinas – cheirar fetos abortados • Mucosa ocular • Coito (touro infectado) – pouco importante para bovinos/bubalinos – não utilizar sêmen para IA Infecção de fêmeas nascidas de vacas brucélicas • no útero • durante ou logo após o parto – abortam na 1ª gestação – positivos em testes sorológicos só no decorrer da gestação Período de incubação: Semanas-anos • Inversamente proporcional ao tempo de gestação – Quanto mais adiantada a gestação, menor o PI Patogenia Os mecanismos de patogênese da Brucella devem-se, sobretudo, à sua capacidade de sobrevivência no meio intracelular, tendo o LPL-S um papel fundamental. É uma doença sistêmica. A sua apresentação e duração do quadro clínico permite caracterizá-la em formas aguda, crônica e localizada. Organismos virulentos de Brucella podem infectar células fagocitárias ou não fagocitárias, por mecanismos ainda não completamente caracterizados. No interior das células não fagocitárias, as brucelas tendem a localizar-se no retículo endoplasmático rugoso. Nos polimorfonucleares ou células mononucleares, estes microrganismos usam um grande número de mecanismos para evitar ou suprimir a resposta bactericida. O LPS-S tem papel fundamental na sobrevivência intracelular. O LPS-S tem baixa toxicidade para os macrófagos, baixa pirogenicidade e baixa atividade ferropénica. É também indutor do interferon e do fator de necrose tumoral, mas, paradoxalmente, é um indutor da IL12 e dos linfócitos Th1. A eliminação das estirpes virulentas de Brucella depende de macrófagos ativados, requer o desenvolvimento de respostas de imunidade celular tipo Th1 a antigénios proteicos. Um importante fator determinante da virulência é a produção de adenina e guanina monofosfato, que inibem a fusão dos fagolisossomas, a desgranulação e ativação do sistema de Zn-Cu-superóxido dismutase e a produção de fator de necrose tumoral. Entrada da brucella sp no organismo » multiplicação > fagocitose (mO) » linfonodos regionais » (pode ser destruída, localizada ou disseminar) » disseminar: linfonodos, baço, fígado, aparelho reprodutor, úbere, articulações. SINAIS CLÍNICOS Nos bovinos, esta enfermidade caracteriza-se, principalmente pela ocorrência de abortos no terço final da gestação. Também ocorrem natimortos, nascimento de bezerros fracos. Após um período de incubação de 2-3 semanas, a fase aguda é de evolução insidiosa, caracterizando-se pela tríade sintomática de febre, sudação profusa e dor. A febre alta (superior a 38ºC) pode apresentar-se de forma remitente, intermitente, irregular ou ondulante (esta menos frequente, desde o uso de antibióticos); todavia, apresenta, caracteristicamente, acentuação vespertina, prolongando-se durante a noite, com períodos de remissão matinal. A sudorese é profusa, predominantemente noturna, com cheiro ativo e desagradável. A localização das bactérias nos órgãos reprodutores é responsável pelas manifestações principais: esterilidade e aborto. As brucelas encontram-se em grande número no leite, urina e produtos abortivos de animais infectados. Em machos: orquite uni/bilateral, transitória ou permanente, aumento ou diminuição do volume dos testículos amolecidos e com pus, lesões articulares DIAGNÓSTICO: Obervação dos sinais clínicos: aborto, repetição de cio Métodos diretos: identificação do agente – isolamento e identificação (material de aborto e secreções) – imunohistoquímica (material de aborto fixado com formol) – PCR Métodos indiretos OFICIAIS (PNCEBT) – Fêmeas • idade = ou maior que 24 meses > vacinadas com B19 • idade = ou maior que 8 meses > vacinadas com a RB51 ou não vacinadas – Machos • idade = ou superior a 8 meses, destinados à reprodução ** fêmeas submetidas a testes sorológicos de diagnóstico de brucelose no intervalo de quinze dias antes até quinze dias depois do parto ou aborto cujos resultados sejam negativos, deverão ser retestadas entre 30 a 60 dias após o parto ou aborto. • Triagem Antígeno acidificado tamponado (aat) - presença ou ausência de IgG1 - + > até 30 dias confirmatório - confirmatório: 2-ME Anel em leite (TAL) - presença de ac Fixação de complemento (FC) - confirmatório - IgG1 e IgM - Realizado pelo LANAGRO 2-MERCAPTOETANOL (2-ME) - quantitativo/IgG - prova lenta em tubos (48h) -– em paralelo ao 2-MB CONTROLE: Vacinação massal de fêmeas, diagnóstico e sacrifício dos +, monitoramento constante, controle de trânsito de animais para reprodução, desinfecção de piquetes de parição Vacinação (Recomendadas pela OIE) • Vacinas vivas atenuadas - B19 (viva liofilizada) – obrigatória: bezerras entre 3-8 meses - marcar fêmeas vacinadas com algarismo final do ano de vacinação - RB51 -- amostra de brucella abortus rugosa atenuada » bloqueia a formação de ac anti-LPS liso » não interfere no diagnóstico sorológico - fêmeasa partir de 3 meses » não vacinadas com B19 ----------- marcação das fêmeas vacinadas (Vacinação RB51(marcação será somente com a letra "V"). Não existindo tratamento eficiente, é indicado o afastamento dos positivos do rebanho e da criação, tais animais devem ser identificados com marcando a fogo aqueles comprovadamente doentes.
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