Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
@elavairevalidar. – Dra. Scarlat Ohara MATERIAL MENTORIA INTENSIVA @elavairevalidar Material de apoio direcionado exclusivamente ao mentorandos 2021. CIRUR GIA Dra, Scarlat Ohara @elavairevalidar cirurgia CIRURGIA Trauma As mortes ocasionadas pelo trauma possuem distribuição trimodal, sendo que o primeiro momento (TCE, TRM) não possui tratamento, apenas prevenção. O segundo momento (minutos até 24h) depende do sistema de saúde e do ATLS. O terceiro momento (mais de 24h) depende dos sistemas de saúde e da medicina. 50% - Segundos a minutos (TCE, trauma cardíaco, medular, lacerações de aorta) 30% - Minutos até 24h (lesões possíveis de tratar) 20% - Acima e 24h (sepse, disfunção sistêmica de múltiplos órgãos, TEP) Atendimento inicial A Coluna cervical (colar + prancha rígida) + via aérea B Respiração - O2, exame físico, oxímetro C Circulação - AV, reposição volêmica, controle da hemorragia D Disfunção neurológica – Glasgow, pupilas, extremidades E Exposição + controle do ambiente – prevenção de hipotermia A) COLUNA CERVICAL + VIA AÉREA Estabilizar a coluna cervical (colar + prancha) Via aérea: via aérea está pérvia? VIA AÉREA ESTÁ PÉRVIA? SIM NÃO Fonação preservada Afastar corpo estranho (perguntar o nome) VIA AÉREA – TIPOS: DEFINITIVA x TEMPORÁRIA Via aérea definitiva Via aérea temporária Protege a via aérea Balonete insuflado Ex.: IOT*, INT, crico cirúrgica, traqueostomia Não protege a via aérea Ex.: crico por punção, máscara laríngea, combitubo Obs.: a intubação orotraqueal é a mais utilizada, mas o padrão ouro irá depender da situação de cada paciente. Na IOT tem o tempo de uma apneia. Como saber se esta bem entubado? Exame físico, capnografia, raio-x. Para uma intubação nasotraqueal é necessário um paciente cooperativo, o que nem sempre teremos em caso de trauma. Se não consigo ou não posso intubar, se usa máscara laríngea ou combitubo (temporários). Se não tiver nenhum, parte-se para a cricotireodostomia (definitiva). A traqueostomia é deixada como um procedimento eletivo. A cricotireoidostomia deve ser cirúrgica, sendo contraindicada em < 12 anos; neste caso, optar por cricotireoidostomia por punção, com jelco Y à 15L/min, com relação I:E 1:4 por no máximo 30-45 minutos. Indicações de cricotireoidostomia: Impossibilidade de visualizar vias aéreas Trauma maxilofacial extenso Distorção anatômica do pescoço Traqueostomia Grande indicação: FRATURA DE LARINGE (presença de rouquidão, enfisema, palpação de instabilidade na região da laringe). Na fratura de laringe pode-se tentar a intubação orotraqueal, não a conseguindo, partiremos para a traqueostomia (última edição do Sabiston e do ATLS). Oferecer O2 11l/min Via aérea artificial INDICAÇÕES VA ARTIFICIAL Apneia Proteção de via aérea Incapacidade de manter oxigenação com máscara TCE grave (Glasgow ≤ 8) / / / / / / / / / B) RESPIRAÇÃO Oferecer O2 Exame físico respiratório Oximetria de pulso 3 armadilhas do “B”: pneumotórax hipertensivo e aberto e hemotórax Pneumotórax Hipertensivo Trauma contuso com lesão em saco de papel (“bolota de ar no tórax do paciente”). Desvio contralateral da traqueia, enfisema subcutâneo, turgência jugular, timpanismo, MV abolido, hipotensão (choque obstrutivo). Diagnóstico clínico! Conduta IMEDIATA: toracocentese no 4º ou 5o EIC linha hemiclavicular Tratamento definitivo: toracostomia com selo d’agua no 4o/5º EIC, entre as linhas axilares anterior e média. Pneumotórax Aberto Trauma penetrante, com orifício > 2/3 do diâmetro da traqueia. Conduta: curativo quadrangular fixado em 3 pontos Tratamento definitivo: toracostomia com drenagem em selo d’água no 5º EIC e fechamento cirúrgico da ferida Se ptx simples/pequeno (20-30% do hemitórax): não drenar, observar por 24h. Se necessidade de transporte aéreo ou ventilação mecânica, drenar! Se drenar e não melhorar → lesão de grande VA (brônquio fonte) realizar IOT seletiva ou 2º dreno! Diagnóstico por broncoscopia e tratamento por toracotomia Hemotórax maciço Mais de 1500ml ou 1/3 da volemia na cavidade torácica - maioria tem sangramento autolimitado! Clínica: jugular colabada, macicez, MV abolido, hipotensão (choque hipovolêmico) Conduta: transfusão, restaurar volemia, toracostomia 5º EIC com drenagem em selo d’água Pegadinha -> indicações de toracotomia: drenagem imediata de 1500ml, drenagem de 200ml/h por 2 a 4h, necessidade persistente de transfusão C) CIRCULAÇÃO + CONTROLE DA HEMORRAGIA Até que se prove o contrário, paciente vítima de trauma apresenta CHOQUE HEMORRÁGICO HIPOVOLÊMICO! De onde o paciente pode sangrar: abdome, pelve, tórax e fratura de ossos longos 1º – ACESSO VENOSO: Escolha: acesso venoso periférico Lei de Poiselle: quanto mais calibroso e curto o acesso, maior a velocidade de infusão de volume! Se periférico não for possível: acesso central, dissecção de safena ou punção intraóssea. Crianças < 6 anos: 1ª escolha AVP; 2ª opção é a punção intraóssea! 2º – REPOSIÇÃO COM CRISTALÓIDE (SF0,9% ou RL) AQUECIDO (37 – 40°) Volume: Adulto: 1 litro / Criança: 20 mL/kg Avaliação da resposta: avaliação dos sinais vitais ou da diurese. Sem resposta = sangue ESTIMATIVA DE PERDA VOLÊMICA I II III IV PA NORMAL DIMINUÍDA FC NORMAL ≥ 100 ≥ 120 > 140 PERDA PEQUENA ≥15% volemia ≥ 30% ≥ 40% < 750 ml > 750 ml > 1500 ml > 2000 ml DIURESE Adulto → 0,5mL/kg/h Criança → 1ml/kg/h < 1ano → 2ml/kg/h Avaliar a diurese do paciente por SONDA VESICAL através da diurese! Se sangue no meato, hematoma perineal, retenção urinária, fraturas de pelve, deslocamento cefálico da próstata (ao toque: “próstata flutuante”) → pensar em LESÃO DE URETRA = NÃO SONDAR! o Realizar cistostomia se algum dos fatores acima! o Na suspeita de lesão uretral, antes de sondar, realizar URETROCISTROGRAFIA RETRÓGRADA! Controle da hemorragia: se sangramento externo → compressão. O torniquete pode ser feito em alguns casos quando não se puder conter o sangramento apenas com a compressão, por até 6 horas. Pode ainda fazer a toracotomia de reanimação para esvaziar tamponamento cardíaco Vestimenta pneumática: contraindicada se lesão diafragmática Armadilhas do “C” Fratura em livro aberto (open book) – disjunção do anel pélvico: Sangramento venoso difuso na pelve, choque por lesão de plexo venoso Fazer a redução da pelve (com tiras específicas, lençol amarrado à pelve); em alguns casos é necessária a fixação externa Tamponamento cardíaco Normalmente por trauma penetrante, precisa de 200 a 400ml de sangue no saco pericárdico Clínica -> tríade de beck: turgência jugular, hipotensão, hipofonese de bulhas; pulso paradoxal (queda > 10mmHg durante a inspiração), sinal de kussmaul (aumento da TJ durante a inspiração) Tratamento: toracotomia, se não disponível, a pericardiocentese estabiliza o paciente temporariamente com a retirada de 15-25 ml de sangue D) DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA Escala de Glasgow Avaliar pupilas Movimento das extremidades E) EXPOSIÇÃO + CONTROLE DO AMBIENTE Avaliar o paciente – virar o paciente / retirar as roupas Prevenir a hipotermia RX durante a avaliação primária: perfil coluna, tórax e pelve desde que não atrapalhe o andamento do ABCDE TRAUMA DE TÓRAX Além daqueles supracitados... Tórax Instável Fratura de ≥ 2 arcos costais consecutivos, sendo que cada arco costal esteja fraturado em pelo menos 2 pontos Dor intensa + respiração paradoxal. Não mata o paciente, só dói, o que mata é o que acontece no parênquima em decorrência da fratura (debri inflamatório que pode levar à pneumonia, atelectasia e IR) Conduta: analgesia + O2 Contusão Pulmonar (maior problema): se PaO2 < 65 ou SatO2 < 90% pode IOT + VM Contusão Miocárdica Toracotomia de Reanimação: indicada no trauma penetrante torácico com PCR em AESP com sinais de vida (pupilas reativas, movimentos espontâneos, atividade organizada no ECG) Trauma contuso que pega o VD, gerando insuficiência cardíaca (IVD), arritmias, bloqueio de ramo direito Diagnóstico: clínica + ecodoppler/ECG. Não se pede marcador de necrose. Definitivo é o AP Conduta: monitorização 24h (mais vulnerável a arritmia maligna) + dobutamina Laceração de Aorta Laceração ao nível do ligamento arterioso hematoma tampona em 20% dos casos (aorta permanece tamponada por até 24h) Lesão depois de subclávia E pulso normal em MS e diminuído em MI Diagnóstico: clínica + imagem RX: alargamento do mediastino > 8 cm, perda do contorno aórtico TC (sensibilidade e especificidade de 100%): quando positiva deve ser complementada com aortografia (padrão ouro). Conduta: Bbloq, se possível. O definitivo é cirúrgico (toracotomia esquerda ou terapia endovascular) TRAUMA ABDOMINAL Trauma fechado: órgão mais acometido é o baço! Trauma penetrante Arma de Fogo: delgado Arma Branca: fígado Sinal do cinto de segurança: lesa mais o intestino delgado! Quais exames solicitar no trauma abdominal? TC: melhor exame para trauma abdominal, mas exige estabilidade hemodinâmica! o Avalia de f o orma específica as lesões abdominais o Avalia retroperitônio Lavado Peritoneal (LPD): exame mais sensível para encontrar sangue no abdome, mas leva tempo o O sangue da incisão pode fazer falso-positivo o Inicia-se aspirando → se houver ≥ 10ml sangue ou restos alimentares = LPD positivo OU o Instilar 1L cristaloide aquecido ou 10ml/kg (criança), aguardar 5min e coletar efluente. Hemácias > 100.000, leuco > 500, amilase > 175, bile = LPD positivo FAST: analisa os seguintes locais (losango abdominal): o Saco pericárdico o Espaço hepatorrenal o Espaço esplenorrenal o Pelve/fundo de saco Não avalia retroperitôneo, mas é o exame mais rápido E-FAST: FAST extendido, avalia também o espaço pleural! Videolaparoscopia: avalia lesões penetrantes na transição toracoabdominal Como indicar laparotomia? Perguntar se o abdome é cirúrgico: o Trauma penetrante: tem choque, peritonite, evisceração é cirúrgico! o Trauma fechado: tem peritonite ou (retro) pneumoperitônio é cirúrgico! Se é cirúrgico, prosseguir com laparotomia! Trauma penetrante não-cirúrgico Se foi por arma de fogo: laparotomia (intensidade do trauma é muito elevada; > 95% dos casos há lesão intraperitoneal) o Se flancos ou dorso: TC antes! Se foi por arma branca: fluxograma! LESÃO POR ARMA BRANCA* SIM Quando indicar o LPD / FAST? - Contusão abdominal c/ exame físico não confiável (↓ consciência) - Politraumatizado em que o abdome pode ser possível fonte hemorrágica - Hipotensão ou choque no politrauma sem causa aparente NÃO NÃO * Válido para lesões em abdome anterior CONDUTA CONVERVADORA: estabilidade hemodinâmica, ter condições de observação/intervenção (TC, angiografia) e não é abdome cirúrgico TRATAMENTO CLÍNICO x CIRÚRGICO BAÇO Quadro clínico: sinal de kehr (dor referida em ombro) Tratamento clínico Apenas com estabilidade hemodinâmica! TC mostrando lesões grau I até III Tratamento cirúrgico: lesões grau IV ou V IV – desvascularização > 25% baço V – baço pulverizado Cirurgia: esplenorrafia ou esplenectomia parcial/total. Sempre a menor possível! Dreno: só se houver lesão de cauda de pâncreas Vacinar contra pneumococo, haemophilus e meningococo FÍGADO Tratamento clínico Apenas com estabilidade hemodinâmica e/ou controlou sangramento com angioembolização Tratamento cirúrgico Se instável hemodinamicamente ou se lesão grau VI (avulsão hepática). Deixar dreno! Lesões simples (I, II, III): compressão, hemostáticos tópicos, rafia simples Lesões complexas (IV, V, VI): ressecção segmentar Se o sangramento for difuso: manobra de Pringle – clampear ligamento hepatoduodenal (clampleia colédoco, a.hepática, v.porta) o Se continua a sangrar: lesão de cava inferior (retro-hepática) ou veias hepáticas DUODENO Perfuração ou contusão Trauma penetrante Retropneumoperitônio o Escoliose antálgica o Dor lombar irradiando para região escrotal/pequenos lábios o Crepitação ao toque retal (ar ao redor do reto, que está extraperitonial) Sinais radiológicos: ar delineando rins Conduta: laparotomia! Trauma fechado Lesão clássica é o hematoma da parede duodenal – obstrução pelo hematoma que reduz a luz duodenal (náuseas, vômitos) O ABDOME É “CIRÚRGICO”? (choque, peritonite, evisceração) LAPAROTOMIA NEGATIVA Não violou peritônio ALTA OBSERVAR POR 24H: EXAME FÍSICO SERIADO + Hb (HMG) DE 8/8 HORAS ALTERAÇÃO REINICIAR DIETA + REVER ANTITETÂNICA + ALTA LAPAROTOMIA CONSIDERAR TC /LPD/FAST EXPLORAÇÃO DIGITAL DA FERIDA POSITIVA ou DUVIDOSA SIM ABDOME “CIRÚRGICO” ou CHOQUE LEUCOCITOSE ou QUEDA Hb > 3g/dL Sinais radiológicos o RX contrastado: imagem em mola em espiral ou empilhamento de moedas o Melhor exame: TC Conduta o Conservadora: descompressão gástrica + NPT o Se não melhora em 2 semanas laparotomia! INTESTINO DELGADO Quadro clinico: sinal do cinto de segurança, pneumoperitôneo, peritonite Rafia primária se lesão < 50% da circunferência Ressecção + anastomose primária se lesão > 50% da circunferência INTESTINO GROSSO + RETO O segmento mais afetado é o colo transverso! Rafia primária se: Lesão < 50% circunferência da parede Cirurgia precoce (4-6h) Estabilidade hemodinâmica Ausência de lesão vascular < 6 concentrados de hemácias Ressecção + anastomose primária o Estabilidade hemodinâmica, mas não preenche todos os critérios acima! Hartmann ou “Controle de Danos” o Se instabilidade hemodinâmica! o Colostomia proximal e reconstrução do trânsito intestinal em outro tempo cirúrgico Terço distal ou lateral ou posterior do reto: Colostomia de proteção + drenagem pré-sacra PÂNCREAS A maioria exige tratamento cirúrgico. TC não mostra lesão do ducto → drenagem! TC mostra lesão do ducto o Lesão de corpo e cauda (esquerda da v. mesentérica sup.) Pancreatectomia distal + drenagem o Cabeça (direita da v. mesentérica superior) Lesões simples: drenagem + ressecção Graves ou junto com duodeno: Whipple (duodenopancreatectomia) HEMATOMA RETROPERITONEAL Zona 1 o Aorta e cava o Contuso: explorar (exceto retrohepático) Zona 2 o Rins e adrenais o Contuso: não explorar (exceto se estiver expandindo) Zona 3 o Vasculatura pélvica o Contuso: não explorar (exceto se expandindo ou exsanguinando) Se for trauma penetrante, independente da zona, deve-se explorar sempre! PRESSÃO INTRA ABDOMINAL E SÍNDROME DE COMPARTIMENTO ABDOMINAL (SCA) A PIA normal varia entre 5-7mmHg Hipertensão abdominal: PIA > 12mmHg mantida ou repetida Síndrome compartimental abdominal é quando a PIA é ≥ 21mmHg (grau III) + lesões de órgãos PIA elevada, ↑ pressão de admissão no respirador, hipóxia e hipercapnia, ↓ fluxo sanguíneo esplâncnico e renal, compressão de cava inferior, ↓ DC, ↑ PVC, RVP e PIC Conduta: posição supina, reposição volêmica cuidadosa, drenagem de coleções intra-abdominais o Não melhorou, abdome tenso, IResp ou renal ou TCE grave com HIC → descompressão o Quando grau IV (PIA > 25) → realizar descompressão! o PIA > 21mmHg + TCE grave + HIC descompressão! o Descompressão com peritoneostomia e Bolsa de Bogotá! CIRURGIA PARA CONTROLE DE DANOS Evita a tríade mortal: hipotermia, coagulopatia e acidose Realiza-se uma cirurgia inicial breve, apenas para controle de sangramento, menos tempo de cirurgia aberta reduz a chance da tríade mortal o Controle vascular, sutura de lesões orgânicas (reduzir contaminação) Encaminhar para UTI para reanimação Reoperação planejada (anastomoses, reconstruções complexas) em melhores condições TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO TCE grave: Glasgow ≤ 8, assimetria pupilar, assimetria motora, fratura aberta de crânio, fratura de crânio com afundamento (afundamento > que a espessura do crânio) Fraturas de base de crânio Sinal de Battle Sinal do guaxinim Não realizar intubação naso! Não passar cateter NG! Pode passar orogástrica Hemotímpano Rinorreia, otorreia Neurotrauma Choque neurogênico o PA cai pela perda da aferência simpática o Lesão alta (acima de T3) faz bradicardia (queda da FC) e vasodilatação Choque medular o Pancada na medula o Déficit neurológico – flacidez e arreflexia Perda do reflexo bulbocavernoso Os 2 são provocados por lesão medular. Um é choque o outro é pancada. TCE LESÕES CEREBRAIS DIFUSAS Concussão cerebral → golpe e contragolpe (desaceleração súbita) Perda temporária de função neurológica Perda imediata da consciência < 6h, geralmente apenas segundos ou poucos minutos Pode haver amnésia retrógrada, confusão, convulsão Conduta: nada, evitar que tenha outras Grau I 12-15mmHg Grau II 16-20mmHg Grau III 21-25mmHg (28-33cm H2O) Grau IV > 25mmHg (> 33cm H20) ABERTURA OCULAR RESPOSTA VERBAL RESPOSTA MOTORA ESPONTÂNEA 4 ORIENTADA 5 OBEDECE COMANDO 6 ESTÍMULO VERBAL 3 CONFUSA 4 LOCALIZA A DOR 5 ESTIMULO DOLOROSO 2 INAPROPRIADA 3 RETIRA O MEMBRO 4 AUSENTE 1 INCOMPRENSÍVEL 2 FLEXÃO ANORMAL 3 AUSENTE 1 EXTENSÃO ANORMAL 2 AUSENTE 1 SCA: PIA ≥ 21mmHg + disfunção de órgãos (IRA, IRPa - dificuldade de ventilação, hipotensão, HIC) + (PAM – PIA < 60mmHg) TCE LEVE: 13-15 TCE MODERADO: 9-12 TCE GRAVE: ≤ 8 Lesão axonal difusa (LAD) → desaceleração súbita com cisalhamento lesando axônios Perda imediata da consciência Coma > 6h com PIC normal Pensar em LAD quando o paciente está afundado, Glasgow baixo, porém TC normal na maioria dos casos o GLASGOW BAIXO + TC INOCENTE = LAD Concussão cerebral “Nocaute” Lesão axonal difusa (LAD) “Lesão por cisalhamento” Lesão por desaceleração (ocorre uma desaceleração tanto do tronco quanto do córtex) Clínica: Perda súbita da consciência (por até 6 horas) Conduta: observação Além da desaceleração, na LAD também temos uma rotação. A grande causa é o capotamento. Ocorre uma lesão por cisalhamento. Clínica: Perda súbita da consciência (por mais de 6 horas) Atenção: Glasgow baixo + TC “inocente” LESÕES CEREBRAIS FOCAIS Hematomas extradurais/epidural – lesão arterial o Trauma em face lateral do crânio o Compromete a artéria meníngea média (abaixo do osso temporal) o Fatores de risco: trauma grave no osso temporal (do lado da cabeça) o O paciente bate a cabeça, apaga e acorda por causa da concussão, mas apaga novamente e morre Clínica → Intervalo lúcido o RX: fratura do osso temporal o TC: lesão hiperdensa biconvexa o Tratamento cirúrgico se: ECG ≤ 8 + anormalidades pupilares / desvio da linha média ≥ 5mm / assintomáticos com espessura do hematoma > 15mm / volume > 30ml Hematomas subdurais – lesão venosa o Efeito de massa → desvio da linha média o Compromete as veias ponte (no espaço subdural) o Fatores de risco: atrofia cortical, anticoagulantes o TC com lesão hiperdensa em crescente, que acompanha a convexidade cerebral o Clínica progressiva Cefaleia unilateral, midríase unilateral, ↑ PIC, coma, hemiparesia contralateral 1/3 dos pacientes podem apresentar intervalo lúcido! o Tratamento cirúrgico se: Espessura > 10mm / Desvios da linha média ≥ 5mm / ECG ≤ 8 ou queda ≥ 2 / Assimetria pupilar HEMATOMA EXTRA / EPIDURAL HEMATOMA SUBDURAL Espaço epidural Vaso: artéria meníngea média Fator de risco: trauma intenso no osso temporal Clínica: intervalo lúcido (50-60%) Neuroimagem: imagem “biconvexa” Espaço subdural Vaso: veias ponte Fator de risco: atrofia do córtex (idoso, alcoólatra, coagulopatia) Clínica: progressiva Neuroimagem: imagem “crescente” QUEIMADURAS Choque do Queimado ↑ Histamina e Serotonina ↑ Permeabilidade vascular perda de líquido p/ 3º espaço Conduta: evitar coloides nas primeiras 24h! Predisposição a infecções Causa de morte tardia Focos: cutâneo e pulmonar antibiótico tópico reduz focos cutâneos, aumentando focos pulmonares Primeiro atendimento – Pré-hospitalar Garantir a segurança da cena! ABCDE (trauma) “esquecer” a queimadura! Afastar o paciente da fonte de calor – retirar roupas, joias... Resfriar a lesão – água até 15-30min após o trauma (T° ambiente ou > 12°C) Prevenção de hipotermia – envolver em lençóis ou cobertores secos Decidir se precisa de CETQ – “grande queimado” necessita de cuidado especializado! Decidir se precisa de CETQ 1 - Estimar a SCQ Adultos: regra dos nove (Wallace) o 9 (cabeça e MMSS) / 18 (pernas) / 36 (tronco + abdome) Crianças: Lund e Browder adaptado por Berkow 2 – Definir o “grande queimado” Segundo grau > 10% SCQ (ABS: > 20% < 10 ou > 40a / > 25% 10 – 40a) Terceiro grau qualquer % (ABS > 10%) Face, mão/pé, genitália, períneo ou sobre grandes articulações Lesões por inalação ou comorbidades que podem ser agravadas Química ou elétrica graves * O grande queimado é aquele com grande área queimada, ou que queimou um local especial, ou é um paciente especial! Na sala de emergência A – Coluna e vias aéreas o Avaliar rouquidão/estridor e nível de consciência B – Complicações respiratórias o São 4 complicações divididas em 2 cenários (tabela abaixo) C – Acesso e Reanimação volêmica o 2 acessos periféricos ou 1 central ou safena o Ringer Lactato aquecido o Primeiras 24h: fórmula de Parkland 2ml x peso (kg) x SCQ Metade nas primeiras 8h e a outra metade nas próximas 16h É um valor inicial, deve ser corrigido caso diurese não adequada! o Avaliar pela diurese ≥ 0,5ml/kg/h D – Disfunção neurológica E – Exposição Cenário 1: incêndio em recintos fechados com queimadura em face e pescoço Proximidade com fonte de calor, com inalação de fumaça quente e suja (não queima pulmões, apenas VAS) Lesão Térmica das VAS Queimadura de VAS Clínica: queimadura de face/pescoço, hiperemia de orofaringe, rouquidão, estridor, bolhas, insuficiência respiratória imediata Diagnóstico: clínico + laringoscopia Tratamento: IOT precoce → grande edema de VAS o PaO2 < 60, PaCO2 > 50 (agudo); PaO2/FiO2 < 200 Lesão Pulmonar por Inalação Jogou sujeira no pulmão Clínica: sibilos, escarro carbonáceo, insuficiência respiratória ± 24h Diagnóstico: broncoscopia (usar tubo ≥ 8 no grande queimado, que permite passar broncoscópio) Tratamento: O2; NBZ c/ broncodilatadores; NBZ c/ heparina (deixa secreção fluída) IOT: PaO2 < 60mmHg; PaCO2 > 50 mmHg (agudo); PaO2/FiO2 < 200 Cenário 2: incêndio em recintos fechados com ou sem queimadura em face e pescoço Fumaça menos quente/suja Intoxicação por Monóxido de Carbono (CO) Clínica: cefaleia, náusea, vômito, ↓consciência Diagnóstico: PaO2 e SatO2 não ajudam no diagnóstico! o Solicitar carboxihemoglobina! Tratamento: ↑ FiO2, medicina hiperbárica Intoxicação por Cianeto Clínica: ↓ consciência, pele vermelho-cereja (cianeto impede utilização tecidual de O2) Diagnóstico: lactato > 90 mg/dL ou 10mmol/L e cianeto > 0,5mg/L Tratamento: hidroxicobalamina ± tiossulfato de sódio Indicações de IOT: Sinais de obstrução: rouquidão, estridor, musculatura acessória Queimaduras extensas na face ou cavidade oral, circunferencial Redução do nível de consciência Hipóxia ou hipercarbia Queimadura de 1º Grau Profundidade: epiderme Coloração: eritema Sensibilidade: dor / ardência Tratamento: limpeza, analgesia, hidratantes Não entra no cálculo de SCQ! Resultado estético bom Queimadura de 2º Grau Profundidade: derme (sup: papilas dérmicas / prof: reticular) o A derme reticular é responsável pela reepitelização! Espessura parcial / dolorosa / flictenas Coloração: sup – eritema e bolhas / prof: rósea e bolhas Sensibilidade: sup: muito dolorosa / prof: dor moderada 2º grau superficial: ao comprimir empalidece e depois volta o Tratamento: limpeza, curativo + ATB tópico 2º grau profunda: ao comprimir não empalidece o Tratamento: limpeza, curativo + ATB tópico ± enxerto ATB tópicos - Mafenida Acidose metabólica – dolorosa Penetra na escara - Sulfadiazina de prata – mais usada Leucopenia – indolor Não penetra na escara Queimadura de 3º grau Profundidade: gordura subcutânea (espessura total) Coloração: marrom (aspecto de couro) Sensibilidade: indolor Tratamento: enxertia precoce Retração da “pele dura” / escara: ↓expansibilidade, compressão vascular o Conduta: escarotomia! Queimadura de 4º grau – geralmente elétricas Queima de “dentro para fora” – ossos, tendões e músculos Queimadura elétrica Queima músculo: lesão renal aguda por rabdomiólise o Conduta: forçar diurese > 2ml/kg/h (manitol) + alcalinização (bicarbonato de sódio) Queima músculo: síndrome compartimental o Dor ao estiramento passivo do músculo o Conduta: fasciotomia Complicações das Queimaduras Úlcera de Curling (HDA) Lesão de Marjolin (neoplasia cutânea maligna) o Biopsiar após 10 anos toda cicatriz de queimadura! PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO Objetivo: identificar e controlar fatores com impacto na evolução cirúrgica Exames pré-operatórios Avaliação do risco cirúrgico Medicação de uso crônico Profilaxia de TVP/TEP Profilaxia antibiótica EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS Não existe rotina pré-operatória (não existe nenhum exame universalmente obrigatório antes de alguma cirurgia) – é necessário individualizar os exames de acordo com o paciente e de acordo com a cirurgia. **Dependem do paciente e do tipo de cirurgia** COM RELAÇÃO AO PACIENTE IDADE EXAMES < 45 anos - 45-54 anos ECG para homens 55 -70 anos ECG + hemograma > 70 anos ECG + hemograma + eletrólitos + função renal + glicemia Exames adicionais podem ser solicitados na dependência de patologias de base que o paciente possa apresentar. COM RELAÇÃO A CIRURGIA EXAME SITUAÇÕES COAGULOGRAMA Estimativa de perda > 2 litros, neurocirurgia, cirurgias cardíaca e torácica RAIO-X DE TÓRAX Cirurgias cardíaca e torácica AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO A magnitude do risco depende do paciente e da cirurgia. **Avaliar (paciente e cirurgia) e, depois, minimizar ...** CARDIOVASCULAR RENAL PULMONAR HEPÁTICA AVALIAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR Quantos preditores de risco cardiovascular o paciente tem? Existem diversos escores que se prestam a avaliação de risco. O que se recomenda para o uso atualmente é o índice de risco cardíaco revisado. ÍNDICE DE RISCO CARDÍACO REVISADO (IRCR) (1) Coronariopatia (2) Insuficiência cardíaca (3) IRC (Cr>2mg/dL) (4) DM com insulina (5) Doença cerebrovascular (AVC ou AIT) (6) Cirurgia: torácica, abdominal ou vascular suprainguinal <2 preditores LIBERAR CIRURGIA ≥ 2 preditores AVALIAR A CAPACIDADE FUNCIONAL (METs) ≥ 4 METs = CIRURGIA <4 METs = TESTE DE STRESS FARMACOLÓGICO Se normal = CIRURGIA Capacidade funcional É o gasto energético diário do coração. Essa capacidade funcional é mensurada através de uma unidade chamada de METs (gasto energético diário do coração) <4 METs: comer, vestir, andar em volta de casa,.. 4-10METs: subir um lance de escadas, andar rápido, trabalho doméstico,.. >10 METs: exercício físico aeróbio (natação, tênis, futebol) Para o coração aguentar a cirurgia, o coração irá precisar gastar durante o ato cirúrgico- anestésico 4 METs. Se no dia a dia o paciente já chega ou ultrapassa 4 METs, ele já nos prova que seu coração irá suportar a cirurgia. O que nos preocupa são aqueles indivíduos que não chegam a 4 METs em suas atividades diárias <4 METs = alto risco cardiovascular Alguns indivíduos não chegam a 4 METs porque seu organismo não aguenta, outros podem suportar, mas não chegam a esse gasto por “preguiça”. Logo, nessa situação, o que se deve fazer é o teste de stress farmacológico – se este for normal, pode-se liberar o paciente para a cirurgia. COMO MINIMIZAR O RISCO Beta-bloqueador se IRCR ≥ 3 (iniciar com mais de 1 dia de antecedência – para avaliar a tolerância ao medicamento) RESUMO DO ESTADO CLÍNICO ASA Classificação I Indivíduo saudável II Doença sistêmica sem limitação (ex.: HAS controlada, DM com controle glicêmico, paciente fumante – o tabagismo já coloca o paciente como ASA II) III Doença sistêmica que limita, mas não incapacita (ex.: HAS não controlada, DM sem controle glicêmico, infarto prévio) IV Doença sistêmica que limita e incapacita (ex.: insuficiência cardíaca grave) V Moribundo (ex.: expectativa de óbito com ou sem a cirurgia – aneurisma de aorta roto, AVC hemorrágico com HIC) VI Morte encefálica (ex.: doença de órgãos) Cirurgia de emergência: sufixo “E” MEDICAÇÃO DE USO CRÔNICO MANTER (INCLUSIVE NO DIA) SUSPENDER CORTICOIDE hidrocortisona EV 25-50mg (1 dose na indução anestésica e após de 8/8h por 24-48h de pós-op para mimetizar a resposta ao trauma) ANTI-HIPERTENSIVOS INSULINA NPH: 2/3 da dose da noite e ½ da dose matinal ANTIAGREGANTES 7-10 dias antes Coronariopata manter AAS! Em alguns casos consideramos retirá-lo mesmo nessa condição como em casos de neurocirurgia e RTU de próstata) ANTICOAGULANTE suspender Warfarin 5 dias antes e acompanhar o comportamento do INR, cuja meta para a cirurgia deve ser ≤ 1,5. Ao retirar o warfarin deve-se de imediato iniciar a heparina que será mantida até poucas horas antes da cirurgia: HNF = 6 horas antes da cirurgia / HBPM = 24h antes da cirurgia AINES suspender 1-3 dias antes da cirurgia ANTIDIABÉTICOS ORAIS suspender no dia da cirurgia PROFILAXIA TVP/ TEP RISCO TROMBOEMBÓLICO ESTRATÉGIA Muito baixo (< 0,5%) 0 pts Deambulação precoce Baixo (1,5%) 1-2 pts Não farmacológica Compressor pneumático intermitente (CPI) Moderado Farmacológica (enoxaparina 40mg (3%) 3-4 pts SC 1x/dia; heparina não fracionada 5000 UI 12/12h ou 8/8h) Alto (6%) ≥ 5 pts Farmacológica e não farmacológica (CPI) PROFILAXIA ANTIBIÓTICA Evitar infecção de ferida operatória (S. aureus) Tipo Definição Esquema LIMPA Não penetra tratos respiratório, biliar, gastrointestinal, urinário (ex.: hérnias, ortopédicas, neurocirurgia) Apenas se: (1) incisão óssea; (2) corpo estranho (prótese); (3) cirurgia cardíaca ou neurocirurgia (infecção seria catastrófica – mediastinite, meningite...) LIMPA – CONTAMINADA* Penetra de forma controlada (sem extravasamento) (ex.: colecistectomia por colelitíase) Direcionar Em geral: cefazolina (cobre gram-positivos, germes encontrados na pele). Cirurgias colorretais: cobrir também gram- negativos e anaeróbios (ex.: ciprofloxacino + metronidazol) CONTAMINADA Penetra com menor controle; inflamação sem pus; trauma recente (ex.: colecistectomia por colecistite) INFECTADA “ite” abdominal supurada, trauma antigo (> 6h), contaminação fecal ATB terapia (mantém-se o ATB como terapêutico) (*) Limpa-contaminada = potencialmente contaminada Momento ideal de fazer a dose do antibiótico profilático (dose única): 30-60 minutos ANTES da primeira incisão cirúrgica Ocorre geralmente no momento da indução anestésica! Quando replicar a dose do antibiótico profilático durante a cirurgia: cirurgias longas (ex.: para a cefazolina, caso a cirurgia dure mais do que 4 horas, a dose deve ser replicada) ou em caso de sangramento grave (perda de antibiótico pelo sangramento). INTRA-OPERATÓRIO MALLAMPATI Classe 1 + pilar amigdaliano Classe 2 + abertura da orofaringe Classe 3 + palato mole e base da úvula Classe 4 Palato duro Mallampati → prediz a dificuldade de intubação ANESTESIA ANALGESIA RELAXAMENTO MUSCULAR Opioide Anestésico local Bloqueador neuromuscular Anestésico local INCONSCIÊNCIA BLOQUEIO NEUROVEGETATIVO Halogenados (gás) Hipnóticos venosos Opioide Opioide Anestésico local TÉCNICAS ANESTÉSICAS Anestesia local Bloqueio de nervo periférico Raquianestesia Anestesia peridural Anestesia geral ANESTESIA DO NEUROEIXO RAQUIANESTESIA PERIDURAL Espaço subaracnoide (bloqueio “daqui para baixo”) Espaço peridural (bloqueio segmentar) Menor quantidade do fármaco (contato direto com as fibras) Maior quantidade da droga Menor duração Maior duração (cateter – permite replicar as drogas) Efeito adverso: hipotensão, ↑PIC, cefaleia Efeito adverso: hipotensão Se o paciente está instável hemodinamicamente → anestesia geral Hipotermia e dor são as principais causas de hipertensão no pós-operatório. ANESTESIA GERAL ANALGESIA / ↓ CONSCIÊNCIA / BLOQ MUSCULAR E VEGETATIVO Indução Manutenção Despertar (ou emergência) INDUÇÃO HIPNÓTICO EV e/ou HALOGENADO (gás) VENTILAÇÃO SOB MÁSCARA BLOQUEADOR NEUROMUSCULAR + OPIOIDE INTUBAÇÂO (TOT) Sequência rápida (risco de aspiração sem jejum) → não fazer ventilação! o Pacientes com estômago cheio → sequência rápida (sem ventilação sob máscara). Nesses casos são utilizados fármacos de ação mais rápida, como por exemplo a succinilcolina (bloqueador neuromuscular) Gestação avançada → útero comprime o estômago; é considerada uma paciente com estômago cheio mesmo que esteja em jejum RESPOSTA AO TRAUMA ELEVAÇÃO: cortisol, catecolaminas, glucagon, GH, aldosterona, ADH REDUÇÃO: insulina HIPERTERMIA MALIGNA Síndrome muscular hereditária fármaco-induzida Associa-se a alterações genéticas e fica a vida inteira silenciosa, de maneira que a doença só é induzida quando o paciente é exposto a alguns fármacos. Exposição a: ANESTÉSICO INALATÓRIO / SUCCINILCOLINA AUMENTO DE CÁLCIO MUSCULAR HIPERMETABOLISMO MUSCULAR: HIPERTERMIA (elevação de 1ºC a cada 3-5min) HIPERCAPNIA (altera capnografia e gera acidose) RABDOMIÓLISE (↑ K+ e enzimas musculares) Tratamento: Interromper a exposição ao fármaco Resfriamento (soro gelado, compressas geladas) Bicarbonato (para a acidose, hipercalemia) Antídoto: DANTROLENE Pacientes mais suscetíveis: história familiar e doenças musculoesqueléticas (distrofia muscular e osteogênese imperfeita) PÓS-OPERATÓRIO COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA SEROMA Linfa no subcutâneo (abaulamento claro) Prevenção: dreno Tratamento: compressão (curativo compressivo – acelera a reabsorção do líquido linfático) ou aspiração HEMATOMA Sangue acumulado no subcutâneo (abaulamento escuro) Risco: infecção secundária (sangue – meio de cultura) Tratamento: reabrir se volumoso DEISCÊNCIA APONEURÓTICA Defeito músculo-aponeurótico Clínica: 7-10 de pós-op. Líquido de cor salmão; risco de evisceração Tratamento: reoperar INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA Até 30 dias após procedimento (ou 1 ano se prótese) SUPERFICIAL Pele + subcutâneo Febre + dor + flogose + drenagem purulenta Tratamento: retirar os pontos, drenar e lavar PROFUNDA Idem (exame físico define) Tratamento: acrescentar antibiótico DE ÓRGÃOS E CAVIDADES Febre + distensão + toxemia Tratamento: antibiótico + drenagem FEBRE NO CONTEXTO OPERATÓRIO PERIOPERATÓRIO Infecção pré-existente Reação a droga ou transfusão Hipertermia maligna 24 – 72h PO Atelectasia (principalmente em cirurgias torácicas e abdominais) Infecção necrosante de ferida (S. pyogenes ou Clostridium perfringens) > 72h PO Infecção: ferida operatória (S. aureus), ITU, PNM Trombose Venosa Profunda (TVP) Cicatrização de Feridas (3 fases) Inflamação: exsudato na ferida Início da hemostasia ↑ Permeabilidade Vascular: causada por ↑ de histamina e serotonina Chegam os neutrófilos: “limpeza” local por 24-48h Depois: macrófagos → quimiotaxia, ativação e transformação de células o Libera o TFG-β, principal fator da cicatrização Depois do 5º dia chega: linfócito T o Libera IFN-y, que estimula o fibroblasto, dando início à segunda fase Proliferação (regeneração): Tecido de granulação → o fibroblasto é a célula principal desta fase! Fibroplasia: deposição de colágeno tipo III Angiogênese Epitelização Maturação (remodelação): bordas contraindo → o miofibroblasto é a célula principal! A partir do 5º dia até a 4ª semana Colágeno tipo III é substituído pelo tipo I Fatores que prejudicam a cicatrização - Infecção: mais comum Se > 105 bactérias/g ou estreptococo β-hemolítico → “não vai fechar” → desbridamento da lesão! - Idade avançada - Hipóxia: doença vascular, tabagismo, Ht < 15% - Diabetes: prejudica todas as fases - Hipoalbuminemia: < 2g/dL Cicatrização Anormal QUELÓIDE CICATRIZ HIPERTRÓFICA Causa: EXCESSO DE COLÁGENO (↑produção local de fibronectina, elastina e proteoglicanos) LIMITES Ultrapassa os limites da cicatriz Não ultrapassa APARECIMENTO > 3 meses Precoce LOCAL + CLÍNICA Acima das clavículas e dorso Dor e prurido Áreas de tensão / superfícies flexoras Pode ter dor / prurido REGRESSÃO Rara Refratária ao tratamento Espontânea Passível de tratamento REMIT – Resposta Endocrinometabólica e Imunológica ao Trauma O corpo precisa de glicose, água e oxigênio. Para disponibilizar essas coisas, o organismo utiliza do metabolismo intermediário para “correr ou lutar”. Metabolismo Intermediário - Período pós-prandial: ↑glicemia e insulina → glicose para dentro da célula - Sobrou glicose? A insulina inicia o anabolismo (construção de estoque)! - Anabolismo (construção de estoque) de 2 formas: ↑ Glicogênio → glicogenogênese (em fígado e músculo) ↑ Gordura → lipogênese (quando fígado/músculos estão lotados) - No jejum ou no trauma: ↓Glicemia e insulina preciso “correr ou lutar” - Hormônios contra-insulínicos iniciam o catabolismo (destruição de estoque)! - Catabolismo de 2 formas: Quebra do glicogênio glicogenólise: mantém glicemia por 12-24h (no jejum; no trauma dura menos) o O paciente queimado aumenta seu catabolismo em > 200% (glicemia se mantém por 2-3h)! Geração de nova glicose gliconeogênese: proteólise e lipólise o Radicais não-glicídicos viram glicose/energia! PROTEÓLISE LIBERA LIPÓLISE LIBERA Glutamina Glicerol Alanina Ácidos graxos Além disso, é liberado lactato! Destes 5 radicais, são transformados pelo fígado em glicose: glutamina, alanina, lactato e glicerol! Os ácidos graxos transformam-se em corpos cetônicos. Ciclo de Felig: alanina vira glicose Ciclo de Cori: lactato vira glicose Adaptações do jejum / trauma: Reduz a proteólise Prioriza a lipólise Cérebro começa a consumir corpos cetônicos * Apesar da quebra de músculo ser mais eficaz, para que os músculos sejam poupados, a quebra de proteínas diminui e a quebra de gorduras é priorizada! * O cérebro consome corpos cetônicos para disponibilizar glicose aos músculos (“correr ou lutar”)! Na prática, para sustar o processo de jejum, e assim o paciente realizar a cirurgia com seus estoques intocados, fornecer: 400kcal = 100g de glicose = 2000 mL SG 5% Catabolismo – como é deflagrado e quais são os hormônios? O principal deflagrador é a dor + lesão! A informação chega ao hipotálamo, que libera CRF e estimula a hipófise a secretar ACTH, estimulando as adrenais a produzir cortisol, o “grande maestro” do catabolismo, permitindo gliconeogênese e ação de catecolaminas! - Catecolaminas Broncodilatação- ↑FC, vasoconstrição Atonia intestinal (também por ação de opióides endógenos) * As catecolaminas diminuem a circulação esplâncnica e também diminuem sua atividade. É por isso que mesmo uma vítima de trauma torácico pode apresentar íleo adinâmico! - Aldosterona Retém Na e H2O, liberando K e H + Participa da alcalose mista o A vítima de trauma hiperventila e perde CO2, fazendo alcalose respiratória, que junto à alcalose metabólica causa uma alcalose mista! - ADH - Oligúria GH – Lipólise Pâncreas - ↑ Glucagon / ↓ Insulina Resposta Imunológica IL-1, IL-2 e TNF-alfa ↑ Temperatura (paciente treme p/ gerar calor) Anorexia (proteção do intestino atônico) Como modular a REMIT? - Anestesia epidural: ↓ Resposta endócrina - Cirurgia laparoscópica: ↓ Resposta imune ABDOME AGUDO ABDOME AGUDO Clínico x Cirúrgico CLÍNICO CIRÚRGICO Intoxicação pelo chumbo Porfiria Febre tifoide Apendicite Diverticulite Pancreatite Isquemia mesentérica Colecistite INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO (SATURNISMO) Fonte de exposição: mineradoras, baterias, indústria automobilística, tintas, projéteis de arma de fogo, destilados clandestinos (moonshine) Manifestações clínicas Abdome Dor abdominal / náuseas / vômitos / anorexia Anemia Anemia hipo-micro / pontilhados basofílicos* Amnésia Encefalopatia / dificuldade de concentração Outras HAS, nefrite proximal, gota, infertilidade, linha gengival azulada (linha gengival de Burton) (*)Obs: o chumbo (assim como o cobre) em excesso causa hemólise; quando há hemólise, como uma forma de compensação, a medula começa a jogar reticulócitos para a circulação (presença de células com pontilhados basofílicos). O chumbo também dificulta a síntese de hemoglobina, de maneira que podemos ter anemia hipomicro. Sobre a dor abdominal: interfere no metabolismo, levando ao acumulo de mediadores tóxicos. O chumbo inibe as enzimas da síntese do heme, acumulando precursores desta via (porfiria). Diagnóstico Dosagem de chumbo sérico (a partir de 25 mcg/dl) Outros achados: nefrite intersticial/ HAS/ gota Tratamento Interromper a exposição Quelantes do chumbo: dimercaprol / DMSA / EDTA PORFIRIA Distúrbio na síntese da porfirina do heme Hemoglobina: heme + globina A globina da hemoglobina normal (HbA) é composta por duas cadeias alfa e duas cadeias beta. O heme é formado por ferro + protoporfirina IX (porfirina). Succinil-CoA → ácido aminolevulínico → 7 reações em cadeia → PORFIRINA. Cada etapa dessa cadeia de reações depende de uma enzima, e, a falha dessas enzimas determina as porfirias. Essas reações podem ocorrer na medula óssea e no fígado. No fígado, a porfirina é utilizada para a detoxificação (citocromo P450). PORFIRIA CUTÂNEA TARDA Deficiência de uroporfirinogênio descarboxilase PORFIRIA INTERMITENTE AGUDA Deficiência de HMB-SINTASE / Acúmulo de ALA e PBG Quadro clínico Dor abdominal (acompanhada de hiperperistaltismo) Hiperatividade simpática (“crises adrenérgicas”) Neuropatia periférica – diagnóstico diferencial de síndrome de Guillain Barré Crises convulsivas Sintomas psiquiátricos Fatores precipitantes: álcool, tabagismo, medicamentos, infecções, cirurgias, chumbo Diagnóstico: dosar os precursores da via de heme ... porfobilinogênio (PBG) urinário (PBGu>50/dia) – mais confiável ou ALAu>20mg/dia ... ocorre um escurecimento da urina (arroxeada) Tratamento: suspender fatores precipitantes (ex.: barbitúricos) / administrar carboidratos ou heme (hematina ou arginato de heme). FEBRE TIFOIDE Infecção por Salmonella entérica (sorotipo Typhi) Transmissão: água / alimentos / contato Fatores de risco: carga elevada/ hipocloridria Local preferido de infecção da bactéria: íleo (placas de Peyer) → disseminação para medula / baço / fígado (sistema reticulo-endotelial) - durante algum tempo a bactéria persiste na medula, passa pela vesícula e chega nas fezes Manifestações clínicas 1 – 2ª semana: bacteremia o Febre, sinal de Faget 2 – 3ª semana: hiper-reatividade o Rash (roséolas tíficas), hepatoesplenomegalia, torpor Sangramento (+ comum) Perfuração (ileal, + grave) 4ª semana: convalescência Portador crônico (< 5%) → risco de COLELITÍASE Perfuração = hipertimpanismo pré-hepático (sinal de Jobert) Diagnóstico Cultura Hemocultura (1ª/2ª sem) Coprocultura (3ª/4ª sem) Mielocultura (+ sensível) BIÓPSIA Roséolas Placas de peyer SOROLOGIA/PCR A sorologia pode ser feita, mas geralmente não é muito confiável Tratamento e Profilaxia Ceftriaxone ou Ciprofloxacino o Ministério da Saúde: Cloranfenicol Dexametasona: indicada em casos de choque / coma Existe vacina: pouco imunogênica e efeito transitório Existe uma discreta preferência pela ceftriaxone devido a um aumento de resistência ao ciprofloxacino. Apesar de ser recomendado pelo MS, o cloranfenicol é muito pouco utilizado APENDICITE AGUDA A apendicite aguda é a causa de abdome cirúrgico não traumático mais comum. É a grande causa de abdome agudo inflamatório. O apêndice possui todas as camadas que o intestino apresenta e situa-se na confluência das tênias. Além disso, há um lúmen no qual há presença de bactérias e secreção de muco. Onde provavelmente iremos encontrar o apêndice no exame físico: PONTO DE MC BURNEY = linha entre crista ilíaca ântero superior e cicatriz umbilical – divide-a em 3 e o ponto se localiza na junção da porção mais lateral com a porção média O grande problema é que a “ponta” do apêndice é móvel, o que dificulta o diagnóstico. FISIOPATOLOGIA E CLÍNICA Obstrução do lúmen do apêndice ↓ ↑ Bactérias + muco Distensão → dor periumbilical - peritônio visceral 12-24h → dor em FID (peritônio parietal) Dor periumbilical que migra para FID Anorexia, náuseas, vômitos Febre Obstrução da luz do apêndice (fecalito, corpo estranho...) → hiperproliferação bacteriana + secreção de líquido e muco para o interior da luz → distensão (peritônio visceral → dor) A dor inicialmente na apendicite é inespecífica, vaga, em região periumbilical (as fibras que fazem a inervação do peritônio visceral são fibras não–mielinizadas) → a vascularização do intestino vem de fora para dentro, quando há distensão, há um aumento de pressão e consequentemente uma dificuldade na irrigação que pode levar à isquemia → em 12-24h, o apêndice começa a sofrer um processo isquêmico, com repercussão agora do peritônio parietal (que apresenta fibras mielinizadas – informações específicas da dor) – dor localizada em fossa ilíaca direita ANOREXIA → alguns autores dizem que a apendicite aguda teria de respeitar uma sequência, sendo que a anorexia deveria ser o primeiro sintoma. Caso o paciente não apresente anorexia, o diagnóstico deveria ser até duvidado. Outros autores, contudo, afirmam que a anorexia não é tão importante assim – que o sinal mais importante é uma dor periumbilical que migra para FID! SINAIS CLÁSSICOS Blumberg Descompressão súbita dolorosa em McBurney Rovsing Pressão em FIE e dor em FID* Obturador Flexão de coxa + rotação interna do quadril Dunphy Dor em FID que piora com a tosse Lenander T° retal > T° axilar em pelo menos 1°C** (*) Rovsing: é necessário deslocar o ar do cólon E para o cólon D, em movimento de peristalse retrógrada. Causa distensão do ceco, e o apêndice aderido ao ceco também acaba sofrendo certa distensão, gerando dor. (**) Processo inflamatório na região da pelve: aumento da temperatura da região, ficando 1°C mais alta que a axilar. DIAGNÓSTICO É clínico, desde que haja uma alta probabilidade. ALTA PROBABILIDADE (história clássica, homem) CLÍNICO PROBABILIDADE INTERMEDIÁRIA OU DÚVIDA IMAGEM Criança ou gestante: USG/RNM Idoso, homem ou não gestante: TC Se dúvida: LAPAROSCOPIA SUSPEITA DE COMPLICAÇÃO (Massa ou tardio > 48h) IMAGEM TRATAMENTO SIMPLES (Sem complicações e <48h) HEV + ATB profilaxia + APENDICECTOMIA (Aberta ou VLP) TARDIA (> 48h) ou COMPLICADA (massa) IMAGEM (USG ou TC) ↓ Exame normal: apendicite simples Abscesso: ATB + drenagem de abscesso + colono (4-6 sem) ± apendicectomia tardia (6-8 sem) Fleimão: ATB + colono (4-6 sem) ± apendicectomia tardia Peritonite difusa Medidas gerais + ATB + cirurgia Complicação mais comum → infecção do sítio cirúrgico (principalmente em casos de cirurgia aberta) Em casos de complicações (peritonite) pode-se realizar a cirurgia por VLP (inclusive, em casos de peritonite, a vídeo é a escolha). A VLP só estará contraindicada em casos de instabilidade hemodinâmica. APENDICITE EPIPLÓICA (APENDAGITE) Apêndice epiplóico → torção em seu próprio eixo → isquemia → dor em FID. Em 10 - 14 dias a gordura necrosa, cai e o paciente melhora (evolução benigna)! Tratamento: analgesia e aguardar involução espontânea (1-2 semanas) Diagnóstico diferencial: apendicite aguda, doença de Crohn, cisto de ovário roto, salpingite, linfadenite mesentérica, diverticulite a direita, diverticulite de Meckel, infarto omental. DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS População ocidental* Idosos Pressão nos cólons Assintomáticos (diagnóstico incidental - achados de colonoscopia/clister opaco) (*) Dieta ocidental → rica em proteínas e carboidratos e pobre em fibras → bolo fecal fino e duro que dificulta a peristalse → cólon necessita de contração intensa e vigorosa → divertículos em região de maior fragilidade (local de entrada dos vasos) Onde é mais comum? Cólon esquerdo (sigmoide) Complicações HEMORRAGIA (Cólon D / 15%) DIVERTICULITE (Cólon E / 25%) DIVERTICULITE AGUDA Obstrução da luz do divertículo (formado de mucosa colônica) → ↑bactérias colônicas + secreção de líquido e muco → distensão → isquemia → microperfurações → epíplon tenta bloquear microperfurações → microperfurações com abscesso pericólico (diverticulite aguda) CLÍNICA “Apendicite” do lado esquerdo Dor há alguns dias e quadro recorrente... o Principalmente naqueles pacientes com fatores de risco: idosos, constipação crônica... DIAGNÓSTICO História clínica + exame físico Se dúvida: TC (padrão-ouro) EVITAR: COLONOSCOPIA e ENEMA (são exames que aumentam a pressão e podem complicar as microperfurações) Colono após 4 - 6 semanas: afastar neoplasias TRATAMENTO COMPLICAÇÃO? NÃO SIM Sintomas mínimos Sintomas exuberantes Abscesso ≥ 4cm Peritonite Obstrução Dieta líquida + ATB VO Internação + NVO + HEV + ATB EV Drenagem + ATB EV + colono + cirurgia eletiva Cirurgia de urgência (Colectomia à Hartmann) *Lavagem laparoscópica ESTÁGIO I ESTÁGIO I ou II ESTÁGIO III ou IV (*) Peritonite purulenta (Hinchey III): pode ser feito lavagem laparoscópica! Não complicada → indicações de cirurgia: imunodeprimido, incapaz de excluir CA, fístula, após 2º episódio, < 50a A fístula colovesical é a mais comum na diverticulite aguda, principalmente nos homens Na mulher a fístula mais comum é a colouterina Sigmoidectomia à Hartmann: sigmoidectomia + colostomia + fechamento retal Cirurgia eletiva: sigmoidectomia com anastomose primária ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA Evento súbito = pensar em um evento vascular Causas EMBOLIA (50%) Cardiopatia emboligênica (FA; IAM recente) “Dor desproporcional ao exame físico” VASOCONSTRIÇÃO (20%) Isquemia não oclusiva: sepse / choque, vasoconstritor, cocaína TROMBOSE ARTERIAL (15%) Paciente vascular (aterosclerose): insuficiência vascular periférica TROMBOSE VENOSA (5%) Hipercoagulabilidade Fator V de Leiden, SAF, trauma Qual a mais cobrada em prova: isquemia por embolia CLÍNICA Dor abdominal intensa, desproporcional ao exame físico T° retal < T° axilar Metabolismo anaeróbio → acidose metabólica → taquipneia/ ofegante Irritação peritoneal → achado tardio Êmbolo → obstrução → isquemia → dor abdominal muito intensa. Geralmente a obstrução ocorre na artéria mesentérica superior (irriga quase todo o intestino delgado, cólon ascendente e parte do cólon transverso. Grande segmento sofre com isquemia → dor abdominal extremamente intensa (sem necrose neste momento) → ainda não há irritação peritoneal → exame físico “normal” (a grande marca da doença é a dor abdominal intensa, desproporcional ao exame físico). Com o tempo ocorre a necrose do intestino. Não há inflamação e sim isquemia → se não chega sangue, a temperatura cai → a temperatura retal é menor do que a temperatura axilar. Metabolismo anaeróbico → ácido láctico → acidose metabólica com lactato aumentado → paciente tenta compensar com taquipneia! DIAGNÓSTICO Laboratório inespecífico: leucocitose, acidose, lactato elevado RX: alterações tardias como pneumatose intestinal ANGIO TC → mais utilizado; dilatação, espessamento e falha no enchimento Padrão-ouro: ANGIOGRAFIA MESENTÉRICA SELETIVA – parada na vascularização intestinal TRATAMENTO Suporte: HEV, DHE, ATB, monitorização... Restaurar o fluxo vascular + avaliar alça intestinal ÊMBOLO / TROMBO ARTERIAL ou TROMBOSE VENOSA Heparinização + laparotomia Embolectomia/trombectomia + avaliar alça (ressecção S/N) Pós-operatório → papaverina (evitar vasoespasmo) VASOCONSTRICÇÃO (não oclusivo) Papaverina intra-arterial LAPAROTOMIA = refratários, irritação peritoneal (*) em casos de dúvidas: na tentativa de preservar o segmento é possível deixar o paciente em peritoneostomia e reabordá-lo em 12h (para ver se é possível ou não manter o segmento) ISQUEMIA MESENTÉRICA CRÔNICA A causa é a aterosclerose! Clínica: angina mesentérica o Dor à alimentação, emagrecimento, sinais sistêmicos de aterosclerose Diagnóstico: angiografia mesentérica Tratamento: revascularização (cirurgia / STENT ISQUEMIA COLÔNICA (COLITE ISQUÊMICA) Isquemia intestinal mais comum Idoso + hipoperfusão + colite Clínica: dor em cólica, diarreia mucossanguinolenta, febre, hipotensão Diagnóstico: clister opaco (sinal das impressões digitais – thumbprinting) o Colonoscopia ou retossigmoidoscopia: edema, úlceras Tratamento: clínico (suporte) Tratamento cirúrgico: colectomia parcial ou total Fase aguda: peritonite, hemorragia, colite fulminante Refratário Fase crônica: estenose / obstrução PANCREATITE AGUDA CAUSAS BILIAR (30-60%) Mais comum (< 5mm) ÁLCOOL (15-30%) 2ª mais comum (causa principal na pancreatite crônica) OUTRAS Drogas (ácido valproico, estrogênio, azatioprina...); Pós-CPRE, idiopática, pós-traumática, picada de escorpião (Tytius trinitatis) Origem biliar: obstrução das vias biliares com obstrução do ducto pancreático principal → acúmulo de enzimas → as enzimas começam a digerir o próprio parênquima pancreático Álcool: é a segunda causa mais comum de pancreatite aguda e a principal causa de pancreatite crônica (é sempre importante diferenciar pancreatite aguda de uma agudização de um quadro de pancreatite crônica). Sinal de Cullen: mancha equimótica preriumbilical Sinal de Grey-Turner: mancha equimótica em flancos HEMATOMA RETROPERITONEAL (obs.: são sugestivos, mas não patognomônicos de pancreatite aguda) DIAGNÓSTICO 2 dos 3 abaixo: CLÍNICA Dor abdominal em barra Náuseas e vômitos LABORATÓRIO Amilase ou lipase (3x valor normal) IMAGEM Tomografia USG (colelitíase) Lipase = é mais específica para pancreatite; outras causas podem causar hiperamilasemia. o Os valores de amilase e lipase não guardam relação com a gravidade do caso. Todo paciente com pancreatite aguda deve ser submetido a uma USG → a USG não é um bom exame para avaliar o pâncreas, mas deve ser solicitada para avaliar a presença de colelitíase (definir a causa da pancreatite aguda). TC: idealmente deve ser solicitada após 48-72 horas (caso seja feita antes desse período, podemos subestimar a gravidade do quadro). A TC demonstra necrose do parênquima pancreático, contudo, antes de 48h essa necrose pode ainda não ter se formado. Se a TC foi feita na admissão para diagnóstico, deverá ser repetida em 48-72h. ABORDAGEM 1º PASSO: CAUSA E GRAVIDADE CAUSAS: Biliar: avaliar necessidade de CPRE/ drenagem Medicamentosa: suspender a droga Alcoólica: exacerbação de quadro crônico GRAVIDADE: Critérios de ATLANTA: leve x grave Disfunção orgânica (choque, IR, IRpA) Complicação local (necrose, abscesso) Complicação sistêmica (CIVD, Ca <7,5mg/dL) Critérios de RANSON ≥ 3 Critérios de APACHE-II ≥ 8 GRAVE Critérios de BISAP ≥ 3 Outros: PCR > 150 mg/mL (após 48h) APACHE-II: avaliação de 12 parâmetros (idade e estado de saúde prévia). A desvantagem é que só pode ser calculado para internados em UTI. RANSON: não consegue dizer de maneira imediata se o quadro é leve ou grave (diferente do APACHE-II), mas pode ser calculado para qualquer paciente (ex.: para aqueles internados em enfermaria) CRITÉRIOS DE RANSON ADMISSÃO PRIMEIRAS 48H Leucocitose AST (TGO) (enzimas) Glicose Idade (anos) LDH Déficit de fluido Excesso de base (-) Cálcio sérico Queda hematócrito PaO2 Ureia (BUN =ureia x 2,14) Obs.: os valores de referência são diferentes para pancreatite aguda de origem biliar e de origem não biliar. Na pancreatite de origem biliar não se utiliza a PaO2. Macete: LEGAL / FECHOU 2º PASSO: TRATAMENTO LEVE (80-90%) Repouso + dieta zero + analgesia (opioides) + HEV + eletrólitos + suporte Obs.: em 5 - 7dias pode-se retornar a dieta VO GRAVE Medidas da LEVE + internação em CTI HEV: reanimação volêmica (objetivo: diurese 0,5 ml/kg/h) Antibiótico → NÃO! (Obs.: a infecção da necrose pancreática aumenta muito a morbidade; assim, se necrose > 30% poderia ser feita ATB profilaxia com Imipenem) Suporte nutricional: enteral x NPT (a NPT será feita em duas situações: 1- paciente não tolerar a dieta enteral/ íleo paralítico 2- se não for possível ofertar uma quantidade adequada de calorias com a dieta enteral). Vias biliares: CPRE sempre que colangite ou obstrução persistente 3º PASSO: COMPLICAÇÕES COLEÇÃO FLUIDA AGUDA (30-50%) Conduta: expectante Se infectado: punção + ATB NECROSE (GRAVE) Estéril: não fazer ATB profilaxia Infectada: punção + avaliar NECROSECTOMIA + IMIPENEM PSEUDOCISTO PANCREÁTICO (15%) Forma-se após 4-6 semanas Suspeita quando: amilase ou massa Pseudocisto: não epitelizado Tratamento: se sintomático (compressão estruturas adjacentes) ou complicação (hemorragia, infecção) – EDA (drenagem endoscópica transgástrica) 4º PASSO: ALTA Alta se: dor controlada e alimentação normal Avaliar colecistectomia: - Leve: na mesma internação - Grave: após 6 semanas CRITÉRIOS DE ATLANTA Pancreatite leve Sem falência orgânica ou complicações Pancreatite moderadamente grave Falência orgânica transitória (< 48h) ou complicação local isolada Pancreatite grave Falência orgânica persistente OBSTRUÇÃO INTESTINAL Parada de eliminação de gases e fezes Dor abdominal Distensão abdominal SÍNDROME DE OBSTRUÇÃO INTESTINAL FISIOPATOLOGIA E CLÍNICA Se há um ponto de obstrução, aquilo que entra não vai mais sair, e há parada de eliminação de gases e fezes (isso será relatado pelo paciente, mas não é um dado a ser avaliado ao exame físico). Para tentar vencer essa obstrução, o intestino “luta” contra essa obstrução com uma contração mais vigorosa → peristalse aumentada (peristalse de luta = timbre metálico). A cada contração intensa o paciente irá apresentar dor (em cólica). O próprio intestino acaba secretando líquidos para o lúmen, que associado a deglutição de ar pelo paciente, leva a distensão abdominal. Quanto mais distal a obstrução, mais evidente será a distensão e mais tardio serão os vômitos. Com a distensão, a vascularização é prejudicada, e o paciente pode apresentar isquemia (estrangulamento), que pode, inclusive, evoluir com necrose e perfuração. Se há uma suboclusão, podemos ter o que é chamado de diarreia paradoxal. Parada de eliminação de gases e fezes Se parcial: diarreia paradoxal Aumento da peristalse (timbre metálico) Dor (em cólica) Distensão abdominal Se alta: vômito precoce (alcalose metabólica) Se grave: isquemia / necrose CLASSIFICAÇÃO A obstrução intestinal pode ser classificada de várias formas. A mais utilizada é a seguinte: FUNCIONAL MECÂNICA Comprometimento da função motora Barreira física Íleo paralitico Síndrome de Ogilvie Tumor, brida, corpo estranho OBSTRUÇÃO FUNCIONAL ÍLEO PARALÍTICO SÍNDROME DE OGILVIE LOCAL Todo o intestino Somente o cólon CAUSAS Pós-op (fisiológico), drogas, DHE, processos inflamatórios Pacientes graves, trauma, sepse, processos inflamatórios CLÍNICA Distensão, dor, vômitos Distensão, peristalse (+) TRATAMENTO Dieta zero, SNG, HV, DHE, suspender drogas (opióides), excluir causa mecânica Suporte + neostigmina 2,5mg EV Colonoscopia (> 11-13 cm) ÍLEO PARALÍTICO Causas: Pós-operatório – muito comum; também chamado de “íleo fisiológico” o Tempo para que os segmentos voltem a funcionar → ID: 24h / estômago: 48h / cólon: 72h Drogas Distúrbios hidroeletrolíticos (hipocalemia) Tratamento: suporte (SNG, HEV, suspensão da droga, correção dos distúrbios hidroeletrolíticos). Como na maioria das vezes é um quadro fisiológico, o tratamento é apenas de suporte enquanto esperamos o intestino voltar a funcionar (de 24-72h). SÍNDROME DE OGILVIE Pseudo-obstrução colônica aguda Nesse caso, não temos um evento fisiológico. Geralmente é encontrada em pacientes graves – sepse, IAM, trauma Tratamento: suporte + neostigmina (anticolinesterásico). Em alguns casos a distensão é tão intensa que há risco de ruptura do intestino (principalmente no ceco); por isso, em casos mais graves, avaliar colonoscopia descompressiva. OBSTRUÇÃO MECÂNICA Local mais comum de obstrução → DELGADO Causa mais comum de obstrução do delgado → ADERÊNCIAS (bridas) Causa mais comum de obstrução na infância → INTUSSUSCEPÇÃO Causa mais comum de obstrução no cólon → CÂNCER DELGADO Aderências (pós cirurgias abdominais – principalmente de andar inferior) / hérnias / câncer / íleo biliar CÓLON Câncer / volvo (principal é o de sigmoide) / divertículo INFÂNCIA Intussuscepção / Ascaris / Bezoar (corpo estranho) / Hérnia Uma vez feita cirurgia abdominal, as aderências podem causar dor pelo resto da vida do paciente (mesmo que esse paciente tenha feito cirurgia abdominal aos 5 anos de idade e inicie com quadro de dor abdominal aos 60 anos podemos pensar em aderências! VOLVO DE SIGMOIDE “Torção sobre o próprio eixo” Obstrução em alça fechada (oclusão em 2 pontos simultaneamente) O grande problema é que não conseguimos aliviar essa pressão de nenhum dos dois lados A evolução com isquemia é muito mais rápida; pode ocorrer perfuração. Raio-X → sinal do grão de café / sinal do “U” invertido / sinal do bico de pássaro (contraste retal) A causa mais comum de obstrução em alça fechada é decorrente de uma obstrução colônica com válvula ileocecal competente! OBSTRUÇÃO MECÂNICA - INVESTIGAÇÃO TOQUE RETAL Fezes, massa, FECALOMA 1º Passo → TOQUE RETAL Avaliar presença de fezes, massa e FECALOMA → presença de fezes significa obstrução funcional; em caso de obstrução mecânica, esse tumor ou corpo estranho não iria permitir a passagem de conteúdo, e a ampola retal estará vazia; se for sentida a massa, essa será justamente a causa da obstrução; ou ainda, pode ser sentida a presença de fecaloma, e procede-se a extração manual. ROTINA DE ABDOME AGUDO RX de tórax + abdome (ortostase e decúbito) A rotina de abdome agudo, auxilia a identificar se estamos diante de uma obstrução de delgado ou uma obstrução colônica. Em alguns casos ela pode também identificar a etiologia – ex.: volvo de sigmoide DELGADO CÓLON Distensão central (organizada) Pregas coniventes (aspecto de empilhamento de moedas) Distensão periférica Distensão + grosseira Haustrações colônicas ÍLEO BILIAR Obstrução por um cálculo no íleo distal Para que o paciente tenha íleo biliar, ele deve ter colelitíase e um episódio de colecistite aguda. A vesícula acaba ‘’grudando” no duodeno, de maneira a formar uma fístula, com passagem do cálculo que chega ao íleo terminal (menor diâmetro) e não consegue mais seguir, gerando assim um quadro de obstrução mecânica. Pneumobilia Distensão de delgado Cálculo ectópico ÍLEO BILIAR (Tríade de Rigler) SÍNDROME DE BOUVERET A impactação do cálculo é mais alta = duodeno / piloro OBSTRUÇÃO INTESTINAL – TRATAMENTO SUPORTE CLÍNICO: SNG, distúrbio eletrolítico (inicialmente o paciente pode apresentar alcalose metabólica por conta dos vômitos; com o sofrimento das alças, pela produção de ácido láctico pelo metabolismo anaeróbio das alças, podemos ter uma acidose) OBSERVAR OBSTRUÇÃO PARCIAL (24-48h) – a tendência de um quadro de suboclusão é que com as medidas de suporte, ocorra resolução espontânea em 24-48h AVALIAR CIRURGIA DE IMEDIATO (estrangulamento, obstrução total) o Em caso de íleo biliar, incluir todas as medidas acima + remoção do cálculo com colecistectomia! VOLVO DE SIGMOIDE NÃO COMPLICADO COMPLICADO (Estrangulamento) Descompressão endoscópica Evitar recidiva: sigmoidectomia eletiva Cirurgia imediata (sigmoidectomia a Hartmann) A descompressão endoscópica apenas transforma um quadro de emergência em um quadro eletivo; a descompressão não descarta a necessidade de tratamento cirúrgico. Câncer que evolui com quadro de obstrução caracteristicamente localizam-se no CÓLON ESQUERDO: Menor calibre Fezes mais consistentes Tumores mais infiltrantes INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL Invaginação de uma alça intestinal Local mais comum: VÁLVULA ILEO-CECAL Pode ocorrer no adulto, mas é muito mais raro, e, nesses casos há sempre uma causa (pólipo, câncer...). Nas crianças geralmente são idiopáticas. Geralmente ocorrem de 3 meses a 6 anos (principalmente nos 2 primeiros anos de vida = 2/3 dos casos ocorrem nos primeiros 12 meses. O intestino dessa criança ainda não é muito bem formado – onda de peristalse >> essa onda acaba encontrando um segmento que não consegue acompanhar essa onda de peristalse >> gera uma invaginação / intussuscepção (uma alça dentro da outra) >> ponto de obstrução >> descamação da mucosa da alça >> eliminação de muco e sangue nas fezes (fezes em geleia de framboesa). Ao exame abdominal é possível sentir uma alça dentro da outra (massa em forma de salsicha). CLÍNICA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Dor abdominal Massa palpável (salsicha) Fezes em geleia de framboesa Clínica + Exame de imagem (Rx / USG / ENEMA) Enema c/ bário ou ar Cirurgia (refratário / neoplasia) O contraste retal sob pressão exerce uma pressão contrária à peristalse e, na grande maioria dos casos, através do enema é possível a realização de uma redução hidrostática dessa intussuscepção. Caso o enema não resolva, é necessária a cirurgia. HÉRNIAS DA PAREDE ABDOMINAL ANATOMIA (de dentro para fora) Vísceras (alças intestinais) Peritônio Gordura pré-peritoneal PAREDE POSTERIOR PAREDE ANTERIOR Fascia transversalis Músculo transverso Músculo oblíquo interno Aponeurose do m. Oblíquo externo* ANEL INGUINAL INTERNO → marca o início do canal inguinal O oblíquo externo possui um orifício → ANEL INGUINAL EXTERNO (SUPERFICIAL) → marca o final do canal inguinal Na aponeurose do músculo oblíquo externo há também um espessamento → reflexão da aponeurose sobre o seu próprio eixo = ligamento inguinal (Poupart) Recobrindo a aponeurose teremos o subcutâneo e a pele... ESTRUTURAS DO CANAL INGUINAL HOMEM MULHER Funículo espermático* Ligamento redondo do útero (*) músculo cremáster, vasos deferentes, plexo pampiniforme, conduto peritônio-vaginal obliterado A hérnia mais comum é a INDIRETA, sendo mais comum no homem/mulher, idoso e criança! HÉRNIAS INGUINAIS HÉRNIA INGUINAL INDIRETA É a mais comum e a que mais sofre encarceramento! Se anuncia pelo anel inguinal interno Causa → patência do conduto peritônio-vaginal (defeito congênito / hérnia da infância) A hérnia inguinal indireta “imita” o caminho do testículo; porém, devemos lembrar que o testículo só consegue descer do abdome para o escroto porque o peritônio sofre uma evaginação, formando um conduto, que após, acaba se obliterando; assim, para que haja formação da hérnia, é necessário que haja patência do conduto peritônio- vaginal (defeito congênito). HÉRNIA INGUINAL DIRETA Causa → enfraquecimento da parede posterior Defeito adquirido Se anuncia pelo: TRIÂNGULO DE HESSELBACH o Quem sofre o enfraquecimento é a fascia transversalis – existe uma região específica triangular nessa fáscia que é onde ocorre esse enfraquecimento → Triângulo de Hesselbach) Limites do TRIÂNGULO DE HESSELBACH: Ligamento inguinal Vasos epigástricos inferiores Borda lateral do músculo reto Hérnia Inguinal Indireta Se anuncia através do anel inguinal interno! Hérnia da infância! Defeito congênito em que ocorre persistência (patência) do CPV, levando a evaginação de uma alça intestinal e causando assim a hérnia inguino-escrotal! Hérnia Inguinal Direta Enfraquecimento da parede posterior (defeito adquirido). Se anuncia pelo triângulo de Hasselbach! EXAME FÍSICO POLPA DO DEDO PONTA DO DEDO DIRETA INDIRETA HÉRNIA FEMORAL Se anuncia ABAIXO DO LIGAMENTO INGUINAL Epidemiologia: Mais comum em mulheres* Mais comum à direita Maior risco de encarcerar (o canal femoral é muito estreito e rígido (inelástico) Classificação de Nyhus (inguinal e femoral) I Indireta c/ anel inguinal interno normal II Indireta c/ anel inguinal interno dilatado III Defeito na parede posterior a: Direta / b: Indireta / c: femoral IV Recidivante a: Direta / b: Indireta / c: Femoral / d: Mista TRATAMENTO REDUTÍVEL Cirurgia eletiva ENCARCERADA Redução manual* Cirurgia de urgência (caso refratário ou com obstrução) (*) o risco é de que uma hérnia encarcerada se transforme em uma hérnia estrangulada; assim, a redução manual pode ser tentada desde que o paciente se apresente estável hemodinamicamente, sem sinais de irritação peritoneal e sem sinais de obstrução intestinal, sem sinais de flogose local. Casos > 6 - 8h o risco de estrangulamento é maior, e teoricamente não deveria ser tentada a redução! ESTRANGULADA (Isquemia...) Cirurgia de emergência Redução durante anestesia → laparotomia! Redução durante a anestesia → laparotomia, pois não iremos saber qual alça estará em sofrimento (nos demais casos, a abordagem é via inguinotomia). Crianças com hérnia inguinal → cirurgia imediata (sem reforço da parede posterior) Tipos de cirurgia ABORDAGEM ANTERIOR Herniorrafia anterior + reforço posterior SHOULDICE Imbricação de músculos Pouca recidiva / tensão → dor LICHTENSTEIN Tela livre de tensão Técnica de escolha MC VAY Boa para hérnia femoral (lig. Cooper) Principais complicações cirúrgicas Dor crônica Orquite isquêmica Denominações especiais das hérnias RICHTER Pinçamento da borda antimesentérica Isquemia sem obstrução Mais comum na hérnia femoral LITTRÉ Contém DIVERTÍCULO DE MECKEL ... HÉRNIA UMBILICAL CRIANÇA ADULTO Congênita Tende ao fechamento espontâneo até os 2 anos Adquirida OPERAR SE: Não fechar após 4 - 6 anos > 2 cm Associada a DVP Concomitante à hérnia inguinal OPERAR SE: Sintomáticos Ascite volumosa Macete → ÚVULA HEMORRAGIA DIGESTIVA AVALIAÇÃO INICIAL (1) Estabilização clínica Nas primeiras 48h → não confiar no hematócrito! Avaliar diurese (0,5ml/kg/h) Desejável → PA > 100 / FC < 100 (2) Descobrir fonte e tratar Sangramento alto ou baixo? (3) Prevenir novos sangramentos: Drogas / endoscopia / cirurgia ALTA Mais comum (80%) e mais grave Clínica: hematêmese / melena SNG: sangue / borra de café Exame confirmatório e terapêutico: EDA nas primeiras 24 horas (a EDA resolve até 98% dos casos de sangramento digestivo alto) BAIXA Clínica: hematoquesia / enterorragia Sonda nasogástrica: bile sem sangue Exame confirmatório e terapêutico: colonoscopia + outros Enterorragia → sangramento vermelho-vivo em grande quantidade Hematoquesia → sangramento vermelho-vivo nas fezes em pequena quantidade o Muitas vezes os termos são utilizados como sinônimos nas questões O sangue para ser digerido no tubo digestivo demora cerca de 14h, assim, diante de grandes hemorragias altas, o sangue não terá tempo para ser digerido e assim, o doente pode apresentar sangue vivo nas fezes – 10-20% das hematoquesias tem origem alta! HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA CAUSAS ÚLCERA (+ comum) VARIZES ESOFAGO-GÁSTRICAS LACERAÇÕES → MALLORY-WEIS (vômitos de repetição) ÚLCERA PÉPTICA As principais complicações de uma UP são: sangramento, perfuração e obstrução. A que mais mata é o sangramento! Classificação de Forrest Estima o risco de ressangramento de úlcera péptica I Sangramento ativo (Risco alto 90%) Ia – sangramento arterial Ib – sangramento lento (babando) II Hemorragia recente IIa – vaso visível não-sangrante (risco alto 50%) IIb – coágulo aderido (risco médio 30%) IIc – hematina (risco baixo 10%) III Base clara, sem sangramento (risco baixo < 5%) CONDUTA 1) Terapia clínica e endoscópica DESCOBRIR FONTE Quem faz a divisão entre o duodeno e o jejuno é o LIGAMENTO DE TREITZ. Hemorragias acima desse ligamento serão denominadas de altas, e as hemorragias abaixo desse ligamento, serão chamadas de baixas. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA LIGAMENTO DE TREITZ HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA IBP / tratar H. pylori Suspender AINES I / IIA / IIB Inibidor de bomba de próton IV + Endoscopia (química/térmica/mecânica) – o melhor é a combinação entre elas 2) Terapia cirúrgica Falha endoscópica: 2 tentativas Choque: refratário (> 6U hemácias) ou hemorragia recorrente Hemorragia contínua: > 3U/dia Qual a cirurgia? ÚLCERA DUODENAL PILOROTOMIA + ULCERORRAFIA + VAGOTOMIA TRONCULAR + PILOROPLASTIA (de HEINEKE-MIKULICZ) ÚLCERA GÁSTRICA GASTRECTOMIA + BI / BII / Y de ROUX Outras causas de HDA VARIZES Pressão portal > 12mmHg Volume: reposição cautelosa Droga: terlipressina, octreotide EDA: ligadura ou escleroterapia Profilaxia: β-bloq + ligadura + ATB MALLORY-WEISS VÔMITOS VIGOROSOS ... junção esofagogástrica 90% dos casos são autolimitados HEMOBILIA Sangue na via biliar Trauma, cirurgia de via biliar Tríade de Sandblom: hemorragia digestiva + dor em hipocôndrio direito + icterícia Diagnóstico e tratamento: arteriografia ECTASIA VASCULAR (ESTÔMAGO EM MELANCIA) Mulher, cirrose, colagenose Clínica: anemia ferropriva Tratamento: ferro, transfusão DIEULAFOY ... no estômago: artéria dilatada na submucosa Pequena curvatura gástrica / sangramento maciço Mais comum em homens Tratamento: EDA FÍSTULA AORTO-ENTÉRICA Aneurisma de aorta + prótese Sangramento de vulto / óbito (?) Tratamento: retirar prótese + fechamento da fístula + derivação axilobifemoral Escore Prognóstico de ROCKALL (R3*) A Age (idade > 60 anos) B Blood pressure (PA e FC) C Comorbidades (IRA, hepatopatia…) D Diagnóstico (neoplasia*) E EDA (Forrest) HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA CAUSAS DIVERTÍCULO Causa + comum // Jovens → Divertículo de Meckel ANGIODISPLASIA Principal causa de sangramento obscuro (delgado) CÂNCER (Principal tipo → adenocarcinoma) ABORDAGEM ESPECÍFICA SE SANGRAMENTO GRAVE → EDA EXCLUIR DOENÇA ANORRETAL → TOQUE / ANUSCOPIA AVALIAR HEMORRAGIA BAIXA → COLONOSCOPIA LESÃO NÃO VISUALIZADA → CINTILOGRAFIA > 0,1 ml/min ANGIO-TC > 0,3-0,5 ml/min ARTERIOGRAFIA > 0,5-1 ml/min Se a arteriografia (diagnóstica e terapêutica) não resolver → colectomia! SÍNDROME DISFÁGICA O esôfago é um tubo muscular que empurra a comida para o estômago. Seu terço superior possui músculo estriado e seus dois terços inferiores possuem músculo liso, controlados pelos plexos mioentéricos de Meissner e Auerbach. O esfíncter esofagiano inferior (EEI) possui um epitélio de transição, de pavimentoso estratificado para glandular; esta região chama-se linha Z. A cárdia é a região que compreende 2cm acima e abaixo da linha Z. DISFAGIA - Disfagia → dificuldade de engolir os alimentos Pode ser de transferência ou de condução. o Disfagia de transferência → dificuldade de transferir o alimento da boca para o esôfago. o Disfagia de condução → alimento já está dentro do esôfago, e este não consegue conduzir o alimento até o estômago. TRANSFERÊNCIA CONDUÇÃO “Engasgo” Doenças musculares Doenças neurológicas “Entalo” Obstrução mecânica Distúrbio motor DISFAGIA DE CONDUÇÃO CLÍNICA → “ENTALO” DISFAGIA + REGURGITAÇÃO + PERDA DE PESO Como o alimento fica por muito tempo também dentro do tubo digestivo, acaba sofrendo a ação de bactérias (putrefação) → paciente pode apresentar halitose ABORDAGEM INICIAL → esofagografia baritada CAUSAS Obstrução mecânica Distúrbio motor Divertículos Anéis e membranas Estenose péptica Tumor Acalásia (Chagas) Esclerodermia Espasmo Esofagiano Difuso DIVERTÍCULO DE ZENKER Hipertonia do EES → a princípio, como se trata de uma musculatura esquelética, voluntária, basta fazer uma deglutição com mais força (deglutição ruidosa), que o alimento consegue passar através do esfíncter → após muito tempo contraindo aquela musculatura com mais intensidade ocorre expulsão da mucosa e submucosa por entre as fibras → divertículo (por pulsão) – divertículo falso Hipertonia do cricofaríngeo Herniação da mucosa e submucosa Divertículo falso – pulsão Entre os músculos tireo e cricofaríngeo (triângulo de killian) Idosos / 7ª década / à esquerda Entre as fibras do músculo tireofaríngeo (fibras oblíquas) e as fibras do músculo cricofaríngeo (fibras circulares) há uma área triangular de maior fragilidade (triângulo de Killian) – é por essa área que ocorre herniação da mucosa e da submucosa (divertículo falso – por pulsão), levando ao acúmulo de alimentos no interior da bolsa; em determinado momento, essa “bolsa” acaba exercendo uma pressão extrínseca sobre o esôfago. De maneira característica, nas provas é informado de que o paciente tem alívio das queixas com compressão dessa “bolsa”. Se houver rompimento dessa bolsa (ex.: por passagem de sonda) → alimentos + bactérias caem na cavidade torácica → quadro grave de mediastinite! Clínica: disfagia, halitose e regurgitação Diagnóstico Esofagografia baritada Evitar EDA → risco de perfuração! Tratamento < 2 cm → cricofaringomiotomia ≥ 2 cm → miotomia + pexia (até 5cm) ou ectomia > 3cm → EDA (miotomia + diverticulotomia) ACALÁSIA O esôfago possui o plexo nervoso autônomo submucoso (de Meissner) e o plexo nervoso autônomo mioentérico (de Auerbach), os quais são responsáveis pela peristalse.
Compartilhar