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CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO AULA 3 Profª Elaine Cristina Hobmeir CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo(a) à nossa aula. Podemos afirmar que a criatividade começa a ganhar destaque, na visão estratégica da empresa a partir do momento em que o mercado se torna altamente competitivo. Nesta ocasião, o cliente deixa de ser um mero figurante no estudo das formas de vencer essa situação competitiva e passa a ocupar o papel de protagonista na elaboração das formas de desenvolvimento dos negócios. Se Henry Ford vivesse nos tempos atuais, jamais teria dito uma frase que se tornou famosa: “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto”. Se esta é uma lenda urbana que se perde no tempo, ainda está presente na mente de todos outra realidade, mais atual, na qual Steve Jobs ganha o laurel de um dos maiores empreendedores, exatamente por produzir celulares coloridos, musicais, bem como os clientes gostam, independentemente do fato que muitos de seus projetistas consideravam tais ideias como verdadeiros absurdos. A vivência da empresa em tempo de redes sociais – ativas e que efetivam o poder da multidão – como uma realidade inquestionável de sua força, amplifica em muito esse papel de destaque: é uma condição que faz com que a empresa ande na linha para não perder a marca, algo que certamente exigiu muito trabalho para conseguir, a menos em casos fortuitos nos quais o acaso superou o planejamento. Agregar valor passou a ser uma das palavras-chave dos projetistas que procuram desenvolver o produto certo, para o mercado certo, para o cliente certo e na hora certa. Inicialmente o ditado preferido era: nada se cria, tudo se copia melhorando o original. As empresas enxergaram que este ditado tem que ser mudado: não tente fazer melhor que o concorrente, faça diferente dele. É o que preconiza a teoria do oceano azul (Kim; Mauborgne, 2017). Uma proposta com tais características traz consigo uma exigência: a criatividade e a coragem para investir em um mercado no qual a incerteza é a principal característica e os riscos a serem enfrentados deixam os stakeholders com as barbas de molho, olhando de soslaio a cada variação do mercado financeiro. Se a criatividade é inerente ao ser humano, o mesmo não ocorre com 3 a inovação, que é tida como fruto da observação e que surge como consequência da curiosidade. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Os estudos sobre a criatividade iniciam em um primeiro questionamento. Se ela é inerente ao ser humano, quais motivos fazem com que as pessoas não a desenvolvam naturalmente em sua caminhada? A razão está em uma vivência na qual as pessoas estão sujeitas a condicionantes sociais que impõe a cultura do super-homem, aquele que não comete erros. Desta forma, são criados ambientes sociais, educacionais e profissionais, que são coercitivos e manietam a criatividade humana. Ao bloquear a perspectiva didática e pedagógica de aprender pelo erro como um caminho para desenvolvimento da aquisição de um senso crítico – que pode ser obtido pelo aprender fazendo e sem medo de errar –, o medo substitui a criatividade e a inovação se esconde em escaninhos obscuros. As pessoas entram em um panorama de alienação, onde tudo é feito na perspectiva de seguir a maré. Consideremos o seguinte ponto de vista: você finge que não enxerga meus erros e eu finjo que não enxergo os seus erros, enquanto as vendas e gastos com consultorias externas fazem despencar a lucratividade e as vendas das empresas. Ao adaptar essas considerações a um viés administrativo, constatamos que olhar para a alienação presente no mercado de trabalho brasileiro não mais representa um desvio para uma esquerda falida. A situação atual passa a preocupar aqueles mesmos que a levaram a acontecer, quando colocaram a produtividade como o ícone máximo, não importando por quais meios ela fosse conseguida. A ética resolve sair temporariamente (ausência muito sentida) do mercado de trabalho e tudo parece ficar ao Deus dará. É um contexto que pode ser comprovado por qualquer observador mais atento à realidade do mercado atual. Para uma correta regulação deste mercado é preciso que o cliente seja ouvido e que as pessoas recuperem a sua capacidade criativa. Vamos tentar? 4 TEMA 1 – FERRAMENTAS DE ESTÍMULO À CRIATIVIDADE PARA A INOVAÇÃO 1.1 Propósito primário É muito comum que no mercado editorial sejam encontradas diversas obras em uma linha de autoajuda, referentes ao tema criatividade. Elas podem até produzir alguns bons resultados, mas não se sustentam como ferramenta de apoio para quem realmente deve criar, envolvido com uma série de problemas que exigem elevado nível de criatividade para serem compreendidos. Ao garimpar dados para que seja possível elaborar um guia de orientação voltado para o administrador, não importa em que nível profissional de sua carreira ele se encontre, o mais acertado é buscar o apoio em diferentes argumentos de autoridade. Eles poderão permitir a formação de um referencial teórico de alta credibilidade e, ainda, que tragam algumas recomendações que funcionam de forma diferenciada em relação a diferentes contextos em que são observadas, podem ser utilizados de forma genérica. É possível considerar que com pequena margem de erro, o guia de orientação poderá ser referenciado independentemente do contexto no qual foi observado. É algo similar à montagem de um glossário de comportamentos armazenados como raciocínio baseado em casos (RBC) e que representam melhores práticas. Tais recomendações podem compor um decálogo a ser seguido por todos os que desejam estimular a criatividade para a inovação. Este é o propósito primário a ser tratado neste tema. 1.2 Em busca de um decálogo da criatividade Um primeiro mito precisa ser quebrado. Para aquele que considera a criatividade uma capacidade inerente à natureza humana, é fácil fazer com que ela floresça. Este é o maior e o primeiro mito que cerca a criatividade, mas não o único. Ele é assim colocado nos manuais de autoajuda com relação ao tema e aos quais assinalamos uma crítica no início de nossas reflexões. 5 Desta forma, vamos considerar assinalado o primeiro mandamento: o florescimento da criatividade nas empresas modernas, submetidas a um mercado altamente competitivo, deverá ser objeto de um processo de gestão. Assim teremos escrito na taboa da esquerda: I - O processo de criatividade implantado na empresa será objeto de um processo de gestão. Um segundo mandamento pode ser colocado como consequência imediata. Se haverá um processo de gestão, quem deverá desenvolver este procedimento? O segundo mandamento responde a essa pergunta quando coloca: II - A equipe de gestão de criatividade deve ser multidisciplinar e preferencialmente formada por pessoal com viés psicológico, haja vista a empatia ser colocada como uma das principais competências de tal pessoa; um componente com conhecimento de melhores práticas administrativas, haja vista a necessidade de conhecimento de uma análise mercadológica; de pessoas com conhecimento tecnológico para evitar que a falta de alfabetização tecnológica venha a nublar o horizonte azul, esperado como resultado do trabalho dessa equipe. Ainda que a criatividade seja um bem que pode ser considerado intangível, ela precisa ser mensurada. Isso nos traz o terceiro mandamento: III – Aplicarás técnicas de avaliação, ainda que baseadas em análise heurística, tida como a arte de descobrir e inventar. Escapamos dos prolegômenos do que ainda não é uma ciência, mas pode ser que no décimo mandamento já existam pessoas querendo considerá-la como tal. O próximo mandamento já foi estabelecido em duas diferentes ocasiões e pode ser assim escrito: IV – não utilizarás manuais de autoajuda para incentivar a criatividade; eles não dão o suporte teóriconecessário e têm suas justificativas no achismo. O quinto mandamento está apoiado na recomendação que as pessoas não se enxerguem vivendo no passado. Lá fora há uma geração digital, totalmente diferente de tudo o que foi vivenciado até agora pelas gerações que nos antecederam. Isso permite assinalar o quinto mandamento: V – Deverás olhar para o mercado à sua volta e ouvir a nova geração digital. Escute o que ala tem a dizer, sobre o que você está querendo fazer. Você poderá comprovar que a criatividade, quando incentivada é uma arma quente e que pode ser utilizada em seu favor. 6 O sexto mandamento pode ser encontrado em Ferreira (2014), quando a autora estuda como estimular a criatividade da inovação nas empresas. Ela mostra que a motivação é algo fundamental e que na sua ausência, as coisas (em geral) ficam difíceis de serem atingidas. Este mandamento poderia então ser escrito assim: VI – A motivação deve ser o clima organizacional presente para que a criatividade possa florescer. Dos estudos de Oliveira (2010) sobre os fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo, um importante mandamento pode ser captado. Não é preciso montar a mesa de jantar na sala de reuniões, nem convidar as crianças para brincar no playground da empresa. Basta inserir experiências familiares no relacionamento com a empresa; elas podem atuar como potentes auxiliares. Dessa forma, estamos prontos para escrever o sétimo mandamento: VII – Incluirás sentimentos familiares no clima organizacional da empresa. Da introdução de nosso estudo podemos tirar o oitavo mandamento. Ele recomenda o caminho do meio entre a implantação da cultura do super-homem e da cultura do fracasso. O mandamento poderá então ser escrito como segue: VIII – Estabelecerás na empresa uma cultura voltada para o sucesso, para o compartilhamento de tudo com todos e entre todos. Tal e qual na organização aprendente, imaginada por Senge (2013), e que se está tentando implantar há algumas décadas, ainda sem sucesso. Estamos chegando perto do fim e devemos aprimorar a busca de nossos referenciais, para o que iremos citar Osterwald; Pigneur (2017) quando os autores, ao discutir sua proposta BMG, consideram ser a criatividade uma proposta sinérgica para a inovação. Quando um elemento da equipe consegue algum ponto positivo no que tange à efetivação da criatividade da inovação, ele contagia a todos os membros. Assim, a importância desse fator pode ser transformada em um mandamento escrito dessa forma: IX – Divulgue resultados positivos de cada elemento da equipe e faça todos participarem dos louros da vitória. Chaves (2015) traz força para o décimo mandamento: X – Faça seus colaboradores visualizarem claramente o impacto do seu trabalho para a sociedade subjacente. O autor considera que isto pode trazer uma fonte de energia inigualável para o surgimento e crescimento da criatividade da inovação. 7 Leitura obrigatória Saiba o que um dos colunistas da Scielo pensa sobre a criatividade e inovação como novas competências para o século XXI. O conteúdo pode ser acessado pelo link <http://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/12/07/serao-a- criatividade-e-inovacao-as-novas-competencias-para-o-seculo-xxi/>. Além disso, há um vídeo bem interessante sobre o tema, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MqxXkO3mttE>. Por fim, se desejar conhecer mais sobre as inovações tecnológicas, acesse o canal <https://www.youtube.com/user/tvsimi>. TEMA 2 – O MÉTODO DOS SEIS CHAPÉUS Se você já participou de reuniões com técnicos de diferentes setores, logo vai aprender sobre um método simples criado por Edward de Bono. Para sua ausência de surpresa (devido a termos alertado sobre isso no tratamento do tema), os 10 mandamentos da criatividade foram escritos por um psicólogo. A definição simples, que pode ser encontrada no site criado pelo autor e em livros de sucesso sobre o assunto (Bono, 2008), nos diz que ela é uma técnica considerada muito útil para a montagem e desenvolvimento de reuniões para tratamento da solução de problemas. Com a sua utilização, as reuniões são mais rápidas, objetivas, colaborativas e produtivas, evitando (pelo menos em teoria) discussões desnecessárias. Quando essas reuniões estão voltadas para problemas relativos à diminuição de vendas, com a consequente perda de receitas e do ponto de equilíbrio necessário para manter a sustentabilidade da empresa, elas podem ser diminuídas, mas não necessariamente evitadas. Em reuniões tradicionais, a proposta é que os participantes cheguem a um consenso na tomada de decisões, frente a um posicionamento confrontador de outro participante. Eles lutam entre si e procuram invalidar argumentos contrários, obtendo apoio dos demais participantes. A proposta dos seis chapéus (também chamada técnica dos seis chapéus pensantes) utiliza uma abordagem mais suavizada, evitando que mesas sejam viradas ou cadeiras sejam quebradas. Segundo Bono (2008), a técnica toma o problema a ser solucionado e o divide em seis diferentes aspectos (chapéus) e todos os participantes passam a 8 pensar sobre o problema em foco, de forma simultânea, a partir do mesmo estilo de pensamento ou ponto de vista. O problema é direcionar o pensamento do grupo e não desenvolver nenhuma classificação sobre este pensamento ou sobre o pensador. 2.1 A técnica Agora que sabemos o que é a técnica, que ainda pode apresentar alguma complexidade, a explicação a respeito dela pode elucidar as dúvidas iniciais e dar aos participantes o conhecimento de uma técnica simplificada. Ela tem sido muito utilizada enquanto aguarda a chegada de sua terceira década de vida, com direito a todas as luzes e miçangas que possam tê-la modificado da forma como ela foi originalmente proposta. Grando (2011) traz uma postagem que nos interessa referenciar e apresentar aos alunos. Não foi detalhado anteriormente que os seis chapéus eram de seis diferentes cores. Veja a seguir, na Tabela 1, uma visão dos mesmos, com aqueles chapéus tradicionais, muito utilizado em antigos filmes de Hollywood. Mas, então, o que é importante fazer na aplicação do método? Confira a resposta na lista seguinte, de acordo com Grando (2011): Utilizar a experiência e a inteligência dos participantes. Todos os chapéus devem ser utilizados. Há um facilitador (algumas vezes divertido, para promover a aplicação do método) que determina o tempo razoável para o uso de cada chapéu, sendo que ele inicia a reunião com o chapéu azul e solicita que todos os outros utilizem um de determinada cor por alguns minutos, menos o chapéu vermelho, que é utilizado por poucos segundos pelo grupo. Há uma sequência de cores a seguir; ela é determinada pelo facilitador, que está na dependência do assunto. Após tomadas essas iniciativas, a reunião tem continuidade e Grando (2011) descreve o método, explicando que, normalmente o facilitador, usa o chapéu azul (de controle) e abre a discussão solicitando que todos utilizem o chapéu branco (de informação). Isso faz com que toda a equipe compartilhe as 9 informações objetivas existentes, que incluem fatos e números, obtendo assim uma visão comum do tema em questão. Feito isso, o facilitador escolhe o próximo chapéu, por exemplo, o vermelho, para que os participantes possam expressar seus sentimentos sobre a questão. O chapéu verde pode então ser usado para gerar ideias criativas, para a resolução do problema em questão. A seguir, o chapéu amarelo, para mostrar as vantagens e os benefícios. Na sequência, o chapéu preto é usado para obter foco nas fragilidades, riscos e aspectos negativos do que foi proposto; assim como o chapéu branco é usado para identificar os aspectos positivos e benefícios. O chapéu verde pode voltar a ser usado para gerar sugestões de soluções que resolvam pontos relevantes levantadospelo chapéu preto. Se necessário, o chapéu vermelho pode ser usado novamente, e assim por diante. Para encerrar, o facilitador, que está com o chapéu azul, promove a conclusão considerando as decisões tomadas pelo grupo e demais informações importantes. É possível observar que a técnica é simples e que todos se concentram juntamente em um único estilo de pensar sobre o tema. Os mais experientes na técnica orientam os iniciantes para que eles percebam que o fato de concentrar todos os pensamentos em um único estilo de pensar sobre o tema, torna os membros da equipe mais colaborativos e sintonizados. Compreendida a técnica, é preciso entender a tabela de cores que foram relacionadas no texto de Grando (2011) para saber quais são os estilos (cores. 10 Tabela 1 – Técnica dos seis chapéus Chapéu e Foco Descrição Branco – Informação O chapéu branco está relacionado com a informação, o conhecimento ou a necessidade e com a obtenção dos fatos e números. Usar o chapéu branco permite apresentar a informação (fatos, figuras e dados) de uma forma neutra e objetiva. Questões-chave: Que informações nós temos aqui? Quais são os fatos? Que informações necessárias estão faltando? Que informações nós gostaríamos de ter? Como podemos obter as informações? Com o chapéu branco, o foco está direcionado à informação – que está disponível, que é necessária e/ou como pode ser obtida. Opiniões, crenças e argumentos devem ser deixados de lado. Verde – Criatividade O chapéu verde está especificamente relacionado com a geração de novas ideias (brainstorming) e novas formas de ver as coisas: Pensamento criativo. Alternativas adicionais. Apresentação de possibilidades e hipóteses. Propostas interessantes. Novas abordagens. Provocações e mudanças. O tempo e o espaço disponíveis devem estar com foco no pensamento criativo. O pensamento abstrato pode ser usado sem críticas. Não é fácil usar este chapéu, pois ele vai contra hábitos, julgamento e crítica. Questões típicas incluem: Temos alguma outra ideia aqui? Temos alternativas adicionais? Podemos fazer isso de outra forma? Pode haver outra explicação? Preto – Crítico O chapéu preto está relacionado com julgamento, cuidado e avaliação. Procura identificar os riscos e o pior cenário. Este chapéu permite considerar as propostas sobre uma visão crítica e lógica. Ele é usado para refletir por que uma determinada sugestão não casa com os fatos, experiência disponível ou sistema em utilização. O uso do chapéu preto deve considerar: Custos (se a proposta será muito cara). Normas, regulamentos e aspectos legais. Materiais (se este objeto exigirá muita manutenção). Questões sobre segurança. Erros podem ser desastrosos, por isso o chapéu preto é muito útil e tem muito valor. Mas é necessário tomar cuidado para não eliminar ideias criativas com excessos e negatividade. Amarelo – Otimismo O chapéu amarelo está relacionado com otimismo e aspectos positivos das coisas. Usá-lo permite olhar benefícios, viabilidade e como algo pode ser feito. Questões-chave: Quais são os benefícios dessa opção? Qual é a proposta preferida? Quais são os elementos positivos deste design? Como podemos fazer isso funcionar? Este chapéu nos conduz à busca deliberada pelo positivo. Os benefícios nem sempre são imediatamente óbvios e precisam ser buscados. Toda ideia criativa merece a atenção desse chapéu. 11 Vermelho – Emoções O chapéu vermelho está relacionado com intuição, sentimentos, palpites e emoções. Usá-lo permite colocar os sentimentos e a intuição sem a necessidade de justificativa, explicação ou apologia. Exemplos de expressões: Meu pressentimento é que isso não vai funcionar. Não gosto da maneira como isso está sendo feito. Essa proposta é terrível. Minha intuição diz que os preços vão cair em breve. Com esse chapéu os sentimentos podem ser discutidos com naturalidade e de forma aberta, o que é de muito valor. Fonte: Grando, 2011. 2.2 Fechando o processo Grando (2011) sugere o uso do processo como uma forma pensamento visual tomado em conjunto. O facilitador pode manter a reunião sob controle com o uso do chapéu azul, promovendo diversas sessões em que todos possam participar colaborativamente, a partir de informações, fatos e números conhecidos (chapéu branco), gerando ideias (chapéu verde), identificando riscos (chapéu preto), levantando aspectos positivos (chapéu amarelo) e expressando emoções (chapéu vermelho). Leitura obrigatória Para que você tenha uma visão um pouco mais estendida sobre a aplicação da técnica relatada neste tópico, acesse o site <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4179369/mod_resource/content/1/6ch apeus.pdf>. Outro recurso bastante importante é um vídeo sobre a aplicação da técnica para fixação dos conteúdos, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ubhPZEKrSEw>. Há também uma publicação das postagens encontradas no site da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCoaching), que pode ser acessada pelo link <https://www.sbcoaching.com.br/blog/atinja-objetivos/tomada-de-decisao/> e que ajuda a compreender a importância de métodos facilitadores, tais como a técnica dos seis chapéus, trabalhada neste tópico. TEMA 3 – BRAINSTORMING (BS) https://www.sbcoaching.com.br/blog/atinja-objetivos/tomada-de-decisao/ 12 Pode parecer que este termo representa mais uma loucura dos americanos, que vez ou outra inventam coisas estranhas. Na realidade isso é verdade, mas felizmente para nós, essa técnica é utilizada de forma universal. Ela pode ajudar, e muito, a organizar coisas difíceis de surgirem e que estavam retidas a serem aplicadas, colaborando com a criação de novos conhecimentos: as ideias. Por aqui ela é denominada tempestade cerebral e pode apresentar os mesmos resultados, resultados piores ou resultados melhores. Ela está na dependência do orientador; ele tem em suas mãos a batuta que pode proporcionar maior ou menor funcionalidade ao processo. A condução de reuniões de BS, como passaremos a chamar esta técnica de busca colaborativa das ideias, que podem estar ocultas no mais fundo do cérebro das pessoas, têm um grande valor no mercado contemporâneo. Olhe à sua volta. Você tem nossa autorização para admirar-se com o que enxerga. Procure colocar-se no tempo do homem das cavernas. Aliás, não precisa ir tão longe; sinta-se apenas como um baby boomer recém-saído de uma guerra maluca. Olhe para o que existia para uso da humanidade naquele tempo e o que existe agora. O que isso significa? Algo simples: a maravilhosa capacidade do ser humano de ter ideias. Uma ideia pode ocorrer de forma individual, mas quando você se junta a um grupo de amigos e coloca algum tema em discussão, observará que elas podem fluir e que isso pode acontecer de modo profícuo. Porém, se não houver alguma organização, nada de proveitoso será tirado disso. Ter ideias significa ser criativo. Mas essa criatividade, natural no ser humano, foi dilapidada durante as séries iniciais, em que a ausência do aprender pelo erro e o grande volume de coerções a cada erro que alguma atividade pudesse aceitar, praticamente matou essa capacidade. O complexo de criação do super-homem, ainda adotado em algumas escolas (infelizmente na maioria), aos poucos mata o senso crítico, a criatividade e a capacidade do pensamento crítico. Guarde para você e utilize sempre que precisar o que pode ser definido como uma técnica que pode ser considerada um método de geração de ideias desenvolvidas por um grupo de pessoas. 13 3.1 Quando utilizar Osborn (2013) sugere que as reuniões de BS sejam desenvolvidas sempre que se tenha um problema que pode estar relacionado com um dos campos: determinação de planos de ação; necessidades surgidas nas áreas de negócios, que movimentam a empresa;planejamento de eventos, onde novidades são sempre bem-vindas; identificação de estratégias e objetivos a serem atingidos; marketing e publicidade; gestão de relacionamento com o cliente; gerenciamento de projetos; estudo de avaliação de riscos; formação de equipes; desenvolvimento de atividades de ensino e aprendizagem, entre outras. O autor coloca ainda alguns pressupostos que se seguidos podem trazer maior sucesso ao BS. Ele está apoiado na capacidade que as pessoas apresentam de ter ideias, desde que corretamente estimuladas e em ambientes colaborativos. Exceto nos casos em que a tecnologia seja utilizada para movimentar um número maior de pessoas que não necessitam estar ativas de forma síncrona, o que adiciona complexidade ao processo, recomenda-se que o BS seja desenvolvido por um pequeno número de pessoas. Além disso, o tempo de duração das reuniões não deve exceder duas horas; uma sessão BS deve ser, fundamentalmente, orientada para a busca de novas ideias; após a seleção qualitativa, priorização, união e separação, o tempo para implantação deve ser curto, sob pena de que o processo perca a atualidade ou de que as pessoas esqueçam suas ideias assim que saiam das reuniões. Michalko (2011), outro defensor da criatividade e que se utiliza do BS, considera que uma sessão deve iniciar com a definição do problema e delimitação de fases ou partes; que as reuniões sejam estabelecidas apenas para gerar ideias; e que a busca da solução deve ocorrer após a filtragem, a priorização e a escolha da convergência das ideias. Com essas propostas em mãos tudo está pronto para você dar início a mais uma aventura na busca pelo florescimento da criatividade. 3.2 Leitura obrigatória 14 Leitura obrigatória Este artigo tem um viés acadêmico sobre o termo BS. Ele está disponível em <http://www.scielo.br/pdf/reben/v50n2/v50n2a09.pdf> e sua leitura é muito importante. Além disso, para complementar o que apresentamos, assista ao vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OLOaBqffexc>. Por fim, trazemos mais um vídeo, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fnXip7u9zgE>. Ele trata sobre uma ferramenta considerada auxiliar para registro gráfico de ideias criadas em atividades BS, assista e entenda como é feita a sua utilização. TEMA 4 – DESIGN THINKING (DT) Rapidamente denominada DT, essa metodologia representa, segundo Gouveia (2016), uma abordagem criativa e sistêmica para aproveitamento de uma oportunidade a partir de experimentação, criação e prototipagem de um produto ou negócio com o objetivo de se coletar o feedback dos clientes. O autor considera ainda que com sua utilização é possível alocar melhor recursos de diversas origens, sejam eles humanos, financeiros ou físicos. Em linhas gerais, utilizar tempo e ativos com mais consciência. Os pesquisadores pontuam que o DT tem uma íntima amizade com as tecnologias exponenciais, isto é, com aquelas que modificam de forma mais ou menos radical, mas radical, comportamentos e atitudes. 4.1 Como e quando utilizar Tim Brown (2017), considerado o maior especialista em DT, divide a utilização da técnica em alguns passos ou etapas, importantes de serem seguidos que são: imersão; definição do problema; ideação; prototipagem; e teste. Nos parágrafos seguintes vamos definir cada uma dessas etapas de forma sucinta. A imersão é uma etapa de prospecção do que os estímulos previamente escolhidos provocam quando aplicados em pessoas específicas, escolhidas no universo dos clientes. A empatia e a proposta de calçar os sapatos do consumidor, podem ser considerados como palavras-chave nessa etapa. https://www.youtube.com/watch?v=fnXip7u9zgE 15 Após esse conhecimento, que já representa um valor adquirido com a proposta DT, entramos na definição do problema a ser resolvido, propriamente dito. Neste momento a palavra-chave é ruminar. Durante este remoer das informações obtidas é preciso conectar o que se aprendeu ao que já era previamente conhecido afim de obter um perfil consolidado do cliente. Conhecidas as reações dos clientes e inferido o seu perfil consolidado, é possível desenvolver um processo de ideação a partir de técnicas de brainstorming (o BS, anteriormente estudado e que, diante disso, tem sua importância ainda mais ressaltada). Aqui a palavra-chave é flexibilidade para abrigar diversas ideias de valor, por mais absurdas que elas possam parecer. Estamos na quarta das cinco etapas durante a qual o design entra em cena para produzir uma prototipagem para montagem do Minimum Viable Product (MVP) e começar a pensar, sem que muitos gastos sejam cometidos. O conceito-chave é economia a todo custo, menos aquele que sacrifique vontades e desejos aceitáveis dos clientes. Neste momento as hipóteses são validadas e as pessoas podem confirmar o acerto ou não das ideias retiradas das reuniões anteriores. Na quinta etapa tudo está pronto para atacar o mercado no afã de conseguir oferecer o produto certo, para o mercado certo, na hora certa, para o cliente certo (tudo encadeado e funcionando; a falha de um elo pode romper toda a cadeia). Temos então o conceito-chave ser repórter por um dia e ouvir tudo o que os clientes têm a dizer sobre produtos e serviços criados pela empresa. Leitura obrigatória Acesse o site <https://epocanegocios.globo.com/Caminhos-para-o- futuro/Desenvolvimento/noticia/2017/06/tecnologias-exponenciais-serao- protagonistas-de-revolucao-nas-industrias.html> e leia um artigo sobre tecnologias exponenciais para conhecer mais sobre o termo DT. Veja também um vídeo bastante interessante sobre o tema desta aula; ele está disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=I80l0X760ao>. TEMA 5 – CANVAS 16 O Canvas, também conhecido de forma expandida como Business Model Canvas (BMC) e como Business Model Generation (BMG), é uma ferramenta de gerenciamento estratégico, que permite desenvolver e esboçar modelos de negócios novos ou já existentes. Ele consiste em um mapa visual pré-formatado contendo nove blocos que, juntos, estruturam e explicam o modelo de negócios. Este mapa permite a construção de toda a infraestrutura que dá suporte à criação, evolução e estabilização de empresas, sejam elas startups ou empresas de grande porte (o que se espera que as startups venham a ser algum dia). É possível definir o BMG como uma ferramenta composta por um mapa constituído com os principais itens de uma empresa; é uma forma prática e ágil de visualizar o empreendimento em apenas um quadro ou aplicativo. Inicialmente o BMG foi baseado em oito elementos e na atualidade ele conta com um novo elemento, o que lhe dá a composição final de nove elementos, todos voltados para o funcionamento do negócio. O BMG também é considerado um mapa dos principais itens que irão constituir uma empresa; ele deverá ter seus quadrantes (blocos) sempre revisados ao longo do tempo para saber se cada um está sendo bem atendido ou se é necessário fazer alterações para obter melhores resultados. Você pode obter o mapa com esses nove componentes acessando o seguinte link: <https://www.google.com/search?q=mapa+bmg++business+model+generation &tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=CnxHJ9XrdGDt0M%253A%252Cz63sVcfEV NCx7M%252C_&usg=AI4_kSe4pemFEUA_R8RDECJ3oXmmpV7w&sa=X&ved =2ahUKEwjTuKKj2LXgAhWSLLkGHe-5Cr4Q9QEwAXoECAMQBA#imgrc=_>. No site da empresa Strategyzer, local em que os autores Osterwald e Pigneur desenvolvem seus trabalhos (2011), há um livro publicado, BMG – o nome da metodologia em foco. Essa leitura é muito importante para ampliar o seu conhecimento. Mais uma forma de maximizar o aprendizado é a Figura 1, que nos mostra o BMG – Canvas, ferramenta que apresenta as nove partes para a criação/reestruturação de uma ideia de negócio que pode ser utilizada tanto para produto como para serviço e nos dá a visão geral da proposta.http://multiconsultoria.org.br/como-elaborar-um-plano-de-negocios/ 17 Figura 1 – Business Model Generation – Canvas Fonte: Sebrae. 5.1 Componentes da metodologia De acordo com Osterwald; Pigneur (2011), são considerados componentes da metodologia: Parceiros-chaves: Rede de fornecedores e parceiros essenciais que ajudaram a garantir o bom funcionamento do em empreendimento. Eles contribuem com recursos-chave e atividades-chave. Atividades-chave: Área de construção dos canais necessários para manter relacionamento com os clientes e estabelecer as propostas de valor, a Value Proposition Design (VPD), e construir os canais necessários, como relacionamento com o cliente e atender a proposta de valor. São as atividades essenciais do negócio. 18 Proposta de Valor: Propostas que têm de atender as necessidades dos potenciais clientes e desenvolver produtos e serviços que geram valor aos clientes, diminuindo suas dores e aumentando seus ganhos. Relação com o Cliente: Forma que a empresa vai interagir com o segmento do cliente. É uma área irmã gêmea da área de Customer Relationship Management (CRM), que dá ao cliente o protagonismo no processo de desenvolvimento de negócios. Segmento de Mercado: Área que define quem a empresa vai atender, sejam pessoas ou outras empresas. O importante é agrupar clientes com o mesmo perfil (comportamento e necessidades), ou seja, é necessário conhecer seu nicho de mercado. Recursos-chave: São os recursos essenciais ou mais importantes para o seu empreendimento funcionar. Podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos. Cada modelo de negócio vai dizer quais recursos são necessários. Canais: Área em que a empresa vai falar a respeito dos pontos de contato do empreendimento. São compostos basicamente por canais de comunicação, distribuição e venda. Exemplo: redes sociais (comunicação); distribuição (Correios ou transportadora); telefone (pós-venda). Estrutura de Custos: Descreve os principais custos envolvidos, isto é, aqueles necessários para manter o negócio, sejam fixos ou variáveis. Fontes de Renda: Essa área representa o dinheiro que a empresa gera a partir de cada segmento do cliente. O modelo de negócio vai definir a fonte ou as fontes de receita. 19 Leitura obrigatória Para saber mais sobre Value Proposition Design (VPD), acesse o artigo por meio do link <http://noahc.me/Value%20Proposition%20Design.pdf>. Essa leitura fornecerá um conhecimento aprofundado sobre a metodologia. Outro conteúdo interessante é o pequeno vídeo sobre o autor da proposta BMG, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=41q_zn8jMaE>. TROCANDO IDEIAS Este não é o seu ponto-final em termos de aprender mais sobre a criatividade, métodos para que ela seja efetivada e as melhores práticas utilizadas de forma extensiva para sua efetivação. Há diversos outros tópicos que serão tratados na sequência do material. O importante é que você, dentro de suas condições de tempo, acesse os vídeos complementares e postagens de interesse; o material foi preparado com uma série de links que o direcionarão para aspectos importantes. Também é imprescindível acessar a seção Saiba Mais, que contém aspectos complementares muito relevantes. Ressaltamos novamente a importância de sua participação no ambiente virtual para efetivação da aprendizagem ativa, significativa e adaptativa – proposta adotada na construção de um sistema próprio, inteiramente voltado para atender as necessidades dos alunos. Portanto, é necessário que ele seja utilizado para que todas suas facilidades possam ser aproveitadas. NA PRÁTICA Você teve oportunidade de conhecer algumas técnicas para recuperação da criatividade. Considere a possibilidade de eleger um problema, juntar dois ou três companheiros de estudo, escolher um dos quatro métodos colocados neste material de estudos (método dos seis chapéus, brainstorming; design thinking ou Canvas) e buscar uma solução para o problema. O método escolhido deverá estar adaptado para que seja possível atingir uma solução prática, rápida, flexível –na maior amplitude possível, independentemente do contexto. Com tal atividade, certamente você fixará as https://www.youtube.com/watch?v=41q_zn8jMaE 20 ideias colocadas nos tópicos anteriores e terá a garantia da efetivação da teoria na prática. Procure delimitar a abrangência do problema escolhido de forma que possa ser programada uma apresentação do resultado, ainda que seja apenas para os participantes do grupo criado, o que poderá ser expandido, caso haja espaço para isso. FINALIZANDO Você teve oportunidade de conhecer cinco diferentes formas de buscar, como quem busca um tesouro perdido, recriar uma qualidade inerente do ser humano. Ser curioso e a partir desta curiosidade buscar novas maneiras de utilizar a criatividade em sua forma original ou convertida, reduzida ou ampliada, torna possível efetivá-la em toda a sua pujança e valor de importância para as empresas. Os métodos que foram apresentados têm um grau médio de dificuldade e refletem a importância do trabalho cooperativo e colaborativo, desenvolvido em grupos na busca de eliminar a cultura do fracasso para, em seu lugar, efetivar a cultura do sucesso. O processo de recuperação pode ser demorado, mas os resultados obtidos certamente serão positivos, considerando a qualidade das técnicas e melhores práticas que lhes foram ensinadas. Nos nossos próximos encontros outros aspectos relacionados à criatividade serão tratados. 21 REFERÊNCIAS BONO, E. Os seis chapéus do pensamento. Rio de Janeiro: GMT, 2008. BROWN, T. Design Thinking. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. FERREIRA, R. G. B. Como estimular a criatividade da inovação nas organizações. Disponível em https: <//www.webartigos.com/artigos/como- estimular-a-criatividade-da-inovacao-nas-organizacoes/125742/>. Acesso em: fev. 2018. GOUVEIA, E. Design thinking e o caminho para se tornar uma lenda da inovação nos negócios. Disponível em: <http://fluxoconsultoria.poli.ufrj.br/blog/empreendedorismo-startup/design- thinking/?gclid=Cj0KCQiA14TjBRD_ARIsAOCmO9Z5KSl3g8TIvBfVTk9tdECf95 HE_-QTazVnh-u6RZNC8u3jsnhHPgIaAvKLEALw_wcB>. Acesso em: fev. 2019. GRANDO, N. Seis chapéus para pensar melhor. Disponível em: <https://neigrando.wordpress.com/2013/07/02/seis-chapeus-para-pensar- melhor/>. Acesso em: fev. 2019. KIM, W. C. MAUBORGNE, R. A transição para o oceano azul: muito além da competição. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. MICHALKO, M. Cracking Creativity: the secret of creative genius. New York: Ten Speed Press, 2011. OLIVEIRA, A. M. F. Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 166X2010000100010>. Acesso em: fev. 2019. OSBORN, A. Applied Imagination - Principles and Procedures of Creative Writing. English Edition. New York: IYER Press, 2013. OSTERWALD, A. PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em modelos de negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.
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