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Atividade - TRANSPORTE DE GASES 1. Com base na reportagem abaixo, responda as questões que se seguem: Menino em MS morreu asfixiado por monóxido de carbono, diz polícia 23/04/2013 15h14 - Atualizado em 23/04/2013 16h20 “O menino de dois anos que morreu no sábado (20) em Campo Grande foi vítima de intoxicação por monóxido de carbono, expelido pelo carro em que estava com os pais e as três irmãs. Segundo a delegada Regina Rodrigues Mota, da Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Depca), a causa foi confirmada por meio de necropsia do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol). À polícia, os pais contaram que havia um problema no escapamento do veículo, que também soltava fumaça para dentro do automóvel. As irmãs disseram que havia um buraco no assoalho do carro por onde a fumaça entrava e que o garoto brincava de inalar a fumaça. O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Joilson Santos De Paula, explica que a vítima não costuma apresentar sintomas físicos por conta da inalação, e a morte, geralmente, é lenta. O monóxido de carbono é incolor e inodoro e, por isso, difícil de ser percebido. No caso específico, também havia fumaça dentro do carro. Conforme o militar, nestes casos, o primeiro passo é retirar a pessoa do ambiente e acionar os bombeiros ou encaminhar a pessoa a uma unidade de saúde mais próxima para que a vítima seja submetida ao tratamento com oxigênio.” (Fonte: G1 / Texto Adaptado) a) A reportagem acima traz uma trágica notícia de um menino que foi a óbito devido inalação de monóxido de carbono, um gás incolor e inodoro. Explique o motivo de tal gás ter provocado o óbito do menino utilizando as seguintes palavras-chave: afinidade, curva de dissociação e hipóxia histotóxica. RESPOSTA: O monóxido de carbono (CO) é um gás inodoro, incolor e com baixa solubilidade em água, sendo considerado uma substância imperceptível com grande potencial letal. Molecularmente, o monóxido de carbono tem maior afinidade pela hemoglobina (cerca de 200 a 250 vezes) do que o O2. O grupo heme da hemoglobina (protoporfirina + ferro) perde a afinidade pelo O2 e se liga ao CO com ligação reversível ao átomo de ferro, formando a carboxihemoglobina. Desse modo, com o aumento das concentrações de carboxi-hemoglobina ocorrerá anemia causada pela hipoxemia, pois, uma vez que há competição entre os gases (CO e O2), à hemoglobina dificilmente estará livre para transportar o oxigênio, assim, quanto maior a quantidade de monóxido de carbono inalado, mais moléculas de hemoglobinas serão desativadas para o transporte de O2. A presença desse gás provoca o deslocamento da curva de dissociação da oxihemoglobina para a esquerda, resultando em baixa perfusão do oxigênio para os tecidos, caracterizando uma hipóxia histotóxica. b) ‘Explique fisiologicamente o porquê o militar afirma que seria necessário iniciar um tratamento precoce com O2 para que o menino recuperasse suas funções vitais. RESPOSTA: O monóxido de carbono (CO) liga-se intensamente a hemoglobina, com cerca de 250 vezes mais afinidade do que o oxigênio (O), sendo assim, uma pequena quantidade de CO consegue ligar-se em uma boa área da hemoglobina, nos grupos heme que habitualmente estariam ligadas ao O2. Dessa forma, a principal forma de transporte de O2 para os tecidos é reduzido pelo envenenamento pelo monóxido de carbono, posteriormente, ocorre o deslocamento da curva de dissociação da O2-hemoglobina para a esquerda (apresentados no gráfico), reduzindo a p50, aumentando a afinidade da hemoglobina com o pouco de O2 ligado e dificultando a liberação do O2 nos tecidos. O envenenamento por CO pode levar à morte pela falta O2 suficiente aos tecidos críticos, a exemplo do encéfalo. A remoção do monóxido de carbono ocorre quase que exclusivamente pela circulação pulmonar, por competição com o oxigênio. A meia-vida da carboxi-hemoglobina, é de 250 a 320 minutos e cai para menos de 90 minutos com o uso de oxigênio em alto fluxo. Por isso, o tratamento adequado seria manter o paciente respirando 100% de O2, ofertando de imediato oxigênio suplementar nas maiores concentrações disponíveis. O oxigênio puro a pressões alveolares elevadas desloca o monóxido de carbono da sua combinação com a hemoglobina de maneira mais eficiente do que o oxigênio a pressão alveolares baixas. (COSTANZO, 2007) 2. Sabe-se que a importância do efeito Haldane para o transporte do gás carbônico é tão importante quanto o efeito Bohr para o transporte do oxigênio, e que ambos têm fundamento similar. Explique o fundamento desses efeitos e sua importância final sobre a troca gasosa usando as seguintes palavras-chave: pH, hemoglobina, equilíbrio químico, difusão, alvéolos e tecidos. RESPOSTA: O objetivo fundamental da respiração é manter concentrações apropriadas de O2, de CO2 e de íons hidrogênio nos tecidos. Dessa forma, é extremamente adequado que a atividade respiratória seja muito responsiva às alterações de cada um desses elementos. Nesse sentido, existem dois efeitos importantes para o equilíbrio respiratório, o Bohr e o Haldane. Para compreender o funcionamento do efeito Bohr, é necessário perceber a diferença existente entre as formas oxihemoglobina (com O2) e desoxihemoglobina (sem O2). Quando a hemoglobina se encontra na forma desoxihemoglobina, ou seja, sem nenhum O2 ligado a ela, dizemos que ela se encontra no Estado T (tenso), já que nesta condição a hemoglobina apresenta uma maior quantidade de ligações iônicas entre seus diferentes resíduos de aminoácidos. Por outro lado, quando a hemoglobina se encontra na forma oxihemoglobina (que é originada quando o alvéolo libera O2 e na hemácia ele se liga à hemoglobina), ou seja, com quatro O2 ligados a ela, dizemos que ela se encontra no Estado R (relaxado), já que nesta condição a hemoglobina apresenta uma menor quantidade de ligações iônicas entre seus diferentes resíduos de aminoácidos. Dentre as inúmeras ligações iônicas, há uma em particular que merece a nossa atenção: a ligação entre a histidina C-terminal (His 146) da cadeia β - hemoglobina e um Aspartato mais interno da mesma cadeia polipeptídica (Asp 94). Esta ligação iônica se encontra presente somente na forma T e, quando nessa situação, a Histidina tem o seu pKR alterado de 6,0 para 8,0, ou seja, o pH sanguíneo (7,35 → 7,45) passa a ser menor do que o pKR, o que implica nesta histidina permanecer, predominantemente, PROTONADA. Dito isso, conseguimos compreender que o efeito Bohr se baseia, em parte, por uma mudança no pH que ocorre com o aumento de CO2 e, por um efeito direto do CO2 na hemoglobina, ou seja, vai intensificar a liberação de O2 para os tecidos e o O2 captado nos pulmões, esse estímulo de dissociação pode ser por diversos fatores, que resultam na liberação de oxigênio. Durante o metabolismo celular, o CO2 é liberado para o sangue, e consequentemente a geração de íons de hidrogênio aumenta e o pH diminui. Depende do equilíbrio entre ventilação alveolar e perfusão dos capilares alveolares e difusão de O2 para os tecidos e células. Este deslocamento deve-se não somente à diminuição do pH, mas também a um efeito direto do CO2 na hemoglobina. Contrariamente, conforme o sangue passa através dos pulmões, o CO2 é exalado, o que resulta em uma diminuição nos íons de hidrogênio e um aumento no pH; essas mudanças resultam em desvio para a direita. De forma sucinta o que ocorre é a redução da afinidade devido a PCO2 elevada e a acidez sanguínea, gerando então, o aumento da produção de CO2, gerando a formação de H+, que contribui para a queda no pH, fazendo um efeito de diminuição da afinidade da Hb pelo O2, que se desprende e se difunde nos tecidos. O conceito do efeito Haldane por sua vez, é conhecido pela variação do nível de saturação da oxihemoglobinasobre as variações do teor de CO2 e PCO2, sendo revertido nos pulmões quando o O2 é transportado dos alvéolos para os glóbulos vermelhos. Quanto maior a PO2, menor será a afinidade da hemoglobina por CO2, e, consequentemente, Hb irá liberar o CO2 que se difundirá para o plasma e, em seguida, para os alvéolos. Ou seja, quando a Hb se liga ao O2, formam um ácido forte, com isso, a sua afinidade pelo CO2 é diminuída, ocorrendo uma repulsa, gerando uma tendência desse CO2 ser deslocado para fora. Já quando se desoxigena, sua afinidade pelo CO2 aumenta. Assim, em meio de maior pressão de CO2, a afinidade de O2 diminui, em meio de menor pressão de CO2, a afinidade pelo O2 aumenta. Esse efeito pode ser ilustrado através do deslocamento para a esquerda da curva de dissociação do CO2, no sangue venoso, quando comparado com o sangue arterial. Sabe-se da íntima relação de perfusão entre o sangue e os capilares pulmonares, devido, sobretudo, à fina espessura das paredes alveolares, e é essa relação que torna possível as trocas gasosas (entre os capilares do pulmão e o gás que chega aos alvéolos, interconectados) bem como, através das membranas de todas as porções terminais dos pulmões. Enquanto o O2 migra do gás alveolar para o dentro dos capilares pulmonares, o CO2 faz o caminho reverso e os fatores que determinam a rapidez com que um gás atravessará a membrana são: a espessura da membrana; a área superficial da membrana; o coeficiente de difusão do gás na substância da membrana; e a diferença de pressão parcial do gás entre os dois lados da membrana. O sangue que deixa o capilar pulmonar é levado para o lado esquerdo do coração e se torna o sangue arterial sistêmico. As trocas entre os alvéolos e capilares pulmonares, pode ser de 2 tipos: difusão-limitadas significam que a quantidade total de gás, transportada através da barreira alveolocapilar, é limitada por processos de difusão; e as de perfusão-limitadas em que a quantidade total do gás transportado, através da barreira alveolocapilar, é limitada pelo fluxo sanguíneo (i.e., perfusão), pelos capilares pulmonares. A hematose pulmonar é um processo que visa a estabilização das trocas gasosas, ou seja, de O2 e CO2. Neste, o sangue venoso vira sangue arterial, sendo assim, o transporte de O2 e CO2 pelo sangue depende do equilíbrio entre ventilação alveolar e perfusão dos capilares alveolares. Em resumo, as hemácias do sangue são idealmente construídas para transportar O2 e CO2. O oxigênio descarregado ao longo dos capilares é intensificado pelo aumento na PCO2 e pela diminuição do pH (comumente chamado de efeito Bohr), considerando que o CO2 liberado dentro do sangue é intensificado pela diminuição na saturação da oxiemoglobina (comumente chamado de efeito Haldane). O oxigênio é ligado à hemoglobina, enquanto o CO2 existe na forma de HCO3-, o qual é produzido nas hemácias, transportado para o plasma e, em seguida, para os alvéolos. Assim, tais efeitos são fundamentais para a manutenção do equilíbrio químico na hematose, uma vez que a lenta substituição do ar alveolar é de particular importância para evitar mudanças repentinas nas concentrações de gases no sangue e, consequentemente, manter apropriadas as concentrações de O2 , CO2 e H + nos tecidos - já que faz com que a atividade respiratória seja altamente responsiva a alterações, evitando aumentos e quedas excessivos na oxigenação tecidual, na concentração tecidual de CO2, e no pH tecidual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTANZO, Linda S. Fisiologia. Elsevier Brasil, 2007. FARMER, Martha.Transição da respiração aquática para a aérea: efeitos do CO2 sobre a função de hemoglobina * * — Versão original inglesa publicada em Comp. Biochem. Physiol. vol. 62a(1). 1979 . Acta Amazonica [online]. 1978, v. 8, n. 4 suppl 1, pp. 143-151. GUYTON, A. C. Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª Edição. 2011. INÁCIO, Daniele Aparecida Da Silva; BRANDÃO, Bruno Araújo. Toxicologia Forense: Intoxicação por Monóxido de Carbono em Carbonizados. Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, v. 5, n. 3, p. 314-327, 2016. O’MALLEY, G. F., & O’MALLEY, R. (2020, April). Intoxicação por monóxido de carbono. Manuais MSD - Edição Para Profissionais. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/les%C3%B5es- intoxica%C3%A7%C3%A3o/intoxica%C3%A7%C3%A3o/intoxica%C3%A7%C3%A3o-por- mon%C3%B3xido-de-carbono
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