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BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO Fenômenos De Transporte Professor: Handerson Corrêa Gomes 2011 BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 2 Disciplina: Fenômenos de Transporte Curso: Engenharias Engenharia Mecânica, Elétrica e Civil Prof .: Handerson Corrêa Gomes Objetivos: - Aprender os princípios básicos da Mecânica dos Fluidos e da Transferência de Calor; - Analisar as distribuições de pressão em fluidos em repouso; - Analisar as distribuições de força em corpos e superfícies submersas; - Estudar o escoamento ideal e real no interior de dutos; - Analisar as maneiras através das quais o calor é transmitido. Ementa: Mecânica dos Fluidos: Propriedades Físicas; Equações Gerais da Estática, Cinemática e Dinâmica dos Fluidos; Cálculos de Pressões Hidrostáticas, de Forças sobre Superfícies Submersas e de Perda de Carga; Medição de Viscosidade, Pressão e Velocidade. Transferência de Calor: Condução, Convecção, Radiação, Aplicações. Transferência de Massa: Difusão, Coeficiente de Transferência de Massa, Teoria da Camada Limite, Aplicações. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 3 Índice 1. Introdução a Mecânica dos Fluidos................................................................. 07 1.1. Definição.................................................................................................... 07 1.2. Objetivo...................................................................................................... 07 1.3. Aplicação.................................................................................................... 07 2. Definição de um Fluido.................................................................................... 07 2.1. Introdução.................................................................................................. 07 2.2. A Hipótese do Contínuo............................................................................. 08 2.3. Princípio da Aderência............................................................................... 08 3. Métodos de Análise......................................................................................... 09 3.1. Sistema...................................................................................................... 09 3.2. Volume de Controle................................................................................... 09 4. Dimensões e Unidades................................................................................... 09 4.1. Introdução.................................................................................................. 09 4.2. Sistemas de Dimensões............................................................................ 09 4.3. Sistemas de Unidades............................................................................... 10 5. Propriedades Físicas dos Fluidos.................................................................... 11 5.1. Peso Específico.......................................................................................... 11 5.2. Volume Específico..................................................................................... 12 5.3. Densidade Relativa.................................................................................... 12 5.4. Massa Específica ou Densidade Absoluta................................................. 13 5.5. Módulo da Elasticidade Volumétrico........................................................... 13 5.5.1. Condições Isotérmicas............................................................................... 14 5.5.2. Condições Adiabáticas............................................................................... 14 5.6. Coeficiente de Compressibilidade (C) ....................................................... 14 6. Campo de Velocidade...................................................................................... 15 7. Regime Permanente e Trasiente...................................................................... 15 7.1. Regime Permanente................................................................................... 15 7.2. Regime Transiente..................................................................................... 15 7.3. Campo Uniforme de Escoamento.............................................................. 16 8. Escoamentos Uni, Bi, Tridimensional............................................................... 16 8.1. Escoamento Unidimensional...................................................................... 16 8.2. Escoamento Bidimensional......................................................................... 16 BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 4 8.3. Linhas de Tempo, Trajetórias, Linhas de Emissão e Corrente.................. 17 8.4. Campos de Tensão................................................................................... 21 9. Viscosidade..................................................................................................... 22 9.1. Viscosidade Dinâmica ou Absoluta: (µ)..................................................... 22 9.2. Viscosidade Cinemática: (ν)...................................................................... 23 9.3. Número de Reynolds: (Re) ....................................................................... 23 9.4. Tipos de Escoamento................................................................................. 24 10. Pressão............................................................................................................. 26 10.1. Lei de Pascal.............................................................................................. 28 11. Fluidoestática.................................................................................................... 28 11.1. A Equação Básica da Estática dos Fluidos................................................ 29 11.2. Pressão Manométrica................................................................................. 31 11.3. Pressão Absoluta........................................................................................ 32 11.4. O Barômetro de Mercúrio............................................................................ 32 11.5. Aplicação para a Manometria...................................................................... 33 11.6. Tipos de Manômetros.................................................................................. 35 11.6.1. Manômetros de líquido................................................................................ 35 11.6.2. Manômetros Metálicos................................................................................ 36 12. Equilíbrio dos Corpos Flutuantes...................................................................... 36 12.1. Princípio de Arquimedes............................................................................. 38 13. Fluidodinâmica.................................................................................................. 42 13.1. Sistema........................................................................................................ 42 13.2. Volume de Controle..................................................................................... 42 13.3. A Relação Entre as Derivadas do Sistema e a Formulação Para Volume de Controle........................................................................................................ 42 13.4. Equação da Continuidade (de Conservação da Massa) Para um Volume de Controle Arbitrário....................................................................................................... 43 13.4.1. Casos Especiais...........................................................................................44 13.4.2. Vazão Mássica e Vazão Volumétrica........................................................... 46 13.5. 1a Lei da Termodinâmica Aplicada ao Volume de Controle........................ 47 13.6. Equação de Bernoulli.................................................................................... 50 13.6.1. A Equação de Bernoulli Para Fluidos Ideais................................................ 51 13.6.1.1. Visualização Gráfica da Equação de Bernoulli....................................... 52 13.6.2. Aplicações da Equação de Bernoulli............................................................. 53 13.6.2.1. Teorema de Torricelli............................................................................... 53 BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 5 13.6.2.2. Medidores de Vazão............................................................................... 54 13.6.2.2.1. Tubo de Venturi....................................................................................... 56 13.6.2.2.2. Tupo de Pitot.......................................................................................... 57 13.6.2.2.3. Placa de Orifício..................................................................................... 59 13.6.2.2.4. Pressão de Estagnação.......................................................................... 62 13.7. Equação de Bernoulli Para Fluidos Reais – Perda de Carga....................... 63 13.7.1. Visualização Gráfica da Equação de Bernoulli Para Fluidos Reais............................................................................................................. 63 13.7.2. Tipos de Perda de Carga.............................................................................. 64 13.7.2.1. Perdas de Carga Contínuas.................................................................... 64 13.7.2.2. Perdas de Carga Localizadas................................................................. 69 13.8. Potência Fornecida por uma Bomba............................................................. 76 14. Transferência de Calor........................................................................................ 80 14.1. Introdução...................................................................................................... 80 14.2. Modos de Transferência de Calor................................................................. 80 14.2.1. Condução...................................................................................................... 80 14.2.2. Convecção..................................................................................................... 82 14.2.3. Radiação........................................................................................................ 82 14.3. Leis Básicas da Transferência de Calor......................................................... 83 14.3.1. Condução....................................................................................................... 84 14.3.2. Convecção..................................................................................................... 86 14.3.3. Radiação........................................................................................................ 88 15. Condução............................................................................................................. 91 15.1. Introdução à Condução.................................................................................. 91 15.2. Propriedades Térmicas da Matéria................................................................ 92 15.3. Conservação de Energia em um Volume de Controle................................... 93 15.4. Equação da Difusão de Calor......................................................................... 96 15.4.1. Coordenadas Cartesianas.............................................................................. 96 15.4.2. Coordenadas Cilíndricas................................................................................. 99 15.4.3. Coordenadas Esféricas................................................................................... 99 15.4.4. Condições de Contorno e Condição Inicial..................................................... 100 15.5. Condução Unidimensional em Regime Permanente...................................... 103 15.5.1. Parede Simples............................................................................................... 103 15.5.2. Resistência Térmica....................................................................................... 104 15.5.3. Parede Composta........................................................................................... 108 BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 6 15.5.4. Parede Composta: Série-Paralelo.................................................................. 110 15.5.5. Resistência de Contato................................................................................... 111 15.6. Condução Unidimensional em Regime Permanente – Sistemas Radiais – Cilindro............................................................................................................. 114 15.6.1. Distribuição de Temperatura........................................................................... 114 15.6.2. Parede Cilíndrica Composta.......................................................................... 117 15.6.3. Espessura Crítica de Isolamento................................................................... 120 15.7. Condução Unidimensional em Regime Permanente – Sistemas Radiais – Esfera............................................................................................................... 124 15.8. Condução com Geração de Energia Térmica................................................ 125 15.8.1. Condução com Geração de Energia Térmica - Parede Plana ...................... 125 15.8.2. Condução com Geração de Energia Térmica – Sistemas Radiais................. 127 16. Transferência de Calor em Superfícies Expandidas – Aletas................................ 129 16.1. Introdução....................................................................................................... 129 16.2. Tipos de Aletas............................................................................................... 131 16.3. Balanço de Energia para uma Aleta............................................................... 132 16.4. Aletas com área da seção transversal constante........................................... 133 16.5. Desempenho da Aleta.................................................................................... 138 17. Condução Transiente............................................................................................ 141 17.1. Introdução....................................................................................................... 141 17.2. Método da Capacitância Global...................................................................... 141 18. Convecção............................................................................................................. 143 18.1. Fundamentos da Convecção.......................................................................... 143 18.2. As Camadas Limites da Convecção............................................................... 145 18.2.1. A Camada Limite Hidrodinâmica..................................................................... 145 18.2.2. As Camadas Limites de Concentração........................................................... 147 18.3. Escoamento Laminar e Turbulento................................................................. 148 18.4. A Camada Limite Térmica............................................................................... 151 EXERCÍCIOS RECOMENDADOS............................................................................153 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 202 Apêndice A................................................................................................................. 203 Apêndice B................................................................................................................. 207 BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 7 1. Introdução a Mecânica dos Fluidos 1.1. Definição: é a ciência que estuda o comportamento físico dos fluidos e as leis que regem tal comportamento. Estudo do comportamento dos fluidos em repouso (Fluidoestática) e em movimento (Fluidodinâmica). 1.2. Objetivo: conhecer, compreender e analisar qualquer sistema no qual um fluido é o meio produtor de trabalho. 1.3. Aplicação: máquinas de fluxo (bombas, ventiladores, compressores e turbinas), aeronaves, automóveis, submarinos, sistemas de aquecimento e ventilação de residências, edifícios comerciais, sistemas de tubulações, corpos flutuantes, medicina, etc. 2. Definição de um Fluido 2.1. Introdução: É uma sustância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento (força tangencial), não importa sua intensidade (figura 1). Os fluidos compreendem as fases líquida e gasosa (ou de vapor) das formas físicas nas quais a matéria existe. Figura 1 – Elemento Fluido sob a Ação de Esforço Tangencial Constante. A distinção entre um fluido e o estado sólido fica clara ao ser comparado seu comportamento. Ao ser aplicada uma força tangencial F (fig.2a) sobre um sólido fixado entre as duas placas, o bloco sofre uma deformação e se estabiliza no novo formato. No regime elástico do material, ao cessar a aplicação da força, o sólido retorna à forma original. Repetindo a experiência para um BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 8 fluido, ele se deformará continuamente, enquanto existir uma força tangencial atuando sobre ele (fig.2b). Figura 2 – Comportamento de (a) um Sólido e (b) um Fluido, Sob a Ação de uma Força de Cisalhamento Constante. 1a Situação: Figura 2a Mantida a Ft constante o sólido deformar-se-á até alcançar uma posição de equilíbrio estático. 2a Situação: Figura 2b Sob a ação da Ft deforma-se continuamente, não se alcançando uma posição de equilíbrio estático. 2.2. A Hipótese do Contínuo: Como o espaço médio entre as moléculas que compõem o fluido é bastante inferior às dimensões físicas dos problemas estudados, considera-se o fluido como uma substância que pode ser dividida ao infinito. 2.3. Princípio da Aderência: “Os pontos de um fluido em contato com uma superfície sólida possuem a mesma velocidade dos pontos desta com os quais estão em contato; não há deslizamento naquelas fronteiras”. (fig.3) Figura 3 – O Perfil de Velocidade Linear no Líquido entre Placas Paralelas Infinitas. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 9 3. Métodos de análise 3.1. Sistema: quantidade de massa fixa e identificável; as fronteiras do sistema separam-no do ambiente à volta; não há transferência de massa através das mesmas, calor e trabalho poderão cruzar as fronteiras, conforme mostrado na fig. 4 . Figura 4 – Conjunto Pistão-Cilindro 3.2. Volume de controle: volume do espaço através do qual o fluido escoa (arbitrário), a fronteira geométrica é chamada superfície de controle, conforme mostrado na fig. 5. Figura 5 – Escoamento de um Fluido Através de um Tubo. 4. Dimensões e unidades 4.1. Introdução Dimensões: são grandezas mensuráveis (quantidades físicas: podem ser primárias (básicas) e secundárias (derivadas)). Unidades: são nomes arbitrários dados às dimensões. 4.2. Sistemas de Dimensões Lei da Homogeneidade dimensional: “Todos os termos de uma expressão matemática, que, traduz um fenômeno físico, devem possuir a mesma dimensão”. Exemplo: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 10 4.3. Sistema de Unidades Pode-se trabalhar com diferentes unidades para as grandezas (massa, comprimento, etc.). Países diferentes podem utilizar sistemas de unidades diferentes. Em 1960, instituiu-se o Sistema Internacional (SI), como uma tentativa de padronização. Foram definidas 7 grandezas básicas (massa, comprimento, tempo, temperatura, corrente elétrica, quantidade de matéria e intensidade luminosa) e padronizadas as suas unidades. A partir delas, podem ser derivadas as unidades das outras grandezas (excetuando-se as grandezas elétricas). No entanto, alguns países ainda adotam os antigos sistemas de unidades. No Sistema Britânico, as grandezas básicas são força, comprimento, temperatura e tempo. A massa passa a ser, portanto, uma grandeza secundária. SI absoluto: M(massa), L(comprimento), t(tempo), T(temperatura), I(corrente elétrica), quantidade de matéria e intensidade luminosa. Técnico inglês: F(força), L(comprimento), t(tempo), T(temperatura). Tabela 1 – Sistemas de Unidades. No Apêndice B são apresentados os fatores de conversão entre os sistemas para as diferentes grandezas. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 11 A Tab. 2 apresenta prefixos utilizados em engenharia para escrever valores muitos pequenos ou muito grandes de uma maneira mais concisa. Tabela 2 – Principais prefixos para unidades de Engenharia. 5. Propriedades físicas dos fluidos 5.1. Peso especifico: (γ) É o peso do fluido contido em uma unidade de volume. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 12 5.2. Volume específico: (ν) Inverso da massa específica. 5.3. Densidade relativa: (δ,d ou SG) Razão entre a massa específica de uma substância e a massa específica de uma substância de referência. Para líquidos, o fluido de referência é a água e, para os gases, o ar. Quando se trabalha com densidades relativas de sólidos, é comum que a substância de referência seja a água. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 13 5.4. Massa específica ou densidade absoluta: (β ) Também conhecida como densidade absoluta, é a quantidade de massa do fluido contida em uma unidade de volume. A densidade dos gases variam bastante quando são alteradas sua pressão, e/ou sua temperatura. Ao contrário, a densidade dos líquidos apresenta pequenas variações com alterações de pressão e temperatura, são, em sua maioria, considerados incompressíveis. Na Tab. A.1 (Apêndice A), são apresentados valores de massa específica para alguns fluidos, a 20°C e 1 atm. As Tab.s A.2 e A.3 apresentam, respec tivamente, a variação da massa específica da água e do ar com a temperatura, para a pressão de 1 atm. 5.5. Módulo da Elasticidade Volumétrico: (β) Razão entre uma variação de pressão e a correspondente variação de volume por unidade de volume. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 14 Expressa a compressibilidade do fluido. A compressibilidade de uma substância é a medida da variação relativa de volume decorrente de aplicação de pressão. O módulo de compressibilidade de líquidos costuma ser obtido experimentalmente. No caso de gases, o seu valor depende do tipo de processo que resulta da compressão. 5.5.1. Condições isotérmicas: T = constante 5.5.2. Condições adiabáticas: 5.6. Coeficiente de Compressibilidade: (C) Inverso do módulo de elasticidade volumétrico. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 15 6. Campo de velocidade Entre as propriedades do escoamento, destaca-se o campo de velocidade. Seja o volume de fluido � mostrado na Fig. 6. Figura 6 – Determinação do Campo de Velocidadesem um Ponto. A velocidade instantânea do fluido no ponto C é igual à velocidade instantânea do volume infinitesimal que passa pelo ponto C no instante de tempo em questão. O campo de velocidade, , é função das coordenadas x, y e z e do tempo t. A completa representação do campo de velocidades é dada por: = (x, y, z,t) O vetor velocidade, , pode ser expresso em termos de suas três componentes escalares. Chamando estas componentes nas direções x, y e z de, respectivamente, u, v e w, o campo de velocidades pode ser escrito como: = uiˆ + vˆj + wkˆ, onde: u = u(x, y,z, t), v = v(x, y,z, t) e w = w(x, y,z, t) 7. Regime permanente e transiente 7.1. Regime Permanente: As propriedades do fluido, em cada ponto do escoamento, não variam com o tempo. A definição matemática do movimento permanente é: ����������������QPFG�η?�TGRTGUGPVC�WOC�RTQRTKGFCFG�SWCNSWGT�FQ�HNWKFQ�� � 7.2. Regime Transiente: As propriedades do fluido variam com o tempo. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 16 7.3. Campo Uniforme de Escoamento: Escoamento no qual o módulo e o sentido do vetor velocidade são constantes, ou seja, independentes de todas as coordenadas espaciais, através de toda a extensão do campo. 8. Escoamentos uni, bi, tridimensional. Os escoamentos podem ser classificados em uni-, bi- e tridimensionais de acordo com o número de coordenadas necessárias para se definir seu campo de velocidades. 8.1. Escoamento unidimensional: Exemplo: Suponha o escoamento em regime permanente no interior de um duto de seção transversal constante mostrado na Fig. 7. Figura 7 – Exemplo de Escoamento Unidimensional. A partir de uma certa distância da entrada do duto, a velocidade pode ser descrita pela equação: Como o campo de velocidades depende apenas da distância radial r, o escoamento é unidimensional. 8.2. Escoamento bidimensional: Seja agora o escoamento entre placas divergentes, de largura infinita (Fig. 8). Como o canal é considerado infinito na direção do eixo dos z, o campo das velocidades será idêntico em todos os planos perpendiculares a este eixo. Conseqüentemente, o campo de velocidades é função somente das coordenadas x e y. O campo do escoamento é, portanto, bidimensional. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 17 Figura 8 – Exemplo de Escoamento Bidimensional. 8.3. Linhas de tempo, trajetórias, linhas de emissão e linhas de corrente: Na análise de problemas de mecânica dos fluidos, freqüentemente é vantajoso obter uma representação visual de campo de escoamento. Tal representação é provida de linhas de tempo, de trajeto, de emissão e de corrente. Se num campo de escoamento uma quantidade de partículas fluidas adjacentes forem marcadas num dado instante, elas formarão uma linha no fluido naquele instante, esta linha é chamada de linha de tempo. Uma linha de trajeto é o caminho ou trajetória traçada por uma partícula fluida em movimento. Para torná-la visível, temos que identificar uma partícula fluida, num dado instante, por exemplo, pelo emprego de um corante; em seguida, tiramos uma fotografia de exposição prolongada do seu movimento subseqüente. A linha traçada pela partícula é uma trajetória Por outro lado, poderíamos preferir concentrar a atenção em um lugar fixo do espaço e identificar, novamente pelo emprego do corante, todas as partículas fluidas que passam por aquele ponto. Após um curto período, teríamos uma certa quantidade de partículas fluidas identificáveis no escoamento. Todas elas, em algum momento, teriam passado por um local fixo no espaço. A linha em que une as partículas fluidas, num ponto fixo no espaço, é definida como linha de emissão. As linhas de corrente são aquelas desenhadas no campo de escoamento, de forma que, num dado instante, são tangentes à direção do escoamento em cada ponto do campo. Como as linhas de corrente são tangentes ao vetor velocidade em cada ponto do campo, não pode haver escoamento através delas. No escoamento permanente, a velocidade em cada ponto do campo permanece constante com o tempo e, em conseqüência, as linhas de corrente não variam de um instante a outro. Isto implica que uma partícula localizada numa determinada linha de corrente permanecerá sobre a mesma. Além disso, partículas consecutivas passando através de um ponto fixo do espaço BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 18 estarão sobre a mesma linha de corrente e, subseqüentemente permanecerão nela. Então num escoamento permanente, trajetórias e linhas de emissão e de corrente são linhas idênticas no campo de escoamento. A forma das linhas de corrente pode variar de instante a instante se o escoamento for transiente. Neste caso, as trajetórias, as linhas de emissão e as linhas de corrente não coincidem. Exemplo: Considere o campo de escoamento , onde a = 0,2 s-2 e b = 3 m/s. As coordenadas são medidas em metros. Para a partícula que passa pelo ponto (x, y) = (3,1) no instante t = 0, trace a trajetória durante o intervalo de tempo de t = 0 a t = 3 s. Compare esta trajetória com as linhas de corrente que passam pelo mesmo ponto nos instantes t = 0, 1 e 3 segundos. Resolução: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 19 Exemplo: O campo de velocidade , onde a = b = 1 s-1, pode ser interpretado como representando o escoamento numa curva em ângulo reto. Obtenha uma equação para as linhas de corrente do escoamento. Trace diversas linhas de corrente no primeiro quadrante, incluindo aquela que passa pelo ponto (x,y) = (0,0). Resolução: A inclinação das linhas de corrente no plano xy é dado por: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 20 Para o campo de velocidade dado, as constantes a e b são fixas. As linhas de corrente são obtidas definindo valores diferentes para a constante de integração c. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 21 8.4. Campo de Tensão Tanto forças de superfície quanto forças de campo são encontradas no estudo da mecânica dos meios contínuos. As forças de superfícies atuam nas fronteiras de um meio através de um contato direto. As forças desenvolvidas sem contato físico e distribuídas por todo o volume do fluido são denominadas forças de campo. As forças gravitacionais e eletromagnéticas são exemplos de forças de campo. A força gravitacional atuando sobre um elemento de volume, dV, é dada por, onde ρ é a massa específica (massa por unidade de volume) e é a aceleração local da gravidade. Segue-se que a força de campo gravitacional é por unidade de volume e por unidade de massa. O conceito de tensão nos dá uma forma conveniente de descrever o modo pela qual as forças atuantes na fronteiras do meio são transmitidas através deles. Então campo de tensões seria a região através da qual as forças atuantes seriam transmitidas através de toda extensão do material. Como a força e a área são ambas quantidades vetoriais, podemos prever que o campo de tensão não será vetorial. O campo de tensões normalmente é chamado de campo tensorial devido ao campo possuir nove componentes que se comportam como um tensor de 2ª ordem. Dividindo a magnitude de cada componente da força pela a área , δAx , e tomando o limite quando δAx se aproxima de zero, definimos as três componentes da tensão mostradas abaixo: Utilizamos o índice duplo para designar tensões. O primeiro índice (neste caso x) indica o plano no qual a tensão atua (neste caso a superfície perpendicular ao eixo x). O segundo índice indica a direção na qual a tensão atua. Também é necessário adotar uma convenção de sinais para a tensão. Uma componente da tensão é positiva quando o seu sentido e o plano no qual atua são ambos positivos ou ambosnegativos. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 22 9. Viscosidade 9.1. Viscosidade Dinâmica ou Absoluta: (µ) Propriedade que determina o grau de resistência do fluido à força de cisalhamento, ou seja, a dificuldade do fluido em escoar. Seja o comportamento de um elemento fluido entre 2 placas infinitas. A placa superior move-se a velocidade constante (δu), sob a influência de uma força aplicada δ Fx. Figura 9 – Deformação de um Elemento de Fluido. A tensão tangencial ou tensão de cisalhamento do elemento fluido é dada por: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 23 A constante de proporcionalidade é a viscosidade absoluta ou dinâmica do fluido, µ. Os fluidos mais comuns, como a água, o ar e a gasolina, são newtonianos em condições normais. Se considerarmos as deformações de dois diferentes fluidos newtonianos, por exemplo, glicerina e água, verificaremos que eles irão se deformar as taxas diferentes sob a ação da mesma tensão de cisalhamento aplicada. A glicerina apresenta uma resistência à deformação muito maior do que a água. Dizemos, então, que ela é muito mais viscosa. A Tab. A.8 apresenta valores de viscosidade absoluta para alguns fluidos. O comportamento da viscosidade para alguns fluidos Newtonianos é apresentado na Fig. A.1 e. A.2. Pode-se notar que, para os gases, a viscosidade aumenta com a temperatura, enquanto que os líquidos apresentam comportamento inverso. 9.2. Viscosidade Cinemática: (ν) Razão entre a viscosidade dinâmica e a massa específica. 9.3. Número de Reynolds: (Re) Número adimensional, obtido pela razão entre as forças de inércia e as forças viscosas. Caracteriza o comportamento global do escoamento de um fluido. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 24 O número de Reynolds é o adimensional mais importante da Mecânica dos Fluidos. Ele determina a natureza do escoamento (laminar ou turbulento). Para escoamentos no interior de tubos, o valor aceito para se caracterizar a transição do escoamento laminar para turbulento é 2300. Para escoamento sobre uma placa plana, o valor é 5x105. Deve-se ressaltar que V* e L* correspondem, respectivamente, à velocidade e ao comprimento característico do escoamento. Para escoamentos no interior de tubos, a velocidade V* é a velocidade média no interior do tubo e L*, o seu diâmetro. Para escoamentos sobre placas planas, V* é a velocidade da corrente livre e L*, o comprimento da placa. Figura 10 – Exemplo para o Cálculo do Número de Reynolds. Como a viscosidade absoluta da glicerina é 1500 vezes superior à viscosidade da água, para que os fluidos, escoando no interior de tubos com o mesmo diâmetro, tenham comportamentos semelhantes (mesmo número de Reynolds), a velocidade da glicerina deve ser 1174 vezes maior do que a velocidade da água. 9.4. Tipos de escoamento: - Escoamento laminar ( em tubulações Re≤ 2300 ) - Escoamento turbulento (Re > 4000) BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 25 Figura 11 – Possível Classificação da Mecânica dos Fluidos. O escoamento compressível ou incompressível é definido a partir de um parâmetro chamado número de Mach, que é definido como sendo a razão da velocidade do escoamento ( ) pela velocidade do som (S) do meio. Exemplo: Um eixo com diâmetro externo de 18 mm gira a 20 rotações por segundo dentro de um mancal de sustentação estacionário de 60 mm de comprimento. Uma película de óleo com espessura de 0,2 mm preenche a folga anular entre o eixo e o mancal. O torque necessário para girar o eixo é de 0,0036 N.m. Estime a viscosidade do óleo que se encontra na folga anular, em (Pa.s) � Resolução: Para calcular a viscosidade do óleo devemos utilizar a fórmula de tensão de cisalhamento: Primeiramente devemos converter a velocidade para uma unidade na qual possamos trabalhar: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 26 Assim podemos calcular o coeficiente de viscosidade dinâmico fazendo analogia à força: 10. Pressão Força exercida em uma unidade de área. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 27 A pressão é uma variável dinâmica muito importante na Mecânica dos Fluidos. Um escoamento só é possível se houver um gradiente de pressão. Para gases ideais, a pressão pode ser relacionada à densidade e à temperatura através da seguinte expressão: Onde R é a constante específica de cada gás, relacionada à constante universal dos gases através da massa molecular do gás MM, sendo MM dada em kg/kmol no sistema Internacional. A Tab. A.4 apresenta as massas moleculares de alguns gases comuns. A Tab. A.9 mostra as propriedades termodinâmicas de gases comuns na condição padrão ou “standard”. A pressão atuando na base de um recipiente contendo um fluido em repouso pode ser calculada da maneira mostrada a seguir: Figura 12 – Exemplo do Cálculo da Pressão na Base de um Recipiente. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 28 10.1. Lei de Pascal: “No interior de um fluido em repouso, a pressão é constante em cada ponto”. Figura 13 – Fluido em Repouso. 11. Fluidoestática É a parte da Mecânica dos Fluidos que estuda o comportamento dos fluidos em repouso. A condição de velocidade nula do fluido é denominada condição hidrostática. Em um problema de hidrostática, o objetivo principal é, em geral, a determinação da distribuição de forças ou pressões em um elemento fluido. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 29 11.1. A equação básica da estática dos fluidos: Dois tipos genéricos de forças podem ser aplicados a um fluido: forças de corpo e forças de superfície. As forças de corpo, também chamadas de forças de campo, são as forças desenvolvidas sem contato físico com o fluido, distribuídas por todo o seu volume. É o caso das forças gravitacionais e eletromagnéticas. De uma maneira geral, a única força de corpo que deve ser considerada na maioria dos problemas de Mecânica dos Fluidos é a força gravitacional, ou o peso. As forças de superfície são aquelas que atuam nas fronteiras de um meio, através do contato direto. Se um fluido estiver em repouso, só poderão estar presentes forças normais à superfície (por definição, o fluido é a substância incapaz de resistir a forças de cisalhamento sem se deformar). A única força de superfície a ser considerada é, portanto, a força de pressão. Seja um volume fluido infinitesimal, de dimensões dx, dy e dz, como mostrado na Fig.14. Figura 14 – Volume de Controle Infinitesimal. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 30 A 2ª Lei de Newton estabelece que: Para um elemento fluido em repouso, a aceleração deve ser nula e o somatório de todas as forças deve ser zero. Assim, Esta é uma equação vetorial, que pode ser decomposta em três equações escalares, Para simplificar a equação, é conveniente adotar um sistema de eixos no qual o vetor gravitacional esteja alinhado com um dos eixos. Se o sistema for escolhido com o eixo z apontado para cima , as equações podem ser reescritas como: Se o fluido puder ser considerado incompressível, a diferença de pressão entre dois pontos do fluido será diretamente proporcional à diferença de altura entre eles (Fig.15). BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 31 Conclusões: 1. Não há variação de pressão na direção horizontal, ou seja, dois pontos quaisquer, situados a uma mesma altura e no mesmo fluido em repouso, estão submetidos à mesma pressão; 2. A pressão variana direção vertical, sendo esta variação devida ao peso da coluna fluida (Equação Fundamental da Hidrostática); 3. No limite para ∆z infinitamente pequeno (elemento tendendo a um ponto), Pz = Pn = Px, ou seja, a pressão em um ponto de um fluido estático é independente da orientação (Lei de Pascal). Se o fluido puder ser considerado incompressível, a diferença de pressão entre dois pontos do fluido será diretamente proporcional à diferença de altura entre eles - Equação Fundamental da Hidrostática (Fig.15). Figura 15 – Variação de Pressão em um Fluido Estático. Os valores de pressão devem ser estabelecidos em relação a um nível de referência. As maneiras de se expressar a pressão variam, portanto, com o nível de referência adotado. Quando o nível de referência é zero (vácuo), as pressões são denominadas absolutas. Quando o nível de referência é a pressão atmosférica local, as pressões são denominadas pressões manométricas ou efetivas. 11.2. Pressão Pressão medida tomando-se como referência o valor da pressão atmosférica (Patm). Patm = 1atm = 101,325 kPa = 1,0332x104 kgf/m2 = 1,0332 kgf/cm2 = 10,332 m.c.a. = 760 mmHg BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 32 A pressão manométrica pode assumir valores positivos, negativos ou nulos. Se P>Patm, Pman > 0 Se P<Patm, Pman < 0 Se P=Patm, Pman = 0 11.3. Pressão Absoluta: Pressão medida a partir do zero absoluto. Pabs = Patm + Pman ou Pman = Pabs − Patm A pressão a ser utilizada em cálculos envolvendo equações de gás ideal ou outras equações de estado é a pressão absoluta. Figura 16 – Exemplo do Cálculo das Pressões Absoluta e Manométrica. 11.4. O Barômetro de Mercúrio: A aplicação mais simples da lei da hidrostática é o barômetro, que é um medidor de pressão atmosférica. Neste dispositivo, um tubo é preenchido com um fluido de alto peso específico (geralmente o mercúrio), invertido e mergulhado em um reservatório contendo o mesmo fluido. No processo de inversão do tubo, o mercúrio desce, criando vácuo na parte superior do tubo, como mostrado na Fig. 17. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 33 Figura 17 – O Barômetro de Mercúrio. 11.5. Aplicação para a Manometria: Uma variação na elevação é equivalente a uma variação de pressão. Figura 18 – Variação de Pressão em uma Coluna de Múltiplos Fluidos. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 34 Exemplo: 1) Determine a pressão manométrica no ponto “a”, se o líquido A tem densidade relativa dA= 0,75, e o líquido B, dB=1,20. O líquido em volta do ponto “a” é água e o tanque à esquerda está aberto para a atmosfera. Figura 19 – Ilustração do exemplo acima, vasos comunicantes. Resolução: Para calcular a pressão no ponto´´a´´, devemos calcular a diferença de pressão do ponto em aberto (Patm), até chegar em ´´a´´. Primeiramente faremos algumas transformações para simplificar os cálculos: 1 pol = 25,4 mm 36 pol = 0,914 m 15 pol = 0,381 m 10 pol = 0,254 m 5 pol = 0,127 m BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 35 Calculamos as diferenças de pressão: Temos então como pressão no ponto “a”´: Pa = 7.831,81Pa 11.6. Tipos de Manômetros: 11.6.1. Manômetros de líquido: São tubos transparentes e curvos, geralmente em forma de U, que contêm o líquido manométrico. Para medição de altas pressões, utilizam-se fluidos com altos pesos específicos, como o mercúrio. No caso de menores pressões, utilizam-se fluidos com menores pesos específicos, como água ou óleo. Figura 20 – Manômetro de Líquido. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 36 Figura 21 – Manômetro de Líquido. Figura 22 – Manômetro de Líquido. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 37 11.6.2. Manômetros metálicos: São instrumentos usados para medir as pressões dos fluidos através de um tubo metálico curvo (Tubo de Bourdon) ou de um diafragma, que cobre um recipiente metálico. São os manômetros mais utilizados em aplicações industriais. Figura 23 – Tubo de Bourdon. Figura 24 – Manômetro de Diafragma. 12. Equilíbrio dos Corpos Flutuantes Um corpo flutuante ou submerso em um fluido sofre um empuxo de baixo para cima de uma força igual ao peso do volume do fluido deslocado. As densidades dos líquidos podem ser determinadas observando-se a profundidade de flutuação de um densímetro. Se um corpo está imerso ou flutua em um fluido, a força que nele atua denomina-se empuxo de flutuação. Seja o objeto mostrado na Fig. 25, imerso em um fluido em repouso. Figura 25 – Corpo Imerso em um Fluido Estático. O empuxo vertical no cilindro elementar de volume é dado por: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 38 12.1. Princípio de Arquimedes: “Todo corpo imerso em um fluido em equilíbrio recebe, por parte do fluido, um empuxo vertical de baixo para cima, numericamente igual ao peso do volume deslocado pelo corpo.” O corpo pode estar, no entanto, imerso ou flutuando no fluido. Corpo Imerso: E = peso do volume de fluido deslocado Corpo Flutuante: E = peso do volume de fluido deslocado BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 39 Situações Possíveis: • Corpo Permanece Totalmente Imerso e em Equilíbrio: • Corpo Afunda • Corpo Fica Parcialmente Imerso O ponto de aplicação do empuxo é chamado Centro de Flutuação ou de Carena (C). Corresponde ao centro de gravidade do volume de fluido deslocado. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 40 • Corpo Permanece Totalmente Imerso e em Equilíbrio: O centro de flutuação coincide com o centro de gravidade do corpo. • Corpo Afunda O centro de flutuação coincide com o centro de gravidade do corpo. • Corpo Fica Parcialmente Imerso O centro de flutuação está localizado abaixo do centro de gravidade do corpo. Quando o corpo está em equilíbrio, E e W possuem a mesma linha de ação. Se o corpo for afastado da condição de equilíbrio, pode ocorrer uma das seguintes situações: • Corpo imerso BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 41 Se for aplicado um afastamento θ do equilíbrio no corpo, ele permanecerá na nova posição. Assim, E e W estarão sempre na mesma linha de ação. Nesta situação, o corpo está em equilíbrio indiferente. • Corpo flutuante Figura 26 – Cálculo do Metacentro de um Corpo Submerso. Se o corpo for inclinado de um pequeno ângulo ∆θ (Fig. 26b), o volume da parte de fluido deslocado irá se alterar, provocando uma mudança na posição do centro de flutuação do corpo, que muda de B para B'. A linha vertical passando por B' irá interceptar a linha de simetria do corpo no ponto M, chamado Metacentro. Se o metacentro estiver localizado acima do CG do corpo, haverá um momento restaurador, que tenderá a retornar o corpo para a sua posição de equilíbrio inicial. Neste caso, o corpo se encontra em equilíbrio estável. Se o metacentro estiver localizado abaixo do CG do corpo, o momento tenderá a afastar o corpo ainda mais da posição de equilíbrio inicial. Neste caso, o corpo está em equilíbrio instável. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 42 13. Fluidodinâmica Os fluidos podem ser analisados utilizando-se o conceito de sistema ou de volume de controle, figuras 27 e 28. 13.1. Sistema: Quantidade fixa e definida de massa fluida. Os limites do sistema podem serfixos ou móveis, mas não se verifica transporte de massa através deles. Figura 27 – Conjunto Pistão-Cilindro. 13.2. Volume de Controle: Volume arbitrário do espaço, através do qual o fluido escoa. O contorno geométrico do volume de controle é denominado Superfície de Controle. A superfície de controle pode ser real ou imaginária, e pode estar em repouso ou em movimento. Figura 28 – Escoamento de um Fluido através de um Tubo. 13.3. A relação entre as derivadas do sistema e a formulação para volume de controle: As leis da Mecânica são escritas para um sistema. Elas estabelecem o que ocorre quando há uma interação entre o sistema e suas vizinhanças. No entanto, em muitos problemas de Mecânica dos Fluidos, é mais comum a análise dos problemas utilizando-se a formulação de volume de controle. O teorema de Transporte de Reynolds permite que as leis da Mecânica BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 43 sejam escritas para um volume de controle. Se N for uma propriedade extensiva arbitrária qualquer, o Teorema de Transporte de Reynolds estabelece que: 13.4. Equação da continuidade (de conservação da massa) para um volume de controle arbitrário: Se este teorema for aplicado à equação de conservação da massa, BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 44 13.4.1. Casos especiais: Em algumas situações, é possível simplificar a equação de conservação da massa. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 45 A velocidade do escoamento varia em uma dada seção. Define-se a magnitude da velocidade média em uma seção como sendo a razão entre a vazão volumétrica e a área da seção, ou: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 46 13.4.2. Vazão Mássica e Vazão Volumétrica: Seja um escoamento unidimensional, ou seja, um escoamento que pode ser descrito por apenas uma coordenada espacial s, função do tempo, ou seja, por s(t). Figura 29 – Escoamento Unidimensional. Seja m a massa fluida ocupando a área A no instante de tempo t: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 47 A vazão mássica e a vazão volumétrica podem ser relacionadas pela expressão: 13.5. 1a Lei da Termodinâmica aplicada ao volume de controle: A primeira lei da Termodinâmica é uma afirmação da conservação da energia. Sua formulação para sistema é: A fim de deduzir a formulação para volume de controle, da primeira lei da termodinâmica, estabelecemos: N = E BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 48 É importante ressaltar que a dedução da equação está além do escopo desta disciplina. Para maiores informações, recomenda-se consultar os livros de Mecânica dos Fluidos sugeridos. Na equação, é qualquer taxa de trabalho de eixo (potência) realizado sobre ou pelo volume de controle, é qualquer taxa de trabalho não considerada, como trabalho produzido por forças eletromagnéticas. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 49 Exemplo: Ar entra em compressor a 14 psia, 80ºF com velocidade desprezível e é descarregado a 70 psia, 500ºF, com velocidade de 500 pés/s, se a potência fornecida ao compressor for 3200 hp e a vazão em massa 20 lbm/s, determine a taxa de transferência de calor. � Resolução: Para calcular a taxa de transferência de calor precisamos recorrer à seguinte fórmula: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 50 13.6. Equação de Bernoulli: Muitas vezes, deseja-se aplicar a equação de conservação da energia para o escoamento em regime permanente de um fluido incompressível no interior de uma tubulação, com apenas uma entrada e uma saída de massa. Para esta situação, a equação da energia pode ser simplificada. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 51 13.6.1. A Equação de Bernoulli para fluidos ideais: Para escoamentos de fluidos incompressíveis para os quais se pode desprezar os efeitos de atrito (fluidos ideais), têm que: A energia em qualquer ponto da massa fluida em um escoamento incompressível em regime permanente é constante. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 52 13.6.1.1. Visualização gráfica da equação de Bernoulli: Muitas vezes, é conveniente representar o nível de energia de um escoamento por meios gráficos. Cada termo na equação de Bernoulli, na forma apresentada tem dimensões de comprimento, ou carga do fluido em escoamento. Os termos individuais são: Para um fluido ideal sem trabalho de eixo, a energia mecânica total se conserva. A energia total por unidade de peso do fluido (ou carga total do escoamento). A linha energética representa a altura de carga total. Conforme mostrado na equação de Bernoulli, a altura da linha energética permanece constante para o escoamento sem atrito, quando nenhum trabalho é realizado sobre ou pelo fluido. A linha piezométrica representa a soma das alturas de carga devidas à elevação e à pressão estática. A diferença entre as alturas da linha energética e da linha piezométrica representa a altura de carga dinâmica (de velocidade). Figura 30 – Linhas Energética e Piezométrica para Escoamento Unidimensional em um Duto. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 53 13.6.2. Aplicações da Equação de Bernoulli: 13.6.2.1. Teorema de Torricelli: Seja um recipiente de paredes delgadas com a área da superfície livre constante, contendo um fluido ideal, escoando em regime permanente através de um orifício lateral. Figura 31 – Escoamento de um Fluido Ideal em um Recipiente de Paredes Delgadas. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 54 Teorema de Torricelli: “A velocidade de um líquido jorrando por um orifício através de uma parede delgada é igual à velocidade que teria um corpo em queda livre de uma altura h.”. 13.6.2.2. Medidores de vazão: Freqüentemente, é necessário medir a vazão que passa por uma tubulação. Existem diferentes dispositivos capazes de efetuar esta medição, divididos principalmente em duas classes: instrumentos mecânicos e instrumentos de perda de carga. Os instrumentos mecânicos medem a vazão real do fluido, retendo e medindo uma certa quantidade. Os dispositivos de perda de carga obstruem o escoamento, causando a aceleração de uma corrente fluida, como mostra na fig. 32 para um bocal genérico. Figura 32 – Escoamento Interno através de um Bocal Genérico mostrando o volume de controle usado para análise. A separação do escoamento na borda viva da garganta do bocal provoca a formação de uma zona de recirculação, como mostrado pelas linhas tracejadas a jusante do bocal. A corrente principal do escoamento continua a se acelerar após a garganta, formando uma vena contracta na seção 2 e, em seguida, desacelera-se para preencher toda a seção do tubo. Na vena contracta, a área de escoamento é mínima e a velocidade é máxima. A vazão teórica pode ser relacionada ao gradiente de pressão através da aplicação da equação de Bernoulli para fluidos ideais e da equação de conservação de massa. A equação de Bernoulli estabelece que BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 55 BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 56 No entanto, diversos fatores limitam a utilidade da equação anterior para o cálculo da vazão através do medidor. A área do escoamento real na seção 2 é desconhecida quando a vena contracta é pronunciada. Em geral, os perfis de velocidade não podem ser considerados uniformes na seção. Os efeitos de atrito podem se tornar importantes quando os contornos medidos são abruptos. Finalmente, a localização das tomadas de pressão influencia a leitura da pressão diferencial.A equação teórica é ajustada pela definição de um coeficiente de descarga empírico tal que: Deve ser observado que no cálculo da vazão real a área que deve ser utilizada é a área da garganta, e não a área do escoamento na seção 2. São apresentados na literatura valores para os coeficientes dos medidores de vazão, medidos com distribuições de velocidades turbulentas, completamente desenvolvidas na entrada do medidor. 13.6.2.2.1. Tubo de Venturi: O tubo de Venturi é um dispositivo utilizado para medição da vazão ou da velocidade em uma tubulação. Consiste em uma redução da seção do escoamento, provocando um aumento de velocidade e uma queda na pressão. Em geral, os medidores são fundidos e usinados com pequenas tolerâncias, de modo a reproduzir o desempenho de projeto. A perda de carga total é baixa. Dados experimentais mostram que os coeficientes de descarga variam de 0,98 a 0,995 para altos números de Reynolds (maiores que 2.105). Por isso, C= 0,99 pode ser usado para medir a vazão em massa com cerca de 1% de erro. Para menores números de Reynolds, a literatura dos fabricantes deve ser consultada. A diferença de pressão entre um ponto no escoamento e um ponto no estrangulamento é medida através de um líquido manométrico, como mostrado na fig. 33 Figura 33 – Tubo de Venturi. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 57 13.6.2.2.2. Tubo de Pitot: Assim como o tubo de Venturi, o tubo de Pitot é um dispositivo utilizado para a medição de vazão ou a velocidade de um escoamento. Podem ser utilizadas 2configurações. Na primeira (Fig. 34), um tubo é inserido no escoamento. Ao entrar no tubo, a velocidade do fluido é reduzida a zero, sem atrito. Aplicando-se a equação de Bernoulli: Figura 34 – Medição de pressão estática – Tubo de Pitot. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 58 Na segunda configuração, é inserido um fluido manométrico, no qual será lida a diferença de cotas (Fig. 35). Aplicando-se a equação de Bernoulli ao fluido A, Figura 35 – Tubo de Pitot com fluido manométrico. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 59 13.6.2.2.3. Placa de orifício: A placa de orifício é uma placa fina que pode ser colocada entre flanges. Como a sua geometria é simples, é de baixo custo e de fácil instalação e reposição. As principais desvantagens são a sua capacidade limitada e a elevada perda de carga. As tomadas de pressão podem ser posicionadas em diversos locais. Como a localização das tomadas influencia o coeficiente de descarga, valores consistentes devem ser selecionados de manuais. A equação de correlação recomendada para um orifício concêntrico com tomadas de canto (fig.36) é: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 60 Figura 36 (a) – Geometria de orifício e localização de tomadas de pressão – Placa de orifício. Equações de correção similares estão disponíveis para placas de orifícios com tomadas de flange e com tomadas de pressão D e D/2. Figura 36 (b) – Placa de Orifício. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 61 A1 = área da seção reta do tubo. A3 = área da seção reta à entrada do orifício (montante). A2 = área da seção reta à saída do orifício (jusante). Aplicando a equação de Bernoulli entre A1 e A2, temos: Para obtermos a vazão real, devemos considerar o coeficiente de velocidade “CV” responsável pelas perdas por atrito e choques no orifício, então: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 62 13.6.2.2.4. Pressão de estagnação: É obtida quando um fluido em movimento é desacelerado até a velocidade zero por meio de um processo sem atrito. Figura 37 – Medições simultâneas das pressões de estagnação e estática. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 63 P: pressão estática (é a pressão termodinâmica, é aquela pressão que seria medida por um instrumento movendo-se com o escoamento). 13.7. Equação de Bernoulli para fluidos reais – perda de carga: Este último termo é denominado perda de carga, (∆HP) que é a energia por unidade de peso do líquido, dissipada em forma de calor devido à viscosidade e ao desvio de massa pelos acessórios e, quando turbulento o regime de escoamento, pela rugosidade. 13.7.1. Visualização gráfica da equação de Bernoulli para fluidos reais: Figura 38 – Linhas Energética e Piezométrica para Escoamento de um Fluido Real. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 64 A perda de carga entre duas seções quaisquer do escoamento pode ser calculada através de relações empíricas que dependem principalmente do regime de escoamento e da rugosidade relativa do duto. 13.7.2. Tipos de perda de carga: 13.7.2.1. Perdas de carga contínuas: ocorre nos trechos retos. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 65 O principal problema consiste então na determinação do fator de atrito. Basicamente, ele depende da rugosidade (ε) e do diâmetro da tubulação (D), da velocidade média do escoamento) e das propriedades do fluido (ρ e µ). Através da análise dimensional, obtém-se que o fator de atrito é função de 2 adimensionais: a rugosidade relativa (k/D ou ε/D) e o número de Reynolds. O adimensional de Reynolds, ou Re é dado por: O fator de atrito depende do regime de escoamento. Para escoamentos laminares, o fator de atrito pode ser calculado por: Para escoamentos turbulentos, a determinação do fator de atrito é mais complicada. A expressão mais largamente utilizada é a de Colebrook: No entanto, a expressão anterior é transcendental, ou seja, deve ser resolvida por um procedimento iterativo. Miller sugere um valor inicial para o fator de atrito (f0), dado por: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 66 Substituindo-se o resultado da equação de Miller na equação de Colebrook, pode-se determinar um valor para o fator de atrito com cerca de 1% de erro. Os valores do fator de atrito, para escoamentos laminares e turbulentos, foram determinados experimentalmente para uma série de valores de Re e de (k/D ou ε/D) e sumarizados em um ábaco (Fig.38), denominado Ábaco de Moody. Moody apresenta também uma tabela (Tab.3) para determinação da rugosidade absoluta (ε) em tubos, para alguns materiais comuns de engenharia. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 67 (KIWTC������DCEQ�FG�/QQF[�� BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 68 Figura 40 – Determinação da Rugosidade Relativa. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 69 13.7.2.2. Perdas de carga localizadas: Em um sistema real, muitas vezes o escoamento é obrigado a passar por uma série de acessórios, conexões, curvas ou mudanças abruptas de seção e direção. Ao passar por estes obstáculos, o escoamento perde energia e tem sua pressão diminuída. As perdas de carga locais foram determinadas experimentalmente e modeladas segundo duas equações diferentes. 1o método: Método direto k: é o coeficiente de perda local (característica do acessório – Fig. 41) (KIWTC����–?�8CNQTGU�CRTQZKOCFQU�FG�M�� BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 70 2o método: Método dos comprimentos equivalentes Consiste em transformar o acessório em trecho reto com o mesmo diâmetro e material.Figura 42 – Comprimentos Equivalentes para Tubulações de Ferro fundido e Aço. A entrada do escoamento em tubos pode causar uma perda de carga considerável, se for mal projetada. Na Tab. 4, são apresentadas 3 geometrias básicas de entradas. Para saídas, o coeficiente de perda local vale 1,0. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 71 Tabela 4 – Coeficiente de Perda de Carga para Entrada de Tubos. Toda energia cinética do fluido é dissipada pela mistura quando o escoamento descarrega de um tubo em um grande reservatório ou câmara (saída submersa). Assim, para uma saída submersa, o coeficiente de perda é igual a α, não importando a geometria. Um escoamento pode ainda sofrer uma expansão ou contração abrupta. Para este caso, a Tab. 5 apresenta os coeficientes de perda de carga, em função da razão de área AR (razão entre a menor e a maior área da contração ou expansão). Tabela 5 – Coeficientes de Perda de Carga para Contração e Expansão. Para uma expressão abrupta, o coeficiente de perda de carga pode ser modelado pela equação: BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 72 As perdas decorrentes da variação de área podem ser reduzidas pala instalação de um bocal ou um difusor entre as duas seções de tubo reto. Um bocal é um dispositivo utilizado para a redução gradual da seção do escoamento (Fig.43). A Tab. 6 apresenta os coeficientes de perda de carga para bocais, para diferentes razões de área e para diferentes ângulos θ. Figura 43 – Redução de Área – Bocal. Tabela 6 – Coeficientes de Perda de Carga para Redução Suave da Seção As perdas em difusores (expansão gradual da seção do escoamento) dependem de diversas variáveis geométricas e do escoamento. Como um difusor provoca um aumento da pressão estática do escoamento (redução da velocidade média), o coeficiente de perda é comumente apresentado em termo de um coeficiente de recuperação de pressão, CP: O coeficiente de perda é dado por Definindo-se um coeficiente ideal de recuperação de pressão, CPi, como o coeficiente de recuperação que existiria se os efeitos de atrito fossem desprezados. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 73 A Fig. 44 apresenta os coeficientes de carga para difusores, em função do ângulo total do difusor. Figura 44 – Coeficiente de Perda de Carga para um Difusor. Deve ser observado que as perdas de carga são obtidas ao se multiplicar o coeficiente de perda por (U2/2g). No entanto, em uma redução ou aumento de seção, há duas velocidades diferentes; a da maior e a da menor seção. Para estes casos, sempre deve ser usado o maior valor de velocidade. As perdas de carga em escoamentos através de válvulas e conexões também podem ser escritas em termos de comprimentos equivalentes de tubos retos. Estes valores, para cada um dos acessórios, são mostrados na Tab. 7. Tabela 7 – Comprimento Equivalente Adimensional para Válvulas e Conexões. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 74 Válvulas são dispositivos destinados a estabelecer, controlar e interromper a descarga de fluidos em tubulações. Algumas garantem a segurança da instalação e outras permitem desmontagens para reparos ou substituições de elementos da instalação. Existe uma grande variedade de tipos de válvulas, cuja escolha depende da natureza da operação a realizar, das propriedades físicas e químicas do fluido considerado, da pressão e da temperatura do escoamento e da forma de acionamento pretendida. As válvulas de gaveta (Fig.45) são válvulas mais empregadas para escoamento de líquidos. Possuem custo relativamente reduzido e permitem a redução da vazão do escoamento através do volante situado na parte superior do corpo da válvula. Quando o volante é girado, a válvula desliza para baixo na seção. Figura 45 – Válvula de gaveta. As válvulas de esfera são válvulas de uso geral, de fechamento rápido, muito usadas para ar comprimido, vácuo, vapor, gases e líquidos. O controle do fluxo é feito por meio de uma esfera, possuindo uma passagem central e localizada no corpo da válvula. O comando é, em geral, manual, com auxílio de uma alavanca. Estas válvulas não se aplicam, a casos em que se pretende variar a vazão, mas apenas abrir ou fechar totalmente a passagem do fluido. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 75 As válvulas globo (Fig. 46) possuem uma haste parcialmente rosqueada em cuja extremidade existe um alargamento, tampão ou disco para controlar a passagem do fluido por orifício. Servem para regular a vazão, pois podem trabalhar com tampão da vedação do orifício em qualquer posição, embora acarretem grandes perdas de carga, mesmo com abertura máxima. Figura 46 – Válvula Globo. As válvulas de retenção (Fig.47) permitem o escoamento em um só sentido. Quando há a tendência de inversão no sentido do escoamento, fecham automaticamente pela diferença de pressão provocada. Figura 47 – Válvula de Retenção. Existe um número muito grande de dados experimentais para as perdas da carga localizadas. Os valores apresentados constituem uma compilação dos dados da literatura, proposta por Fox e McDonald (2001). Eles devem ser considerados como dados representativos para algumas situações comumente encontradas. Para válvulas, o projeto irá variar significativamente, dependendo do fabricante. Sempre que possível, os valores fornecidos pelos fabricantes deverão ser utilizados para a obtenção de dados mais precisos. Além disso, como as perdas de carga introduzidas por acessórios e válvulas irão variar consideravelmente, dependendo dos BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 76 cuidados tomados durante a fabricação da tubulação. Rebarbas do corte de trechos de tubos, por exemplo, poderão causar obstruções locais, com aumento considerável das perdas. 13.8. Potência fornecida por uma bomba Se for necessário transportar um fluido de um ponto a outro situado em uma posição mais elevada, pode-se utilizar uma bomba. A bomba fornecerá ao fluido uma quantidade de energia por unidade de peso do fluido Hman. Figura 48 – Elevação de um Fluido com uma Bomba. Hman: é a energia por unidade de peso do fluido fornecida pela bomba (altura manométrica). É a energia fornecida a cada kgf de líquido para que partindo do reservatório inferior atinja o BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 77 reservatório superior, vencendo a diferença de pressão entre os reservatórios, a altura de desnível geométrico e a perda de carga DIM[L]. No entanto, a energia disponível para a bomba é diferente da energia transferida pela bomba para o fluido. Uma parte da energia é perdida por fugas de massa e por dissipação por atrito no interior da bomba. A eficiência da bomba é definida então como sendo a razão entre a energia disponível para o fluido e a energia disponível para a bomba, ou seja, a razão entre a potência real da bomba e a sua potência ideal. Exemplo: Um conjunto elevatório esquematizado na figura abaixo trabalha nas seguintes condições: - Vazão = 100 l.s-1 - Material = Ferro fundido - Rendimento total = 75% - Diâmetro da tubulação de recalque = 200 mm - Diâmetro da tubulação de sucção = 250 mm Determinar: a) Perda de carga na linha de sucção em (m). b) Perda de carga na linha de recalque em (m). c) Altura manométrica em (m). d) Potência da bomba de acionamento em (cv). BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 78 Figura 49 – Conjunto elevatório referente ao exemplo acima Resolução: Para calcularmos os itens acima, iremos dividir em dois blocos: Sucção e Recalque.BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 79 * Obtenção do fator de atrito: Pelo fato do número de Reynolds ter sido maior que 4.000 o escoamento se caracteriza turbulento. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 80 BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 81 14. Transferência de Calor 14.1. Introdução Sempre que existir um gradiente de temperatura no interior de um sistema ou dois sistemas a diferentes temperaturas colocadas em contato, haverá transferência de energia por calor. A transferência de calor é o trânsito de energia provocado por uma diferença de temperatura, no sentido da temperatura mais alta para a mais baixa. Figura 50 - Transferência de calor. Os processos de transferência de calor devem obedecer às leis da Termodinâmica: 1a Lei da Termodinâmica: A energia não pode ser criada ou destruída, mas apenas transformada de uma forma para outra. 2a Lei da Termodinâmica: É impossível existir um processo cujo único resultado seja a transferência de calor de uma região de baixa temperatura para outra de temperatura mais alta. 14.2. Modos de Transferência de Calor: Os diferentes processos através dos quais o calor é transmitido são chamados modos. Os modos de transferência de calor são: condução, convecção e radiação. 14.2.1. Condução: Transferência de calor que ocorre em um meio estacionário, que pode ser um sólido ou um fluido. É um processo pelo qual o calor flui de uma região de temperatura mais alta para outra de temperatura mais baixa dentro de um meio (sólido, líquido ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato físico direto. A energia é transferida através de comunicação molecular direta, sem apreciável deslocamento das moléculas. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 82 Figura 51 – Associação da transferência de calor por condução à difusão da energia provocada pela atividade molecular. 14.2.2. Convecção: Transferência de calor que ocorre entre uma superfície e um fluido em movimento, quando estiverem em temperaturas diferentes. É um processo de transferência de energia através da ação combinada de condução de calor, armazenamento de energia e movimentação da mistura. É importante principalmente como mecanismo de transferência de energia entre uma superfície sólida e um fluido. Figura 52 – Processos de transferência convectiva de calor. (a) Convecção natural. (b) Convecção forçada. 14.2.3. Radiação: Energia emitida na forma de ondas eletromagnéticas por uma superfície a uma temperatura finita. É a energia emitida por toda matéria que se encontra a uma temperatura não nula. O calor radiante é emitido por um corpo na forma de impulsos, ou quantas de energia. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 83 Figura 53 – Troca radiativa entre uma superfície e as suas vizinhanças. A radiação térmica é a energia eletromagnética propagada na velocidade da luz, emitida pelos corpos em virtude de sua temperatura. Os átomos, moléculas ou elétrons são excitados e retornam espontaneamente para os estados de menor energia. Neste processo, emitem energia na forma de radiação eletromagnética. Uma vez que a emissão resulta de variações nos estados eletrônicos, rotacional e vibracional dos átomos e moléculas, a radiação emitida é usualmente distribuída sobre uma faixa de comprimentos de onda. Estas faixas e os comprimentos de onda representando os limites aproximados são mostrados na Fig. 54. Figura 54 – Troca radiativa entre uma superfície e as suas vizinhanças. 14.3. Leis Básicas da Transferência de Calor: Equações de Taxa BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 84 Todos os processos de transferência de calor podem ser quantificados através da equação de taxa apropriada. A equação pode ser usada para se calcular a quantidade de energia transferida por unidade de tempo. A taxa de energia é denotada por q, e tem unidade de (W – Watt) no sistema internacional. Outra maneira de se quantificar a transferência de energia é através do fluxo de calor, q" , que é a taxa de energia por unidade de área (perpendicular à direção da troca de calor). No sistema internacional, a unidade do fluxo é (W/m2). 14.3.1. Condução Equação de taxa: Lei de Fourier A taxa de calor pode ser obtida multiplicando-se o fluxo de calor pela área perpendicular à direção da transferência de calor, qcond = −kA dT dx O sinal negativo aparece porque o calor está sendo transferido na direção da temperatura decrescente. A lei de Fourier se aplica a todos os estados da matéria (sólidos, líquidos e gases), desde que estejam em repouso. Seja a transferência unidimensional de calor em uma parede plana (Figura 55). Figura 55 – Transferência de Calor em uma Parede Plana. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 85 Considere que, na parede mostrada na figura 55, a superfície em x = 0 se encontra a uma temperatura T1 e a superfície em x = L se encontra a T2. A transferência de calor é, portanto, unidimensional (direção x). Para regime permanente sem geração interna de calor, pode-se considerar que a distribuição de temperaturas no interior da parede é linear. Assim, o gradiente de temperatura pode ser dado por: Exemplo: 1) Uma parede de concreto, área superficial de 20 m2 e espessura de 0.30 m, separa uma sala de ar condicionado do ar ambiente. A temperatura da superfície interna da parede é mantida a 25ºC, e a condutividade térmica do concreto é 1W/m.K. Determine a perda de calor através da parede para as temperaturas ambientes internas de – 15 ºC e 38 ºC que correspondem aos extremos atingidos no inverno e no verão. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 86 14.3.2. Convecção Equação de taxa: Lei de Resfriamento de Newton Figura 56 – Transferência Convectiva de Calor. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 87 Exemplo: 1) Um circuito integrado (chip) quadrado com lado w = 5 mm opera em condições isotérmicas. O chip está alojado no interior de um substrato de modo que suas superfícies laterais e inferior estão bem isoladas termicamente, enquanto sua superfície superior encontra-se exposta ao escoamento de uma substância refrigerante a T∞ = 15ºC. A partir de testes de controle de qualidade, sabe-se que a temperatura do chip não deve exceder a T= 85ºC. Se a substância refrigerante é o ar, com coeficiente de transferência de calor por convecção correspondente de h= 200 W/m2.K. Determine a potência máxima que pode ser dissipada pelo chip. BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 88 14.3.3. Radiação Lei de Stefan-Boltzmann A radiação com comprimento de onda de aproximadamente 0,2 µm a 1000 µm é chamada radiação térmica e é emitida por todas as substâncias em virtude de sua temperatura. O fluxo máximo que pode ser emitido por uma superfície é: q“rad =σTs4 onde: q”rad: Energia emitida por unidade de área da superfície (W/m2) Ts: Temperatura absoluta da superfície (K) σ: Constante de Stefan-Boltzmann (5,67x10-8W/m2K4) Uma superfície capaz de emitir esta quantidade de energia é chamada um radiador ideal ou um corpo negro. Um corpo negro pode ser definido também como um perfeito absorvedor de radiação. Toda a radiação incidente sobre um corpo negro (independentemente do comprimento de onda ou da direção) será absorvida. Embora um corpo negro não exista na natureza, alguns materiais se aproximam de um corpo negro. Por exemplo, uma camada fina de carbono preto pode absorver aproximadamente 99% da radiação térmica incidente. A
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